Psicologia Na Engenharia de Seguranca Uni1
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Comunicação e Treinamento
Unidade 1 5
Ciência e Psicologia
1.1 O que é psicologia
1.2 Psicologia e Relações Humanas
1.3 Dinâmica de Grupo
Unidade 2 15
Aspectos psicológicos do acidente do trabalho.
2.1 Psicologia e relações de trabalho na atualidade Psicologia
2.2 Aspectos Psicológicos dos Acidentes de Trabalho
Unidade 3 22
Treinamento de Pessoal
3.1 O que é Treinamento
3.2 Planejamento
Referências Bibliográficas
Unidade 1
Ciência e Psicologia
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de maneira superficial, implica que os métodos e
práticas específicas e a linguagem rigorosa da ciência
psicológica tenham sido disseminados pela cultura e
alcancem em alguma medida os discursos cotidianos
e o senso comum.
O objeto de estudo da Psicologia, num sentido
mais amplo, é o ser humano, o que a coloca dentro
das chamadas ciências humanas e, nesse caso, o pes-
quisador também está inserido na categoria a ser es-
tudada, já que ele também é um ser humano e viven-
cia os fenômenos investigados pela Psicologia. No
entanto, há muitos modos diferentes de compreen-
der o ser humano e, por isso, há muitas escolas e pa-
radigmas dentro da Psicologia, que elegem diferen-
tes objetos de estudo para a ciência psicológica. Se
perguntarmos a um psicólogo comportamental, ele
dirá que o objeto de estudo da Psicologia é o com-
portamento humano, pois ele pressupõe que apenas
os fenômenos observáveis devem ser estudados. Se
perguntarmos a um psicólogo psicanalista, ele dirá
que o objeto de estudo é o dinamismo inconsciente,
pois pressupõe que grande parte de nossas atitudes
provêm de uma instância não totalmente acessível
pela racionalidade. Para um gestaltista, a Psicologia
estuda a relação entre os diversos fatos psicológi-
cos. Outros ainda dirão que é a consciência, ou a
personalidade. Estas diferentes formas de estudar e
compreender a Psicologia apontam para a diversida-
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de própria do homem e sua capacidade múltipla de
pensar sobre si mesmo.
Nesta apostila, caminharemos apoiados, princi-
palmente, nas noções da Psicologia Social para com-
preender as relações humanas e o mundo do traba-
lho. Na perspectiva da Psicologia Social, o universo
subjetivo de uma pessoa é influenciado e também
influencia as relações sociais em que ela está inseri-
da, formando uma totalidade complexa que deve ser
analisada em conjunto. Adotaremos, por uma ques-
tão didática, a subjetividade como objeto de estudo
da Psicologia. Bock, Furtado e Teixeira (2008), afir-
mam que a subjetividade:
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no campo intersubjetivo e horizontal das experiências
compartilhadas no meio em que nos encontramos.
Isto significa que o homem só pode ser compreendi-
do e encontrado no meio de outros homens (GON-
ÇALVES FILHO, 1998). A análise das experiências
individuais se beneficia do estudo do tempo social,
pela maneira como cada época organiza as relações
dos homens entre si e com a natureza.
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ria (materialmente, tecnicamente e artisticamente), é
condição para nossa existência.
Por outro lado, afirmar que o homem é um ser
social não significa que ele seja determinado pelo
social, pois, se assim fosse, uma geração seria sempre
espelho da anterior. Como nos diz Arendt (1989),
“o novo começo inerente a cada nascimento pode
fazer-se sentir no mundo somente porque o recém-
-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo”.
Na nossa sociedade atual o sistema econômico
cada vez mais passa a ser legitimado como forma
reguladora dos vínculos sociais, passando a mediar
suas relações com a família, trabalho, cidade e até
com seu próprio corpo, com enormes perdas nas
esferas ética, estética e erótica (BOSI, 1992). Nesse
contexto, ao invés do novo, do singular, é esperado
de cada um de seus membros certo tipo de compor-
tamento, imposto por regras que tem como objetivo
a “normalização”. Ao fazê-los “comportarem-se”,
aboli-se a ação espontânea e a preocupação recai no
equacionamento com a posição social. Daí o confor-
mismo típico da sociedade moderna, onde a igual-
dade perde seu status de prerrogativa para a liberda-
de para se reduzir a questões privadas do indivíduo
(ARENDT,1981).
Entender essa relação entre condicionamento
da sociedade e aparição da singularidade na forma-
ção do indivíduo, ou do contrário, no fenômeno da
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adesão cega a um líder ou uma ideologia (como no
caso do nazifascismo) foi uma das questões que mais
influenciaram as pesquisas em Psicologia Social ao
longo do século XX.
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linha maior como menor, sendo que a diferença de
tamanho é significativa). O perturbador desse expe-
rimento é que, em muitos casos, o sujeito acaba por
concordar com a maioria, negando a própria per-
cepção. Outros apresentam resistência a opinião do
grupo e afirmam o que percebem. Entretanto, nem
os que aderiram ao grupo de controle nem os que
se opuseram o fizeram de forma tranquila: é sempre
angustiante a experiência de ter uma percepção mui-
to diferente daquela do seu grupo de pertencimento.
A realidade é socialmente construída, e não é sem
grande esforço nem sem angústia que se consegue
“descolar” desses sentidos.
Kurt Lewin foi um dos mais influentes pesqui-
sadores sobre processos grupais do século passado,
contribuindo com estudos pioneiros sobre o com-
portamento em climas sociais experimentalmente
manipulados e cunhando a expressão “dinâmica de
grupo” em um de seus artigos (MAILHIOT, 1998).
Para Lewin, é mais fácil alterar o comporta-
mento de um grupo, como um todo, que o com-
portamento dos membros isolados. Ele afirmava
que o indivíduo, inserido num grupo, modifica o seu
comportamento e induz mudanças nos comporta-
mentos dos restantes membros do grupo, e que não
podemos compreender esses comportamentos sem
considerar aspectos do ambiente (“externos” à pes-
soa) e de personalidade (“internos” à pessoa). Num
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de seus experimentos sobre liderança, dividiu crian-
ças em grupos com um controle experimental dos
comportamentos dos líderes adultos, que consistiu
em fazer com que cada um dos líderes de agisse de
maneira preestabelecida. Foi proposto o estudo de
três tipos de liderança: a democrática, a autocrática e
a permissiva (laissez-faire). Foi uma pesquisa pionei-
ra, e, pelo tema, muito criticada. A influência de cada
tipo de grupo sobre o comportamento individual
dependeu da atmosfera que caracterizou o grupo,
por exemplo, no grupo autocrático, foi observado
um aumento da agressividade entre os componen-
tes. Outra aspecto é que quanto mais o indivíduo
concorda com os valores do grupo, mais ele adquire
valência positiva e adere a influência do grupo. Pelo
tema e pelo pioneirismo, Lewin foi muito criticado
em relação as suas pesquisas.
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Exercícios de Fixação
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