Livro Evolução Da Química PDF
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QUÍMICA
GRAZIELLA PENHA CLAUDINO
ILDOMAR ALVES DO NASCIMENTO
Os autores.
Universidade Federal do Espírito Santo
Núcleo de Educação Aberta e a Distância
EVOLUÇÃO DA
QUÍMICA
GRAZIELLA PENHA CLAUDINO
ILDOMAR ALVES DO NASCIMENTO
Vitória
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
4 introdução
5 Módulo 1
A QUÍMICA NA ANTIGUIDADE OU PROTOQUÍMICA
19 Módulo 2
ALQUIMIA
31 Módulo 3
A QUÍMICA NO SÉCULO XVI E XVII
43 Módulo 4
A QUÍMICA NO SÉCULO XVIII
63 Módulo 5
A QUÍMICA ORGÂNICA NO SÉCULO XIX
75 Módulo 6
A QUÍMICA DOS ALIMENTOS NO SÉCULO XIX
83 Módulo 7
A QUÍMICA MODERNA
Figura 1
Pinturas rupestres encontradas na Os estudos sobre a evolução da Ciência Química e o estabelecimento da sua es-
Serra da Capivara – Piauí (Brasil)
Museu do Homem Americano
trutura ao longo dos tempos podem ser divididos, para finalidade de estudos,
segundo (NEVES, et. al., 2008) em 5 etapas:
• Química na Antiguidade ou Protoquímica;
• Alquimia;
• Química nos Séculos XVI e XVII;
• Química Moderna, (a partir do Século XVIII);
• Química Contemporânea.
4 EVOLUÇÃO DA QUÍMICA
MÓDULO 1
A QUÍMICA DA ANTIGUIDADE
OU PROTOQUÍMICA
O domínio da produção do fogo pode ser considerado um dos principais avan-
ços da humanidade e um marco na história da ciência. Com o uso do fogo o
homem estava iniciando o processo que o levaria ao domínio da transforma-
ção da matéria. Não sabemos com exatidão como isso aconteceu. Acredita-se
que o fogo foi produzido pelo homem por acaso através do atrito de pedras e
pedaços de madeira o que permitiu a produçao do fenômeno químico conhe-
cido atualmente como combustão, o qual foi de extrema importância contri-
buindo para uma grande melhoria da sua qualidade de vida.
Este fenômeno foi repetido de acordo com a sua vontade permitindo as-
sim o seu domínio. Após este domínio foi possível melhorar o seu sistema de
defesa, pois, com ele o homem passou a utilizar o fogo para se proteger de
animais e afugentar-se do frio, posteriormente, fez o seu uso para cozimento
dos alimentos. O homem passou então a dominar outros fenômenos quími-
cos que permitiram realizar procedimentos ligados na área da cerâmica e da
metalurgia. Estes benefícios, entre outros, foram possíveis graças ao domínio
do fogo que é um dos primeiros fatos históricos relacionados à evolução da
existência do homem que pode também ser associado ao desenvolvimento da
Química através dos Séculos. Essa etapa pode ser considerada como o mar-
co inicial da evolução da Química ao longo dos tempos, conhecida também,
como Protoquímica.
A METALURGIA
10 MÓDULO 1
bono no ferro (em torno de 1,7%). O aço pode ser moldado mais facilmente a
quente e é mais duro a frio. Os Dórios, os Filisteus e os Assírios foram outros
povos da antiguidade que demonstraram um forte poder militar portando
armas de ferro (ASIMOV, 1982).
Durante os 1000 anos que antecederam ao início da Era Cristã o homem
aprimorou seus conhecimentos sobre metalurgia e desenvolveu técnicas uti-
lizadas até os dias atuais como a formação de amálgamas, a cunhagem de
moedas e a douração de bronze e da prata.
A PRODUÇÃO DE VIDROS
12 MÓDULO 1
OS ELEMENTOS E ÁTOMOS DA ANTIGA GRÉCIA
14 MÓDULO 1
limitação para a teoria atômica era sua base puramente filosófica em uma
época onde o experimentalismo começava a surgir.
As teorias dos elementos mais elaboradas foram desenvolvidas por Platão
e Aristóteles. Platão foi o primeiro a propor uma teoria molecular: trata-se do
atomismo geométrico que teve forte influencia de Pitágoras, pois Platão o as-
sociou aos cinco sólidos geométricos propostos por Pitágoras (582-497 a.C.). O
fogo por ser o mais leve e móvel dos elementos foi associado ao tetraedro, que
é o mais leve dos poliedros que são apresentados na Figura 4, uma vez que só
apresenta quatro lados. O poder destrutivo do fogo era explicado pelas arestas
pontiagudas do tetraedro. O cubo, poliedro mais estável foi associado a Terra,
o octaedro foi associado ao ar enquanto o icosaedro à água.
Figura 4
Poliedros de Platão
1 Ar 2 Fogo
Figura 5
Os 4 elementos de Platão e
suas propriedades
Figura 6
A representação dos 5 elementos e suas
propriedades, segundo Aristóteles
16 MÓDULO 1
Atividades para o Nível 1 de Avaliação
1) Durante muitos anos o homem fez uso das pinturas rupestres como forma
de comunicação. Faça uma pesquisa descrevendo pelo menos três figuras
mais encontradas nestas pinturas e o tipo de cenas mais comumente en-
contradas nestes registros.
18 MÓDULO 1
MÓDULO 2
ALQUIMIA
Dentre as várias abordagens dadas ao tema Alquimia é importante destacar
a abordagem da componente simbólica, que é a componente psíquica-reli-
giosa-filosófica e da componente científica, que abrange a experimentação. O
objetivo deste livro texto é apresentar uma abordagem geral da componente
científica uma vez que a experimentação foi de extrema importância para o
desenvolvimento da Química. Isso porque, a Química já não é considerada
mais como a conversão da Alquimia, embora sabendo que em um período da
História ambas coexistiram, o contexto material e espiritual da Alquimia foi
se desfazendo com o advento da Ciência Moderna, onde a subjetividade, a
imaginação e a revelação deram lugar à objetividade. A Figura 7 apresenta a
foto de um laboratório que era utilizado para a prática da Alquimia.
