Anais Eceef 2017
Anais Eceef 2017
Anais Eceef 2017
ANAIS
São Luís
2017
ORGANIZADORES
ANAIS
São Luís
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CONSELHO EDITORIAL
REVISÃO
Projeto Gráfico
129 p.
ISBN (e-book): 978-85-7862-679-2
ISBN (internet): 978-85-7862-680-8
COMISSÃO ORGANIZADORA
5
SUMÁRIO
Apresentação 07
Histórico do evento 08
Relevância do evento 10
Programação Geral 12
Resumos por modalidade de apresentação 14
Eixo temático – Atividade física e saúde 14
Pôster digital 14
Relato de experiência 22
Eixo temático – Corpo e cultura 23
Comunicação oral 23
Relato de experiência 42
Eixo temático – Escola 43
Comunicação oral 43
Pôster digital 78
Eixo temático – Formação profissional e mundo do trabalho 90
Comunicação oral 90
Eixo temático – Lazer e sociedade 101
Comunicação oral 101
Eixo temático – Políticas publicas 105
Comunicação oral 105
Eixo temático – Treinamento esportivo 128
Pôster digital 128
6
APRESENTAÇÃO
O evento foi promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física
– GEPPEF, vinculado ao Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), sendo coordenado pela Profª Drª Silvana Martins de Araujo e pelo Prof. Dr.
Raimundo Nonato Viana.
7
HISTORICO DO EVENTO
8
XIII Dezembro/2012 Grupos de Trabalhos Temáticos
9
RELEVÂNCIA DO EVENTO
10
garantida no ensino médio, mesmo com a previsão do aumento progressivo da carga horária
para atingir as metas de escolas de tempo integral prevista no Plano Nacional de Educação.
Assim, considerou-se indispensável e impreterível o debate geral sobre essa Medida
e suas implicações para o futuro da Educação Física como componente curricular da
Educação Básica, conforme determinação da atual LDB e seus possíveis efeitos nos Cursos
de Licenciatura em todas as Instituições de Ensino Superior do País, quanto à demanda de
formação de novos profissionais.
Por isso, acredita-se que foi o momento adequado para que a Educação Física reflita
sobre o seu papel no ensino médio, buscando argumentos que, para além do aspecto da
legalidade, realmente a justifique nos currículos escolares, particularmente no ensino
médio, ou seja, a clássica discussão sobre a legitimidade da Educação Física na formação
humana dos jovens brasileiros, no que diz respeito à cultura corporal e esportiva.
Logo, foi no calor dessa polêmica sobre que disciplinas devem permanecer ou
serem excluídas dos currículos do ensino médio, que se justificou a realização do XVI
Encontro Científico de Estudantes de Educação Física, realizado regularmente ao longo de
16 anos pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física (GEPPEF) da
UFMA.
Dessa vez, o GEPPEF/DEF/UFMA fez um chamado a todos os estudantes de
Educação Física, aos professores que atuam na área nas redes públicas e privadas do
Maranhão, bem como, aos gestores educacionais do Estado, para que juntos pudessem
refletir, debater e apontar alternativas relevantes para formação dos jovens maranhenses.
11
PROGRAMAÇÃO GERAL
29/05/2017 - SEGUNDA-FEIRA
30/05/2017 – TERÇA-FEIRA
12
31/05/2017 – QUARTA-FEIRA
14h às 16h – Documentário – Quando Sinto Que Eu Já Sei – Despertar Filmes – Antonio
Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima.
16h às 18h – Palestra de Encerramento – As implicações da reforma do ensino médio na
formação de professores em Educação Física.
Palestrante: Profª. Dra. Marta Genú Soares (UEPA);
Coordenadora: Profº. Ms. Raffaelle Andressa dos Santos Araujo (IFMA).
18h às 19h.30min - Programação Cultural.
13
RESUMOS POR MODALIDADE DE APRESENTAÇÃO:
1
NEPAF – Universidade Federal do Maranhão-UFMA, nildilene_rodrigues@hotmail.com.
2
NEPAF – UFMA, daiane1810@outlook.com.
3
NEPAF –UFMA, mateusrumao01@hotmail.com.
4
NEPAF – UFMA, rowtancy@hotmail.com.
5
NEPAF – UFMA, marcelarodriguescastro@hotmail.com.
14
percepção do corpo. No entanto, alguns desafios foram apontados: Dificuldade em relação a
falta de promotores qualificados e pouco incentivo do poder público. Em relação ao ambiente
apontaram: a insegurança nos locais de pratica e inadequação dos espaços físicos. Tais
elementos devem ser considerados no processo de melhorias e implementação de programas
de atividade física.
15
PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS COM INTOLERÂNCIA A
LACTOSE ATENDIDAS EM HOSPITAL PÚBLICO
INTRODUÇÃO: A intolerância a lactose (IL) é uma síndrome clínica caracterizada por dor
abdominal, diarréia, flatulência e inchaço após a ingestão de leite ou derivados. Em crianças o
leite é considerado uma importante fonte de energia em um momento de intenso crescimento
e desenvolvimento. A IL caracteriza-se por uma alteração histológica em que a atividade da
enzima lactase da borda em escova das vilosidades intestinais é baixa ou completamente
ausente. Este quadro pode ser responsável por alterações nutricionais com repercussões
duradouras ao longo da vida. OBJETIVO: Avaliar o perfil antropométrico de crianças com
intolerância ao açúcar do leite, através das relações do peso corporal (P), estatura (E) e índice
de massa corporal (IMC) com a idade (I), (P/I; E/I; IMC/I, respectivamente), bem como a
relação do peso corporal com a estatura (P/E). MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um
estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. O levantamento dos dados
antropométricos das crianças foi realizado no Ambulatório de Gastropediatria do Hospital
Infantil Dr. Juvêncio Matos, localizado no município de São Luis, MA, no período de
novembro a dezembro de 2012, cujo protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa. A amostra foi composta por crianças de ambos os sexos, diagnosticadas com IL,
atendidas no ambulatório de gastropediatria do hospital de referência. Na pesagem das
crianças, foram utilizadas a balança pediátrica digital Toledo, com capacidade de até 15 Kg e
a balança digital eletrônica Toledo, com capacidade máxima para até 200Kg. Quanto à
aferição do comprimento das crianças foram utilizados um infantômetro Congexply de
amplitude 105cm e o estadiômetro com altura máxima, de amplitude 213cm. Foi aplicado o
formulário adaptado de Schoeps (2004). Os resultados foram tabulados no programa
6
Faculdade Santa Terezinha – CEST, Núcleo de Pesquisa em Adaptações Neuroimunoendrócrinas ao Exercício –
NANO, Pós-graduada em Nutrição Clínica e Funcional, priscilamartins10@hotmail.com;
7
NANO – UFMA, Doutorado em Ciências (Fisiologia Geral), ffmariofilho@gmail.com;
8
NANO – UFMA, Graduando em Educação Física, otavio_taz@hotmail.com;
9
Faculdade Santa Terezinha – CEST, Mestre em Saúde Materno-Infantil, elietec.oliveira@yahoo.com.br.
16
Microsoft Excel 2010 e para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, com
frequência e amplitude total de distribuição. RESULTADOS: Participaram do estudo 70
indivíduos, 46% meninas e 54% meninos. A curva de crescimento avaliada quanto à idade
demonstrou adequação para o peso em 78,57%, altura em 87,14% e para IMC em 68,63% das
crianças. A determinação da estatura identificou 12,86% em perigo crônico e, paralelamente,
31,36% em risco nutricional quanto ao IMC, ambos comparados com a idade. Observou-se
maior predomínio de eutrofia (70,59%) em relação ao P/E. CONCLUSÃO: Este estudo
apresentou um predomínio de crianças eutróficas, significando que o perfil da grande maioria
está saudável do ponto de vista antropométrico, permitindo concluir que a IL não causa
grandes alterações antropométricas nessa faixa etária no período estudado. Os dados reforçam
a necessidade de mais análises com uma amostra de faixa etária mais avançada.
17
INFLUÊNCIA DO NIVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE O CONTROLE
AUTONOMICO DE ADOLESCENTES ESTUDANTES DO CENTRO INTEGRADO
DO RIO ANIL.
15
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO- UFMA, Graduando em Bacharelado em Educação Física,
jvs.savio@gmail.com.
16
Prof. Adjunto
19
1.2 - RELATO DE EXPERIÊNCIA:
17
Universidade Federal Do Maranhão - UFMA, Estudante de Licenciatura em Educação Física
renanmendesb@gmail.com.
18
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão, Assembleia Legislativa do Maranhão,
efraimsoares16@hotmail.com.
20
2 - EIXO TEMÁTICO - CORPO E CULTURA:
2.1 - COMUNICAÇÃO ORAL:
A PALAVRA É GESTO: A Voz Poética das zabumbas nos grupos de Bumba-meu - boi do
Maranhão
RESUMO
O presente texto discorre sobre pesquisa a ser desenvolvida cujo objetivo é investigar a
música, as toadas que embalam o Bumba –meu-boi maranhense, sotaque de zabumba,
afirmando-as enquanto voz poética, ou seja como linguagem potencializadora de um
conhecimento, de um saber do brincante maranhense. A pesquisa adota como viés
metodológico, a Fenomenologia, situando a atividade de pesquisa no logos sensível estético.
“Por meio do logos sensível, estético, coloca-se a experiência perceptiva como campo de
possibilidades para o conhecimento, investido de plasticidade e beleza de formas, cores e
sons. A Amostra será constituída de três (03) toadas compostas no presente ano(2017)de cada
um dos 22 grupos, catalogados pela Comissão Maranhense de Folclore, também entrevista
com um compositor /cantador de cada grupo. A base teórico-conceitual da pesquisa será
sustentada pelos estudos do filósofo francês Maurice Merleau- Ponty( Corpo, Percepção e
Linguagem) e do teórico suíço, Paul Zumthor ( A poética da Voz).
1.INTRODUÇÃO
19
Doutor em Educação - GEPPEF/DEF/UFMA - viana.raimundo@ufma.br
21
Baixada, Matraca, Zabumba, Costa-de-mão, Orquestra e de Bois Alternativos(IPHAN, 2011).
A Elevação e registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão como
Patrimônio Cultural do Brasil, significou a necessidade de adoção algumas medidas de
salvaguarda como o incentivo à documentação, conhecimento e divulgação; fortalecimento e
apoio à sustentabilidade dos grupos; e valorização das expressões tradicionais do Bumba-
meu-boi.
Considerando que o Bumba-meu-boi do Maranhão é uma celebração múltipla que
congrega diversos bens culturais associados, divididos entre plano expressivo, composto pelas
performances dramáticas, musicais e coreográficas, e o plano material, composto pelos
artesanatos, como os bordados do boi, confecção de instrumentos musicais artesanais, entre
outros, destacando-se a também a riqueza das tramas e personagens( IPHAN,2011), assim, o
presente texto discorre sobre um projeto de pesquisa em se propõe investigar a música, as
toadas que embalam o Bumba –meu-boi maranhense, sotaque de zabumba, afirmando-as
enquanto voz poética, ou seja como linguagem potencializadora de um conhecimento, de um
saber do brincante maranhense.
A composição e a conservação dessas toadas ainda comportam grande índice de
oralidade, termo utilizado por Zumthor (1993), para designar tudo o que, no interior de um
texto, informa sobre a intervenção da voz humana em sua publicação, na mutação que o texto
passou, uma ou mais vezes, de um estado virtual à atualidade e existiu na memória de certo
número de indivíduos. Podemos dizer que as toadas no Bumba-meu-boi não apenas embalam
o bailado de seus brincantes, mas como verdadeiras poesias, têm a função da voz poética
descrita por Zumthor (1993)
A voz poética assume a função coesiva e estabilizante sem a qual o grupo social não
poderia sobreviver. Paradoxo: graças ao vagar de seus intérpretes - no espaço e no
tempo, na consciência de si -, a voz poética está presente em toda parte, conhecida
de cada um, integrada nos discursos comuns, e é para eles a referência permanente e
segura. Ela lhes confere figuradamente alguma extratemporalidade: através dela,
permanecem e se justificam. Oferece-lhes o espelho mágico do qual a imagem não
se apaga, mesmo que eles tenham passado (ZUMTHOR, 1993, p.139).
[...] Não se duvida que a voz constitua no inconsciente humano uma forma
arquetipal: imagem primordial e criadora, ao mesmo tempo, energia e
configuração de traços que predeterminam, ativam, estruturam em cada um de nós
as experiências primeiras, os sentimentos e pensamentos. Não conteúdo mítico,
mas facultas, possibilidade e simbólica aberta à representação, constituindo, ao
longo de séculos, uma herança cultural transmitida (e traída) com, dentro, pela
linguagem e outros códigos que o grupo humano elabora. A imagem da voz
mergulha suas raízes numa zona do vivido que escapa às fórmulas conceituais e
que se pode apenas pressentir[..] (ZUMTHOR,1997,p.12).
As palavras são gestos e nas suas construções sob forma de frases, poesias contos,
prosas e toadas, o ser humano inspeciona o mundo, permanecem e justificam sua presença.
Pelo canto, pela sua toada o brincante firma-se no espaço e no tempo. A memória não é só
receptáculo de lembranças do passado, mas processo por onde possa reconhecer seu estado
presente e projetar futuros é: “[...] palavra viva, da qual emana a coerência de uma inscrição
do homem e sua história, pessoal e coletiva, na realidade do destino” (ZUMTHOR, 1993,
p.140).
23
A maneira de fazer, reorganizar e criar elementos, enfim, a objetivação desse universo
pelos brincantes do Bumba-meu-boi assinalam a sua técnica. Maneiras de fazer, que emergem
do corpo nas relações com as coisas do mundo. São técnicas necessárias não só para o
processo de transformação dos objetos técnicos em objetos de contemplação; estético,
também para o contínuo refinamento dos elementos que compõem essa experiência estética:
gestos do bailado, forma de tocar, bordar entre outros e forma de comunicar-se com o mundo
através do seu canto. Suas toadas.
Esse corpo que dança, conhece, compreende, experimenta o acordo entre aquilo que
visa e aquela que é dado, entre a intenção e efetuação. É capaz de pensar frente ao mundo e
fazer projeções, criar possibilidades, reencontrar ideias, dá-lhes novas significações. Esse
poder de transubstanciação transforma materiais rústicos em instrumentos de sons, faz surgir
imagens que até então não haviam. Corpo que reorganiza o olhar sobre um mito e o faz ser
outro e o mesmo. Liga o céu e a terra. Corpo que dança em devoção a um santo e dança para
constituir um espetáculo. São variações de um corpo imerso no mundo sensível, do qual é
constituído e percebe. As considerações de Serres (2004) reforçam esse argumento:
Esse canto prodigioso e intenso que surge do corpo exposto ao movimento ritmado
do coração, à respiração e à regularidade parece sair dos receptores musculares e das
articulações, dos sentidos dos gestos e do movimento para invadir inicialmente o
corpo e depois o ambiente, com uma harmonia que celebra sua grandeza e que,
posteriormente, se adapta transbordante ao próprio corpo que emite (SERRES, 2004,
p.15).
Busca-se abordar as toadas que embalam os Bumba -meu- boi de Zabumba enquanto
conhecimento. Conhecimento desenhando na memória e transmitido pela oralidade. Receber,
24
emitir, conservar, transmitir são atos especializados do corpo, engendra a reprodução, a
representação e a experiência virtual.
A importância da memória para o conhecimento encontra se nos estudos de Serres
(2004), e Merleau-Ponty (1999), este último chama a atenção para a contribuição da memória
para a percepção, ressaltando, porém que, para que as recordações possam completar a
percepção, precisam ser tornadas possíveis pela fisionomia dos dados. Assim, antes de
qualquer contribuição da memória, “[...] aquilo que é visto, deve presentemente organizar-se
de modo a oferecer-me um quadro em que eu possa reconhecer minhas experiências
anteriores”, (MERLEAU-PONTY,1999, p. 44). Será preciso que a experiência presente
adquira forma e sentido para fazer voltar esta recordação e não outra.
Serres (2004), infere que o corpo imita, armazena, lembra e que, nossa primeira base
cognitiva reside nas recordações encarnadas:
Não é preciso que os gestos se repitam muitas vezes para que o corpo se aproprie
deles e se torne bailarino ou sapateiro. Encadeamentos de posturas complicadas
incorporam-se tão facilmente em seus músculos, ossos e articulações que
simplesmente desaparecem esquecidos na memória dessa complexidade. Sem saber
como, ele reproduz posteriormente essas seqüências de posições mais rapidamente
do que as assimila (SERRES, 2004, p. 75).
25
p. 165). Trata-se de “uma nova possibilidade de leitura do real e da linguagem sensível,
procedendo pela reversibilidade dos sentidos” (NÓBREGA, 1999, p. 124).
Na concepção fenomenológica, os sentidos não são só aparelhos destinados a captar
uma imagem do mundo, são portanto, meios para o sujeito ser sensível ao objeto, harmonizar-
se com ele, compreendê-lo. Experimentá-lo.
Buscamos encontrar nos dados originários da investigação, unidades de
significados para chegarmos compreensão das Toadas enquanto gesto do brincante e voz
poética de uma tradição.
As unidades de significados ou núcleos interpretativos são resultados da
organização das descrições das toadas e falas das entrevistas numa matriz nomotética
(BICUDO, 2000). Em tempo cabe destacar que a descrição como possibilidade de
conhecimento da realidade é prerrogativa do paradigma fenomenológico. A descrição assume
a forma de um texto à espera de interpretação; é ele que fornece indicadores do solo
perceptual onde ocorre a experiência da qual são destacadas as unidades de significados, isto
é, unidades da descrição ou do texto que fazem sentido para o pesquisador a partir das
interrogações formuladas.
A População será composta de vinte e dois grupos Bumba–meu-boi, sotaque de
Zabumba dos quais são 18 estão radicados na cidade de São Luís- Maranhão e quatro
radicados no interior do estado, nos municípios de Porto Rico, Bequimão, Guimarães,
Bacabal (CMF, 2008). A Amostra consistirá de três (03) toadas de cada grupo composta no
presente ano (2017) e entrevista com um compositor /cantador de cada grupo.
A base teórico-conceitual da pesquisa será sustentada pelos estudos do filósofo
francês Maurice Merleau-Ponty( Corpo, Percepção e Linguagem” e do teórico suíço, Paul
Zumthor ( A poética da Voz).
