Textos Sobre o Candomble
Textos Sobre o Candomble
Textos Sobre o Candomble
Conta os mais antigos que o candomblé teve sua origem quando um árabe chamado Mohad Mad Allen saiu
da Arábia Saudita e ao aportar nas Ilhas de Madagasgar, jogou o primeiro merindelogun (jogo de búzios),
ainda na areia da praia, e fundou a Nação Angola, mãe de todas as nações.
A palavra candomblé é uma palavra de origem bantu que na Bahia passou a designar as religiões advindas
da África.
Essa palavra ganhou um maior sentido na cidade de Salvador, onde os negros oriundos de Angola se reuniam
na Organização da Ordem Terceira da Nossa Senhora do Rosário da Porta do Carmo.
- dos Nagos, esses na maioria pertenciam a Nação Ketu que formavam a Sociedade da Nossa Senhora da
Boa Morte.
- do Gege representados pela Sociedade dos Homens da Redenção, estabelecidos na Cidade Baixa.
Muito esse povo teve que enfrentar, visto que até os protestantes, nessa época, eram perseguidos
pelos católicos, religião oficial do país.
Para enfrentar e fazer sobreviver o candomblé, os negros enterravam seus assentamentos e sobre
esses colocavam os santos católicos que mais se assemelhavam aos orixás, sendo assim, em
cima de um assentamento de Oxum eles colocavam uma Nossa Senhora da Conceição, em cima
de um assentamento de Iasã colocavam uma imagem de Santa Bárbara e assim faziam com
outros santos, Obaluaê por ter o poder da ressuscitação colocavam São Lázaro assim nasceu o
sincretismo. Quando na constituição de 1889, a primeira Constituição da República que deu livre
arbítrio religioso, muitas já eram as gerações que através de décadas vinham acreditando que os
santos seriam os mesmo com isso até hoje ainda temos visto em grandes casas de candomblé a
associação dos santos católicos com os orixás.
Em 1983 é publicado no Jornal da Bahia pelo Jornalista Vander Prata e assinado por várias
grandes zeladoras daquela época, incluindo Mãe Menininha do Gantoá um artigo qye se entitulava
IASÃ NÃO É SANTA BÁRBARA, esse foi o primeiro passo para a separação do Candomblé com a
Igreja Católica. Desde esse dia, 27 de julho de 1983, que o candomblé vem tomando sua forma
própria, tomou mais impulso quando o Brasil assina um tratado universitário Brasil-Nigéria, os
nigerianos ao chegar aqui no Rio de Janeiro tinham a bolsa gratuita para estudar na UERJ, tinha
sua alimentação garantida no chamado "bandeijão" fornecido por essa Universidade, tinha sua
moradia na Republica dos Estudantes, porém lhe faltava o dinheiro para conhecer o Rio, para suas
diversões etc. sendo assim começaram a vender cursos de odus, Yorubá etc, trazendo para o
Brasil o início da cultura escrita. Eu costumo chamar essa fase de " O Iluminismo do Candomblé"
visto que antes com a cultura oral, muitos eram os ensinamentos transmitidos com interpretações
erradas que geraram séculos de ignorância, a partir de 1985 começamos uma nova era para o
candomblé, o da cultura escrita, difundindo assim, não só sobre os orixás, mas vários pontos que
faltavam na nossa religião, como o que somos? de onde viemos? pra onde vamos, uqla seria a
proposta para a origem do nosso planeta, segundo a tradição nago?, orixá qualidade? o que é
qualidade?, como cantamos os cantos para os orixás? quem canta o certo? esses dentre outros
muitos assuntos eram debatidos de uma casa para outra, de uma nação para outra, de um estado
federativo para outro, hoje contamos com obras como a de Pierre Verger Bastidle, Ode Kaiode,
Jorge Fernandes Portugal, José Beniste entre muitos outros como Juana Elbein dos Santos em Os
Nago e a Morte, obra considerada como a Bíblia do Candomblé.
Sérgio de Ajunsun
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente, no curso do século
XIX. Uma vez que as últimas levas de africanos trazidos para o Novo Mundo durante o período
final da escravidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas sobretudo nas cidades e em
ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver no Brasil em maior contato uns com
os outros, físico e socialmente, com maior mobilidade e, de certo modo, liberdade de movimentos,
num processo de interação que não conheceram antes. Este fato propiciou condições sociais
favoráveis para a sobrevivência de algumas religiões africanas, com a formação de grupos de culto
organizados.
Até o final do século passado, tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser
religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. No início deste século, no Rio de
janeiro, o contato do candomblé com o espiritismo kardecista trazido da França no final do século
propiciou o surgimento de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, que tem sido
reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil,
ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas.
O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era religião confinada sobretudo na Bahia e
Pernambuco e outros locais em que se formara, caracterizando-se ainda uma religião exclusiva
dos grupos negros descendentes de escravos, começou a mudar nos anos 60 e a partir de então a
se espalhar por todos os lugares, como acontecera antes com a umbanda, oferecendo-se então
como religião também voltada para segmentos da população de origem não-africana. Assim o
candomblé deixou de ser uma religião exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião
para todos. Neste período a umbanda já começara a se propagar também para fora do Brasil.
Durante os anos 1960, com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades
industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem estabelecido território da
umbanda, e velhos umbandistas começaram e se iniciar no candomblé, muitos deles abandonando
os ritos da umbanda para se estabelecer como pais e mães-de-santo das modalidades mais
tradicionais de culto aos orixás. Neste movimento, a umbanda é remetida de novo ao candomblé,
sua velha e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos seguidores como sendo mais
misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moderna e embranquecida descendente, a
umbanda.
Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então preservadas na Bahia e outros
pontos do País encontraram excelentes condições econômicas para se reproduzirem e se
multiplicarem mais ao sul; o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse
conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média buscavam por aquilo que
poderia ser tomado como as raízes originais da cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes,
escritores e artistas participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas
casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos búzios pelas mães-de-
santo tornou-se um must para muitos, uma necessidade que preenchia o vazio aberto por um estilo
de vida moderno e secularizado tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que
demarcavam o jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo de vida já, quem
sabe?, eivado de tantas desilusões.
O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais muito favoráveis para o seu
renascimento num novo território, em que a presença de instituições de origem negra até então
pouco contavam. Nos novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser
encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram pelo candomblé. E
os terreiros cresceram às centenas.
A História do Candomblé
O candomblé e uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África, e foi trazida para o Brasil
pelos negros iorubas. Seus deuses são os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso
país: Exu, Ogum, Oxossì, Osanyin, Obalúaye, Oxumare, Nanã Buruku, Xango, Oya, Oba, Ewa,
Oxun, Yemanjá, Logun Ede, Oxaguiam e Oxalufam.
O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos
próprios Orixás para que os cultuem na terra. Os orixás os induzem a isto, fazem com que as
pessoas por eles escolhidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para
o qual estão destinadas. Uma pessoa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo
se não acontecer durante sua vida fatos que a levem a isto. São pessoas que de alguma forma são
iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.
Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados
todos os axés e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim
denominado por causa dos negros que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em
que são feitos os grandes assentamentos (oferendas) para os deuses.
Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito
do Pai de Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres
também escolhidas pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora seja considerada
autoridade dentro da roça, não podem ser Yalorixás, visto que sua função já foi determinada e não
há como mudar. A seguir vem os Ogans, que tocam os atabaques e ajudam o Babalorixá nos
fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de todas as comidas dos
Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintas os Yaôs (iniciantes
que estão recolhidos para fazerem o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas
que “rasparam o Santo”, ou melhor, rasparam a cabeça para um Santo a pedido deste.
Às vezes o Santo, ou Orixá, incorpora em determinadas pessoas, mas não necessidade que haja
esta “incorporação” para que uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o Santo
só pode ser sabido com certeza através do jogo de búzios do Pai ou Mãe de Santo que, diga-se de
passagem, são os únicos que podem jogar búzios.
O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em preceitos. São pouquíssimas as
pessoas que realmente a conhecem a fundo.È necessária muita dedicação e anos de estudo para
se chegar a um conhecimento profundo da religião. Seus preceitos são todos fundamentados e
qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e desfrutar seus benefícios. Existe muita energia
positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer muita paz e felicidade.
A civilização de Ifé, ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística variada do
realismo, enquanto que a maioria da arte africana é abstrata. O material empregado na arte de Ifé
espanta e abisma qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das esculturas
em pedra e terracota (argila modelada e cozida ao fogo) tradicionais na África, estão as esculturas
em bronze e artefatos em perola.
Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o povo de Ifé permaneceu no palácio
real, mostrando os vestígios em terracota, antes de ter sido redescoberta. Lajuwa foi o camareiro
de Oni (soberano do reino de Ifé ou Aquele que Possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não
é estabelecida de maneira segura, entretanto a escultura foi preservada e conservou uma
superfície lisa, ainda que o nariz tenha sido quebrado.
A maior parte das descobertas das obras foi feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas
extensões de terras situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é consagrada a
esta ou aquela divindade, entre elas:
- BOSQUETE SAGRADO DE OLOKUM: cobre uma superfície de 250 Há. Ao norte da saída da
cidade de Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade do mar e da riqueza.
Supõe-se que o artista tenha manuseado a argila crua em separação. Depois de concluído foi seca
ao sol e cozida numa imensa fogueira ao ar livre, obtendo uma terracota de cor uniforme.
O principal achado e o vaso do ritual destes funerais, decorado em relevo. Revela certos ritos e
insígnias religiosas de Ifé. Vêem-se com os efeitos: Edans (bastões de bronze, utilizados pelos
membros da Sociedade OGBONIS na cerimônia secreta), um bastão de ritual com uma espécie de
espiral saliente em ambos os lados, um tambor, um objeto com dois crânios na base, um machado
e dois personagens sem cabeças.
-BOSQUETE SAGRADO DE ORODI: encontra-se nele uma estátua de pedra com a cabeça e o
corpo enfeitado com pregos, similares aos que ornam Idena. Tem na mão direita uma espada e na
esquerda um abano. Está situada em Enshure, província do Ado Ekiti.
O grande Deus Olodumaré enviou Osalufã (orixá) para que criasse o mundo. A ele foi confiado um
saco de areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a
galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por ultimo, colocaria o
camaleão para saber se estava firme.
Osalufã foi avisado para fazer uma oferenda ao Orixá Essú antes de sair para cumprir sua missão.