Figura 7
Vários autores entre eles (MARR, 2008), apontam que Alexandre da Ma- Laboratório utilizado para a
prática do alquimista
cedônia (356-323 a.C.) revolucionou por todas as suas conquistas, os dados
materiais e intelectuais de seu tempo. A cidade de Alexandria fundada por ele
tornou-se a principal metrópole econômica e cultural de seu tempo. Alexan-
dria era o centro de convergência e recriação da Arte, dos estudos Platônicos,
Pitagóricos, Estóicos, Egípicios e Orientais. Em Alexandria se encontravam
a Biblioteca e o Museu de uma Escola de Medicina. A Biblioteca foi manti-
da pelos Ptolomeus até sua destruição no Século III d.C. E foi na cidade de
Alexandria que houve o nascimento e crescimento da prática alquímica. Esta
prática permitiu o desenvolvimento da metalurgia, a produção e aperfeiçoa-
mento de aparelhagens e fornos, produção de papiros e ao fortalecimento da
prática experimental. Os alquimistas desenvolveram muitos processos ligados
a: metalurgia e a preparação de ligas, práticas de purificação como a destila-
ção, a cristalização, sublimação, dissolução e filtração. Neste contexto pode-
mos destacar o uso do “banho-maria” que foi inventado por Maria, a Judia,
no período Alexandrino, (DAMPIER, 1986) a mais antiga mulher alquimista
citada na literatura.
As técnicas alquímicas eram também utilizadas na busca da pedra filo-
sofal, um sólido misterioso capaz de transmutar os metais, que seria capaz
de tornar material não nobre em metal nobre e valioso, a exemplo do ouro.
ALQUIMIA 23
Assim como o elixir da longa vida, remédio que era utilizado para cura de
males e capaz de transformar o ser humano em um ser mais nobre ou um ser
melhor. Em relação aos equipamentos utilizados pelos alquimistas podemos
destacar o forno, que era o núcleo do laboratório. Eles utilizavam um tipo de
forno para cada tipo de operação, pois, até o Século XV ainda não se sabia
como regular o aquecimento nos fornos. Destaca-se também o Kerotakis, uma
espécie de condensador de reflexo de cerâmica que permitia a colocação de
materiais voláteis cujos vapores entravam em contato com os materiais só-
lidos. Outra contribuição da Alquimia ficou conhecida como “o fogo grego”,
uma mistura que se inflama a qual garantiu a vitória de Bizâncio contra a
armada sarracena em Cízico, cuja composição foi mantida em segredo por
muito tempo. Os Alquimistas distinguiram dois princípios, o enxofre que
correspondia ao princípio masculino (quente, ativo, duro) e o mercúrio que
correspondia ao princípio feminino (passivo, volátil, frio, maleável). Eles co-
nheciam também sete metais que eram associados às figuras da astrologia
como o sol, a lua entre outros.
As possibilidades de transmutação de metais menos nobre em um metal
nobre, como o ouro, conduziram a um grande número de pessoas, conhecidas
como charlatãs, que tentavam o enriquecimento através dessas transmutações.
A SIMBOLOGIA DA ALQUIMIA
24 MÓDULO 2
oro plomo azufre cal viva cinc platino
(sol)
Figuras 8 e 9
O ano de 1144 foi possivelmente o ano da introdução da Alquimia na Símbolos utilizados pelos alquimistas
Europa, pois, esta foi a data da primeira tradução de uma obra alquimista
chamada Livro da Composição da Alquimia de autor desconhecido traduzido
por Robert de Chester, um dos tradutores mais antigos que viveu na Espanha
(MARR, 2008).
Porém, já havia na Europa várias práticas associadas ao conhecimento
químico como a prática metalúrgica, tinturaria, curtição de couro, utilização
de produtos naturais como remédios entre outras práticas e “operações quí-
micas”. Porém, eram atividades exclusivamente práticas não se classificando
como Alquimia. Dentre estas práticas podemos destacar a destilação de álcool,
o refino de açúcar, do salitre, a fabricação de explosivos, como a pólvora e o
“fogo grego”. Alguns destes conhecimentos foram também obtidos através do
contato com a cultura árabe (MARR, 2008).
A teoria dos elementos defendida por Aristóteles dá um suporte para os
alquimistas na ideia da transmutação, defendida por eles, pois, ao se aumentar
ou diminuir as proporções dos elementos poderíamos transmutar uma matéria
em outra, procurando-se com isso enobrecer os materiais. Na Europa a Alqui-
mia foi desenvolvida em grande parte pelos integrantes da igreja, a Alquimia
ALQUIMIA 25
Cristã. Neste contexto merecem destaque Alberto Magno que foi canonizado
Doctor Universalis, que apesar de acreditar na dificuldade da transmutação
relacionou vários conhecimentos aristotélicos, judaicos e árabes preparando
a potassa caustica como também, fazendo a descrição química do cinabre e
alvaiade. Podemos destacar também o filósofo Roger Bacon que ficou conhe-
cido como Doctor Mirabilis, o qual, depois de completar os 30 anos de vida
tornou-se um frade franciscano, foi preso e acusado de heresia por defender
a transmutação. Para ele os metais que não tivessem um “balanço perfeito”
deveriam receber tratamento com remédios adequados para que ele se equi-
librasse e viesse a formar o ouro, ou seja, a necessidade de se curar o metal
da mesma forma que o homem deveria curar sua vida com o elixir, defendida
pelas ideias dos alquimistas (CHASSOT, 2004).
No campo das Ciências Naturais, Bacon deu uma importante contribuição
direcionando o caminho a seguir na tentativa de unir o empirismo à ex-
perimentação e ao desenvolvimento matemático. Em uma de suas obras ele
descreve detalhadamente o preparo da pólvora com as proporções de salitre,
enxofre e carvão (HOLMYARD, 1990).
Outro alquimista muito conhecido foi Paracelso , médico suíço, conside-
rado um dos mais místicos alquimistas. Paracelso (1453-1541) conhecedor de
medicina, mineralogia e alquimia cujos princípios foram aprendidos com seu
pai em viagens pela Europa, teve um importante papel na História da Ciên-
cia, uma vez que, ele uniu estas três áreas do conhecimento popularizando a
chamada Iatroquimica, (VANIN, 1994) que pode ser chamada atualmente de
Química Medicinal. Paracelso usava a alquimia na qual a transmutação era
fundamentada no equilíbrio entre o enxofre e o mercúrio, ele introduziu ainda
o uso de muitos medicamentos alquímicos na área da medicina.