Dessa maneira objetivamos descrever as toadas do Bumba-meu-boi, sotaque de
Zabumba no campo do método, dos fazeres, como potencializadora da linguagem sensível,
portanto, como conhecimento expresso na oralidade de seus mestres cantadores/compositores,
com foco nos aspectos estéticos e simbólicos, portanto, elemento importante para a
fortalecimento e apoio à sustentabilidade dos grupos de Bumba -meu- boi maranhense como
patrimônio imaterial Brasileiro, para tanto, busca-se aprofundar conhecimentos teóricos sobre
Corpo, Percepção e Linguagem, buscando interface, com elementos estéticos e simbólicos do
bumba meu boi maranhense em especial as toadas do Boi de Zabumba.
O público alvo será composto por Mestres, Compositores e Cantadores dos Grupos de
Bumba meu–boi do Sotaque de Zabumba. Ressaltamos que, ao eleger o Grupo de Zabumba
26
dentro do grande complexo cultural do Bumba –meu-boi maranhense, não estamos afirmando
que somente esse tenha a particularidade enfocada para o estudo. Acreditamos que os demais
grupos possuem o mesmo potencial aqui a ser investigado. A situacionalidade do fenômeno é
prerrogativa do viés metodológico pelo qual optamos para esse empreendimento, assim como,
esse universo já fora investigado por esse pesquisador em investimentos anteriores a exemplo
de sua tese de doutoramento, “O bumba meu-boi como fenômeno Estético” que resultou na
produção de um livro, com título homônimo, que teve como objeto de estudo o Bumba meu
Boi da Liberdade do Mestre Leonardo, sotaque de zabumba.
Espera-se fortalecer a compreensão das toadas como potencializadora da linguagem
sensível, como conhecimento expresso na oralidade de seus mestres cantadores/compositores,
contribuindo dessa forma para a sustentabilidade dos grupos de Bumba -meu- boi maranhense
como patrimônio imaterial Brasileiro, bem como, aos empreendimentos que tematizam o
corpo e cultura como investigação científica.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mário de. Danças Dramáticas do Brasil. 2ª edição Tomo I, Belo Horizonte:
Itatiaia, 1982.
AZEVEDO NETO, Américo. Bumba meu boi no Maranhão. São Luís: Alcântara, 1983.
BICUDO, M. A.( 2000). Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo, SP: Cortez,2000.
CASCUDO, Luís da Câmara. Folclore do Brasil: pesquisas e notas. 2ª edição. Natal:
fundação José Augusto, 1980.
COMISSÃO MARANHENSE DE FOLCLORE, Grupos de Bumba-meu-boi do Maranhão
Boletim nº 40. CMF, Junho, 2008.
IPHAN, Bumba-meu-boi do Maranhão é o mais novo patrimônio cultural
brasileiro,publicada em 31 de agosto de 2011.portal.iphan.gov.br/noticias/
Acesso 21/04/2017
MERLEAU-PONTY, Maurice O olho e o Espírito. Tradução Paulo Neves e Maria
Ermantina Galvão Gomes. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
28
A CULTURA FÍSICA NA SOCIEDADE OCIDENTAL
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
20
Pós-Graduada em Musculação e Condicionamento Físico (FMU/SP), Governo do Estado do Maranhão,
edvone.73@gmail.com
29
estabelecendo uma correlação entre alguns aspectos deste fenômeno desde a sociedade
primitiva até os dias atuais. Para isso, iniciamos com a conceituação do que é cultura,
enfatizando o seu papel na vida do homem e a sua relação com a sociedade. Em seguida, será
tratado o objeto desse estudo, através da contextualização da cultura física na sociedade
ocidental, enfatizando as concepções de corpo utilizadas pela ideologia dominante.
2 CULTURA
30
Diante disso, é necessário que analisemos a cultura como um conjunto de mecanismos
simbólicos que vão controlar o comportamento humano e este vai obedecer a certos padrões
culturais criados historicamente por uma sociedade específica que possui valores, costumes e
regras igualmente específicas.
Considerando que a cultura é um apanhado de todo o conhecimento e criação humana,
então podemos crer que esta é um produto do trabalho do homem, bem como todo ser
humano é produto de sua cultura. Assim, como afirma BRANDÃO & DUARTE (1990, p.9),
ao mesmo tempo que o homem é produto, ele também é produtor da cultura. Podemos dizer
ainda, que a produção cultural do homem representa a sua história e é através dela que ele
manifesta os seus conhecimentos e a sua visão de mundo.
Além das diversas realidades culturais consideradas em sociedades diferentes, é
importante que aceitemos a existência de outras diversidades culturais, que pertencem a uma
mesma sociedade e que muitas vezes são tidas como culturas estranhas, desconsiderando as
suas lógicas internas.
Depois da aceitação dessas diversidades internas, é necessário que se considere a
interação destas formas dentro da mesma sociedade, contextualizando-as dentro da sua
história. Sobre esse tema, Santos (1986) afirma que:
Discutir sobre cultura implica sempre discutir o processo social concreto. É uma
discussão que sempre ameaça extravasar para outras discussões e preocupações.
Lendas ou crenças, festas ou jogos, costumes ou tradições - esses fenômenos não
dizem nada por si mesmos, eles apenas o dizem enquanto parte de uma cultura, a
qual não pode ser entendida sem referência à realidade social de que faz parte, a
história de sua sociedade. (SANTOS, 1986, p.47).
Falar da cultura enquanto uma prática social, contextualizada nas sociedades modernas
e contemporâneas, significa analisar um movimento que vem se desenvolvendo e tomando
importância paralelamente ao desenvolvimento do capitalismo. Ao voltarmos um pouco na
história, percebemos que o Renascimento, surgido na Itália marcando o início dos tempos
modernos, representou uma grande transformação para a cultura de modo geral, pois a partir
daquele momento todos os conhecimentos e criações do homem se baseavam em uma
concepção antropocêntrica e racionalista, vislumbrando o surgimento de uma nova sociedade,
ávida de transformações em todos os seus aspectos.
A Revolução industrial também foi um dos movimentos que marcaram
consideravelmente a sociedade moderna e consequentemente a sua produção cultural, visto
31
que a partir daí o capitalismo industrial se consolida como o sistema de produção que é capaz
de gerar grandes lucros e que estimula a disputa pela dominação política e econômica entre as
grandes potências capitalistas.
A partir do século XVIII, inicia-se uma nova fase, onde a indústria cultural e a cultura
de massa vão caracterizar a sociedade capitalista moderna, através da industrialização em
larga escala de elementos da cultura e do desenvolvimento dos meios de comunicação, para
atingir o maior número possível de consumidores, caracterizando a chamada “sociedade de
consumo”.
É nesse contexto que a indústria cultural se apresenta como um de seus principais
elementos, dinamizadora da comunicação de massa. As mensagens e informações são
produzidas e veiculadas com a mesma intensidade que os produtos materiais são consumidos:
esses veículos de comunicação penetram em todas as áreas da vida social, sejam elas urbanas
ou rurais, e como não podia deixar de ser, interferem diretamente na industrialização do lazer
e, consequentemente nas práticas corporais que cada vez mais adquirem importância na
sociedade moderna.
O homem primitivo viveu na terra por um longo tempo, compreendido entre o seu
surgimento e a criação da escrita, correspondendo ao período denominado pré-história.
Pesquisas apontam que o gênero homo surgiu entre 4 milhões e 1 milhão de anos a.C. e todos
os conhecimentos que temos acerca do homem dessa época, depende da análise de
documentos não escritos, como desenhos, pinturas, restos de armas, utensílios e fósseis.
Através de várias pesquisas pode-se perceber a grande importância que a atividade
física exercia em todas as sociedades primitivas, servindo como preparação utilitária, como
elemento de ligação entre o homem e as forças superiores através dos rituais, como atividades
recreativas e, talvez o seu maior significado se encontre mesmo na luta pela sobrevivência.
Podemos afirmar que o processo de humanização do homem se deve ao seu
desenvolvimento corporal (incluindo aqui o aperfeiçoamento das habilidades manuais e a
especialização dos movimentos) aliado ao desenvolvimento social e cultural, obtidos com o
domínio da natureza. Para reforçar essa questão, PEREIRA (1988, p.24) afirma que o
movimento, entendido por ele como “gestos motores humanos realizados em resposta às
32
necessidades de sobrevivência do homem primitivo” está diretamente ligado ao
desenvolvimento social e ao progresso cultural.
Muitas das diversas práticas corporais que permeiam o universo da cultura física
atualmente têm a sua origem nas atividades físicas primitivas, mas apresentam significados
completamente diferentes, pois o primeiro objetivo do homem primitivo era lutar pela sua
sobrevivência, necessitando para isso, saber correr, nadar, trepar, pular, saltar, caçar, pescar,
etc. “ Tanto ontem como hoje, o homem no estado de primitivismo pratica uma verdadeira
educação física natural e utilitária que, com o correr dos tempos, vai-se tornando cada vez
mais artificial e sistematizada.” (RAMOS,1982, p.51)
Acompanhando o processo evolutivo do homem, acredita-se que, à medida em que as
condições de vida melhoravam e o desenvolvimento físico e mental acompanhava esta
evolução, as atividades físicas assumiram novas utilidades, como o treinamento bélico e as
atividades de lazer.
Os exercícios corporais representavam também para o homem primitivo um ritual
místico, onde se cultuava os deuses e os mortos, sendo a dança e as competições o principal
elo de ligação entre o homem e as forças superiores, personificadas na natureza.
Depois de passar por vários períodos de evolução (eolítico, paleolítico e neolítico) o
nível do progresso na vida primitiva atingiu uma certa perfeição. É quando já podemos notar
o aparecimento da divisão social do trabalho, a propriedade privada e a escravidão, instituídas
por aqueles considerados mais fortes fisicamente e mais espertos.
Consequentemente houve o surgimento de duas classes sociais ou grupos antagônicos:
os dominantes e os dominados, os quais eram responsáveis pelas tarefas produtivas.
As camadas social e economicamente dominantes, que aos poucos diferenciaram -se
dos estamentos ligados às tarefas produtivas de tempo livre, incluindo as atividades
de cultura física, as quais mantinham também como privilégio de classe, como a
caça, o hipismo, certas técnicas de combate corpo a corpo e exercícios com armas.
(PEREIRA, Op. Cit., p.27).
Entendemos então, que o dualismo entre corpo e mente, reforçado pelo Cristianismo e
aceito universalmente pelas sociedades atuais, teve precursores já na sociedade primitiva. “A
cabeça que planejava o trabalho já era capaz de obrigar mãos alheias a realizar o trabalho
projetado por ela. O rápido progresso da civilização foi atribuído exclusivamente à cabeça, ao
desenvolvimento e à atividade do cérebro.” (Engels, s.d., p.275)
Podemos concluir que na era primitiva, o bom estado físico e espiritual era muito
importante para o contexto da luta pela sobrevivência, ao enfrentar os seus inimigos, sem
esquecer que a força e aptidão física significavam a oportunidade de se tornar chefe e senhor,
pertencente à classe dominante
33
3.2 CULTURA FÍSICA NAS SOCIEDADES ANTIGAS
No caso das mulheres, o principal objetivo das atividades físicas era a preparação do
corpo para a procriação e a sua preservação durante a gravidez. Também era preponderante
nessa sociedade, o interesse dos pais e esposos em conservar a beleza estética das mulheres
através da ginástica, pois a mulher jovem e atraente era considerada um importante
instrumento político.
É importante ressaltar que a todas essas práticas corporais só tinham acesso aqueles
que pertenciam às classes sociais abastadas, ou seja, uma pequena parcela da população, uma
minoria privilegiada. Não podemos negar, porém, que os escravos não se exercitavam
fisicamente. Estes indivíduos trabalhavam arduamente na construção de prédios, pirâmides,
templos e agricultura, com jornadas de trabalho extenuantes, sem direito a uma boa
alimentação ou qualquer regalia. Essa situação reflete as disparidades sociais e econômicas
34
que conduzem as sociedades desde a antiguidade até nossos dias e nos faz observar também
que a prática da cultura física saudável sempre foi privilégio de poucos.
As práticas atléticas também eram vistas como forma de obter elevação social ou
status. “A gymnasia possibilitava que os ‘atletas-cidadãos’ fossem exemplos de homens de
elevada posição social, exemplos de realização da cidadania. ” (PEREIRA, Op. Cit., p.30)
Com a dominação romana a cultura grega sofreu uma grande crise e
consequentemente, a cultura física passou por um processo de transformação de valores e
significados. Os principais prejudicados foram os Jogos Olímpicos que passaram a incorporar
o profissionalismo e a premiação em dinheiro.
Segundo Ramos (1982), o que predominava em Roma eram os exercícios físicos para
a preparação guerreira. Em um segundo momento, algumas práticas higiênicas e desportivas
começavam a fazer parte do universo da cultura física romana. As famosas termas, lugares
onde havia serviços de banhos, saunas, massagens e exercícios físicos, eram bem
frequentados pelos privilegiados.
Nesta época foram criadas escolas de educação física com a única finalidade de formar
e treinar os gladiadores, escravos que eram escolhidos para lutar nas arenas.
A crise do Império Romano e o Cristianismo foram responsáveis pelo declínio da
cultura física que, na Idade Média, foi profundamente deturpada e condenada como prática
pecaminosa.
A Idade Média teve o feudalismo como sistema político, econômico e social, além de
ser influenciada em todos seus aspectos pelo Cristianismo. E como não poderia deixar de ser,
a relação do indivíduo com o seu próprio corpo também foi condicionada pelos dogmas e
preceitos religiosos. Assim, toda e qualquer atividade que objetivasse a estética corporal ou a
conservação da saúde pura e simplesmente, era condenada pela Escolástica, pois esta pregava
a supremacia da alma acima de qualquer coisa.
A alma era assim a revelação de Deus no próprio homem. Por outro lado o corpo
assumia apenas a função material desta alma, aprisionando-a e não permitindo que o
conhecimento humano alcançasse níveis mais elevados e não existia, assim, uma
unidade entre corpo e alma, mas uma dualidade hierárquica na qual ao corpo coube
o papel inferior, fonte de imperfeição e de corruptividade humana. (CUPOLILLO,
Op. cit., p.13).
35
Essa perspectiva de corpo que vai predominar na sociedade medieval, vai de encontro
àquela que fundamentou a cultura corporal da Antiguidade, ou seja, agora o “cuidar do corpo”
significava o distanciamento ou abandono da alma.
A partir desse novo valor dado ao corpo, podemos concluir que as práticas corporais
das sociedades antigas que exaltavam a beleza estética, a saúde e até mesmo representavam
status social não tinham mais nenhum significado para a sociedade medieval, dominada pelo
dogmatismo religioso. As únicas atividades físicas permitidas eram aquelas voltadas para a
preparação guerreira, que seriam utilizadas na defesa dos feudos.
É importante que tenhamos clareza acerca da seguinte questão: ao passarmos pelos
períodos históricos diversos da civilização humana, podemos observar que a estratificação
social sempre fez parte das sociedades e como consequência disso, sempre existiram as
minorias privilegiadas e a grande maioria, que não tinha direito à uma vida digna e nem
acesso àquilo que produziam. Assim, sempre houve uma grande diferença entre as práticas
corporais da classe dominante e da dominada, tanto no seu conteúdo como nos seus objetivos,
afinal, o direito à uma prática educativa, saudável e periódica é e sempre foi um privilégio de
pequenas minorias.
36
industriais este fenômeno social toma uma grandeza ainda maior se comparado a outros
períodos. Uma forte característica da sociedade contemporânea é a preocupação excessiva
com o corpo.
Por todo lado proliferam academias de ginástica, musculação, dança, ioga...surgem
também psicoterapias centradas no corpo como a bioenergética, a psicodança, a
expressão corporal, a antiginástica...multiplica-se a literatura a respeito da saúde
fisiológica, da sexualidade e da beleza estética do corpo. Parece que o corpo, tanto
tempo submetido ao controle de um racionalismo dominante, agora se rebela e se
transforma no foco das atenções. (GONÇALVES, Op. cit., p.31).
5 CONCLUSÃO
37
sociedades industriais. Esses dois períodos diferem principalmente, na utilização da
racionalidade humana que teve como consequência uma grande evolução no modo de
produção dessas sociedades e no seu sistema social e econômico. Por conseguinte, as
concepções de corpo e as práticas corporais humanas acompanharam essa evolução, sendo um
reflexo direto do modelo de homem e de sociedade que interessava em determinados
momentos, pois acredita-se que o controle social começou no corpo, no somático, a partir do
qual se interfere na consciência e na ideologia promovendo o que Foucalt denomina de “poder
sobre o corpo”.
O “Homo Sportivus”, citado por BENTO (2007), é esse modelo de homem, surgido
no século XX, substituindo o “Homo Olympicus”, trazido por Pierre de Coubertin (1863-
1937). Esse homem moderno e contemporâneo sofre influência do contexto social, político e
econômico vigente e que tem reproduzido em suas práticas corporais, os valores e padrões de
uma sociedade que visa dois objetivos: construir os corpos belos e saudáveis de uma pequena
parte da população, detentora do capital; e construir os corpos fortes e utilitários, da maior
parte da população, que corresponde à classe trabalhadora.
É necessário que se ratifique o papel do professor de Educação Física, como principal
agente do processo de conscientização das inúmeras possibilidades humanas, dentre elas a
possibilidade de se expressar culturalmente através das práticas corporais livres de qualquer
forma de manipulação. Para isso, esse educador deve ter bem definido o seu projeto político
pedagógico, para que ele possa interferir na realidade de forma consciente e crítica. É a partir
desse projeto que podemos pensar na formação de um cidadão crítico, consciente e
principalmente, um homem integral em todas as suas possibilidades de existência.
REFERÊNCIAS
38
PEREIRA, F. M. Dialética da cultura física. São Paulo: Icone,1988.
RAMOS, J. Os exercícios físicos na história e na arte. São Paulo: IBRASA,1982.
SANTOS, J. L. O que é cultura. São Paulo:Brasiliense,1986.
SILVA, A. L. Imperativos da beleza: corpo feminino, cultura fitness e a nova
eugenia.Caderno Cedes,Campinas,v.32,n.87,p.211-222,2012.
39
2.2 - Relato de Experiência
A dança, no ambiente escolar é uma temática que nos permite ultrapassar algumas barreiras
com os alunos, especialmente na escola. A primeira delas é a resistência ao tema,
principalmente por parte dos meninos. A timidez, a visão estereotipada sobre o conteúdo.