Por ser um Orixá Funfun, Oxalufã se achava acima de todos e sendo assim, negligenciou a
oferenda. Essú descontente, resolveu vingar-se de Osalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não
tendo alternativa Osalufã furou com seu Apaasoro o tronco de uma palmeira. Um líquido
refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou
dormindo.
Olodumaré, vendo que Osalufã, não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa para verificar o ocorrido.
Ao retornar e avisar que Osalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o
mundo. Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros deuses vêm se reunir a ele, descendo dos
céus graças a uma corrente que ainda se podia ver, segundo a tradição, no BOSQUE DE OLOSE,
até há alguns anos.
Apesar do erro cometido, uma nov chance foi dada a Osalufã: a honra de criar os homens.
Entretanto, incorrigíveis, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos
e toda espécie de monstros.
Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados Osalufã e criou os homens bonitos,
sãos e vigorosos, que foram insuflados com vida por Olodumaré.
Esta situação provocou uma guerra entre Odùdùwa e Osalufã. O ultimo foi derrotado e então
Odùdùwa tornou-se o primeiro ONI (rei) de Ifé. Distribuiu seus filhos e os enviou para criar novos e
vários reinos fora de Ifé.
Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, deixando na terra seus conhecimentos e como deveriam
ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos seus
descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedido aos Orixás e para que cada pedido
fosse atendido eles ofereciam comida em troca.
Ao contrario do que se pensa, nem todos os pedidos são atendidos, embora os Orixás sempre
aceitem as oferendas. Quando um orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e este decide
se o pedido vai ou não ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa
que faz o pedido.
O povo continua fazendo oferendas aos Orixás até hoje, pois os Orixás procuram sempre fazer o
melhor para as pessoas.
O círculo dos deuses é constituído segundo o número 16, número sagrado no candomblé. Ele se
encontra em toda parte: no numero de búzios, no númerode chamas da lâmpada dos sacrifícios,
na numeração dos membros físicos e psíquicos, quer dizer, das forças e das partes que possui o
homem na organização hierárquica.
A hierarquia do candomblé:
1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
2. Iyaquequerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
3. Babaquequerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
5. Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
6. Ebômi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação
(significado: meu irmão mais velho).
7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas-de-santo
8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás).
9. Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a religião após ter
passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai
depender do Orixá pedir a iniciação.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).
11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe).
12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho
Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é
chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é
conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil. (em edição)
No Jeje-Mahi
1. Doté é o pai-de-santo, cargo ilustre do filho de Sogbô
2. Doné é a mãe-de-santo, cargo feminino na casa Jeje, similar à Yalorixá
Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviuno, do
sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné
No Jeje-Mina
1. Toivoduno
2. Noche
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa
Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar
sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na
verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há
também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
Sacerdotes na África:
- BANTU (ANGOLA-KONGO).
Kubama..............adivinhador de 1a categoria.
Tabi....................adivinhador de 2a categoria.
Nganga-a-ngombo.........adivinhador de 3a categoria.
Kimbanda...........feiticeiro ou curandeiro.
Nganga-a-mukixi.........sacerdote no culto de possessão (Angola).
Niganga-a-nikisi...........sacerdote do culto de possessão (Kongo).
Mukúa-umbanda..........sacerdote do culto de possessão (Angola-Kongo).
- (ANGOLA-KONGO)
Mam'etu ria mukixi......sacerdotisa no Angola.
Tat'etu ria mukixi.........sacerdote no Angola.
Nengua-a-nkisi............sacerdotisa no Kongo.
Nganga-a-nikisi...........sacerdote no Kongo.
Mam'etu ndenge..........mãe pequena no Angola.
Tat'etu ndenge.............Pai pequeno no Angola.
Nengua ndumba..........mãe pequena no Kongo.
Nganga ndumba..........pai pequeno no Kongo.
Kambundo ou Kambondo....todos os homens confirmados.
Kimbanda.....................Feiticeiro, curandeiro.
Kisasba.........................pai das sagradas folhas.
Tata utala......................pai do altar.
Kivonda.........................Sacrificador de animais (Kongo).
Kambondo poko............sacrificador de animais (Angola).
Kuxika ia ngombe.........Tocador (kongo).
Muxiki............................tocador( Angola).
Njimbidi.........................cantador.
Kambondo mabaia........responsável pelo barracão.
Kota...............................todas as mulheres confirmadas.
Kota mbakisi..................responsável pelas divindades.
Hongolo matona............especialista nas pinturas corporais.
Kota ambelai..................toma conta e atende aos iniciados.
Kota kididii.....................toma conta de tudo mantém a paz.
Kota rifula......................responsável em preparar as comidas sagradas.
Mosoioio........................as (os) mais antigas.
Kota maganza...............titulo título alcançado após a obrigação de 21 anos.
Maganza.......................título dado aos iniciados.
Uandumba....................designa a pessoa durante a fase iniciatória.
Ndumbe........................designa a pessoa não iniciada.
Os ESAS
Oduduwa, O precursor do culto de Orixá, como detentor da força de criação cedida por Olodumare,
oriundo da cidade de Meca no Egito, dirigiu-se ao ocidente da Nigéria fundando juntamente com
seus seguidores, a terra Sagrada denominada Ilê Ifé Dentre estes seguidores, alguns destacaram-
se por realizações de grande importância ao agradecimento e preservação de tal cultura, muito
embora através de talismãs, adquirindo o com isto domínio sobre os elementais
Ressalte-se que neste período 400 "pessoas” (irunmolé) acompanhára-o em sua tarefa, porém, por
força da transmissão de Ase e descendência reportamos hoje a uma incalculável quantidade de
Esa (Ancestres Divinizados) que obtiveram a mesma característica de engrandecimento e de
preservação cultural como por exemplo Qbabiyí, Osun Muiwa, Iji Tonán, Bangbose Obitiko, lya
Naso, iwín lonán Qbasaniá, iwín Funké, Iwín Dejà, dentre outros e outras que, por falta da
manutenção desta tradição ritualística, não preservaram a partir da iniciação, o seu novo nome
como reconhecimento de eternidade
É muito importante que tenhamos a consciência de que a vida eterna faz parte da cultura Yorubá
Para eles, ou para nós que cultuamos Òrisà, a única idéia de reencarnação existente é S dos
ABÍKU.
OBITIKO – Bomboxe
ASSIKA – O antigo atuou no tempo Yanaso essa última está na história das três princesas que
fundaram a tradição Nago no Brasil, são elas YAKALA YADETA E YANASSO.
RUNPIN – o médio
LE – o menor deles
IGBIN-Osalá
HUNTO - Bessem
OPANIJÉ-Obaluayê
ALUJÁ-Sangô
Àbíkú (nascer-morrer)
Só mesmo um grande mestre como Pierre Verger para nos tirar da ignorância sobre este tema,
através da sua pesquisa e coragem, cujo legado será eterno.
Se uma mulher, em país yorubá dá à luz uma série de crianças natimortas ou mortas em baixa
idade, a tradição reza que não se trata da vinda ao mundo de várias crianças diferentes, mas de
diversas aparições do mesmo ser (para eles, maléfico) chamado àbíkú (nascer-morrer) que se
julga vir ao mundo por um breve momento para voltar ao país dos mortos, órun (o céu), várias
vezes.
Ele passa assim seu tempo a ir e voltar do céu para o mundo sem jamais permanecer aqui por
muito tempo, para grande desespero de seus pais, desejos de ter os filhos vivos.
Essa crença se encontra entre os Akan, onde a mãe é chamada awomawu (ela bota os filhos no
mundo para a morte). Os ibo chamam os abikú de ogbanje, os hauças de danwabi e os fanti,
kossamah.
Encontramos informações a respeito dos abikú em oito itans (histórias) de ifá, sistema de
adivinhação doa yorubá, classificados nos 256 odu (sinais de ifá). Essas histórias mostram que os
abikú formam sociedades no egbá órun (céu), presididas por iyàjansà (a mãe-se-bate-e-corre) para
os meninos e olókó (chefe da reunião) para as meninas, mas é Aláwaiyé (Rei de Awaiyé) que as
levou ao mundo pela 1ª vez na sua cidade de Awayié. Lá se encontra a floresta sagrada dos abikú,
aonde os pais de abikú vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo.
Quando eles vêm do céu para a terra, os abikú passam os limites do céu diante do guardião da
porta, oníbodé órun, seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo. Os
que partem declaram o tempo que vão ficar no mundo e o que farão. Se prometem a seus
companheiros que não ficarão ausentes, essas, crianças apesar de todo os esforços de seus pais,
retornarão, para encontrar seus amigos no céu.
Os abikú podem ficar no mundo por períodos mais ou menos longos. Um abikú menina chamada
"A-morte-os-puniu" declara diante de oníbodé órun que nada do que os seus pais façam será
capaz de retê-la no mundo, nem presentes nem dinheiro, nem roupas que lhes ofereçam, nem
todas as cosias que eles gostariam de fazer por ela atrairiam os seus olhares nem lhe agradariam.
Um abikú menino, chamado ilere, diz que recusará todo alimento e todas as coisas que lhe
queiram dar no mundo. Ele aceitará tudo isto no céu.
Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta abikú ao mundo pela primeira vez, cada um deles tinha
declarado, ao passar a barreira do céu, o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a
voltar ao céu assim que tivesse visto sua mãe; um outro, iria esperar até o dia em que seus pais
decidissem que ele casasse; um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um
novo filho, um ainda não esperaria mais do que o dia em que começasse a andar.
Outros prometem à iyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade no céu, respectivamente, ficar
no mundo sete dias, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a se
arrastar pelo chão, ou quando começasse a ter dentes ou ficar em pé.
Nossas histórias de ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes
de reter no mundo esses abikú e de lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo
assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo
marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre
eles.
É assim que nessas quatro histórias encontramos oferendas que comportam um tronco de
bananeira acompanhado de diversas outras coisas. Um só dos casos narrados, o terceiro, explica
a razão dessas oferendas:
"Um caçador que estava à espreita, no cruzamento dos caminhos dos abikú, escutou quais eram
as promessas feitas por três abikú quanto à época do seu retorno ao céu."
"Um deles promete que deixará o mundo assim, que o fogo utilizado por sua mãe, para preparar
sua papa de legumes, se apague por falta de combustível. O segundo esperará que o pano que
sua mãe utilizar, para carregá-lo nas costas se rasgue. A terceira esperará, para morrer, o dia em
que seus pais lhe digam que é tempo de ele se casar e ir morar com seu esposo."
