A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se - Mark Manson
A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se - Mark Manson
A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se - Mark Manson
Pessoal
INTRODUÇÃO
EVANGELISMO PESSOAL
Todo cristão agindo no contato individual como um ganhador pessoal de vidas para
Cristo.
Cada cristão um embaixador por Cristo — exortando o homem a respeito de sua alma,
na presença de um Deus soberano.
1 Síntese adaptada de Bill Hybels, Série Interação (estudos para pequenos grupos): Evangelização. Editora Vida, 2000.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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— Que semelhanças você percebe entre o sal e a luz, de um lado, e seu papel como evangelizador neste
mundo, do outro?
O chamado para que sejamos como luz e sal pode ser encontrado em muitas passagens da Bíblia. Por
exemplo, em Atos 1:8, Jesus está prestes a voltar ao Pai. Antes de partir, Ele olha seus discípulos e diz,
basicamente, o seguinte: ―De hoje em diante, eu os nomeio minhas testemunhas. Quero que saiam com o poder
consagrador do Espírito Santo e sejam testemunhas poderosas, ungidas pelo Espírito‖. Ele queria que aqueles
homens fossem uma grande influência para o mundo.
Em II Coríntios 5:18-19, Paulo nos diz que recebemos o desafio de ser ministros da reconciliação. Estamos
tentando reconciliar com Deus mulheres e homens perdidos, pela obra de Jesus na cruz. E devemos levar a sério
essa responsabilidade.
Na Grande Comissão, em Mateus 28:19-20, Jesus envia seus discípulos aos quatro cantos da terra. Ele quer
que todo cristão seja um porta-voz do Evangelho, conduza as pessoas à fé, exerça influência máxima, seja pescador
de homens. Em outras palavras, os cristão devem ser o sal e a luz onde quer que estiverem, ou seja, em todo lugar!
Esse modo de vida provoca sede nos outros. Da mesma forma, quando os cristãos são ousados e inovadores
em seu testemunho de Cristo no mundo, eles temperam as coisas, não acha? Quer dizer, eles acrescentam um pouco
de ―molho‖ em um mundo insosso, atrapalham os planos do mal cuidadosamente elaborados, fazem as pessoas
pensarem e reconsiderarem seus valores e crenças.
Ao viver uma vida honrosa diante de Cristo, os crentes tendem a impedir a decadência moral na sociedade
onde vivem. Como luz, iluminamos as coisas que tentam se esconder nas trevas. Quando cristãos plenamente
devotados irradiam a luz de seu Salvador as trevas começam a se dissipar.
— O que você pode fazer para aumentar sua potência como cristão?
Uma equação para a evangelização: AP + EP + CC = IM. O que quer dizer IM? Influência Máxima. Não há
mistério acerca do fato de que Cristo desejava que seus discípulos exercessem influência máxima sobre as pessoas
afastadas da família. O resultado final de uma evangelização eficaz é a influência máxima sobre aqueles que
buscam a verdade espiritual. O que significa AP + EP + CC em relação à nossa condição de sal e luz? AP equivale
a alta potência, EP, a estreita proximidade e CC, a comunicação clara. O que começa a ficar claro nesse texto de
Mateus é a preocupação de Jesus quanto à influência que nossas vidas devem exercer sobre os outros. Para alcançar
a influência máxima (IM), algo muito poderoso (AP) precisa chegar bem perto (EP) do que precisa ser
influenciado. Porém, além de ficarmos próximos (EP), precisamos também comunicar (CC) a mensagem do amor
de Deus. Percebe a equação tomando forma? Jesus disse que, para haver influência máxima (IM), é preciso que
alguém com alta potência (AP) se disponha a permanecer em estreita proximidade (EP) com outro alguém,
comunicando claramente (CC) as Boas Novas. Jesus escolheu as metáforas do sal e da luz porque ambas obedecem
a essa mesma fórmula.
Em Mateus 5:13, Jesus diz que o sal que perdeu seu vigor é inútil, pode causar influência mínima ou
mesmo nenhuma. O sal insosso não provoca muita sede, não dá muito sabor nem impede a decadência moral. Pode
estar extremamente próximo das pessoas, mas se não tem força, é praticamente inútil. Da mesma forma, o sal
verdadeiramente salgado, o sal de máxima concentração, tem todo o potencial de influência do mundo, mas não o
manifesta a não ser quando se aproxima do que está tentando afetar. O segredo é intensificar a concentração do sal
e ao mesmo tempo buscar a máxima proximidade das pessoas que buscam a verdade espiritual.
Do mesmo modo, a luz pode ser fraca ou radiante. Aumentamos nosso brilho quando vivemos na presença
de Deus e anunciamos a sua verdade. A melhor forma de aumentar a potência é passar mais tempo ao lado de
Jesus. Como discípulos, precisamos seguir suas pegadas. Isso significa que precisamos estudar a Palavra de Deus,
conversar com Jesus pela oração, adorar a Deus em Espírito e em verdade e servi-lo com alegria no coração. Se
fizermos isso, nosso grau de potência superará todas as expectativas.
— O que você pode fazer durante uma semana comum para se aproximar mais das pessoas que buscam a
verdade espiritual?
―Se o sal não sair do saleiro e for espalhado sobre alguma coisa, ele não passará de um mero enfeite de
mesa‖.2 Muitos cristãos podem ter alta potência, mas estão ainda dentro do saleiro. Não entram em contato com as
Se os cristãos pretendem realmente ter um grau de potência elevado o bastante para influenciar os outros
com o evangelho, algumas qualidades específicas se mostram indispensáveis:
Confiança espiritual — A pessoa que exerce uma influência positiva em nome de Cristo é geralmente
dotada de confiança espiritual. Esse crente tem certeza de sua salvação. Se não souber dizer a data e a hora exatas
em que se tornou cristão, certamente saberá dar seu testemunho de como aconteceu. Ele olha as pessoas nos olhos e
diz: ―Eu estava perdido. Agora me encontrei. Era estrangeiro. Hoje sou cidadão. Era um estranho. Hoje sou filho‖.
Parte dessa confiança baseia-se em um conhecimento bíblico suficiente para conferir força e segurança à
verdade da Palavra de Deus. Essas pessoas leram bastante e discutiram o suficiente sua fé para ter confiança em sua
capacidade de responder as perguntas difíceis que geralmente se fazem sobre o cristianismo. Elas já se relacionam
com Cristo há tempo bastante para saber que Ele é fiel, mesmo nas depressões e nos caminhos tortuosos da vida.
Fé autêntica — Os cristãos que exercem influência máxima são espiritualmente autênticos. Há neles o
fator sinceridade. Eles parecem renovados. Seu relacionamento com Cristo é genuíno e pessoal. Eles são humildes.
Falam de seu relacionamento com Jesus como se falassem de uma amizade íntima. Quando oram, você sabe que
eles estão sendo sinceros. Admitem quando estão errados. Têm um espírito receptivo. Ouvem sem julgar. Dizem
―eu não sei‖ quando realmente não sabem. São ávidos por aprender e crescer. São contagiantes com sua
autenticidade.
Urgência com relação ao evangelho — Cristãos cuja luz brilha com clareza transmitem um
sentimento de urgência. Eles caminham com propósito no andar. Já sabem o que é mais e menos importante na
vida, e permanecem concentrados no que realmente importa. Demonstram real interesse pelas pessoas, pois
aprenderam que elas são importantes para Deus. Sintonizam com aquilo que o Espírito Santo faz em suas vidas e
no mundo e aceitam com seriedade e urgência a obediência à orientação do Espírito.
Pessoas que têm urgência com relação ao evangelho encontram uma forma de se concentrar no eterno,
mesmo em meio às coisas temporais do mundo. Ficam com os ouvidos atentos aos céus e os olhos abertos para a
eternidade. Enquanto todos os demais lutam em suas rotinas diárias, elas tentam enxergar o que Deus pode fazer
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com uma conversa ou relacionamento. Pensam seriamente na eternidade — no céu e no inferno e no dia do
juízo. Sentem uma urgência em relação ao desejo de influenciar os outros com o tempo que ainda lhes resta. Todo
dia e cada momento é precioso e importante.
DISCIPLINAS ESPIRITUAIS
Como cristãos espiritualmente ―salgados‖ obtêm confiança, sinceridade e senso de urgência? Como
aprendem a brilhar com tanta claridade? A resposta é simples: eles a obtêm praticando antigas disciplinas
espirituais diárias e individuais que já há dois mil anos vêm ―salgando‖ os crentes.
Quando as luzes dos refletores não estão sobre eles... quando não estão na igreja... quando ninguém está
olhando, esses cristãos ―salgados‖ estão pensando em Cristo. Cada um deles tem um lugar sagrado onde se
encontra com Cristo, onde abre a Bíblia e simplesmente deixa a Palavra de Deus se manifestar. Eles oram mais que
as outras pessoas, pois conhecem o poder da oração. Têm relacionamentos sinceros com irmãos e irmãs em Cristo,
que os ajudam a conciliar vida e fé. Usam seus dons espirituais e saem para divulgar sua fé quando ninguém está
olhando. Não ostentam, simplesmente transmitem a palavra de Cristo. No meio de tudo isso, Deus com eles se
encontra e acrescenta outra pitadinha ao tempero de suas vidas. E por viver na presença de Deus, eles começam a
brilhar com um pouco mais de luz.
— Por que a perseverança nas disciplinas espirituais é fundamental para uma alta potência? Como você vem
se saindo na prática diária de disciplinas espirituais a esta altura de sua vida? Que disciplina(s) espiritual(ais)
específica(s) você precisa desenvolver neste momento da vida?
Precisamos começar a nos perguntar: ―Como vai sua leitura da Bíblia?‖ É fundamental que reservemos um
tempo para, em nosso local sagrado, abrir o Livro de Deus e dizer: ―Preciso me alimentar da Palavra de Deus hoje‖.
Quase toda mudança importante da vida vem como resultado direto da influência da verdade contida nesse Livro.
Quanto tempo você vem reservando às orações? Quanto tempo tem reservado para servir os outros? Será que
você tem feito o necessário para transformar sua caminhada com Jesus em algo íntimo, pessoal e poderoso? Você
busca intimidade e qualidade em seu relacionamento com os membros de sua comunidade? Será que está próximo
o bastante de seus irmãos e irmãs para que, quando estiver com pouca energia, possa recorrer a eles e, no seu calor,
encontrar a renovação? Da mesma forma, se alguém esfriar um pouco, será que você terá capacidade de aquecer
um pouco essa pessoa?
Todos precisamos nos concentrar no que é fundamental. Precisamos nos dedicar à comunidade, à comunhão,
a servir, doar e partilhar nossa fé quando Cristo nos oferecer uma oportunidade. Ao combinar as disciplinas
regulares da leitura bíblica e da oração com a experiência coletiva da devoção espiritual, podemos manter a
potência de nossa vida, com nosso sabor e luz.
UM MUNDO DE ESPECTADORES
Howard Butt, no artigo intitulado ―O leigo como testemunha‖,3 comenta:
A Bíblia ressalta que todo cristão é um sacerdote. A doutrina da Reforma, enunciada por Lutero sobre o
sacerdócio de todos os crentes, não significa que não há mais sacerdotes. Significa que todos nós somos sacerdotes
de Deus.
No Novo Testamento, as palavras kleros (da qual provém clérigos, sacerdotes) e laos (da qual provém povo)
se referem igualmente ao mesmo grupo de pessoas. Expressa que não é porque um homem ganha a vida em um
emprego secular que Deus espera dele uma dedicação apenas parcial da sua vida. Em geral, tem-se o conceito
errado do clérigo nas linhas da frente, travando a batalha solitária em nome de Deus, ao passo que os membros nas
áreas recuadas enviam suprimentos a fim de que seu representante assalariado possa lutar com mais vigor.
Na realidade, o leigo que está lá fora nas linhas da frente (fora do santuário) — no seu lar, escritório, loja e
clube — está ali como servo de Deus.
Quando Jesus disse: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura, referia-se não somente à
África, à Coréia, à Índia, mas queria dizer: ide também para os mundos dos negócios, do direito, da educação, da
3 Howard E. Butt Jr., ―O leigo como testemunha‖, Revista Christianity Today. Citada por T. L. Osborn, em Ajunta-te a esta carruagem, p.
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mecânica, das artes, da música, do governo, da agricultura...
A Igreja Neotestamentária começou com o mandamento de Jesus a todos os Seus seguidores, aos apóstolos e
aos crentes comuns da mesma forma: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Mas aquilo que
começou como um movimento de leigos deteriorou-se naquilo que tem sido descrito, de modo mordaz, porém
exato, como ―pulpitismo profissional‖ financiado pelos humildes leigos.
Muitas pessoas têm um conceito da ‗escada da dedicação‘. No degrau mais alto está o missionário enviado
ao estrangeiro. Imediatamente abaixo, há o pastor. Depois, o obreiro religioso profissional. Finalmente, lá embaixo
no primeiro degrau, há o humilde leigo cuja função principal é pagar as contas do pastor e ocupar os assentos da
igreja durante os cultos públicos.
Estamos na era do espectador — como nos eventos esportivos, onde a maioria de nós apenas olha uns poucos
que praticam o esporte. Agora, esse conceito do espectador foi além do campo dos esportes, engolfou os lares. Por
meio da TV e de outros veículos de comunicações em massa, somos um mundo de espectadores profissionais.
Desenvolvemos um cristianismo de espectadores, segundo o qual poucos falam e muitos escutam. A igreja é
destinada a ser uma comunidade vibrante e redentora de compaixão, de missão, de serviço, de testemunho, de amor
e de adoração — não uma fraternidade de fãs da fé!
Espectadores profissionais quase sempre se transformam em críticos, desde o torcedor dos times esportistas
até o freqüentador do teatro, e até aquele que segue as notícias da política, que nunca fica pessoalmente envolvido,
mas que nos diz com cinismo que todos os políticos são vigaristas.
O cristianismo do espectador acaba se tornando crítico e desprezador, frio e cínico, estéril e improdutivo.
Observa e critica os outros, mas nunca se dedica a uma vida com Jesus Cristo. 4
O cristão verdadeiro está envolvido. Não pode evitar semelhante envolvimento. É participante da missão
redentora de Deus, e não um espectador crítico. Está envolvido no mundo — nos seus negócios, no seu governo, na
sua cultura, na sua fome, nas suas labutas, nas suas lágrimas —porque ama as pessoas no mundo. Jesus disse: Não
peço que os tires do mundo. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo (Jo 17:15a, 18).
O leigo é enviado ao mundo exatamente como Cristo foi enviado — como agente da redenção.
O cristão leigo tem uma vida na igreja para a adoração, a comunhão, a instrução, a edificação. Mas a partir
daí ele avança (fora do santuário) para dentro do mundo da incredulidade para ser uma testemunha, um ministro da
reconciliação, um servo de Deus. Cristo nos reconciliou consigo através da cruz, e nos confiou o ministério da
reconciliação (II Co 5:14-20). Já que a reconciliação é para todos, obviamente esse ministério é para todos também!
4 Theodore Roosevelt descreveu assim aquelas almas tímidas que se recusam a envolver-se:
―Não é o crítico quem importa; não importa o homem que indica como o homem forte tropeçou, ou como o realizador de boas ações poderia ter
realizado melhor. O crédito pertence ao homem que realmente está na arena da luta, cujo rosto é manchado pela poeira, pelo suor, e pelo sangue;
(...) que comete enganos, e que, repetidas vezes, não parece à altura da tarefa, porque não existe esforço sem erros e falhas; mas, se fracassar,
pelo menos fracassa enquanto ousa fazer coisas grandiosas, de modo que seu lugar nunca será ao lado daquelas almas frias e tímidas que não
conhecem nem a vitória nem a derrota!‖
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2) CONCEITOS
a) Evangelho
O evangelho é a mensagem de boas novas, de que Cristo Jesus morreu por nossos pecados, foi levantado da
morte de acordo com as Escrituras, e que, como Senhor que reina, Ele agora oferece perdão dos pecados e dom
libertador do Espírito Santo a todo aquele que se arrepende e crê. O evangelho, dentro deste significado, é, pois, o
próprio Jesus, Suas obras e Seus ensinos, que visam integrar o homem perdido no plano eterno de salvação (Rm
l:16-17).5
5O Novo Testamento emprega outras expressões para descrever estas boas notícias, tais como:
— O Evangelho de Deus (Mc 1:14; Rm 1:1, 15-16; II Co 11:17)
— O Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus (Mc 1:1)
— O Evangelho do Seu Filho (Rm 1:9)
— O Evangelho de Nosso Senhor Jesus (II Ts 1:8)
— O Evangelho de Cristo (Rm 15:9)
— O Evangelho da Glória de Cristo (II Co 4:4)
— O Evangelho da Graça de Deus (At 20:24)
— O Evangelho da Glória de Deus Bendito (I Tm 1:11)
— O Evangelho da Nossa Salvação (Ef 1:13)
— O Evangelho de Paz (Ef 6:15)
— O Evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14)
— O Evangelho Eterno (Ap 14:6)
6 Salvação: Nossa palavra, salvação, vem do latim salvare, que significa ―salvar‖, e de salus, que significa ―saúde‖ ou ―ajuda‖. A pala-
vra hebraica traduzida em português por ―salvação‖ indica ―segurança‖. O termo grego soteria e suas formas cognatas, têm a idéia de cura,
recuperação, redenção, remédio, bem-estar e resgate. Essa palavra pode ser usada em conexões totalmente físicas e temporais, ou no
que diz respeito ao bem-estar da alma, presente e eterna. A idéia de ―salvar‖, quando usada para indicar a salvação espiritual, fala sobre o
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ser colocado em contraposição ao Velho Testamento, como se Deus tivesse alterado Sua maneira de tratar
com o homem, mas antes, é o cumprimento da Sua promessa (Mt 11:2-5). O próprio Jesus, ao ler a profecia de
Isaías, identificou-se como Aquele que fora prometido (Lc 4:16-21).7
Como observou Hermisten, 8 a novidade da boa mensagem não está em alguns dos seus conceitos, tais como:
a paternidade de Deus, o Deus de amor, perdão e misericórdia; pois nada disso falta ao Velho Testamento. Ela
também não consiste simplesmente na ênfase desses elementos que, no caso, estariam sombreados no Velho
Testamento (embora isso também ocorra); na realidade, a novidade está na palavra já mencionada: “cumprimento”.
Aquilo que é prometido no Velho Testamento atingiu o seu clímax: o prometido se cumpriu. O Novo Testamento
não diz algo novo a respeito de Deus; ele apenas mostra que Deus cumpriu as Suas promessas (Mt 1:22-23; 8:17;
Mc 15:28; At 2:16-36; 13:32-35; I Pd 1:10-12).
O Novo Testamento fala freqüentemente no evangelho, sem o definir (Cf. Mc 1:15; 8:35; 14:9; 16:15; At
15:7; Rm 11:28; II Co 8:18): O evangelho é a boa nova procedente de Deus. Ele não carece de maiores adjetivos;
ele é Boa Nova por excelência (Rm 1:16; 10:16; I Co 1:17; 4:15; 9:14,23; 15:1; II Co 4:3; Gl 2:5,14; Fl 1:5,7,12,16;
2:22; 4:3,15; I Ts 1:5; 2:4; II Tm 1:8; Fm 13). Desse modo, Jesus Cristo é o próprio evangelho; Ele é a encarnação
da Boa Nova de salvação concedida por Deus ao Seu povo. Por isso, pregar o evangelho significa pregar Jesus
Cristo (Rm 15:20).
O Novo Testamento desconhece a forma plural “Evangelhos” — ainda que ela seja usada na Septuaginta9
“ta euangélia”, II Sm 4:10, ―recompensa pelas boas novas‖ e “ho euangélia” (II Sm 18:20,22,25,27; II Rs 7:9) —
isso porque o evangelho é um só. Se alguém proclamar outro, seja considerado ―anátema‖ (maldito) (Gl 1:8-9).
Harrison, comentando a respeito dos registros evangélicos, observou acertadamente que, ―Aos olhos da Igreja
Primitiva estes documentos eram virtualmente um. Juntos, eles abarcavam o evangelho único, o qual foi
diversamente expressado por Mateus, Marcos, Lucas e João. O feito de Cristo foi a causa de um novo tipo de
literatura.‖10 As quatro narrativas são na realidade uma descrição inspirada do mesmo e único evangelho;
biblicamente falando, ―evangelhos‖ é uma contradição de termos...
A forma plural referindo-se aos registros de Mateus, Marcos, Lucas e João, só é documentada a partir de
Justino, o Mártir (100-167 AD), que por volta do ano 155 AD., na sua obra Primeira Apologia, descrevendo a Ceia
do Senhor e o seu significado, escreveu: ―...Os apóstolos nas Memórias por ele escritas, que se chamam
Evangelhos, nos transmitira...‖
b) Evangelização
É a ação de evangelizar; é a anunciação do evangelho (Lc 4:8).
A palavra evangelizar ocorre 52 vezes no Novo Testamento, incluindo 25 vezes em Lucas e 21 vezes nos
escritos de Paulo.
Em sua exaustiva pesquisa sobre ―evangelizar‖, David B. Barrett afirma: ―A palavra é usada pela primeira
vez em seu sentido tipicamente bíblico no Salmo 49:9 (Septuaginta, no Salmo 39:10), traduzido como: ‗Eu tenho
dito as alegres novas de livramento na grande congregação‘. No Salmo 92:2: ‗Falar da sua salvação‘. Em Isaías
52:7, ‗publicar a salvação‘, e em Isaías 60:6, ‗proclamar o louvor do Senhor‘. Esse uso judaico continuou nos
tempos do Novo Testamento por Philo (20 a.C.—50 d.C.), o historiador Josefo (37 d.C.—100) e outros.‖
O Novo Testamento emprega dois termos básicos para descrever a atividade da pregação do evangelho:
―proclamar as boas novas‖ (Mc 1:14) e ―testemunhar‖ (At 1:8; I Jo 5:10). Marcos retrata Jesus como o primeiro
evangelista (1:l4ss). Os discípulos foram escolhidos e treinados por Ele para que fossem ―pescadores de homens‖
(Mt 4:l9ss). Tão logo se consumaram os atos redentores de sua vida e o aprendizado dos discípulos, Jesus os
declarou ―minhas testemunhas‖ (At 1:8); eles tinham visto e vivido os acontecimentos salvíficos. Eles haviam-se
sentado aos pés de Jesus. Suas mentes tinham sido abertas para a compreensão das Escrituras (Lc 24:25). Eram
livramento do pecado, da degradação moral e das penas que devem seguir-se, como o julgamento divino. Mas o livramento também nos
confere algo: o perdão, a justificação, a transformação moral e a vida eterna, que consiste na participação na própria vida de Deus, no seu
―tipo‖ de vida. – R. N. Champlin, O Antigo Testamento Interpretado (Dicionário, Vol. 7, p. 5223).
7 Ver ―Evangelho‖, em O Novo Dicionário da Bíblia, J. D. Douglas (ed. org.), p. 566.
8 Hermisten M. P. Costa, Breve Teologia da Evangelização. PES, 1996, p. 12-13.
9 Septuaginta: Versão do Antigo Testamento para o grego, feita entre 285 e 150 a.C., em Alexandria (Egito), para os muitos judeus
que ali moravam e que não conheciam o hebraico.
10 E. F. Harrison, Introducción al Nuevo Testamento, p. 131ss.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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capazes de explicar o significado da vida, da morte, da ressurreição e da exaltação da vida de Cristo.
Outras definições devem ser mencionadas:
―Evangelizar é apresentar Cristo Jesus no poder do Espírito Santo, para que homens possam vir a
pôr sua confiança em Deus através dEle, e aceitá-Lo como seu salvador, e servi-Lo como Rei na
fraternidade de Sua igreja.‖11
―Evangelização é a proclamação do Evangelho do Cristo crucificado e ressurreto, o único redentor
do homem, de acordo com as Escrituras, com o propósito de persuadir pecadores condenados e
perdidos a pôr sua confiança em Deus, recebendo e aceitando a Cristo como Senhor em todos os
aspectos da vida e na comunhão de sua Igreja, aguardando o dia de sua volta gloriosa.‖12
―Evangelização é a proclamação das boas novas de salvação a homens e mulheres, tendo em vista
sua conversão a Cristo e filiação à sua Igreja.‖13
―Evangelizar é divulgar as boas-novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressusci-
tou dentre mortos, segundo as Escrituras, e que, como Senhor e Rei, Ele agora oferece perdão dos
pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. Nossa presença
cristã no mundo é indispensável à evangelização, e assim é também o diálogo que tem por propósi-
to ouvir conscientemente, para melhor compreender. Mas a evangelização em si é a proclamação
do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o propósito de persuadir as pessoas a se
chegarem a Ele individualmente e, assim, serem reconciliadas com Deus. Na proclamação do convi-
te do Evangelho não temos o direito de ocultar o preço do discipulado. Jesus continua a requerer de
todos que desejam segui-Lo que se neguem a si mesmos, tomem a sua cruz e identifiquem-se com
sua nova comunidade. Os resultados do evangelho incluem obediência a Cristo, união com sua Igre-
ja e serviço fidedigno no mundo.‖14
―Evangelização é a difusão por todo e qualquer meio das boas novas de Jesus crucificado,
ressurreto e agora reinando. Inclui também o diálogo em que nos colocamos com humildade e
disposição em atitude de atenção, a fim de compreendermos o outro e sabermos como apresentar-
lhe Cristo significativamente. É a proposta, apoiada na obra de Jesus, de uma salvação que é tanto
posse presente como perspectiva futura; tanto libertação em face do eu como libertação para Deus
e o homem. Parte dele o apelo para uma resposta total de arrependimento e fé, denominada
―conversão‖, princípio de uma vida inteiramente nova em Cristo, na igreja e no mundo.‖15
Portanto, a natureza da evangelização é a comunicação do evangelho. Seu propósito é dar aos indivíduos e
aos grupos uma oportunidade genuína de receber a Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Sua meta é persuadi-los a
se tornarem discípulos do Senhor e a servi-lo na comunhão da Igreja.