(Paracelso), recomenda aos médicos seus colegas que não tivessem medo
de sujar as mãos no laboratório com vista a preparar medicamentos. Assim
26 MÓDULO 2
Figura 10
Laboratório e tenda oratória com
uma alquimista de joelhos
ALQUIMIA 27
A literatura que aborda sobre a Alquimia apresenta algumas curiosidades
apontadas por alguns autores, que descreveram como a Alquimia influen-
ciou alguns nomes que observamos até os dias de hoje, como exemplo, po-
demos citar a palavra Laboratório que significa:
Labor: Trabalho | Oratório: Local de Orações
Os alquimistas faziam orações nos seus locais de trabalho antes e durante
as práticas experimentais com o objetivo de se tornarem mais perfeitos e
equilibrados para que seus “experimentos” fossem bem sucedidos. Abaixo
vemos uma dessas orações proferidas por Nicolas Flamel na sua prática de
alquimia (FARIAS, 2007).
28 MÓDULO 2
Outro fato curioso é a associação do enxofre ao diabo. Em função da
utilização do enxofre em seus laboratórios e casas, o cheiro forte de enxofre
denunciava a localização dos alquimistas em suas práticas experimentais.
Sendo assim, o enxofre foi associado ao diabo. E os adeptos destas práticas
foram acusados de bruxaria, pacto com o diabo e sofreram perseguições du-
rante a Idade Média.
O símbolo do triângulo (∆) , que era utilizado para representação de aque-
cimento na época dos alquimistas é o mesmo que é utilizado ainda hoje, na
representação de uma equação química.
ALQUIMIA 29
Atividades para o Nível 1 de Avaliação
30 MÓDULO 2
MÓDULO 3
A QUÍMICA NO SÉCULO
XVI E XVII
A partir do Século XVI e XVII o mundo rompe com os conceitos do universo
aristotélico o que contribuiu para a Revolução Científica, dentre os aconteci-
mentos importantes para este fato podemos citar (MARR, 2008):
1. A elaboração de uma metodologia de trabalho, objetiva para a inves-
tigação científica;
2. Abandono da autoridade “dogmática” de Aristóteles que não se valia
de comprovação experimental e aplicação da filosofia aristotélica ape-
nas quando comprovada por fenômenos empíricos;
FRANCIS
3. A volta ao empirismo para abordagem dos fenômenos;
4. Crescente urbanização;
5. O crescimento do poder econômico e político, que sustentava a inves- BACON
tigação cientifica e tecnológica.
ROBERT
BOYLE
poderiam ser assim chamados, visto que não poderiam ser obtidos de outros
corpos. Boyle foi um crítico das ideias de sua época e escreveu o livro: The
Sceptical Chemist (O Químico Cético), no qual censurou qualquer tipo de mis-
tificação apontado por ele como obstáculo para o conhecimento científico
(VANIN, 1994). Este fato para muitos historiadores foi o marco para a evo-
lução da Química Moderna. Não apenas a explicação do elemento químico,
mas também o estudo dos gases e sobre combustão e calcinação. Também a
mudança de coloração observada ao se colocar substâncias ácidas, básicas e
neutras em contato com indicadores, Boyle em suas investigações utilizou o
papel de tornassol e a tintura extraída do pau-brasil, entre outros. Esses es-
36 MÓDULO 3
tudos foram publicados em 1644 em seu livro de característica experimental
History of Colours. O uso dos indicadores para determinação de ponto final
nas titulações só foi sugerido muitos anos depois em 1767 por William J.
Lewis. Outra importante contribuição foi o estudo dos gases e a Lei de Boyle.
Seus experimentos incentivaram, sobretudo, o estudo das propriedades físico-
-químicas dos gases, o que propiciou várias descobertas por cientistas como
Torriceli (1608-1647), Otto Von Guericke (1602-1686) e Robert Hooke (1635-
1703). Através do estudo sobre gases constatou-se que a pressão é inversa-
mente proporcional ao volume de um gás: pV= Constante (MARR, 2008).
A Figura 11 apresenta uma foto do livro escrito por Robert Boyle, The
Sceptical Chemist (O Químico Cético).
NICOLAS
LÉMERY
ISAAC
NEWTON
Destas três descobertas, a lei da gravitação universal defendida por Newton
explicava os fenômenos químicos como resultantes de forças de atrações e
repulsões entre corpúsculos e estas forças podiam ser calculadas e não filo-
sóficas, como a teoria das forças atrativas e repulsivas do amor e ódio como
mencionado no módulo anterior (CHASSOT, 2004). Estas entre dezenas de
contribuições de Newton, representam um sucesso e constituíram uma grande
transformação e evolução da Ciência. Sem dúvida alguma, a lei da gravitação
universal é uma das mais conhecidas e caricaturizadas da História da Ciência
conforme mostra a Figura 12 e o livro que imortalizou Isaac Newton foi inti-
tulado de The Principia, conforme apresentado na foto da Figura 13.
Para Newton as forças poderiam ter efeitos limitados a certas distâncias,
interpretando assim a elasticidade dos gases, a coesão dos sólidos, e ainda
Figura 12
Isaac Newton e sua maçã acreditava numa atração mútua existente, segundo ele, no deslocamento de
um metal numa “reação de dupla troca” ou de “simples troca” onde ocorre a
troca de um metal por outro. Por exemplo, numa reação o ferro tem a capaci-
dade de deslocar a prata e o cobre, isso significava que o ferro tem uma força
de atração maior que a da prata e do cobre, o que explicava a ocorrência deste
deslocamento (MARR, 2008). Newton realizou experimentos alquímicos com
intensidade entre os anos de 1669-1711 durante aproximadamente 42 anos.
Um incêndio ocorrido em sua residência queimou seus manuscritos alquími-
cos dos últimos vinte anos (FARIAS, 2008).
Figura 13
The Principia
38 MÓDULO 3
Etienne François Geoffroy (1672-1731)
PC
SM
A TEORIA DO FLOGÍSTICO
De acordo com as concepções filosóficas da Grécia antiga, tudo que pode
inflamar-se contém o elemento fogo. Para os alquimistas, o princípio que fazia
com que os corpos ardessem era o “enxofre”.