"O caçador vai visitar as três mães no momento em que elas estão dando à luz a seus filhos abikú
e aconselha à primeira que não deixe se queimar inteiramente a lenha sob o pote que cozinha os
legumes que ela prepara para seu filho; à segunda que não deixe se rasgar o pano que ela usar
para carregar seu filho nas costas, que utilize um pano de qualidade diferente; ele recomenda,
enfim à terceira, de não especificar, quando chegar a hora, qual será o dia em que sua filha deverá
ir para a casa do seu marido."
As três mães vão, então consultar a sorte, ifá, que lhes recomenda que façam respectivamente as
oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra e de um galo, impedindo, por meio deste
subterfúgio, que os três abikú possam manter seu compromisso. Porque, se a primeira instala um
tronco de bananeira no fogo, destinado a cozinhar a papa do seu filho, antes que ele se apague, o
tronco de bananeira, cheio de seiva e esponjoso, não pode queimar, e o abikú, vendo uma acha de
lenha não consumido pelo fogo, diz que o momento da sua partida ainda não é chegado. A pele de
cabra oferecida pela segunda mãe serve para reforçar o pano que ela usa para levar seu filho nas
costas; a criança abikú não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder manter sua
promessa. Não se sabe bem o porque do oferecimento de um galo, mas a história conta que
quando chegou a hora de dizer à filha já uma moça, que ela deveria ir para casa do seu marido, os
pais não lhe disseram nada e a enviaram bruscamente para a casa dele.
Nossos três abikú não podem mais manter a promessa que fizeram, porque as circunstâncias que
devem anunciar sua partida não se realizaram tais como eles tinham previsto na sua declaração
diante de oníbodé órun. Estes três abikú não vão mais morrer. Eles seguiram um outro caminho.
Comentamos esta história com alguns detalhes porque ilustra bem o mecanismo das oferendas e
de sua função. Não é o seu lado anedolíco (de lenda) que nos interessa aqui, mas a tentativa de
demonstração de que em país yorubá, a sorte (destino) pode ser modificada, numa certa medida,
quando certos segredos são conhecidos.
Entre as oferendas que os retêm aqui, na terra, figuram, em primeiro plano, as plantas litúrgicas.
Cinco delas são citadas nestas histórias:
- Abíríkolo (crotalaria lachnophera, papilolionacaae)
- Agídímagbayin (não identificada)
- Ídí (terminalia ivorensis, combretacae)
- Ijá àgborin (não identificada)
- Lara pupa (ricinus communis - mamona vermelha)
Ainda mais duas plantas são frequentemente utilizadas para reter os abikú e que não figuram
nessas histórias:
- Olobutoje (jatropha curcas, euphorbiaceae)
- Òpá eméré (waltheria americana, sterculiaceae)
A oferta dessas folhas constitui uma espécie de mensagem e é acompanhada por ofó
(encantamentos).
Em país yorubá, os pais, para proteger seus filhos abikú e tentar retê-los no mundo, podem se
dedicar a certas práticas, tais como fazer pequenas incisões nas juntas da criança e aí esfregar
atin (um pó preto feito com ossum, favas e folhas litúrgicas para esse fim) ou ainda ligar à cintura
da criança um ondè, talismã feito desse mesmo pó negro, contido num saquinho de couro.
A ação protetora buscada nas folhas, expressa nas fórmulas de encantamento, é introduzida no
corpo da criança por pequenas incisões e fricções, e a parte do pó preto, contida no saquinho do
ondé, representa uma mensagem não verbal, uma espécie de apoio material e permanente da
mensagem dirigida pelos elementos protetores contra os elementos hostis, sendo essa forma de
expressão menos efêmera do que a palavra.
Em uma outra história, são feitas alusões aos xaorôs, anéis providos de guizos, usados nos
tornozelos pelas crianças abikú, para afastar os companheiros que tentam vir buscá-los no mundo
e lembrar-lhes suas promessas. De fato seus companheiros não aceitam assim tão facilmente a
falta de palavra dos abikú, retidos no mundo pelas oferendas, encantamentos e talismãs
preparados pelos pais, de acordo com o conselho dos babalaôs. Nem sempre essas precauções e
oferendas são suficientes para reter as crianças abikú sobre a terra. Iyájanjàsa é muitas vezes
mais forte. Ela não deixa agir o que as pessoas fazem para os reter e porá tudo a perder o que as
pessoas tiverem preparado. Contra os abikú não há remédios. Yiájanjàsá os atrairá à força para o
céu. Os corpos dos abikú que morrem assim, são frequentemente mutilados. A fim de que, dizem,
eles percam seus atrativos e seus companheiros no céu não queiram brincar com eles sobretudo
para que o espírito do abikú, maltratado deste modo, não deseje mais vir ao mundo.
Essas crianças abikú recebem no seu nascimento, nomes particulares. Alguns desses nomes são
acompanhados de saudações tradicionais. Eles podem ser classificados: quer nomes que
estabeleçam sua condição de abikú; quer nomes que lhes aconselham ou lhe suplicam que
permaneçam no mundo; quer em indicações de que as condições para que o abikú volte não são
favoráveis; quer em promessas de bom tratamento, caso eles fiquem no mundo. A frequência com
que se encontra, em país yorubá, esses nomes em adultos ou velhinhos que gozam de boa saúde,
mostra que muitos abikú ficam no mundo graças, pensam as almas piedosas, a todas essas
precauções, à ação de Òrúnmìlà, e à intervenção dos babalaôs.
ITANS de IFÁ
Estes itens completos são descritos numa edição da revista Afro-Ásia, 14 - 1983, sob o título (A
Sociedade Egbé Òrun dos Àbíkú, as crianças nascem para morrer várias vezes)
As cerimônias para os abikú parecem ser pouco frequentes entre os yorubás, a única assistida por
Pierre Verger, a cerimônia foi feita pela tanyinnon encarregada do culto aos deuses protetores de
uma família tradicional do bairro Houéta. Num canto da peça principal, oito estatuetas de madeira
com 20 centímetros de altura e eram colocadas sobre uma banqueta de barro.
Todos vestidos de panos da mesma qualidade, mostrando pela uniformidade de suas vestimentas,
pertencer a uma mesma sociedade (egbé). Seis destas estatuetas representam ábíkús e as outras
duas ibeji. As oferendas consistiam de oká (pasta de inhame) obèlá (espécie de caruru) èkuru
(feijão moído e cozido nas folhas) eran dindi, eja dindin (carne e peixe fritos) que, depois da prece
da tanyionnon e da oferenda de parte desta comida às estatuetas, foram distribuídas pela
assistência. Uma sacerdotisa de Obatalá assistiu à cerimônia sublinhando as ligações que existem
entre o orixá da criação, as pessoas de corpos mal formados, corcundas, alijados, albinos e
aqueles cujo nascimento é anormal (àbíkú e ibeji).
Portanto ao contrário que muitos falam, nada tem a ver com a criança que já nasce "feita"
no santo.
O legado dos antigos pelas suas crenças, histórias e ritos da sua prática religiosa e cultural, se
adaptam e se aplicam em qualquer tempo, através da sua sabedoria, com muita propriedade.
Em seu tempo, não há referências ao aborto, mas ao contrário, o esforço pela manutenção da vida,
inclusive em quantidade. Pela prática divinatória através do jogo de búzios, nos dias de hoje
identificamos muitos desses abikús, que percebemos em uma segunda instância, muitos são
"criados", passam a existir por ingerência do ser humano através do aborto, é até simples de
entender e ver por uma ótica e lógica astral/espiritual a qual simplesmente não podemos deletá-la
da nossa mente e inteligência, ou na pior das hipóteses; ignorá-la: No instante em que o óvulo é
fecundado pelo espermatozóide, esta nova matéria existente já é provida de alma e espírito, que
os cristãos chamam de "anjo da guarda" e os yorubanos de "orixá" (guardião da cabeça), este
fenômeno consta na teologia Yorubana, na lenda de Ajálá, que será comentada.
Quando da execução do aborto propriamente dito, o ser humano supostamente, exerce o "seu
direito" de eliminar aquele ser; mas somente a parte material, o corpo, por ele criado através do ato
sexual de procriação, matando de forma definitiva o feto. Mas e o que por ele não foi criado, alma e
espírito, onde fica, para onde vai? Esta análise via de regra não é feita ou levada em consideração,
acaso haverá consequencias? Seríssimas, que aqui descrevemos com muita convicção, pautado
nas mais diversas constatações através dos consulentes, por mais de duas décadas, dos sintomas
pós aborto, a presença daquela "figura" que aparece de uma forma genética, oriunda de gerações
passadas, os que são provocados e voltam ainda na mesma geração, e os que voltarão em nossos
descendentes, e da forma mais imprevisível possível. A grande maioria de seres que nascem com
deformidades, doenças graves, mortes prematuras... tem grandes possibilidades de serem abikús
fabricados pelo homem.
Nos dias de hoje, quando morre uma criança ainda nova, há muita possibilidade de ser um abikú
que está voltando ao "céu", bem como persiste a probabilidade de voltar em um próximo filho,
ainda na mesma geração ou na próxima; quando uma criança fica muito doente e corre risco de
vida, pode averiguar na família se já há caso de aborto ou morte prematura, é bem possível.
As reações, mais da mãe que do pai, em caso de aborto, porque muitas vezes o pai não fica
sabendo e não participa da decisão, na sua vida, no seu dia a dia são sintomáticas: desequilíbrio
generalizado, na vida pessoal, no trabalho, em casa, nos estudos, nada dá certo, nada vai bem,
angustia, depressão, pessimismo, falta de ânimo, aparentemente tudo deveria estar bem, mas as
coisas não "vão"; É a influência daquele "ser", que contrariando as leis da natureza foi
"fisicamente" eliminado, o qual fica gravitando num outro plano próximo aos pais, afetando suas
vidas com estes sintomas.
Até mesmo por uma questão de justiça, não poderá um abikú que foi "gerado" por uma família,
aparecer em outra, que nada tem a ver com o ato irresponsável de outros, e percebemos que uma
criança que já nasce deformada de alguma forma, ou uma doença grave com morte, quem sofre
realmente na sua plenitude são os pais, porque a dor interna é maior que a dor física, a criança já
nasceu daquela forma, para ela que não sentiu e não sabe ser saudável, não percebe e não
imagina como se sente alguém normal, portanto a sua dor ou problemas, para si é normal.