Essas constatações vêm através de frases como: “meu pai disse que dança é coisa de menina”,
“minha religião não permite professora”, “minha mãe não deixa”, “eu não sei dançar”. Além
disso, enfrentamos a força diária das danças da moda, sendo assim, quando falamos em iniciar
os conteúdos, muitos alunos acham que vamos ter aula para aprender a dançar as músicas que
eles “curtem”. Para desconstruir essa visão, estudamos a história da dança em sala de aula,
suas vertentes, a dança no Brasil, a influências em cada região. No decorrer das aulas, fomos
amadurecendo a ideia do festival de dança para encerrar o estudo sobre o tema e comemorar o
dia internacional da dança (29 de abril). O festival foi organizado e os alunos participaram de
forma voluntária. Para evitar “conflitos maiores” sobre a escolha da música, optamos sortear
uma temática, cinema foi o tema sorteado. Após a determinação do tema, os alunos fizeram
pesquisas de filmes de vários gêneros e suas trilhas sonoras, assim, escolheram suas músicas e
começaram a montar suas coreografias. Participaram do evento alunos do 6º ao 9º ano do
ensino fundamental II, com coreografias que variaram entre filmes de romance, animação e
terror. O evento foi um sucesso e diferente do início, quando as ideias foram lançadas, os
alunos agora esperam e perguntam quando será a nova edição do festival.
21
Prof. Faculdade Pitágoras / SESI, Esp. Gerontologia Social, ericasp.edf@gmail.com.
40
3 - EIXO TEMÁTICO - ESCOLA
3.1 - COMUNICAÇÃO ORAL:
Resumo
Este trabalho tem por intuito expor à aplicação do conteúdo Lutas, bem como a experiência
dos alunos do PIBID - Educação Física na escola da rede pública municipal de ensino UEB
Primavera, e ainda apontar os obstáculos, os quais através destes, buscou-se promover o
desenvolvimento de estratégias de melhora no processo de ensino – aprendizagem dos alunos,
pois este conteúdo é pouco desenvolvido nas escolas. Dentro do período em que o projeto foi
aplicado trabalhamos através de aulas teórico-práticas em que versamos todo o eixo de
aspectos conexo às modalidades, aliado à proposta de desenvolver a cultura de valorização do
respeito e outros valores dentro e fora do ambiente escolar, gerando a conscientização dos
alunos, valendo-se das questões disciplinares das lutas. Foi possível, através deste projeto,
promover a troca de experiências e instigar os alunos em relação ao tema através da aplicação
das estratégias abordadas no ensino do conteúdo.
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que, no mundo primitivo, o homem necessitava encontrar meios de
alimentar-se e sobreviver diante da natureza em que habitava daí então houve a necessidade
de lidar com animais e também com a ocorrência de embates com outros povos na questão da
disputa de territórios e alimentos. Frente às demais habilidades que o homem precisou
desenvolver como correr, saltar, lançar, a habilidade de lutar surgiu de uma necessidade
recorrente de defender-se dos perigos que lhe eram acometidos.
22
Laina Caroline dos Santos Sousa – Graduanda do 3º Período do Curso de Educação Física Licenciatura da
Universidade Federal do Maranhão. Bolsista do Programa de Iniciação à Docência. Email:
Lainacaroline18@gmail.com
41
Por estar ligada à sociedade ainda não é possível apontar um único local e intitula-lo
como berço das lutas, o que sabemos é que, com o passar dos anos, houve a difusão e criação
das modalidades que conhecemos de acordo com as civilizações em que foram sendo geradas,
a partir dos costumes e cultura dos mesmos, como temos o caso do Judô e Jiu-jítsu em que
ambos surgiram no Japão, o Taekwondo na Coréia, o Boxe na Inglaterra, a Capoeira na
Africa, entre outros. Levando em consideração a relevância do conteúdo “Lutas” e que o
mesmo possui grande importância no âmbito escolar, optamos por desenvolve - ló através do
Programa de Iniciação à Docência – PIBID.
O PIBID é um programa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) que tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para
o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria da qualidade
da educação básica pública brasileira (Brasil, 2013). Através deste tivemos a oportunidade de
ingressar juntamente ao ambiente de ensino da UEB Primavera, escola da rede municipal de
ensino, onde nós desenvolvemos o projeto com as turmas de 7º ano. O objetivo do
desenvolvimento deste projeto foi proporcionar aos alunos o conhecimento teórico – pratico
das Lutas, através de aulas expositivas e oficinas com professores graduados nas artes
marciais escolhidas por nós, que foram: A capoeira, o Judô e o Taekwondo, de forma a
promover a troca de saberes nas relações em sala de aula entre alunos e professores. Aliado a
isso, tivemos a pretensão de associar não só o ensino prático no que se diz respeito às lutas,
mas também o que se tem a respeito da teoria, da questão disciplinar, do respeito e demais
valores que, juntamente ao conteúdo, podem acrescentar muito à convivência entre docentes,
discentes e demais funcionários da escola, proporcionando ao professor supervisor a
experiência de trabalhar um tema pouco comum nas escolas e ao aluno a oportunidade de ter a
vivência motora, psicológica e cognitiva da prática das lutas. O projeto também buscou fazer
a correlação entre combate, filosofia que rege as lutas e a violência. Esta temática está
devidamente regulamentada segundo os PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais, onde
caracteriza as Lutas como disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas
e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço
na combinação de ações de ataques e defesas. Caracterizam-se por uma regulação específica a
fim de punir atitudes de violência e deslealdade. Podem ser citados exemplos de Lutas as
brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas da Capoeira,
do Judô e do Karatê. (BRASIL, 1998).
As lutas, como um ramo da educação física escolar, reúnem um conjunto de
conhecimentos e oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do
42
educando. Se considerado o seu potencial pedagógico, é um instrumento de enorme valor, nas
mãos do educador, por sua ação corporal exclusiva, sua natureza histórica, e o rico acervo
cultural que traz dos seus povos de origem (LANÇANOVA, 2007).
É possível também fazermos ligações das lutas com alguns temas transversais os quais
estão em evidencia na sociedade, como a questão das lutas como forma de combate à
marginalização precoce no que se refere á violência, aborda-se também a questão da
igualdade de gêneros, os valores que estão intimamente ligados à filosofia das lutas e seus
estatutos, onde esta relação permite a sociabilização dos valores no meio escolar, familiar e
nas relações do individuo de maneira geral e com o mundo o qual interage.
Mas é necessário ainda que, dentro da busca pela disseminação do conteúdo de lutas
em sala de aula, haja a desmistificação de muitos conceitos que foram perpetuados ao longo
do tempo e que permanecem de forma exaustiva no ensino da Educação Física nas escolas.
Sabemos que dentro do processo de formação de professores algumas instituições de
ensino limitam os conteúdos da grade curricular de educação física ou até possuem uma grade
completa, porém, sem aulas estruturadas o suficiente para dar ao profissional o suporte
necessário torna-se difícil o processo de ensino – aprendizagem.
A preocupação em estudar e disseminar o conteúdo de lutas nasce de uma
necessidade.
No ambiente escolar a criança terá diversas experiências com as mais variadas áreas
do conhecimento, é importante saber que, dentro do contexto das demais disciplinas, o ensino
tem exigido dos professores que as aulas sejam cada vez mais dinâmicas, com maior
amplitude dos conteúdos abordados e que proporcionem aos alunos não só conhecer o
conteúdo a ser ministrado, mas também fazê-los pensar em alguma forma de aplicá-los em
seu dia-a-dia, tendo como objetivo a modificação do ambiente e da vida em sociedade a qual
estão inseridos.
É interessante saber onde a Educação física entra nesse contexto o qual acabamos de
analisar através de uma possível evolução histórica. Por muito tempo a educação física e tudo
aquilo que se lhe tratava a respeito era tido como simples divertimento, “passatempo” dos
alunos, onde o professor da disciplina não era notado e respeitado como um influenciador,
crítico, construtor do conhecimento e formador de opinião, mas isso mudou a partir da Lei
9394/96, onde temos a educação física como componente curricular igual às demais
disciplinas, obtivemos uma grande vitória! A LDB de 1996 vem para dar suporte e afirmação
a tal Lei, a saber, que, não seria e ainda não é um trabalho fácil desconstruir dos próprios
profissionais da área a ideia de que a educação física serve apenas para “distrair os alunos”.
43
Temos como carro chefe o ensino do conhecido “quarteto fantástico” da
“esportivização” na escola, composto por: Futebol/Futsal, Vôlei, Handebol e Basquete, parte
disso levando-se em consideração a influência que a mídia exerce durante os períodos de
competições, onde o esporte de alto rendimento é explorado como “a oportunidade” de tornar
o individuo como herói da nação, representando uma modalidade.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para que possamos nortear melhor os conhecimentos e apanhados da pesquisa
realizada para provocação de curiosidade a respeito do tema aqui desenvolvido, temos que
primeiro estabelecer alguns direcionamentos fundamentais no desenvolvimento do projeto.
A proposta desse projeto é baseada em um relato de experiência, em que as
informações aqui referenciadas foram tomadas por base do desenvolvimento das atividades á
medida que estas eram aplicadas em sala de aula, visto que alcançamos apenas as turmas de 7º
ano do ensino fundamental da escola UEB Primavera, escola da rede pública/municipal de
ensino, alcançada através do Programa de iniciação à docência, onde os trabalhos foram
iniciados a partir do segundo semestre de aulas da universidade.
A pesquisa de ordem exploratória e explicativa nos proporcionou descobrir e entender
cada etapa do processo dessa pesquisa, assimilando e formando possíveis hipóteses para o
conhecimento de tal. Levamos em consideração que os alunos envolvidos, das turmas em que
o trabalho fora desenvolvido, jamais haviam sido submetidos a aulas do conteúdo de Lutas na
presente escola, e que este conteúdo foi pensado exatamente por esta razão.
O presente trabalho desenvolvido na escola ocorreu da seguinte maneira: Inicialmente,
com o auxilio da professora responsável pela disciplina de educação física na escola, foi
discutido a respeito da possibilidade de desenvolver esse tema em sala de aula e logo foram
debatidas quais seriam as modalidades mais viáveis a incluir no projeto, levando em
consideração o conhecimento a respeito das mesmas, o calendário da escola para ministração
das aulas através do PIBID e disponibilidade de professores convidados para realização de
oficinas práticas com os alunos. Daí então foram selecionadas, sequencialmente, as
modalidades: Capoeira, Judô e Taekwondo. Estas foram escolhidas devido à carga de
conhecimento que se obtinha das mesmas e pelo fato de uma afinidade com as mesma, o que
proporcionou que o projeto fosse organizado com mais facilidade.
Antes de abordar qualquer uma modalidade das escolhidas, primeiramente realizamos
aulas teóricas com os alunos com uma abordagem geral respondendo as seguintes perguntas:
“O que são Lutas?” / “De onde surgiram?” / “Quais os tipos de Lutas ou como se
classificam?” para que os alunos fossem introduzidos no assunto e pudessem ter um
44
referencial teórico de maneira geral. Realizamos também algumas dinâmicas básicas na
“introdução ao ensino das lutas” utilizando o espaço da própria sala de aula, materiais como
pregadores, etc. Os alunos também realizaram um seminário, em que as equipes estavam
responsáveis por pesquisar as mais variadas modalidades de lutas e algo acerca das mesmas,
tudo isso também foi incluso no processo de avaliação dos mesmos.
Após esse enfoque inicial, começamos os estudos acerca da Capoeira,
excepcionalmente, realizamos primeiro a oficina. Na figura 1 temos os próprios alunos da
turma, os quais participam de um programa que oferece a capoeira na escola, ministrando
parte da oficina aos demais colegas de turma e apresentando o embasamento histórico acerca
da mesma (o qual foi complementado pelos professores) e algo da parte prática onde o
próprio professor da modalidade também deu oficinas às turmas. A capoeira tem origem
africana e foi trazida ao Brasil através de escravos, modalidade que mista luta e dança a
capoeira atrai olhares e praticantes por todo o país.
FIGURA 1 – Oficina Prática de Capoeira.
No segundo momento das aulas apresentamos o Judô, como podemos ver na figura 2,
onde realizamos aulas teóricas em que apresentamos todo o contexto sociocultural, histórico
do judô e utilizamos também a exposição de vídeos na turma para que tornassem a aula mais
dinâmica. O Judô surgiu em 1882, no Japão, criado por Jigoro Kano no intuito de desenvolver
práticas de defesa pessoal, mas também desenvolver o físico e a mente.
45
FIGURA 2 – Aula teórica com auxilio de vídeos sobre a história do
Judô.
Por ultimo, mas não menos importante, passamos aos alunos os conhecimentos acerca
do Taekwondo. Nesta modalidade, assim como na capoeira, os alunos participaram da parte
prática, com oficinas ministradas por um discente do curso de Educação Física da UFMA que
se disponibilizou a estar somando conosco. Nas figuras 3 e 4 temos as oficinas que foram
realizadas com teor teórico-prático, onde o professor Paulo Victor falou acerca do histórico,
filosofia e funcionamento da modalidade, e a parte prática também contou com a participação
dos alunos que também contribuíram com perguntas acerca da mesma.
O Taekwondo é uma arte marcial de origem coreana, que tem como principio básico o
equilíbrio físico e mental.
FIGURA 3 – Oficina / Palestra realizada pelo discente do curso de
Educação Física da Universidade Federal do Maranhão e faixa preta de
Taekwondo, Paulo Victor.
46
FIGURA 4 – Oficina Prática de Taekwondo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4 CONCLUSÃO
Com a aplicação deste conteúdo foi possível entender que o conteúdo Lutas está
presente em nosso contexto desde o tempo do homem primitivo, onde as disputas corporais
eram sinônimo de sobrevivência, conquista de território, etc. Sabe-se que o mesmo, dentro da
Educação Física escolar, é pouco explorado devido às limitações existentes no processo de
ensino-aprendizagem. Essa temática ainda não é valorizada neste ambiente devido à falta de
conhecimento acerca da mesma no que se diz respeito ao conhecimento teórico-prático.
Entendemos ainda que esta temática está devidamente regulamentada dentro dos conteúdos
obrigatórios da educação física, mas que ainda é desprezada devido à defasagem de
professores licenciados capacitados para ministração das aulas, com o devido aporte que ela
requer. O projeto foi aplicado através de incentivo do PIBID, onde conseguimos aliar
conceitos, promover a disseminação do conteúdo e instigar a curiosidade dos alunos dentro do
momento de aulas práticas, onde eles tiveram a iniciação às modalidades de capoeira, judô e
taekwondo. O projeto conseguiu alcançar as turmas do 7º ano onde, através da aplicação,
conseguimos observar as dificuldades e através delas formalizar estratégias que promovessem
a melhora das aulas no processo de ensino-aprendizagem. Para a professora supervisora foi
uma experiência muito importante, visto que a mesma nunca tinha ministrado esse conteúdo
em suas turmas e também não possuía tanta afinidade com o mesmo e também foi proveitoso
aos alunos que se mostraram bastante incentivados a adentrar nas modalidades.
48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUTORES, Coletivo de. Metodologia do ensino da educação física. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1992. 114 p. (90-1513).
BRACHT, Valter. A educação física no ensino fundamental. 2010. Disponível em:
<https://docs.google.com/file/d/0BwfxObdL0E7tNUgwNGJsWVhjU1k/edit>. Acesso em: 17
mar. 2017.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais :
Ciências Naturais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC / SEF, 1998.
138 p. 1. Parâmetros curriculares nacionais. 2. Ciências Naturais : Ensino de quinta a oitava
séries. I. Título.
CANTANHEDE, Aroldo Luis Ibiapino et al. O ensino das artes marciais no ensino
fundamental. 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd151/o-ensino-das-artes-
marciais-para-educandos.htm>. Acesso em: 20 mar. 2017.
CORRÊA, Adriano de Oliveira; QUEIROZ, Gisele; PEREIRA, Marcos Paulo Vaz de
Campos. Lutas como conteúdo na educação física escolar. 2010. 26 f. TCC (Graduação) -
Curso de Educação Fisica, Módulo Centro Universitário, Caraguatatuba, 2010.
LANÇANOVA, J. Lutas na educação física escolar: alternativas pedagógicas. 2007.
Disponível em: http://lutasescolar.vilabol.uol.com.br/index.html, Acesso em 25 maio. 2017.
OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de et al. Lutas, capoeira e práticas corporais de
aventura. Maringá: Eduem – Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2014.
PACHECO, Renan Lemos. A influência da prática das artes marciais na redução da
agressividade em adolescentes nas aulas de educação física. 2012. Disponível em:
<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/3732/2614>. Acesso em:
15 mar. 2017.
PINTO, Vinícius Emanoel Leal. O conteúdo de lutas nas aulas de educação física:
contribuições e possibilidades. 2011. Disponível em:
<file:///C:/Users/Gilberto/Downloads/6079-21765-1-PB.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2017.
RONDINELLI, Paula. “Luta não é violência: A importância das lutas nas aulas de
educação física”. Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/educacao-
fisica/luta-nao-violencia-importancia-das-lutas-nas-aulas-.htm>. Acesso em 25 de marco de
2017.
49
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto et al. O ensino das lutas nas aulas de educação
física: análise da prática pedagógica à luz de especialistas. 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/refuem/v26n4/1983-3083-refuem-26-04-00505.pdf>. Acesso em:
25 mar. 2017.
50
EDUCAÇÃO ESCOLAR: Contribuições do Professor de Educação Física para a promoção
da Aprendizagem Significativa.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
23
Graduada em Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão, Especialista em Docência na
Educação Infantil pela Universidade Federal do Maranhão, membro do Grupo de Estudos em Pesquisa
Pedagógicas em Educação Física. Email: Silviadinizas@hotmail.com
51
mais que a ligação entre o estimulo e resposta. Já no segundo grupo, as teorias cognitivas
acreditam que o processo de aprendizagem acontece em um processo, onde o sujeito se
relaciona com o mundo que o cerca, o mundo externo.
Neste estudo abordaremos a Aprendizagem Significativa idealizada por David
Ausubel, ou seja, a aprendizagem constituída de um processo pelo qual uma nova informação
se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do individuo
(AUSUBEL, 1968).
Desta forma o professor de Educação Física deve levar em consideração as
particularidades individuais de seus educandos, sua capacidade física e de desenvolvimento,
criando métodos e estratégias para equilibrar suas aulas de forma significativa. O professor de
Educação Física em sua formação acadêmica tem contato com disciplinas que trabalham
diversos métodos de ensino, concepções e planejamento de ensino, sendo instruído a aplicar
esses métodos a diferentes realidades, de forma que futuramente suas aulas na escola sejam
marcadas pelo domínio dos conteúdos específicos, domínio teórico e pratico. Diante disso,
espera-se que a Educação Física seja revista pelo professor com o objetivo de torná-las prática
corporal pedagógica, e para isso é necessário que haja planejamento, pois somente assim
pode-se desenvolver uma prática significativa (SCARPATO,2007).