Um novo princípio para inflamabilidade foi proposto pelo químico alemão
Johann Joachim Becher (1635-1682) e seu seguidor Georg Ernest Stahl (1659-
1734) foi quem propôs para esse princípio o nome Flogístico (nome provenien-
te de uma palavra grega que significa “fazer arder”).
A teoria do Flogístico nasceu a partir das observações sobre a combustão
da matéria. Segundo a teoria, atribuída a Stahl, o flogístico seria o fogo fixado
na matéria. Ele estaria contido na matéria e seria liberado durante a queima
dos corpos (VIDAL, 1986).
40 MÓDULO 3
queima
METAL CAL METÁLICA + FLOGÍSTICO
adição
de carvão
42 MÓDULO 3
MÓDULO 4
A QUÍMICA NO SÉCULO XVIII
O ESTUDO DOS GASES E A DESCOBERTA DO OXIGÊNIO
SCOBERTA DO OXIGÊNIO
Este equipamento, que foi muito utilizado por Lavoisier em seus experimentos,
consistia numa tina cheia de água (4) sobre a qual se inverte um balão cheio de
água (3). O gás que se produz no balão (1) chega ao balão invertido por um tubo e
desloca a água que ele contém, podendo assim ser coletado (FILGUEIRAS, 2007).
O químico escocês Joseph Black ao aquecer carbonato de cálcio, observou
a liberação de gás deixando como resíduo óxido de cálcio. Esse gás poderia
combinar-se novamente com o óxido e restaurar o carbonato. Ele chamou esse
gás de ar fixo e observou que era idêntico ao gás silvestre de Van Helmont.
Outro químico escocês, Daniel Rutherford (1749-1819) descobriu o ar flo-
gisticado, hoje chamado de nitrogênio. Ao químico inglês Henry Cavendish
(1731-1810) é atribuída à descoberta do hidrogênio por ter sido ele o primeiro DANIEL
a estudá-lo sistematicamente determinando sua densidade e observando a sua RUTHERFORD
fácil inflamabilidade.
CARL cionou para ele raios solares concentrados através de uma lente. Então, algo
SCHEELE
interessante ocorreu: o mercúrio metálico era recuperado ao mesmo tempo
em que era liberado um gás com propriedades interessantes. As substâncias
poderiam sofrer combustão mais intensa em presença desse gás e esse gás
poderia ser respirado por seres vivos. Um pedaço de madeira em brasa ardia
muito mais intensamente na sua presença. Ele tentou explicar esse fenômeno
segundo a teoria do Flogístico: os materiais incendiavam mais intensamente
por que liberavam mais facilmente o seu conteúdo de flogístico em presença do
gás. Por sua vez, para aceitar tamanha quantidade de flogístico provavelmente
o gás deveria ter todo o seu conteúdo de flogístico retirado antes de entrar
em contato com o material. Dessa forma, Priestley chamou o novo gás de ar
desflogisticado. Posteriormente, o gás foi rebatizado de oxigênio. O ar desflo-
gisticado de Priestley seria o oposto do ar flogisticado de Rutherford (ASIMOV,
1982; VIDAL, 1986).
A interpretação desse fenômeno e outros envolvendo a queima de metais,
JOSEPH feita posteriormente por Lavoisier, provocou uma verdadeira revolução na
PRIESTLEY análise dos fenômenos químicos. Com Lavoisier, a teoria do Flogístico seria
abandonada de uma vez por todas e, segundo muitos historiadores, foram fun-
damentados os preceitos da Química Moderna.
48 MÓDULO 4
LAVOISIER E O ESTABELECIMENTO DA QUÍMICA MODERNA
A QUÍMICA MODERNA
ANTOINE
Ciência. Nele Lavoisier leva a Química a romper definitivamente com a teoria
do Flogísto de Sthal. A frase “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma”, foi proferida baseada na teoria da conservação da matéria. LAURENT
Uma das principais características do seu trabalho era a utilização da ba- LAVOISIER
lança. Pesava sempre o material utilizado no início dos seus experimentos
e os produtos finais obtidos. Com isso mostrou que a “massa” da matéria é
uma importante característica em uma reação química provando o Princípio
da Conservação da Massa (CARNEGIE, 1894). A Figura 16 mostra algumas
balanças que foram utilizadas por Lavoiser.
Lavoisier conseguiu com seus experimentos fundamentar os conceitos de
elemento químico definido por Boyle, uma vez que foi provado que a água
não era um elemento mas sim uma substância formada por dois elementos:
o oxigênio e o hidrogênio combinados em proporções fixas. Em relação ao
oxigênio, a literatura informa que Lavoisier foi o primeiro cientista a observar
que este gás em contato com uma substância inflamável produz a combustão,
Figura 16
e a importância na respiração animal e humana. A palavra oxigênio vem do Balanças usadas por Lavoisier
nome Oxígeno que significa produtor de ácido, pois, segundo um dos seus
estudos todos os ácidos eram compostos por oxigênio o que mais tarde foi
provado que não era verdade (MEYER, 1906).
Lavoisier realizou estudos sobre a fermentação acética e alcoólica. Também
merece destacar o desenvolvimento de técnicas calorimétricas, sendo conside-
50 MÓDULO 4
Lavoisier, Proust e Jeremias B. Ritcher entre outros sintetizaram seus os co-
nhecimentos sobre as teorias das reações químicas propondo assim princípios
fundamentais que foram chamados de Leis que regem as reações químicas.
É importante destacar que a Lei das Proporções Definidas ou Fixas proposta
por Proust juntamente com a Lei da Conservação da Massa foram importantes
para a Teoria Atômica de Dalton.
Figura 19
Reprodução da tabela de substâncias
simples publicada na página 192 do
Traité Élémentaire de Chimie
JOSEPH
provação se estas proporções eram definidas por alguma lei. Proust em seus
trabalhos sugeriu que as proporções eram definidas. Este estudo o levou a
Dentre as pesquisas científicas de Dalton, a que foi responsável pela sua fama
imortal foi a Teoria Atômica, embora tenha realizado estudos sobre gases.
Dentre os primeiros temas que estudou foi a Meteorologia e o Daltonismo
(MEYER, 1898).