Esta situação pode e deve ser tratada no seu campo espiritual, os antigos nos legaram
instrumentos dentro da religião yorubá, para fazê-lo, através de ebós e oferendas específicas, que
se vale do mesmo princípio aplicado nos países yorubanos, quer seja: "enganar" os abikús; Muito
se pode melhorar e modificar, evidente que em alguns casos é irreversível após o nascimento, mas
se detectado ou informado o babalorixá ou yialorixá competente, pelo que foi descrito, a mãe que
poderia vir a ter um filho abikú, por meio desses ebós e oferendas pode-se evitar a vinda de um ser
deformado ou com problemas sérios, que na realidade, nada mais é que um "retorno sob forma de
castigo" de atos nossos ou de gerações passadas, de um processo que nunca foi tratado ou
interrompido.
Desta forma vê-se que o aborto é uma situação que transcende a ingerência das pessoas, pois é
algo ligado diretamente à natureza, e consequentemente ao Seu Criador, modifica-se ou escapa da
lei dos homens, mas não à Divina. Este é um fato porque nenhuma religião da terra permite o
aborto.
O candomblé é iniciado com o sire dos orixás, nesta hora nenhum orixá vem ao aiye, ou seja, não
toma a cabeça dos seus noviços, pois esta parte, sire, serve apenas para acordar os orixás,
avisando que estaremos evocando suas presenças aqui no aiye. Sire tem a equivalência em
português do verbo brincar, nesta página veremos as cantigas cantadas e a ordem com que
cantamos para cada orixá.
Aqui coloquei as cantigas do Orixá Exu, porém este não é evocado em casas de ketu , Jeje ou
efon sendo apenas cantado na Nação Angola, este é evocado na cerimônia que antecipa todo o
toque chamado Ipade, este é feito antes da assistência chegar ao Candomblé. Visitando o link dos
orixás, na lenda de Exu, desta página, teremos mais ou menos uma explicação do porquê.
Nesta mesma página eu fiz um pequeno resumo do que vem a ser a Cerimônia do Ipade, este se
encontra na parte CERIMÔNIAS.
Existem duas formas de se “rodar” o padê ou despachar Exu, como se costumam dizer o Pade,
durante o dia para qualquer cerimônia e ao pôr do Sol nos Axexes.
Obs.: na minha casa eu evito de usar o termo DESPACHAR EXU, pois acredito que Exu não se
despacha, apenas colocamos Ojixé (mensageiro) no caminho para que Orun seja avisado.
ESÚ
EGBA KOSE
EGBARABO AGO MOJUBA RA
E MODÉ KO E KO
EGBARABO AGO MOJUBA RA
LÊ GBALE ESU LONA
1. GBARA UM BE BE
TIRIRI LONA
ESÚ TIRIRI
GBARA UM BE BE
TIRIRI LONA
ESÚ TIRIRI
1. ELEGBARA (BIS
ESÚ AJO
A MA MA
KE O ELEGBARA
ESÚ AJO
A MA MA
KE O LAROYE
1. ESÚ SOROKE
ODARÁ ODARÁ
BABA EBÓ
1. ESÚ OO
ESÚ OLONA
MOFORI GBALE
ESÚ O
1. GBARA LOJI KI
ESÚ LOBI WÁ
ARA E E
1. SON SON OBÉ
LE LE LAGIRI
AJÊ MA NA
LÊ LÊ LAGIRI
FIRO OFE NA
FENA JÔ
LAGIRI
1. ORISA PA TA
AGO NILE
AGO NILE MOFORI GBALÉ
1. GBARA LOJU GBARA
LOJU GBARA
ARA LEGBE
1. OGÓ RUN GÓ
RUN GO
LAROYE
OGUN
E UN JOJO
AWA SIRE OGUN
E UN JOJO E UN JEJE
1. OGUN NITA EREWE
OXOSSE
E UN OFA AKUERÃ
1. E OSI BODE E OSI BODE
OMOLU
DAGO LELE
DAGOLUNA KEWA SAWORO
DAGO LELE
1. OMOLU A FARA E E
E LOBI WARE
TORI BOMI
JAN PEPE
1. ORI JENA PABA
OSI E TO BO WALE
ORI JENA PABA
OSI E TO BO WALE O
OSSÃE
1. ABEBE NI BO WA
ABEBE NI BO
E ABEBE
ABEBE NI BO WA
ABEBE NI BO
1. ATA KORO OJU EWE
ODO RO DUN
PEREGUN ALASO TITUN
1. MONJA EWE PE MOSO ARAWO
OSUMARE
LESE KOMAFO
SA HOHO
LESE ORISA
LESE KOMAFO
SA HOHO
1. OSUMARE LOKUERE
OLOKUERE OLOKUERE
1. OSUMARE SE LUNBÓ
SE LUNBÓ
O SE LUNBÓ
1. ALAKORO LE IN NI
WALA KORO LE IN O
NANÃ
OLU OBO
NANA IYO
IBI NANA IYO
OLU OBO
NANA IYO
1. A IN ALA ORE
A IKU DO LOSE
A IN ALA URE
A IKU DO LOSE
1. O KOLODO SI SA LEJUA
ARI KU MA ORE
O KOLODO SI SA LEJUA
ARI KU MA ORE
1. SA LAWAJO
OLUWO KU KEWAJO
SA LAWAJO
OLUWO KU KEWAJO
OLOORE
OSUN
1. YEYE YEYE YE O
ORO MIUWA
NU ASE TORI EFON
INSE KOJU IYABA O
ORO MIUWA
NU ASE TORI EFON
1. A MU IYAN MU IYAN
OJARE
ELEMOSO TORI EFON
1. OMI FA WERE
OSUN FARA JA
AKA MURELE
OSUN FARA JA
1. IYAWO OMIIBU
OBÁ
OFÁ WERE
E NU WERE
OFÁ WERE
IYEWÁ
IYEWA IYEWA
IYEWA IYEWA MA AJO
IYEWA IYEWA
MA O MA O LESE
IYEWA IYEWA MA AJO
IYEWA IYEWA
1. IYEWA NI FA TOTO LO BEWA E
AWA MASA
AMU RE LE O
1. IYEWA IYEWA ONI OFERE
SE KE SE NIN
IYEWA IYEWA IJO IYEWA
SE KE SE DAN
OYÁ
DO MU NHÃ NHÃ
DA NI APADA DO L'OYA O
DO MU NHÃ NHÃ
DA NI APADA O DO L'OYA
1. DA NI APO
DA NI APO FARA JO
1. OYA MI TO LE L'OYA
OYA MI TO KE L'OYA
ORISA WERE WE
OYA MI TO KE L'OYA O
LOGUN
1. E AKOFA E AKOFA
LOGUN O E AKOFA
IJO IJO LOGUN O
E AKOFA
LOGUN EDE E AKOFA
A IBAYN E AKOFA
1. E E E E E LOGUN BELE KOKE
NITA EWE SE
FARA LOGUN
NITA EWE SE
AYRÁ
AYRA AYRA
1. OMONILE AYRA OMONILE
OREGEDE
AYRÁ A EBORA PÁ
A EBORÁ
AYRÁ O AJA UNSI PÁ
AJA UNSI
IYEMANJA
1. MARELE MARABODO
SA RENA
A OIYO KARABODO
SA RENA E E
ONI A ARA E
MARELE MARABODO
SA RENA
1. ARABO LAIYO
ERESE
OSI E IYEMANJA
IYABA LODE
ERESE A OIYO
OLOFIN ASA WERE O
1. ORO LA MI O
ORO LA MI SASA
1. A IYEMAJA ORI O
RI LÉ
IYEMANJÁ
SANGO
OBERIO MA
OBANISA RE LOKE ODO
OBAKOSO AYO
1. AINA INA A INA MA
INA INA
OBAKOSO
1. OBAKOSO ARAE
A INA INA
OBAKOSO ARAE
1. OBAKOSO E
MOJUBÁ
E LOSI
BAIYA MI
SERE A LADO
E MOJUBÁ
E LOSI BAIYA MI
OSALÁ
1. BABA DURODE
1. E KEWA JÁ
BABA OJE O
ABUKÉ KEWA JÁ
BABA OJE
E BERE IKO
KEWA JÁ
BABA OJE
1. ASO FUNFUN GO IYA PI
ALA OSU
OSU KEKERE ILE
AGO ALA
ALA OSU
BABA DURODE
Roda de Òsún
Oxum é a deusa dos rios, senhora do amor. Duas rodas do candomblé são as mais conhecidas A
Roda de Xangô e A Roda de Oxum. Nesta página falaremos da Roda de Oxum e logo estarei
postando a roda de Xangô.
Como toda Roda de orixá, a sequência deve ser seguida sem erros, pois, na verdade, a sequência
conta um trajetória daquele orixá.
Aribe dé o
Omi ro
Ara awa
Aribe dé o
Omi ro
Ara awa
Aribe dé o
Omi ro
Ori dé ko mo l´orun
Omi ro
Ara awa
Omi ro
Aribe dé o
• Igbá awo
Igbá si osun a rewà
Igbá awo
Igbá si osun a rewá
Àwa sìn é ki igbá rewà rewà
Igbá awo igbá si Osun arewà
• Ye ye omi bio
Ye ye omi bio
Ikan isolá
Waro waro
Opará omi oo
• Kare ri de
Asé ni layo
Kare ri de
Asé ni layo
Arawa omi jé jé
Kare ri de
Asé ni layó
• Ma bo Iyá
Iyá bo Iyá
Ma bo Iyá
Iyá bo Iyá
Omi jé jé Ominibú
Ma bo Iyá
Iyá bo Iyá
• Asé mo rewá
Asé mo rewá
Asé omi Olosun
Asé mo rewá
Asé omi Ypondá
Asé mo rewá
Asé mo rewá
Asé mo rewá
Asé omi Olosun
Asé mo rewá
Asé omi Opará
• Ekio ekio
Ori yeye
Ekio
Ori yeye
Ekio
• Kotá alafia
Kotá alafia
Olorun sire male
Kotá alafiá
Olorun sire male
Kotá alafiá
• Iyá ki Eledumare
Iyá ki Eledumare
Oni mó je okan
Oni bó jó
Iyá ki Eledumare
Oni mó jé okan
Oni bó jó
• O ni Iya beere, O ni Iya beere o
O ni Iya beere o, o ní Iyá bè l´òpò Omo
Osun a dé Omo wa
Usada em toda cerimônia, a folha desempenha um papel muito importante em todos os rituais.
