A Entropia Segundo Claude Shannon PDF
A Entropia Segundo Claude Shannon PDF
A Entropia Segundo Claude Shannon PDF
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A Beatriz.
2
Agradecimentos
3
Resumo
não numa forma mais fundamental como era a expectativa de alguns cientistas.
4
Abstract
Theory, as well as the influences that this concept and other ones from the same
then the approach proposed by Information Theory has influenced other areas
theories. The analysis on Information Theory main authors’ works viewed under
a historical outlook, added to the analysis of proposals for its integration with
Physics will allow to demonstrate that the integration is currently at the level of
Claude Shannon.
5
Sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 8
ANEXOS................................................................................................................................................. 120
6
Ilustrações
FIG. 6 – C&W “GREAT CIRCLE” MAP, CORTESIA DE CABLE & WIRELESS ARCHIVE, PORTHCURNO. ....... 58
FIG. 8 - VARIAÇÃO DA ENTROPIA NO CASO DE DUAS POSSIBILIDADES COM PROBABILIDADES P E (1-P) ..... 80
7
Introdução
8
As tecnologias digitais permeiam nosso cotidiano, estando presentes de
formas ora evidentes, ora sutis. Convivemos com suas bênçãos e maldições,
desde então.
para consumo popular, seus pensadores mais influentes podem ser elevados ao
invocada para explicar não apenas fenômenos subatômicos, mas por que a lua
está no lugar onde esperamos que ela esteja, e também por que o universo
9
Num grau menor que a Mecânica Quântica, é o que acontece com a Teoria
poucos anos após a publicação de sua obra que causou tamanho furor, a Teoria
outras áreas, mas alertou para o uso inconseqüente dos conceitos e descobertas
não foi completamente eficaz, o que parece ter contribuído para o afastamento
outros saberes não é nem imprópria nem indesejável. De fato, tal interação tem
1 Isaac Epstein, (Universidade Metodista de São Paulo) e Norbert Fenzl (Universidade Federal do Pará)
produziram obras interessantes que serão citadas no devido tempo.
10
qualquer forma, a Informação pode vir a ser um novo paradigma da ciência,
uma vez que pensadores como Mário Schenberg2 reconhecem sua importância
motivos são importantes, mas não serão abordados neste trabalho), o fato é que
11
respeito da irrelevância do conteúdo na determinação da quantidade de
como mais relevante, teve uma breve interação com Shannon durante o curso
12
Brillouin (que se baseia em Szilard e Wiener), e algumas de suas contradições,
Alexander Luria, cujas relações com alguns fenômenos estudados pela Teoria da
Informação aparentemente não foram identificadas até hoje. Por fim, proporá
13
1. Fundamentos da Teoria da Informação
14
1.1. Aspectos Biográficos e do Pensamento de Shannon
Como geralmente acontece, mais destaque é dado aos aspectos pitorescos de seu
acadêmica. Como Shannon não registrou em suas obras suas idéias filosóficas, a
4 Este fenômeno pode ser atribuído à popularidade de algumas de suas obras, em especial a Teoria
Matemática a Comunicação. De fato, a Teoria da Informação teve grande repercussão na mídia em
geral, chegando a ser considerada mais importante que a Teoria da Relatividade na edição de
Dezembro de 1953 da revista Fortune. Para detalhes, consultar: O. Aftab et alii, “Information Theory
after Shannon's 1948 Work”, pp. 6-7.
15
inúmeras as engenhocas que construiu para sua própria diversão, como um
usando um par de fios de arame farpado que rodeava um pasto. Tinha gosto por
Laboratórios Bell, recorda sua satisfação com as condições de trabalho que lhe
eram oferecidas:
afirma:
16
Minha primeira motivação foi a teoria da informação, e eu usei a
criptografia como um meio de legitimar o trabalho8.
motivações. Segundo ele mesmo, desde menino ele apreciava jogos, não só os
que exigiam destreza física, mas também os que exigiam raciocínio: ele possuía
estes atributos em graus elevados. Isto explica o gosto pelo malabarismo e pelas
toda a vida. Shannon afirma ser movido pela curiosidade e pelo prazer de
financeiro nunca foram suas intenções. Ele admite que sempre se envolveu com
8 R. Price, “A conversation with Claude Shannon: one man’s approach to problem solving”, p. 124.
Citação no original: “My first getting at that was information theory, and I used cryptography as a way
of ligitimizing the work.”
9 Ibid., pp. xxiii.
10 Ibid., pp. xxii-xxvi. Citação no original: “Working that out was a lot of fun. I think I had more fun
doing that than anything else in my life, creatively speaking”.
11 Esta opinião é compartilhada por alguns especialistas. Para mais detalhes, consultar: M. Waldrop,
Reluctant Father of the Digital Age, pp. 66-7; consultar também: UCSD-TV, Claude Shannon, Father
of the Information Age, depoimento de Andrew Viterbi.
17
Diferencial de Vannevar Bush, de quem Shannon foi assistente antes de obter
resultados12.
concepção de que os seres vivos nada mais são do que máquinas complexas.
Quanto às máquinas construídas pelo homem, ele pensa que um dia elas
entropia em longo prazo (mesmo que, de forma localizada, ela possa decrescer
12 Para uma análise contextualizada sobre a longa transição da computação analógica para a digital,
consultar: P. Edwards, The Closed World: computers and the politics of disclosure in Cold War
America, pp. 66-70.
13 A este respeito, existem relatos de que na década de 1950 a Teoria da Informação era levada tão a sério
a ponto de ser quase que como uma religião no M.I.T e em outras universidades norte-americanas. Os
adeptos da TI julgavam estar vivenciando um momento de transformação no qual diversos problemas
científicos seriam resolvidos pela nova abordagem oferecida pela Teoria da Informação. Para mais
detalhes, consultar J. Gleick, Caos, a Criação de Uma Nova Ciência, pp. 245-7.
14 A. Liversidge, in C. E. Shannon, Collected Papers, p. xxx.
15 Ibid., p. xxviii.
18
concordância com os princípios desenvolvidos por Boltzmann a respeito da
entropia e o universo16.
teria se dado pelo descontentamento com os rumos que a Teoria havia tomado:
16 O pensamento de Boltzmann a este respeito será abordado mais adiante neste capítulo, e com maior
profundidade no capítulo 2.
17 M. Waldrop, op. cit., p. 71.
18 A. Liversidge, in C. E. Shannon, Collected Papers, p. xxviii. Segundo o entrevistador, Marvin Minsky
teria dito que todos os teoremas importantes da Teoria da Informação já tinham sido provados.