Elben César, diretor da Revista Ultimato, reportou: A melhor definição de evangelismo, disse-nos o
historiador J. Edwin Orr, durante a Conferência Internacional de Evangelistas Itinerantes, realizada em Amsterdã,
em 1986, é a de Cannon Max Warren, da Abadia de Westminster:
―Evangelizar é apresentar Jesus Cristo no poder do Espírito, de tal maneira que os homens possam
conhecê-lo como Salvador e servi-lo como Senhor, na comunhão da Igreja e na vocação da vida
comum.‖
Na mesma ocasião, a mais conhecida tetraplégica do mundo, Joni Eareckson Tada explicou que
―evangelismo é compartilhar Cristo a toda e qualquer pessoa com a qual você se encontra, através de palavra
falada, através de livros, através de filmes e através de desenhos e pinturas‖ (Joni pinta com pincéis presos entre as
arcadas dentárias). O missionário holandês Frans Leonard Schalkwijk deu uma explicação interessante:
―Evangelizar é executar o testamento do Cristo ressurreto, cujo centro está em ganhar almas para o Cordeiro‖.
Numa de suas mensagens, o presidente de Amsterdã 86, Billy Graham, lembrou que o termo evangelismo ―abrange
TESTEMUNHA = Pessoa que declara o que viu ou ouviu (Nm 35:30; Mt 18:16). Pessoa que fala de sua
experiência com Cristo e da verdade do evangelho (At 1:8). ―Dar testemunho‖ envolve tudo quanto
somos e o que fazemos; vai muito além do que dizemos em certos momentos de inspiração.
c) Evangelismo
O evangelismo envolve o sistema ou conjunto de métodos, estratégias e técnicas que organizam a
evangelização para a conquista dos seus objetivos (At 20:20-21). Reúne os recursos e fornece as ferramentas que a
evangelização lança mão para realizar sua tarefa. Portanto, o evangelismo é a metodologia da evangelização.
―Naturalmente, o evangelismo considera o evangelista, a mensagem e o pecador a ser alcançado com o
Evangelho. Nesse conjunto, o evangelismo trata da capacitação espiritual do evangelista e de todo o seu preparo,
bem assim, define a mensagem, sua estrutura e a maneira como deve ser codificada para atingir o pecador. O
objetivo da evangelização, que é levar o pecador a Cristo para salvação, é devidamente esquematizado pelo
evangelismo, que estrutura a verdadeira teologia da salvação, para que esta não descambe para outros objetivos.
Finalmente, o evangelismo procura tratar de uma análise do pecador, das influências que sofre no seu mundo
interior, mergulhado que está neste contexto de pecado, e identifica, pela sabedoria do Espírito Santo, a maneira
como alcançar o pecador no seu ―status‖ e na sua localização ou no seu contexto. Tudo isto pertence ao âmbito do
evangelismo.‖16
Damy Ferreira sugere a seguinte definição que mais se aproxima da realidade do termo: “Evangelismo é o
sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas tirados do Novo Testamento, pelos quais se comunica o
evangelho de Cristo a todo pecador, sob a liderança e no poder do Espírito Santo, visando persuadi-lo a aceitar a Cristo
como seu salvador pessoal, de acordo com o comissionamento de Jesus dado a todos os seus discípulos, levando, ao final, os
que crerem, a se integrarem à Igreja pelo batismo, preparando-os para a volta de Cristo.”
d) Evangelismo Pessoal
O evangelismo pessoal consiste de alguém falando a outra pessoa sobre a necessidade que esta tem de Jesus,
com a intenção de levá-la à decisão de receber o Salvador. Um crente pode conquistar almas pessoalmente,
visitando de casa em casa; mas também pode fazê-lo em uma fábrica, em sua própria residência, ou em qualquer
outro lugar na face da terra.
É aquele evangelismo de pessoa a pessoa, em que se pode estar perto do evangelizando, olhando para sua
face, para os seus olhos, notando as suas reações, as suas emoções e, ao mesmo tempo, pondo diante do
evangelizando a nossa vida cristã como luz do mundo e sal da terra.
É instruir o homem de modo que conheça a verdade de Deus;
É a tarefa de testemunhar de Cristo (Jo 1:41-46);
É saber iniciar uma conversa agradável, promovendo uma situação favorável, chamando a pessoa pelo nome,
tendo uma conversa amigável;
É levar as boas novas de salvação aos pecadores (Is 55:7);
É cumprir a ordem de Jesus (Mt 28:19-20);
É um instrumento de Deus para transportar vidas do reino das trevas para o reino do Filho do seu amor (Cl
1:13). Deus considera formosos os pés dos que levam a Sua mensagem (Is 52:7).
17 Prefácio do livro ―A prática do evangelismo pessoal‖, de Antônio Gilberto. CPAD, 2001 (13ª ed.).
18 P. E. Burroughs, no seu livro Como ganhar vidas para Cristo (p. 68), conta:
– Um pastor fervoroso, algum tempo atrás, pôs sua mão no braço de um jovem que ia saindo da igreja, olhou-
o nos olhos e perguntou se ele era crente. O jovem respondeu: ―Não, senhor. Tenho ouvido suas pregações todos
os domingos, há sete anos, mas não sou crente.‖ Os dois foram juntos até a sala do pastor e em cinco minutos o
moço tinha-se entregado a Jesus, declarando sua fé nele. Sete anos de brilhante pregação tinham falhado; cinco
minutos de trabalho pessoal, e a alma fora conquistada. O ministro pode instruir e impressionar do púlpito, mas
para conquistar ele deve ter contatos pessoais com os perdidos.
19 Citado por Roberto Sumner, em Procurando os perdidos. Imprensa Batista Regular, 1977, p. 14-15.
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―Há uma profundidade em Deus a ser alcançada por meio de ganhar almas para Cristo que nunca
pode ser experimentada no estudo bíblico ou na reunião de oração (...) Quando qualquer cristão fala a uma alma
perdida, leva-a a aceitar a Cristo e coloca um braço caloroso ao redor dos seus ombros ou agarra firmemente a sua
mão enquanto dirige aquela alma na oração do pecador — quer na frente da igreja, em um banco do parque, em
uma casa, num restaurante, ou na esquina de uma rua, aquele cristão fica mais semelhante a Cristo do que teria a
possibilidade de ficar em qualquer outra atividade espiritual.‖20
“A obediência na evangelização é uma das condições de saúde espiritual. Ela é vital para todos
os crentes, individual e coletivamente. A evangelização acende uma faísca na vida cristã, fazendo-
a inflamar-se. Quando evangelizamos, oramos de modo definido, lançando-nos sobre Deus para
alcançarmos vitórias nas lutas espirituais que se travam na alma de uma pessoa em quem temos
interesse. Pedimos a Deus que a ilumine de modo especial, que a leve ao Salvador e a uma vida
nova, que use a nós ou qualquer outro meio de Sua escolha para atingi-la. E ficamos à espera que
Ele nos responda. Vemos baixar a indiferença ou antagonismo e o interesse tomar vulto. Nesse
ínterim a Bíblia torna-se sempre mais viva e importante, ao vermos as pessoas respondendo às
suas verdades. Passagens que antes pareciam áridas e sem maior significado, parecem agora
práticas e pertinentes. E é de notar que, concentrando-nos em evangelizar, não nos sobra tempo
de bisbilhotar a vida de outros crentes, apontando-lhes as faltas. Unindo-nos todos
fervorosamente na proclamação da mensagem redentora do Senhor esquecemos fraquezas e
irritações mesquinhas e os pecados que mais nos preocupam são os nossos próprios.”21
VENCE PRECONCEITOS
Há casos e ocasiões em que somente o evangelismo pessoal alcança o pecador. Há pessoas que ja-
mais assistiriam reuniões evangelísticas em templos, ou seja onde for, devido a preconceitos, falsa
concepção, ignorância, ordens recebidas, imposições religiosas, falsas informações, falsas idéias etc. É aí
que o evangelismo pessoal presta seus serviços de modo ímpar. Há diversas igrejas por toda parte, que
começaram através do evangelismo pessoal. A origem foi uma alma ganha, cultos em sua casa e em
seguida uma congregação formada. O pioneirismo missionário na América Latina e o estabelecimento da
obra das Sociedades Bíblicas também foi assim — através do evangelismo pessoal.
23 Antônio Gilberto. A prática do evangelismo pessoal. CPAD, 2001 (13ª ed.), p. 11.
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1 – PERSPECTIVA HISTÓRICA DO
EVANGELISMO PESSOAL
OS PRIMEIROS DISCÍPULOS EXERCERAM O EVANGELISMO
PESSOAL
Encontraram Jesus e trouxeram outros a Ele (Jo 1:40-45). Na comunhão diária com Jesus tornaram-se seus
seguidores, com o mesmo padrão: ―Basta ao discípulo ser igual a seu mestre‖.
24 Michael Green, ―Estratégias e Métodos Evangelísticos na Igreja Primitiva‖, do livro A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. ABU
Editora, 1989 (3ª ed.), p. 56-57.
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17
longe de se convencerem de que importa muito saber se alguém tem Cristo ou não. ―Outras religiões
também são vias quase tão boas, ou tão boas, de chegar a Deus. Os humanistas vivem uma vida irrepreensível.
De qualquer maneira, tudo dará certo no fim, Deus é bom demais para condenar alguém.‖
3. A igreja primitiva era muito flexível na prédica das Boas Novas, mas inteiramente oposta ao sincretismo (a
mistura de outros elementos com o Evangelho) de qualquer tipo. Diversas partes da igreja moderna tendem a
ser rígidas em suas categorias evangelísticas, porém se inclinam fortemente para o sincretismo.
4. A igreja primitiva era muito aberta à liderança do Espírito Santo; em toda a expansão evangelística registrada
no livro de Atos, o Espírito é o elemento motivador e energizante. Na moderna igreja do Ocidente, técnicas
gerenciais, reuniões de comitê e discussões intermináveis são tidas como essenciais à evangelização; a oração
e a dependência em face do Espírito parecem, com freqüência, opções extras.
5. A igreja primitiva não era indevidamente cônscia do papel do pastor. Há notória dificuldade pela frente quando
se tenta apreender os modelos ministeriais modernos nos registros do Novo Testamento. Hoje tudo tende a
centrar-se em torno do pastor. Espera-se que o servo remunerado da igreja empenhe-se em falar de Deus, mas
não os outros.
6. Na igreja primitiva esperava-se que cada pessoa fosse uma testemunha de Cristo. Hoje o testemunho,
comparado ao diálogo, leva desvantagem. E ainda admite-se que somente compete aos pastores bem dotados
o testemunhar — isso na melhor das hipóteses — mas nunca aos cristãos de mediana inteligência.
7. Na igreja primitiva construções não tinham importância. Não houve uma sequer durante o período inteiro de
seu maior avanço. Hoje as construções parecem a coisa mais importante para muitos crentes. Sua conservação
consome o dinheiro e o interesse dos membros, faz com que se atolem em dívidas e os isola dos que não vão à
igreja. Na verdade, até a palavra mudou de sentido. ―Igreja‖ já não significa um grupo de pessoas, como nos
tempos neotestamentários. Atualmente significa ―templo‖.
8. Na igreja primitiva, a evangelização era um ―bate-papo‖ espontâneo e natural sobre as boas novas, e nele se
engajavam continuamente todos os cristãos, de maneira natural e como um privilégio. Hoje a evangelização é
espasmódica, pesadamente organizada, e em regra dependente das técnicas e do entusiasmo do especialista
visitante.
9. Na igreja primitiva, a política adotada era ir ao encontro das pessoas, onde elas estivessem, e fazer discípulos
entre elas. Hoje é convidar pessoas para virem à igreja, onde certamente não se hão de sentir em casa, e fazer
com que ouçam a pregação do Evangelho. A igreja de hoje tenta a implosão, o convite, ou seja, procura
―arrastar‖ o visitante; a igreja primitiva praticava a explosão, a invasão; saía ao encalço das pessoas.
10. Na igreja primitiva o Evangelho era sempre debatido nas escolas filosóficas, discutido nas ruas e até nas
lavanderias. Hoje já não se discute muito o Evangelho sob nenhum aspecto, e com toda a certeza não o fazem
no terreno ―secular‖. Seu lugar é a igreja, no domingo, e um pastor convenientemente ordenado para isso é
que deve encarregar-se de toda a palestra.
11. Na igreja primitiva, ao que tudo indica, comunidades inteiras costumavam converter-se de uma só vez. Na
igreja atomística do Ocidente, o individualismo corre solto, e a evangelização, como muita coisa mais, tende a
atingir seu clímax num confronto pessoal.
12. Na igreja primitiva o impacto maior era produzido pelas vidas transformadas e pela qualidade da comunidade
cristã. Hoje muito do estilo de vida cristão já quase não se distingue do estilo de vida não-cristão, e muitas são
as congregações religiosas que ficam famosas por sua frieza.
Esses são apenas alguns dos contrastes entre a igreja de ontem e a igreja de hoje em matéria de
evangelização, contrastes que nos estimulam a examinar de cabeça fria a mensagem dos primeiros cristãos e
os métodos por eles adotados.
25 Michael Green, ―Estratégias e Métodos Evangelísticos na Igreja Primitiva‖, do livro Missão da Igreja, p. 71-72.
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se Deus pôde modelar um corpo humano a partir da fusão do espermatozóide com o óvulo, não existe a
menor dificuldade em supor que Ele possa modelar um corpo espiritual para os cristãos no Céu; corpo que combine
a continuidade do ego com uma nova e mais extraordinária forma para sua expressão.
A famosa escola catequética de Orígenes, em Alexandria, era não somente um campo de treinamento de
intelectuais cristãos, mas um lugar onde se debatia, se questionava e se apresentava a fé a céticos e a inquiridores.
O mesmo acontecera 150 anos antes, quando Paulo argumentava em favor do Caminho cristão, dialogando com os
freqüentadores da escola de Tirano em Éfeso. As próprias palavras usadas no Novo Testamento para indicar a
pregação cristã denotam alto esforço intelectual: palavras como didaskein, ―instruir‖; kerussein, ―proclamar como
um arauto‖; euangelizesthai, ―proclamar boas novas‖; katelenchein, ―convencer através de argumento‖;
dialegesthai, ―discutir‖; e assim por diante. Eles gastaram muito tempo em justificar intelectualmente as Boas
Novas.26
Estavam preparados para o debate, podiam sustentar sua posição tanto em campo neutro como hostil. Davam
testemunho, referiam-se constantemente aos fatos do Evangelho e ao ensino do VT (palavras como sunzetein e
sumbibazein indicam essa séria procura das Escrituras). Algumas vezes isso levava um dia, ou mesmo uma semana.
Algumas vezes voltavam a atacar seguidamente. Mas, do conteúdo intelectual da proclamação dos primeiros dias,
não pode haver nenhuma dúvida. Sem essa apologética, não teriam ido a parte alguma. Tanto a cultura judaica
como a gentílica opunham-se inteiramente ao que tinham de dizer. E se a posição deles pudesse ser minada por
argumentação alheia, teriam sido logo enxotados das ruas. Mas não podia. Nela estava a verdade. E porque é
verdadeira, os seguidores de Cristo não precisam temer nenhuma verdade. Pois toda verdade pertence a Ele, e toda
verdade lança alguma luz sobre a verdade encarnada na pessoa de Cristo.
26 Em Atos 13:43, a Bíblia Revista e Corrigida traduz corretamente peitho pelo vocábulo ―exortar‖, mostrando que Paulo e Barnabé
utilizaram os melhores poderes de argumentação e seu amor pela verdade, a fim de exortar os ouvintes a ―perseverar na graça d e Deus‖.
Em Atos 17:4, ―persuadidos‖ implica em que os tessalonicenses foram convencidos das coisas que Paulo e Silas haviam proclamado.
Lucas já havia afirmado que Paulo ―arrazoou com eles, acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo
padecesse e ressurgisse dentre os mortos‖ (17:2-3). Essas palavras descritivas demonstram que ocorreu um intenso intercâmbio
intelectual, quando os mensageiros utilizaram as provas das Escrituras, uma série de perguntas e respostas (―arrazoou‖, no grego,
dialegomai), e toda a sua capacidade de questionamento, para convencê-los da verdade. Paulo e seu companheiro, com muito ardor,
anunciaram a Palavra de Deus àquelas pessoas incrédulas, apelando, com a verdade, às suas mentes (ver também Atos 18:4 e 28:2 3,
onde peitho é mais naturalmente traduzida por ―persuadir‖.
Os primeiros discípulos eram apaixonados pela verdade que havia transformado suas vidas. A sua apresentação do evangelho
continha uma argumentação consistente e lógica. Eles apelavam à mente dos incrédulos, ao invés de procurarem manipular uma ―decisão
por Cristo‖, recorrendo, em primeiro lugar, à vontade e às emoções. Atos 17 mostra isso de maneira conclusiva, assim como toda a
narrativa do livro.
O próprio evangelho, ao ser anunciado de maneira correta, é persuasivo! E este evangelho, quando crido para a salvação, devido à
obra de regeneração realizada pelo Espírito Santo, produz verdadeiros discípulos.
Paulo estava tão dominado pela certeza do julgamento divino, que afirmou: ―Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens‖
(II Co 5:11). O significado natural deste versículo é este: Paulo compreendia que os pecadores compareceriam diante do Deus justo e
santo, por isso se esforçava para ―conquistar os homens para Cristo‖. Ele procurava os perdidos, anunciava-lhes com intenso amor o evan-
gelho, mas dependia do poder do Espírito Santo para salvá-los. Aqueles que o Espírito salvasse inevitavelmente se tornariam parte da
igreja visível. O verdadeiro evangelismo se esforça por anunciar, com amor e clareza, todo o evangelho de Cristo, na dependência do
Espírito para salvá-los. Esse evangelismo resultará na obra de integrar o novo crente à igreja. A disparidade ocorre quando o evangelista
considera a si mesmo e aos seus métodos como chaves para a salvação dos homens, ao invés da obra regeneradora da parte do Espírito.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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perseguidos, formando um corpo a que Jesus acrescentava diariamente novos conversos, e que
encheu toda a Jerusalém com a sua mensagem. Atos dos Apóstolos, então, mostra sucintamente a difusão
do Evangelho na Judéia, depois na Samaria, e daí para os confins da Terra. Mas parece que a regra era
sempre conseguir aquecer o coração do grupo, pois só assim o grupo estaria preparado para receber novas
adesões. A regra vigente em boa parte da evangelização moderna é arrastar pessoas de fora para dentro. A
norma deles era diferente: visava mover de dentro para fora e evangelizar, não em seu próprio solo, mas em
solo estranho.
b) Todos estavam envolvidos na missão e também envolvidos na vida de sua comunidade.
c) Eles usavam de sua influência e passaram a participar de rodas onde sua influência seria sentida em toda a
capacidade.
d) Eles exerciam supervisão. Desde o início, já saíam a campo para consolidar conquistas. Os novos
discípulos precisavam de quem os fortalecesse. Com esse objetivo em vista, os apóstolos revisitaram seus
conversos, nomearam presbíteros para cuidar deles, enviaram-lhes mensageiros e oraram por eles.
e) Eles produziam testemunhas. Era coisa normal o cristão empolgar-se tanto com
Cristo, que ele precisasse encontrar uma maneira de comunicar isso a seus semelhantes não-cristãos.
Aqueles cristãos do século I eram testemunhas. Ganhavam as pessoas publicamente e de casa em casa, todos
os dias! Quão grande poderia ter sido o resultado, se esse zelo e paixão originais pelas almas tivessem continuado
na Igreja?
Mas não continuou. No século II, a cristandade ficou emaranhada nas controvérsias teológicas e começou a
separar suas fileiras. No século III, os cristãos já tendiam à apostasia. No século IV, a apostasia e a prevaricação
dos cristãos foi acentuada.
E, então, veio o ensino deturpado do Cristianismo, na chamada Era das Trevas (Igreja Medieval), cujo
período terrível de mil anos é o véu que tem separado a Igreja moderna do conceito da Igreja no Novo Testamento.
Martinho Lutero fez a primeira redescoberta do cristianismo do Novo Testamento com a revelação de que ―o
justo viverá pela fé‖. A Primeira Igreja Cristã sabia essa verdade, que foi perdida na Era das Trevas.
A Reforma do século XVI, no entanto, era primariamente uma reforma teológica — uma volta ao exame da
Palavra de Deus. Afora isso, era muito limitada, especialmente, nos seus ensinamentos a respeito do evangelismo
em massa, da santificação, das missões, dos dons do Espírito Santo ou da volta de Cristo, embora todas estas
tivessem sido verdades fundamentais acolhidas pela Primeira Igreja Cristã.
Depois de Lutero ter redescoberto a fé pessoal para cada crente, Wesley apareceu em meados do século
XVIII com a redescoberta do evangelismo em massa, da santificação e do poder do Espírito Santo operando no
cristão. Wesley, sofrendo oposição e rejeição por parte da Igreja oficial, redescobriu a possibilidade de sair para os
campos, parques e estradas públicas a proclamar o Evangelho às massas, onde os homens e as mulheres podiam ser
salvos às centenas por vez.
Lutero redescobrira que um indivíduo podia chegar diretamente a Cristo sozinho, ler a Bíblia, invocar o
Senhor e ser salvo pela sua própria fé. Wesley, porém, redescobriu que uma multidão inteira de pecadores podia
crer em Cristo e ser salva de uma só vez.
A Primeira Igreja Cristã praticara o evangelismo em massa, mas este foi sufocado até morrer durante a Era
das Trevas, quando o cristianismo era proclamado somente dentro das paredes das catedrais e dos santuários
eclesiásticos. Houve, então, sucessivos ressurgimentos do puro evangelismo sob a liderança de homens como
Finney, Moody e outros.
William Carey começou seu ministério por volta de 1790, e redescobriu que o Evangelho também era para
os pagãos. E, assim, foram reorganizadas as missões. Os cristãos primitivos eram grandes missionários, mas
durante a Era das Trevas, desaparecera o conceito de evangelizar nações bem distantes, habitadas por outros povos.
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Em fins do século XIX e começo do século XX, mais verdades vitais foram restauradas à Igreja: o
derramamento do Espírito Santo, os dons espirituais, a doutrina dos tempos do fim e a da volta de Cristo. Lutero e
Carey não mencionaram qualquer dessas verdades. Sequer Wesley deu muito destaque a elas.
Então, quase simultaneamente no mundo inteiro, os cristãos começaram a redescobrir o batismo no Espírito
Santo acompanhado pelos sinais sobrenaturais. Em seguida, os dons do Espírito Santo começaram a ser exercidos,
inclusive, houve a reativação do poder de Cristo para curar os enfermos e a verdade da Sua segunda vinda
iminente.
Os cristãos primitivos conheciam todas essas verdades vitais, mas durante mil anos a Igreja ficou fora de
contato com esses conceitos do Novo Testamento. Durante esses mil anos, os cristãos ficaram viciados em
conceitos e atitudes religiosos inteiramente estranhos ao Novo Testamento.
Privacidade — a ruptura produzida entre as esferas do privado e do público na vida moderna, havendo
29 O pluralismo religioso vigente na sociedade contemporânea ocidental teve a sua origem em outros ismos filosófico-teológicos nestas
últimas décadas. Ele tem a ver intimamente com o relativismo e com um pós-racionalismo do Iluminismo, que é o chamado pós-
modernismo, além das influências do orientalismo religioso. No pluralismo não existe a verdade absoluta, nem existe uma religião
verdadeira. Num ambiente pluralista, ninguém pode reivindicar que está com a verdade absoluta; todos têm as verdades, mesmo q ue elas
se contradigam. Assim é o pluralismo.
30 Rubem Martins Amorese, Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna. Abba Press, 1993.
31 Daniel Salinas e Samuel Escobar, Pós-Modernidade: novos desafios à fé cristã. ABU Editora, 1999, p. 37-38.
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uma cristalização da importância do privado como a única esfera da liberdade e da realização individual. O
―cidadão do mundo‖ é um solitário (não solidário). Pluralista e defensor da privacidade será alguém com uma
especial incapacidade de confiar e tenderá a tomar decisões impulsivamente. Superficialidade nas relações e
dificuldade na comunhão são conseqüências óbvias.
B) MÍSTICA OU ESOTÉRICA.
Como conseqüência da globalização, as pessoas hoje têm acesso não só a todas as religiões mundiais
históricas, mas também a uma explosão de alternativas, cuja forma de espiritualidade demanda poucas
mudanças profundas em suas vidas.
— Crescente aceitação dos cultos afros.
— Disseminação de religiões orientais.
— Correntes teosóficas.
— Correntes psicológicas.
— Ideologia da Nova Era. Segundo Roy Clements, a ―Nova Era é a articulação da crescente popularidade do
monismo panteísta. Em oposição, tanto ao teísmo puritano como ao racionalismo científico, o monismo
panteísta nega a distinção entre verdade última e erro. Todas as religiões, argumenta-se, são expressões da
32 Precisamos compreender não só as mudanças, mas também os valores que estão impulsionando as mudanças. Os
arquitetos e defensores da globalização econômica pretendem não só mudar o curso do comércio e da economia
internacionais, mas redefinir o que é essencial e o que é de valor, e isto definido apenas em termos de eficiência e crescimento
econômico. Parece que estamos viajando rumo a um futuro em que praticamente tudo na excelente criação de Deus, incluindo
os seres humanos, será reduzido a uma mercadoria com uma etiqueta de preço.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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mesma experiência espiritual da unidade cósmica. E quanto a esta visão se demanda de nós a
tolerância. Não porque o correto seja indistinguível do errado, mas porque todas as opções são corretas. Todas
as religiões levam a ‗Deus‘. Para a Nova Era, o que importa não é o que se crê, mas a edificação pessoal que
se experimenta no seguimento. Por isso, creia em qualquer coisa e em tudo! Se a partir disso você se sente
bem consigo mesmo, desenvolve sua percepção espiritual e aprofunda a sua auto-realização, então isto é
verdade para você.‖
— Sincretismo. Quando falamos de Jesus para as pessoas podemos ouvir que Deus é um só. Com certeza, mas o
que isso quer dizer? Que todas as igrejas pregam o mesmo Deus. Que não há um único jeito de agradá-lo.
Que, se alguém buscar a Deus, não importa como, vai achá-lo. Mas de onde vem esse pensamento? Ele tem
profunda ligação com um outro bastante comum atualmente que diz: Não há uma única verdade. A idéia é
que todos possuem um pouco da verdade. Em um resumo, tudo tem valor. Então, se conseguirmos juntar
algumas partes da verdade, chegaremos a uma verdade ainda maior. É isso que se chama de ―sincretismo‖. O
sincretismo fala-nos de vários sistemas que contêm fragmentos da verdade, e como, se juntarmos esses frag-
mentos, podemos obter um quadro melhor da própria verdade.
O sincretismo é prejudicial ao Cristianismo. Quando aceitamos as ―verdades‖ de todos, acabamos deixando
de lado a única verdade: a palavra de Deus.