Este trabalho buscou verificar se os professores de Educação Física têm
contribuído para o processo de ensino aprendizagem nas aulas no Ensino Fundamental;
quais as dificuldades em trabalhar de forma conjunta com o educando, gerando estimulo e
assimilação dos conteúdos, bem como motivá-los a aplicá-los nas varias situações escolares
e na vida prática, proporcionando assim um momento de aprendizagem significativa.
Portanto a pesquisa pretende responder o seguinte problema: Quais as atitudes tomadas
pelos professore de Educação Física para promover a Aprendizagem Significativa?
O objetivo geral da pesquisa é Investigar se a forma como as aulas de Educação
Física estão sendo organizadas na escola e as atitudes tomadas pelos professores têm
contribuído ou não para uma aprendizagem significativa. Para tanto buscou-se analisar como
o professor sistematiza as aulas de Educação Física de forma que facilite o processo ensino-
aprendizagem de seus educandos; analisar se o professor de Educação Física leva em
consideração os conhecimentos prévios do educando facilitando a assimilação dos novos
conhecimentos e analisar qual a abordagem adotada pelos professores e verificar se as
mesmas convergem para a promoção a Aprendizagem Significativa.
A pesquisa caracterizou-se de cunho qualitativo configurando-se como
exploratória e de campo. Neste trabalho foram aplicadas entrevistas estruturadas com 10
52
perguntas, sendo 6 perguntas abertas e 4 perguntas fechadas com 6 professores de diferentes
redes de ensino (Estadual, Municipal e privada) com o objetivo de Investigar se a forma como
as aulas de Educação Física estão sendo organizadas na escola tem contribuído ou não para
uma aprendizagem significativa no Ensino Fundamental.
53
Assim como Ausubel desenvolveu a teoria da aprendizagem, outros estudiosos
desenvolveram teorias sobre o ensino com o objetivo de organizar o processo e as condições
para a aprendizagem. Irei abordar a contribuição de Jerome Bruner na teoria de ensino.
A teoria de ensino se define por estabelecer meios plausíveis para se adquirir o
conhecimento, ela preocupa-se em como ensinar e levar o educando a aprender (BRUNER,
1971).
Apoiado no pensamento de Bock (1999), para Bruner(1971) o ensino envolve a
sistematização da matéria (hoje conhecido como disciplina) de forma apropriada e
significativa para o educando, deve-se haver a preocupação com a estrutura da matéria e não
apenas com sua carga horária.
Bruner recomenda que os professores se apropriem da estrutura do conteúdo a ser
ensinado fazendo um afunilamento, sempre iniciando dos conceitos mais amplos para os mais
específicos, de forma que a complexidade do conteúdo aconteça gradativamente.
Bruner (1971) acredita que o método da descoberta é um caminho que pode e
deve ser percorrido pelo educando, pois o mesmo tem a capacidade de perguntar e
experimentar descobertas cientifica, pois sempre haverá fatores que contribuirão para a
predisposição da aprendizagem; fatores culturais, motivacionais, pessoais.
Desta forma para Bruner (1971), a teoria do ensino tem quatro características
principais:
1) Despertar no aluno através de experiências mais efetivas a predisposição para a
aprendizagem;
2) Organizar, elaborar como deve ser a estrutura de um conjunto de conhecimento
de forma que o aluno tenha uma boa compreensão do conteúdo;
3) Criar, da melhor forma, para se ter uma sequência eficiente para a compreensão
e aprendizagem do aluno;
4) Utilizar no processo de ensino a aplicação da recompensa intrínseca e
extrínseca.
Para que aconteça o processo de ensino/aprendizagem, não basta apenas o
professor exercer seu papel de detentor de todo conhecimento, precisa-se levar em
consideração que o educando é um ser humano em constante mudança e aprendizagem, é
necessário observar como esse educando mostra sua motivação diante do processo de
aprendizagem nas aulas, pois esse é um dos fatores que contribui para a aprendizagem, e
ainda suas motivações pessoais, porque o educando quer aprender: para enriquecer seus
conhecimentos ou apenas por uma motivação que não parte dele mesmo? Tudo isso só se
54
descobrirá a partir do relacionamento professor-aluno, pois se esse relacionamento for
baseado apenas na autoridade que é exercida pelo professor pode–se crer que esses fatores
não contribuirão para a predisposição da aprendizagem.
57
4. RESULTADOS
58
que assim sejam comparadas. A entrevista foi composta por 10 perguntas, senso 6 perguntas
abertas e 4 perguntas fechadas.
Este estudo permitiu observar que apesar da teoria da Aprendizagem Significativa
não ser muito conhecida na área da Educação Física, haja vista a existência de poucas
pesquisas nesta área bem como o desconhecimento da teoria na formação acadêmica
resultando a falta de conhecimento entre os professores formados que lecionam nas escolas,
podemos concluir que as atitudes do universo pesquisado convergem para a promoção da
Aprendizagem Significativa.
Ao perguntar para os professores sobre qual o instrumento utilizado para a
identificação dos conhecimentos prévios dos educandos, de forma unânime os professores
responderam que é a roda de conversa, devido terem mais facilidade de conversação com os
educandos.
Conclui-se que o primeiro passo para a promoção da aprendizagem significativa
tem sido aplicado pelos professores entrevistados, pois quatro deles aplicam métodos para
conhecer a estrutura cognitiva das crianças, bem como levam em consideração os
conhecimentos prévios dos educandos no momento da aula.
No item em que se pergunta se o professor leva em consideração os
conhecimentos prévios dos educandos no momento da aula, todos responderam que sim. A
maioria respondeu que a forma como conduzem essa consideração é fazendo perguntas e
questionamentos sobre determinado conteúdo antes de iniciar a aula, para daí partir para a
aula em si; pois, dessa forma, os professores podem ter a noção de como iniciar o conteúdo,
bem como dá prosseguimento para a melhor assimilação por parte do educando.
O resultado expressa o que Ausubel afirma sobre a aprendizagem significativa,
onde a mesma ocorre quando uma nova informação é atrelada a conhecimentos e conceitos
anteriores do educando, o que mais influência na aprendizagem é baseada no que o educando
já possui na sua estrutura cognitiva (Ausubel 1968).
Já no terceiro tópico, onde é perguntado o que é levado em consideração para
elaboração do planejamento de aula, a maioria dos professores leva em consideração o que os
educandos gostam, os conteúdos que mais tem significado para a suas vidas prática, sua
realidade de vida e o que eles respondem a cada aula; para assim dá prosseguimento ao
conteúdo.
O resultado, portanto, expressa o que Kuethe (1978) apud Silvia (2013) afirma
que o professor deve garantir que o conteúdo que será ministrado seja significativo para o
aluno, pois, caso contrário, será mais uma aula que posteriormente o educando não se
59
lembrará mais de movimentos ou conceitos, pois não teve atrelamento com as estruturas
cognitiva prévias dele.
Os professores tem a preocupação ao elaborar os planos de aula, levando em
consideração conteúdos que tem significado para os educandos, de forma que os mesmos
levem essa pratica para os diversos âmbitos da sua vida, dessa forma contribuem para a
promoção da Aprendizagem significativa.
No item cinco da entrevista, onde foi perguntado qual ou quais os maiores
problemas enfrentados pelos professores para o processo se ensino/aprendizagem significativa
na aula de Educação Física, de forma unânime, a resposta foi a falta de recursos materiais e
físicos. Os professores da rede municipal de ensino, além dessa alternativa colocaram como
outro problema enfrentado a indisciplina dos educandos no momento da aula. Diante do
exposto podemos afirma que escola não tem contribuído para o processo de
ensino/aprendizagem significativa. Mesmo com esses problemas percebe-se que os
professores buscam meios e estratégias para ministrarem aulas práticas nas escolas.
Na pergunta seis da entrevista, em que se é perguntado qual a frequência de
participação dos educandos nas aulas de Educação Física, de forma unânime as respostas
foram positivas, há participação em massa dos educandos na aula, os professores relataram
que não sentem dificuldade em relação a isso, eles acreditam que devido às aulas serem para
o nível fundamental de ensino, a participação é positiva.
No item sete da entrevista, em que se é perguntado quais as atitudes tomadas pelo
professor para contribuir para a promoção da aprendizagem, três alternativas foram eleitas por
todos os professores, e uma alternativa por dois professores. As alternativas que todos os
professores citaram foram: levar o educando a ir em busca de respostas desafiar os educandos
e elevar a autoestima do educando. Sendo assim as respostas obtidas na pesquisa favorecem a
fundamentação teórica, podemos afirmar que os professores tem contribuído no quesito
desafiar os educandos para a promoção da aprendizagem significativa.
No item que se é perguntado qual (s) abordagem (s) escolhida (s) para a
organização dos conteúdos em sala de aula, as escolhas ficaram da seguinte forma: Escola
Estadual; Prof. 01– Abordagem cultural, Desenvolvimentista, Critico Emancipatorio e
Aptidão Física.
Escola Municipal; Prof. 01- Crítico superadora; Prof. 02- Construtivista.
Escola Privada; Prof. 01- Desenvolvimentista, Aulas abertas e Critico Superadora;
Prof. 02- Cultural, Desenvolvimentista e Aulas abertas.
60
observou-se que dos cinco professores entrevistados, apenas dois adotam
abordagens que convergem para a promoção da Aprendizagem Significativa, a conclusão se
deu tanto pela escolha de abordagens que sistematiza os conteúdos na metodologia de ensino,
quanto nos discursos que justifica a escolha pelas abordagens. Desta forma acredita-se que é
necessário que os professores revejam a sua escolhas, pois percebe-se que a falta de
conhecimento da especificidade de cada abordagem tem dificultado a adoção de uma ou mais
abordagem que contribua para o processo de ensino/aprendizagem significativo, abordagens
que sistematize os conteúdos e que proporcione uma melhor organização metodológica dos
conteúdos.
No ultimo item em que se é perguntado qual a sua compreensão sobre
aprendizagem significativa, o professor da rede Estadual de ensino respondeu que não tinha
nenhuma compreensão, a mesma não teve nenhum conceito ou argumento.
Dois professores compreendem a Aprendizagem Significativa como fazer com
que o educando possa contextualizar o conteúdo que está sendo repassado por eles, e repassar
algo que eles possam aprender.
Dois professores dos professores compreendem a Aprendizagem Significativa
como: Dar significado dos conteúdos da disciplina para os educandos, de forma que os
mesmos possam levar para os diversos ambitos da sua vida, e não apenas ter a vivencia
naquele momento.
De acordo com as respostas da pesquisa sobre Aprendizagem Significativa
podemos concluir que as duas ultimas respostas convergem para uma compreensão do
conceito Aprendizagem Significativa, pois segundo Santos (2009) fazer com que os
educandos levem o conhecimento adquirido para os diversos ambitos da vida, é um dos
passos que os professores devem tomar para a promoção da aprendizagem significativa.
O conceito que os sujeitos investigados detêm sobre Aprendizagem Significativa
ainda é incipiente considerando que apenas dois professores responderam com aspectos da
Teoria e com compreensão sobre o que é Aprendizado significativo, portanto, conclui-se que
embora os professores tenham respondido qual a sua compreensão sobre Aprendizagem
Significativa, percebe-se que há a necessidade de uma expansão desse conceito entre os
professores de Educação Física.
Finalmente conclui-se que esta pesquisa atendeu o objetivo proposto, pois
consistiu em verificar se e como o professor de Educação Física tem contribuído para a
promoção da Aprendizagem Significativa no ensino Fundamental, desta forma podemos
afirmar que embora algumas atitudes e escolhas tomadas pelos professores não convergem
61
para essa promoção, há mais atitudes positivas que tem contribuído para esse processo,
mesmo com as dificuldades enfrentadas diariamente percebe-se que os professores se aplicam
para repassar algo que verdadeiramente contribua para o aprendizado do educando.
5. REFERENCIAS
AUSUBEL, D. Psicologia educacional. 2 ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 1968.
Bock, A.M.B. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia. 13º Ed. São Paulo:
Saraiva, 1999.
BRUN, G. Educação Física Escolar no Brasil: seu desenvolvimento, problemas e propostas.
In: Seminário Brasileiro em Pedagogia do Esporte. Santa Maria: UFSM, 2002.
BRUNER, J. S. Uma nova teoria da aprendizagem. 4 ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro,
1971.
CASTELLANI FILHO, L. A Educação Física no sistema educacional brasileiro: percurso,
paradoxos e perspectivas. Tese (doutorado). Universidade Federal de Campinas. Campinas,
1999. 185 f. Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação, 1999.
GIL, A. C. Como elaborar um projeto de pesquisa. 3ª ed., São Paulo, Atlas. 1994.
MARCONI, M.; LAKATOS, E. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
MARCONI, M.; LAKATOS, E. Técnicas de pesquisa. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David
Ausubel. São Paulo: Centauro, 2001.
MOREIRA, H.; CALEFFE L.G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador.
Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
SCARPATO, M.et al. Educação Física: como planejar as aulas na educação básica. São
Paulo: Avercamp, 2007.
SILVA, E. B. S. Aprendizagem Significativa na Educação Física e o Meio Social. Revista
pandora do Brasil, Nº 8, Novembro de 2013. Disponível em
http://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/especial_8/eduardo_apren.pdf, Acesso em 30
de agosto de 2015.
SANTOS, J. C. F. Aprendizagen significativa: Modalidades de Aprendizagem e o Papel do
Professor. Porto Alegre: Mediação, 2009.
SELBACH, S. et al. Educação física e didática. Petrópolis: Vozes, 2010.
62
IDENTIDADES, PRÁTICAS E CONTEÚDOS: construções da Educação Física no
cotidiano escolar.
RESUMO
Esta proposta de comunicação parte de uma pesquisa em andamento que tem como objetivo
analisar as construções da Educação Física no cotidiano escolar. Para tanto, utilizamos o
método etnográfico em uma perspectiva pós-estruturalista juntamente com os instrumentos de
construção dos dados como análise documental, revisão de literatura, observação, entrevistas
e grupos focais em três escolas no município de São Luís-MA.
1 INTRODUÇÃO
24
Doutoranda em Ciências Sociais (UFMA). Professora de Educação Física (SEDUC/MA). Email:
rariellerodrigues@gmail.com
25
Graduado em Licenciatura em Educação Física (UFMA). Professor titular da SEDUC/MA. Email:
jorgecarueira@yahoo.com.br
26
Graduada em Licenciatura em Educação Física (UFMA). Professora titular SEDUC/MA. Email:
marileidemoura@hotmail.com
27
Graduado em Licenciatura em Educação Física (UFMA). Email: robsonsousa.edf@gmail.com
28
Graduada em Licenciatura em Educação Física (Estácio/São Luís). Email: ffsousa0730@gmail.com
63
suas contribuições para a formação humana dos/as jovens brasileiros/as, no que diz respeito à
Cultura Corporal e Esportiva.
Debater sobre identidades, conteúdos e práticas em Educação Física traz
possibilidades de entendimento sobre o que se pensa e o que representa ser professor/a de
educação física na escola. A compreensão sobre identidade proposta por Stuart Hall (2014)
estabelece que o processo de reconhecimento e ação em relação a um outro sujeito não deve
ser encadeado de maneira essencialista, ao passo que fixa as referências sobre como é, sem
apresentar a pluralidade de variações que podem se construir em relações sociais. Assim:
A Educação Física no bojo da sua construção histórica definida como uma área de
conhecimento vem sofrendo constantes transformações no aspecto metodológico de ensino.
Nos quais os autores/as tem organizado e classificado abordagens ou concepções pedagógicas
para o ensino da educação física na escola, sendo elas Desenvolvimentista, Construtivista,
Concepção de Aulas Abertas e Crítico-emancipatória (não sistematizadas); Aptidão física e
Crítico-superadora (sistematizada) (CASTELLANI FILHO, 1998).
64
O quadro das propostas pedagógicas em Educação Física, apresenta-se, hoje, bastante
diversificada embora a prática docente resista a mudanças. Várias vertentes pedagógicas
foram gestadas e se colocam como alternativas na tentativa de contribuir para criatividade da
construção de conhecimento através de suas práticas, buscando fortalecer paradigmas mais
progressistas e socializadores.
A Educação Física é uma área de conhecimento que não possui livro didático, sendo
um ponto de abertura para os/as professores/as organizarem seus conteúdos de acordo com as
orientações curriculares das esferas nacional/estadual/municipal e/ou de acordo com suas
concepções.
Existem alguns documentos norteadores para o ensino da educação física, como:
Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental e Médio - PCNs/PCNEM; Orientações
Curriculares para o Ensino Médio - COM; Referenciais Curriculares do Estado do Maranhão -
RCEMA; Proposta Curricular do Município de São Luís - PCMSLZ; entre outros, que devem
ser uma das ferramentas utilizadas pelo/a professor/a em seus planejamentos.
Para os PCNs (1997), os conteúdos da Educação Física estão divididos em blocos:
1)esportes, lutas, jogos e ginástica; 2)atividades rítmicas e expressivas e 3)conhecimento do
corpo. Os três blocos articulam-se entre si, tendo vários conteúdos em comum e
especificidades. Propõe ainda que sejam levados e consideração, os Critérios de seleção e
organização dos conteúdos, quais sejam: Relevância social, Características dos alunos,
Características da própria área.
O PCNEM (2000) propõe o aprofundamento dos conteúdos previstos para o ensino
fundamental, os conteúdos serão vistos de uma forma mais crítica, de produção cultural e não
apenas só esportividades. O/a alunos/a também aprende que existem diversidades de
expressões e manifestações corporais. Indica formas de atuação que proporcionarão o
desenvolvimento da totalidade dos alunos não só dos habilidosos, e critica a visão legal
confrontada na realidade do ensino dessa disciplina como um paradoxo, pois a prática tem
dado pouca contribuição dos fundamentos para o desenvolvimento das habilidades do
aprender. Assim, aponta como saída, a vinculação das competências da área com os objetivos
do Ensino Médio (PCNEM, 1999, p. 135).
Nas Orientações Curriculares do Ensino Médio (MEC 2006, p. 215),
Art. 2º. A organização curricular de cada escola será orientada pelos valores
apresentados na Lei 9.394, a saber:
I - os fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de
respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II - os que fortaleçam os vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de
tolerância recíproca.
65
Este documento expressa a estruturação dos conteúdos, entendendo que
O currículo escolar não pode ser considerado algo dado, natural, como se sempre
existisse da mesma forma. Currículo escolar é sempre fruto de escolha e de
silenciamentos, ou seja, fruto de uma intenção. É impossível a qualquer escola dar
conta da totalidade dos conhecimentos e dos saberes construídos pela humanidade
[...][assim] Os conteúdos da Educação Física são constituídos a partir de uma
multiplicidade de práticas corporais produzidas no interior de contextos culturais
diferenciados. [...] é muito mais rica a tentativa de sistematizar aquilo que as
comunidades praticam do que impor pacotes de atividades institucionalizadas,
universais (MEC, 2006, p. 225-227).