19 Ibid., p.71. Citação no original: “...I just developed different interests.”
20 O Grupo Profissional da Teoria da Informação (PGIT) foi criado pelo Instituto de Engenheiros de
Rádio (IRE) para estimular a difusão, o debate e o desenvolvimento da Teoria da Informação.
19
estar apenas relacionado ao uso inadequado da TMC, mas também pela
mas pode ter abortado muitas tentativas sérias de aplicação da TMC em outras
áreas, uma vez que o próprio foro de debates passou a ser controlado pelo grupo
dominante22.
21 O termo “bandwagon” é empregado no sentido de “modismo” (ou, para usar um termo mais antigo e
direto, de “coqueluche”), ou seja, uma atividade à qual indivíduos se lançam simplesmente porque
outros também o fazem. O editorial, publicado no IRE IT Newsletter de Dezembro de 1953, pedia que
os assuntos fossem abordados com mais rigor matemático e preferencialmente em aplicações de
engenharia, embora reconhecesse que a Teoria da Informação pudesse contribuir noutras áreas de
conhecimento. O estilo do texto é elegante e conciliatório, mas deixa clara a posição de Shannon em
favor da limitação da abrangência da teoria.
22 O. Aftab et alii, “Information Theory after Shannon's 1948 Work”, pp. 8-12.
23 P. Edwards, op. cit., p. 189.
24 Ibid., pp. 203-4.
20
conferência, Shannon apresentou Theseus, um “camundongo eletrônico” que
conseguia encontrar a saída de um labirinto. Foi uma das poucas vezes em que
convicção, por modéstia ou por qualquer outro motivo é uma questão para
futuras investigações.
25 Ibid., p. 191.
21
É interessante mencionar a breve interação Shannon com Alan Turing
durante a Segunda Guerra (que será abordada no capítulo 2), bem como sua
Laboratórios Bell para a criptografia da voz humana. Até então, eram utilizados
métodos analógicos de distorção de ondas sonoras, o que era pouco eficaz por
de lingüística de Chomsky:
Embora não tenhamos detalhes sobre este trabalho conjunto, é certo que
22
trabalho, que foi previamente apresentado num simpósio de cibernética em
trabalhar com sistemas de sigilo talvez não tenha sido simples coincidência
contexto da Segunda Guerra Mundial), caso contrário não lhe teria sido preciso
importantes.
percepção de que muito de seu trabalho era diversão. Seu interesse pelo lúdico e
29 Segundo observa Verdú, Chomsky discorda que as estatísticas das linguagens naturais podem ser
aproximadas tão bem quanto se queira ao modelo das Cadeias de Markov. Para mais detalhes sobre
este comentário, consultar: S. Verdú, “Fifty Years of Shannon Theory”, in S. Verdú & S. McLaughlin,
orgs., Information Theory – 50 Years of Discovery, pp. 26-7. Para mais detalhes sobre a
argumentação e as propostas de Chomsky em questão, consultar: N. Chomsky, “Three models for the
description of language”, pp. 113-24.
30 P. Edwards, op. cit., p. 229. Miller sugere que Chomsky tenha se aproveitado da notoriedade da Teoria
da Informação para divulgar sua Gramática Gerativa Transformacional. Para detalhes sobre esta
opinião no contexto da história das Ciências Cognitivas, consultar: G. Miller, “The cognitive
revolution: a historical perspective”, p. 142.
23
personalidade, que se manifestam no formalismo de seus trabalhos, na
trabalhar com ampla liberdade, parecem ter sido decisivos para o pleno
24
1.2. Origem do Conceito de Entropia usado por Shannon
afirma que a entropia nunca diminui num sistema fechado, ou seja, seu grau de
e profundas; entretanto, este trabalho impõe que apenas os aspectos que mais
25
distâncias); 2) o domínio das grandezas derivadas das moléculas é contínuo, ou
mapeamento individual34.
colisões entre elas (no modelo, o choque com as paredes do recipiente foi
molécula que colidisse contra ela), até que atingisse um estado de desordem
máxima35. As velocidades que uma molécula pode assumir são infinitas, mesmo
que a variação entre a menor e a maior delas seja finita. Boltzmann propõe que
velocidades.
33 Como explica Penrose, para mapear posições e momenta é necessário um espaço de fase de dimensão
6n, onde n é o número de partículas. Para mais detalhes, consultar: R. Penrose, The road to reality: a
complete guide to the laws of the universe, pp. 217-21, 690-1.
34 Ibid., pp. 119-20.
35 L. Boltzmann, Lectures on Gas Theory, p. 36.
26
Segundo a teoria quântica, átomos e moléculas não se encontram em qualquer
27
1.3. Fundamentos de Teoria da Informação
ela seria possível a seu tempo, à semelhança de outros conceitos científicos cujo
selecionar uma mensagem, mas não a uma mensagem em si, mas considerando-
afirmado:
28
comunicação são irrelevantes para o problema de engenharia. (grifo
do original) 43
redução ao nível básico de qualquer linguagem, uma vez que não será tratada a
informação em si, mas sua codificação: isto garante que a informação possa ser
que implica que uma mesma mensagem pode ter significados diferentes,
que “uma valise foi acidentalmente jogada ao chão” ou “houve uma variação
que o receptor tem pelo assunto ou à relevância que ele atribui à mensagem45.
Se uma pessoa recebe algo (uma mensagem) por telefone, sendo que
ela considera uma parte (da mensagem) útil e outra não, e se alguém
quiser chamar a parte útil de sinal, isto dificilmente será um problema
matemático46.
43 Ibid., p. 31. Citação no original: “Frequently the messages have a meaning; that is they refer to or are
correlated according to some system with certain physical or conceptual entities. These semantic
aspects of communication are irrelevant to the engineering problem”.
44 Extrair o significado de uma mensagem é uma tarefa complexa que ainda não tem uma solução
adequada: uma conseqüência disto é o desempenho insatisfatório dos softwares de tradução de textos,
e mesmo dos de correção ortográfica.
45 A respeito das limitações da linguagem escrita, consultar D. Olson, O mundo no papel: as implicações
conceituais e cognitivas da leitura e da escrita, pp. 107-30.
46 C. Shannon, apud P. Edwards, op. cit., p. 204. Citação no original: “if a person receives something
over a telephone, part of which is useful to him and part of which is not, and you want to call the useful
part the signal, that is hardly a mathematical problem.”
29
Uma definição que parece aderir melhor à essência da Teoria da
30
Para Shannon, a descrição de processo genérico de comunicação inclui
símbolos). Quando existe certeza sobre qual símbolo vai ser transmitido, a
49 C. Shannon, “The Mathematical Theory of Communication”, in C. Shannon & W. Weaver, op. cit.,pp.
33-5.