Essa também é tão importante quanto um animal para que se faça algo, como exemplo cito que,
existe não só uma, mas quatro qualidades de sangues:
O sangue branco
Animal:
O sangue vermelho
Animal: sangue (eje) humano ou animal, esse o mais conhecido por nós, pois toda vez que
pensamos em eje, temo-no como se fosse o único.
O sangue preto
Vegetal: o sumo escuro de certos vegetais, neste caso o mais usado é o WAJI
Para ser retirada da natureza, é importante que se observe toda uma cerimônia para ossâe.
Existe uma cantiga muito conhecida de Ossãe que nos fala dessa responsabilidade.
Letra em yorubá:
pé àní tô pé.
Pronúncia em português:
Tradução:
Pegue a folha com gentileza, demore bastante, pegue bastante demorado (com carinho) esforce-
se tenazmente e a folha lhe será dada com alegria.
EXU
Odun-dun..................................................... Folha-da-costa
Orim-rim..................................................... Alfavaquinha
Labre ...........................................................Tiririca
Kanan...........................................................kanan
OGUN
Ìróko ............................................................Folha-de-loko
Teterégún ....................................................Canela-de-macaco
Monam ........................................................Parietária
Aferê ...........................................................Mutamba
Piperégún Nativo
Obô..............................................................Rama de leite
Eregê...........................................................Erva-tostão, graminha
Ibin .............................................................Folha-de-bicho
Afoman ......................................................Erva-de-passarinho
Omun .........................................................Bredo
Orin-rin....................................................... Alfavaquinha
Já................................................................ Capeba
OXOSSI
OSSÃE
OBALUAÊ
OXUMARE
XANGO
Aferé................................................................................... Mutamba
OYA
Eregê............................................................................... Erva-tostão
Já .................................................................................... Capeba
Piperégún ........................................................................Nativo
Bala......................................................................................... Taioba
Jamim..................................................................................... Cajá
OXUM
Orim-rim................................................................... Alfavaquinha
Já ............................................................................. Capeba
Jamin........................................................................ Cajá
Aferé.......................................................................... Mutamba
YEMANJÁ
Orim-rim................................................................. Alfavaquinha
Já ........................................................................... Capeba
OXALÁ
Jacomijé................................................................ Jarrinha
Monam ..............................................................Parietária
Jamim ...............................................................Cajá
Aferê .................................................................Mutamba
Omim-ibá-ojú.....................................................Folha de leite
O Candomblé e a Umbanda
Não há semelhança. A começar pelas origens, o Candomblé é uma religião africana que existe
desde os tempos mais remotos daquele continente, que é o berço da terra, de forma que se funde
sua origem com os primeiros contatos de pessoas que lá chegaram, existem citações na teologia
africana que Odudúwa era Nimrod, o conquistador caldeu primo de Abraão e neto de Caim, que foi
designado por Olodumarè para levar a remissão e a palavra de Olurún (Deus) aos filhos de Caim
que, amaldiçoados, viviam na África. Este fato data de 1850 A.C., sendo que Caim pode ter vivido
entre 2100 a 2300 A.C. - Oranian , neto de Odudúwa , viveu em 1500 e seu filho Xangô por volta
de 1400.
As coincidências existentes nos rituais africanos, como a Kaballah hebraica, são imensas, e vem
provar a tese da estreita ligação entre Abraão, pai dos semitas, e Odudúwa, (Nimrod) pai dos
africanos. Isso pode ser constatado no relacionamento existente entre o símbolo de um elemental
africano chamado Dan a serpente, e uma das 12 tribos de Israel, cujo nome é Dan, e seu símbolo,
a serpente telúrica.
Citação que faremos adiante na Teologia Yorubana que fala da criação da terra. De uma forma
básica, no Candomblé não existem "incorporações" de espíritos, pois os orixás, de quem sentimos
força e vibrações, são energias puras da natureza, que não passaram pela vida, ou seja não são
"entidades", mas elementais puros da natureza, criados por Olorún.
A Umbanda por sua vez, sem qualquer demérito a quem a pratica, pois se levada de uma forma
séria e consciente tem seu mérito, valor e aplicação, é uma religião brasileira, que advém do
sincretismo católico-fetichista, necessário em uma época de grande repressão das religiões
africanas, em que era proibido o culto dos orixás na sua forma de origem, e esta adaptação se fez
necessária, a partir desta premissa, a Umbanda começou tomar corpo, com algum conhecimento
de alguns africanos no trato com seus ancestrais, que era comum a "incorporação" de algum ente
falecido, por um elégún (aquele que é montado por) por motivos familiares.
É muito comum nos dias de hoje, Ilês que praticam Candomblé e Umbanda, porém em dias,
horários e formas diferenciados, mas é uma atitude não compactuada, bem como a utilização do
sincretismo com os santos católicos, pelas tradicionais Casas de Candomblé cujas raízes foram
plantadas no Nordeste do país, mais precisamente em Pernambuco e na Bahia. A Umbanda por
sua vez, a consulta é feita através de um médium "incorporado", e os "trabalhos" pelo espírito ali
incorporado com seus elementos rituais.
Iniciação no Candomblé
As cerimônias são alegres, coloridas, embaladas pelo som dos tambores nos quatro cantos do
mundo, agregando pessoas de todas as camadas sociais; contudo, o aprendizado ritual e filosófico
requer estudos sérios e contínuos, que acompanharão o iniciado pela vida afora.
Que mistérios são esse, ocultos em meio a lendas e ensinamentos de sabedoria ancestral? O que
na verdade leva pessoas às mais diferentes tradições afro-descendentes, em busca da iniciação?
I - 1 - O que é Iniciação
Iniciar-se (popularmente no Brasil diz-se "fazer santo") é possibilitar através de rituais próprios que
o lado divino da criatura transpareça; é libertar o Deus Interior que existe em cada ser humano,
permitindo-lhe vir a tona e provocar impulso irresistível capaz de conduzir a individualidade à
realização pessoal, estabelecendo dessa maneira a mais perfeita comunhão possível com o
Universo, com a Natureza, com o Criador, enfim, com a própria Vida, em seu pulsar infinito.
Corpo físico, mente e alma são ritualisticamente preparados para componentes da manifestação
divina. Condições propícias são estabelecidas para que a memória ancestral possa florescer nos
recessos do inconsciente, produzindo muitas vezes o transe, em suas mais variadas formas e
também variados graus.
"Fazer santo" é nascer de novo, renascer como indivíduo mais forte, completo, potencialmente
seguro, com melhores condições para, ao abandonar medos, traumas ou bloqueios, lançar-se
inteiro na busca da realização pessoal.
Desde sua origem o ser humano anseia pelo encontro com o Infinito. Essa busca incansável
frequentemente provoca verdadeiras batalhas que são travadas no interior do indivíduo,
acompanhadas por sentimentos de angústia, ansiedade, inconformismo ou até mesmo desespero
frente ao desconhecido ou ao irremediável: as fatalidades e incertezas do amanhã, o ciclo da vida,
a morte. Todo esse processo destina-se a criação de ambiente propício ao tão sonhado encontro.
A história da humanidade espelha essa incansável busca de respostas aos enigmas da vida: Quem
sou eu? De onde venho? Para onde vou? A felicidade é perseguida por todos, sendo muitas vezes
um desejo alimentado pela incerteza: "Quero ser feliz, mas não sei bem o que é felicidade".
Há milhares de anos, o nativo do continente africano já tinha os mesmos anseios: conhecer seu
Deus, os mistérios do Universo, a origem da Vida. Olodumárè (o Criador), em sua Graça e Poder
infinitos, permitiu-lhes conhecer a sabedoria do IFA (a revelação): a Criação do Universo e dos
seres humanos, os princípios que regulam as relações entre Ilú Aiyé (a Terra) o Orún (mundo
espiritual) e o conhecimento dos Òrìsa, divindades partícipes da Criação e intermediárias entre
Deus (Olodumárè) e os homens.
Desenvolveram-se rituais iniciáticos para os mistérios dos Òrìsà, como forma de realizar o sagrado
em si mesmo, ou seja, permitir que o Deus Interior, na figura de um ancestral divino, desperte em
cada indivíduo e estabeleça a ponte com o Cosmos, tão necessária à realização pessoal,
tornando-o assim capaz de fazer escolhas mais acertadas e consequentes em relação à vida e aos
semelhantes, na construção da própria felicidade.
A compreensão clara de que destino é possibilidade e não fatalidade é a base dessa realização. O
conhecimento das forças que regem o Universo e a Vida nas suas mais variadas formas e meios
de manifestação, bem como dos princípios que regulam essa interação é o caminho da Iniciação.
Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas; finalmente, existem
aqueles que simplesmente são tocados pelo Òrìsà, nos recessos da própria alma.
Muitos são descendentes de africanos, mas não é regra. Na África o culto está realmente ligado às
famílias, mas no Brasil, principalmente a miscigenação, trouxe para toda a população a
denominação afro-descendente.
A iniciação (feitura) propriamente dita acontece num período de reclusão que varia de sete a
dezessete dias (embora alguns lugares adotem 21). Essa reclusão (recolhimento) ocorre nos
Templos Religiosos conhecidos como Casas de Candomblé, em aposentos próprios para tal
finalidade. Esse período é comparável a gestação na barriga da mãe; nesse aspecto, o aposento
sagrado representa o ventre da própria mãe natureza. O neófito aprende os mistérios básicos das
divindades e da Criação; os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da
família religiosa (hierarquia sacerdotal); as formas adequadas de comportamento nas cerimônias
públicas e restritas. Conhecimentos acerca de seu próprio Òrìsà lhe são ministrados: a maneira
adequada de cultuá-lo, suas proibições (ewò), as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios
que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação harmoniosa com a
divindade pessoal.
O Destino é dado a cada ser na forma de possibilidade, nunca como fatalidade. Desse modo,
quem antes de voltar ao mundo escolheu por exemplo ser médico, ao renascer na Terra encontrará
em seu caminho situações que o direcionem para essa profissão. Entretanto, isto não quer dizer
que necessariamente venha a exercer a medicina. Ele pode a qualquer tempo mudar os rumos da
própria vida através do exercício do livre-arbítrio (o que, aliás, é um conceito universal).