Assim, o documento destaca alguns temas considerados importantes que estão muito
presentes no cotidiano dos sujeitos desse nível de escolarização. Os conteúdos Ginástica,
Esporte, Jogos, Lutas e Dança como saberes construídos pela humanidade podem ser palco de
abordagem dos mais diferentes temas: gênero, práticas corporais em espaços públicos, entre
outros. Além disso, cada um desses conteúdos possui uma vinculação social com a realidade
atual, tal como a vinculação do esporte à indústria cultural e à produção do espetáculo
televisivo e venda de produtos. A dança, por sua vez, também possui vinculações étnicas,
culturais e históricas, bem como relações de gênero a serem discutidas na escola (MEC, 2006,
p. 229).
No Referencial Curricular do Estado do Maranhão de 1º ao 9º ano tem como
parâmetro as Orientações curriculares nacionais, tomando como especificidade a Cultura
Corporal, na perspectiva que tematiza elementos expressos na dança, no jogo, no esporte, na
ginástica e nas lutas. Ou seja, é norteada na compreensão da Educação Física como área de
conhecimento que trata pedagogicamente na escola dos temas ou formas de cultura humana
configurado nesses elementos, ressaltando as especificidades do Maranhão.
Discutir sobre os ensinos da Educação Física na educação básica perpassa as
compreensões sobre conteúdos, práticas e identidades que no contexto atual convoca a
reflexão acerca de qual educação física se pretende construir nos espaços escolares.
3 METODOLOGIA
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A pesquisa, por se encontrar em sua etapa inicial, não nos permite estabelecer
argumentos mais sólidos sobre como a Educação Física se constrói e se processa nas relações
sociais constituintes do cotidiano escolar. No entanto, nos fornece chaves de entrada para
entendimentos sobre a dinamicidade das possibilidades de representações acerca do/a
professor/a de Educação Física que podem favorecer o processo de desconstrução sobre o que
se “espera” que seja o/a professor/a em um jogo de disputas de poder/saber.
REFERÊNCIAS
BEAUD, Stéphane; WEBER, Florance. Guia para a pesquisa de campo: produzir e analisar
dados etnográficos. São Paulo: VOZES, 2007.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio (PCNEM) / Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais(PCN) – Educação Física. Brasília, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais (PCN): terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental –
Educação Física. Brasília, 1997.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio (PCNEM) / Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica / 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, 2000.
BRASIL. Orientações curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Básica do Ministério
da Educação. Brasília: SEB/MEC, 2006.
CARVALHO, Janete Magalhães. A visão de ciência e de metodologia de pesquisa em
diferentes perspectivas e/ou “escolas” filosóficas, Cadernos de Pesquisa em Educação
PPGE/UFES, Vitória, v. 16, n. 32, p. 08-28, jul./dez., 2010. Disponível em:
http://periodicos.ufes.br/educacao/article/view/4403/3445. Acesso em: 14 out 2014.
CASTELLANI FILHO, Lino. Política educacional e educação física: polêmicas do nosso
tempo. Campinas: Autores associados, 1998.
CELLARD, André. A análise documental. In: POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa:
Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa
qualitativa. In.: DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S (Orgs.). O planejamento da
67
pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Sandra Regina Netz (trad.). 2 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2006, p. 15-41.
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. Joice Elias Costa (trad.). 3 ed. Porto
Alegre: Artmede, 2009.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. 4 reimpr. São Paulo:
Atlas, 2011.
GONDIM, Sônia Maria Guedes. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa:
desafios metodológicos. Revista Paidéia, v. 12, n. 24, 2003, p. 149-161, disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/paideia/v12n24/04> Acesso em 20 de agosto de 2014.
HALL, Stuart. Quem precisa da identidade?. In.: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade
e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15 ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2014.
JACCOUD, Mylèn; MAYER, Robert. A observação direta e a pesquisa qualitativa. In:
POUPART, Jean et al. A pesquisa qualitativa: Enfoques epistemológicos e metodológicos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
RICHARDSON, Roberto Jarry et. al. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. 9 reimpr.
São Paulo: Atlas, 2008.
SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e diferença. In.: SILVA, Tomaz
Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 15 ed.
Petrópolis/RJ: Vozes, 2014.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
currículo. 3 ed. 7 reimp. Belo Horizonte: Autêntic
68
PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O PIBID NO BRASIL: primeiras aproximações
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
29
Graduando em Educação Física. UFMA. pablolinharest@hotmail.com
30
Graduando em Educação Física. UFMA. higor.gusmao@gmail.com
69
II - contribuir para a valorização do magistério;
III - elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura,
promovendo a integração entre educação superior e educação básica;
IV - inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de ed ucação,
proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências
metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de
ensino-aprendizagem;
V - incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores
como coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos
de formação inicial para o magistério;
VI - contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos
docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
(BRASIL, 2010)
70
2. MAPEANDO A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O PIBID NO BRASIL
Ressalta-se neste momento que o trabalho aonde retira-se tal citação é uma pesquisa
de mapeamento da produção cientifica sobre a legislação esportiva entre os anos de 2010 a
2016, porém trazendo para o contexto desta pesquisa troca-se no item 6 onde a seleção de
estudo será sobre uma temática diferente da supracitada.
Até o momento de finalização desde trabalho só foram feitas das etapas 1 à 4 na qual
será descrita nos próximos parágrafos.
31
Trabalho apresentado no I ENPPEL e II JORNADA REDE CEDES/GO, porém como os anais do
evento ainda não foram concluídos, recebemos via e-mail o trabalho diretamente das autoras.
71
ideias inovadoras, seja com problemas e dificuldades, possamos adequar ao contexto deste
subprojeto para possíveis novas ações.
Como Critérios de inclusão foi feita a escolha de enumerar todos os trabalhos que o
título ou palavra chave fizesse referentes ao PIBID, como critério de exclusão aqueles em que
não fosse possível encontrar o resumo disponível na plataforma do SOAC.
O grupo que atualmente está lotado na escola pública estadual de ensino médio, tem
a configuração de um Supervisor e 9 discentes do curso de educação física- licenciatura da
Universidade Federal do Maranhão, todos bolsistas do programa, decidiu dividir o
mapeamento em tarefas, onde cada um seria o responsável por buscar informações em algum
banco de dados.
Os autores deste presente artigo ficaram responsáveis pela busca no
CONBRACE/CONICE e por este motivo apresenta-se a seguir apenas o mapeamento feito
nestes eventos.
O Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) foi fundado em 1978 é uma
entidade científica composta por pesquisadores da área de Educação Física e da Ciências do
Esporte. O mesmo está configurado e organizado por Grupos de Trabalhos Temáticos
(GTT’s), secretarias estatuais e representado e liderado por uma Direção Nacional eleita a
cada 2 anos. Tem vínculo com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
72
A partir de 1979 o CBCE começou a organizar bienalmente o Congresso Brasileiro
de Ciência do Esporte (CONBRACE), que neste ano de 2017 faz a sua 20ª edição. No ano de
2003, o CBCE que comemorava 25 anos de atuação e debates em torno das temáticas da
Educação Física no Brasil, tanto no campo profissional, cientifico quanto acadêmico,
começou a realizar em conjunto com o CONBRACE, o Congresso Internacional de Ciência
do Esporte (CONICE), que este ano está em sua 7ª edição.
O CBCE na atualidade tem funcionando regulamente 13 Grupos de Trabalhos
Temáticos (GTT’s), cada grupo é dirigido por um Comitê Cientifico de pesquisadores com
titulação mínima de mestre dentre o qual o coordenador eleito pelos seus pares deve ter
obrigatoriamente a titulação de Doutor, os grupos tem o objetivo de aglutinar pesquisadores
que trabalhem e pesquisem na mesma temática, cada grupo possui sua ementa e regimento
próprio, afim de facilitar o funcionamento e o tema central da discussão.
Foi mapeada as produções através do Sistema Online de Apoio a Congressos
(SOAC) do CBCE os eventos de 2011 (XVII CONBRACE/IV CONICE), 2013 (XVIII
CONBRACE/VCONICE) e 2015( XIX CONBRACE/ VI CONICE), que são os eventos que
ocorreram no período de investigação deste artigo.
Reiteramos neste momento que este artigo se trata de uma primeira aproximação,
apresentamos a seguir um quadro com um quantitativo de trabalhos apresentados. Nesta
etapa, não houve distinção na modalidade pôster ou comunicação oral.
05- Escola 06 27 35 68
06 – Formação Profissional e Mundo do
03 05 09 17
Trabalho
10 – Memorias da Educação Física e do
00 00 01 01
Esporte
12 – Politicas Publicas 00 00 01 01
73
09 - Lazer e Sociedade, GTT 10 - Memórias da Educação Física e Esporte, GTT 11 -
Movimentos Sociais, GTT 12 - Políticas Públicas, GTT 13 - Treinamento Esportivo 32 ,
encontraremos trabalhos apenas em 4 deles divididos da seguinte forma;
O GTT 05 – Escola que tem com ementa estudos sobre perspectivas metodológicas
de práticas pedagógicas, bem como a discussão da inserção da educação física como
disciplina curricular e as questões que a legitimam e a legalizam, é o grupo no qual mais foi
encontrados trabalhos com a temática de nossa pesquisa, entende-se que por ser a ementa
mais parecida com o objetivo do PIBID, por si só já justifica o grande número de trabalhos e
o crescimento considerável de 06 trabalhos em 2011, 27 trabalhos em 2013, para 35 trabalhos
em 2015.
O GTT 06 – Formação Profissional e mundo do trabalho encontraremos a presença
em 2011 de 03 trabalhos, já em 2013 temos a presença de 05 e em 2015 totalizado 09
trabalhos apresentados, este grupo defini como sua ementa estudo que discutem sobre a
inserção do profissional no mundo de trabalho, bem como seu processo de formação e seus
distintos aspectos, um dos objetivos do PIBID que é a inserção do licenciado para
compreender melhor o cotidiano da sua futura profissão, dentro do âmbito da escola.
Já nos dois Grupos de Trabalhos Temáticos o GTT 10 – Memorias da Educação
Física e do Esporte que tem como objetivo estudos das diferentes manifestações dos campos
da Educação Física e do Esporte voltados para a preservação da memória e que tenham por
base suportes teórico-metodológicos de diferentes campos disciplinares e suas relações com a
história como processo e o GTT12 – Politicas Publicas que estuda os processos de
formulação, adoção e avaliação das políticas públicas de Educação Física, Esporte e lazer.
Estudos das concepções, princípios e metodologias de investigação adotados na consecução
de políticas públicas, voltados para a apreensão da produção de bens e serviços públicos
relativos à Educação Física, Esporte e Lazer, não foi encontrado nenhum trabalho nos anos
de 2011 e 2013, apenas no de 2015 foi encontrado um trabalho em cada um.
Observa-se um número crescente de trabalhos a cada ano de realização do
CONBRACE E CONICE, cabe ser analisado em ou outro momento qual o motivo deste
crescimento, será que pode ser o fato do programa ter iniciado em 2010, e por isso em 2011
ter poucas produções e isto ter crescido a partir da criação de uma identidade? Será que o
aumento se dar pelo fato das experiências no programa estarem crescendo a cada ano?
32
Informações Retiradas da Plataforma Online do CBCE.
74
3. CONCLUSÃO
Os autores não querem no presente artigo tirar conclusões precipitadas, mas acredita-
se que cabe uma investigação mais a fundo, para se compreender os reais motivos do
crescimento na produção do PIBID, bem como analisar detalhadamente estes trabalhos, afim
de verificar a qualidade desta produção.
Como o trabalho é uma primeira aproximação da produção do conhecimento acerca
do PIBID,s deve-se ressaltar que não se dar por encerrada a discussão e nem o trabalho de se
sistematizar esta produção.
REFERÊNCIAS
75
3.2 - PÔSTER DIGITAL
RESUMO: O presente texto monográfico aborda o ensino do conteúdo Dança nas aulas de
Educação Física. A pesquisa tem como objetivo geral verificar nas escolas públicas estaduais
e municipais da região do Centro de São Luís – Maranhão, se o conteúdo Dança está sendo
sistematizado como conteúdo na disciplina de Educação Física do Ensino Fundamental maior.
Especificamente objetivou-se investigar os fatores que levam os professores de Educação
Física a não trabalharem a Dança como conteúdo curricular obrigatório nas escolas;
identificar as dificuldades encontradas pelo professor de educação Física que os leva a não
utilizarem a Dança como conteúdo nas aulas e suas razões, por fim, analisar a metodologia
utilizada pelo professor de Educação Física ao abordar a Dança em sua aula. A pesquisa
caracterizou-se de cunho qualitativo, configurando-se como explicativa e de campo. Utilizou-
se como instrumento de investigação a entrevista semi-estruturada cujo roteiro constou de 12
perguntas, sendo 9 perguntas abertas e 3 perguntas fechadas aplicada a 4 professores, sendo 2
das rede de ensino Estadual e 2 da rede de ensino Municipal, com exercício profissional no
Ensino Fundamental Maior. Como resultado pode-se observar, que a Dança é utilizada nas
aulas dos professores entrevistados, mas com certa limitação. As principais dificuldades
encontradas para inserção desse conteúdo é a falta de espaço, materiais adequados e
resistência dos alunos. Conclui-se que a Dança apesar de ser incluída nas aulas dos
professores entrevistados, ainda é encontrada restritamente as festividades e/ou somente
aplicada nas aulas teóricas desconsiderando assim a sua prática por falta de espaço e
materiais.
33
Grupo de Estudo e Pesquisa Pedagógica em Educação Física, Graduado em Educação Física,
robsonsousa.edf@gmail.com
76
EDUCAÇÃO FÍSICA E PROTAGONISMO JUVENIL NO ENSINO NOTURNO
34
UFMA/ CINTRA, Doutoranda em Políticas Públicas/ Gestora de Ensino Noturno,
daysemarinho@yahoo.com.br.
35
CINTRA, Licenciado em Ed. Física/ Prof. do Ens. Noturno, cintranot@yahoo.com.br
36
CINTRA, Licenciada em Ed. Física/ Profª do Ens. Noturno, cintranot@yahoo.com.br.
37
UFMA/ CINTRA, Mestranda em Ed. Física/ Profª do Ens. Noturno, mayaracarvalhal@hotmail.com
38
CINTRA, Aluno da 3ª série Médio Regular do Ens. Noturno, raphaellucas2014@gmail.com.
77
AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTRA TURNO E NO TURNO
REGULAR NA UNIDADE JAIRON REGES DE ARAÚJO EM MARACAÇUMÉ/MA.
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo verificar a opinião dos alunos do 6° ao 9º
ano da Unidade Jairon Reges de Araújo, na cidade de Maracaçumé/Ma, sobre as aulas de
Educação Física realizadas no contra turno e no turno regular. Participaram desta investigação
dez (10) alunos, que responderam a um questionário fechado composto por dez perguntas. As
perguntas versavam sobre a participação dos alunos nas aulas, o conteúdo proposto pelo
professor, as estratégias de ensino e a mudança de horário. Os dados apontaram que a
mudança de turno trouxe vários benefícios aos alunos como melhora no rendimento escolar,
melhor participação durante as aulas, melhor compreensão dos conteúdos propostos pelo
professor entre outros. Através, deste estudo, pudemos evidenciar que a troca de horário, do
contra turno para o turno regular, melhorou os índices de participação, de aprendizado e de
convivência entre os alunos e, consequentemente, passaram a ter um maior interesse pelas
aulas de Educação Física.
39
Universidade Federal do Maranhão/PARFOR - Polo Governador Nunes Freire, Discente do Curso de
Educação Física, jd-lago@bol.com.br
40
Universidade Federal do Maranhão/Pinheiro, Mestre em Ciências da Motricidade,
claudio.nascimento@ufma.br.
78
A LUDICIDADE NAS SÉRIES INICIAIS NA UNIDADE INTEGRADA JAIRON
REGES DE ARAÚJO NA CIDADE DE MARACAÇUMÉ/MA.
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo verificar como são trabalhadas e
organizadas as atividades lúdicas recreativas, nas séries iniciais, na Unidade Jairon Reges de
Araújo, na cidade de Maracaçumé/Ma. Participaram desta investigação (10) professores, que
responderam a um questionário aberto composto por doze perguntas. Os dados apontaram,
que todos os participantes ainda utilizam bem pouco as atividades lúdicas em sala de aula. A
não aplicabilidade, deste recurso pedagógico, deve-se ao fato de desconhecerem os objetivos,
os conteúdos, as estratégias e os processos de avaliação, que caracterizam a Educação Física
escolar. Os participantes do estudo afirmaram, que não se sentem preparados, para administrar
os jogos e as brincadeiras para seus alunos, por não terem qualificação na área de Educação
Física. Acreditamos que as atividades lúdicas, se trabalhadas de maneira sólida, trará grandes
contribuições para o desenvolvimento físico, motor e social de nossas crianças, além de
oferecer aos nossos alunos o conhecimento e a vivencia da ludicidade no ambiente escolar.
41
Universidade Federal do Maranhão/PARFOR-Polo Governador Nunes Freire, Discente do Curso de Educação
Física, cirandynhalago@gmail.com.
42
Universidade Federal do Maranhão/Pinheiro, Mestre em Ciências da Motricidade,
claudio.nascimento@ufma.br.
79
A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL: um relato de
experiência da primeira escola pública de tempo integral em São Luís - MA
RESUMO: Em São Luís, no ano de 2014 surgiu o Centro Experimental de Ensino Médio
Integral Colégio Maranhense Marcelino Champagnat. Um centro experimental criado para
responder o documento do Plano Nacional de Educação I - Lei nº 10.172 (2001/2010), onde
este instituiu a obrigatoriedade nacional de implantar escolas de tempo integral, com a
intenção de solucionar a universalização do ensino e minimizar a repetência. Nesta escola, o
modelo pedagógico era acadêmico e tinha como objetivo ser um modelo experimental para
novas escolas da rede estadual de ensino. A Educação Física estava incluída de acordo com
as divisões de áreas, em Linguagens, códigos e suas tecnologias, possuindo uma carga horária
anual de 80 horas e 2 horas por semana em cada turma, além de oferecer atividades esportivas
fora do horário oficial do currículo (no turno noturno). No ano de 2016, com a mudança de
governo, a ideia do Marcelino Champagnat foi extinta. Passando o prédio a se chamar IEMA.