50 Ibid., pp. 50-1.
31
inglês, ele conclui que existe um alto grau de redundância51. Redundância é
entropia máxima. Neste sentido, após definir que a entropia de uma mensagem
“fazer sentido” faz com que a língua imponha construções (por exemplo:
regências, concordâncias, radicais) que fazem com que algumas palavras e letras
sejam mais prováveis do que outras53. Obviamente, nem tudo que se pode
Parece ser bastante improvável que uma mensagem com significado possa
Por outro lado, parece ser igualmente improvável que qualquer mensagem com
51 Ibid., p. 56.
52 Ibid.
53 Ibid., pp. 39-40.
32
componentes numa ordem qualquer, e a mensagem ainda assim fizesse sentido
do canal equivale à entropia máxima que ele pode transmitir por unidade de
informações: garantir que a mensagem enviada seja recebida sem erros. Erros,
propõe que o risco de corrupção de sinais numa mensagem seja mitigado pela
54 Ibid., pp. 40-4. Shannon propõe um processo de geração de mensagens baseado em probabilidades de
ocorrências de letras e de palavras que demonstra a transição de um texto sem sentido para um texto
com algum sentido.
55 Ibid., pp. 59-61.
56 Ibid., pp. 65-6.
33
mesmo resultado57. Shannon também propõe que seria possível elaborar um
símbolos, que por sua vez exigiria uma capacidade de transmissão infinita, o
dos símbolos transmitidos (os símbolos fazem parte de um repertório finito, que
34
citar as principais aplicações decorrentes dela e conduzir uma breve verificação
experimental.
35
1.4. Aplicações e Verificação Experimental
problema da detecção e correção de erros e ele não gasta mais de que uma
repercussão que a Teoria causou, é de se supor que esta breve menção tenha
repertório comum, que é a tabela de caracteres ASCII63, que contem 256 valores
60 Para mais detalhes sobre a influência da Teoria da Informação nas técnicas de detecção e correção de
erros, consultar: http://en.wikipedia.org/wiki/Error_correcting_code.
61 CRC é o acrônimo de “cyclic redundant code” e designa uma classe de algoritmos que geralmente
empregam equações polinomiais na detecção e correção de erros. Para mais detalhes, consultar:
http://en.wikipedia.org/wiki/CRC-32.
62 RAID é acrônimo de “redundant array of independent disks” e designa uma classe de sistemas de
tolerância a falhas, que usa um conjunto de discos operando de forma sincronizada, e que permite a
continuidade do funcionamento em caso de falha de um dos discos. Para mais detalhes, consultar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Redundant_Array_of_Independent_Disks.
63 Na verdade, usa-se uma variante ou extensão do padrão ASCII. Existem outras formas de codificação,
como o EBCDIC, ainda empregada em redes privadas que usam computadores ditos “de grande porte”
(“mainframe”). Os padrões ASCII e EBCDIC codificam o alfabeto latino e sinais gráficos comuns;
outras línguas necessitam de conjuntos diferentes. A despeito das origens independentes e
36
discretos, cada um correspondendo a uma letra, algarismo ou símbolo. A forma
conteúdo, o que significa que, em geral, a quantidade de bits gerados seja maior
sua entropia.
37
entropia máxima é obtida quando a freqüência dos símbolos é equiprovável; 4)
branco; Testo2.txt contém a letra “H” repetida por toda a extensão do arquivo;
Informação:
Extensão Compactada (octetos) Variação Consequências
Arquivo Conteúdo
Windows XP WinZip WinRAR Média (%) Verificadas
Texto1.txt 1152 1152 602 -99,91 espaços em branco 1, 2
Texto2.txt 1152 1152 602 -99,91 repetição de "H" 1, 2
Texto3.txt 2185 2185 623 -99,84 repetição de seqüência de 16 caracteres 1, 2
Texto4.txt 2708 2708 639 -99,81 repetição de seqüência de 32 caracteres 1, 2
Texto5.txt 492.641 492.553 485.997 -53,23 algarismos aletórios 1, 3
Texto6.txt 665.995 665.571 667.227 -36,46 letras maiúsculas aleatórias 1, 3
Texto7.txt 1.052.672 1.048.854 1.048.650 0,14 caracteres aleatórios 1, 3
Texto8.txt 292.291 291.249 246.019 -73,63 Bíblia em inglês, versão King James 1, 4
65 É importante evidenciar que a eficiência dos programas de compactação não é o objetivo do teste,
embora os resultados possam indicar que algum programa produza melhores resultados. As situações
reais são muito mais complexas, e os programas de compactação empregam algoritmos adaptados a
cada tipo de arquivo. Considerando-se que a aderência a uma necessidade específica costuma ser mais
relevante que um “benchmark” genérico, não é esperado que os resultados obtidos sejam conclusivos a
respeito da pretensa “superioridade” de um produto sobre outro. O que se pretende com o teste é
avaliar a consistência dos resultados frente às previsões da TMC.
38
inteiramente preenchido com a letra “H”). A característica comum entre eles é
com relação a qual símbolo será usado: a teoria diz que a entropia é zero. De
progressivamente aumentam68.
com significado, foi maior que a obtida pela compactação da seqüência aleatória
39
de algarismos (Texto5.txt). Este resultado comprova a existência de significativo
69 É importante notar que o algoritmo que gerou o arquivo Texto8.txt não garante que a freqüência de
todos os símbolos do repertório é equiprovável em termos estritos: para obter-se tal condição, seria
necessário garantir que a contagem de cada símbolo do repertório resultasse num mesmo número.
Nestes termos, as freqüências dos símbolos gerados são muito próximas, mas não necessariamente
iguais. Um algoritmo que garante que a contagem de cada símbolo seja igual pode ser encontrada no
anexo 2.
70 Ibid., p.111. Shannon fornece como exemplo dados experimentais sobre a sensibilidade da audição
humana em relação às características das ondas sonoras: com relação à fase, é praticamente
insensível; com relação à amplitude e à freqüência, é aproximadamente logarítmica.
71 A compactação com perdas é aceitável nestes tipos de conteúdo porque o objetivo final deles é a
apreciação humana. A capacidade cognitiva dos seres humanos faz com que consigamos lidar com
informações imprecisas e parciais (o que, como se sabe, é um dos fundamentos da Psicologia Gestalt).
40
reproduzido), sem que haja perda significativa na percepção que ele provoca no
dela, que aproximam a cor de cada ponto da imagem em função das cores dos
pontos adjacentes, o que faz com que as freqüências de ocorrência das cores
41
2. Entropia e Teoria da Informação
42
2.1. Contexto Histórico
2.1.1. O Rádio
43
mundial, que utilizava cabos de transmissão terrestres e submarinos, chegou a
72 P. Hugill, Global Communications since 1844: Geopolitics and Technology, p. 2. Citação no original:
“It was Britain that first constructed a global submarine telegraph system and Britain kept (just) one
step ahead of its competitors in all forms of civil and military telecommunications until 1945.