Dalton estudou o “Daltonismo” em si próprio que o definiu como a inca-
JOHN
pacidade de diferenciar as cores vermelha e verde e em seu tempo propôs uma
teoria para explicar este fato. Porém, mesmo sendo provada mais tarde que
sua explicação não era correta este fenômeno continuou sendo denominado
DALTON como “Daltonismo”. Em relação a Meteorologia Dalton durante toda a sua vida
fez diversas anotações a este respeito, segundo alguns autores, ele praticava
alpinismo e coletava amostras de ar nas diversas altitudes que percorria. Neste
campo se interessou muito por estudos de temperatura, evaporação e estudo
dos gases, constatando que a composição atmosférica era constante indepen-
dente da altitude (MOORE, 1918).
52 MÓDULO 4
A lei de Dalton das pressões parciais e outros trabalhos de Dalton levaram
a determinação do coeficiente de expansão térmica dos gases, anteriormente
apresentado por Alessandro Volta, o conceito de zero absoluto e também o
estudo da difusão dos gases. Porém, o seu trabalho mais “importante” algumas
vezes conhecido como fundamental para a Química Moderna foi a sua Teoria
Atômica, que compreende:
1. A matéria é formada por partículas indivisíveis chamadas átomos.
2. Os elementos são formados por átomos idênticos em suas propriedades
como peso e formato. Elementos diferentes possuem átomos com pro-
priedades diferentes.
3. Os compostos químicos são formados por elementos químicos que estão
unidos sempre por proporções fixas para um mesmo composto, porém
se esses elementos químicos formarem mais de um composto a propor-
ção para a formação do outro composto será diferente, ou seja, pode
variar, porém em proporções fixas.
4. O peso dos compostos é dado pela soma do peso de cada um dos ele-
mentos que o formam.
A Simbologia de Dalton
Os símbolos utilizados por Dalton conforme apresentado na Figura 20, não
eram os mesmos propostos por Lavoisier, ele utilizou os símbolos em forma
de círculos e cada um deles representava um elemento químico. No interior
destes círculos havia pontos, traços e letras que representavam os elementos,
enquanto que a junção destes círculos representavam os compostos químicos
(MEYER, 1898).
ELEMENTS Ternary
Simple
26 27 28 29
1 2 3 4 5 6 7 8
Quaternary
9 10 11 12 13 14 15 16 30 31 32 33
I Z C L
17 18 19 20
S T O
Quinquenary & Sextenary Septenary
Binary 34 35 36 37
21 22 23 24 25 Figura 20
Símbolos de compostos de Dalton
Gay-Lussac (1778-1850)
GAY-
constantes, o que o levou a chamada “Lei volumétrica” que estabelecia que
os gases se combinavam em proporções mais simples de volumes. Em seus
AVOGADRO culas, a hipótese de Avogadro. Hipótese simples e que foi a “chave” para que
fosse possível a elucidação “definitiva” dos pesos dos átomos. A hipótese de
54 MÓDULO 4
Avogadro publicada em 1811 culminou, quase meio Século mais tarde com a
determinação do número de Avogadro.
Dalton observou em alguns dos seus experimentos que alguns gases se
combinavam e pareciam ocupar menos volume do que ocupavam anterior-
mente, essa constatação fez com que a hipótese de Avogadro fosse rejeitada
por muitos anos. A resposta à sua indagação: “Como que gases diferentes; com
o mesmo número de átomos e compostos por átomos diferentes, com pesos
diferentes e formato diferentes; poderiam ocupar o mesmo volume?” somente
foi obtida posteriormente. Com isso ainda se passou em torno de 50 anos para
que a hipótese de Avogadro passasse a ser aceita, quando seus trabalhos foram
retomados por Stanislao Cannizzaro (1826-1910) no Congresso de Karlsruhe
em 1860. Canizzaro provou que o peso das moléculas poderiam ser obtidos a
partir da densidade do vapor desse composto, uma vez conhecendo os elemen-
tos químicos que o formavam. Mostrou também que a hipótese de Avogadro
era de vital importância na determinação dos pesos Atômicos (MARR, 2011).
56 MÓDULO 4
propôs que aqueles espaços seriam preenchidos por elementos ainda não des-
cobertos. Ele deu nomes a esses elementos desconhecidos correspondentes
aqueles espaços na tabela, chamando-os de: eka-boro, eka-alumínio e eka-
-silício. Descreveu diversas propriedades desses elementos, por exemplo o
eka-silício. Em 1885, Clemens Alexander Winkler (1838-1904) descobriu um
elemento, chamado de germânio, que correspondia ao eka-silício previsto por
Mendeleiev. Algumas propriedades antecipadas por Mendeleiev foram con-
firmadas no novo elemento descoberto conforme apresentada na Tabela 1. O
gálio (correspondente ao eka-aluminio) descoberto em 1875 por Paul Emile
Lecoq de Boisbaudran (1838-1912) e o escândio (correspondente ao eka-boro)
descoberto em 1879 por Lars Friederick Nilson (1840-1899) também corrobo-
raram as propostas de Mendeleiev (ASIMOV, 1982).
58 MÓDULO 4
Tabela 2 – Algumas tabelas periódicas pós-Mendeleiev, extraído de (MARR, 2008).
È uma notação simples e que é utilizada até os dias de hoje. Outro feito asso-
ciado à Berzelius é a utilização de coeficientes, que devem ser escritos na frente
das fórmulas dos compostos, ao se escrever uma equação química para indicar
a quantidade que deve ser utilizada dos compostos na referida reação química.
Para as fórmulas dos compostos químicos ele ainda propôs a utilização, quando
necessário, de expoentes que deveriam ser escritos sobre-escritos e escrevendo
em primeiro lugar o elemento mais eletropositivo. (NEVES et. al., 2008).
Ex: Al2O3— Os expoentes representavam aqui a proporção do
átomo alumínio em relação ao átomo de oxigênio
60 MÓDULO 4
Atividades para o Nível 1 de Avaliação
62 MÓDULO 4
MÓDULO 5
QUÍMICA ORGÂNICA NO
SÉCULO XIX
JACQUES ser aquecido o agente oxidante liberava oxigênio que ao ser misturado com
THÉNARD
o composto orgânico provocava sua combustão completa e mais rápida. Ao
recolher e analisar o dióxido de carbono e água formados era possível deter-
minar as proporções relativas de carbono e hidrogênio no composto original.