Todo o trabalho realizado nos dois anos anteriores foi abolido e iniciou-se do zero uma nova
escola, agora técnica. Nesta a carga horária de acordo com o plano pedagógico diferenciava-
se por série, variando de 40 a 80 horas anuais. Este trabalho objetiva expor como foi e é a
realidade da educação física na escola de tempo integral no estado do Maranhão e como a
disciplina contribui para a formação dos alunos a partir do desenvolvimento multidisciplinar.
A partir desta observação de realidades podemos refletir sobre o desenrolar deste processo
pedagógico e sua concretização na educação maranhense, levando em consideração que a
educação física é um componente curricular obrigatório e transformador, também responsável
pela formação cidadã e intelectual de nossos jovens.
43
Seduc-MA, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, yaracarvalhal@hotmail.com.
80
BRINQUEDOS POPULARES: conhecendo uma cultura ancestral
44
Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Graduando em Educação Física, deilsonsmv@outlook.com.
81
EDUCAÇÃO E CIDADANIA: uma experiência na Escola Anna Adelaide Bello – Sesi.
45
Prof. Faculdade Pitágoras / SESI, Esp. Gerontologia Social, ericasp.edf@gmail.com.
82
ESCRAVO DE JÓ: o que aprender e o que ensinar?
46
Professora titular U.E.B Menino Jesus de Praga/ SEMED, Especialista em Metodologia do Ensino superior,
fcaelias@yahoo.com.br.
47
Professora titular U.E.B Menino Jesus de Praga/ SEMED, Graduação em Ciências Sociais/UFMA,
lucianarezzo@hotmail.com.
83
que aos poucos foram entendendo o ritmo, forma e acerto a cada possibilidade com a ajuda
mútua. Realizamos as variações que foram sendo sugeridas: ritmos individualmente, em
duplas e grupos; parados e em movimento; girando para direita e esquerda; passando objetos e
sem objetos; sentados e de pé; com cabeça, com palmas e batidas de mãos nas mãos dos
colegas; pulando com os pés juntos e em um pé só, com passos lentos e mais rápidos. A
experiência valeu como motivação e despertou interesse de alunos de outras salas, a
criatividade e socialização foram elementos determinantes, além do prazer demonstrado nos
discursos avaliativos.
84
ATLETISMO: corridas com barreira aplicada ao ensino médio
observadas nas escolas da cidade de Urbano Santos, com grande necessidade da atuação de
Santos na escola Estadual Ester Flora de Araújo, com a turma do 3º ano do ensino médio.
situação atual do atletismo no Brasil e no mundo, realizada em sala de aula padrão e com aula
prática com ênfase na modalidade corridas com barreiras realizada no Estádio Municipal
encontrou-se muita resistência no primeiro momento pois os alunos não queriam participar
das atividades e até se recusaram a se deslocar para o estádio no dia marcado para a aula
prática, teve-se que marcar um outro dia para a realização da aula prática. Após a superação
animação e vontade de praticar esta modalidade com mais frequência os mesmos pediram
para que as equipes que precisarem fazer esses tipos de trabalho não esquecessem deles.
de Educação Física é maior do que se pensava, pois alunos relataram que seu professor não
realiza atividades práticas com eles, lembraram-se ainda que a cidade oferece vários espaços
48
Universidade Federal Do Maranhão - UFMA, Programa De Formação De Professores Para A Educação
Básica Do Plano De Ações Articuladas - PROFEBPAR, Assessoria De Interiorização - ASEI, Curso De
Educação Física – PROFEBPAR / Urbano Santos, joseleonardosilva@hotmail.com.br.
85
para a realização de aulas práticas, no entanto não são aproveitadas como poderiam. Pode-se
observar a gratidão dos alunos em escolher a sala de aula deles para esta atividade, houve
pedidos de desculpas por terem faltado no primeiro dia marcado, foi realmente uma atividade
86
4 - EIXO TEMÁTICO - FORMAÇÃO PROFISSIONAL E MUNDO DO TRABALHO
4.1 - COMUNICAÇÃO ORAL
49
Efraim Lopes Soares
Renan Roger Mendes Bezerra de Oliveira50
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
49
Doutorando em Políticas Públicas e Educação pela Universidade Federal do Minas Gerais, Assembleia
Legislativa do Maranhão, efraimsoares16@hotmail.com;
50
Universidade Federal Do Maranhão - UFMA, Estudante de Licenciatura em Educação Física
renanmendesb@gmail.com.
87
física exige, além dos traços identificáveis aparentemente na sua divisão em mundos escolar e
não escolar, identificar e compreender os elementos constitutivos dos processos de
reestruturação e organização do trabalho e da produção da educação física no contexto mais
amplo dos estudos realizados na área educacional.
Assim, o objetivo deste artigo é apresentar as discussões que permeiam o campo
trabalho e educação no Brasil e analisar a sua interlocução com a produção no campo da
educação física. Para tal, foi realizado uma revisão bibliográfica com o intuito de empreender
a análise sobre as influências que o currículo sofre dos organismos internacionais, através dos
documentos oficiais – Lei de Diretrizes e bases da Educação, Parâmetros Curriculares
Nacionais e Diretrizes Curriculares Nacionais – e as possíveis consequências disso para a
educação física. Algumas questões se tornaram norteadores deste estudo: 1) quais as
determinações impostas pelo mundo do trabalho ao campo da educação, bem como para a
estrutura curricular?; 2) como dialoga este campo de estudos com a educação física?; 3) quais
as possíveis consequências que a educação física sofre com os ditames dessa ordem produtiva
atrelada a formação de competências para o mundo do trabalho? 4) em que medida a
formação, no atual modelo, fragmenta a atuação do professor em intervenções diferenciadas,
dualizando os conhecimentos produzidos em Educação Física?
Para responder a estes questionamentos, a exposição deste estudo foi dividida em
duas partes: a primeira apresenta as influências que a escola e o currículo sofrem através dos
ditames do capital internacional, e a segunda expõe as contribuições deste campo para a
educação física brasileira, tentando identificar as possíveis consequências sofridas nesse
campo diante das novas exigências do mercado.
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), até o final dos anos 60, aos poucos, a
base técnica de produção fordista vai sendo substituída por um processo de trabalho que
resulta de um novo paradigma tecnológico firmado primordialmente na microeletrônica,
abrindo caminho para a transição de um novo padrão de acumulação flexível, tendo a
flexibilidade como principal característica. Era o início do processo de reestruturação
produtiva (CARVALHO, 2008) que ocorria em virtude das novas exigências de
competitividade que marcam o mercado globalizado, demandando cada vez mais qualidade
com menor custo.
88
Esses modelos de organização do mundo do trabalho refletem diretamente na
organização da escola e em seu modelo de administração, pois as mudanças ocorridas na
estrutura produtiva exigem a formação de um novo trabalhador. Assim, o projeto pedagógico
da educação escolar é alterado no sentido de atender a essas demandas da organização do
trabalho de base taylorista/fordista, bem como toyotista. Kuenzer (1992, p. 457) relata que
essa dinâmica vem causando “profundos impactos sobre os processos pedagógicos, passando
a exigir do homem novos conhecimentos e novas atitudes no exercício de suas múltiplas
funções, enquanto ser social, político e produtivo”.
O projeto pedagógico criado para atender as demandas da organização do trabalho
de base taylorista/fordista ainda está presente em nossas escolas. Este modo de produção,
caracterizado por uma tecnologia de base rígida, relativamente estável, com componentes que
exigem comportamentos operacionais predeterminados e de pouca variação, chega à escola
com uma pedagogia voltada para conteúdos rígidos, atrelados à capacidade de memorização e
repetição de procedimentos padronizados. Assim, a escola, por esse modelo, é rigidamente
hierarquizada e centralizada para assegurar o pré-disciplinamento necessário à vida social e
produtiva, organizando-se de duas formas: uma que visa formar dirigentes, através da versão
acadêmica e progressivamente seletiva que leva às Universidades; e outra para a formação de
trabalhadores, com formações na maioria das vezes realizada de forma aligeirada
(KUENZER, 2008), demonstrando o papel dual da educação, através de duas versões
distintas, uma para burguesia e outra para a classe trabalhadora.
A partir da incorporação crescente da ciência e da tecnologia no processo
produtivo, transforma-se, radicalmente, esse padrão de acumulação capitalista, por meio da
globalização da economia e reestruturação produtiva. O discurso para essa mudança é a
exigência de um novo trabalhador para atender todos os setores da economia, com
capacidades intelectuais que lhe permita adaptar-se à produção flexível. Evidentemente, essas
novas determinações alterariam novamente a formação dos trabalhadores. De acordo com
Cardozo (2009), imprime-se um novo princípio educativo, voltada para a formação de
competências, desenvolvidas pela escola, atreladas ao mercado de trabalho. No entanto, essa
técnica de produção não democratiza a educação, mas polariza o seu acesso, por meio da
oferta de oportunidades cada vez menores à classe trabalhadora e à educação científico-
tecnológica, criando-se um grupo de profissionais qualificados em detrimento de
trabalhadores precariamente qualificados. Direitos à educação e à formação profissional de
qualidade são afetados pelo caráter concentrador do capitalismo, excluindo uma grande parte
de trabalhadores, que cresce a cada dia.
89
Em nossos dias, essa nova configuração instaurada no campo das relações de
produção, busca diferenciar a questão do trabalho e a do emprego. Nesse contexto, a
competitividade ideológica substitui a garantia do emprego através da promoção do acesso ao
conhecimento socialmente construído. No entanto, “[...] o Estado não se compromete a fazer a
distribuição do conhecimento útil requerido pelo contexto social para todos os segmentos
sociais, de igual para igual” (BONETI, 2000, p. 219). O resultado disso é a desqualificação
dos segmentos sociais economicamente mais desfavorecidos pelo rápido desgaste do
conhecimento já adquirido.
Dessa forma, as transformações na esfera da produção, provocaram
reconfigurações nas formas de organização e administração das empresas e nas relações de
trabalho, ocasionando, sobretudo, alterações nos padrões de intervenção estatal que resultaram
na emergência de novos mecanismos e de novas maneiras de gestão, redirecionando as
políticas públicas e, particularmente, as educacionais (NETO; CASTRO, 2011).
No Brasil, a reforma educacional em curso “[...] insere-se na lógica desse
processo de adaptação da forma de trabalho às novas exigências do capital, ao mesmo tempo
que se articula com a necessidade de redefinição do papel do Estado [...]” (NETO; CASTRO,
2011, p. 747), que deixa de ser o responsável direto no desenvolvimento econômico e social,
reduzindo seu caráter intervencionista, para funcionar somente como promotor e regulador
desse desenvolvimento (NETO; CASTRO, 2011).
Assim, nos anos seguintes, após 1980, o fenômeno comumente definido como
globalização, foi fortalecido pela ideologia neoliberal para garantir os mecanismos de
manutenção da ordem capitalista. Nesse processo, a educação e a escola são influenciadas
pelo modelo de gestão econômica, transformando-se em alvo das reformas educacionais
direcionadas pelos organismos internacionais das Nações Unidas (Banco Mundial;
Organização Internacional do Trabalho – OIT; Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, Fundo Monetário Internacional – FMI;
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL e Programa de Promoção
das Reformas Educacionais na América Latina e Caribe – PREAL) que expandiram suas
ações para a área social, estabelecendo suas regras vias normas, empréstimos e
financiamentos (LOBO, 2014).
Nesse quadro, as políticas educacionais são projetadas e implantadas segundo as
exigências da produção e do mercado, para atender aos interesses dos países de capitalismo
avançado, isto é, daqueles que dominam a economia e a política mundial. Neste ponto, faz-se
presente a interferência de ideias relacionadas aos organismos internacionais, que, na
90
condição de agências financiadoras, definem as diretrizes que servem de base para
constituição das políticas econômicas e sociais.
A legislação educacional produzida nos anos 90 do século XX passou a orientar-
se pelas recomendações estabelecidas em fóruns mundiais e regionais de educação
organizados e guiados pelas diretrizes colocadas por esses organismos internacionais. Os
eventos que se tornaram marco na reorganização das políticas educacionais foram a
Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia, em 1990, a
Conferência da Cúpula de Nova Delhi, em 1993; e as reuniões do Projeto Principal de
Educação na América Latina e do Caribe, que contemplam pautas de interesses comuns
discutidos por Ministros de Educação da região, a exemplo da Conferência de Kingston,
Jamaica, em 1996.
Através das diretrizes colocadas por esses organismos internacionais, os
documentos oficiais elaborados pelo Brasil, entre eles a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(Lei 9.394/96), os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Ensino Médio, adotaram o conceito de competência, que “passou a
compor as diretrizes curriculares e a re-orientar o trabalho pedagógico em favor da
transmissão de conteúdos voltados para a construção de competências” (CARDOZO, 2009, p.
187).
Diante desse cenário contraditório, chamado de sociedade do conhecimento,
percebemos que a educação se torna pauta principal de uma agenda positiva a ser orientada
pelo Banco Mundial, CEPAL e pela Unesco, que assumiram influência marcante na definição
das políticas educacionais nos países capitalistas, sobretudo nos países pobres, com o
propósito de inseri-los à nova ordem econômica por meio da introdução de concepções como
participação-gerencial e autonomia, conceitos estes que permeiam os instrumentos legais do
país.
Inferimos dessa análise, a visão funcionalista da educação colocada a sociedade
com base na ideia de desenvolvimento e de progresso, sem, contudo, questionar a forma
alienada do trabalho que gera a exclusão social e subordina a educação escolar aos restritos
imperativos do mercado, adquirindo uma finalidade legitimadora das mudanças ocorridas na
sociedade em favor do reordenamento na lógica capitalista.
Assim, a educação, em virtude da reorganização no sistema capitalista de
produção, é colocada como requisito fundamental ao desenvolvimento econômico e social e
“os ideólogos do capital argumentam que é necessário reformar os sistemas educativos para
91
que a educação possa atender e acompanhar as mudanças na esfera produtiva” (CARDOZO,
2009, p. 102).
A necessidade de mudança nos sistemas educacionais, colocada pela autora
supracitada, ocorreu no Brasil, no entanto, a política educacional foi orientada por pressões de
forças políticas que governavam o País e, que, de certa forma se beneficiam da baixa
cobertura da educação escolar, sem a preocupação com o desenvolvimento científico e
econômico. Assim, na medida em que o sistema capitalista se consolidou, os sistemas de
educação foram estruturados e universalizados de forma dualista e estratificada: a escola
formativa para os filhos das classes dirigentes e escola adestradora para os filhos dos
trabalhadores (FRIGOTTO, 2003).
Percebemos que a própria LDB 9.394/96, de acordo com Menezes (2015, p, 05),
“[...] foi orientada a partir do processo da globalização e buscou adequar os sistemas públicos
de ensino às demandas do capital e às exigências quanto ao papel do Estado sob a perspectiva
do Neoliberalismo”. Ela traduz as orientações dos organismos internacionais, apontando para
os princípios de produtividade, eficiência e qualidade total.
A Educação Física, como componente curricular e área de conhecimento que faz
parte do ensino escolar, também sofrerá influência da lógica do capital e dessa reestruturação
produtiva por ele imposta no contexto escolar.
No que se refere à Educação Física, pode-se afirmar que ela também estará
atrelada às mudanças implementadas por essa nova sociedade que se consolida – a sociedade
capitalista. No entanto, apesar de ganhar destaque através dos exercícios físicos na formação
de um novo homem ou trabalhador para suprir o novo modo de produção então emergente,
nos séculos XVIII e XIX (COLETIVO DE AUTORES, 1992), a educação física não terá a
mesma importância que as demais disciplinas obtiveram quanto à formação de competências
para o mundo do trabalho, adquirindo fortemente um caráter secundarista.
Analisando a trajetória temporal da educação física no Brasil, percebemos que ela
teve grande impacto nas diversas fases do capitalismo no país. Desde a década de 30 até a
década de 80, a educação física se reestrutura para se adequar às mudanças ocorridas nessa
base produtiva, através de atitudes como a formação de um novo homem para atender não só
o mercado de trabalho, mas para servir à defesa do país; utilização do esporte como conteúdo
único possível para equiparar desenvolvimento cultural ao desenvolvimento econômico e
92
abertura do processo de discussões teóricas, questionando os componentes curriculares e a
metodologia de aprendizagem da educação física na sociedade brasileira daquela época
(CASTELLANI FILHO, 1988).
Com a reforma da educação a partir da década de 90, a educação física entra num
contexto diferenciado das demais décadas, mediado pelo agravamento da crise do capital e
pelo avanço das políticas neoliberais no país. Os princípios norteadores do currículo serão
articulados com as competências desejadas para um tipo de formação humana que esteja
adequada às demandas postas pela “sociedade tecnológica”, fruto da própria reestruturação
produtiva do capital. A partir de então, tendo como perspectiva a primeira parte deste
trabalho, iremos inferir como a educação física será organizada a partir dos novos documentos
oficiais e qual a sua participação para essa formação humana.
Nesse diálogo, pode-se afirmar que a educação física será excluída do rol das
disciplinas necessárias para o plano pedagógico dominante. Dentre as disciplinas que
compõem o currículo, as que o Banco Mundial cita como as especialmente mais importantes
são: linguagem, matemática, ciências e habilidades em comunicação. “Ao que parece, a
exclusão de alguns componentes curriculares, caso da educação física, será garantia de outros
componentes considerados mais necessários” (SILVA, 1997, p. 133; grifo meu).
Nesse novo cenário de formação e desenvolvimento de competências atreladas ao
setor produtivo, nota-se como a educação física parece ser descartável para o alcance e
formação desse novo trabalhador. A aprendizagem de disciplinas como física, química e
matemática, são colocadas em um projeto dominante de formação humana, enquanto que a
educação física é renegada a um plano secundário nesse projeto pedagógico. Essa
secundarização posta a educação física parece ser priorizado na sua inclusão da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96), uma vez que o Senador Darcy Ribeiro
considerou um equívoco a defesa da obrigatoriedade da educação física posta no § 3, art. 26,
optando por não discorrer sobre a matéria e deixando os estados decidirem sobre sua
aplicação (SILVA, 1997).
Inferimos que, o discurso utilizado para não obrigatoriedade da educação física e
pelo seu desmerecimento frente às disciplinas mais necessárias para um projeto de formação
humana, estaria ligado ao fato de que estas possuem uma melhor capacidade de raciocínio
abstrato frente ao suporte funcional possível dos conhecimentos desenvolvidos no campo
tecnológico. Além do mais, a educação física é caracterizada como elemento de luxo para a
educação básica, adquirindo um sentido mais utilitarista e superficial, quando incluída no
93
currículo, não sendo problematizada e nem levado em consideração as implicações políticas,
econômicas e culturais de sua disseminação.
