Imperialismo Seculo XX e XXI - R. Traspadini
Imperialismo Seculo XX e XXI - R. Traspadini
Imperialismo Seculo XX e XXI - R. Traspadini
2014
Resumo
Resumen
Summary
The text highlights the theoretical contributions of the classic text of Lenin – “Imperialism,
the Highest Stage of Capitalism” - recovering its main theoretical points, as well as
pointing out the relevance and limitations of the text to the understanding of contemporary
capitalism, the dynamics of nowadays imperialism and the dialectic of dependence in
1
Professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e professora militante da
Escola Nacional Florestan Fernandes.
2
Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Campinas e doutorando em sociologia pela
Universidade de Brasília
186
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
Latin America.
Introdução
O ano de 2014 não é, para a classe trabalhadora do Brasil e do mundo, tempo que
se abra para comemorações. É tempo de intensificação da dominação do capital sobre o
trabalho e os territórios; tempo de ampliação da participação do capital portador de juros,
fictício, apresentando-se como descolado da produção, quando em realidade é uma de suas
facetas; tempo de novas e mais perversas anexações coloniais do Norte sobre o Sul; tempo
de profunda reflexão sobre o que fazer tamanha a desarticulação da classe trabalhadora no
interior das nações e no mundo.
Como tempo de reflexão, 2014 se apresenta como o ano de refundação da formação
política, do trabalho de base, da retomada político-partidária das células da classe
trabalhadora, caso essa ainda tenha, além da esperança, a necessidade explícita de produzir
outro mundo necessariamente possível. Com base nesse tempo, de cultivar a terra para
semear vitórias, estudar os clássicos, desde eles mesmos, com as perguntas e experiências
de nosso tema, torna-se um processo imprescindível, dado o teor da precarização das
condições de vida da classe trabalhadora, do endividamento individual e familiar de seus
integrantes, e da destruição das relações de sociabilidade instauradas na inerente crise
civilizatória manifesta às claras após longos séculos de desdobramentos do capitalismo.
Lenin morreu em 1924. Setenta anos após sua morte, temos como visualizar a
assertiva de suas teses acerca dos desdobramentos do capitalismo e da necessária produção
de outro modo de produzir vida, ancorado na realização do trabalho e não em sua
escravização, centrada na extração mais valia como forma-conteúdo próprios da produção
de riqueza capitalista. Entre sua gigantesca obra, destaca-se o livro “O imperialismo, fase
superior do capitalismo” (LENIN, 2011), escrito em 1916 em um momento muito
particular da história mundial da luta de classes: antes da eclosão da revolução russa de
1917 e do término da primeira guerra mundial em 1918.
Referência teórica dos partidos comunistas de todo o mundo, “O imperialismo, fase
superior do capitalismo” teve uma interessante repercussão na América Latina. A
construção da chamada Teoria Marxista da Dependência (TMD), cujos expoentes são Ruy
187
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
Mauro Marini, Theotônio dos Santos e Vânia Bambirra, parte da teoria do imperialismo de
Lenin e propõe toda uma formulação teórica que estabelece uma forma peculiar de relação.
Avaliando corretamente que a teoria imperialista apresentava limitações
importantes, pois focava o processo de expansão do grande capital monopolista
exclusivamente a partir das formações sociais do centro capitalista, a TMD propõe não
uma negação, mas uma complementação da teoria do imperialismo, incorporando
teoricamente a expansão do grande capital monopolista pela ótica das formações
capitalistas dependentes. Com isso, a TMD não diminui, mas antes reforça a importância
de “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, pois a dependência, sucessora da
condição colonial, só se mostra teoricamente consistente ao considerarmos o papel que a
Divisão Internacional do Trabalho (DIT), moldada pelas relações capitalistas conduzidas
pelo grande capital internacionalizado, reserva às sociedades dependentes.
A TMD esforça-se em mostrar como cada fase de expansão ou contração do grande
capital monopolista implica em uma determinada DIT que, por sua vez, determina as
formas predominantes de inserção das economias dependentes latino-americanas ao
mercado mundial, seja ela Investimentos Diretos, empréstimos bancários, maquillas,
plataformas exportadoras de minérios e recursos naturais consubstanciados no
agronegócio, etc e etc.
A influência da obra de Lenin e da teoria do imperialismo na TMD mostra-se com
toda a força na formulação sobre o subimperialismo feita por Ruy Mauro Marini (1974,
1977, 2005). As referências à hierarquia capitalista mundial, à posição de centro mediano
de acumulação, à troca desigual e, principalmente, à maior integração ao aparelho
produtivo imperialista, são elementos que reforçam o sentido de complementação da TMD
ao debate iniciado com “O imperialismo, fase superior do capitalismo”.
Por mais que tenha uma repercussão marcante na América Latina, “O
imperialismo, fase superior do capitalismo” traz ainda outras dimensões de interesse. Uma
delas é mostrar Lenin como um intelectual orgânico da classe trabalhadora, imerso nos
desafios do partido político e da luta de classes mundial, preocupado em relacionar teoria e
ação revolucionárias. No entanto, desde sua publicação, ocorreram fatos históricos
mundiais marcantes, como resultado dos desdobramentos da manutenção e avanço do
modo de produção capitalista. Entre alguns destes fatos, citamos: as novas formas de
organização do capital, seja pela expansão do capital fictício e das finanças, ou pela
disseminação das mais intensas formas de extração de sobretrabalho por todo o globo; as
novas configurações dos Estados-Nações, implicando em novos elementos na
188
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
3
Todas as referências ao texto de Lenin se referem à edição de 2011 referida ao final do artigo.
189
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
4
Isso fica claro, p. ex., quando falamos de marcas consolidadas como Bunger, Cargill, Nike, Adidas, Ford,
Toyota, General Eletric, Vale, Coca-cola, Nestlé, Basf, Carrefour. Estas marcas são a visibilidade de um
poder econômico, político e cultural que oculta os reais detentores de um poder centrado na extração de
mais-valia sobre o trabalho humano em todas as partes do mundo.
190
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
191
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
192
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
193
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
194
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
195
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
196
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
197
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
Lenin reforça que o processo de anexação colonial sob a égide de Estados nacionais
hegemônicos, subordinando e condicionando as ações dos Estados periféricos, compõe
uma nova era capitalista sem possibilidade de retorno à era anterior, mas, nem por isso,
com menos conflitos e lutas no interior destas nações e entre estas e as nações
hegemônicas. De modo que a única saída para essa nova fase ainda mais violenta do
capital sobre o trabalho e os territórios, era (é) o socialismo.
O Imperialismo hoje
5
Devido ao objetivo desse breve texto, podemos apenas indicar algumas das intervenções mais relevantes.
Sugerimos a leitura das seguintes obras: Harvey (2004), Panitch e Layes (2005), Hardt e Negri (2006), Boron
(2004) e Fontes (2010).
198
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
199
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
200
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
201
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
6
Sobre este tema, indicamos os textos: Carcanholo e Nakatani (2007) e Carcanholo e Sabadini (2009).
202
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
Referências
203
REBELA, v.4, n.2, mai./ago. 2014
204