68 MÓDULO 5
Posteriormente, Jean Baptiste André Dumas (1800-1884) aprimorou o mé-
todo para que fosse possível determinar a proporção de nitrogênio das molé-
culas orgânicas.
Com o aperfeiçoamento dos métodos de análise houve maior precisão na
determinação das fórmulas empíricas.
Em 1824, Justus von Liebig (1803-1873) estudava um grupo de compostos
chamados fulminatos. Wohler estudava outro grupo de compostos chamados
cianatos. Gay-Lussac percebeu que os compostos estudados por Liebig e Wo-
JEAN
BAPTISTE
hler possuíam a mesma fórmula empírica, mas tinham propriedades químicas
diferentes. Então, Gay-Lussac comunicou essa descoberta a Berzelius que já
havia descoberto os ácidos racêmico e tartárico, os quais também possuíam a DUMAS
mesma fórmula empírica mas tinham propriedades diferentes. Berzelius suge-
riu que tais compostos fossem chamados de isômeros (proporções iguais). A
sugestão foi adotada pela comunidade científica e nos anos seguintes vários
casos de isomeria foram descobertos.
A quantidade de compostos orgânicos descobertos aumentava e surgia a
necessidade de organizar esse conhecimento emergente na época. Algumas
teorias foram propostas com tal objetivo: a teoria dos radicais; a teoria da
substituição e a teoria dos tipos.
A teoria dos radicais surgiu da observação de que um grupo de átomos
poderia ser transferido de um composto para outro. Esse grupamento foi cha-
mado radical palavra proveniente do vocábulo latino que significa “raiz”. Wö-
lher e Liebig perceberam que os grupamentos benzoil e etila poderiam “passar” justus von
de uma molécula para outra sem serem destruídos. Posteriormente, Dumas e LIEBIG
Péligot descobriram o álcool metílico e evidenciaram o radical metila. Gay-
-Lussac e Thérnard perceberam que o grupamento CN poderia ser encontrado
em diversos compostos diferente como ácidos e sais (ASIMOV, 1982)
70 MÓDULO 5
do número de ligações do átomo central nos “tipos água” e nos “tipos amônia”
levou ao estabelecimento do conceito de valência nos compostos orgânicos
(ASIMOV, 1982).
Em 1857, Friedrich August Kekulé (1829-1896) analisou o metano sob a
ótica da teoria dos tipos: compostos do tipo metano. Observou que o carbo-
no é tetravalente, pois ele se liga a quatro átomos de hidrogênio ou a quatro
radicais. Kekulé observou também que quando o carbono se liga a elementos
bivalentes a ligação é feita somente com dois elementos. Então, cogitou a pos-
sibilidade de ocorrer ligações múltiplas. Ele também levantou a hipótese de que
os átomos de carbono poderiam ligar-se uns aos outros. Essa hipótese foi cru-
cial para a compreensão da natureza dos compostos orgânicos (VIDAL, 1986).
H H H
Figura 24
Metanol Eteno Etino Representação de moléculas orgânicas
PERKIN
tese que A teoria do vitalismo começou a ser questionada, culminando com
a sua queda.
A síntese orgânica teve um notável desenvolvimento no Século XIX atra-
vés da obtenção de corantes. William Henry Perkin (1838-1907), objetivando
a síntese da quinina, reagiu a anilina com dicromato de potássio. Ele não
atingiu seu objetivo, mas obteve uma substância púrpura, que foi chamada
de púrpura de anilina (a mauveína). Acidentalmente, Perkin sintetizou uma
substância que revolucionou a prática de tingimentos de tecido, rendeu-lhe
muito dinheiro e marcou uma época conhecida como a década da malva.
William Perkin também trabalhou com a brasilina, uma substância extraída
do pau-brasil, Caesalpinia echinata, que ao ser oxidada forma o corante bra-
sileína. A extração desse corante e a exploração indiscriminada de C. echinata
pelos portugueses quase provocaram a extinção dessa espécie no Brasil. A
Figura 25 mostra as fórmulas estruturais das moléculas dos corantes naturais
mauveína, brasilina e brasileína.
Após o sucesso de Perkin, a síntese orgânica passou a ser desenvolvida de
forma mais planejada e racional. Aproveitando-se das fórmulas estruturais já
estabelecidas, os pesquisadores organizavam metodologias e esquemas para
transformar uma molécula em outra, antes de ir para a bancada do laboratório.
72 MÓDULO 5
N
HO FiguraO25
OH das moléculas
Fórmula estrutural
H2N N+ N de corantes naturais:
HO O mauveína, brasilina e brasileína
OH
HO O
N
HO
Mauveína O
OH Brasileína
H2N N+ N HO OH
N
HO O HO O
OH OH Brasilina
H2N N+ N
HO O HO O
Mauveína OH
Brasileína
HO OH HO O
Mauveína Brasilina Brasileína
HO OH
Brasilina
NH
O O Figura 26
Fórmula Estrutural da molécula
índigo alizarina conhecida como índigo
O O OH
HN OH
NH
O O
índigo alizarina
KARL química: a sua aplicação prática. Estas substâncias eram muito caras na época o
GRAEBE
que possibilitou a sua exploração comercial de forma bastante rentável. Perkin,
por exemplo, devido a sua síntese da malveína e ao comércio desta substância,
aos trinta e cinco anos já havia ganho muito dinheiro (VIDAL, 1986).
74 MÓDULO 5
MÓDULO 6
A QUÍMICA DOS ALIMENTOS
NO SÉCULO XIX
80 MÓDULO 6
dos vegetais, a influência do solo e ação dos estercos utilizados na época. Vinte
anos mais tarde Liebig publicou o livro As leis naturais da Pecuária, pesquisou
os processos de nutrição do organismo animal, para compreensão dos efeitos
benéficos dos excrementos sobre o crescimento dos vegetais. Publicou tam-
bém o livro Química e a sua aplicação na fisiologia vegetal e na agricultura
(SHENSTONE,1901).