Em contrapartida, tem-se assim, como parte de reivindicações de Associações e
Sindicatos representantes de setores da educação, a manutenção da obrigatoriedade da
disciplina de educação física na LDB, demonstrando ser “parte constitutiva de um corpo de
conhecimento, integrada à proposta pedagógica da escola”. Assim, exige como as demais
disciplinas do currículo escolar, o exame do que se fundamenta, devendo ser levado em
consideração a proposta pedagógica que pretende atender (SILVA, 1997, p. 133).
O desejo de considerarmos a importância que a educação física possui no seio
escolar e discutir acerca da sua implementação da LDB/1996, diz respeito não somente ao
aspecto corporativista, mas principalmente ao posicionamento de que o conhecimento por ela
tratado foi historicamente construído, necessitando dessa forma ser socializado como direito
legal. Eximir a classe trabalhadora desse direito é apartar cada vez mais as camadas menos
favorecidas desta classe dos conteúdos da cultura corporal, intensificando o projeto dominante
educacional que enfatiza os conteúdos imediatos de formação das competências.
Paralelo a isso, no âmbito das políticas públicas educacionais, os trabalhadores de
toda a educação continuaram sofrendo com a política neoliberal implementada pelo Governo
Federal, através das propostas de Emendas Constitucionais, Decretos, Projetos de Leis e
Medidas Provisórias. Nesse sentido, a educação física sofreu vários ataques, tanto por estar
desvalorizada quanto por fazer parte de um projeto dominante. Esse caráter dominante e
imediato, atrelado as questões de avanço do neoliberalismo, abriu um outro campo de atuação
profissional atrelado as práticas corporais do meio não-escolar, por meio da regulamentação
da profissão de educação física (NOZAKI, 2004).
Nozaki (2004, p.09) considera que:
95
profissional e regulamentação da profissão representariam para o mundo trabalho em termos
de desemprego, precarização e intensificação do trabalho mundial. No entanto, na realidade,
eram campos caracterizados por uma grande precarização.
Dessa forma, inferimos que a divisão da educação física, enquanto conteúdo
duplo, trouxe alguns problemas para o professor dessa área, uma vez que se vê dualizado
entre os conhecimentos produzidos no seio da educação física, pois a atuação desse professor
se fragmenta em intervenções diferenciadas, ocasionando questionamentos não só na sua
formação como no espaço que irá trabalhar.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
96
Neste esboço inicial, defendemos a ideia de uma formação única em Educação
Física, com conhecimentos acumulados e legitimados dentro da área. A legitimação desses
conhecimentos não deve ficar reduzida à intervenção, mas à apreensão dos conhecimentos
acumulados ao longo da história acerca da cultura corporal.
5 REFERÊNCIAS
98
5 - EIXO TEMÁTICO - LAZER E SOCIEDADE
5.1- COMUNICAÇÃO ORAL:
RESUMO
Este projeto abordou as políticas públicas voltadas para o esporte e lazer em São Luís/MA,
especialmente no espaço público da Avenida Litorânea. Teve como objeto geral identificar
como tem sido utilizada a Avenida Litorânea como espaço público de lazer no município de
São Luís- MA. O estudo, de caráter qualitativo, foi baseado numa pesquisa bibliográfica e de
campo, esta última terá como instrumento de pesquisa entrevistas estruturadas aos sujeitos
que utilizam a avenida Litorânea. A discussão dos dados será pautada no referencial teórico
que aborda uma reflexão crítica acerca da temática. A pesquisa está em andamento, portanto
nas observações mais aproximadas do objeto em questão.
1 INTRODUÇÃO
51
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. IFMA – São Luís Centro Histórico.
deylarabelo2@gmail.com
52
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. IFMA – São Luís Centro Histórico.
dayranejessica@gmail.com
53
Professora de Educação Física. IFMA. aline@ifma.edu.br
99
diminuindo sua presença como principal responsável pela oferta das políticas públicas de
corte social.
Apesar das belas paisagens que contornam a avenida e de seus tantos atributos, nem
sempre a Litorânea tem se configurado como espaço para a vivência concreta da prática social
do esporte e lazer, ou seja, sob a dimensão de espaço urbano para o desenvolvimento das
atividades através da democratização do acesso a toda a sociedade.
Tem se percebido, ao longo do tempo, uma crescente “invasão” da iniciativa privada
em vários pontos da avenida, caracterizando um crescimento acelerado de estações de
corrida/caminhadas, treinamento funcional, entre outras formas de entretenimento, claramente
caracterizadas como práticas de interesses econômicos e não ações e políticas ofertadas pelo
poder público para a classe trabalhadora usufruir dos bens culturais e sociais.
Assim, em vez de incluir o indivíduo no coletivo através de práticas que possibilitem a
constituição da cidadania e emancipação humana tem-se o coletivo superado por uma
experiência individual de privatização dos espaços públicos de esporte e lazer e, consequente,
exclusão de grande parte da população empobrecida frente aos padrões financeiros e de
consumo. Por outro lado, para Marcellino (2002), a democratização dos espaços de lazer se
constitui um eixo fundamental para se alcançar a efetivação de acesso a esse direito.
Nesse sentido, compreende-se que essa democratização dos espaços pressupõe,
necessariamente, a democratização dos equipamentos de lazer como dimensão social concreta
e verdadeiramente cidadã.
Para Mascarenhas (2003), o lazer é um fenômeno tipicamente moderno, resultante das
tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo e espaço de vivências
lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassado por relações de hegemonia.
Ainda para o autor, o lazer se manifesta como fonte de tensão e desequilíbrio. À medida que
se desenvolvem as atividades – isto é, na medida em que se joga, dança, representa, passeia
etc. – os componentes do grupo interrogam o tema e a si mesmos. Seu modo de agir, atitudes,
valores e preferências perante uma dada atividade passam a ser questionados. Nessa
perspectiva, aceitam-se e fazem-se sujeitos (MASCARENHAS, 2003).
Buscando chamar a atenção do poder público municipal e estadual, deve-se atentar
que a luta para obtenção de novos espaços tem que andar em conjunto com a
conservação/recuperação dos já existentes e democratização do patrimônio ambiental urbano
tomado por outras iniciativas (MARCELINO, 2002).
101
Tendo em vista que esta pesquisa objetiva compreender a realidade deste espaço nas
suas múltiplas dimensões entende-se que a fase de coleta de dados está sendo de grande
envergadura devido a extensão da avenida e o número de indivíduos praticantes de atividades
físico-desportivas na avenida Litorânea.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ISAYAMA, Helder Ferreira; LINHALES, Meily Assbú. Sobre lazer e política: maneiras de
ver, maneiras de fazer. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p. 136-161.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer: uma introdução. 3. Ed. Campinas, SP:
Autores Associados, 2002.
MASCARENHAS. Fernando. Lazer como prática da liberdade: uma proposta educativa
para a juventude, Goiânia: Ed. UFG,2003.
102
6 - EIXO TEMÁTICO - POLITICAS PUBLICAS
6.1 - COMUNICAÇÃO ORAL
RESUMO
Este trabalho objetiva realizar levantamento das Práticas Corporais no âmbito do Esporte e do
Lazer em dez comunidades remanescentes quilombolas localizadas no litoral ocidental do
Maranhão, especificamente no município de Guimarães – MA. Será realizada pelo Centro de
Desenvolvimento de Pesquisa em Políticas de Esporte e de Lazer da REDE CEDES /MA,
coordenado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física (GEPPEF)
vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão. Esta
investigação consistirá numa pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa, caracterizada
como exploratória e de campo, adotando-se como procedimentos de coleta a combinação de
registros audiovisuais e aplicação de questionários à população investigada. Espera-se, a
partir do diagnóstico, elencar elementos que subsidiem a construção de Políticas Públicas de
Esporte e Lazer que atendam interesses e necessidades peculiares essas comunidades.
GEPPEF/UFMA, otavio_taz@hotmail.com;
55
Graduando em Educação Física, Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagógica em Educação Física –
GEPPEF/UFMA, higor.gusmao@gmail.com;
56
G raduada em Educação Física, Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagógica em Educação Fí sica –
GEPPEF/UFMA, anamarilia.vs@gmail.com;
57
Graduada em Educação Física, Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagógica em Educação Física –
GEPPEF/UFMA, socportela@yahoo.com.br;
58
Doutor em Educação, Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagógica em Educação Física –
GEPPEF/UFMA, raimundo.viana@terra.com.br
103
PALAVRAS CHAVE: Políticas Públicas. Práticas Corporais. Quilombolas.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a Constituição Federal define o esporte e lazer como um direito social. Isto
significa que o Estado deve não só promover atividades de lazer como prover condições para
que a população possa usufruir seu tempo livre. O Estado deveria, também, educar o cidadão
a não encarar o lazer meramente como um bem de consumo, comprado no mercado, mas sim
como um momento de afirmação e recriação da própria cultura.
O lazer possui uma importância especial, por caracterizar-se como espaço de encontro e de
convívio. Mas, torna-se importante não reforçar o seu conceito relacionado apenas ao
divertimento e descanso numa visão de caráter parcial e limitado, deixando-se outros valores
de lado, como o desenvolvimento pessoal e social. O lazer deve ser entendido mais além,
constituindo-se em uma experiência de desenvolvimento ocorrida dentro do tempo-espaço
disponível.
O lazer e o esporte caracterizam-se como o espaço e o tempo de uma necessária reconstrução
cultural, essenciais para a realização plena da condição humana podendo exercer um
significativo papel social, político, econômico e cultural, se forem assumidos enquanto cultura
vivenciada no tempo disponível, e como um direito inalienável de todo cidadão.
Portanto, torna-se necessário reconhecer que as políticas sociais devem ser constituídas pelo
poder público, porém discutidas e elaboradas em conjunto com a sociedade, visando ampliar
os canais de participação e decisão.
Estas políticas devem estar pautadas em uma concepção democrática, orientada por um
projeto que possibilite ao povo assumir-se como sujeito de direitos, com consciência crítica,
tornando-se um espaço privilegiado de construção do poder popular, consolidando a
inauguração de novos direitos que perfazem a condição da cidadania.
Nessa perspectiva, deve-se defender uma política de esporte e lazer democrática,
fundamentada por um sério trabalho de base e inclusão social, consolidando uma dinâmica de
conquista de espaços e o acesso aos bens culturais, esportivos e de lazer.
A formulação de políticas de atuação nesse campo significa compreendê-la no contexto mais
amplo no qual elas se inserem, não podendo ser tratada de forma isolada de outras questões
sociais. Significa também, considerar os principais elementos que compõem a política de
esporte e lazer, entre eles: espaços, equipamentos, recursos humanos e política de animação,
financiamento e controle.
Nesse sentido, no tocante às áreas quilombolas no Brasil, as políticas públicas em questão
ainda hão de empreender ações mais concretas de exercício da cidadania das populações que
104
ali vivem. Políticas públicas que devem ser construídas com base em suas dinâmicas sociais
muitos peculiares, das suas práticas corporais, dos usos sociais e de seus conhecimentos.
Especificamente no Maranhão, existem comunidades remanescentes de quilombos que
necessitam de estudos referentes às Políticas Públicas de Esporte e Lazer, garantidos na
Constituição Brasileira.
No estado do Maranhão atualmente existem aproximadamente 836 comunidades quilombolas
dentre identificadas, cadastradas e outras apenas informadas, carecendo de pesquisa. O
município de Guimarães possui dez comunidades identificadas a saber: Boa Alegria;
Damásio, Jesus de Nazaré; Macajubal, Porto das Cabeceiras, Porto de Baixo; São Vicente;
Sumidouro; Fortaleza dos Pretos; São José dos Pretos (Maranhão, 2009).
O Maranhão é o segundo estado brasileiro com maior número de terras de quilombos tituladas
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -INCRA, atrás apenas do Pará. A
titulação diz respeito ao reconhecimento e outorga de título coletivo e pró-indiviso à
comunidade, em nome de sua associação legalmente constituída sem nenhum ônus financeiro,
e que a partir desse ato fica devidamente registrada no Serviço Registral da Comarca de
localização das áreas. Essa conquista deve-se a luta dos quilombolas maranhenses articulados
na Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão “ACONERUQ”
(Maranhão, 2009). Dados da Fundação Palmares (2011), indicam o Maranhão com 23 (vinte
três) áreas quilombolas consolidadas e em Guimarães apenas o quilombo de Damásio está
consolidado.
O município de Guimarães, Localizado no litoral ocidental maranhense é uma das cinco
primeiras cidades do Maranhão, foi fundada por colonizadores portugueses em 1758. A
grande quantidade de escravos no local deixou marcas nítidas das culturas africanas e
constituindo comunidades que se auto definem como quilombos; comunidades negras, que
possuem modos específicos e próprio de lidar com seu corpo, com suas práticas corporais
manifestadas na sobrevivência, na religiosidade, no brincar, enfim em toda esfera de sua
humanidade (Cunha, 2004).
Não obstante a luta pelo reconhecimento, as comunidades quilombolas maranhenses, assim
como a maioria no território brasileiro carecem de políticas públicas que atendam seus
direitos mais básicos de cidadãos; moradia, saúde, educação, esporte lazer, previstos na
Constituição Brasileira. Nesse sentido, que esperamos contribuir com o diagnóstico de
elementos que constituem a Prática Corporal no âmbito e esportes e lazer elencadas nas
comunidades para a pesquisa, objetivando subsidiar ações para construção de políticas
públicas nesse âmbito.
105
2. OBJETIVO GERAL
Realizar levantamento das Práticas Corporais no âmbito do Esporte e do Lazer em
comunidades quilombolas localizadas no litoral ocidental do Maranhão, especificamente no
município de Guimarães, com vistas a elencar elementos que subsidiem a construção de
Políticas Públicas de Esporte e Lazer que atendam interesses e necessidades peculiares a essas
comunidades.
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar estudos bibliográficos referentes a questões relacionadas à realidade
quilombola no contexto brasileiro;
Efetivar estudo exploratório no contexto das comunidades elencadas para o
estudo;
Identificar as manifestações de práticas corporais no universo do esporte e
lazer nas comunidades investigadas;
Realizar entrevista com os atores sociais que compõem o cenário das
comunidades quilombolas;
Registrar através de fotografias e vídeos as práticas corporais 8 configuradas
no cenário investigado;
Consolidar dados, a partir do material recolhido, e produzir informações
necessárias para a formulação de politicas publicas no âmbito do esporte e lazer nas
comunidades investigadas;
4. PÚBLICO-ALVO
O público-alvo da investigação serão os habitantes das 10 (dez) comunidades quilombolas
situadas no município de Guimarães – MA, sendo elas: Boa Alegria; Damásio, Jesus de
Nazaré; Macajubal, Porto das Cabeceiras, Porto de Baixo; São Vicente; Sumidouro; Fortaleza
dos Pretos; São José dos Pretos.
5. METODOLOGIA
Esta investigação consistirá numa pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa,
caracterizada como exploratória quanto aos seus objetivos. Pelas fontes utilizadas na coleta de
dados define-se como pesquisa de campo, adotando-se como procedimentos de coleta, a
106
combinação de pesquisa bibliográfica, registros fotográficos, filmagens dos espaços e das
atividades de esporte e lazer, aplicação dos instrumentos de pesquisa aos líderes e membros
das comunidades investigadas. A pesquisa bibliográfica irá fundamentar o trabalho a partir de
material referente a questões relacionadas à realidade quilombola no contexto brasileiro, bem
como as Politicas Publicas - com ênfase nas de esporte e lazer - programas e iniciativas com
vistas à promoção de igualdade racial. Este material será constituído por fontes bibliográficas
como: livros, publicações periódicas, websites, dissertações, teses e artigos de eventos
científicos. No que se diz respeito à pesquisa documental dar-se-á o enfoque a constituição, as
leis e decretos, dentre eles, o Estatuto da igualdade racial (Lei n.º 12.228, de 20 de junho de
2010), e outros. A pesquisa de campo irá coletar dados in locus relativo às especificidades
culturais das comunidades quilombolas do município de Guimarães – MA, denominadas: Boa
Alegria; Damásio, Jesus de Nazaré; Macajubal, Porto das Cabeceiras, Porto de Baixo; São
Vicente; Sumidouro; Fortaleza dos Pretos; São José dos Pretos. A coleta se informações se
dará através de entrevistas semi-estruturadas 9 realizadas com os representantes das
comunidades e questionários aplicados a pelo menos 20% dos membros, levando em
consideração a faixa-etária e o sexo. Para o cumprimento dessa etapa da pesquisa será
imprescindível o deslocamento dos pesquisadores para as comunidades, como forma de
garantir a fidedignidade da aplicação dos questionários e realização das entrevistas, não
comprometendo os resultados da investigação. A realização da pesquisa de campo torna-se
essencial, pois somente a pesquisa documental não é suficiente para alcançar o objetivo geral
da pesquisa.
107
REFERÊNCIAS
108
LEGISLAÇÃO ESPORTIVA NO ESTADO DO MARANHÃO:
uma trajetória em construção
RESUMO
Este artigo discorre sobre o esporte como direito social e tem como objetivo apresentar
elementos sobre a legislação esportiva no estado do Maranhão. Trata-se de uma pesquisa de
caráter bibliográfico e documental, em fase inicial. Como marco legal, destaca-se o Art. 217
da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) que garante o desporto como dever do Estado e
direito do cidadão. Nota-se que apesar do registro da letra constitucional sobre o esporte como
direito, sabe-se que ainda há um abismo para que esse preceito seja efetivamente garantido em
nosso país. Conclui-se que é de fundamental importância conhecer a concepção de esporte
empregada nos ordenamentos legais, bem como as dimensões sociais deste presente na
legislação do estado do Maranhão.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho trata do projeto de pesquisa que compõe uma das ações previstas pelo
Centro da Rede CEDES na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), financiado pelo
Ministério do Esporte. Este Centro é resultado da Chamada Pública nº 01/2015, do Ministério
do Esporte vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física
(GEPPEF) do Departamento de Educação Física, em parceria com o Instituto Federal do
59
Graduando em Educação Física, UFMA, pablolinharest@hotmail.com.
60
Doutora em Política Social pela UnB, UFMA, silvanaaraujo@elointernet.com.br.
61
Mestre em Educação, IFMA, raffaelle.araujo@ifma.edu.br.
62
Mestre em Cultura e Sociedade, IFMA, andreia.maciel@ifma.edu.br.
63
Especialista em Metodologia do Ensino Superior, SEDUC, marileidemoura@hotmail.com.