Cada qual constrói a própria história. Ocorre muitas vezes a pessoa acabar fazendo escolhas
erradas e sofrendo consequências desastrosas. Pode ser fruto de um destino ruim, que exigirá
tempo e determinação para ser superado. A dor transforma-se em companheira constante. Ligam-
se a tudo isso os problemas do dia a dia (para não mencionar a situação difícil da sociedade
contemporânea); o conjunto acaba provocando sentimentos de impotência frente aos obstáculos e
encruzilhadas da vida, ou simplesmente solidão, carência de aconchego, de orientação, de
coragem. Carência de fé.
O Òrìsà pessoal, nesse particular, pode influenciar e muito, prevenindo ou mesmo remediando tais
situações, conferindo força e equilíbrio ao seu tutelado, restaurando-lhe as energias, estendendo-
lhe proteção e orientando-o quanto ao melhor caminho a seguir.
Mas o indivíduo deve permitir que o Òrìsà atue de modo construtivo na sua própria vida. Òrìsà não
representa problema no caminho de ninguém - pode significar a solução. Através do seu apoio
divino o ser humano pode criar condições para vencer as barreiras internas e externas para a
construção de um futuro melhor.
II. - Òrìsà
Etimologicamente ORI = Cabeça e SA = Guardião. ÒRÌSÀ, guardião da cabeça. Por extensão
protetor, ou mesmo anjo guardião.
Os Òrìsà foram criados por Olodumaré (o Supremo Bem) juntamente com o Universo, assumindo
papéis específicos em todo processo da Criação, manutenção e administração desse mesmo
Universo. Representam também categorias espirituais que personificam fenômenos naturais ou
geográficos como fogo, ar, terra, montanhas, rios, árvores, minerais etc.
Outro aspecto essencial para maior compreensão do termo está no processo de divinização de
personagens históricos que contribuíram de forma admirável para a construção da civilização
Iorubá, tais como reis, heróis, guerreiros, fundadores de cidades ou dinastias etc. Por seus feitos,
ou por dominarem elementos da natureza, tais personagens perderam suas características
humanas, transformando-se em Òrìsà.
Òrìsà é a energia presente de forma diferenciada em cada fenômeno da natureza, assim como nos
seres humanos. Òrìsà é a energia pura que emana de cada ser.
O conjunto que compõe a individualidade permanece coeso enquanto Olodumaré permitir; após
isso seus componentes são dissociados, retornando à fonte comum.
A trindade sagrado dos Iorubá é composta por Olodumaré (Deus Todo Poderoso), Orunmila
(chamado a Testemunha do Destino, por estar presente no momento em que o indivíduo escolhe
uma nova existência) e Òrìsà Nla (Orisalá), que ajudou Olodumaré na criação dos seres humanos.
Os três representam a essência de todas as coisas. Olodumaré não necessita de culto específico,
pois tudo que existe e tudo o que é praticado ocorre através Dele mesmo, em Seu nome e em Sua
Honra. A literatura sagrada do Ifa diz: "Quem é suficientemente bom para fazer oferendas para
Olodumaré?"
É também através do Ifa que o Òrìsà pessoal é revelado. No Brasil, particularmente o Merindilogun
(jogo de búzios) é a forma oracular mais utilizada com essa finalidade.
Entretanto Orunmila, em sua infinita Sabedoria e Onisciência, comunica-se com os seres humanos
pelos mais variados meios: sonhos, visões, intuições, coincidências peculiares (sincronismos); às
vezes até uma palavra ou conselho que vem por intermédio de outra pessoa pode estar trazendo
importante mensagem de Orunmila.
Existem formas distintas de render culto aos Òrìsà, que variam de situação para situação, Nação
para Nação, Família para Família, de Templo para Templo e até mesmo de pessoa para pessoa.
Entretanto, a forma mais tradicional diz respeito à iniciação. No Brasil o processo iniciático implica
em cerimônias complementares feitas periodicamente, denominadas Renovações ou Obrigações,
propiciando assim um culto metódico e equilibrado, percebido socialmente nos meios religiosos
como correto e adequado.
É importante frisar que tais cerimônias de consagração, assim como as iniciações e obrigações
posteriores, só podem ser realizadas por sacerdotes convenientemente preparados para ministrá-
las e que tenham, por sua vez, cumprido regularmente suas próprias obrigações religiosas.
Outra forma de realização através do sagrado é o método de "alimentar a cabeça" (Bori), já que Ori
representa a sede da alma e o repositório do destino individual. Em tais cerimônias o Ori é tratado
como verdadeira divindade, visando o equilíbrio e harmonia da criatura. Os Òrìsà invocados
durante o ritual de Borí são Iemanjá - a mãe das cabeças, e Osalá - considerado o pai da
humanidade.
Cultuar os Òrìsà é expressar a própria fé. O ser humano, através do contato com seus
semelhantes ao redor de crenças comuns, nos momentos de adoração, sente-se fortalecido,
alinhado com a Ordem das Coisas, partícipe da Vida e em sintonia com ela.
III. - Candomblé
África. Comprovadamente o berço da humanidade por ter sido encontrado naquele continente o
mais antigo fóssil humano. A religião dos Òrìsà originou-se em solo africano num período de quatro
a seis mil anos atrás.
Brasil. Dia 22 de abril de 1500. Descobrindo uma nova terra de dimensões continentais, o
colonizador europeu tratou logo de explorá-la. A partir de 1540 aportaram neste país contingentes
de seres humanos reduzidos a mísera condição de escravos, agressão sofrida por todo um povo e
tratada retoricamente por pesquisadores pelo termo "diáspora".
Homens e mulheres que trouxeram consigo suas tradições religiosas milenares. Negros de
diferentes etnias e crenças foram colocados juntos na mesma senzala, passando a conviver em
situações muitas vezes precárias, tendo que abandonar antigas rixas coletivas ou individuais, por
força das circunstâncias. Senhores de escravos, apostando na manutenção das antigas diferenças
como fator de desagregação (até porque muitas vezes diziam respeito a questões de guerras
tribais), permitiam que os negros se reagrupassem de acordo com suas origens étnicas para cantar
e dançar, em suas línguas nativas, acreditando assim desestimular quaisquer tipos de associações
que possibilitassem fugas ou levantes.
Mas a desgraça comum acabou por unir os povos escravos através da solidariedade. Inimigos
históricos deixaram de lado suas diferenças. Surgiram as primeiras trocas de informações
comparando divindades e suas maneiras de culto, através de semelhanças e desigualdades. Para
propiciar a continuidade de suas crenças, adaptações fizeram-se necessárias. Surgiram as
primeiras alforrias, a princípio amparadas em Lei que garantia ao escravo a liberdade desde que
conseguisse restituir ao senhor a quantia que havia lhe custado.
Mulheres escravas dos grupamentos urbanos tinham melhores condições para juntar o dinheiro
necessário; faziam quitutes que eram vendidos ou prestavam serviços que eram remunerados. Por
sua vez a Igreja, que havia fechado os olhos para a escravatura adotou um papel evangelizador
em relação aos negros, que passaram a ter alma. Nasciam assim as primeiras irmandades de
escravos (as), como por exemplo a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, existente até hoje.
Essas confrarias arrecadavam fundos para alforriar negros.
Três princesas africanas, dentro desse processo e à sombra da Igreja, fundaram o 1º Candomblé
do Brasil em Salvador (BA), há mais de quatrocentos anos atrás, conhecido com "Engenho Velho".
As cerimônias eram feitas ao ar livre, onde escravos cantavam e dançavam em louvor às suas
divindades. Tais reuniões eram chamadas de kan-Dom-b-le, palavra kibundo (originou o termo
candomblé), que significa festa ou reunião de negros.
As trocas culturais foram sendo paulatinamente assimiladas por todos e mesmo mais tarde,
quando puderam reorganizar-se em grandes grupos pela etnia de origem já não era possível
separar adequadamente os rituais, preceitos e muitas palavras utilizadas dentro das cerimônias
religiosas.
Grupos de cultura mais aparelhada ou simplesmente maior contigente humano passaram a exercer
influência dominante. Chamamos essa divisão pelo termo "Nação". Assim temos, de influência
notadamente Iorubá a Nação Ketu; de influência Ewe-Fon a Nação Gêge; de influência Banto, a
Nação Angola etc.
Importante notar que mais atualmente observa-se a importação direta da África de formas de culto
e valores religiosos, restabelecendo o contato com a religião tradicional dos Òrìsà.
Grupos dividiram-se em Nações, Nações dividiram-se novamente, originando as Famílias de Ase,
verdadeiros Clãs religiosos. Como exemplo temos a Casa Branca, o Gantois, o Opo-Afonja, a Casa
de Osumarè, pertencentes a Nação Ketu e sediados em Salvador (BA).
Famílias geraram descendentes (ramificações) que fundaram novas casas por todo território
nacional, notadamente Rio de Janeiro e São Paulo. São Bábàlorisa e Iyálorisa filhos, netos,
bisnetos e tataranetos das casas matrizes.
Houve também grupos que radicaram-se em outras regiões do território nacional, como o
Maranhão (Tambor de Mina) e o Rio Grande do Sul (Batuque).
Todo iniciado tem Pai ou Mãe espirituais; por sua vez, esse Pai ou essa Mãe também possui um
iniciador (sacerdote ou zelador) ou iniciadora (idem) e assim, sucessivamente, até chegar-se à raiz
da Família, isto é, à Casa Matriz: a raiz do Asè.
Ninguém se faz sozinho, ou muito menos "já nasce feito". Todos precisam transpor os portais da
iniciação (feitura), levados pelas mãos de um iniciador ou iniciadora (pai ou mãe espirituais), para
fazer parte integral da organização religiosa e social do Candomblé.
Cada Elegun (iniciado) deve conhecer suas raízes, para poder valorizá-las e também ser
valorizado. Dar conhecimento da formação genealógica da Família espiritual é obrigação de todo
sacerdote para com seus filhos espirituais.
Essa foi a herança cultural e religiosa recebida pelos afro-descendentes. Nasceu uma religião
original, verdadeiramente brasileira, perfeitamente integrada à nova terra.
África continua sendo o berço da religião tradicional dos Òrìsà; Brasil e outros lugares do mundo, a
sua continuidade, como se constituíssem o tronco e ramos de uma mesma árvore.