33 No Cap. VI desta apostila, você encontra vasta matéria sobre métodos evangelísticos: princípios para partilhar a fé.
34 Em média, o jovem vê pelo menos vinte horas de televisão por semana, além de passar um tempo enorme ouvindo CDs, jogando
videogames e navegando na Internet. É difícil acreditar que uma hora de escola bíblica dominical por semana terá muita influência diante
desse massacre do processo de globalização. Precisamos conceber estratégias muito mais sérias, envolvendo famílias e comunida des,
para sustentar a vida cristã.
35 Valdir R. Steuernagel, ―A universalidade de Cristo‖. Do livro E o verbo habitou entre nós, CLADE III. Encontrão Editora, p. 17.
36 William Taylor, ―Missões num mundo em crise‖. Aos Que Ainda Não Ouviram: Desafios missionários rumo ao século XXI. Editora
Sepal, 1998, p. 117-118.
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dicotomia entre o material e o espiritual. Tudo o que vemos e fazemos está entrelaçado com a realidade
última. A crise que testemunhamos e pela qual passamos neste planeta, reflete a crise nas regiões invisíveis.
Com esta afirmação básica, deixamos claro os diferentes níveis das crises: 1. A crise que ocorre na batalha
espiritual e invisível, que de forma obscura percebemos e entendemos; 2. A que ocorre na crise sócio-econômico-
cultural (benigna ou maligna) de estruturas humanas que interagem com o mundo invisível; 3. A que acontece nas
crises humanas de uma humanidade deslocada e alienada do único verdadeiro Deus e debaixo do domínio de
Satanás; 4. As crises experimentadas na vida da Igreja onde o inimigo ataca com eficiência diabólica; 5. A crise
que ocorre na vida pessoal e familiar onde o pecado tem tido o seu domínio e onde até o mal de gerações
passadas dilacera crentes que querem amar e servir a nosso Deus.
Como isto tudo impacta Missões? De muitas maneiras! Não podemos ser infantis e pensar que o nosso
emocionalismo e consagração momentânea para Missões mundiais seja suficiente. Há um alto preço a ser pago
no serviço ao nosso Deus e, talvez, um preço ainda mais alto quando consideramos um serviço transcultural
efetivo. Missões hoje são feitas num contexto de incerteza política, fracassos econômicos, desintegração sócio-
cultural e manifestações demoníacas.
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3 – FUNDAMENTO BÍBLICO-TEOLÓGICO DA
EVANGELIZAÇÃO
A palavra ―Teologia‖ tem, neste caso, o sentido de procura bíblica pelos fundamentos da evangelização, não
uma teorização ou especulação que venha satisfazer o nosso intelecto. A profundidade teológica está aliada ao
conhecimento experimental de Deus em Cristo (Jr 9:24; Os 6:3; Mt 11:27; Jo 14:6,9; II Pd 3:18) e, como disse J. I.
Packer, ―Conhecer a Deus é um relacionamento capaz de fazer vibrar o coração do homem‖. Por isso, todo o
esforço teológico visa um conhecimento maior de Deus, conforme revelado em Sua Palavra; e este conhecimento
está essencialmente ligado à santificação e à piedade.
A reflexão teológica deve ser sempre um prefácio à ação, sob a influência modeladora do Espírito que nos
instrui pelo evangelho. ―Uma igreja que só reflete e não atua é semelhante ao exército que passa o tempo fazendo
manobras dentro do quartel.‖37
38Trindade: Referência à doutrina de que Deus é um e que existe eternamente em três pessoas. Deus é ao mesmo tempo
uno e trino (Mt 3:13-17; 28:19; II Co 13:14).
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No Novo Testamento, evangelizar significa comunicar a toda a humanidade que o Pai celeste, no seu Filho
Jesus Cristo, providenciou-nos grande e eterna salvação.
O Evangelho é uma Pessoa — a bendita Pessoa do Filho de Deus, que é a resposta ao problema básico do ser
humano: o pecado. A Bíblia destaca a Pessoa de Jesus como o nosso:
1. Substituto. Na condição de nosso Substituto, Jesus cumpriu o simbolismo de todos os sacrifícios oferecidos a
Deus, tanto antes da lei de Moisés como durante a vigência desta. A finalidade desses sacrifícios era mostrar a
hediondez do pecado, que exigia a morte do pecador.
Em Israel, cada vez que o israelita levava uma oferta expiatória, tinha de colocar a mão sobre o animal e
confessar a sua culpa. Com esse gesto ele se reconhecia merecedor da morte por causa do seu pecado, mas
rogava a Deus que aceitasse, no lugar do ofertante pecador, uma vítima inocente, que no caso era um animal.
O Senhor Jesus, na condição de nosso Substituto, tomou o nosso lugar na cruz e levou sobre si nossos pecados e
dores, reconciliando-nos com o Pai mediante o seu sangue remidor. Seu precioso sacrifício, único e eterno,
pôs fim a todos os sacrifícios pelo pecado que se faziam sob o regime da lei de Moisés.
2. Mediador. Cristo Jesus, como o único “mediador entre Deus e os homens” (I Tm 2:5), reata o relacionamento
partido entre o ser humano e o Criador. Por causa do pecado tornamo-nos em primeiro lugar inimigos de
Deus, e depois, inimigos uns dos outros. Entretanto, ao sermos reconciliados com o Pai, também nos
reconciliamos uns com os outros.
Ao satisfazer na sua plenitude a justiça divina, que exigia a morte do pecador, o Senhor Jesus inaugurou no seu
próprio sangue inocente a nova aliança, segundo a qual Deus Pai nos perdoa e nos aceita como filhos por
adoção em Cristo.
3. Libertador. Na qualidade de nosso Libertador, Jesus nos livra do poder opressor do pecado e de Satanás.
Nesse sentido estritamente bíblico, a libertação é uma obra divina realizada no mais profundo do nosso ser.
A Bíblia, ao referir-se ao nosso ser interior, à nossa personalidade e ao centro dos nossos pensamentos, das
nossas emoções e vontade, fala com freqüência do coração. Devemos orar como o salmista: ―Cria em mim, ó
Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito reto‖ (SI 51.10). A morte de Jesus possibilitou a
resposta a essa oração.
4. Senhor e Mestre. Como o nosso Senhor e Mestre, Cristo é o caminho para a realização plena da criatura
humana. Recebendo-o não apenas como Salvador, mas também como Senhor supremo, o cristão obedece-lhe
em tudo, aceitando para o seu viver cotidiano a direção que ele lhe dá tanto na sua Palavra escrita, a Bíblia,
como mediante o Espírito Santo, o Consolador, que nos guia em toda a verdade e faz de nosso corpo o seu
templo.
DEUS ESPÍRITO SANTO — O Espírito foi derramado sobre a Igreja (At 1:8) e esta se tornou testificante. O
papel do Espírito Santo na evangelização é indispensável. Ele convence o homem do pecado. A essa persuasão
acrescenta-se a ação da consciência, de modo que o pecador fique de todo consciente de sua culpa (Jo 16:8). Tal
reconhecimento leva o homem ao arrependimento. O Espírito Santo comunica a verdade sobre Jesus Cristo à alma
(Jo 14:26). Ele exalta a Jesus de forma eloqüente, testemunhando de Sua Pessoa singular e de Sua obra como
Salvador e Senhor (At 2:22-36).
O Espírito Santo chama os evangelistas para sua obra, capacita-os e guia-os em sua realização (At 13:2). O
evangelismo não frutifica pela eficácia de sua pregação, mas pela ação do Espírito Santo nas vidas. O Espírito
Santo dá o sucesso em implantar o evangelho de modo eficaz (Rm 15:19; I Ts 1:5; Gl 3:3).
1) PRESSUPOSTOS DA EVANGELIZAÇÃO
Quando evangelizamos, levamos conosco, mesmo que ainda não tenhamos parado para analisar, alguns
pressupostos fundamentais, que norteiam o conteúdo de nossa proclamação e, mais do que isso, direcionam o nosso
ato proclamante, bem como as nossas expectativas no que se refere aos frutos da evangelização. Alguns desses
pressupostos são:39
39 Adaptados do resumo de Hermisten M. P. Costa, Breve Teologia da Evangelização. PES, 1996, p. 19-37.
40 Billy Graham, ―Por que Lausanne?‖, em A missão da Igreja no mundo de hoje.ABU Editora, 1989 (3ª ed.), p. 20.
B) A UNIVERSALIDADE DO PECADO
Ao evangelizarmos, não saímos com uma ―lanterna acesa‖, procurando entre os homens aqueles que sejam
pecadores. Também não abordamos as pessoas perguntando: ―Você é pecador?‖ e no caso de uma resposta
negativa, pedimo-lhe desculpas e vamos embora, buscando outros homens com ―aparência‖ de pecador... Quando
nos dirigimos aos homens apresentando a salvação por Cristo, estamos na realidade pleiteando que eles se
arrependam e creiam no evangelho. Ao assim procedermos, estamos, de fato, pressupondo corretamente que todos
os homens pecaram e necessitam da glória de Deus (Rm 3:23).
Todo o labor evangelístico se ampara neste pressuposto fundamental: todos os homens pecaram,
distanciando-se de Deus, o Seu Criador. O homem desde a Queda, encontra-se sob o domínio do pecado e, por isso
mesmo, é incapaz de responder positivamente ao chamado externo do evangelho. O pecado corrompeu o intelecto,
a vontade e a faculdade moral de toda a raça humana; por isso, o homem está morto espiritualmente, sendo escravo
do pecado (Gn 6:5; 8:21; Is. 59:2; Jo 8:34,43-44; Rm 3:23; Ef. 2:15; Cl 1:13; 2:13) e nada pode fazer para retornar
à comunhão perdida (Is 64:6; Jo 8:34; Rm 3:9-12, 23; 6:6). A depravação total é justamente isto: a contaminação de
todas as nossas faculdades pelo pecado. Ainda que o homem não seja absolutamente mau — não é tão mau quando
poderia — é extensivamente mau — todo o seu ser está contaminado pelo pecado.
Mesmo depois de libertos por Cristo e feitos filhos de Deus, não nos livramos inteiramente do insidioso
poder da queda. Por essa razão o apóstolo Paulo afirma a respeito de si próprio e de todos os crentes: ―De maneira
que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado‖ (Rm
7:25).
Cada pecado, além de demonstrar o nosso fracasso em amar a Deus de todo o nosso ser, é uma quebra do que
Jesus chamou de o primeiro e grande mandamento. É a recusa ativa de reconhecer a Deus e obedecer-lhe como
nosso Criador e Senhor. Rejeitamos a posição de dependência que implica o fato de termos sido por Ele criados.
Mas fazemos ainda pior; insistimos em proclamar nossa auto-independência, nossa autonomia como que
reivindicando a posição que somente Deus pode ocupar. 42
Analisando o texto de Romanos 8:7: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é
sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”, John Stott afirma: ―O pecado não é um lapso lamentável de
padrões convencionais; a sua essência é a hostilidade para com Deus, manifesta em rebeldia ativa contra Ele (...) é
uma qualidade implicitamente agressiva, uma crueldade, um ferimento, um afastamento de Deus e do restante da
humanidade, uma alienação parcial, ou um ato de rebelião‖.
Na Bíblia, portanto, pecado é algo interno, que além de ter sua origem na desobediência à vontade divina, é
basicamente contra Deus e não contra o homem. Quando a Escritura afirma que ―todos pecaram‖ e que ―o salário
do pecado é a morte‖ (Rm 3:23; 6:23), quer dizer exatamente isto: que esse terrível mal é como chaga que
42 Ver John Stott, A cruz de Cristo. Editora Vida, 2002 (8ª imp.), p. 80.
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contamina o ser humano dos pés à cabeça e o coloca sob a maldição eterna de Deus. O aspecto social do
pecado não é outra coisa senão a exteriorização do caráter depravado do coração ainda insubmisso a Cristo.
Emil Brunner resume esse pensamento muito bem, ao dizer: ―Pecado é desafio, arrogância, desejo de ser
igual a Deus... Asserção da independência humana contra Deus... Constituição da razão autônoma, moralidade e
cultura.‖
A Bíblia ensina que o pecado enraizou-se na alma humana e manchou-a terrivelmente, como lepra espiritual
que se ramifica, amarrando e sufocando a alma. Como um déspota tirano, o pecado exige obediência cega dos seus
escravos, porque atrás dele está o próprio Satanás. As obras do pecado são as mais horrendas que se podem
imaginar: insegurança, doenças, inimizades, rixas, contendas, falta de paz e toda uma grande e negra lista.
O apóstolo João declara que o amor do mundo e o amor do Pai são incompatíveis. ―Não ameis o mundo nem
as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no
mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas
procede do mundo‖ (I Jo 2:15-16).
Nesse contexto, mundo significa a raça humana sem Deus, incrédula e rebelde, sob a orientação do diabo,
que persegue a Igreja ou procura subvertê-la mediante influências sutis. A ―concupiscência da carne‖ significa os
apetites malignos e desordenados da nossa baixa natureza animal, não redimida. A ―concupiscência dos olhos‖ quer
dizer o meio pelo qual as coisas externas do mundo nos inflamam — o seu materialismo avarento e passageiro, o
desejo exagerado de fama e beleza, de ajuntar tesouros na terra, que quase sempre acaba levando a pessoa a afastar-
se de Deus, a explorar o seu semelhante e a viver uma vida infeliz. A ―soberba da vida‖ é a presunção arrogante, o
pecado que causou a queda de Lúcifer. A ―soberba da vida‖ forma o vínculo entre o mundo (que corresponde à
concupiscência dos olhos) e o diabo (concupiscência da carne).
À luz da Palavra de Deus, o pecador não regenerado e, portanto, desobediente à vontade divina, não pode
desfrutar a pureza e a santidade, mas experimentar contínua degeneração física, moral e espiritual. Em vez de paz,
conhece o desespero; em vez de felicidade, conhece a desgraça.
C) A SOBERANIA DE DEUS
A certeza de que Deus é o Senhor da salvação e, que a Ele pertence o poder para nos salvar conforme Seu
decreto eterno, deve nortear e direcionar todo o nosso pensar e agir evangélico. A salvação é uma prerrogativa
única e exclusiva de Deus: Ele tem poder e total liberdade para salvar a quem Ele quiser; a Palavra diz que a
salvação pertence a Deus (Hb 2:10; 5:9; Tg 4:12; Ap 7:10; 19:1). De fato, Deus é quem salva, conforme o Seu
propósito gracioso revelado nas Escrituras.43
A razão principal da ordem evangelizadora é teocêntrica: a ordem bíblica eleva Deus à Sua justa posição de
Senhor da seara (Lc 10:2).44 O Senhor envia os trabalhadores porque é Ele quem dá o crescimento (I Co 3:6). Ele
procura os frutos e tem autoridade para cortar a árvore (Lc 13:7).
Dr. Russell Shedd adverte: ―Assim como não se pode obter e tampouco transmitir benefício espiritual algum
sem a iniciativa divina, não se pode também alcançar nenhum objetivo espiritual por conta própria. Afirmaremos
por toda a eternidade: ―Deus o fez!‖ O melhor que temos a fazer é reconhecer a realidade que nos cerca aqui e ago-
ra. Assim, oraremos e esperaremos que Deus opere o milagre do novo nascimento. Por outro lado, Deus optou por
trabalhar em seus servos-evangelistas e por meio deles. Aqui, o conhecimento e a obediência são de suprema im-
portância. É preciso conhecer a Ele e aos seus propósitos e estar desejoso de obedecer às suas ordens, ―porque de
Deus somos cooperadores.‖ (I Co 3:9)
evangelho mediante as mais pacientes explicações? Não. Poderíamos esperar levar os homens a obedecerem ao
evangelho através de quaisquer palavras de exortação que porventura disséssemos? Não. Nossa maneira de
evangelizar não será realista enquanto não tivermos enfrentado esse fato esmagador, permitindo que ele exerça o
devido impacto sobre nós... Considerada como um empreendimento humano, a evangelização é uma tarefa inútil.
Em princípio não pode produzir o efeito desejado. Podemos pregar, e pregar de modo claro, fluente e atrativo;
podemos falar a indivíduos da maneira mais apropriada e desafiadora; podemos organizar cultos especiais,
distribuir folhetos, exibir cartazes e encher a terra de publicidade — contudo não há a mais remota esperança de
que toda essa queima de esforços será capaz de conduzir qualquer alma a Deus. A não ser que algum outro fator
interfira nessa situação, nossos próprios desempenhos e todas as atividades evangelísticas estarão condenados
de antemão ao fracasso. Essa é a verdade, nua e crua, que temos de enfrentar.‖
44EVANGELIZAÇÃO TEOCÊNTRICA: brota do coração de Deus; é sustentada pelo amor de Deus; é ordenada
pela graça de Deus. A Bíblia coloca Deus no centro. Sua glória é o alvo principal da evangelização. O fim supremo
das obras divinas é a glória de Deus. O homem por ser portador da imagem de Deus, sente necessidade do eter-
no em seu coração (Ec 3:11). ―Uma vez que o homem é circundado e invadido pelo sentimento do divino, pode-
mos explicar o anseio dos corações desassossegados por significado e identidade.‖ A evangelização é o plano de
Deus por meio do qual a perfeita semelhança de Deus em Jesus Cristo poderá ser implantada no homem caído.
―Como portador da imagem divina, o homem é capaz de compreender inteligentemente a palavra de Deus e de
atender a ela de modo racional. Ele é capaz de obedecer a Deus e de servi-lo. Pode louvá-lo e honrá-lo. À medida
que o faz, o propósito para que foi criado é alcançado. Por meio da evangelização, Deus busca restaurar
pecadores direcionando-os para o objetivo original que Ele lhes reservara no momento de sua criação.‖ — Russel
P. Shedd. Fundamentos Bíblicos da Evangelização. Ed. Vida Nova, 1996, p. 13.
D) A RESPONSABILIDADE HUMANA
O homem foi criado como um ser pessoal que tem consciência e determinação própria. Diferentemente de
todos os outros animais, faz a distinção entre o eu, o mundo e Deus; daí a capacidade de se relacionar com Deus
(Gn 3:8-14; Jr 29:13; Mt 11:28-30) e com o seu semelhante, podendo entender (racionalmente) a vontade de Deus,
fazer-se entender e avaliar todas as coisas (Gn 1:28-30;2:18-19).
Apesar do pecado ter comprometido, de forma gravíssima todas as suas faculdades originais, o homem não
deixou de ser a imagem e semelhança de Deus — visto que isso implicaria em deixar de ser homem. Contudo, ele
se tornou uma imagem desfigurada, desfocalizada, mais propriamente uma ―caricatura‖ do Seu Criador. Calvino
(1509-1564), escrevendo sobre isso, disse: ―Quando de seu estado (original) decaiu Adão, não há a mínima dúvida
de que por esta defecção se haja alienado de Deus. Pelo que, embora não tenha sido aniquilada e apagada
totalmente a imagem de Deus, foi ela, todavia, corrompida a tal ponto que, o que quer que resta, é horrenda
deformidade.‖47
A Bíblia apresenta o evangelho como uma mensagem que deve ser anunciada a todos os homens, a fim de
que eles possam entendê-la e crer nela. A fé é um dom de Deus (Ef 2:8) todavia, a proclamação compete a nós; é
uma responsabilidade inalienável e essencial da Igreja. Por certo, não compreendemos exaustivamente a relação
entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana; contudo, a Bíblia ensina estas duas verdades: Deus é
soberano e o homem é responsável diante de Deus por suas decisões (Rm 1:18—2:16).
Em nosso testemunho, procuramos anunciar o evangelho de forma inteligível, dirigindo-nos a seres racionais
a fim de que entendam a mensagem e creiam; por isso, ao mesmo tempo em que sabemos que é Deus Quem
converte o pecador, devemos usar os recursos de que dispomos — que não contrariem a Palavra de Deus — para
atingir a todos os homens. A nossa proclamação deve ser apaixonada, no sentido de que queremos alertar os
homens para a realidade do evangelho, ―persuadindo-os‖ pelo Espírito, a se arrependerem de seus pecados e a se
voltarem para Deus (Lc 5:10; Rm 11:13-14; I Co 9:19-23; II Co 5:11).
49 John Owen, Por quem Cristo morreu? PES Editora, 1986, p. 33.
50 Wayne Grudem, Teologia Sistemática. Edições Vida Nova, 2000 (reimp.), p. 77-78.
51 Os salvos no tempo da antiga aliança também foram salvos por meio da fé em Cristo, ainda que fosse por
uma fé de expectativa baseada na promessa divina de que viria um Messias ou Redentor. Falando de crentes do
AT como Abel, Enoque, Noé, Abraão e Sara, diz o autor de Hebreus: ―Todos estes viveram pela fé, e morreram
sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe e de longe o saudaram‖ (Hb 11:13). Moisés ―por amor
de Cristo, considerou sua desonra uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua
recompensa‖ (Hb 11:26). E Jesus disse de Abraão: ―Abraão, pai de vocês, alegrou-se porque veria o meu dia; ele
o viu e regozijou-se‖ (Jo 8:56). Isso novamente parece aludir à alegria de Abraão na expectativa do dia do Messias
prometido. Assim, mesmo os crentes do AT tinham fé salvadora em Cristo, a quem ansiosamente esperavam, não
com conhecimento dos detalhes históricos da vida de Cristo, mas com grande fé na absoluta confiabilidade da
promessa de Deus.
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nos tempos mais remotos, vinha em forma bastante breve, mas desde o princípio temos provas de palavras
de Deus que prometiam uma salvação futura, palavras em que confiaram aquelas pessoas que Deus chamou para si.
―Por meio do universo criado, Deus revela seu poder, glória e fidelidade, mas não o caminho da salvação. Se
quisermos descobrir seu plano gracioso para a salvação dos pecadores, precisamos nos voltar para a Bíblia, pois é
através dela que Ele nos fala de Cristo.‖52
O propósito principal de Deus ao nos dar a Bíblia era instruir-nos ―para a salvação pela fé em Cristo Jesus‖
(II Tm 3:15). Dessa forma, a Bíblia conta a história de Jesus, predizendo-o e anunciando-o no Antigo Testamento,
descrevendo sua carreira terrena nos evangelhos, e desvendando, nas epístolas, a plenitude de sua presença e obra.
Mais que isso: as Escrituras não apenas nos apresentam Jesus como nosso único e suficiente Salvador; elas nos
exortam a recorrer a ele e nele colocar nossa confiança. E nos prometem que, se o fizermos, vamos receber o
perdão de nossos pecados e o dom libertador do Espírito Santo. A Bíblia está cheia de promessas de salvação. Ela
garante nova vida na nova comunidade para aqueles que atendem ao chamado de Jesus Cristo.
Cristo cumpriu perfeitamente as exigências da Lei e adquiriu todas as bênçãos que envolvem a salvação. A
obrado Espírito consiste em aplicar os merecimentos de Cristo aos pecadores, capacitando-os a receber a graça da
salvação. Somente através do Espírito ―recebemos todos os bens e dons que nos são dados em Jesus Cristo‖. É Ele
quem derrama sobre nós, as bênçãos da graça, obtidas pela obra eficaz de Cristo. Dessa forma, podemos dizer que
o ministério soteriológico do Espírito se baseia nos feitos de Cristo e que o ministério sacrificial de Cristo reclama
a ação do Espírito (Jo 7:39; 14:26; 16:13-14). ―A obra do Espírito na aplicação da redenção de Cristo é descrita
como tão essencial como a própria redenção.‖54
A Palavra nos ensina que o Espírito Santo é o Espírito de Cristo (Gl 4:6; Fl 1:19); por isso, a presença do
Espírito em nós, é a presença do Filho (Rm 8:9). Quando evangelizamos, o fazemos confiantes de que Deus, pelo
Espírito, aplicará os méritos de Cristo no coração do Seu povo. Portanto, aí está a nossa responsabilidade e o nosso
conforto, conforme bem observou Billy Graham: ―O Espírito Santo é o grande comunicador do evangelho, usando
como instrumento pessoas comuns como nós. Mas é dele a obra. Assim, quando o evangelho é fielmente
52 John R. W. Stott, A Bíblia: o livro para hoje. ABU Editora, 1993, p. 23.
53 J. I. Packer, O “Antigo” Evangelho, p. 9.
54 Charles Hodge, Teologia Sistemática, vol. I, p. 370.
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proclamado, o Espírito Santo é quem o envia como dardo flamejante aos corações dos que foram
preparados.‖55
J) A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
A eleição é o ato eterno de Deus, por meio do qual Ele decretou — livre, soberana e
misericordiosamente — salvar em Cristo Jesus um determinado número de pessoas — dentre toda
a raça humana voluntariamente caída — aplicando, no decorrer da história a Sua graça redentora,
capacitando-os, pelo Espírito Santo, a responderem com fé à mensagem redentiva de Cristo, sendo
preservados assim até o fim.
Deus chama os Seus eleitos através da pregação da Palavra. R. B. Kuiper observa: ―Deus quer que o
evangelho seja proclamado ao mundo todo e em todo o tempo para que seja congregada a soma total dos eleitos.‖
A Palavra de Deus é sempre um ato criador, através da qual Deus chama, convence, transforma e edifica os Seus.
Cada um de nós que foi alcançado pela graça de Deus, tornou-se um instrumento de testemunho da bendita
salvação, a fim de que outros sejam salvos (Rm 10:14-17; At 18:9-11). A Igreja é chamada para fora do mundo a
fim de invadir o mundo com a pregação do evangelho (Mt 5:14-16; Mc 16:15-16; At 1:8; I Co 9:16). A eleição
eterna de Deus inclui os fins e os meios. Nós somos o meio comum estabelecido por Deus para que o mundo ouça a
mensagem do evangelho. Jesus Cristo confiou à Igreja a tarefa evangelística. A Igreja é ―o agente por excelência
para a evangelização‖. Nenhum homem será salvo fora de Cristo, porém para que isso aconteça ele tem que
conhecer o evangelho da graça. Como crerão se não houver quem pregue? (Rm 10:13-15). ―O evangelismo pelo
qual Deus leva os Seus eleitos à fé é um elo essencial na corrente dos propósitos divinos.‖57
Herman Ridderbos diz acertadamente que: ―A Igreja é o povo que Deus separou para Si em Sua atividade
salvífica, para que mostrasse a imagem de Sua graça e Sua salvação.‖
Quando estamos levando o evangelho a todos os homens, cumprindo prazerosamente parte de nossa missão,
estamos de fato demonstrando o nosso amor pelo nosso próximo, desejando que ele conheça a Cristo e, segundo a
misericórdia de Deus, se arrependa e creia.