Atualmente várias técnicas empregadas nos laboratórios de química são
empregadas na cozinha, pois, empregam-se tratamentos térmicos, esteriliza-
ção e refrigeração em muitas preparações culinárias que levam a um rearranjo
molecular e em muitos casos a uma modificação da estrutura molecular. Neste
contexto destacamos a importância de órgãos fiscalisadores da qualidade com
o objetivo de contribuir para a manutenção da saúde dos consumidores como,
por exemplo, o Inmetro. Podemos citar algumas realizações que auxiliaram
este processo que se iniciaram no Século XIX:
• Inventou-se a conserva em lata;
• Exportou-se as primeiras bananas dos trópicos para a Europa;
• Aprovou-se as primeiras leis alimentares e órgãos fiscalizadores;
• Iniciou-se o transporte de alimentos perecíveis a longas distâncias:
Exportação de carne congelada da Austrália e Nova Zelândia para o
Reino Unido.
Com tudo isso no Século XX tem-se a necessidade de normas e associações
a fim de facilitar o comércio de alimentos através de normas harmonizadas,
surgindo então:
1903 – Criação da Federaçãoação Internacional de Leite (FIL);
1945 – Criação da FAO;
1948 – Criação da OMS com funções de abarcar a saúde humana e
estabelecer normas alimentares.
Segundo publicado no site do Inmetro, verifica-se o que chamamos de
Codex alimentarius, que é um Programa Conjunto da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e a Alimentação – FAO e da Organização Mundial
da Saúde – OMS. O Codex Alimentarius tornou-se um ponto de referência
1) Conceituar (a) Teoria dos tipos; (b) Teoria dos Radicais; (c) Teoria da subs-
tituição. Justificar se essas teorias podem ser associadas com pelo menos
04 conceitos químicos modernos utilizados na Química Orgânica.
3) Explicar justificando a seguinte afirmação: “No que diz respeito aos ali-
mentos, os avanços no conhecimento químico alcançado a partir do Século
XIX contribuíram principalmente para que a produção de gêneros alimen-
tícios ocorressem de forma mais eficiente”.
82 MÓDULO 6
MÓDULO 7
A QUÍMICA MODERNA
OS MODELOS DE LIGAÇÃO QUÍMICA
A QUÍMICA MODERNA 87
ceria aos dois átomos da ligação. A esta ligação ele chamou de covalente.
Lewis costumava representar as posições dos elétrons sobre os oito vértices,
de um cubo (VIDAL, 1986), conforme mostra a Figura 30.
Figura 30 Li Be B C N O F
Representação dos elétrons nos vértices
do cubo na representação de elementos
A B C
químicos e na representação de
ligações químicas
Figura 31 O
Representação das ligações químicas H O N
covalentes e dativa na molécula de HNO3 O
88 MÓDULO 7
O SURGIMENTO DA MECÂNICA QUÂNTICA
MAX
PLANCK
NIELS
BOHR
LOUIS
DE BROGLIE
No início do Século XX o mundo científico estava agitado pelas ideias de
um novo ramo de conhecimento emergente denominado Mecânica Quântica.
Max Planck (1858-1947) demonstrou que a energia possuía uma estrutura
descontínua e que ela poderia ser transferida em quantidades que ele de-
nominou de “quanta”. Suas ideias foram a base para o desenvolvimento da
Mecânica Quântica.
Niels Bohr (1885-1962), aplicando os fundamentos da teoria Quântica de-
senvolvida por Max Planck, em 1913, demonstrou que o seu modelo atômico
planetário era plausível. Segundo ele, os elétrons percorreriam órbitas estáveis e
quantizadas em torno do núcleo. A passagem de uma órbita para outra poderia
ocorrer com absorção ou emissão de luz. Essa quantidade (quanta) de luz emi-
tida ou absorvida poderia ser medida pela diferença de energia entre as órbitas.
Em 1923, o físico francês Louis de Broglie (1892-1987), propôs que para
qualquer corpo de massa m em movimento poderia ser associada uma onda, y.
Essa relação é: y=h/mv onde v é a velocidade do corpo, m é a sua massa, h é
A QUÍMICA MODERNA 89
uma constante e y é o comprimento da onda associada ao corpo. Essas ideias
estabeleciam as bases da Mecânica Ondulatória.
Os conhecimentos e as ferramentas da Mecânica Quântica e da Mecânica
Ondulatória lançaram a ideia da natureza ondulatória da matéria. Surgia en-
tão o dualismo onda-matéria. No nível subatômico, entendia-se que o elétron
poderia se comportar como partícula ou como onda. Isto levou a uma impor-
tante teoria lançada por Werner Karl Heisenberg (1901-1976): o princípio da
HEISENBERG de Orbital. Um orbital é uma região do espaço onde existe maior probabilidade
de se encontrar o elétron. A Mecânica Quântica e a Mecânica Ondulatória le-
varam ao surgimento da Química Quântica e a uma nova forma de “enxergar”
e compreender a ligação química (ASIMOV, 1982; VIDAL, 1986).
Em 1927 Walter Heitler (1904-1981) e Fritz London (1900-1954) aplicaram
a mecânica quântica para criar um modelo de ligação entre dois átomos to-
mando como exemplo a molécula de hidrogênio. Este modelo considera que
os dois elétrons entre os dois núcleos (A e B) de uma molécula de hidrogênio
estão ao mesmo tempo perto de A e perto de B. A ligação ocorrerá devido ao
aumento da presença dos elétrons entre os núcleos (VIDAL, 1986).
Em 1931, Linus Carl Pauling (1901-1994) e John Clarke Slater (1900-
1976) sob um ponto de vista quanto-mecânico e considerando a natureza
ondulatória descreveram o modelo da ressonância. A ressonância já havia
sido imaginada por Kekulé na proposta estrutural para o benzeno. Linus Pau-
ling demonstrou que os elétrons na molécula plana e simétrica do benzeno
estavam distribuídos de forma que os seis átomos de carbono do anel benzeno
estavam ligados do mesmo modo, produzindo um “híbrido de ressonância”
PAULING
ção” onde conceberam o conceito de orbitais híbridos formados pela combina-
ção de certos orbitais do mesmo átomo. Esses orbitais híbridos são orientados
no espaço e justificam as direções das ligações.
