Apostila Arte Pre Cabralina 2018

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ARTE NO PERÍODO PRÉ-CABRALINO

CULTURA MARAJOARA
O povoamento da ilha de Marajó tem por início no ano de 400
da nossa era. As origens dos povos dessa fase vieram do noroeste da
América do sul. Construíram habitações, cemitérios e lugares para
cerimonias.
A cultura Marajoara foi a que alcançou o maior nível de
complexidade social na pré-história brasileira. Essa complexidade se
expressa também na sua produção cerâmica, tecnicamente elaborada,
caracterizada por uma grande diversidade de formas e decorada com
esmero.
URNA FUNERÁRIA, MARAJÓ- As peças estão relacionadas a práticas cerimoniais. Algumas
PA 400 a 1400 A.D.
IMAGEM: MUSEU NACIONAL foram encontradas em contextos funerários, outras provavelmente
UFRJ
foram utilizadas em rituais de passagem. A iconografia Marajoara –
fortemente centrada na figura humana e na representação de animais da floresta tropical
revestidos de significados simbólicos – compõe um intrincado sistema de comunicação visual
que se vale de simetrias, elementos pareados, repetições
rítmicas e oposições binárias para reafirmar, transmitir e
perpetuar uma determinada visão de mundo.
A produção mais
característica desses
povos foi a cerâmica,
cuja modelagem era
tipicamente
antropomorfa. Ela pode
ser dividida entre vasos
TANGAS, MARAJÓ-PA 400 a 1400 A.D.
de uso doméstico e vasos IMAGEM: MUSEU NACIONAL UFRJ

cerimoniais e funerários.
PEQUENO RECIPIENTE Os primeiros são mais simples e geralmente não
ANTROPOMORFO, MARAJÓ-PA 400 a
1400 A.D. apresentam a superfície decorada. Já os vasos cerimoniais
IMAGEM: MUSEU NACIONAL UFRJ possuem uma decoração elaborada, resultante da pintura
bicromática ou policromática de desenhos feitos com
incisões na cerâmica e de desenhos em relevo.
Em geral a cerâmica apresenta pintura em vermelho sobre fundo branco, apresenta o corpo
decorado pela técnica da excisão, com variações em torno da figura humana estilizada e de
motivos geométricos. Urnas funerárias elaboradas contendo objetos de prestígio em seu interior,
provavelmente destinaram-se a indivíduos de status social diferenciado na sociedade Marajoara.
ARTE TAPAJÔNICA OU CULTURA DE SANTARÉM
Na região do baixo rio Tapajós floresceu a chamada
cultura Santarém, que se notabilizou pela produção de uma
cerâmica de estilo muito peculiar, baseado no emprego das
técnicas de modelagem, incisão, ponteado e aplicação.
Descrita desde o século XIX por naturalistas e
viajantes que percorreram a área, suas formas revelam
composições elaboradas, contendo uma profusão de
apêndices de animais da floresta tropical, que constituem
verdadeiras esculturas concebidas de maneira naturalista.
Estatuetas antropomorfas também se destacam pelo VASO, Cerca de 1.000 a 1.400 A.D.
Cerâmica Santarém
naturalismo das representações de homens e mulheres, IMAGEM: MUSEU NACIONAL UFRJ
portando atributos que permitem identificar emblemas de
prestígio e posições sociais.
Na verdade, pouco se sabe sobre essa cultura, uma vez que
escavações arqueológicas sistemáticas só começaram a ser
desenvolvidas nos últimos anos. As peças existentes em museus
provêm em grande parte de coletas e escavações realizadas sem
controle no seu maior sítio arqueológico, onde hoje está assentada
a cidade de Santarém, o que impede a compreensão de seus
contextos. Ainda assim, elas constituem importante fonte de
conhecimento sobre a complexa sociedade que as produziu,
porquanto são testemunho de suas práticas sociais, formas de
construção do corpo e concepções cosmológicas.
Em geral, a cerâmica apresenta vasos cerimoniais com
VASO ANTROPOMORFO
FEMININO, Cerca de 1.000 a iconografia centrada na figura humana (antropomórfica) e na
1.400 A.D. Cerâmica Santarém representação de animais (zoomórfica) da floresta tropical,
IMAGEM: MUSEU NACIONAL
UFRJ recobertas por pinturas corporais com motivos geométricos em
preto e vermelho sobre fundo branco.
Vasos de Cariátides: São pequenos vasos simétricos, em forma
de taça, com parte superior ligada à inferior por três cariátides
antropomorfas; nas bordas da parte superior estão afixadas outras
figurações.
Vaso de Cariátides Tapajônico.
Foto: Wagner Souza e Silva (MAE/USP)

Vasos de Gargalo: Apresentam um corpo central - gargalo - e abas, ou


asas laterais constituídas de animais - cabeças de aves ou jacarés, por
exemplo, e sobre os quais estão assentados outros animais.
VASO ANTROPOMORFO
REPRESENTANDO UM HOMEM
SENTADO, Cerca de 1.000 a 1.400 A.D.
Cerâmica Santarém
IMAGEM: MUSEU NACIONAL UFRJ
Os muiraquitãs – comuns em forma de rãs e, mais raramente, de
aves, peixes e outros animais – eram fabricados quase sempre em pedras
verdes, como jadeítas, nefritas e amazonitas. Utilizados como pendentes,
aparecem também adornando toucados femininos em estatuetas
cerâmicas de Santarém. Envoltos em lendas, os muiraquitãs são desde
longa data considerados poderosos amuletos contra toda sorte de
malefícios. Ao que tudo indica, Santarém foi o seu centro de produção,
embora haja uma dispersão considerável de peças desse tipo, talvez em
consequência de extensas redes de trocas e de difusão ideológica. Essas
MUIRAQUITÃ,
ESCULTURA EM redes alcançaram a região caribenha onde são encontrados artefatos
FORMA DE RÃ, Cerca de
1.000 a 1.400 A.D.
produzidos em Santarém.
Cerâmica Santarém
IMAGEM: MUSEU
NACIONAL UFRJ

TEXTOS ADAPTADOS
MUSEU NACIONAL DA UFRJ
http://www.museunacional.ufrj.br/index.html
PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2014.
Adaptada por : Silvia Cruz Peixoto

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