109
Maranhão (IFMA). O Centro tem entre seus objetivos desenvolver projetos especiais e
atividades sistemáticas na área de políticas públicas de esporte e lazer.
O estudo visa investigar a configuração da legislação pertinente ao esporte no estado
do Maranhão a partir de 1988, como forma de subsidiar as ações do poder público para a
garantia do direito ao esporte. E como objetivos específicos apresenta: quantificar as leis
esportivas do estado do Maranhão; conhecer os diferentes tipos de legislação sobre esporte
existentes no estado do Maranhão, bem como a iniciativa e a justificativa dessas leis; analisar
a concepção de esporte contida no ordenamento legal, identificando se suas dimensões sociais
estão devidamente contempladas e verificar quais aspectos da legislação esportiva denotam a
garantia do esporte como direito no estado do Maranhão.
Nessa perspectiva, destaca-se a importância das discussões e estudos de políticas
públicas de esporte durante a década de 1980 no meio acadêmico da Educação Física, época
em que houve a consolidação dessa temática e o desvelamento do conhecimento produzido
acerca das relações entre o esporte, a sociedade e o Estado. Muito embora, nesse período a
democratização do esporte não tenha sido efetivada, o debate priorizava a concepção de
liberalização do setor esportivo.
Ao lado disso, a ampliação da produção de conhecimentos sobre políticas públicas de
esporte e a participação política de pesquisadores da Educação Física em gestões municipais
conferiram novas referências para esse setor na esfera pública.
110
como essa temática é contemplada na produção científica brasileira na área de políticas
públicas de esporte.
Os movimentos de resistência ao regime militar no final da década de 1970 e a
efervescência política que caracterizou a sociedade brasileira no período de redemocratização
do país, no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), tiveram seus
reflexos na área de Educação Física e Esporte, que não ficou isenta das tensões, contradições
e disputas por ampliação dos direitos sociais, entre eles o esporte e o lazer. De acordo com
Linhales (1997),
111
A Comissão foi dirigida pelo então presidente do CND, professor Manoel José
Gomes Tubino, e, em dezembro de 1985, apresentou o Relatório conclusivo intitulado “Uma
Nova Política para o Desporto Brasileiro: Esporte Brasileiro, Questão de Estado”:
No texto do Relatório é até possível apreender uma concepção de política
diferenciada sobre o esporte, que o aprecia como direito social, de responsabilidade do
Estado, de certa forma revelando uma “preocupação” com sua democratização.
Porém, em que pese qualquer crítica ao período da Nova República no Brasil, é
mister admitir que as análises contidas no Relatório partiam do reconhecimento da atuação
cartorial e policialesca da política esportiva em vigor e, davam “sinais de reinvindicação por
uma democracia esportiva”, apresentando o esporte como direito de todos.
O documento anunciou também, no item das mudanças jurídico-desportivo-
constitucionais, a Indicação nº 29, que apresentou argumentos para incluir o esporte na nova
Constituição do País, tratando-o como “[...] fenômeno social, econômico e cultural, [...] como
parte inseparável dos programas de desenvolvimento educacional, social e de saúde”.
(BRASIL, 1985, p. 84).
A partir desses fundamentos, o texto indicou um dispositivo para inserção do esporte
na futura Carta Constitucional, no qual defendia a obrigatoriedade da Educação Física, a
destinação de recursos públicos para promover o esporte nas suas diferentes manifestações e o
fortalecimento da justiça desportiva.
Por outro lado, ao propor a autonomia das entidades esportivas, exaltou a iniciativa
privada como alternativa para a democratização do esporte, o que veio a fortalecer o princípio
da liberalização.
Diferentemente do que ocorreu nas áreas de saúde e assistência social, as quais
debateram com os movimentos sociais organizados temas relativos aos direitos dessas áreas a
serem incluídos na CF/1988, o processo de institucionalização do esporte teve seu
protagonismo vinculado apenas ao Conselho Nacional de Desportos e às entidades a ele
vinculadas.
Assim, é possível afirmar que não houve participação popular tampouco de grupos
progressistas da área esportiva na elaboração dos artigos relativos ao esporte na CF/1988.
Após o trâmite da proposta, que recebeu importantes emendas na Assembleia
Constituinte, foi aprovado o texto do art. 217 da Constituição de 1988, garantindo o desporto
como dever do Estado e direito do cidadão, com uma sessão específica, assim dispondo:
Art. 217 - É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,
como direito de cada um, observados:
112
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3.º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
(BRASIL, 2016).
113
Quanto às orientações teórico-metodológicas, o estudo tem a natureza quanti-
qualitativa, combinando uma pesquisa bibliográfica a uma pesquisa documental, tendo como
principais fontes: pareceres, projetos de lei, leis, decretos-leis e outros documentos legais
referentes à legislação esportiva no estado do Maranhão, que serão coletados no acervo da
Biblioteca Pública Benedito Leite, nos arquivos da Secretaria Estadual de Esporte e Lazer
(SEDEL) e no site e acervo da Assembleia Legislativa do estado do Maranhão.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
______. Decreto nº 91.452, de 19 de janeiro de 1985. Institui Comissão para realizar estudos
sobre o desporto nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 19 jan. 1985a.
114
LINHALES, Meily Assbú. A trajetória política do esporte no Brasil: interesses envolvidos,
setores excluídos. 1996. 242 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1996.
______. Políticas públicas para o esporte no Brasil: interesses e necessidades. In: SOUSA,
Eustáquia Salvadora; VAGO, Tarcísio Mauro (Org.). Trilhas & partilhas: Educação Física
na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. p. 223-233.
MANHÃES, Eduardo Dias. Política de esportes no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
115
IMPRESSÕES DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO ACERCA DA ASSISTÊNCIA
ESTUDANTIL NO BRASIL
1. INTRODUÇÃO
O ingresso no ensino superior tem sido facilitado através de políticas públicas que
visam beneficiar pessoas nas mais diversas situações de risco sob o princípio constitucional
de igualdade. Essas iniciativas são relativamente recentes, mesmo porque o ensino superior
foi inserido tardiamente no Brasil - por volta de 1808 - apenas após a chegada da Família Real
no país. Segundo Vasconcelos (2010), apenas uma pequena parcela da população brasileira
podia ter acesso à Educação superior no século XIX, porém, na década de XX passa a ser
reconhecida como um direito regulamentado pelo Estado, ainda que não estivesse sendo
assegurado integralmente a todos os cidadãos.
Porém, 180 anos depois com a promulgação da Constituição Federal Brasileira de
1988 a educação passa a ser direito assegurado para todo cidadão, de acordo com o Capítulo
III, Sessão I – Artigo 205 (BRASIL, 1988, p. 117):
64
Graduanda em Educação Física. Universidade Federal do Maranhão. hannah_alethia@hotmail.com
116
sociais, étnicas, econômicas e, principalmente, educacionais, nem todos os cidadãos
conseguem ter, de fato, esse direito essencial assegurado. Mesmo que uma parcela
considerável da população consiga finalizar o ensino médio o sonho do ensino superior ainda
é muito distante para alguns deles. Em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA, 2001) os resultados dos dados apontam que “[...] menos de 2% de estudantes
negros (as) estão matriculados (as) nas instituições universitárias públicas e particulares,
sendo que, deste grupo, somente 15% concluem o curso superior. ” (HAAS, 2012, p. 841).
Dessa maneira, os programas criados pelo governo têm proporcionado bolsa
integral aos alunos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas; portadores de deficiências;
oriundos de escolas públicas ou particulares quando comprovada situação de vulnerabilidade
socioeconômica, concedendo-lhes a oportunidade de ingressar no ensino superior com maior
facilidade. Dentre esses programas, citam-se o Sistema de Seleção Unificada (SISU), que
seleciona alunos para universidades públicas, através da média do Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM) e Programa Universidade para Todos (PROUNI), que seleciona alunos para
universidades particulares com base na nota do ENEM, podendo conceder bolsas integrais ou
parciais para cursos presenciais de graduação. Além da criação da “Lei das Cotas”, Lei Nº
12.711 (BRASIL, 2012) de 29/08/2012, que prevê 50% das vagas reservadas para estudantes
com renda familiar de até 1,5 salários mínimos, que fizeram o ensino médio em escolas
públicas, autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.
No entanto, é preciso pensar de maneira mais ampla nesses estudantes de baixa
renda oriundos de escolas públicas ou particulares com bolsas integrais que ingressam
especificamente em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), pois, de acordo com o
Capítulo II - Artigo 6º da Constituição Federal (BRASIL, 1988, p. 19) “São direitos sociais a
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados [...]”.
Esses direitos estendem-se a todos os cidadãos brasileiros e precisam ser
disponibilizados para aqueles que deles necessitam. Porém, é preciso ser mais específico no
que diz respeito aos estudantes e para isso cita-se o Plano Nacional de Assistência Estudantil
(PNAES), Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, que tem objetivo de:
117
Sendo assim, para suprir essas lacunas o governo criou inúmeros programas
sociais, que têm como principal objetivo permitir às pessoas de baixa renda e que vivem em
comprovada situação de risco cursarem o ensino superior e obterem a possibilidade do
término da graduação, mediante a equalitação de oportunidade como todos os outros
estudantes através do PNAES, que tem como principal objetivo proporcionar a esses alunos a
possibilidade de permanência e, consequentemente, formar-se no ensino superior, por meio
de parcerias do governo com as universidades públicas e privadas.
Dessa forma, essa pesquisa visa contribuir com a divulgação dessas políticas
públicas de acesso às instituições de ensino superior a fim de que a sociedade possa conhecer,
de forma mais ampla, seus direitos e deveres, bem como proporcionar o debate relacionado ao
PNAES e fomentar discussões entre alunos, professores, pesquisadores e demais pessoas
interessadas na problemática aqui discutida a fim de apontar a importância desse tema para
que mais pesquisas surjam no Brasil.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
118
No entanto, “foi durante a década de 1930 do século XX que a Educação passa a
ser reconhecida como um direito público regulamentado pelo Estado.” (VASCONCELOS,
2010, p. 5).
A partir de 1950 criaram-se universidades federais, estaduais, municipais e
particulares em todo o Brasil (pelo menos uma em cada Estado). Entretanto, Vasconcelos
(2010, p. 5) ressalta que “ [...] a explosão do ensino superior ocorreu somente nos anos de
1970. Durante essa década, o número de matrículas subiu de 300.000 (1970) para 1.5 milhão
(1980) ”. Assim, com a chegada da Revolução Industrial a procura por mão de obra
qualificada intensificou-se no Brasil, fazendo com que mais pessoas, tanto dos centros
urbanos como rurais, procurassem por especialização nas universidades, o que gerou
mudanças tanto na forma de seleção, as provas antes dissertativas e orais passaram a ser de
múltipla escolha, como na quantidade de cursos oferecidos nas universidades. Dessa forma, o
Governo, impossibilitado de atender a essa demanda, permitiu que o Conselho Federal de
Educação aprovasse milhares de cursos novos, o que gerou uma queda na qualidade de
ensino.(VASCONCELOS, 2010).
Até o início dos anos 80 as universidades cresceram e se transformaram,
assumiram o papel de instituições de pesquisa, ampliaram a pós-graduação, montaram
laboratórios e bibliotecas, porém, não se libertaram das pesadas amarras burocráticas do
Estado imposto pela Ditadura Militar. Durante esse período, os recursos públicos passaram a
ser cada vez mais escassos e a expansão do ensino superior foi contida. (VASCONCELOS,
2010).
Tais fatos conduziam, então, ao início da luta pela Assistência Estudantil no Brasil
que está conectada diretamente com a trajetória da política de Assistência Social, “[...] pois
ambas despontam a partir dos movimentos sociais que lutaram pelo fim do regime militar e
pela promulgação de uma nova Constituição Federal. ” (VASCONCELOS, 2010, p. 05).
A Assistência Estudantil tem sua origem na década de 1930 com os programas de
alimentação e moradia universitária. Porém seu desenvolvimento e ampliação como uma
política só foi efetivada nos anos 1970, com a criação do Departamento de Assistência
Estudantil (DAE). (SANCHES, 2013).
Em meio aos problemas trazidos pelo sistema político da época surgiram duas
importantes frentes políticas de discussão sobre as questões educacionais, em especial às
questões sobre a assistência estudantil, que foram em 1987 o Fórum Nacional de Pró-reitores
de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) e a Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES).
119
Esses dois segmentos educacionais defendiam a integração regional e nacional das
instituições de ensino superior com objetivo de:
120
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração
das ações do Poder Público que conduzam a: I - Erradicação do analfabetismo; II -
Universalização do atendimento escolar; III - Melhoria da qualidade de ensino; IV -
Formação para o trabalho; V - Promoção humanística científica e tecnológica do
País.
Pela primeira vez na história dos direitos sociais uma constituição trazia à tona uma
nova concepção para a Assistência Social, sendo essa considerada como uma política social,
que, juntamente com as políticas de saúde e da previdência social, compõe o tripé do Sistema
de Seguridade Social brasileiro.
Assim, com o interesse de equalizar o acesso ao ensino superior, percebem-se
algumas iniciativas tal como a adoção, desde 2009, do Sistema de Seleção Unificado (SISU),
que se trata de um sistema informatizado gerenciado pelo Ministério da Educação, por meio
do qual são selecionados, com base nos resultados obtidos no Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM), candidatos a vagas em cursos de graduação disponibilizadas pelas
instituições públicas participantes. Espera-se que, com esse sistema, haja nas universidades
públicas uma maior diversidade socioeconômica e cultural de estudantes, principalmente,
oriundos da escola pública. Pensando nisso, a partir de 2013, o sistema passou a viabilizar o
ingresso ao ensino superior por meio da “Lei de Cotas”, Lei n. º 12.711, de 29/08/2012
(BRASIL, 2012), que prevê 50% das vagas reservadas para estudantes com renda bruta per
capita de até 1,5 salários mínimos, que concluíram o ensino médio em escolas públicas,
autodeclarados pretos, pardos ou indígenas e alunos portadores de alguma deficiência.
(ANDRADE, SANTOS E CAVAIGNAC, 2015).
121
Então, surge a preocupação com os estudantes em comprovada situação de
vulnerabilidade socioeconômica, que adentram a universidade. As principais questões, que
precisam ser respondidas tratam de como será garantida a esse estudante a igualdade de
oportunidades dentro da universidade.
Como forma de combater a evasão o Estado brasileiro instituiu o Programa Nacional
de Assistência Estudantil (PNAES) em dezembro de 2007, transformado em lei em julho
2010. Esse programa visa ao apoio, à permanência de “estudantes oriundos da rede pública de
educação básica ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio”
(BRASIL, 2010, p. 1), matriculados em cursos de graduação presencial das IFES.
As IFES passaram, então, a receber verba destinada à Assistência Estudantil, sendo
de competência dessas instituições decidir as formas de implementação (obedecendo à
legislação) para cumprir com os objetivos do programa. Para cumprir com esses
objetivos, as ações do PNAES são compostas de diversas formas de auxílio: moradia,
alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e
acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. (MACHADO; SOUSA PAN, 2014, p. 8)
No Brasil, a produção de pesquisas sobre impactos na vida de moradores de
residências universitárias assistidos pelo PNAES ainda é escassa, porém, Osse (2008) em sua
pesquisa que objetivou “[..] mapear as condições psicológicas, sociais e de qualidade de vida
do jovem universitário residente na moradia estudantil da UnB” (OSSE, 2008, p. 09),
identificou os principais problemas enfrentados pelos estudantes da UnB beneficiados pelo
PNAES através de uma pesquisa qualitativa que buscou entender de maneira mais profunda o
problema, utilizando os dados colhidos através de questionário fechado.
Em seus resultados encontrou que os principais problemas enfrentados pelos
estudantes da UnB beneficiados pelo PNAES são:
122
revela que a qualidade de vida na moradia está comprometida, principalmente, entre os
moradores com as características citadas. (OSSE, 2008).
Sendo assim, os resultados da pesquisa levaram à conclusão que:
[...] ao mesmo tempo em que a moradia estudantil propicia uma vida de acesso à
inserção, pela oportunidade de poderem frequentar a universidade pública,
representa também riscos e dificuldades, conforme a evolução da adaptação de cada
um nesse contexto. (OSSE, 2008, p. 102).
Nos resultados de Garrido (2015), outro aspecto a ser enfatizado remete à valoração
dos impactos, pois, do total, 65,92% (n = 298) correspondem a alterações percebidas
positivamente. A valoração negativa, embora menor, com 34,08% (n = 154) dos relatos,
revela um percentual expressivo a ser considerado.
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
125
66812012000400015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 fev. 2016.
http://dx.doi.org/10.1590/S2176-66812012000400015.
MACHADO, J. P.; SOUZA PAN, M. A. G. de. Política Pública e Subjetividade: a
assistência estudantil na universidade. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 13, n. 1, p.
184 - 198, jan. /jun. 2014.
OSSE, C. M. C. Pródromos e qualidade de vida de jovens na moradia estudantil da
Universidade de Brasília – UnB. Brasília, 2008. 105p. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Clínica) - Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da
Universidade de Brasília, Brasília.
SANTOS, G. F. dos. Os impactos da Política de Assistência Estudantil sobre a população
feminina assistida pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (FUMP). Ouro preto, 2012.
Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação para Diversidade
- Universidade Federal de Ouro Preto, 2012.
SANCHES, R. R. As Políticas de assistência estudantil no Brasil. São Carlos, mar/2012 -
set/2013. 20 f. Tese (Pós-Doutorado em Terapia Ocupacional) - Departamento de
Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos. 2012.
VASCONCELOS, N. B. Programa Nacional de Assistência Estudantil: uma análise da
evolução da assistência estudantil ao longo da história da educação superior no Brasil.
Ensino Em-Revista, Uberlândia, v. 17, n. 2, p. 599-616, jul. / dez. 2010.
126
7 - EIXO TEMÁTICO - TREINAMENTO ESPORTIVO
7.1 - PÔSTER DIGITAL
Classificação n %
Regular 5 41,67
Médio 3 25,0
Adequado 3 25,0
Excelente 1 8,33
CONCLUSÃO. Os participantes demonstram um percentual de gordura regular, o que gera a
necessidade de um planejamento adequado para o treinamento físico, sendo assim há
possibilidade de uma diminuição no percentual de gordura e um amento na massa magra para
uma melhor performance na equipe de vôlei.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação Física. Composição Corporal. Voleibol.
65
Faculdade Pitágoras, Graduando em Educação Física, mimeirelis@hotmail.com.
66
Faculdade Pitágoras, Graduando em Educação Física, jeansouza38@hotmail.com.
67
Faculdade Pitágoras, Mestra em Saúde do Adulto e da Criança, adr.dea@hotmail.com.
127