Degraus da Iniciação
A estrutura social do candomblé lembra as famílias antigas, matriarcais ou patriarcais. Existe toda
uma escala de valores relativamente às tarefas desempenhadas na comunidade, sendo que os
indivíduos (membros) poderão ou não galgar posições de maior status ou responsabilidade,
baseando-se em fatores diversos, notadamente a antiguidade.
ABIYAN = aspirante, aquele que embora frequente a casa, ainda não recebeu os sacramentos da
iniciação.
IYAWO = termo utilizados relativamente aos iniciados passíveis de ocorrer o fenômeno chamado
transe. Primeiro degrau da hierarquia religiosa, esse estágio estende-se por no mínimo sete anos,
apresentando graduações: Odu Ora- iyawo que realizou obrigação de 1 ano; Osu Meta - iyawo que
realizou obrigação de três anos. Algumas casas também demarcam a obrigação de 5 anos -Odu
Keta.
EGBON = iniciado que completou a obrigação de sete anos. Essa obrigação representa a
maioridade dentro da hierarquia religiosa.
OLOYE = aquele que possui Oye (cargo); iniciado com mais de sete anos (Egbon) que recebeu
funções de comando ou responsabilidade (Oye) dentro da própria Casa ou Família de Ase. Tais
funções são equivalentes aos antigos cargos tribais. Obs: o termo aplica-se também a Ogã e
Ekedi, sendo que nesse, caso, muitas vezes o Oye é atribuído já na iniciação.
OGÃ/ EKEDI = cargos civis dentro da hierarquia. A particularidade é que são homens (ogã) e
mulheres (ekedi) não passíveis de transe. São Oloye, sendo comum receberem suas
responsabilidades específicas (Oye) já no momento da iniciação.
Degraus da Iniciação
O Candomblé possui enorme cabedal de informações que são transmitidas oralmente, o que
dificulta bastante seu aprendizado. Não existem demarcações claras entre um ponto e outro a ser
assimilado, despendendo o iniciado bastante tempo e raciocínio para recompor os ensinamentos
que lhe chegam fragmentada e desordenadamente.
A título de sugestão, fica aqui um roteiro básico, o qual pode ser útil para possibilitar uma trajetória
mais tranquila e harmoniosa pelo postulante nos caminhos da iniciação.
1º Ano da Iniciação: conhecer as raízes do seu Ase; aprender canto e dança rituais; conhecer as
divisões hierárquicas e os Espaços Sagrados da sua própria Casa de Ase.
2° Ano da Iniciação : aprimorar canto e dança; aumentar conhecimentos dos diferentes Òrìsà
cultuados pela Família e pela Casa; culinária ritualística.
3° Ano da Iniciação : aprimorar canto e dança; aprimorar conhecimento dos Òrìsà, especialmente
histórias e lendas (literatura do Ifa); aprimorar cozinha ritual e oferendas votivas.
5° Ano da Iniciação : Incluir aspectos ligados aos Quartos Sagrados e Igba-Òrìsà (assentamentos).
7° Ano da Iniciação : assuntos dos anos anteriores, acrescentando-se a confecção e manuseio dos
apetrechos e materiais sagrados utilizados no Quarto de Òrìsà.
8° Ano da Iniciação em diante : aqui os destinos se dividem. Os Egbon que receberam Oye (cargo
dignatário) terão tarefas específicas a aprender e executar; aqueles poucos destinados a fundar
novas Casas de Ase deverão rever todo o conhecimento adquirido, acrescentando-se o destinado
aos Oloye e os mistérios da Iniciação, Renovações (obrigações) e Asese (ritos funerários).
Importante ter em mente que estudo e dedicação são imprescindíveis a partir do momento da
iniciação, sendo mais necessário adotar-se uma postura real de busca e aprendizado do
conhecimento religioso, do que propriamente um roteiro para fazê-lo.
VI - Apêndice : Oloye
OLOYE = literalmente "aquele que possui ou recebeu um Oye", ou seja, um cargo dignatário.
OYE = cargo dignatário, equivalente aos antigos cargos tribais, necessários à segurança,
organização e manutenção da vida em comunidade.
Cabe aos Oloye esforçarem-se sobremaneira para honrar essa confiança, lembrando-se sempre
de que respeito deve ser conquistado, nunca exigido por simples imposição. O melhor alvitre
continua sendo "respeitar para ser respeitado", seja o Oloye Ogã, Ekedi ou Egbon.
Iyámoro = sacerdotisa responsável pelas cerimônias rituais do Ipadè (invocação aos ancestrais).
Bábàlase ou Iyálase = sacerdote auxiliar direto do Bábàlorisa ou Iyálorisa. Responsável pelo Ase.
Iyáoloye = semelhante a Iyáomoniye. Possui também atribuições específicas relativas aos Oloye.
Candomblé = religião brasileira, de origem africana, que cultua as forças da natureza divinizadas
(Òrìsà) e os antepassados.
Espiritismo = segundo a definição de seu criador Allan Kardec, trata-se de uma "Doutrina filosófica
com consequências religiosas". Surgida na França, no século XVIII; também conhecido como
Kardecismo ou popularmente "mesa branca".
Pontos comuns dessas três correntes espiritualistas : a crença num Deus único, existência de vida
extra-corpórea (vida espiritual) e possibilidade de retorno a vida material (reencarnação).
Os Animais
Adié = galinha.
Malu = boi.
Aban-malu = vaca.
Akokorô = galo.
Patapá = burro.
Agutan = ovelha.
Euré = cabra.
Taleu-taleu = peru.
Adjiniju = elefante.
Koji = leão.
Zamba = elefante.
Abô-agutam = ovelha.
Oguri = peixe.
Eiyele = pombo.
Alodé = periquito.
DO CORPO HUMANO
Ará = corpo.
Ory = cabeça.
Ipakó = nuca.
Etu = orelha.
Imum = nariz.
Iban = queixo.
Irun = cabelo.
Efin = dente
Eeté = lábios.
Apá = braço.
Qué = mão.
Itankó = coxas.
Idi-cu = ânus.
Éepã = testículo.
Ogungum = osso.
Enum = boca.
Ejé = Sangue.
Okan = coração.
Eigiká = ombros.
Obó = nádegas.
Akô = macho.
Abam = fêmea.
Mulembu = dedo.
Rivenum = barriga.
UTENSÍLIOS
Ilê = casa.
Jajá = esteira.
Egui = carvão.
Nlê = teto.
Anda = rede.
Tainguém = mesa.
Jará = quarto.
Aputi = banco.
Ilê-ageun = cozinha.
Cumbaú = cama.
Idiôçu = cadeira.
Ajeké-neulune = fogão.
Ikkô = panela.
Obé = faca.
Oberó = alguidar.
FAMÍLIA
Aua-mete = tio.
Babá = pai.
Bi-egun = viúva.
Okebiã = noivo.
Ya-nla = avó.
Muturi = viúva.
Yá = mãe.
Ikobassu = solteiro.
Oko-Okorim = homem.
Ô-madê = menino.
Tata-mete = primo.
Okuamuri = casado.
VESTUÁRIO
Axó = roupa.
Ubatá = sapato.
Akêtê = chapéu.
Peké-pe'é = chapéu-de-sol.
Abadê = toalha.
BEBIDAS
Omim = água.
Otin-nibé = cerveja.
Oin = mel
-A-
Abébé = leque.
Adê = coroa.
akukó = galo.
Alasê = cozinheira.
Alé = noite.
Apaoká = uma jaqueira que tem esse nome no Axé Opô Afonjá.
Ati = e (conjunção).
Auá = nós.
Anon = eles.
Adupé-lewô-olorun = graças a Deus por ter conservado minha vida e a minha saúde até hoje.
Ayê = céu.
Agô = licença.
Am-nó = o misericordioso.
Akará = bolo feito com feijão fradinho, pimenta, camarão seco e frito no epô.
Abân = coco.
Ajé = sangue.
Ajeun = comida.
Babá = pai.
Babalaô = sacerdote, pai do ministério, aquele que faz consultas através do jogo.
Balué = Banheiro.
Bé = pular, pedir.
Bi = nascer, perguntar.
Bó = adorar
Bô = cobrir.
Bobô = todos.
-D-
Dagô = dê licença.
Dê = chegar.
Durô = esperar.
-E-
Ebé = sociedade.
Eie = pombo.
Ejé = sangue.
Eku = preá.
Êpa = amendoim.
Éran = carne.
Eru = carrego.
Erúkéré = emblema feito com cabelo de animais, usado por Oxossi, Oyá, Egun e pessoas
importantes do culto.
Etu = conquém.
-F-
Filá = gorro.
Fun = dar.
-G-
-I-
Ibá = cuia.
Ibi = aqui.
ibiri = objeto de mão, usado pela orixá Nanã, feito em palha, couro e contas.
Ibô = mato.
Ijexá = nome de uma região da Nigéria e de um toque para orixá Oxum, Oxála e Ogun.
Iku = morte.
Ilê = casa.
Ilé = terra.
Inã = fogo.
Ipeté = inhame cozido, pisado, temperado com camarão seco, sal, azeite de dendê e cebola.
Irê = bondade.
Ixu = inhame.
Iyá = mãe.
Iyabasé = cozinheira.
-J-
Ji = despertar
Jô = dançar.
-K-
-L-
Lara = no corpo.
Lê = forte.
Ló = ir.
Lodô = no rio.
Loná = no caminho.
-M-
Modê = cheguei.
-N-
Nilê = na casa.
-O-
Obitikô = Xangô.
Odô = rio.
Oin = mel.
Oju = rosto.
Ojubó = lugar de adoração.
Okó = marido.
Okunlé = ajoelhar-se.
Olorum = entidade suprema, força maior, que está acima de todos os orixá.
Oluá = senhor.
Olubajé = cerimônia onde Obaluaiyê reparte sua comida com seus filhos e seguidores.
Omi = água.
Onã = caminho.
Ori = cabeça.
Otin = aguardente.
Ouô = dinheiro.
-P-
Pá = matar.
Padê = encontrar.
Pê = chamar.
Peji = altar.
Pelebé = pato.
Pepelê = banco.
-S-
Sarapebé = mensageiro.
Si = para.
Sòrò = falar.
Sun = dormir.
-T-
Tô = suficiente, basta.
-U-
Uá = vir.
Unjé = comida.
Uô = olhar, reparar.
-X-
Xê = fazer.
Xerê = chocalho especial para saudar Xangô, em cabaça com cabo ou em cobre.