Como bem observou R. B. Kuiper: ―A eleição requer a evangelização. Todos os eleitos de Deus têm que ser
salvos. Nenhum deles pode perecer. E o evangelho é o meio pelo qual Deus lhes comunica a fé salvadora. De fato,
é o único meio que Deus emprega para esse fim.‖ (Ef 1:13).
O meio costumeiro de Deus agir é chamando, persuadindo e congregando o Seu povo através do Seu povo.
Noutras palavras, nós somos instrumentos, ―elos vitais‖ no desenvolvimento do propósito salvífico de Deus,
proclamando a Sua palavra de salvação. Deus opera através da Sua Palavra, contudo, ―ninguém obterá
55 Billy Graham, ―Por que Lausanne?‖ em A missão da Igreja no mundo de hoje, p. 30.
56 A. A. Hoekema, A Bíblia e o futuro, p. 187.
57 J. I. Packer, Vocábulos de Deus, p. 146.
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conseqüências proveitosas da Palavra, se Deus não lhe socorrer com a luz de Seu Espírito. Isso mostra a
diferença entre a voz humana e a vocação interior, a qual sempre é eficaz e somente pertence aos eleitos.‖ 58
Uma palavra de advertência quanto à nossa responsabilidade e limite: quem será salvo? Quantos serão
salvos? São perguntas que não nos compete fazer. Contudo, a nossa responsabilidade é de cumprirmos a ordem
expressa de Cristo, de anunciar o evangelho a todas as pessoas, sabendo que a conversão é uma operação do
Espírito Santo que ultrapassa a nossa capacidade. Compete-nos apenas pregar, não especular. Calvino, inspirado
em Agostinho, recomendou-nos prudência:
―Se alguém assim se dirige ao povo: ―Se não crêem é porque Deus já os tem predestinado à
condenação‖; esse não somente alimentaria a negligência como também a malícia. Se alguém também
para com o tempo futuro estender a asserção de que não vão crer os que ouvem, porquanto têm sido
condenados, isso seria mais maldizer do que ensinar... Como nós não sabemos quem são os que
pertencem ou deixam de pertencer ao número e companhia dos predestinados, devemos ter tal afeto,
que desejemos que todos sejam salvos; e assim, procuraremos fazer com que todos aqueles que
encontrarmos sejam mais participantes de nossa paz... Quanto ao que nos concerne, deverá ser a
todos aplicada, à semelhança de um remédio, salutar e severa correção, para que não pereçam eles
próprios, ou a outros não percam. A Deus, porém, pertencerá fazê-la eficaz àqueles a quem
preconheceu e predestinou‖.59
K) GLORIFICAR A DEUS
A Igreja de Deus, no seu ato essencial de proclamar as virtudes de Deus (I Pd 2:9-10), tem como objetivo
final a glória de Deus (Rm 11:36; I Co 10:31). A evangelização visa glorificar a Deus, através do anúncio da
natureza de Deus e de Sua obra eficaz, efetivada em Cristo Jesus. A evangelização tem fundamentalmente como
alvo final glorificar a Deus; e Deus é glorificado através da salvação de Seu povo (Is 43:7; Jo 17:6-26; Ef 1:6; II Ts
1:10-12) e a conseqüente confissão de Sua soberania (Fl 2:5-11). Quando evangelizamos estamos revelando o
nosso amor a Deus e ao nosso próximo, glorificando a Deus, sendo-Lhe obediente na vivência de nossa natureza de
proclamação e serviço. ―Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama‖ (Jo 14:21). Nós
glorificamos a Deus sendo-Lhe obediente (Jo 17:4).
2) AS REIVINDICAÇÕES DO EVANGELHO
O evangelho do reino — anunciado incondicional e imperativamente pela Igreja — é pela sua própria
natureza, reivindicatório; ele traz na sua própria essência o apelo ao homem para que se posicione diante do que foi
ouvido. Por isso é que a força da pregação da Igreja está na Palavra viva de Deus (Rm 1:16; 10:17; Tg 1:18; I Pd
1:23). Paulo escrevendo aos coríntios, declara: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se
Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Co
5:20). A Igreja prega o evangelho, conclamando os homens a aceitarem o reinado de Cristo em seus corações,
mudando assim a sua relação com o Senhor.
B) FÉ EM JESUS CRISTO
A mensagem de Jesus era: “(...) arrependei-vos e crede no evangelho”. Antes de ser assunto aos céus,
ordenou aos Seus discípulos: ―Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado‖ (Mc 16:15-16).
O evangelho reivindica fé. A fé salvadora é um dom da graça de Deus, através do qual somos habilitados a
receber Jesus Cristo como nosso suficiente e único Salvador e a crer em todas as promessas do Deus Triúno,
conforme estão registradas nas Escrituras. ―A fé verdadeira é aquela que ouve a Palavra de Deus e descansa em Sua
promessa.‖61 (Rm 10:8, 14-15, 17; I Co 15:1-2; Cl 1:23; Hb 4:2).
O que qualifica a genuína fé não é simplesmente o ato de crer ou a sua intensidade, mas sim, o seu foco —
Jesus Cristo, o Senhor. Jesus Cristo é o conteúdo, o substantivo da Promessa; por isso, crer no evangelho significa
crer em Jesus Cristo (Mc 1:15; Rm 15:20; At 16:31).
C) CONVERSÃO A DEUS
Quando Paulo e Barnabé chegam em Listra e acontece a cura de um paralítico, eles são confundidos com
Mercúrio e Júpiter respectivamente; o povo idólatra quis adorá-los, ao que Paulo e Barnabé reagiram firmemente,
clamando: ―Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos,
e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo....‖ (At 14:15).
O evangelho reivindica a conversão do homem, que deixa a ignorância, as trevas, e a idolatria e volta-se para
Deus (At 11:21; 26:18; I Ts 1:9; I Pd 2:25). A conversão é a junção executada do arrependimento (mudança de
mente e de coração) e da fé, uma confiança sem reservas, depositada unicamente em Deus e nas Suas promessas.
D) RECEBER O EVANGELHO
O evangelho é para ser recebido como o ensino autoritativo de Deus. Esta recepção envolve o nosso ―andar‖;
tem implicação em todas as áreas de nossa vida. Aqui de forma indireta, podemos ver a nossa responsabilidade
como pregadores. A mensagem que transmitimos exige uma postura responsável, compatível com a sua gravidade
e suas implicações (I Co 15:1; Cl 1:6; I Ts 2:13).
E) OBEDIÊNCIA
Paulo em duas ocasiões fala de forma recriminatória daqueles que não obedeceram ao evangelho. Na
primeira delas, ele está interpretando as palavras de lsaías. ―Mas, nem todos obedeceram ao evangelho....” (Rm
10:16). Em outro momento, ele fala do regresso de Cristo, o qual manifestará Sua justiça retributiva “contra os que
não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (II Ts 1:8). O evangelho requer uma obediência ―voluntária‖
aos seus ensinamentos. Nós trabalhamos para que pelo evangelho seja “levado cativo todo pensamento à
obediência de Cristo” (II Co 10:5). A obediência ao evangelho revela a nossa fé. ―A fé somente é fé no ato da
obediência.‖62
F) PERSEVERANÇA
Paulo escreve aos coríntios: ―Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e
no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei....‖ (I Co
15:1-2). (Gl 1:6-9; 5:7).
O evangelho desafia os homens a perseverarem em sua fé, permanecendo em Cristo e na Sua Palavra (Jo
8:30-31), produzindo frutos de obediência, que evidenciem o evangelho. ―Aqui está a perseverança dos santos, os
61 J. Calvino, La Epistola Del Apost Pablo a Los Hebreos (Hb 11:11), p. 246.
62 Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, p. 25.
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que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus‖ (Ap 14:12).
Evangelizar envolve a instrução, o ensino necessário para que os homens não sejam enganados por um
―evangelho‖ pervertido, destituído de Cristo (Gl 1:6-9; 5:7). Como Igreja, somos enviados a evangelizar todas as
nações, batizando os crentes, ensinando-os a guardar todos os ensinamentos de Cristo (Mt 28:19-20), a fim de que
os convertidos não sejam levados por todo vento de doutrina (Ef 4:14). A relação entre o ―evangelizar‖ e o
―ensinar‖ é constante em diversos textos bíblicos, sendo uma das características da pregação de Jesus (Mt 4:23;
9:35; Lc 20:1; At 5:42; Mt 11:1; At 28:31; II Tm 4:2). Desse modo, a evangelização sempre terá um caráter
educativo.
3) OS FRUTOS DO EVANGELHO
O Espírito através do evangelho produz frutos de vida naqueles que o recebem pela fé (Cl 1:3-8; I Ts 2:13-
14), sendo o próprio ato de atender ao evangelho o primeiro fruto de vida eterna (Rm 10:15-17). A rejeição do
evangelho implica na condenação eterna do homem (I Ts 1:8-10).
Estudando os relatos detalhados sobre o evangelismo pessoal como Jesus fazia e estudando a narrativa dos
evangelhos como um todo, emergem alguns princípios gerais de como Ele evangelizava: 63
Ele vai ao encontro do povo — Viaja pelas estradas mais movimentadas. Visita grandes cidades e aldeias. Ensina
nos mercados e nas ruas. Freqüenta cultos nas sinagogas e no templo. Embora haja momentos em que evita
as multidões, normalmente é acessível aos que buscam socorro.
Vê a multidão em termos de pessoas — Para Ele não existem massas; as pessoas são seres humanos especiais, cada
uma aos olhos de Deus mais preciosa que todas as riquezas do mundo.
Trata a todos como necessitados, sem se preocupar com sua posição social, riqueza ou raça — Sendo na maioria
pobres, recebem o benefício do seu ministério. Apesar disso, não ignora os ricos e influentes. Seja qual for a
condição do homem ou da mulher, todos necessitam de um pastor. A chamada do Evangelho é para todos.
Aproveita as oportunidades do ministério à medida que elas vão surgindo — Jesus não tem horário de expediente.
Está sempre disponível. A qualquer dia e hora está pronto a ajudar. Onde quer que esteja. Na beira da
estrada, na praia, no deserto ou na montanha, em casa ou no trabalho, no cemitério ou na sinagoga, ali está o
seu púlpito ou a sua sala de aconselhamento.
Aproveita a vantagem do relacionamento familiar — Seu primeiro contato foi com um primo. Quanto aos seus
irmãos e irmãs na casa de José, parece que o aceitaram pouco. Mas eventualmente (conforme a tradição),
obedecem ao irmão mais velho. Além disso, a essência do seu ministério está entre os judeus, povo com o
qual mantém identidade racial e nacional, embora não se negue a servir os gentios, quando a oportunidade se
apresenta.
É sensível às necessidades espirituais — Mantém o hábito de freqüentar cultos religiosos, onde os necessitados
sempre se reúnem. Caminhando pelas ruas, busca a alma solitária, sentada no escritório da alfândega; ouve o
clamor do desesperado no rumor da multidão; sente a mão febril tocando em suas vestes; reconhece um
homem de pequena estatura, fitando-o do topo de uma árvore; sua sensibilidade às pequenas coisas sempre
descobre os desesperados em busca de Deus.
Quando possível, procura estar a sós com os que o buscam — Às vezes Jesus os afasta da multidão, ou dispersa a
multidão para estar a sós com eles. Freqüentemente vai à casa deles ou os convida ao lugar onde repousa.
Em algumas poucas ocasiões, leva-os a um local reservado, onde se possa conversar mais à vontade. Mesmo
sendo organizado, prefere ficar longe do tumulto para facilitar a comunicação.
63 Estas afirmações sumárias, a seguir, são extraídas por Robert E. Coleman. Plano Mestre de Evangelismo Pessoal. Editora CPAD,
2001, p. 137-152.
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Concede tempo às pessoas — Jesus pode passar da hora do almoço para conversar com uma mulher
solitária, assim como pode ficar até tarde recebendo a visita de um membro do Sinédrio. A regra parece ser:
Se alguém está realmente necessitando de ajuda, Ele tem tempo.
5) A OBEDIÊNCIA EVANGELIZADORA
CHAMADA GERAL PARA TODO CRISTÃO
Sabemos por que alguns cristãos evangelizam; a maior parte deles, contudo, permanece em silêncio. Para
John Stott, esse seria o ―silêncio culposo‖. E Russell Shedd consentindo que agimos de acordo com aquilo em que
cremos, concluiu: ―Se os homens não estiverem perdidos, se o evangelho não for verdadeiro, se a educação for
mais necessária que a salvação, e a reforma política mais fundamental que a transformação espiritual, certamente a
urgência da evangelização não passará de conversa vazia sem significado algum.‖
Uma grande parte dos crentes pensa que a obra de ganhar almas para Jesus está afeta exclusivamente aos
pregadores, pastores e obreiros em geral. Contentam-se em, comodamente sentados, ouvir os sermões, culto após
culto, enquanto os campos estão brancos para a ceifa, como disse o Senhor da seara em João 4:35. O ―ide‖ de Jesus
para irmos aos perdidos (Mc 16:15) não é dirigido a um grupo especial de salvos, mas a todos, indistintamente, co-
mo bem revela o texto citado. Portanto, a evangelização dos pecadores pertence a todos os salvos. Cada crente pode
e deve ser um ganhador de almas. Nada o pode impedir, irmão, de ganhar almas para Jesus, se propuser isso agora
em seu coração. A chamada especial de Deus para o ministério está reservada a determinados crentes, mas a
chamada geral para ganhar almas é feita a todos os crentes.
J. I. Packer afirmou: ―(...) a comissão de pregar o evangelho e fazer discípulos, jamais foi limitada aos
apóstolos. Nem está atualmente confinada aos ministros da Igreja. Trata-se de uma comissão que repousa sobre a
Igreja inteira coletivamente e, portanto, sobre cada crente individualmente: Todo o povo de Deus foi enviado a agir
tal qual os filipenses, cuja descrição foi: “...resplandeceis como luzeiros no mundo; preservando a palavra da
vida...”. Todo o crente, pois, tem uma obrigação, entregue por Deus, que é a de fazer conhecido o evangelho de
Cristo. E todo o crente que declara a mensagem do evangelho, para qualquer irmão de raça, fá-lo como embaixador
e representante de Cristo, de conformidade com as condições da comissão que lhe foi entregue. Tal é a autoridade,
e tal é a responsabilidade da Igreja e do crente individual quanto ao evangelismo.‖ 64
O mandamento de Cristo aos Seus discípulos, que diz “Ide, portanto, fazei discípulos...” (Mt 28:19), lhes foi
transmitido em sua capacidade de representantes de todos os crentes; trata-se de uma ordem de Cristo, não
meramente dada aos apóstolos, mas à Igreja inteira. O evangelismo é a inalienável responsabilidade de toda
comunidade cristã, bem como de todo indivíduo crente. Todos estamos sob a obrigação de nos devotarmos à
propagação das boas novas, usando toda a nossa inteligência e empreendimento para levá-las à atenção do mundo
inteiro. O crente, por conseguinte, deve estar sondando constantemente a sua consciência, perguntando a si mesmo
se está fazendo tudo quanto poderia estar fazendo nesse campo.
a) O exemplo de Deus, que tanto se preocupou a ponto de mandar o seu próprio Filho ser missionário em nosso
mundo.
b) O amor de Cristo, que nos constrange. Ele foi posto na cruz por nós. E nos diz para irmos em frente e passá-
lo a outras pessoas. A evangelização é a resposta obediente ao amor de Cristo, que nos tem constrangido.
c) O dom do Espírito, que nos é dado especificamente para dar testemunho. A tarefa de evangelização do
mundo e a cooperação do Espírito Santo são as duas características indicadas por Jesus em relação à época
entre a sua ascensão e a sua volta.
Assim, os cristãos primitivos tinham por hábito basear a evangelização, clara e insofismavelmente, na
natureza do Deus triuno – no coração dele repousa a missão. Mas havia mais três razões que os impeliam:
(a) O privilégio de ser embaixador de Cristo, representante do Rei dos reis. Nós recebemos esse ministério.
Privilégio estupendo, esse!
(b) A necessidade dos que não têm Cristo. Isso soa através do NT e dos primeiros líderes da Igreja. Quando
percebi que as pessoas sem Deus estão perdidas agora e também para todo o sempre, mesmo sendo gente
boa, mesmo sendo minha família e meus amigos, foi então que fiz um propósito de gastar a minha vida em
contar aos outros as fabulosas Boas Novas que Jesus trouxe ao mundo.
(c) O tremendo prazer da tarefa em si. Ela começa no Novo Testamento e é contagiosa. Os cristãos podiam ser
presos, e cantavam louvores. Podiam mandá-los calar-se, e eles falavam mais ainda. Se perseguidos, na
próxima cidade divulgavam a mensagem. Se levados à morte, pereciam alegres, suplicando bênçãos para os
seus algozes. É por essa razão que eu não trocaria essa missão de pregar o Evangelho por nenhuma outra
ocupação no mundo. Isso é um privilégio enorme. A necessidade é urgente. Nessa tarefa, o homem se realiza
totalmente. Fomos criados para isso.
A) O FATOR ESTOCAGEM
Quando os crentes experientes alcançam uma compreensão apropriada de sua herança espiritual não
conseguem evitar que seu conhecimento extravase para a vida dos outros. Uma das maneiras mais eficazes de
evangelizar é viver de uma forma que o mantenha consciente de sua herança em Cristo. Esteja sempre ciente do
caráter de Deus. Jamais esqueça a magnitude da transformação que arrebatou estranhos e os converteu em filhos e
filhas de Deus. Viva com uma profunda gratidão pelo tamanho de seu estoque espiritual, o extenso alcance das
bênçãos que você recebe em Cristo. Quando isso acontece, não é preciso muito esforço nem motivação para
abordar pessoas perdidas e lhes dizer: ―Vocês precisam vir comigo para ver como Deus é maravilhoso‖.
Esse tipo de evangelização é extremamente eficaz. Quando um crente verdadeiro olha um descrente nos
olhos e diz: ―Prove e veja você mesmo que o Deus da história é bom‖ ou quando um discípulo de Cristo diz a
alguém que ainda busca o verdadeiro caminho: ―Não sei de você, mas quanto a mim e minha família, nós
certamente vamos servir ao Senhor, pois Ele é maravilhoso‖, essas palavras têm o poder de tocar uma parte
sensível na vida dos descrentes.
Quando vemos pessoas importantes para Deus perdidas, andando de bar em bar, buscando jogos e formas
65 Michael Green, Evangelização na igreja primitiva. Edições Vida Nova, 2000 (2ª ed.).
66 Bill Hybels, Evangelização. Editora Vida, 2000, p. 17-21 e 65-69.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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extravagantes de diversão, mantendo amantes, seguindo modismos, percebemos que precisam da mensagem
de Jesus Cristo para preencher seu vazio existencial. Quanto mais crescemos em nossa compreensão daquilo que
Deus nos deu, mais isso nos motiva a deixar que parte de nosso estoque de bênçãos beneficie aqueles que anseiam
por aquilo que nós já temos.
Hybels testemunha: — Quanto mais caminho com Cristo, menos me sinto impelido a ir contra as pessoas
que se rebelam contra Deus. Em vez disso, apenas fico triste por elas. Sinto um tipo de pesar que não costumava
sentir. Surpreendo-me dizendo a elas: ―Provem e vejam que o Senhor é bom. Ele é melhor do que qualquer coisa
que vocês tentem colocar em seu lugar‖. Sinto como se dissesse a cada miserável que encontro: ―Pare de revirar o
lixo; há um estoque de bênçãos no reino de Deus. Deus é generoso em sua graça, seus benefícios e seu amor; basta
aceitá-los‖.
Uma das melhores formas de encontrar motivação para a evangelização pessoal é manter-se sempre
maravilhado diante do estoque espiritual. Proteja-o, desenvolva-o, agradeça a Deus por ele e partilhe-o com os
outros.
C) A REALIDADE DO INFERNO
Outra motivação bastante séria para se tornar um evangelizador eficaz é a realidade do inferno. Ora, talvez
você deteste pensar nisso. Mas a verdade nua e crua é que o inferno é real e há pessoas que permanecem lá pela
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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eternidade. Há aqueles que terão de enfrentar uma eternidade sem Cristo se não encontrarem o seu perdão.
A realidade do interno era um tema importante no ministério evangelizador de Jesus. Lemos repetidamente sobre o
pesar de Jesus a respeito da falta de resposta à sua mensagem vivificadora. Ele sabia que as apostas eram grandes e
que a eternidade estava em jogo. E nós também precisamos viver tendo a mesma consciência da seriedade dessa
questão.
— O que você sente quando lê na Bíblia passagens sobre a realidade do inferno e o eterno afastamento de
Deus?
Jesus se angustiou quando o jovem rico se recusou a receber o tesouro espiritual em troca da riqueza
temporal, pois Ele sabia que o homem estava trilhando a estrada que conduz ao inferno. Jesus chorou sobre a
cidade de Jerusalém, pois disse que podia ver seus habitantes como ovelhas errantes sem pastor, e que logo eles
cairiam dos penhascos da eternidade ao abismo do inferno, para sempre. Jesus confrontava toda e qualquer pessoa
com a mensagem fundamental: se elas não mudassem de atitude, depositando nele sua fé, morreriam em pecado e
teriam de enfrentar a condenação eterna.
Por que Jesus mantinha um ritmo tão intenso, pregando de manhã cedo até tarde da noite? Por que sempre
suportava o ridículo? Porque sabia que as pessoas estavam na estrada que leva ao inferno. Isso partia seu coração e
incentivava seu testemunho.
Lucas 16:19-31 é a parábola do rico que vivia em esplendor, enquanto um miserável chamado Lázaro morria
de fome diante da porta de sua mansão. Os dois acabaram morrendo. O mendigo, Lázaro, conheceu o caminho da
salvação e foi para o céu, enquanto o rico acabou no inferno. No versículo 24, lemos sobre um desejo do rico: que
Lázaro levasse para ele uma gota de água fria. Quando o pedido lhe é negado, ele apela a Lázaro, rogando que vá
até sua família e lhes chame a atenção para os tormentos do inferno. Cinco minutos no inferno haviam
transformado o rico descrente em um evangelizador. Finalmente, estava motivado. Implorava que alguém fosse
alertar seus irmãos para a realidade do inferno. Se pudéssemos ver por esse ponto de vista, que excelente motivação
não seria!
Bill Hybels afirma: ―Posso dizer que, em parte, levo a sério as coisas de Deus e ajo como evangelizador
porque creio no inferno. Creio realmente. Acredito nele conscientemente e também emocionalmente. Não sou
neurótico sobre a questão, mas posso dizer uma coisa: é algo que me motiva todo santo dia. O apóstolo Paulo sabia
que, se não há céu nem inferno, então nossa fé é uma mentira. Basta ler 1 Coríntios 15 — está bastante claro. Se
não existe inferno, então por que todo o tempo gasto no serviço pela igreja? Por que todo esse desperdício de
energia? Por que tanta doação, oração e apelo às pessoas? Por que esse trabalho todo? Por que os cristãos
investiriam tanto tempo tentando salvar os outros?‖
Sabemos que toda pessoa com quem entramos em contato só tem duas opções: ou passará a eternidade no
céu ou afastada de Cristo, no inferno. Essa dura realidade deve encher nosso coração de paixão e insuflar fogo em
nossa alma. Pois se somos a luz e o sal do Senhor, devemos começar a agir como tais! O que está em jogo é a
eternidade.
D) A ALEGRIA DA SALVAÇÃO
Outro fator que motiva a evangelização é a recompensa por levar alguém até Cristo. Sentir a alegria de ver
alguém olhar nos seus olhos e dizer: ―Sabe, eu estava na estrada que conduz ao inferno e Deus usou você para me
conduzir até Ele‖, ou: ―Eu precisava de um embaixador. Precisava de uma testemunha confiável. Precisava de
alguém cuja vida estivesse à altura de sua mensagem, e você foi tal pessoa para mim. Obrigado por ser um
evangelizador. Obrigado por ter me estendido a mão. Obrigado por ter respondido minhas perguntas. Obrigado por
ter tolerado minha rebeldia. Obrigado por ter me amado em um momento em que eu não merecia amor. Jesus me
salvou, mas foi você quem me conduziu à Cruz, onde encontrei a graça‖.
Depois de ouvir essas palavras e fitar os olhos dessas pessoas, banhados em lágrimas, você jamais será o
mesmo. A paixão por tocar as outras pessoas cresce quando você experimenta a alegria de ver alguém se tornar um
cristão devotado. Nada se compara a isso!
O evangelista Oswald Smith nos adverte e nos incentiva, ao dizer: 67
67 Oswald Smith, Paixão pelas almas. Editora Vida, 1996 (27ª ed.), p. 101-102.
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— O inimigo está à porta e nos ameaça. As nuvens tempestuosas já se ajuntam, e o temporal está
prestes a sobrevir. Nada, exceto a pregação do Evangelho, no poder do Espírito Santo, pode fazer reverter a
perigosa maré. Portanto, não há alternativa senão entregarmo-nos à evangelização. Vamos às pessoas, onde
estiverem e, munidos da melhor música evangélica, dos melhores testemunhos e das melhores mensagens,
atraiamos as massas perdidas para Cristo. Planejemos uma campanha evangelística caracterizada pelo entu-
siasmo, e ganhemos as pessoas para o Salvador. Distribuamos folhetos evangelísticos em cada lar de nossas
comunidades, e façamo-lo não uma vez só, mas muitas vezes.
Que palavras perscrutadoras essas de Provérbios 24:11-12! Medite nelas com atenção: ―Liberte os que
estão sendo levados para a morte; socorra os que caminham trêmulos para a matança! Mesmo que você diga:
“Não sabíamos o que estava acontecendo!” Não o perceberia aquele que pesa os corações? Não o saberia
aquele que preserva a sua vida? Não retribuirá ele a cada um segundo o seu procedimento?‖
Que espantosa declaração! Quem pode lê-la sem deixar-se convencer? Se os homens estão ameaçados de
morte e não os advertimos, nós seremos os grandes culpados. Talvez aleguemos ignorância. Poderemos
asseverar que de nada sabíamos. Porém nada disso nos livrará. Pois podemos e devemos saber de todos os
fatos. Podemos procurar os necessitados. Deus jamais poderia aceitar nossas desculpas frouxas. Precisamos
avisar os homens do perigo que correm.
Esta é a grande necessidade do momento. Que Deus nos outorgue a visão profética, a fim de que o povo
não venha a perecer e não sejamos responsabilizados e culpados de negligência.
OUTRAS DESCULPAS:
— ―Não tenho oportunidade para dar testemunho!‖
Não há limite para fazer oportunidades se houver desejo sincero em ganhar almas. Tem esse desejo?