73 A invenção do rádio, entendido como o uso de ondas eletromagnéticas a transmissão de informações
sem a utilização de cabos, é disputada por Nikola Tesla, Guglielmo Marconi e Alexander Popov, entre
outros. Neste trabalho, que não tem como objetivo discutir a invenção do rádio, não nos
posicionaremos a favor de Marconi apesar de ele ser reconhecido como o inventor do rádio pelas obras
de referência pesquisadas. Entretanto, ele será amplamente citado devido a seus bem-sucedidos
esforços em estabelecer uma indústria a partir de suas invenções.
74 Ibid., p. 92. Citação no original: “From de beginning Marconi understood the importance of radio for
international communication. Unlike other inventors, he therefore went to considerable lengths to
control patents, both his owns and those originated by others. His individual competitors were never
able to control as many patents as he did. In the geopolitical struggle for international radio three
techniques were developed to block Marconi from developing an effective monopoly: the international
agreement; manipulation of domestic politics; and patent pooling”.
44
No final do século XIX, Marconi investigava um fenômeno peculiar que
por onde passassem os cabos75, o que não seria necessário com o sistema de
que alegavam ser um sistema de alcance limitado já que o sinal não poderia
75 Ibid., p. 83.
76 S. Singh, The Code Book: the Science of Secrecy from Ancient Egypt to Quantum Cryptography, pp.
101-2.
77 A idéia de que era necessário haver mútua visibilidade entre transmissor e receptor não é absurda. De
fato, grande parte das telecomunicações necessita de “visada”, como é o caso de algumas transmissões
por satélites, como nas transmissões de TV e de dados: a antena receptora precisa estar apontada para
o satélite para que a reflexão das ondas no disco parabólico as faça convergir para um ponto focal,
ampliando a intensidade do sinal, grandemente diminuída pela longa distância percorrida, uma vez
que tais satélites geoestacionários orbitam a Terra a cerca de 40.000 km de altura. Para mais detalhes,
consultar: http://en.wikipedia.org/wiki/Satellite_television.
45
para explicar o fenômeno, entre elas a que afirmava que as ondas
sem uma explicação definitiva por mais de duas décadas, quando foi descoberta
78 A história da primeira transmissão transatlântica por Marconi foi questionada recentemente, embora
não haja dúvida de seu sucesso numa segunda transmissão realizada um ano depois. Para mais
detalhes, consultar: http://en.wikipedia.org/wiki/Ionosphere .
46
A ilustração mostra as trajetórias das ondas eletromagnéticas em função
somente à noite.
seu tempo. Mário Schenberg cita outro exemplo deste fenômeno: a máquina a
energia não era bem compreendida, uma vez que a teoria do calor predominante
Mecânica Quântica. Estas duas teorias, embora ainda sejam incompatíveis, não
que foi introduzido por elas, enquanto aguardamos uma nova revolução que
fazer com que uma precise da outra para a próxima revolução. Mais importante,
47
Há um conservadorismo que nos deixa presos a muitas idéias
complicadas80.
garantir sigilo nas transmissões, uma vez que as mensagens são irradiadas para
inteligível apenas para seu receptor, na qual são usadas técnicas de transposição
delas é a análise estatística dos sinais e das palavras. Esta é a área de contato
80 Ibid., p. 204.
81 S. Singh, op.cit., p. 102.
82 Existem outras técnicas de sigilo, como a Esteganografia, que busca esconder a existência de uma
mensagem secreta dentro uma mensagem aparentemente “inocente”. Para mais detalhes sobre
terminologia e técnicas básicas de criptografia, consultar D. Kahn, The Codebreakers: the story of
secret writing, pp. xv-xvii.
48
mensagem cifrada era passada a um telegrafista, que transmitia a mensagem tal
qual a recebeu. Tal procedimento era repetido na ordem inversa pelo receptor,
que assim obtinha a mensagem original. Para que o processo fosse bem-
uso de chaves, que eram registradas em livros. A mesma sistemática era usada
mantida em segredo até 1923, quando foi tornada pública por Winston
interceptadas. A decodificação das mensagens poderia ser feita sem eles, mas a
83 Ibid., p. 141.
84 D. Kahn, op. cit., p. 268.
85 Ibid., p. 269.
86 Ibid., p. 273.
49
mesmo que parciais e fragmentadas. A cessão deste tipo de informação aos
britânico87.
inimigo ignore que seus códigos foram violados, caso contrário ele tomará
próprio território para que não se envolvesse no conflito europeu. O plano era
Unidos foi retaliado a sangue-frio: foi montada uma sofisticada operação para
inteligência inglesa a sua própria equipe por terem sido incapazes de antever o
87 Ibid., p. 277.
50
colaborador no México, e eles continuaram usando códigos similares durante
toda a guerra88.
que não tinha sido adotada em larga-escala devido a seu alto custo unitário: a
máquina Enigma. Este dispositivo foi inventado por A. Scherbius, que obteve a
complexidade, que pode ser melhor entendida pela observação de sua aparência
51
Fig. 5 - Um exemplar de Máquina Enigma
a regulagem correta de seu mecanismo, cada letra teclada acendia outra letra no
grandes empresas privadas, também não foi bem recebida pelos militares
alemães:
89 Ibid., p.138. Citação no original: “The German military were equally unenthusiastic, because they were
oblivious to the damage caused by their insecure ciphers during the Great War”.
52
importância ao serviço do Room 40 para a vitória dos aliados. Os militares
Alemanha, o que pode ter causado uma falsa sensação de segurança. Entretanto,
máquina Enigma foi obtido pelos franceses, que os repassaram aos poloneses92.
enviou o resultado de suas pesquisas aos ingleses e aos franceses. Duas semanas
53
2.1.3. Alan Turing
exploração das mensagens alemãs, basicamente pela mesma falha que ajudou os
moderno98. Ele foi convidado para ingressar em Bletchley Park em 1939, no dia
54
decifração de mensagens, Turing atuava no núcleo consultivo (“think tank”) do
grupo, onde seu trabalho era desenvolver uma nova técnica de ataque às
mensagens da Enigma antes que os alemães se dessem conta dos erros que
Em 1943, durante o curso da guerra, Turing viajou aos Estados por conta
pelo tipo de trabalho que Shannon fazia e com a liberdade que os Laboratórios
supostamente por não ser bem-visto pelas empresas britânicas103. Turing teria
se identificado com Shannon por sua bagagem acadêmica e por ter, como ele,
55
identificação de Turing com Friedman, outro pesquisador da Bell, e Shannon,
Hodges afirma:
máquina, mas com uma amplitude (ou pretensão) maior por parte de Shannon,
104 Ibid., p. 250. Citação no original: “In intellectual depth it was Shannon who was Alan’s opposite
number, and they found a good deal in common”.