Xokotô = calças.
Os negros iorubanos originários da Nigéria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestrais
chamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuam essa tradição
religiosa.
(Revista Planeta n.º 162 - março 86)
Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus
ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois
ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual
pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os
sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami Agbá (minha mãe anciã), mas não são
cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e
representada por Iami Oxorongá, chamada também de Iá Nlá, a grande mãe.
Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é
cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas
detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nas comunidades é tão grande
que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem
de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter,
entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino (veja a lenda sobre Odu).
Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao
culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual
Iami Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado
somente por homens. Tanto Iami quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis
e representam a coletividade, mas o poder de Iami é maior e, portanto, mais controlado, inclusive,
pela Sociedade Oro.
Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades
Egungum". Estas têm como finalidade celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em
suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus
descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esse mortos
surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte,
denominada Egum ou Egungum. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só
os homens possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim
como o de participar diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e
templos com sacerdotes diferentes dos orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que
conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.
No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungum, cujo tronco comum remonta ao tempo da
escravatura: Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da
primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia (veja quadro histórico).
O Egum é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce"
através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé (sacerdotes) munidos de um
instrumento invocatório, um bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três vezes e
acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum
ancestral individualizado está de novo "vivo".
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos orixás, em que o transe
acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungum
simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-
se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas,
que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê
nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa.
Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente -
característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco
marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja lendas de Oyá).
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras
correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egum) sob transe
mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer
tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está entre os vivos, e não se pode negar sua presença,
energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egum.
Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples
esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes - como os ojé
atokun, que invocamm, guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas
atribuições substituindo as mãos pelo ixã.
Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egum (pai), são Eguns que já tiveram os
seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes
sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns mudos e
suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas,
uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o
status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
• o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre
totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas,
formando uma espécie de franjas ao seu redor;
• o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em
sapatos; e
• o banté, que é uma tira de pano especial presa no kafô e individualmente decorada e que
identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e
acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele sacode na direção
da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e
incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico.
Na Nigéria, os Agbá-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais:
uns usam sobre o alabá mascaras esculpidas em madeira chamadas erê egungum; outros, entre
os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o
ixã. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egum, como Babá e Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os
Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em
verdade, são extensas.
Nas festas de Egungum, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis
entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está
clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de
união com o mundo externo.
Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados
que portam o ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar
que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do
espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão,
chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O
ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou ojê agbá
entram.
Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que,
associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojubô-babá, que é um buraco
feito diretamente na terra, rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local.
Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egum a ser
cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de
Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente,
pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja Mitos Oyá-Egum).
No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido diretamente no assentamento, e é neste local
que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A
roupa é preenchida e Egum se torna visível aos olhos humanos.
Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuxã até a porta secundária do salão,
entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram
levados pelas vozes dos ojê, pelo som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de
saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egum). O clima é
realmente perfeito.
O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os
tambores e seus alabê e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais
os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia dos
outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade.
Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente
restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fosse
a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente oiê
(posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas posições de grande relevância causam inveja
à comunidade feminina de fiéis.
São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo
a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente
elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazem uma
roda para dançar e cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas
junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao
transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e
sabem como agradá-los.
Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos de encontro com seus descendentes.
Assistência está separada deste mundo pelos ixã que os amuxã encontram.
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa
Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar
sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na
verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há
também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.
Observação importante:
No Jeje os atabaques são chamados de Run, Runpi e Lé enquanto que na Nação ketu esses são
chamdos de Ilú
O Axé
"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é
neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos."
O elemento mais precioso do Ilê, é a força que assegura a existência dinâmica. É transmitido, deve
ser mantido e desenvolvido, como toda força pode aumentar ou diminuir, essa variação está
relacionada com a atividade e conduta ritual. A conduta está determinada pela escrupulosa
observação dos deveres e obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com
seu ilê. O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.
"O axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a sua conduta ritual -
relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suas obrigações e seu babalorixá."
O "sangue" branco:
a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em especial do igbin -
espécie de caracol -), inan (velas)
b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas extraídas das palmeiras,
yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos,
frutos, raízes...
c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...
O "sangue" preto:
a) do reino animal: cinzas de animais
b) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji (pó azul), carvão
vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos, raízes...
c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra...
Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais em especial) impregnados de axé; o
coração, fígado, pulmões, moela, rim, pés, mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as
raízes, folhas, água de rio, mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta),
ilús (atabaques)...
Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e revitalização do asé. Para que seja
verdadeiramente ativo, deve provir da combinação daqueles elementos que permitam uma
realização determinada. Receber asé , significa, incorporar os elementos simbólicos que
representam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe. Trata-se de incorporar o aiyé e o
orún, o nosso mundo e o além, no sentido de outro plano. O asé de um ilê é um poder de
realização transmitido através de uma combinação que contém representações materiais e
simbólicas do "branco", "vermelho" e "preto", do aiyé e orún. O asé é uma energia que se recebe,
compartilha e distribui, através da prática ritual. É durante a iniciação que o asé do ilê e dos orixás
é "plantado" e transmitido aos iniciados.
A Iyálorixá é ao mesmo tempo iyálasé, zeladora dos ibás (assentos - representação material do
orixá na terra, local específico para receberem suas oferendas, local que se entra em comunhão
com os orixás), tudo relacionado aos orixás, zelar pela preservação do asé que manterá viva e
ativa a vida do ilê.
Vocabulário Kimbundo/Kikongo
Kimbundo e Kikongo são linguas muito parecidas e que são utilizadas ainda nos dias atuais. O
Kimbundo é atualmente o segundo idioma nacional em Angola, é considerado o mais antigo
naquelas regiões. O Kikongo, também muito difundido, provém do Congo, sendo também falado
em Angola, pois as duas línguas guardam semelhanças muito grandes, ao ponto de serem unidas
no Brasil pelos escravos dos dois países. Abaixo coloco algumas palavras:
Abassá - casa.
Abatá - calçado.
Amaci - líquido resultante do suma das ervas socadas ou quinadas, e usadas na cabeça do
iniciado com o fim de prepará-lo para a chegada do inkice.
Azuela - fazer barulho, tocar os atabaques ou bater palmas com o fim de chamar os inkices.
Bamba - valentão.
Calunga - o mar.
Canzuá - casa.
Cufar - morrer.
Curiá - beber.
Dibula - esteira.
Fundanga - pólvora.
Gudiar - comer.
Izala - fome.
Karoke - permissão. Saudação usasdas pelas pessoas que não estão cuidando das muzenzas
antes de lhes dirigir a palavra.
Menga - sangue.
Mukunã - cabelo.
Quendar - ir embora.
Quendé - vaso sanitário.
Taramésso - mesa.
Taramuséco - cama.
Como se sabe, muitas são as formas existentes de culto no Brasil que se utilizam da denominação
Candomblé. Isto se dá pela grande variedade de etnias de negros, que reduzidos a condição de
escravos, chegaram ao nosso país. Cada grupo/etnia que aqui aportou pertencia a locais distintos
na África, tendo assim, costumes e culturas diferenciadas. Assim, portanto, chegaram daometanos,
yorubás, congolenses, angolanos, malês e inúmeros outros grupos, que em terras brasileiras
procuraram manter seus hábitos, sua cultura e também seus ritos religiosos. Daí surgiram as
nações de candomblé, ou seja, a prática do candomblé conforme ritos específicos da origem do
povo praticante, como a nação de Ketu, a nação Jêje, a nação Efon, Angola e Kongo ( atualmente,
estas duas últimas, consideram-se fundidas dada a grande semelhança das prá ticas religiosas e a
proximidade das línguas utilizadas, que são respectivamente, o Kimbundo e o Kikongo). Portanto,
cada nação de candomblé possui características próprias, que a diferencia das demais. Estas
diferenças se encontram na língua utilizada, nas divindades cultuadas, em determinadas práticas
de caráter sigiloso ( fundamento ), no modo de se enxergar determinadas questões, enfim, numa
série de fatores distintivos.
Faço abaixo algumas distinções entre a Nação Angola e outras denominações de candomblé,
como a Nação Jêje e Ketu ( no meu ponto de vista, as mais conhecidas/difundidas ), para um
maior esclarecimento:
Distinguem-se ainda pelo próprio rítimo dos atabaques, pelas denominações que cada nação dá a
estes, ou mesmo pela maneira de tocá-los, assim teremos:
Kongo de Ouro, Barra Vento e Kabula para as tradições Bantu ( Angola e Kongo ), rítimos estes,
obtidos através do toque com as mãos. Sendo denominados, os atabaques, simplesmente de
engomas ou "ngomas"*2.
Ijexá, Igbin, Aguere, Bravum, Opanijé, Alujá, Adahun e Avamunha para as tradições Yorubás e
Daometanas. As denominações dos atabaques para os últimos (Jêjes) são: rum, rumpi e lé (os
atabaques nesta cultura diferem-se das demais até mesmo no formato, pois são acomodados em
suportes na posição horizontal, diferentemente das demais tradições); Para os primeiros
(Yorubás ), os atabaques são chamados genericamente de ilus, sendo tocados com a ajuda de
varetas e não diretamente com as mãos (exceto o Ijexá, que se utiliza também do toque com as
mãos).
Como todos podem ter observado, as diferenças aqui elencadas são superficiais devido ao breve
espaço que disponho, mas creio, já servem de alguma forma de ajuda aos mais leigos. Então,
gostaria que ficasse registrado que as diferenças não se esgotam apenas nesses poucos quesitos,
pois existem inúmeras outras, talvez possa-se até arriscar dizer que existem em maior quantidade
que as semelhanças.
*1Como já disse num parêntese acima, o termo Nação Angola hoje em dia é empregado de forma
a designar não somente o rito Angola, mas também o rito originário do Kongo. Porém, as duas
expressões do candomblé bantu também guardam diferenças, pois enquanto a primeira cultua os
mukixes (termo derivado Kimbundo que designa as divindades cultuadas em Angola, assim como
orixá, vodum e inkice ) a segunda cultua os inkices ( termo derivado do Kikongo ). Acho de estrema
importância salientar este tópico, ainda que em observação, pois poucos sabem estabelecer tal
distinção.
*2 Digo aqui simplesmente engoma ou "ngoma", por ser o mais utilizado nas casas Angola/Kongo,
porém existem denominações específicas para cada atabaque.