— ―Não sei o que falar.‖
Para ser conquistador de almas basta seguir a Jesus (Mt 4:19), dedicando-se ao discipulado.
— ―Não consigo fazer evangelismo pessoal.‖
Se uma pessoa é capaz de ter amigos e fazer novas amizades, pode também ganhar seguidores para Cristo.
Será que vamos admitir que somos capazes de fazer amizades para nós mesmos e não temos capacidade para
ganhar almas para o melhor Amigo de todos, Jesus Cristo? Pode ser que nos esforcemos muito do lado das
amizades pessoais e pouco do lado das amizades espirituais. Todos são capazes de fazer evangelismo pessoal.
— ―Não sei como fazer evangelismo pessoal.‖
Você já aprendeu a cozinhar, costurar, jogar tênis, datilografar? Aprendeu a dirigir? A resposta é sempre
positiva, se tivermos tentado com boa disposição. Será que somos então capazes de aprender as coisas materiais e
não as espirituais? Todos podem aprender a ser um evangelista pessoal, sempre que houver boa vontade e a atitude
certa. Jesus jamais ordenou que fizéssemos algo impossível, e é desejo dele que ensinemos outros.
— ―Não sei onde começar.‖
Tudo começa com o desejo. Se você tivesse desejo de aprender a jogar tênis, encontraria onde e como
iniciar. Para que possa iniciar o seu serviço glorioso de salvar almas, você precisa primeiro de desejo e boa
vontade. Para começar é suficiente querer.
— ―Não conheço bem as Escrituras.‖
O crescimento é uma palavra importante na vida cristã. O apóstolo Pedro destacou isso quando ensinou os
membros a acrescentarem à sua fé várias características (II Pd 1:5-7). O apóstolo Paulo encorajou os membros da
igreja a jamais se envergonharem de sua vida com Cristo por não saberem manejar bem a Palavra de Deus (II Tm
2:15). Para conhecer bem as Escrituras é necessário estudá-las. Você é capaz de aprender? Então é também capaz
de conhecer a Palavra de Deus.
— ―Quero esperar até conhecer tudo.‖
O problema com esta desculpa é que esse dia não chega nunca. A pessoa que está aprendendo uma nova
língua espera até saber tudo antes de praticar o que já aprendeu? O mecânico só começa a exercer sua profissão
depois de saber tudo sobre ela? Se formos esperar até conhecermos tudo sobre o evangelismo para começar a
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evangelizar, será tarde demais. Jamais saberemos tudo. Precisamos estudar, aprender, nos esforçar, mas
também iniciar o nosso ensino. Na verdade aprendemos mais ensinando do que apenas estudando.
— ―Não sou comunicativo.‖
Se a sua personalidade atrapalhasse seu progresso no emprego, não faria tudo para melhorá-la? As pessoas
têm personalidade bastante para casar-se, trabalhar em equipe, passear com outros, ou visitar outros; todavia,
pensam que não possuem a personalidade certa para ajudar os outros espiritualmente. Sempre haverá alguém a
quem você pode ensinar as verdades divinas.
— ―As pessoas não querem ouvir.‖
Isto pode ser verdade em várias circunstâncias, mas não em todas. Não podemos seguir o exemplo de Elias,
no VT, que pensou que somente ele estava com Deus e que todos os demais já tinham abandonado o Deus vivo.
Mas, o próprio Senhor lhe disse que estava enganado, pois havia ainda sete mil pessoas que continuavam desejando
seguir o caminho certo (I Rs 19:13-18). Não seja você também iludido. Há muitas pessoas que querem seguir o
caminho certo. Existem mais pessoas com vontade de aprender do que pessoas com vontade de ensinar.
— ―As pessoas de hoje são mais duras e mais indiferentes.‖
Os pecadores sempre estiveram ―mortos‖ (Jo 11:25-26; Ef 2:1; I Tm 5:6), e não existem graus no estado de
morte!
— ―Não me sobra tempo para o evangelismo.‖
O tempo existe se colocarmos realmente o reino de Deus em primeiro lugar, como Jesus ensinou – ―(...) onde
está o teu tesouro, aí estará também o teu coração‖ (Mt 6:33, 21). Achamos tempo para as coisas que queremos
realmente fazer. Por que temos tempo para ver novela e não para ensinar a Bíblia? Por que temos tempo para
conversar com o vizinho sobre o preço do feijão, mas não temos tempo para falar com ele sobre o preço que custou
o perdão dos seus pecados? O tempo existe, o problema é o uso que fazemos dele.
— ―Estou muito cansado.‖
Será que você iria sentir-se cansado se a alma fosse a de seu próprio filho? Oferecemos esta desculpa apenas
porque não estamos realmente interessados nas almas das pessoas que nos rodeiam.
— ―Sou velho demais.‖
Isso jamais acontece na obra do Senhor. Se você tem bastante anos de vida, lembre-se de que há pessoas sem
Cristo com a sua idade. Procure trabalhar com elas pois certamente terão muito em comum. Há lugar para todos,
qualquer que seja a sua idade, no serviço espiritual. Enquanto há vida, há talento e oportunidade.
— ―Tenho filhos menores e não me sobra tempo.‖
A Bíblia mostra que uma das principais tarefas da mulher é cuidar de seus filhos (I Tm 2:15). A mãe pode
entretanto arranjar tempo livre para ajudar na evangelização. Muitas mães deixam seus filhos com uma amiga para
poder fazer compras e outras coisas necessárias. Por que não fazer o mesmo a fim de dar uma aula bíblica na casa
de alguém? Deus nos concedeu filhos para nos ajudar e não para nos atrapalhar no serviço cristão.
— ―Tenho medo de ofender ao testemunhar.‖
Jesus nem sempre agradou a todos. O jovem rico depois de ouvir Jesus, ―ficou muito triste‖ (Lc 18:23). Se
apresentarmos o evangelho da maneira certa não vamos magoar ninguém. Se a pessoa sentir-se ofendida, a vida
dela está provavelmente em conflito com a Palavra de Deus. O amor precisa ser sempre o principal motivo.
Todavia, a verdade dói e às vezes as pessoas se entristecem com quem proclama a verdade, mas não devemos
restringir o evangelho pelo medo de causar mágoa. A verdade tem de ser divulgada.
NOTA: Muitas desculpas podem ser vencidas com uma mudança de atitude. Precisamos mudar de
atitude em relação aos mandamentos de Deus e aprender a não dizer apenas: Senhor, Senhor, mas
sim fazer as coisas que Ele nos ordenou. Ele disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus
mandamentos” (Jo 14:15).
As desculpas não fortalecem ninguém. Mas, o Senhor pode nos fortalecer se amarmos o bastante para
obedecer. O Senhor nos mandou dar fruto (Jo 15:16) e se não estivermos ativamente envolvidos no evangelismo
pessoal, vamos mudar de atitude e passar a fazer devidamente esse trabalho tão importante.
O amor é uma demonstração do valor que damos à alma do homem. Quando você vê uma pessoa, o que
pensa? Essa é uma pessoa que está vivendo agora, algum dia morrerá, e tudo se acaba? Ou vê uma alma que deseja
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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viver eternamente nos céus e você tem em seus lábios as palavras da vida eterna? O cristão fiel não tem
qualquer justificativa para não fazer evangelismo pessoal.
Sua atitude deve ser a de Mateus 7:12: ―Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o
vós também a eles‖. Coloque-se no lugar do outro. Se estivesse perdido, sem Cristo, no caminho errado, não ficaria
grato se alguém lhe mostrasse o seu erro? Faça então o mesmo para os outros. Mude sua atitude em relação a eles,
colocando-se em seu lugar. São muitas as desculpas oferecidas para não exercer o evangelismo pessoal. Não existe
porém qualquer justificativa para não querer ensinar a verdade aos outros. As desculpas são armas de Satanás,
usadas para esfriar o cristão em sua vida com Cristo.
TAREFA ABRANGENTE
A evangelização, a comunidade dos batizados e o serviço desta comunidade aos propósitos do Deus Trino
estão inter-relacionados. O verbo central da Grande Comissão é ―fazei discípulos‖ e tanto o ―ide‖, que no original
grego é um particípio, como os particípios ―batizando‖ e ―ensinando‖, qualificam esse verbo central. O ―ide‖ não é
uma ordem separada que tenha sentido em si mesma, mas dá um sentido de urgência e determinação ao imperativo
do discipulado, que visa ―trazer pessoas a Jesus, o Senhor, onde quer que elas estejam‖. ―Batizando‖ e ―ensinando‖
não se constituem em passos dissociados do processo do discipulado, mas fazem parte integral do mesmo e
constituem o todo do nosso envio missionário ao mundo. Qualquer segmentação entre evangelização, discipulado e
serviço perde sentido. A tarefa de ―fazer discípulos‖ abarca todas as dimensões da fé e dura a vida toda,
expressando um estado permanente de relacionamento de dependência e aprendizado com Jesus e com a
comunidade de fé.
A tarefa de ―ensinar a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado‖ enfatiza que a nossa evangelização
deve estar a serviço de um evangelho que afeta a pessoa toda em todas as áreas da sua vida. Isto quer dizer que o
evangelho, embora seja pessoal, tem um forte colorido coletivo; é individual, mas tem uma inerente dimensão
social; é uma mensagem de conforto, mas pede um claro compromisso ético, desencadeia uma espiritualidade
terapêutica e leva a um inequívoco pacto com a justiça; produz igreja, mas uma igreja que deve estar concretamente
enraizada na comunidade geral dos seres humanos e na busca desta por uma vida justa e digna. Quanto mais
estivermos a serviço deste evangelho integral que afeta todas as áreas da vida tanto mais estaremos a serviço do
Deus Trino.
Que este estudo possa nos convocar a uma experiência renovada com a obediência evangelizadora — uma
obediência que tenha consciência da presença confortadora (―estou convosco todos os dias‖) e autoritativa de Jesus
(―toda a autoridade me foi dada no Céu e na Terra‖). O resultado desta consciência é uma evangelização que leve
a sério o ensino e o compromisso com todo o conselho de Deus.
Conclusão
68
O dr. Russell Shedd conclui seu livro sobre evangelização com o seguinte argumento:
Se Jesus Cristo não é o único mediador entre Deus e o homem, a igreja pode justificar seu silêncio. Se
todas as religiões dizem a mesma coisa e conduzem os homens ao mesmo destino, então a evangelização deve
ser relegada ao compartimento de nossas vidas em que se lê ―sem importância‖. A Escritura, porém, declara
exatamente o oposto. Jesus Cristo é o único caminho, a única porta, o único Salvador do mundo. À luz do
destaque de Sua última ordem na Terra antes de subir para Seu trono divino, a complacência e a indolência da
Igreja são totalmente incompreensíveis.
Se a Igreja fosse impotente e o Espírito Santo não tivesse sido enviado para capacitar as pessoas a
testemunhar eficazmente, conforme relato no livro de Atos dos Apóstolos, faríamos bem em esconder a cabeça na
areia e negar a responsabilidade por cerca de dois bilhões de pessoas na Terra, totalmente ignorantes das novas
de salvação.
Se Deus não tivesse dado a Bíblia, a Espada do Espírito, ao seu povo, para combater a falsidade, o diabo e
suas hostes infernais, e se nossa ignorância sobre a verdade divina pudesse ser desculpada pelo fato de a Bíblia
estar disponível somente nas línguas originais, poderíamos, ao menos parcialmente, culpar a Deus pelo grande
68 Russell P. Shedd, Fundamentos bíblicos da evangelização. Edições Vida Nova, 1996, p. 123-125.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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número de pessoas que perecem sem conhecê-lo.
Se Deus não tivesse dito a Seus filhos que orassem ao Senhor da seara, para que Ele envie trabalhadores
para a seara, e se não tivesse prometido atender às suas súplicas, poderíamos tranqüilamente observar o grão de
trigo maduro cair na terra e dizer: ―Não é culpa minha‖. Porém, visto que nada disso é verdade, temos de admitir
que somos indesculpáveis.
Se a Igreja fosse pequena e fraca, perseguida e encarcerada, sem recursos nem líderes, seria possível
argumentar que a tarefa a nós confiada ultrapassa as nossas forças. No entanto, certamente não é esse o caso. O
rádio, a televisão, a imprensa, os seminários e as escolas bíblicas, os auditórios suntuosos, as conferências e os
estudos bíblicos, todas essas coisas conspiram contra nossa tentativa de fugir à responsabilidade.
Jesus disse tudo: ―Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações‖ (Mc 13:10),
―Então virá o fim‖ (Mt 24:14). Se o propósito básico de Deus na história depende da execução da ordem de
evangelização dada à Igreja na grande comissão, todo crente que não estiver envolvido em sua execução precisa
arrepender-se e pedir perdão a Deus. Se não, como interpretar as palavras do Senhor: ―Aquele servo que
conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites‖ (Lc
12:47). Possa Deus ajudar Seu povo a perseverar em sua meta com alegria até o fim.
69 JosephC. Aldrich, Amizade: a chave para a Evangelização. Edições Vida Nova, 1992 (reimp.), p. 200-202.
70
Nessa altura, você poderá estar dizendo: ―Não gosto de métodos; prefiro confiar apenas no Espírito de
Deus‖. A falácia deste raciocínio é que ―nenhum método‖ é um método. Trata-se do método ―sem método‖; um
meio impróprio para a comunicação eficaz. Certamente, não se acrescentam metodologias mecânicas ao poder
criador do Espírito Santo. Mas a organização lógica das partes essenciais do evangelho não exclui a criatividade e
a diversidade na apresentação e na ênfase. – Joseph Aldrich.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
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2) SEIS ROTEIROS SUGERIDOS PARA EXPOR O PLANO DA
SALVAÇÃO
Embora haja muitas maneiras de anunciar o evangelho, nesta apostila você encontrará os seguintes roteiros:
1. O Plano da Salvação Escrito em Cinco Dedos de Nossas Mãos
2. Esboço dos Pontos Básicos da Salvação
3. O Caminho Romano
4. A Ponte
5. As Quatro Leis Espirituais
6. Testemunho Pessoal (compartilhando o testemunho pessoal num encontro evangelístico)
1. O dedo polegar lembra a verdade bíblica de que todos os homens, inclusive eu mesmo, são pecadores.
2. O dedo indicador lembra-me o ensino da Bíblia, em que ―o salário do pecado é a morte‖.
3. O dedo médio lembra-me que não existe capacidade para o homem se libertar do pecado. Sozinho nenhuma
pessoa se salvará!
4. Louvado seja Deus, o dedo anular lembra a verdade de que Jesus Cristo veio ―buscar e salvar o perdido‖. Ele
morreu para nos salvar e foi ressuscitado para nos justificar!
5. Finalmente, o dedo mínimo é acionado para apresentar a resposta do meu coração ao amor de Jesus: Eu aceito
Jesus como Salvador dos meus pecados e desejo ser perdoado para que seja liberto do pecado e da condenação!
Como se pode perceber, trata-se de um diálogo que pode resolver o dramático problema de muitas vidas.
Deus me tem abençoado de modo inconteste na aplicação desta mensagem.
71 Sugestão descrita pelo evangelista David Gomes, Evangelismo 2000. EBAR, 1993, p. 199-201.
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ROTEIRO 2: ESBOÇO DOS PONTOS BÁSICOS DA SALVAÇÃO
I. Somos pecadores
1. Todos pecaram: a universalidade do pecado (Ec 7:20; Pv 20:9; Rm 3:10,23; I Jo 1:8, 10)
Pecado é:
transgredir a lei de Deus. Transgressão diz respeito à violação e rebelião contra Deus. É o homem fazer
sua própria vontade (Is 53:6).
errar o alvo verdadeiro, este é um dos principais significados da palavra pecado no grego (hamartia)
(Rm 3:23). O alvo certo é Deus e sua glória.
contrair uma dívida (ofensa) para com Deus. O pecado, uma vez cometido, não pode ser desfeito (Mt
6:12).
não cumprir com os deveres cristãos; deixar de fazer o bem (Tg 4:17).
toda injustiça; tudo aquilo que não é reto segundo o padrão divino (I Jo 5:17). Os pecados mais comuns I
Co 6:9-10; Gl 5:19-21; Ap 21:8.
2. O homem peca por causa de sua natureza pecaminosa (Sl 51:5; 58:3)
II. Conseqüências do pecado
1. Separação de Deus (comunhão interrompida) (Gn 3:8; Is 59:2; Rm 3:23)
2. Aflição e inquietação; escravização (Is 48:21; Jr 2:19; Lm 3:39; Jo 8:34)
3. Morte eterna ou ―segunda morte‖; tormento eterno (Rm 6:23; Ez 18:4; Lc 16:19-31; Ap 21:8b)
4. Exclusão do Céu (I Co 6:9, 42, 50)
III. Homem nenhum pode salvar-se a si mesmo
1. Boas obras não salvam. A salvação é gratuita; é por graça; vem de Deus. (Is 64:6; Ef 2:8-l0; Tt 3:5)
2. Reencarnação é doutrina anti-bíblica (Jó 14:4b; Ec 3:20; Hb 9:27)
3. Intercessão pelos mortos não é ouvida (Ez 18:20-21; Hb 10:11-14)
4. Os caminhos do homem não são os de Deus (Pv 14:12; Is 55:8)
IV. Deus mesmo já providenciou a salvação - Ele ama o pecador e quer salvá-lo
l. A vinda de Jesus ao mundo. Deus deu Seu Filho como sacrifício pelo pecado. (Jo 3:16-17; I Jo 1:29; 2:1)
2. Jesus já morreu para salvar os pecadores (Is 53:5-6; Rm 5:8; I Co 15:3)
3. Jesus, ao morrer, levou sobre si os nossos pecados (I Pe 2:24)
4. Só Jesus pode salvar; só Jesus é o caminho para Deus; Ele é o único mediador (Jo 12:47 e 14:6; At 4:12; I Tm
1:15; 2:5; Hb 7:25)
V. O que o pecador precisa fazer para obter a salvação de Deus
A pregação do Evangelho deve induzir o pecador a dar os seguintes passos:
1. Fé salvadora. Essa fé significa crer na pessoa de Jesus como aquele que morreu na cruz para salvar. (Jo 5:24;
6:47; At 16:31)
2. Arrependimento. O arrependimento, ou tristeza pelos pecados, inclui a confissão dos pecados a Deus e o pedido
de perdão. (Is 55:7; Ez 18:31; At 3:19; I Jo 1:9)
3. Recebimento da salvação. A posse da salvação, ou vida eterna, inclui a disposição de viver essa nova vida de
comunhão com o Pai celeste mediante a ação do Espírito Santo, a oração e a leitura da Palavra deDeus, a Bíblia. (Jo
1:12; Ap 3:20)
4. Confissão de Jesus ao mundo (Mt 10:32-33; Rm 10:9-10)
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VI. O que Deus faz ao pecador que aceita a Jesus
1. Deus perdoa os pecados (Is l:18; Hb 10:16-17)
2. Deus regenera o pecador (II Co 5:17)
3. Deus justifica (Rm 3:26; 5:1)
4. Deus torna o pecador seu filho (Jo 1:12)
5. Deus dá a vida eterna (Jo 5:24; 6:40, 47)
ROTEIRO 4 - A PONTE
A ilustração da ponte funciona bem porque pode ser traçada de forma simples e clara. Nessa
ilustração, há uma margem de um lado, um abismo no meio, e outra margem do outro lado. O pecado
separa a pessoa de Deus. O resultado de tentar chegar a Deus por conta própria é a morte, tanto tísica
quanto espiritual. Só há uma forma de cruzar o abismo do pecado: pela ponte. A cruz de Jesus cobre o
vão que nos separa de Deus Pai. Jesus Cristo é o único caminho até Deus. Quando confiamos em sua
morte na cruz, ficamos livres do poder do pecado e do julgamento da morte.
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ROTEIRO 5: AS QUATRO LEIS ESPIRITUAIS
Outro plano da salvação bastante utilizado, especialmente para evangelizar estudantes, é o denominado
“As Quatro Leis Espirituais”, escrito pelo Dr. Bill Bright e distribuído em forma de folheto pela Cruzada
Estudantil e Profissional para Cristo.
SEGUNDA LEI
O homem é pecador e está separado de Deus; por isso não pode conhecer nem
experimentar o amor e o plano de Deus para sua vida.
O homem é pecador: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.”
(Rm 3:23)
O homem foi criado para ter um relacionamento perfeito com Deus, mas
por causa de sua desobediência e rebeldia, escolheu seguir seu próprio
caminho e seu relacionamento com Deus se desfez. Este estado de
independência de Deus, caracterizado por uma atitude de rebelião ou
indiferença, é evidência do que a Bíblia chama de pecado.
O homem está separado: “Porque o salário do pecado é a morte...” –
separação espiritual de Deus (Rm 6:23)
Deus é santo e o homem é pecador. Um grande abismo separa os dois. O
homem está continuamente procurando alcançar a Deus e a vida abundante,
através de seus próprios esforços: vida reta, boas obras, religião, filosofias etc.
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A Terceira Lei nos mostra a única resposta para o problema dessa separação...
TERCEIRA LEI
Jesus Cristo é a única solução de Deus para o homem pecador.
Por meio dele você pode conhecer e experimentar o amor e o
plano de Deus para sua vida.
Ele morreu em nosso lugar: “Mas Deus prova o seu próprio amor
para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores.” (Rm 5:8)
Ele ressuscitou dentre os mortos : “...Cristo morreu pelos nossos
pecados... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto
por mais de quinhentos...” (I Co 15:3-6)
Ele é o único caminho: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” (Jo 14:6)
QUARTA LEI
Precisamos receber a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, por meio
de um convite pessoal. Só então poderemos conhecer e experimentar
o amor e o plano de Deus para nossa vida.
Precisamos receber a Cristo : “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome...” (Jo 1:12)
Recebemos a Cristo pela fé: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês,
é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8-9)
Recebemos a Cristo por meio de um convite pessoal : Cristo afirma: “Eis que estou à porta e bato. Se
alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei...” (Ap 3:20)
Receber a Cristo implica arrependimento, significa deixar de confiar em nossa capacidade para nos salvar,
crendo que Cristo é o único que pode perdoar os nossos pecados. Não é suficiente crer intelectualmente que Jesus é
o Filho de Deus e que morreu na cruz pelos nossos pecados ou ter uma experiência emocional. Recebemos a Cristo
pela fé, através de uma decisão pessoal.
Estes dois círculos representam dois tipos de vida:
VOCÊ PODE RECEBER A CRISTO AGORA MESMO EM ORAÇÃO (ORAR É FALAR COM DEUS)
Deus conhece seu coração e está mais interessado na atitude do seu coração do que em suas palavras. A oração
seguinte serve como exemplo:
―Senhor Jesus, eu preciso de ti. Eu te agradeço por ter morrido na cruz pelos meus pecados. Abro a porta da minha
vida e te recebo como meu Salvador e Senhor. Obrigado por perdoar os meus pecados e me dar a vida eterna. Toma conta da
minha vida e me faz o tipo de pessoa que desejas que eu seja.‖
Esta oração expressa o desejo do seu coração? Se expressa, faça esta oração agora mesmo e Cristo entrará em
sua vida, como prometeu.
72 H. Eddie Fox & George E. Morris. Partilhar a fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 97-98.
73 Adaptadas a partir de David E. Kornfield, Crescendo no evangelismo pessoal. Editora Sepal, 1996, p. 35-37.
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b) Personalize o conceito negativo acima com uma ilustração específica de sua vida. Dê detalhes
concretos de algo que aconteceu num dia específico que deixa a ilustração se tornar ―viva‖. As pessoas se
lembram de coisas específicas, mas se esquecem de coisas muito vagas.
c) ―Um dia alguém explicou para mim como eu poderia receber a vida eterna. Quando recebi a vida eterna
minha vida mudou radicalmente‖ (ver At 22:6-11).
d) Compartilhe o ―outro lado da moeda‖ do conceito. Os conceitos negativos como conflito e raiva ―foram
substituídos‖ pelos conceitos positivos como amor, paz e harmonia (At 22:12-21).
e) Personalize o conceito positivo com uma ilustração específica de sua vida.
f) É tão bom saber que, quando morrer, irei para o céu! Posso fazer-lhe urna pergunta?
3. Se convertido quando criança, como Timóteo (II Tm 3:15):
a) Afirme: Estou contente de saber que tenho a vida eterna.
— Compartilhe um conceito de vida, positivo.
— Ilustre o conceito na sua própria experiência.
b) É tão bom saber que, quando eu morrer, irei para o céu! Posso fazer-lhe uma pergunta?
4. Não use a experiência de conversão de criança ao falar com adultos. Se o fizer, deixe de lado a idade em que
isto ocorreu. Se teve uma experiência como adolescente, jovem ou adulto quando Deus se tornou muito mais
real para você, pode usar essa experiência.
5. Enfatize o positivo:
a) Não se deve enfatizar muito o que se era antes de receber a
vida eterna.
b) Dê ênfase na fidelidade de Deus a você.
c) Não dê ênfase nas coisas que teve de deixar, mas nos benefícios recebidos; porque o entrevistado não
entenderá o ―por quê‖ de deixar de fazer algumas coisas que o mundo aprova. Ele entenderá os benefícios
positivos (Jo 10:10).
d) Personalize-o com ilustrações específicas de sua vida, valendo-se de frases que comuniquem algo que
causou impacto em sua vida. Por exemplo: ―Eu estava deitado e comecei a ouvir alguém falar em meu
rádio sobre a vida eterna...‖
Observações:
— Ensaie seu testemunho até que ele se torne natural.
— Compartilhe seu testemunho com convicção no poder do Espírito Santo.
— Sorria sempre. Peça ao Senhor para lhe dar uma fisionomia serena, agradável.
— Fale claramente, mas num tom natural e macio. Fale alto, o suficiente para ser ouvido.
— Não fale dirigindo-se à sua cadeira ou sentado.
— Evite tiques nervosos, como esfregar o nariz, balançar, bater as moedas no bolso, brincar com lápis,
limpar a garganta ou usar muitos ―sabe‖ ou ―né‖.
— Evite discutir ou usar pressão emocional no seu testemunho para conseguir decisões para Cristo.
Lembre-se que o êxito ao testemunhar consiste simplesmente em compartilhar Cristo no poder do
Espírito Santo, deixando os resultados com Deus.