105 Ibid., p. 250. Citação no original: “A ban of weight of evidence made something ten times as likely; a
binary digit or bit made something twice as definite”.
56
Shannon quer alimentar o Cérebro não apenas com dados, mas com
coisas culturais! Ele quer tocar música para ele! (grifos do
original)106
ainda por muitos anos além do término da Segunda Guerra. O governo britânico
suas ex-colônias ainda por muitos anos107. Turing cometeu suicídio em 1954,
motivado pela perseguição que sofreu depois que sua homossexualidade foi
década de 1970108.
106 Ibid., p. 250. Citação no original: “Shannon wants to feed not just data to the Brain, but cultural
things! He wants to play music to it!”.
107 S. Singh, op.cit.,p. 187.
108 Ibid., p. 189.
109 P. Hugill, op.cit., p. 2. Citação no original: “If information is power, whoever rules the world’s
telecommunications system commands the world.”
57
A empresa de Marconi conseguiu ligar por rádio todos os territórios do
com os termos da fusão, que não lhe garantia o controle da empresa apesar de
reproduzido a seguir:
Fig. 6 – C&W “Great Circle” Map, cortesia de Cable & Wireless Archive, Porthcurno.
58
O mapa representa as linhas de telecomunicações britânicas em 1945, e
julgar pelo mapa, parece ser evidente que a pretensão inglesa era de permanecer
111 Ibid., p. 50. Citação no original: “One measure of the retention of British power is that not until late
1943 did the American government have access to a transatlantic teleph cable that did not pass
through Britain.”
112 Ibid., p. 144. Citação no original: “The British attached more importance to Ultra than to any other
aspect of World War II. Although they shared the technologies of centimetric radar and the jet engine
with America during the 1940 Tizard Mission, well before official American entry into war, it was May
1943 before they fully shared Ultra.
59
apesar da primeira ter precedido a segunda na obra de Shannon. A entropia,
mundial113.
113 É interessante notar que as mesmas questões sobre poder e dominação ocorrem atualmente nos
debates a respeito da internacionalização do controle da internet (que está sob o controle de um órgão
do governo norte-americano).
60
2.2. Boltzmann e a Entropia na Teoria do Gás
época em que a existência dos átomos ainda era questionada, seu trabalho
114 Boltzmann tinha saúde frágil e sofria de neurastenia. Seu temperamento causou-lhe diversas
inimizades no meio acadêmico e mesmo o afastamento de amigos, como Ostwald. Sofreu oposição
continuada de Mach e seus partidários, que alegavam que a existência de átomos seria “metafísica” por
ser um fato não observável e, portanto, incompatível com temas “científicos”. Mais informação a
respeito da vida, obra e polêmicas de Boltzmann pode ser obtida em D. Lindley, Boltzmann’s Atom:
the great debate that launched a revoltuion in physics.
61
infindáveis, seriam evitadas. Propõe-se a desenvolver sua teoria livre de
que o calor é uma forma de energia cinética, mas que não é visível porque somos
calor. Ele procura justificar o engano de se considerar o calor como sendo uma
têm mais energia para outro cujas moléculas têm menos energia, aliado ao fato
de que a energia cinética não se destrói. Continuando, afirma que a natureza das
reconheça que sua incompreensão até aquele tempo pudesse causar imprecisão
molecular até então. Assim sendo, define o estado sólido como aquele em que
cada molécula tem uma posição de repouso, na qual é mantida pela repulsão das
62
moléculas adjacentes quando delas se aproxima e pela atração quando delas se
cada molécula se ampliasse. O estado líquido, por sua vez, foi caracterizado pelo
uma arma de fogo; somente se desviariam caso passassem muito perto de outras
contivesse. Neste sentido, a pressão do gás seria interpretada como a ação das
63
de gravidade das moléculas. O modelo se inicia de forma muito simples:
Desta forma, elabora equações que relacionam a força dos choques das
seguem121.
que o recipiente contém apenas um gás, composto por moléculas idênticas que
Neste cenário, mesmo que todas as moléculas tenham velocidades iguais num
cada molécula assumiria uma velocidade entre zero e uma velocidade que seria
64
muito superior à velocidade inicial comum a todas as moléculas. Neste estado
atuem apenas como “refletoras” das moléculas que se chocassem a elas. Nestas
o objetivo do Teorema-H.
65
2.2.1. O Teorema-H
moléculas do gás:
entre si (que ocorre em ¼ dos casos), o das moléculas-m1 entre si (que também
1/2 dos casos). Ele verifica que a fórmula resultante é composta por elementos
que têm sempre o mesmo sinal e que sempre aumentam quando seus
sinal negativo que sempre aumentam, só pode diminuir. Esta grandeza poderia
66
distribuição de velocidades molecularmente desordenado não se altera uma vez
de meras omissões que introduziriam erros nos cálculos. Admite que o uso de
probabilístico127.
respeito das leis físicas deduzidas ao longo da obra, das quais selecionaremos
67
conclusões previamente expostas, acrescentando considerações de ordens
físicas e filosóficas. O autor parece acreditar que seu modelo mecânico pode ser
passagem:
não como uma refutação, mas como uma confirmação da teoria. Segundo seus
anos, o que em termos práticos significaria “nunca”. Observa que, num espaço
68
2.2.2. Crítica à Fenomenologia
posição, segundo o autor, deve ser entendida com os devidos cuidados: não se
sua defesa contra as críticas de Ernst Mach, com quem manteve um tenso
gases por ela se basear na existência de átomos, cuja existência não poderia ser
escolha entre duas hipóteses que deveria ser decidida em prol daquela que
divergentes.
filosófica é sempre colocada de forma clara: ele busca uma explicação mecânica
69
para os fenômenos termodinâmicos baseada na concepção de que a natureza da
Cosmologia.
do estado menos provável para o mais provável”: esta proposição parece conter
certa obviedade que (talvez por isto mesmo) escapa à percepção comum. Sua
70
idéia, numa posição que pode ser sintetizada na conhecida frase de Einstein
manifestando sua crença de que “Deus não joga dados”132. De qualquer forma, a
ciência contemporânea parece cada vez mais ligada à incerteza inerente dos
S = k ln P
A nova abordagem introduzida por Boltzmann no estudo dos gases foi uma
Informação também foi diretamente influenciada, uma vez que ela emprega
132 A origem da controvérsia decorre da interpretação formulada por Niels Bohr e Werner Heisenberg,
conhecida como Interpretação de Copenhagen. Mais detalhes (inclusive sobre a retórica utilizada no
debate, com a resposta de Bohr a Einstein para que ele “não dissesse a Deus o que fazer”), consultar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Copenhagen_interpretation. Para uma breve introdução ilustrada aos
fenômenos em discussão, consultar: http://en.wikipedia.org/wiki/Bohr-Einstein_debates. Para
conhecera opinião de Schenberg sobre alguns aspectos paradoxais da interpretação estatísca, consulta:
M. Schenberg, op.cit., pp. 161-2.
133 Como se sabe, a física quântica e a cosmologia lançam mão de recursos como o “colapso da função de
onda” para exprimir probabilidades em todos os níveis, de partículas subatômicas ao universo. A
popularização do conceito em obras de divulgação pode ser constatada em S. Hawking, O universo
numa casca de noz, pp. 106-29, em M. Kaku, Hyperspace, pp. 254-65 e em J. D. Barrow, Theories of
Everything, pp. 86-92.