90 MÓDULO 7
Outro modelo de estudo de ligação química proposto pela Química Quân-
tica é a Teoria do Orbital Molecular (TOM). De acordo com esta teoria, desen-
volvida por Robert Sanderson Mulliken (1896-1986), os orbitais moleculares
são formados a partir da combinação linear de orbitais atômicos (CLOA). O
número de orbitais moleculares formados será sempre igual ao número de
orbitais atômicos envolvidos na sua ligação. Por exemplo, quando um elétron
se aproxima do núcleo de um átomo de H em uma molécula de H2, sua função
de onda é igual a do orbital 1s do átomo de H. Considerando-se somente os
orbitais atômicos da camada de valência para formar os orbitais moleculares,
ROBERT
então, estes orbitais moleculares serão aproximados usando dois orbitais atô-
S A ND E RSON
micos 1s do hidrogênio. Sendo assim, temos: MULLIKEN
ψ = cAψA + cBψB
A QUÍMICA MODERNA 91
A QUÍMICA DE COORDENAÇÃO
92 MÓDULO 7
A QUÍMICA NUCLEAR
WILHELM
Curie (1867-1934), Pierre Curie (1859-1906) entre outros. No final do ano de
1895, Röntgen entregou à Sociedade Físico-Médica de Würzburg, Alemanha,
um relatório preliminar de sua descoberta, descrevendo as pesquisas ‘secretas’
CONRAD
em que os objetos tornavam-se transparentes diante dos novos raios, que por RONTGEN
serem desconhecidos foram chamados de raios-X. Em janeiro de 1896, era
enorme a comoção em todo o mundo com a notícia da descoberta dos raios-X.
Não é difícil de se imaginar como a novidade causou tamanho deslumbramen-
to, pois esses raios permitiam que se visse os próprios ossos humanos sem a
necessidade do uso do bisturi. Por pelo menos 16 anos a comunidade científica
não soube explicar a origem dos raios X. Somente após este período que foi
verificado que os raios-X eram de natureza extra-nuclear (CHASSOT, 1995).
As descobertas de Becquerel, membro de uma família de quatro gerações
de físicos de renome, ocorreram apenas alguns meses após a divulgação da
existência dos raios-X. As radiações de origem nuclear, obtidas em seus estu-
dos mostrou que alguns átomos eram instáveis e emitiam diferentes partículas A N TO I NE -
e radiações, seus estudos exigiram, então, novas propostas de modelos para os HENRI
átomos (LIMA et. al., 2011).
A radioatividade dos compostos de urânio foi testada com o uso de um ele-
BECQUEREL
troscópio e através do uso sistemático deste equipamento o casal Curie isolou
o elemento rádio em 1902. Primeiro, pesquisaram os ‘raios de Becquerel’ em
outros elementos além do urânio, descobrindo então o polônio e o rádio. Este
último elemento teve seu procedimento de obtenção a partir da “pitchiblende
ou uraninite” U3O8 descrito na Tese Marie Curie publicado em 1903, um mé-
todo de obtenção caro e trabalhoso. Outra notável constatação a respeito do
A QUÍMICA MODERNA 93
radio foi a de que seus compostos estavam sempre a uma temperatura vários
graus acima da temperatura ambiente, devido a liberação de energia ocorrida
espontaneamente, somado ao fato de que a taxa de emissão dependia da idade
do espécime, tornou esta área de estudo alvo de muitas pesquisas posteriores
(TILDEN, 1917). A Figura 32 mostra a foto da família Currie.
Figura 32
Pierre Currie, Irene Currie e Marie Currie Ao se estudar as radiações emitidas por tais compostos verificaram que
na verdade essas emissões podiam ser distinguidas e classificadas em três
tipos: raios �, raios � e raios �. Verificou-se que os raios � eram os menos
penetrantes porém, possuíam um elevado poder de ionizar gases; os raios �
possuíam carga negativa, como os raios obtidos no tubo de Crookes; e os raios
� eram os mais penetrantes e se assemelhavam aos raios-X . Neste mesmo pe-
ríodo Ernest Rutherford (1871-1937) e Frederick Soddy (1877-1956) através
de suas observações das desintegrações dos elementos, iniciavam as teorias
sobre a desintegração atômica e a formação de outros elementos. De acordo
com esta teoria os átomos radioativos são instáveis e podem manifestar sua
instabilidade de forma peculiar, alguns se manifestam na forma de explosão,
ERNEST
RUTHERFORD
outras através da liberação de radiação deixando para trás um novo elemento
químico que poderá ou não apresentar radioatividade (MOORE, 1918).
Em 1913 os físicos F. Soddy, A. Russell e K. Fajans, em trabalhos inde-
pendentes, chegaram as mesmas conclusões a respeito das emissões � e �,
que ficou conhecida como Lei do Deslocamento: “Quando uma partícula alfa
for emitida, o novo átomo será deslocado duas casas à esquerda na Tabela
Periódica. E quando for emitida uma partícula beta, o novo átomo estará
deslocado uma casa à direita na Tabela Periódica”. Os radio-elementos que
caíssem na mesma posição da tabela periódica seriam quimicamente idênti-
cos. Soddy propôs, para os elementos deste último caso, o nome de isótopos
(XAVIER et. al., 2007).
Na década de 20, Rutherford, na Inglaterra, W. D. Harkins, nos EUA, e
FREDERICK Orme Masson, na Austrália, propuseram, de forma independente, a possível
SODDY existência de uma outra partícula, sem carga, que chamaram de “nêutron”,
que resultaria da combinação de um elétron (negativo) e um próton (positivo).
94 MÓDULO 7
Apenas em 1932, James Chadwick, na Inglaterra, comprovou a existência
desta partícula, feito que conseguiu provar após irradiação de uma folha de
berílio com partículas �, oriundas do decaimento do polônio. Outro fato notá-
vel foi a descoberta da radioatividade artificial por Irene Curie (filha de Marie
Curie) e Frédéric Joliot que o fizeram através do bombardeamento de uma
folha de alumínio-27 com partículas � (XAVIER et. al., 2007).
Outro pesquisador importante na química nuclear foi Glenn Theodore
A QUÍMICA MODERNA 95
Atividades para o Nível 1 de Avaliação
96 MÓDULO 7
PERSPECTIVAS FUTURAS
PARA A QUÍMICA
É inegável a importância da Química para a humanidade. Se olharmos para
o mundo a nossa volta veremos que é impossível viver sem Química. A Quí-
mica nos oferece a chance de melhorar as condições de vida no planeta
através da solução de diversos problemas que afligem a humanidade atual-
mente. Alguns desses problemas passam pelos estudos desenvolvidos nos tó-
picos abaixo apontando que há muito para ser descoberto nessa bela Ciência
(CIENCIAHOJE, 2012).
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