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MAIS CONTEÚDO PARA AJUDAR VOCÊ EXPLICAR O PLANO DA SALVAÇÃO:
UM RESUMO DAS BOAS NOVAS 74
O evangelho é boas-novas em contraste com a situação em que estamos por causa de nosso pecado. O
pecado consiste em transgredir a lei de Deus; e somos culpados disso. ―Todos pecaram‖ é a declaração horrível de
Romanos 3 — ―não há justo, nem um sequer‖.
O pecado não é algo que aflige as pessoas em contrário à vontade delas. Jesus disse: ―(...) os homens amaram
as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más‖ (Jo 3:19). O pecado é deliberado e nos coloca sob a ira e o
julgamento do Deus santo. Não se engane a respeito disso; Deus não tolera o pecado.
Evidentemente, estas são más novas, e não boas novas. No entanto, embora a realidade de nosso pecado não
constitua o âmago do evangelho, é necessário entendermos e crermos que somos pecadores; pois, do contrário, não
podemos nos beneficiar das boas-novas de Deus.
O EVANGELHO
As boas-novas são a mensagem de que Deus tanto amou ao mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna‖ (Jo 3:16). O amor de Deus não era uma compaixão vazia,
e sim um amor que fez algo a respeito da condição terrível do homem.
Deus enviou seu Filho ao mundo para morrer no lugar do pecador, assumindo a sua culpa e a sua punição. O
evangelho é a mensagem que explica o que acontece quando Deus, em sua misericórdia, salva aqueles que se
rebelam contra Ele.
A Bíblia o chama de ―o evangelho de Deus‖ (Rm 1:1). O evangelho não descreve o que conseguiremos, se
apenas nos esforçarmos arduamente; o evangelho descreve o que Deus fez sozinho por nós. Ele se originou no
coração de Deus, relatando o que a graça e o amor divino realizaram em favor de pecadores culpados.
A Epístola aos Romanos prossegue dizendo que o evangelho é a mensagem a respeito do Filho de Deus,
―Jesus Cristo, nosso Senhor‖. O Evangelho nos conta que Jesus é singular — o único Salvador e o único caminho
para Deus.
DEUS CONOSCO
Então, quem é Jesus? O primeiro capítulo do Novo Testamento o apresenta para nós. E Mateus, o
evangelista, utilizou dois nomes para descrevê-lo: Jesus e Emanuel. Esses nomes imediatamente nos revelam a
glória dessa Pessoa admirável.
―Jesus‖ significa ―salvador‖ e nos mostra o que Ele veio fazer no mundo. ―Emanuel‖ significa ―Deus
conosco‖ e nos informa que Jesus não era um homem comum.
Paulo amplia essa verdade, utilizando as seguintes palavras: “(...) em Cristo habita corporalmente toda a
plenitude da divindade” (Cl 2:9). Afirmando-o de maneira simples: Jesus é Deus.
A CRUZ DE CRISTO
As boas-novas são o fato de que, ao morrer na cruz, Jesus o fez em lugar de pecadores culpados, a fim de
salvá-los da ira de Deus contra o pecado e do julgamento que os pecadores merecem. Somente Jesus era inocente
em relação ao pecado e poderia agir como nosso substituto —―Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha
pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus‖ (II Co 5:21). Ele tomou o nosso lugar e recebeu sobre Si o
juízo que seu povo merecia, a fim de que eles fossem declarados justos diante de Deus. Resumindo:
1. A cruz foi o supremo ato do amor e da graça de Deus;
2. Na cruz, vemos Deus, em sua santidade, lidando com o pecado dos homens;
3. Na cruz, Deus removeu o pecado que nos separa dele mesmo, por considerar o Senhor Jesus como res-
ponsável pelas nossas transgressões contra a divina lei;
4. Na cruz, a ira de Deus foi lançada sobre seu Filho, ao invés de ser lançada sobre nós;
74 Apresentado (com o título ―Boas Novas‖) por Peter Jeffery, no periódico Fé para Hoje, da Editor Fiel (Nº 12, Ano 2001, p. 8-9).
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5. Na cruz, Deus lançou nosso pecado e culpa sobre o Senhor Jesus, enquanto nos atribui a justiça dele.
O pecado foi punido, como Deus exige que ele o seja. Agora, porém, não existe mais nada que a justiça
divina exige do pecador crente, porque Jesus pagou a dívida de nosso pecado. A Bíblia nos diz a respeito de Cristo:
―Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual
devamos ser salvos‖ (At 4:12).
Como sabemos que isso é verdade? Deus tem dado a certeza dessa mensagem para todos os homens, dizem
as Escrituras, ao ressuscitar Jesus dentre os mortos (At 17:31). Isso é o evangelho.
VENHA!
Jesus exorta insistentemente os pecadores a virem a Ele, que resolverá o problema do pecado deles e os
tornará aceitáveis diante de Deus. ―Vir‖ significa crer em Jesus como o único remédio de Deus para o pecado, o
remédio que outorga perdão para pecadores culpados. Significa confiar naquilo que Cristo fez na cruz e olhar
somente para Ele, no que diz respeito ao perdão e à salvação.
Fé não é sentimento ou ideologia, e sim um modo de relacionamento com Deus. Não somos salvos por nossa
própria capacidade e sim mediante a fé. A fé tem três facetas:
CRER = Entregar-se a Deus é acertar o plano da salvação.
CONFIAR = Abandono incondicional nas mãos de Deus. É a certeza de que Deus vai atuar.
DEPENDER = A fé que salva é a que nos faz submeter, não por legalismo, temor ou obrigação em relação a
Deus, mas é aquela que nos faz obedecer-lhe como Pai que ama e deseja o melhor para nós.
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3) O CONVITE PARA RECEBER A CRISTO
PONTO DA DECISÃO.
Gene Edwards adverte: ―Não pode haver verdadeiro testemunho se não se chegar ao ponto da decisão. A
maioria dos crentes, contudo, tem chegado à conclusão de que se convidarem alguém à igreja, ou dizerem qualquer
coisa sobre Jesus, ou mesmo apresentarem a história da redenção, já ―testificaram‖. Ninguém realmente chegou a
testemunhar enquanto não tiver conduzido uma pessoa à presença do Senhor Jesus Cristo, levando-a a um ponto
onde ela tem de aceitá-lo ou rejeitá-lo.‖75
Nenhuma responsabilidade é mais importante no ministério de partilhar a boa nova de Cristo do que ajudar
uma pessoa no processo de receber a Cristo. Esta responsabilidade é abordada com grande cuidado e sensibilidade.
Quando uma pessoa está buscando a Deus e precisa de ajuda para chegar à fé, este ministério capacitador é um
grande privilégio e alegria para a testemunha cristã.
75 Gene Edwards, Assim uma igreja conquista almas. Editora Vida, 1996 (2ª ed.), p. 138.
76 Relacionados por H. Eddie Fox & George E. Morris, Partilhar a fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 129-131.
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8. Quem partilha a fé confia no Espírito Santo. Esforçamo-nos para estarmos sensíveis e alertas ao
movimento do Espírito Santo.
As pessoas devem ser encorajadas a depositar sua confiança em Deus. Na medida em que respondem em fé,
a realidade da graça de Deus torna-se real. É bem conhecido o seguinte resumo dos elementos nesse processo:
a) crer e saber que uma nova vida em Cristo é possível;
b) arrepender e reconhecer que algumas coisas são deixadas para trás;
c) confessar Jesus como Senhor;
d) aceitar o amor e o perdão de Deus;
e) abrir sua vida em oração ao poder do Espírito Santo.
Ao conhecer a graça de Deus e se conscientizar de suas necessidades, a pessoa evangelizada deve responder.
É um ato consciente da sua vontade. Deus está junto das pessoas, mas elas devem querer estar junto de Deus. A
palavra-chave é desejar e estar disposto a receber a nova vida em Cristo. As Escrituras enfocam esse momento de
decisão: Escutem: estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós
jantaremos juntos (Ap 3:20). Alguns, porém, o receberam e creram nele, e ele lhes deu o direito de se tornarem
filhos de Deus (Jo 1:12).
A pessoa evangelizada é chamada a confiar no Senhor e aceitar o divino convite. Com profunda humildade, a
testemunha convida a pessoa a dizer ao Senhor: ―Eu quero‖. A testemunha a ajuda a perceber que pode entrar nesse
novo relacionamento com Cristo agora. Se a pessoa que procura não estiver pronta a dizer sim, a testemunha indica
sua compreensão, seu amor e assegura que Deus continuará a buscá-la. Se estiver pronta, então nada será mais
apropriado que a oração.
9. A testemunha ajuda o novo decidido a adquirir a certeza de um relacionamento correto com Deus. Esta
certeza pode vir súbita ou gradualmente. A realidade desta experiência de salvação firma-se na bondade e na
graciosidade de Deus. Pode-se confiar nas Suas promessas. O Espírito nos assegura de que pertencemos a
Ele (Rm 8:15-17).
Nossa fé e confiança repousam na própria natureza do Deus vivo que tem cumprido todas as promessas feitas
a nós. A testemunha ajuda o novo convertido a descobrir esta segurança.
Se o arrependimento e a fé operam em nossa vida, somos convertidos e não temos de que duvidar com
respeito a salvação porque:
a) Deus leva a sério a decisão do homem — Rm 10:9-19; Mt 10:32:-33
b) A salvação é na hora que crê — Jo 5:24; Jo 3:36. Exemplo de pessoas que receberam a salvação na hora:
Lc 19:10; 23:42-43.
c) Jesus segura aquele que a Ele se entrega — Jo 6:37; 10:27-29; Rm 8:1.
d) O Espírito de Deus testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus — Rm 8:16.
e) A Bíblia promete lavar e apagar os pecados — Is 1:18; I Jo 1:17.
f) Somos novas criaturas com vidas transformadas — II Co 5:17.
10. A testemunha, então, encoraja e ajuda o novo cristão no processo de entrada numa comunidade de fé.
―Uma parte da compreensão da conversão, no Novo Testamento, envolve a incorporação a uma igreja local.
Atribuir à conversão a idéia errônea de que ela é uma experiência isolada e individualista sem qualquer referência
com a comunidade de fé local, é causar danos irreparáveis ao conceito bíblico de conversão cristã. Deus quer não
apenas uma nova pessoa, mas uma nova comunidade; uma comunidade de celebração, apoio mútuo, serviço e
testemunho. O convite de Cristo à conversão é imediatamente seguido pelo chamado ao discipulado. Oferecer
conversão sem incorporação à vida da igreja é levar as pessoas a uma armadilha. De acordo com o Novo
Testamento, a consciência da identidade individual diante de Deus envolve, necessariamente, a comunidade da
pessoa. A vida no Espírito de Cristo é uma vida de nova abertura às pessoas numa comunhão de reconciliação. Isto
nos ensina que a nova identidade pessoal do indivíduo como cristão é formada através da identificação com Cristo
em seu Corpo, a igreja. Portanto, uma parte do chamada evangelística envolve o afastamento da independência, da
auto-suficiência e do orgulho que caracterizam o ser humano no seu individualismo, e submeter-se à soberania de
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Jesus Cristo dentro de sua comunidade, a igreja.‖ 77
Portanto, o modelo bíblico não é um indivíduo isolado, saboreando sua própria experiência religiosa. Ao
contrário, são novas criaturas em Cristo que se envolvem, necessariamente, numa participação responsável na
igreja do Senhor. Ser membro da igreja de Jesus Cristo, dentro de uma congregação, é essencial. Portanto, nunca
devemos hesitar em encorajar os novos cristãos a se unirem a uma congregação de fiéis.
77 H. Eddie Fox & George E. Morris, Partilhar a fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 137.
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70
5 – A PRÁTICA DO EVANGELISMO PESSOAL
1) CONCEITOS
Métodos
A palavra método vem do grego metá (rumo) e hodós (caminho). Daí, ―a direção que
se imprime aos próprios pensamentos a fim de investigar e demonstrar a verdade‖.
Em termos práticos, método é o caminho que se usa para se chegar a um determinado objetivo; é a maneira
de se fazer algo. Assim, se quero atingir pessoas com a mensagem de Cristo, posso fazê-lo de pessoa em pessoa, e
então tenho evangelismo pessoal, ou posso fazê-lo a um grupo de uma só vez, e terei evangelismo de massa.
Para fins didáticos, e para distinguir método de estratégia e de técnica, é melhor que nos fixemos em dois
métodos de evangelismo: evangelismo pessoal e evangelismo de massa. Em qualquer dos dois métodos, podemos
empregar duas formas de raciocínio para o trabalho de evangelização: a dedutiva e a indutiva.
A forma dedutiva de abordagem evangelística é aquela que começa do geral para o particular. No caso, o
evangelista começa por falar do plano da salvação, para aplicá-lo ao problema particular que o pecador está
enfrentando. Exemplo: o pecador está deprimido e não tem paz. Neste caso, para argumentar dedutivamente, o
evangelista começará falando do plano da salvação. Se o pecador o aceitar, poderá livrar-se da falta de paz, que
deve ser conseqüência do pecado em sua vida.
Na argumentação indutiva, o evangelista começa pelo problema da pessoa até chegar ao plano da salvação,
que, uma vez aceito, pode ajudar a pessoa no seu problema. Um caso típico deste exemplo é o diálogo de Jesus com
a mulher samaritana. Ele começou com problemas daquela mulher: a sede, os pecados que ela tinha, partiu para
apresentar-lhe a água da vida (João 4).
Estratégia
Estratégia é uma expressão militar. Originalmente, trata da arte, organização e planejamento das operações
de guerra. Mas a idéia é usada em geral para qualquer plano de ação, buscando a maneira mais adequada e melhor
para se alcançar objetivos definidos.
A estratégia tem a ver, portanto, com o lado operacional do método. Em Lucas 9, Jesus envia seus doze
apóstolos a pregar. O método pode ter sido o de evangelismo pessoal e de massa ao mesmo tempo. A estratégia foi
o envio dos 12 ao mesmo tempo; foi uma campanha. Em João 4, lemos o episódio do encontro de Jesus com a
mulher samaritana. O método de evangelismo que Jesus usou foi o pessoal. A estratégia foi o programa de passar
por Samaria, ao ir a Jerusalém, e ficar ali parado perto do poço de Jacó.
Em nossos dias, um culto ao ar livre é uma estratégia. O método do evangelismo será o de massa. Um núcleo
de estudos bíblicos nos lares ou uma série de conferências é uma estratégia.
Técnica
A técnica é o recurso material que usamos para executar o método. A maneira como abordo a pessoa, como
arranjo o plano da salvação; se uso o argumento dedutivo ou indutivo, tudo isto são técnicas. Contar histórias em
flanelógrafo para crianças é uma técnica. Usar slides para uma palestra evangelística é uma técnica. Usar folhetos é
uma técnica. Jesus começou a conversar com a mulher samaritana usando a água: ―Dá-me de beber‖. Foi a técnica.
No entanto, para fins didáticos, apesar de estratégias e técnicas fazerem parte da execução do método, em
termos específicos, cada parte dessa execução tem seu próprio nome.
Damy Ferreira adverte: ―Ao trabalharmos nestas conceituações, temos que entender o espírito no Novo
Testamento sobre metodologia. Poderemos filtrar do NT várias amostras de métodos, estratégias e técnicas. Mas
vamos notar uma variação muito grande de caso para caso. Notamos que o Espírito Santo usava uma grande
variedade de recursos. Mas não podemos evitar a compreensão de que o Espírito Santo usava os discípulos como
seres humanos e não como seres ―celestiais‖. 78
O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO
FONTE OU EMISSOR: É a pessoa que, num dado momento, emite uma mensagem, para um (ou mais de um)
receptor ou destinatário.
MENSAGEM: É a expressão de idéias ou pensamentos em forma organizada.
CANAL: É o meio utilizado — voz, expressão facial, gestos. A escrita, a imagem, o código Morse, o Braille etc.,
são também canais.
DESTINATÁRIO ou RECEPTOR: É a pessoa (ou pessoas) que recebe a mensagem. É o DECODIFICADOR,
porque interpreta, decodifica a mensagem. Decodificação é o momento crítico, perigoso, da comunicação.
Daí a importância do feedback ou realimentação, a observação de como a mensagem está sendo recebida.
RUÍDO: É a interferência de qualquer natureza, e resulta numa interpretação errada ou imperfeita da mensagem.
A COMUNICAÇÃO TEM CINCO ALVOS, DE ACORDO COM NOSSOS OBJETIVOS, QUE SÃO:
1. ESCLARECER: Transmitir informação de forma clara e compreensível. Relacione a coisa desconhecida com
a conhecida.
2. IMPRESSIONAR: Alcançar o coração, ao passo que esclarecer é alcançar a mente. Relacione a coisa não
sentida com a já sentida.
3. CRER: Mais do que entender ou sentir, é aceitar. Relacione a coisa não aceita com a já aceita.
4. AGIR: Levar alguém a entrar em ação. Ser sempre dinâmico, jamais passivo. Depende dos três alvos
anteriores.
5. ENTRETER: Despertar sentimentos de alegria, descontração; provocar o riso.
Para melhor atingir nosso alvo de comunicação, podemos usar o recurso de fazer referência à experiência do
ouvinte. Significa apresentar uma idéia nova acompanhada de alusões às experiências de quem nos ouve, a situa-
ções e fatos de seu conhecimento. Algo que ele possa relacionar com o pensamento que lhe está sendo exposto,
ainda inédito para ele. Essa experiência pode ser:
a) Direta, quando se refere a conhecimentos de primeira mão. Experiências de ordem particular, individual. O
que foi visto, ouvido, sentido, feito.
b) Indireta, quando se relaciona a conhecimentos de segunda mão, algo de que ouvimos falar ou que foi lido.
Experiências não sentidas, embora aceitas.
82 Alice Jardim, Como obter êxito na comunicação do evangelho. Editora Vida, 1993 (2ª imp.), p. 31.
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73
3) O AMBIENTE PARA A EVANGELIZAÇÃO
Nosso fracasso em partilhar a fé algumas vezes é não apenas uma falha na compreensão da natureza de Deus
e da fé cristã, mas um fracasso de comunicação com as pessoas. H. Eddie Fox lembra-nos:83 Uma questão urgente
para quem partilha a fé em nossos dias é como construir pontes entre a linguagem da igreja e a linguagem do
mundo moderno sem copiar o mundo e comprometer o evangelho. Podemos cair facilmente na tentação de agradar
aos desejos das pessoas ao invés de ministrar às suas necessidades. Podemos ceder à tentação de descobrir o que as
pessoas querem e dar isto a elas, mas isto impediria o partilhar da plenitude das boas novas do reino. Por outro
lado, existe a tentação de ditar os termos do evangelho, ignorando totalmente a situação do ouvinte.
A fé cristã não foi aceita nem rejeitada pela grande maioria das pessoas. Para muitas, ela simplesmente não
chegou como uma opção em suas vidas. Muitas vezes o fracasso para se vencer este fosso não se deve a uma
limitação teológica, mas a um mal funcionamento no processo de comunicação.
Eugene Nida, um especialista em comunicação e um dos tradutores da Bíblia, descreve um modelo do
processo de comunicação: fonte, mensagem e receptor (ou destinatário). Ele afirma que a comunicação não
acontece no vazio mas no contexto da cultura, do mundo da pessoa. É a cultura que atribui significado aos vários
símbolos usados na comunicação. É a cultura que atribui significado às palavras e aos atos.
O DIAGNÓSTICO NECESSÁRIO
A menos que entendamos a língua e o mundo do receptor, fracassaremos na comunicação das boas novas do
evangelho.
Jesus concentrava-se nas pessoas e suas necessidades. O Novo Testamento reflete esta perspectiva. Jesus vê
o homem que está doente; descobre Zaqueu na árvore; olha para a mulher; nota as crianças que vieram vê-lo. Aqui
se ilustra a necessidade de ver, ouvir e entender as necessidades das pessoas. Este é o imperativo do diagnóstico na
partilha da fé.
Note as implicações deste imperativo nas parábolas do semeador e da semente que cresce em segredo (Mc
4:4:3-8, 26-29). A parábola do semeador não dá grande ênfase aos métodos do semeador ou à qualidade da se-
mente. A ênfase cai sobre a preparação e a receptividade do solo. Percebe-se isto no destaque dado à condição do
solo, o impacto sobre a germinação, o crescimento, e o fruto. A mensagem da parábola é de que não se pode plantar
até que a terra esteja arada, e que algumas sementes certamente vão germinar!
A parábola da semente que cresce em segredo não enfatiza a brilhante metodologia humana; ao contrário,
enfatiza coisas como o discernimento do fazendeiro e o tempo da colheita. Primeiro, o fazendeiro sabe o que Deus
está fazendo e fará se a semente for espalhada sobre a terra. Segundo, quando a safra está madura, o fazendeiro age
pelo uso da foice. Isto se encaixa bem com a afirmação anterior de que o partilhar da fé é idéia de Deus. Também
destaca a necessidade de cooperação humana no processo de comunicação do evangelho. O semeador do evangelho
é sensível à graça preveniente de Deus.84 Ele prepara as vidas humanas para a receptividade ao evangelho, e está
disposto a tomar a atitude apropriada no tempo certo.
Esta parábola nos fala sobre o processo do partilhar da fé:
1. Precisamos saber muito mais do que geralmente sabemos a respeito das pessoas que queremos atingir com o
evangelho. Quem são elas? Por que vivem como vivem e fazem o que fazem? O que é realmente importante
para elas? O que determina seu estilo de vida?
2. Precisamos ajudá-las a descobrir os aspectos mais profundos da vida que necessitam de algo mais que uma
explicação natural para que tenham sentido pleno.
3. Precisamos indagar e procurar os pontos de contato em que o evangelho tem mais chances de ser relevante e
significativo na vida delas.
83 H. Eddie Fox & George E. Morris, Partilhar a fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 69.
84
João Wesley usa este termo para falar da iniciativa de Deus, sua antecipação ou ―preveniência‖. A graça preveniente
fundamenta-se na natureza de Deus, e manifesta-se principalmente na sua ação em Jesus Cristo. A este respeito, Wesley
afirma que a graça é uma ―iniciativa prévia‖, que torna ―cada ação humana, uma reação; portanto, é graça preventiva‖. Wesley
insistia que ―a salvação começa com o que normalmente chamamos de... graça preveniente‖. Portanto, é importante notar que
Deus toma a iniciativa na salvação. Logo, o processo da salvação começa não com o problema humano, mas com a iniciativa
divina. É a graça preveniente de Deus que evoca uma consciência da necessidade humana, levando ao arrependimento e à fé.
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4. Precisamos reconhecer que a graça preveniente de Deus age em todas as pessoas, preparando-as para
o plantio do evangelho. Isto pode se expressar de forma diferente em diferentes pessoas. Talvez não seja
expressa por meio das palavras: ―Eu preciso de Deus.‖ Mas pode ser comunicada de outras formas, tais
como: ―A vida é só isto?‖ ―Eu quero que minha vida valha a pena. Há uma razão para minha vida?‖
85 Canon Bryan Grenn, em seu livro The Practice of Evangelism (―A Prática da Evangelização‖), citado por H. Eddie Fox & George E.
Morris, em Partilhar a Fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 74.
86 Citado por H. Eddie Fox & George E. Morris, em Partilhar a Fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 74-75.
87 Paul E. Little, Como compartilhar sua fé. ABU Editora, 1993 (5ª ed.), p. 101-111.
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grande variedade de deuses culturais, sociais e econômicos. Na verdade, as pessoas nunca são a-religiosas
— elas são alter-religiosas. As pessoas hoje continuam a adorar ídolos que as deixam na mão. Portanto, elas vão de
ídolo em ídolo. Ao partilhar a fé, é importante estar atento às pessoas que passam de um ídolo a outro. Muitas vezes
elas estão abertas à boa nova de Cristo se as pegarmos no meio desta transição!
O teólogo Albert Outler aponta para uma visão semelhante das necessidades humanas básicas. Ele diz que
nós desejamos o seguinte:
a) Identidade — a necessidade de sabermos quem somos.
b) Liberdade — a necessidade de sermos livres.
c) Produtividade — a necessidade de sentirmos e sabermos que a vida serve para alguma coisa.
d) Serenidade — a necessidade de nos contentarmos com um senso de realização na vida.
Não há um consenso universal sobre quais são as necessidades humanas. Além disso, o que toca uma pessoa
não toca outra. Portanto, num mesmo ato de comunicação nós atingimos algumas pessoas e não atingimos outras.
A teoria de Maslow afirma que estas necessidades são básicas para a personalidade humana, mas não estão
todas em evidência ao mesmo tempo. Estas necessidades, de acordo com ele, são realizadas numa hierarquia
seqüencial ascendente. As necessidades fisiológicas, tais como o sono, a comida e a água, dominam até que sejam
satisfeitas. Uma vez que estas necessidades fisiológicas são satisfeitas, as necessidades de segurança assumem o
primeiro plano nos desejos de uma pessoa. As necessidades de segurança são percebidas no desejo de estabilidade,
proteção e ausência de perigo. Saber que se está livre de perigos e que o futuro está assegurado é uma motivação
importante à qual o mundo da propaganda apela. Quando a necessidade de segurança é dominante, a hierarquia
assume o seguinte aspecto:
segurança
física social
estima
auto-realização
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77
Mas quando as necessidades fisiológicas e de segurança são ―satisfeitas‖, a necessidade de amor e
pertença assume a posição dominante. O diagrama fica assim:
social
segurança estima
física auto-realização
A necessidade de ser amado é fundamental na natureza humana e perceptível em muitos estágios da vida.
Por exemplo, ela é evidente na maioria dos jovens que anseiam pela aprovação de seus pares. Até que esta
necessidade seja satisfeita, as pessoas farão grandes esforços para saciá-la. Uma vez que esta necessidade social de
pertença é satisfeita, então as necessidades de estima tornam-se as mais importantes. Muito do comportamento
humano pode ser entendido à luz do desejo de ser reconhecido, apreciado e respeitado por outras pessoas pelas
vitórias e realizações no trabalho e na sociedade. Sem esta necessidade não teríamos muitas placas de apreciação
expostas nas igrejas, escritórios ou casas. Todos têm esta necessidade de estima.
Quando a necessidade de ―estima‖ é satisfeita, então a ―auto-realização‖ torna-se a necessidade que motiva o
comportamento humano. É o desejo de ser tudo que se pode ser. Aqui está o impulso para se maximizar o próprio
potencial. As pessoas querem que suas vidas tenham valor, querem realizar seu propósito básico na vida.
Maslow cita duas outras necessidades que não são colocadas especificamente na hierarquia, já que podem
encaixar-se em qualquer das três áreas mais altas. O desejo de conhecer e a apreciação da beleza cruzam as três
necessidades mais altas: de pertença, estima e auto-realização. Isto é ilustrado no primeiro diagrama pela linha
pontilhada (ver página anterior).