134 L. Brillouin, op. cit., pp. 119-20.
135 M. Schenberg, op.cit., p. 146. Schenberg lembra que Boltzmann escreveu a Planck aconselhando-o a
considerar a descontinuidade na solução de problema do corpo negro, sem a qual seria impossível
resolve-lo. Aceitando o conselho, Planck chegou à solução do problema, e mais tarde utilizou o mesmo
princípio na criação da mecânica quântica.
71
Ifrah propõem que existe um nível de interação mais profundo unindo a
Wiener.
72
2.3. Shannon e a Teoria Matemática da Comunicação
possíveis, apenas uma foi selecionada136. Convém notar que, apesar desta
transmissão digital por modem, sabe-se que é usual empregar dígitos binários
136 C. Shannon, “The Mathematical Theory of Communication”, in C. Shannon & W. Weaver, op. cit., p.
31.
137 Ibid., p. 81.
73
agrupados em octetos ou bytes (oito dígitos binários), cujas combinações
Captioning142.
74
2.3.1. O Problema de Engenharia
lícito perguntar o porquê da digitalização, uma vez que o analógico pode parecer
mais vantajoso que o digital uma vez que contempla infinitas possibilidades, e,
portanto, que poderia representar qualquer coisa mais fielmente. A resposta não
se encontra na TMC, mas nos é oferecida por Viterbi: no analógico não há como
então, sendo que após ser amplificado o sinal continua susceptível a ruídos no
de intensidade, e nem todo ruído será intenso o suficiente para fazer com que
deverá traduzi-lo num dos 2 valores válidos. Se este valor tiver sido traduzido
143 UCSD-TV, Claude Shannon, Father of the Information Age, depoimentos de Jack Keil Wolf, índices
de tempo 08:20 a 09:03 e 12:20 a 13:00.
144 Ibid.
75
erroneamente em conseqüência do ruído, ele deverá ser tratado pelos
ou seja, 3,3 bits. De fato, com 3 bits é possível representar 8 símbolos (23=8), e
necessários log226 = 4,7 bits ou log1026 = 1,4 algarismos. Outra vantagem citada
145 C. Shannon, “The Mathematical Theory of Communication”, in C. Shannon & W. Weaver, op. cit., p.
31.
76
Transmissor, que por sua vez transforma as mensagens em sinais através de um
Ruídos.
Partindo deste modelo, Shannon inicia pelo Canal Discreto Sem Ruído por
ser o caso geral que servirá de base para o estudo dos demais casos146.
77
onde N(T) é a quantidade de símbolos permitidos durante o período de
impossível saber de antemão o que o canal vai transmitir. A partir deste ponto,
78
onde K é uma constante arbitrária que expressar a unidade de medida. A
( pi )149.
sistema (repertório) é
H = - ( p log2 p + q log2 q ).
79
Este caso pode ser melhor entendido se representado graficamente,
conforme segue:
complemento a esta idéia, que a entropia também aumenta quanto maior for da
Discreta são os símbolos que ela gera, e define a Entropia de uma Fonte
Discreta por
80
onde fi é a freqüência média do estado i, e relacionando-a com a Entropia pela
equação
H’ = mH
Daí, tem-se
entropia de uma fonte com o valor máximo que ela poderia apresentar estando
81
compressão a técnica de codificar o repertório de maneira usar o canal de forma
Fundamental do Canal Sem Ruído. Ele prova que, com a codificação mais
é impossível transmitir a uma taxa média superior a C/H, o que pode ser
redundância154.
mais prováveis serão representadas por números binários mais curtos enquanto
82
que as menos prováveis serão codificadas por números mais longos, o que
transmitidas num canal ruidoso, uma vez que a ocorrência de ruídos é aleatória
e não há como saber quais partes do sinal foram afetadas. Ele formula, na
suas limitações, uma vez que este método introduz de 3 bits de redundância
83
para 4 bits de sinal.158 Posteriormente, outros pesquisadores criaram técnicas de
detecção e correção de erros que não oneram tanto o canal, e que conquanto não
ordem de 50%, o que significa que até 50% de seus sinais podem ser removidos
sem que a mensagem se torne ininteligível160. Este fenômeno pode ser verificado
diversos tipos de comunicação escrita, uma vez que parece existir uma
84
CEP (código de endereçamento postal), FAQ (“frequently asked questions”),
RSVP (“répondez s'il vous plait”), TV (televisão) e USB (“universal serial bus”).
e, a seguir, explica:
próprio texto para indicar alguns casos de compressão: nas notas de rodapé, por
compressão, uma vez que evita que a referência a uma obra recém-citada seja
repetida.
161 Neste caso, as ambigüidades são eliminadas pela análise do contexto das frases. Uma breve descrição
do sistema de escrita da língua hebráica pode ser encontrada em:
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Judaism/alephbet.html.
162 D. Olson, op. cit., p. 99.
163 Ibid.
164 U. Eco, Como se faz uma tese, p. 166.
85
modelos para o entendimento em níveis além de suas pretensões. Sobre o
estruturais.
caso contrário não haveria sentido em elaborar listas de dados sem sentido. O
efetuadas, com maior ou menor grau de precisão. O princípio que permite que
de um fenômeno que não seja completamente aleatória deve ter uma forma de
representação que seja menor que a própria seqüência de dados, ou seja, deve
165 W. Weaver, “Recent Contributions to the Mathematical Theory of Communications”, in C. Shannon &
W. Weaver, op. cit., pp. 24-8.
86
ser algoritmicamente compressíveis166. Não parece ser casual que a Teoria da
assinala que talvez a informação seja uma propriedade física fundamental ainda
Ciência167. Isto pode ser verificado pela influência que a Teoria da Informação já
onde se originou168.
87
ENTROPIA
Variação Aumenta à medida que o movimento das Aumenta à medida que a ocorrência dos
moléculas se torna aleatório. símbolos se torna aleatória (a distribuição
se aproxima à eqüiprobabilidade).
Tendência Num sistema fechado, aumenta até atingir a Numa língua natural, a freqüência de
situação de equilíbrio (distribuição de símbolos tende à distribuição de Gibbs170.
Maxwell-Boltzmann)169.
169 Devem-se considerar as restrições do modelo teórico adotado por Boltzmann, bem como as limitações
do método de cálculo.
170 O resultado esperado deve considerar as restrições do modelo adotado por Shannon, que assume que
os textos produzidos na língua inglesa são adequadamente descritos como processos ergódicos. É
importante notar que, na prática, os sistemas de comunicação não transmitem apenas texto na língua
inglesa (também transmite, por exemplo, por exemplo, números codificados e dados analógicos
digitalizados) o que tende a desviar os resultados reais da distribuição teórica.
88
2.4. Wiener e a Entropia na Cibernética
171 N. Wiener, Cybernetics, or control and communication in the animal and the machine, pp. 8-9.
Citação no original: “The message is a discrete or continuous sequence of measurable events
distributed in time – precisely what is called a time series by the statisticians”.
89
interpretação da natureza do tempo172. Com relação à comunicação, Wiener
declara que Shannon e R. Fischer, além dele próprio, teriam chegado de forma
Shannon.
90
de Maxwell”. Na experiência imaginada por Maxwell, um ser inteligente
sua influência pode ser inferida pela associação entre entropia mecânica e
175 H. Leff & A. Rex , Maxwell’s Demon: Entropy, Information, Computing, p. 16.
176 N. Wiener, op.cit., p. 57. Citação no original: “... [the opening would be] operated by a gatekeeper,
either an anthropomorphic demon or a minute mechanism.”
91
Wiener retoma o assunto adiante, ao tratar de séries temporais,
probabilísticos:
nos parece correto supor que a entropia da informação mede sua organização
parece acertado afirmar que uma seja oposta à outra. Ora, a entropia de
Cybernetics onde ela foi formulada num artigo de 1949 sobre as relações
tarde, Brillouin escreveu Science and Information Theory, onde retoma estas
177 Ibid., p. 61. Citação no original: “What is information, and how is it measured? One of the simplest,
most unitary forms of information is the recording of a choice between two equally probable simple
alternatives, one or the other of which is bound to happen.”
178 Ibid., pp. 61-2.
179 Ibid., p. 64. Citação no original: “…[the] amount of information… is essentially a negative entropy.”
180 L. Brillouin, “Life, Thermodynamics, and Cybernetics”, in H. Leff & A. Rex, orgs., op. cit., pp. 101-2.
92
Tais divergências entre os conceitos fundamentais da Teoria da
Informação existem desde sua origem, e são oriundas daqueles que são
93
2.5. O Diálogo Conflituoso entre a TI e a Física
passagem das moléculas mais energéticas para um dos lados, e a das menos
que o do outro se tornaria cada vez mais frio; também ocorreriam variações de
destacou Leó Szilard, que estabeleceu qual seria a variação da entropia por um
94
...o valor médio da quantidade de entropia produzida por uma
medição (obviamente, neste caso especial independente das
freqüências w1, w2 dos dois eventos): S = k log 2182.
Wiener183. Ainda, ele afirma que Shannon teria definido a entropia com um
Informação.
182 L. Szilard, “On the decrease of entropy in a thermodynamic system by the intervention of intelligent
beings”, in H. S. Left & A. F. Rex, orgs., op. cit., p. 127. Citação no original: “…the mean value of the
quantity of entropy produced by a measurement is (of course, in this special case independent of the
frequencies w1, w2 of the two events): S = k log 2.”
183 L. Brillouin, op. cit., pp. 152-61.
184 Na fórmula extrai-se o logaritmo de uma probabilidade (que, por definição, é um número fracionário
entre 0 e 1). Sabe-se que o logaritmo de um número fracionário é negativo, e que a soma de vários
números negativos resulta num número negativo. Desta forma, o sinal negativo da entropia de
Shannon apenas transforma o resultado num número positivo (a equação da entropia de Boltzmann-
Planck resulta em números positivos, enquanto H resulta num número negativo). Para mais detalhes,
consultar a demonstração do teorema da entropia em C. Shannon, “The Mathematical Theory of
Communication”, in C. Shannon & W. Weaver, op. cit., pp. 116-8.
95
As obras de Brillouin e seus partidários tiveram grande aceitação entre os
e concluem:
96
pode ser corretamente calculada com as fórmulas existentes, pois elas são
forma como “analogias de entropia”, o que inclui não apenas fórmula de Gibbs
similaridade formal dela com uma “analogia de entropia” não é evidência de que
Wiener e Brillouin.
191 Penrose acredita que existe subjetividade uma vez que o método aproximativo usualmente empregado
no cálculo, conhecido como “coarse graining”, propõe a divisão do espaço de fase em pequenas áreas
contendo partículas cujos estados macroscópicos sejam indistinguíveis, e um estado macroscópico
indistinguível para um observador pode não o ser para outro. Para mais detalhes sobre esta
argumentação, consultar: R. Penrose, op. cit., p. 691.
192 Denbigh, K. “How subjective is entropy?”, in H. Leff & A. Rex, orgs., op. cit., pp. 109-11.
193 Ibid., p. 113.
194 Ibid., p. 112-5.
97
proposição, a entropia do buraco negro é igual à área de seu horizonte de
eventos:
buraco negro196. Ao que parece, poucos entenderam do que se tratava, uma vez
também admitiu que sua reconsideração o fez perder uma aposta feita contra
presença de um átomo num determinado local, que seria representada por 1 bit
195 S. Hawking, op. cit., p. 63. Para uma descrição mais detalhada do problema em termos acessíveis ao
público não-técnico, consultar: Ibid., pp. 121-3.
196 Para mais detalhes, consultar: http://www.newscientist.com/article.ns?id=dn6151.
197 J. Preskill, “On Hawking’s Concession”. Citação no original: “According to quantum mechanics,
although physical processes can transform the information that is encoded in a physical system into a
form that is inaccessible in practice, in principle the information can always be recovered.”
198 L. Susskind, “Buracos negros e o paradoxo da informação”, pp. 18-23.
98
de informação199. Ainda, Susskind sugere uma nova analogia, desta vez com a
teoria das cordas, que faria com que a superfície do horizonte de eventos de um
partículas físicas: não parece haver sinais de que um consenso está sendo
construído. Por outro lado, pode ser um indício de que a TI fornece uma
abordagem flexível para abordar diversos tipos de fenômenos, sendo que suas
Mas pode ser que esteja faltando algum elemento essencial na nossa
visão total do Universo. Muita gente acha que o Universo não seja só
a matéria. Acreditam que exista outro elemento, e que seria a
informação, ou alguma coisa obtida da informação. Mas, pelo menos
até o momento atual, a Física não conseguiu esclarecer esta
questão201.