Esta estrutura da motivação humana ajuda a descobrir os pontos de contato entre a boa nova de Jesus Cristo e
as necessidades sentidas pelas pessoas. Devemos reconhecer que a hierarquia não está perfeitamente organizada
dentro das pessoas. A maneira como as pessoas expressam as necessidades básicas varia. Dificilmente alguém dirá:
‗Como você pode me ajudar com minhas necessidades de estima?‖ Mais provavelmente, veremos as necessidades
sendo expressas de diferentes maneiras. Sem dúvida, se uma pessoa está com fome, devemos começar pelo pão
físico. Jesus disse que as pessoas não vivem só de pão, mas não disse que podem viver sem ele. A estrutura de
Maslow pode nos alertar para as diferentes necessidades das pessoas. Quando alguém diz: ―Sinto que estou
desperdiçando minha vida‖, nos alertamos para a necessidade de auto-realização. Entretanto, quando alguém diz:
―Simplesmente não me valorizam, ou ninguém repara em mim no serviço, sabemos que suas necessidades de
estima precisam ser satisfeitas. Quando alguém compartilha: ―Eu sempre me sinto como se estivesse olhando de
fora‖, sabemos que esta pessoa sente uma profunda necessidade de pertencer, de ser amada e aceita. Agora, com
esta abordagem, não estamos simplesmente desejando entender as necessidades humanas como um fim em si
mesmo, mas como um meio para nos capacitar a amar os outros assim como Deus os ama, e partilhar
adequadamente a boa nova de Jesus Cristo.
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ESTABELECENDO CONTATO
Quatro princípios-chave para o estabelecimento de pontos de contato evangelísticos: 88
1. Podemos, tanto quanto possível, entrar no mundo da outra pessoa. A encarnação é não apenas a mensagem do
nosso testemunho, é o modelo para nosso partilhar da fé. Deus entra em nosso mundo, e vemos a Sua glória.
Somos chamados a ter empatia pelas pessoas. Isto é mais do que sentir pena delas. Ter empatia significa tentar
sentir e ver o mundo a partir da perspectiva da outra pessoa. Tentamos imaginar o que seria estar na pele dela.
Ao entrarmos no mundo de outra pessoa, descobrimos suas necessidades e partilhamos a fé de acordo com elas.
Se uma pessoa precisa de uma sensação de segurança, a providência e a fidelidade de Deus são uma boa nova. Se a
necessidade é de pertença, a koinonia da Igreja oferece um grande recurso para o partilhar da fé. O desejo de ser
amado é atingido pela maravilhosa graça que declara que Deus nos ama primeiro. A disponibilidade da graça de
Deus a todas as pessoas significa que todas são importantes, significativas e de grande valor. As pessoas que
querem que suas vidas tenham valor são desafiadas pela missão de Deus no mundo. Todas as pessoas são
convidadas a participar na missão criativa do estabelecimento do reino de Deus.
A dimensão da necessidade humana, com seus muitos níveis, é atingida pela multifacetada boa nova do
evangelho de Jesus Cristo. Na maioria das vezes, partilhamos uma combinação das facetas do evangelho a fim de
apelar às múltiplas necessidades das pessoas. Há recursos suficientes no evangelho para atender a todas as
necessidades humanas. Esta é uma palavra encorajadora.
88 Observados por H. Eddie Fox & George E. Morris, Partilhar a fé. Imprensa Metodista, 1995, p. 81-85.
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2. Para estabelecer pontos de contato devemos falar na língua do ouvinte. Este é o milagre do Pentecostes.
Lucas escreve que ―cada um podia entender na sua própria língua o que os seguidores de Jesus estavam dizendo‖
(At 2:6). Isto significa que aquele que partilha a fé tenta usar uma linguagem que seja familiar ao ouvinte. É fácil
pressupor que pelo fato de conhecermos o significado de uma palavra todo mundo saiba o seu significado.
Quando partilhamos a fé tendemos a usar palavras que nos são familiares, mas talvez elas não sejam com-
preensíveis a outras pessoas. É por isso que as pessoas que pertencem à mesma rede ou grupo social podem se
comunicar tão eficientemente — um atleta com outro, um professor com outro, um banqueiro com outro, um
fazendeiro com outro, um amigo com outro, um jovem com outro, um médico com outro, um carpinteiro com
outro, um advogado com outro, um vizinho com outro. Se vivemos numa cultura na qual mais da metade das
pessoas não sabe dizer o nome dos quatro evangelhos, podemos pressupor que muitas delas não saibam o
significado de boa parte do vocabulário que usamos dentro da igreja. Portanto, somos chamados a traduzir,
interpretar e definir a linguagem da fé a partir da perspectiva e do contexto do ouvinte.
3. Outro princípio-chave para estabelecer um ponto de contato com as pessoas é a sensibilidade aos eventos que
ocorreram em suas vidas. Muitas vezes esses eventos aumentam o nível de receptividade ao evangelho. As
pessoas nem sempre são receptivas. Jesus falava sobre o tempo apropriado para a colheita. Somos chamados a
nos conscientizar dos momentos em que as pessoas estão receptivas às boas novas.
As pessoas que indagam sobre a fé estão receptivas. As pessoas que visitam a igreja indicam receptividade. Ao
passarem por vários eventos, as pessoas podem estar receptivas. Win Arn indica muitos eventos importantes nas
vidas das pessoas:
4. Finalmente, vamos reiterar que o Espírito Santo está preparando ativamente as pessoas para que estejam
receptivas à apresentação do evangelho.
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89 Segundo Joseph C. Aldrich. Amizade: a chave para a evangelização. Edições Vida Nova, 1992 (reimp.), p. 79-81.
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3. Compartilha como o evangelho se relaciona àquela determinada carência e, finalmente, aborda a sua
necessidade real.
4. Advoga um compromisso que tornará operacional a solução pelo evangelho através do Espírito Santo.
5. Torna-se empático90 aos sentimentos e pensamentos do não-cristão, à proporção que ele avança no
processo de compromisso.
O que devo fazer para ganhar o meu amigo para Cristo? Devo-me concentrar nele, visando relacionar as
Boas Novas a um ponto de necessidade relevante em sua vida. Para isso, inicio o processo ilustrado acima. A
qualquer tempo, devo estar operando em uma dessas etapas. O processo pode envolver meses ou uma questão
de horas. O tempo, porém, não é tão importante como o processo em si.
A EVANGELIZAÇÃO ENCARNACIONAL/RELACIONAL 92
Um cristão torna-se boas novas à proporção que Cristo ministra através de sua disposição em servir. À
medida que seus amigos ouvem a música do evangelho (presença), tornam-se predispostos a reagir às suas
palavras (proclamação) e, então, esperançosamente, são persuadidos a agir (persuasão).
A persuasão é impossível sem algum tipo de proclamação. A evangelização envolve tanto boas obras
como boas palavras. A proclamação pode envolver evangelização em massa, literatura, comunicação em massa,
ou uma confrontação pessoal. A dimensão da proclamação no processo de evangelização é absolutamente
essencial. Como podem crer a menos que ouçam?
As dimensões proclamadoras da evangelização raramente se encontram no vácuo. Uma pessoa ouve
porque foi amada. As pessoas não se importam com o quanto sabemos (nossa proclamação) até saberem quanto
nos interessamos (nossa presença). Obviamente, o segundo andar (proclamação) apóia-se no primeiro
(presença). A presença envolve tanto a imagem coletiva da igreja na comunidade como a vida do indivíduo
relacionando-se com o não-cristão.
Quando aqueles que possuem a natureza de Deus começam a expressá-la, a presença se desenvolve e o
palco está pronto para a proclamação e a persuasão.
A presença estabelece a validade do que está sendo proclamado. Só a presença não é o suficiente.
Ninguém é suficientemente bom para deixar apenas a sua vida falar por Cristo. Palavras (proclamação) são
necessárias para mostrar Cristo. Todavia, o não-cristão precisa sentir o impacto do evangelho (boas novas de
que Cristo ama as pessoas), e não apenas ouvi-lo. Quando o amor é sentido, a mensagem é ouvida. Mas, a
presença que nunca leva à proclamação é um extremo a ser evitado. Uma presença sadia aumenta o impacto da
proclamação do evangelho porque ajuda a predispor as pessoas a identificarem o evangelho como Boas-Novas.
90
Empatia: Conhecimento de outrem por simpatia; procedimento que vis compreender outrem se colocan-
do em seu lugar. Estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta
está sentido.
91 Segundo o Sunday School Times, o Senhor Jesus fez 154 perguntas durante o seu ministério. Veja algumas: Mt 16:13,15; 21:40;
Mc 3:1-5; 10:18; 10:35-40; Lc 2:46; 10:36; Jo 21:15-17.
92 Modelo retratado por Joseph C. Aldrich, em Amizade: a chave para a evangelização. Edições Vida Nova, 1992 (reimp.), p. 73-79.
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ESTILO INTELECTUAL
Em Atos 17, o apóstolo Paulo tentava disseminar a mensagem de Cristo a filósofos e eruditos da cidade
de Atenas. Paulo argumentava nas sinagogas com os judeus e gentios devotos e nas ruas com aqueles que se
dispunham a ouvi-lo. Alguns dos filósofos conversavam e debatiam com ele. Ao ler essa passagem, você
descobrirá que Paulo usou uma abordagem engenhosa. Fez referência a um altar da cidade dedicado ao ―Deus
desconhecido‖ e depois inseriu esse elemento no corpo de sua mensagem. Paulo usou um método intelectual.
Uma abordagem confrontadora não iria funcionar com esses filósofos. Eles precisavam de um enfoque
intelectual que fosse compatível com seu raciocínio, e Paulo era o homem certo para a tarefa.
93 Resumidos por Bill Hybels, em Evangelização: Agindo como sal e luz no mundo. Editora Vida, 2000, p. 37-50.
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ESTILO CONFRONTADOR
O apóstolo Pedro tinha um estilo confrontador de evangelização. Em Atos 2:14, ele se põe de pé, ergue a
voz e diz: ―Escutai as minhas palavras‖. Depois, ele lhes diz que crucificaram o homem errado, o Filho de Deus.
Então, exorta a multidão a se arrepender, dizendo ―Salvai-vos desta geração perversa‖.
O estilo confrontador de Pedro era um ataque frontal que exigia confiança e coragem. E era eficaz! Mais
de três mil pessoas creram em Cristo depois de Pedro ter anunciado o evangelho. Algumas pessoas só serão
tocadas se confrontadas corajosa e diretamente com a mensagem de Cristo. Felizmente, alguns indivíduos são
especialmente dotados por Deus da capacidade de usar esse estilo confrontador de evangelização.
ESTILO TESTEMUNHAL
No livro de João (cap. 9), encontra-se a história de um cego miraculosamente curado por Jesus. Depois de
recuperar a visão, as pessoas não paravam de perguntar quem o havia curado. Questionavam-no, dizendo: ―Teria
sido o Messias, o Filho de Deus, quem o curou?‖ Ele admitiu que não tinha todas as respostas às perguntas
deles, mas disse o que sabia com certeza: ―Eu era cego e agora enxergo‖. Era como se ele dissesse: ―Tirem suas
próprias conclusões. Eu já tirei a minha; sei muito bem quem foi‖.
Esse é um exemplo do enfoque testemunhal da evangelização. Alguém vivencia uma transformação
miraculosa pela obra de Cristo e depois simplesmente busca oportunidades de contar sua história aos outros.
Não são pessoas confrontadoras nem se inclinam à abordagem intelectual, mas podem, mesmo assim, contar sua
própria história. Podem dar seu testemunho e dizer: ―Eu era espiritualmente cego, mas agora posso ver. Cristo
mudou minha vida. E Ele também pode mudar a sua‖.
ESTILO INTERPESSOAL
Quando Mateus abraçou a fé, percebeu que seus amigos publicanos ainda não conheciam Jesus e teve a
idéia de dar um banquete, um ―banquete com propósito‖. Foi uma reunião estrategicamente planejada para
colocar seus amigos frente a frente com Jesus e os discípulos.
Embora todos precisemos cultivar relacionamentos com aqueles que esperamos alcançar, os indivíduos
dotados de um estilo interpessoal se especializam nessa área. São capazes de cultivar relacionamentos mais
profundos com muitas pessoas, tornando-se seus parceiros na jornada em busca de Cristo.
ESTILO CONVIDADOR
Em João 4, encontramos a famosa história da mulher à beira da fonte. Nesse capítulo, vemos outro estilo
de evangelização. Convencida de que estivera conversando com o Filho de Deus, e em vez de tentar contar tudo
em suas próprias palavras, a mulher deixa os jarros de água e corre à cidade, convidando as pessoas a ouvir o
que Jesus tinha a dizer.
Algumas pessoas simplesmente não são tão desenvoltas quanto outras na hora de falar. Não têm muita
confiança em si mesmas, e se sentiriam constrangidas explicando o evangelho aos outros. Porém, podem ainda
sentir-se mais à vontade convidando um amigo a ouvir outra pessoa pregar ou cantar algo sobre Jesus. A mulher
samaritana exerceu uma grande influência simplesmente por convidar muitas pessoas a conhecer e ouvir Jesus.
ESTILO SERVIDOR
Em Atos 9, lemos a história de uma mulher chamada Dorcas, que prestou um grande serviço a Cristo em
sua comunidade, em função das obras de caridade que fazia habitualmente. Dorcas fazia roupas para os pobres e
esquecidos de sua cidade, distribuindo-as em nome de Cristo. Essa é a evangelização ―servidora‖. Dorcas servia
as pessoas e, ao fazê-lo, ela as encaminhava àquele capaz de perdoar e transformar. Talvez ela jamais tenha feito
um sermão e é bem possível que jamais tenha batido a uma porta ou distribuído material impresso. Mas usava
seu amor e serviço como veículos para anunciar o Evangelho.
Bill Hybels: Ninguém se encaixa perfeitamente em apenas um destes estilos. Na verdade, você
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84
provavelmente encontrará oportunidades de utilizar todos eles. O ponto é que Deus providenciou diversidade
para seu corpo; e cada membro é mais forte em alguns estilos do que em outros. Você pode descobrir um estilo
número sete ou oito, e isso será igualmente bom.
O importante é saber que cristãos mais contagiantes são os que aprenderam a trabalhar baseados no estilo
que Deus lhes deu. Eles identificam métodos que funcionam de acordo com sua personalidade, e então os
desenvolvem e colocam em ação para o avanço do Reino. Também formam equipes com outros cristãos que têm
estilos diferentes, para que suas forças, combinadas, possam ser utilizadas para alcançar qualquer tipo de pessoa.
1. Comece de uma motivação natural. Cada pessoa é como um canteiro de flores. Pôr a mão nesse canteiro
pode amassar flores e também ferir-se com espinhos. Portanto, deve-se fazer a abordagem de tal maneira
que não haja nenhum prejuízo na sensibilidade da pessoa. O exemplo de Jesus com a mulher samaritana é
clássico: ―Dá-me de beber‖.
2. Comece onde a pessoa está. A habilidade de ligar uma abordagem começando naquilo que a pessoa está
fazendo, ou falando, ou vendo, e fazer uma transição para a mensagem evangelística, é algo
imprescindível a quem quer evangelizar. O eunuco estava lendo a Bíblia e Filipe começou bem:
―Entendes, porventura, o que estás lendo?‖ (At 8:30). E daí, se a pessoa está lendo o jornal, comente a
notícia; se está cuidando de uma criança, brinque com a criança; se está fazendo o cooper de manhã,
corra com ela e converse.
3. Desenvolva por alguns momentos a conversa que foi iniciada. A naturalidade deve prosseguir. O
evangelista não deve abordar de um ponto natural e forçar a passagem para o seu assunto. Muitas vezes
teremos que gastar horas, dias e até semanas sem entrar no assunto principal. Não podemos dar um
―tranco‖ no processo de abordagem.
4. Não exagere o interesse pela pessoa. Temos que nos comportar como se não estivéssemos tão interessados
pela pessoa, como um vendedor que quer vender o seu produto. É verdade que queremos ganhá-la para
Cristo. O que estamos fazendo vem de Deus e poderá mudar a vida da pessoa, mas se ela perceber que é
esta a intenção, poderemos perder o seu interesse e afastá-la do nosso contato.
5. Faça a transição, o mais natural possível, para o plano da salvação. O melhor é mover na direção de
mostrar a necessidade espiritual da vida humana ou a necessidade de Deus, ou até mesmo a necessidade
de religião sadia. Por exemplo: abordando uma pessoa que está cuidando de flores, que tal falar da
sabedoria do Criador em criar tantas flores, cada qual mais linda do que a outra? E depois lamentar que,
não obstante serem tão lindas, duram tão pouco e são tão frágeis. Num outro estágio, poder-se-á recorrer
à Bíblia e mostrar Salmo 90:5, I Pedro 1:24-25 e outros textos correlatos. Só nestes dois textos já temos o
caminho da evangelização. O texto de Pedro está ligado à idéia da regeneração (1:23) e não poderia haver
mensagem mais adequada a este tipo de abordagem.
6. Se a pessoa mostra-se interessada no assunto da salvação, passe para a fase definitiva. Se está na rua, num
projeto de salvação, convide-a para ouvir a exposição do plano da salvação. Se tal não é possível no
momento, marque uma hora no mesmo dia ou em dias posteriores. Pode até ser uma visita em sua casa ou
um encontro na hora do almoço. Dependendo da pessoa, que tal convidá-la para um almoço ou um
jantar?
7. De acordo com o que se pôde captar da condição cultural da pessoa, escolher um dos esquemas já
95 Sugeridos por Joseph C. Aldrich. Amizade: a chave para a evangelização. Edições Vida Nova, 1992 (reimp.), p. 202-209.
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ferramenta para diagnosticar as perguntas bem elaboradas, ajudam a estabelecer uma relação entre o que é
e o que deveria ser. Perguntas orientadas pelo Espírito podem desenvolver a convicção (relação), que, por
sua vez, induz o não-cristão a procurar a solução do evangelho. Ouvindo atenciosamente e sendo
habilidoso nas perguntas, o evangelista transmitirá empatia.
4. A comunicação perfeita é marcada por humildade e mansidão.
5. Se você não souber a resposta a uma pergunta, reconheça-o, não adote a atitude de ―eu sei tudo‖. A meta
não é sufocar o não-cristão com fatos. Freqüentemente, tentamos comunicar muitos fatos em pouco tempo.
6. Os evangelistas eficazes eliminam tudo que for ofensivo, exceto a ofensa da própria cruz.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
Medite e conheça a Palavra de Deus. Este é um dos fatores do crescimento espiritual e da prática de ganhar
almas (Mt 12:34).
É preciso ter conhecimento não só quanto à mensagem, mas também quanto ao conteúdo em si, ou seja,
suas divisões, estrutura etc. (II Tm 2:15).
Tenha amor e espírito de sacrifício, compaixão pelo mundo perdido (Gl 4:19).
Deve ir ao encontro do pecador. Não se deve esperar que o pecador venha a seu encontro, pois, é nosso
dever ir ao seu encontro, pelo exemplo de Jesus, o pescador tem que se colocar no local da pesca, se quiser
apanhar algum peixe (Mt 4:18-20).
Não atacar nem condenar. O pecador precisa ouvir a mensagem de amor e perdão (Jo 8:11).
Evite discussão. Você nunca vencerá pela discussão. Quem perde uma discussão fica ferido no seu amor
próprio (Tt 3:9; Rm 14:1).
Ore sempre. A oração abre portas, e não precisa de passaporte (At 1:14; 10:1-2).
Tenha uma boa apresentação pessoal.
Procure falar claro e com boa dicção.
Procure manusear bem a Bíblia. Saber onde estão as passagens e localizá-las com rapidez.
Tenha fé na operação da Palavra de Deus. A nós compete anunciar a Palavra; a Deus compete cooperar –
Deus vela para cumprir a Sua Palavra!
96
Roberto Sumner: — Quantas oportunidades tenho feito para mim mesmo em que pude dar teste-
munho, dando para alguém o pequeno livro evangélico que escrevi, ―O Céu pode ser seu‖, comen-
tando: ―Aqui está um livrinho tratando do assunto mais importante do mundo: ter certeza do Céu. Já
sabe se irá ao Céu quando morrer?‖
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esperança além do túmulo! Oportunidades podem ser feitas visitando novos vizinhos, dando folhetos nos coleti-
vos, nos trens e nas esquinas, indo de casa em casa, visitando. Pode com calma e sem hesitação falar depois da
bênção na igreja às almas que parecerem perturbadas e não responderem publicamente ao apelo.
ONDE EVANGELIZAR
O campo do ganhador de almas é o mundo (Mt 13:38; Jo 4:35; Lc 8:4-15).
Disse Jesus: ―(...) e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da Terra‖ (At 1:8). Com base nesse texto bíblico, Valdir Bícego 97 identifica e situa o campo do
ganhador de almas nos seguintes lugares:
ESTRATÉGIAS DIVERSAS
Inúmeras vezes surgem situações diante de nós que bem poderão ser aproveitadas para evangelizar
alguém. Um encontro de negócios, um pedido de informação, um acidente, uma notícia pela TV — tudo pode
ser transformado em oportunidade para evangelismo pessoal. Basta que o evangelista esteja atento.
Além das técnicas de abordagem em evangelismo pessoal, que podem nos ajudar em diversas situações,
podemos trabalhar com algumas estratégias especiais.
2. Testemunhando
É mostrar pela vida o poder salvador e transformador do evangelho, identificando-se como testemunha
fiel do Senhor e Salvador Jesus Cristo. O testemunho poderá ser verbal ou não-verbal.
3. Em conduções coletivas
Num ônibus urbano em que se viaja, num trem, numa barca, pode-se falar à pessoa que está ao nosso
lado. A operação pode começar com a entrega de um folheto. Daí, o assunto pode surgir. Principalmente em
cidades em que o povo está sempre pronto a conversar, será sempre fácil iniciar uma conversa evangelística. A
mesma oportunidade surge numa viagem interestadual, de ônibus, ou de avião.
4. Na hora do almoço
Em grandes fábricas, em que os trabalhadores almoçam no local, quer em restaurantes da empresa, quer
em marmitas trazidas de casa, há sempre aquela meia hora de descanso e bate-papo entre colegas. Meu pai
trabalhava em construção civil e constatei o valor desta estratégia pelo seu exemplo. Ele ganhou muitos colegas,
ao longo de sua vida, conversando na hora do almoço.
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5. Nos supermercados
Quanta oportunidade se tem de conversar dentro de um supermercado. Comentários, a inflação, os preços
altos e outros assuntos. Pode-se perfeitamente deixar o recado de Cristo numa oportunidade assim.
A VISITA EVANGELÍSTICA
A visitação pode ser programada, pode surgir naturalmente numa nova amizade ou pode surgir do nosso
próprio relacionamento profissional. 98 Seja por qual motivo for, o evangelista precisa ser sábio, ao introduzi-se
98
O pastor Damy Ferreira narrou os dois seguintes fatos: ―Fui a uma companhia de letreiros luminosos encomendar uma placa
para o meu escritório. Na ocasião, exercia a advocacia provisoriamente. No balcão, descobri que a senhora que me atendia, esposa do
proprietário, era crente, mas o marido, hostil ao evangelho, nem a permitia ir à igreja. Encomendei o trabalho e prossegui no
relacionamento com aquele empresário. Ficamos amigos e até usou meus serviços. Logo convidei-o, e à família, para um almoço em
minha casa. Ele foi e gostou. Não falamos de religião. Então sentiu-se na obrigação de convidar-me para ir à sua casa num domingo
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90
no ambiente do lar. Em alguns casos, não poderá abordar, de imediato, o assunto evangelístico. Muitas vezes
temos que ganhar pessoas para nós, para depois tentar ganhá-las para Cristo.
seguinte. Fomos. Aí descobriu que eu era pastor, mas já estava acostumado comigo e prosseguimos. Dois meses depois ele estava
convertido e sua esposa estava regendo o coro da nossa igreja. Um grande e lindo letreiro luminoso foi posto na fachada do no sso
templo — agora ele próprio queria fazê-lo. Pelo sistema do almoço em casa, quase na mesma ocasião, consegui ganhar para Cristo um
médico neurologista, criando oportunidades com um relacionamento natural.‖
99 Adaptado de Evangelismo Explosivo, por David E. Kornfield, em Crescendo no Evangelismo Pessoal, p. 25-28.
100 O roteiro que se segue é baseado em uma visita. Nesses casos, as visitas são feitas mediante contatos anteriores, ou porque a
pessoa visitou a igreja, participou de um grupo familiar, ou porque alguém da equipe é amigo ou conhecido da pessoa visitada.
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91
E. Comece a avaliar mentalmente a condição espiritual da pessoa.
a) É religioso? Possivelmente legalista? Devoto? Afastado?
c) É não-religioso, gostando dos prazeres sociais?
d) É materialista? Possivelmente ferido? Questionador? Ateu?
3. NOSSA IGREJA
(Compartilhar sobre sua igreja é opcional, se você não estiver representando a igreja nem fazendo uma visita
oficial da igreja).
A. Descubra a opinião e impressões que tem de nossa igreja. Se já a visitou, pode perguntar:
a) ―Como foi que você chegou à igreja?‖ b) ―Quem você conhece na igreja?‖
c) ―Como lhe pareceram as pessoas da igreja?‖ d) ―Gostou do culto?‖
B. Os incrédulos estarão mais preparados para receber a visita quando:
a) Já participaram de uma igreja em que os cultos foram significativos;
b) O povo da igreja foi amigável, receptivo.
C. Uma experiência positiva o desperta a querer saber de onde vem tal ambiente gostoso.
D. A conversa sobre a igreja leva a uma transição natural para compartilhar seu testemunho.
4. NOSSO TESTEMUNHO
É o quarto passo de introdução a um encontro evangelístico. Seu testemunho leva a uma transição para as
duas perguntas diagnósticas que são sugeridas a seguir.
101 Por David E. Kornfield, em Crescendo no Evangelismo Pessoal. Editora Sepal, 1996, p. 28-30.
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AO CHEGAR NA CASA
1. Sua conversa, do lado de fora, deve ser com naturalidade e sobre generalidades pois alguém pode estar
escutando.
2. As mulheres devem estar mais à vista e todos devem ser visíveis ao dono da casa.
3. A aparência pessoal dos membros da equipe deve ser modesta, apropriada e limpa.
4. A pessoa que conhece o visitado introduzirá a equipe. Se a visita não for marcada, pergunte se podem
conversar um pouco. Se disserem não, pergunte se poderiam marcar uma visita para a próxima semana ou
outra ocasião.