99
empregados no debate sobre as “entropias”, torna-se necessário apontar suas
Física ainda não está devidamente esclarecido. Tendo explicitado algumas das
científica da qual emprestou seu principal conceito, pretendeu-se dar uma visão
202 Mesmo em se adotando uma postura filosófica idealista que postule que a matéria é uma construção
da mente, poder-se-ia argumentar que mesmo assim suas naturezas difeririam uma vez que os
símbolos codificados numa mensagem seriam meta-construções.
100
3. Novas Perspectivas e Conclusões
101
3.1. Antecedentes Conceituais e Outras Correlações
sutis, cujo efeito ainda não foi detectado. A partir deste ponto, Teoria da
102
informação está ligada à emergência da novidade203, ou seja, de que a
“extraordinária”:
usuais têm pouco poder explanatório, uma vez que apenas se confirma o
203 N. Fenzl & W. Hofkirchner, “Emmergence and Interaction of natural systems: the role of information,
energy and matter in the perspective of a Unified Theory of Information”, p. 6.
204 A fim de se manter consistência conceitual, procurar-se-á estabelecer relações utilizando-se critérios
objetivos, como já foi feito nos capítulos anteriores. Assim sendo, “preço” (medida objetiva verificável)
terá precedência sobre “valor” (conceito subjetivo). Quando isto não ocorrer, será por respeito a
citações originais dos autores, ou para efeito de exemplificação.
205 I. Epstein, “Quando um fato se transforma em notícia no jornalismo e na ciência”.
206 Ibid.
207 K. Popper, apud I. Epstein, “Quando um fato se transforma em notícia no jornalismo e na ciência”.
103
Segundo o exposto, parece existir uma relação entre “raridade” e
mensagem, menos informação ela contém; por outro lado, quanto mais
abordados a seguir.
preço diminui. A seguir, será verificado o que propuseram Adam Smith e Alfred
Marshall a respeito destas relações, bem como a forma com que a Economia e a
Adam Smith publicou Wealth of Nations em 1776. Nesta obra, ele descreve
104
lucro: este seria o preço natural da mercadoria208. O preço de mercado de uma
Smith pressupõe que existe um preço fixo para cada mercadoria, e que
105
correlação entre oferta, procura e preço que ele formula é colocada em função
obtido pela aquisição de um bem se dilui à medida em que se obtém mais que o
necessário:
as quais estão: fatores que variam no longo prazo, como a mudança dos gostos
mercadoria, menor será sua utilidade média; da mesma forma, quanto mais um
informação.
106
à medida que a quantidade de informação contida num símbolo ou numa
esta conjectura.
econômicos numa forma mais objetiva a matematizada. Nela, não poupa críticas
gráficos e equações, mas o ponto que se deseja destacar é que Pareto considera
uma vez que ele posiciona os desejos e vontades do consumidor como foco de
107
toda atividade econômica. O que Marshall deixa implícito, Pareto evidencia de
Qualquer atividade seria impossível sem esta seletividade, uma vez que
108
inibição das associações, qualquer pensamento organizado seria impossível215.
animais, que estariam ligados aos instintos, e os compara com o que ocorre no
ser humano:
109
para tornar ineficaz a percepção daquilo em que se quer dirigir a atenção)218.
respectivamente.
serem quantitativas, elas não deixam de ser objetivas: “preço” não implica em
110
3.2. Conclusões
sendo que o estado ordenado seria aquele em que houvesse concentração das
adotou a premissa de que a matéria seria composta por unidades discretas (no
que foi duramente criticado, pois esta não era a concepção dominante na
época), introduzindo uma visão “descontínua” dos fenômenos físicos que seria o
calculável, uma vez que ele assumiu que as velocidades das moléculas seriam
111
matemáticas que descreveriam alguns de seus aspectos de maneira mais ou
menos precisa.
acabada, aproveitou suas principais idéias numa teoria sobre criptografia para
problemas existentes. Esta influência tem sido proclamada e celebrada por seus
112
digitais. Em geral, a influência é apregoada como unidirecional, mas é
Psicologia, o que sugere que sua origem possa ser tão antiga quanto a
113
Bibliografia
114
_____. “Virtual Machines, Virtual Infrastructures: the New Historiography of
Information Technology”. Isis, 89 (1998): 93-9; http://www.si.umich.edu/
~pne/PDF/isis_review.pdf, junho de 2004.
115
HODGES, A. Alan Turing: the Enigma. Londres, Vintage, 1992.
116
OLSON, D. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas da
leitura e da escrita. São Paulo, Ática, 1997.
PENROSE, R. The road to reality: a complete guide to the laws of the universe.
Nova Iorque, Knopf, 2005.
SINGH, S. The Code Book: the Science of Secrecy from Ancient Egypt to
Quantum Cryptography. Nova Iorque, Anchor Books, 1999.
117
SUSSKIND, L. “Buracos negros e o paradoxo da informação”. Scientific
American Brasil, edição especial (8, 2005): 18-23.
118
Iconografia
119
Anexos
120
1. Metodologia da Verificação Experimental
http://www.o-bible.org/download/kjv.txt.
Sub GerarArquivos()
End Sub
121
Sub GravarSequencia(ByVal Arquivo$, ByVal Tamanho, ByVal Texto$)
' Parâmetros:
' Arquivo$ = nome do arquivo a ser gerado
' Tamanho = quantidade de caracteres a gravar
' Texto$ = texto a ser reptido dentro do arquivo
End Sub
' Parâmetros:
' Arquivo$ = nome do arquivo a ser gerado
' Tamanho = quantidade de caracteres a gravar
' Texto1$ = início da faixa de texto
' Texto2$ = fim da faixa de texto
Close #1
End Sub
' Parâmetros:
' Origem$ = nome do arquivo a ser lido
' Destino$ = nome do arquivo a ser gerado
' Tamanho = quantidade de caracteres a gravar
Close #1, #2
End Sub
122
2. Algoritmo de Geração de Arquivos com Distribuição
Equiprovável de Símbolos
Sub Equiprobabilidade()
Todos$ = ""
For i% = 0 To 255
Todos$ = Todos$ + Chr$(i)
Next
For i% = 1 To 4096
'--- introdução de permutações aleatórias:
'--- para cada posição, sorteia-se outra para que
'--- os caracteres contidos nelas sejam permutados.
For j% = 1 To 256
Next
Close #1
End Sub
123
3. Conteúdo do CD-ROM
124