5. Se ninguém estiver em casa, deixe um convite da igreja e um folheto simples. Sendo assim, seu esforço
não terá sido em vão.
AO SENTAR-SE
1. Quem for apresentar o evangelho deve escolher o seu lugar primeiro, visando a boa comunicação.
a) Deixando, se possível, uma cadeira vazia para a ilustração da cadeira.
b) Respeitando o assento favorito do visitado.
2. Não se deve criar uma atmosfera de debate com três contra um e sim de uma conversa entre quatro
amigos. A forma de se assentar facilitará isto.
3. Na conversa, se você descobrir que o horário não é bom para os visitados ou se eles não estiverem
prestando muita atenção, pergunte se gostariam que vocês voltassem em outra oportunidade. Peça que
indiquem o melhor horário.
AO SAIR DA CASA
1. Tome cuidado para não fazer comentários sobre a visita, em voz alta, em frente da casa.
2. Não ore pela pessoa em frente da casa.
3. No caminho, a equipe deve conversar sobre as coisas boas e as falhas da apresentação. Não perca esta
oportunidade de aprendizagem.
3. A biblioteca da fé
Livros que abençoam e iluminam a mente são tesouros de preço incomparável, são ferramentas para
edificar a fé, e capacitam o ganhador diligente de almas a preparar os corações dos seus conhecidos, responder
às perguntas e dirimir dúvidas, antes ou depois da conversão deles.
Podem ser comprados individualmente para serem doados ou vendidos a pessoas interessadas; a igreja, ou
qualquer cristão, pode montar uma biblioteca de empréstimo composta de publicações evangelísticas, e circular
os vários volumes entre os convertidos e os contatos. Se um livro é uma bênção para nós, e se o consideramos
importante, devemos compartilhá-lo com outras pessoas.
4. Recenseamento religioso.
É um levantamento estatístico de uma comunidade, através de pesquisa das ruas, casas e pessoas, para
verificar a posição religiosa de cada um e o seu grau de interesse pelo evangelho, com a finalidade de saber
como alcançá-los para Cristo.
102 Redigido por Cláudia Mércia Eller Miranda; publicado na Revista Raio de Luz, edição 94 (julho/1994), p. 29-31.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
94
pessoas que estão na Igreja. Ou você viu erros, injustiças e falhas humanas. Quem sabe, não houve interação,
reciprocidade e compartilhamento. Talvez a causa disso sejam os problemas pessoais e os envolvimentos de que
você não conseguiu desprender-se. Ou o conflito gerado entre a mensagem que você ouvia dentro da Igreja e as
outras vozes ouvidas fora dela. Você está fora, pela incredulidade e pelo orgulho, ou por um pecado que co-
meteu e não quis expor-se à confissão. Talvez você tenha aprendido a linguagem evangélica, os clichês e os
jargões religiosos e se autodenominou cristão, mas você nunca experimentou a união interior com Deus, em
espírito e em verdade — o novo nascimento. Perdeu o interesse, tornou-se um religioso formal, indiferente e
nominal. Talvez você tenha substituído a Igreja pelos programas evangélicos de rádio e de televisão, achando
que segue Jesus em casa mesmo. Você pode ter passado a seguir os conceitos do coração, afeito às vãs filosofias
humanas, descrendo da Palavra soberana. Você pode até estar chorando, porque se vê nesta condição: não
descambou, não desceu os descaminhos do mundo, não perdeu a fé, mas está fora!
Estar longe causa um sentimento de insatisfação, incomodidade, vazio, dor, ausência e embaraçamento. A
fuga traz permanente incômodo para a alma; ela é um pretexto e um escape precipitado e desastroso. Desviar é
um recurso ardiloso empregado para se esquivar a dificuldades. ―(...) não vos desvieis de seguir o Senhor, mas
servi ao Senhor com todo o vosso coração. E não vos desvieis, pois seguiríeis as vaidades, que nada
aproveitam, nem tampouco vos livrarão, porque vaidades são.‖ I Sm 12:20-21.
Você está sendo chamado à coragem de voltar ao caminho certo, rever a posição e congregar-se com os
irmãos.
Voltar é retornar e recomeçar, é transformar idéias e atitudes, é recorrer e superar a situação difícil que
causou o desvio.
O convite é para você voltar para Deus. Ele é o eixo e é o elo da vida. Ele não é opção mas é o
ingrediente, sem o qual não há vida. ―Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais (...) Pois nele
vivemos e nos movemos e existimos.‖ At 17:25 e 28. Nele está o significado da existência. Deus é Espírito, é
infinito, é único Deus. Ele é onipotente, onipresente e onisciente. É sábio e soberano, santo, justo, fiel, mi-
sericordioso, amor e bondade. ―A minha paz vos dou, não como a dá o mundo.‖ Jo 14:27. Ele propõe uma
superior qualidade de vida. Por isso, a motivação de ir a Deus nunca deve ser o medo do inferno, e sim buscá-Lo
espontaneamente, com adoração e gratidão. O reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo — valores
que se manifestam nas vidas onde Ele reina. São bênçãos para hoje. ―Quanto a mim, bom é estar junto a Deus‖
Sl 73:28.
O convite é para você voltar para a Igreja. Ela é o corpo de Cristo, é coluna e esteio da verdade, é a
expressão da multiforme sabedoria de Deus. A Igreja, na sua perfeita união com Cristo, o seu cabeça, é a força
da manifestação da glória que elevamos ao Pai. ―Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes
chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai
de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos.‖ Ef 4:4-6. A igreja local é um pequeno círculo
(microcosmo) da Igreja universal. É privilégio e responsabilidade do cristão em congregar-se com as finalidades
de admoestar e ser admoestado (Hb 3:13; I Ts 5:11 e 14). Deus não espera que o cristão ande sozinho (I Jo 1:3),
mas que encontre comunhão verdadeira numa comunidade espiritual. ―E era um o coração e a alma da multidão
dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes
eram comuns (...) e em todos eles havia abundante graça.‖ At 4:32-33. Saia do desânimo, do adormecimento,
da decepção, da tristeza, do isolamento. Venha para a Igreja. Existem, sim, pessoas idôneas, com as quais você
poderá compartilhar sua angústia e inconformação. Elas vão entender você, vão chorar a sua dor e vão
estimular, incentivar a sua volta, a sua perseverança e a sua permanência na Igreja. Será uma vida nova,
edificada em Cristo, em sólido crescimento para a maturidade cristã.
O convite é para você voltar à Bíblia. Ela é a Palavra de Deus, a palavra de verdade. A verdade é
santificadora, deve ser reconhecida, crida, obedecida e amada — ―Santifica-os na verdade; a tua palavra é a
verdade.‖ Jo 17:17. É bússola e luz para o caminho, é alimento para a alma. É divinamente inspirada; por isso é
sagrada. A Palavra de dá Deus dá conhecimento sobre o pecado e tem o propósito de conduzir o pecador a
Cristo, dando-lhe a esperança de vida eterna. É o padrão da fé e do dever. ―Errais, não conhecendo as
Escrituras nem o poder de Deus.‖ Mt 22:29. ―Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o manda-
mento do Senhor é puro e ilumina os olhos.‖ Sl 19:8. ―Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, (...) e é apta para
discernir os pensamentos e as intenções do coração.‖ Hb 4:12. ―Examinais as Escrituras, porque pensais ter
nelas a vida eterna. São estas mesmas Escrituras que testificam de mim.‖ Jo 5:39. ―Pois tudo o que é outrora foi
escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos
esperança.‖ Rm 15:4. ―Guarde firme a confissão da esperança, sem vacilar (...).‖ Hb 10:23.
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95
O convite é para você fechar as portas ao Diabo. Os direitos do Diabo se baseiam na rebelião de suas
vítimas contra Deus. Os que estão longe de Deus acabam seguindo o maligno. Tentados por ele, cumprem suas
concupiscências, são cegados e enganados por ele, caem em suas armadilhas e são perturbados por ele. O Diabo
é presunçoso, orgulhoso, perverso, sutil, enganador, cruel e covarde. Ele torce as Escrituras, opõe-se à obra de
Deus e opera sinais mentirosos. Ele remove a boa semente, semeia o joio, arruína corpo, alma e mente, instiga
os homens a pecarem e usa-os como presas. ―Sede sóbrios e vigiai. O vosso inimigo, o Diabo, anda em
derredor, rugindo como leão, buscando a quem possa tragar.‖ I Pd 5:8. Revesti-vos de toda a armadura de
Deus, para poder ficar firmes contra as ciladas do Diabo (Ef 6:10-19). Só teremos vitória sobre o inimigo se
nos fortalecermos no Senhor diariamente.
O convite é para você sair do sistema dos maus: não andar no conselho dos ímpios, não se deter no
caminho dos pecadores nem se assentar na roda dos escarnecedores; fugir das armadilhas mundanas: más
companhias, falsos deuses, pactos pecaminosos, associações ilegítimas, votos viola-dos — ―Não vos enganeis:
as más conversações corrompem os bons costumes.‖ I Co 15:33. Voltar, antes que a sua consciência fique
cauterizada pela constância no pecado. Resistir à tentação, fugir do mal: ―Filho meu, se os pecadores querem
seduzir-te, não o consintas (...) Porque o desvio dos tolos os matará e a prosperidade dos loucos os destruirá.
Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranqüilo e sem temor do mal.‖ Pv 1:10 e 32-33. ―Porque onde
estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Ninguém pode servir a dois senhores.‖ Mt 6:21,24.
Devemos rever a escala de valores e identificar os motivos secretos da vida, aquilo que em nós nos leva a fazer
o que fazemos — nossos pensamentos, motivos e obras somos nós mesmos. E diante de Deus somos des-
cobertos: Ele vê nosso íntimo; não fugimos da Sua presença.
Você já sabe que Deus é Deus, que a Igreja é o corpo de Cristo, que a Bíblia é a palavra perfeita, que o
Diabo é seu inimigo e que existe a sedução do mal. Agora este conhecimento precisa motivar você a tomar uma
atitude: voltar.
O arrependimento é o caminho da volta. O amor a Deus se manifesta na obediência: ―Se guardardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu amor (...).” Jo 15:l0a. Fé em Cristo inclui obediência: “(...) aquele
que se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.‖ Jo 3:36b. O
arrependimento deve ser acompanhado pela humildade, pela confissão, pela conversão e pelo afastamento do
pecado. ―Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido.‖ Sl 34:18.
―Volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.‖ Is 55:7.
LEITURAS RECOMENDADAS
1. Decepcionado com Deus: três perguntas que ninguém ousa fazer. Philip Yancey. Ed. Mundo
Cristão, 1999 (5ª ed.).
2. Vitória sobre a tentação. Bruce H. Wilkinson (ed.). Ed. Mundo Cristão, 1999.
3. É proibido: o que a Bíblia permite e a igreja proíbe. Ricardo Gondim. Ed. Mundo Cristão, 1999 (2ª
ed.).
4. Igreja: por que me importar? Redescobrindo o prazer da vida em comunidade. Philip Yancey.
Editora Sepal, 2000.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
96
Em certos aspectos, ganhar uma pessoa querida para Cristo não é muito diferente de ganhar qualquer
outra pessoa, mas existem alguns pontos que distinguem as duas situações. Por exemplo, se o parente que se
deseja ganhar é um filho, que mora na mesma casa, o relacionamento e o testemunho que damos é diferente do
que teríamos se ele estivesse morando em outro lugar.
Se os pais são crentes novos e não criaram os filhos para Cristo, terão que analisar a situação por esse
prisma.
Se os pais criaram os filhos na igreja e em um lar cristão, a situação aí apresenta outro tipo de dificuldade.
Eles pregam ao filho movidos mais por um sentimento de culpa, e geralmente isso não leva a nada.
Se for o caso de um filho adulto, tentando ganhar os pais para Cristo, temos aqui outro tipo de relacio-
namento familiar que pode causar tensão, quando este filho procura falar aos pais.
E há também o caso de um pai alcoólatra ou viciado em drogas que volta para casa, onde o espera uma
esposa boa e fiel. Ou então um filho rebelde e problemático, cuja vida é totalmente revolucionada por um
encontro pessoal com Cristo.
A seguir, algumas sugestões para pessoas que assumem a tarefa de ganhar para Cristo seus familiares ou
parentes próximos.104
1. Cuidado para não adotar uma atitude de superioridade, como quem diz: “Estou
salvo, agora você também precisa salvar-se”.
A própria natureza da conversão torna a pessoa diferente, melhor, mais santa e mais feliz. E ocorrem
muitas outras mudanças deste tipo. Geralmente, essa diferença é logo notada pelos nossos entes queridos, mas
devemos ter o cuidado de não ostentá-las diante deles. Muitas vezes, por causa de nosso anseio em mostrar a
nossos familiares como estamos diferentes, melhores e mais felizes, fazemos com que se sintam diminuídos.
Essa diferença ocorre num plano espiritual, e nós sabemos disso, mas eles podem pensar que ocorre no plano
social e pessoal.
Pode ser que, de repente, a esposa se sinta como a cabeça da casa. Suas boas obras são ostentadas como
uma forma de comparação com as más obras do marido.
Ou então são os filhos que se utilizam dessa nova vida para levar os pais a sentirem que já não são bons
pais. Esses pais podem pensar que o filho ou filha está querendo dizer-lhes: ―Cristo fez em mim o que vocês não
conseguiram‖.
103 Missionário William Goff (Seminário Teológico Batista de Venezuela), citado no capítulo ―A família na missão de Deus‖, do livro
Fundamentos Bíblico-Teológicos do Casamento e da Família, Editora Ultimato, 1996, p. 147.
104 Sugestões baseadas em Don Wilkerson, Como ganhar seus queridos para Cristo. Editora Betânia, 1981, p. 59-73.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
97
Pais recém-convertidos podem querer compensar uma falha passada, e, de um momento para outro, como
que mergulham os filhos em trabalhos da igreja e outras atividades cristãs.
Temos que ter cuidado para não mostrar ostensivamente um novo tipo de vida. Isso não quer dizer que
devemos manter silêncio quanto ao que Cristo realizou em nossa vida. Mas significa que devemos deixar que as
ações falem mais alto que as palavras: é melhor mostrar nossa fé, do que berrá-la aos quatro ventos.
Ser crente não é ostentar um botão de lapela com uma frase qualquer sobre Jesus, nem ter no carro um
adesivo plástico, embora não haja nada errado com tais coisas. Ser crente é voltar ―para casa e contar aos teus
tudo o que Deus fez por ti‖. Com nosso amor cristão, nossos atos e nosso caráter, estaremos dizendo aos nossos
entes queridos: ―Sim, eu encontrei a Cristo!‖ E vamos esperar que eles confessem: ―É, eu preciso dele!‖
Se os pais tiverem o cuidado de influenciar e controlar a vontade dos filhos na época certa, quando é de
seu direito, não precisam ter medo de ―soltá-los‖, depois. Nos primeiros anos de vida, eles atuam no sentido de
ajudar o desenvolvimento da consciência fraca que está despertando, e na formação de seu julgamento moral.
Esse controle, que vem de fora, fornece à criança a proteção de que ela necessita contra o mal. Mas do mesmo
modo que uma retidão imposta por lei deve dar lugar a uma retidão de coração, assim também o papel dos pais
deve entrar numa nova dimensão, e seu relacionamento com o filho deve mudar. Se a Palavra for plantada no
coração, e a lei for inscrita nele pelo Espírito Santo, a vontade de ser santo brotará espontaneamente. Mais tarde,
se o filho, depois de adulto, afastar-se do Senhor, essa semente ainda dará fruto. Isso é uma promessa de
Deus.106
Que providências podem ser tomadas, enquanto os filhos ainda estão em casa, para mantê-los ativos na
igreja e levá-los a querer servir o Senhor? Vamos examinar cinco pontos. 107
1. Ganhá-los para Cristo. Se colocarmos os filhos em primeiro lugar, em nosso esforço evangelístico,
estaremos nos poupando muitas preocupações nos anos vindouros. Aqueles que amam a Deus, amam sua
igreja.
Muitas vezes, os jovens se aborrecem na igreja porque simplesmente não nasceram de novo. A hora mais
longa do dia é a do culto, quando não se conhece a Pessoa que está sendo cultuada. O sermão não passa de mero
105 Sugeridos por Don Wilkerson, em Como ganhar seus queridos para Cristo. Editora Betânia, 1981, 29-37.
106 Don Wilkerson: ―Lembro-me de ter ouvido minha mãe dizer várias vezes:
— Meu filho, estou orando a Deus para que você cresça tendo o temor do Senhor em seu coração.
A princípio, eu não entendia bem o que ela queria dizer com aquilo. A palavra temor é um pouco ambígua,
principalmente para uma criança. Mais tarde vim a saber que o ―temor do Senhor é o princípio da sabedoria‖. Por quê?
Porque temer a Deus é reverenciá-lo; é respeitar sua soberania, é desejar fazer sua vontade; é andar nos caminhos dele.
O temor do Senhor frutifica em decisões sábias.‖
107 Também sugeridos por Don Wilkerson, na obra já citada, p. 46-50.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
101
palavreado, quando não compreendemos que essas palavras se referem a Jesus Cristo.
Os jovens que se encaixam nesta descrição entram no templo e logo se dirigem para os últimos bancos.
Durante o culto, ficam conversando, mascando chiclete, olhando para os lados ou de olho no relógio. Na mente
e no espírito, eles já saíram dali muito antes de seus corpos deixarem o templo. Não demorará muito, e sairão da
igreja de uma vez por todas.
Mas, quando a criança tem uma experiência pessoal com o Senhor Jesus Cristo, a igreja para ela é uma
bênção e não um peso.
Clyde Narramore aconselha: ―A criança (ou adulto) que não estiver revestido pelo Espírito Santo
realmente não tem muito interesse pelas coisas espirituais. Quando uma criança é realmente salva, renascida,
quando já deu o coração para Cristo, ela tem uma forte afinidade com as coisas de Cristo. Se isso ainda não lhe
aconteceu, ninguém pode esperar que ela tenha interesse pelas coisas de Cristo. E, sem dúvida alguma, ir à
igreja não será seu principal interesse. Então, pode muito bem ser que, quando uma criança ou adolescente diz:
‗Não quero mais ir à igreja‘, o que ela está dizendo é: ‗Eu não sou salva — nunca nasci de novo.‘ Será bom que
você analise seu filho ou filha, e, depois, de forma sábia, terna, carinhosa, o leve a Cristo.‖
2. Tenha uma vida equilibrada. Algumas crianças não gostam da igreja, porque é o único lugar a que vão
com os pais. Elas vão tanto à igreja — isso passa a ser uma coisa tão comum — que as crianças tornam-
se indiferentes a ela. E aí elas começam a desligar-se do que estão vendo e ouvindo. E o que é pior, a
criança pode adotar uma atitude profana, isto é, passar a desprezar as coisas sagradas de Deus. Mas não é
preciso que as coisas cheguem a esse ponto.
As atividades da vida espiritual devem ser equilibradas com outras atividades. A família precisa ter uma
vida bem organizada. A criança precisa de um bom relacionamento com os pais em casa, mas também na igreja,
desfrutando de atividades recreativas.
Como é difícil para um jovem estabelecer um bom relacionamento com o Senhor, se não tem um bom
relacionamento em casa, e não tem nenhuma amizade fora de casa!
Clyde Narramore afirma: ―Faça tudo que puder para proporcionar à sua família momentos de feliz
camaradagem. Isto servirá para apagar a impressão que a criança tem de que você só se interessa por ela no
momento em que vai para a igreja.‖
3. Mude de igreja, se necessário. Procure uma igreja que tenha um bom programa para os jovens, uma
igreja que alie um bom ensino bíblico e pregação a atividades extracurriculares de cunho cristão. Aqui
também vemos a possibilidade de dois extremos. Alguns cultos de jovens não passam de uma repetição
do culto dos adultos: três hinos, oração, avisos, oferta e sermão. Os moços gostam de variedades, tanto de
ordem espiritual quanto social. Gostam de coisas tais como estudos profundos da Bíblia em grupos
pequenos; debates e ensino aplicáveis às suas dificuldades e problemas, atividades fora da igreja, com
oportunidade para saírem e atuarem ao lado de companheiros da mesma idade.
Mas até mesmo este segundo grupo de atividades pode ser levado ao extremo. Já vi igrejas que tomam
tantos cuidados, a fim de proporcionar aos seus jovens todo tipo de promoção social, recreativa e outros, que
não sobra tempo para um estudo mais sério da Bíblia e oração. Os moços precisam aprender a passar do
divertimento para os joelhos, e vice-versa.
Muitas vezes, para se encontrar uma igreja com uma vida equilibrada, pode ser preciso que se mude de
igreja, ou que se ande mais um pouco, ou até que se passe de uma denominação para outra. A igreja deve ser
algo que atenda às necessidades de todos os membros da família, principalmente dos filhos.
4. Faça uma ligação do evangelho com os interesses sociais, políticos e vocacionais de seus filhos.
Alguns jovens se desinteressam pelas coisas espirituais, porque passam a interessar-se mais por
questões sociais ou políticas. E nesse processo, podem pensar que o cristianismo não tem nenhuma
relação com sua nova mentalidade política e social. Isso acontece simplesmente porque ainda não
aprenderam que a Bíblia e os ensinos de Cristo realmente têm relação com o homem, na sua íntegra, e
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
102
com a sociedade como um todo. Os jovens precisam compreender que o slogan ―Cristo é a solução‖
não é apenas uma frase-tema, nem um jargão religioso; ele realmente é verdade. Muito antes de os
pensadores modernos começarem a debater os direitos humanos e sociais ou a questão da justiça para
os pobres, Jesus já andava pelas estradas da Palestina, falando de uma vida melhor para todos.108
5. Tenha cuidado com sua reação para com a rebelião de seu filho contra a igreja. Uma reação
imediata de raiva ou a imposição de que ele tem que ir, geralmente provocam ainda mais hostilidade
no jovem. (Naturalmente, se se trata de uma criança pequena, os pais devem exigir que ela vá.)
Alice Fleming adverte: ―A primeira reação de muitos pais é dar uma ordem. Por exemplo: um casal disse
firmemente ao filho que, se ele não fosse à igreja com mais freqüência, iriam parar de dar-lhe mesada, e
restringir o uso do carro. Infelizmente o método deles não deu certo. O filho continuou a ficar em casa e faltar
aos cultos da igreja. Afinal, puseram em prática a ameaça, mas ele arranjou um serviço de meio horário, para
compensar a perda da mesada, e passou também a pegar carona com os amigos.‖
Também é errado aceitar a decisão do filho de não ir à igreja sem dizer nada, sem uma conversa franca e
sem mostrar-lhe que os pais estão sentidos com aquilo. Muitas vezes, uma atitude de rebeldia não passa de um
desafio ou um teste para os pais. Se eles expressarem seus sentimentos de maneira terna e carinhosa, mas firme,
o desafio cessará, e a criança continuará a ir à igreja.
Mas quando o filho realmente parar de freqüentar a igreja em definitivo, os pais devem ter paciência e
procurar preservar o mesmo nível de relacionamento que precisam manter com ele. Pode ser que a rebeldia não
dure muito. Talvez fosse bom os pais analisarem a causa dessa rebeldia. Lembremos também que é possível
uma pessoa largar a igreja, sem largar totalmente o Senhor. Podemos e devemos defender bem essa idéia de que
o crente deve querer ir à igreja. Entretanto, pode ser que o jovem esteja passando por uma crise de fé, e queira
pensar um pouco nessas coisas, longe da igreja. É de grande importância o relacionamento que os pais
mantiverem com o filho nesse período. É um período em que o pai ou mãe crente têm que confiar em Deus, por
um lado, e no filho, por outro.
108 Don Wilkerson: ―Um certo homem de negócios pediu-me que lhe enviasse alguns de nossos livros. Era um crente
novo e queria ganhar para Cristo seu filho de dezesseis anos. Mas ele era um homem sábio, e compreendia que aquilo não
iria acontecer da noite para o dia. Queria, então, que o filho tivesse conhecimento acerca do poder de Cristo, e de como ele
se aplicava às necessidades do homem atual, e aos problemas da sociedade. E é assim que a biografia de alguns
modernos heróis da fé pode servir de testemunho para os adolescentes de hoje, jovens que pensam, que pesquisam e
questionam.‖
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
103
109 Bloqueios espirituais apresentados por Lee Strobel, Inteligência Espiritual: Como alcançar os que evitam Deus e a igreja. Edito-
ra Vida, 1997, p. 101-116.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
104
família judaica, prescreva o evangelho de Mateus, pois enfatiza o cumprimento das profecias do Antigo
Testamento.
Algumas pessoas dizem ―Não posso acreditar‖, baseadas no intelecto. Devemos encorajá-las a procurar a
verdade sobre Deus com toda a sinceridade e honestidade. Mas há outras que dizem ―Não consigo crer‖ porque
há algum tipo de barreira emocional entre elas e Deus.
Quando falar com alguém que parece desligado de Deus, indague da sua vida familiar e do
relacionamento com seu pai, pois o conceito que a pessoa tem do seu próprio pai exerce grande influência na
sua percepção de Deus.
Poucos indivíduos vão ao extremo de se tornarem ateus. Entretanto, o relacionamento pessoal com o pai
pode impedir seu desenvolvimento espiritual. Por exemplo, ter crescido num lar onde o pai vivia sempre
zangado pode induzir as pessoas a pensar que o Pai Celestial é também vingativo. Isso faz com que elas fujam
de um relacionamento com Ele.
Se o pai terreno as abandonou quando crianças, emocional ou fisicamente, elas podem resistir a um
relacionamento com Deus de medo que o Pai Celestial acabe magoando-as, abandonando-as também. Podem ter
complexo de inferioridade por achar que seu pai tinha boas razões para deixá-las, pois não têm valor em si
mesmas. Como conseqüência, não podem compreender um Deus que as ame como elas são.
Há também pessoas que cresceram em lares onde só recebiam carinho quando realizavam qualquer coisa
de positivo. Podem crescer com o sentimento de que precisam merecer o amor dos outros, inclusive de Deus.
Podem ficar tão envolvidas em tentar tornar-se dignas de Deus que não conseguem entender que o amor de
Deus é incondicional.
Embora nenhum desses indivíduos descrentes se classifique como ateu, não conseguem ter um
relacionamento com Deus.
Outro bloqueio emocional pode ser o medo de intimidade. Ser um verdadeiro seguidor de Jesus Cristo
importa ter um relacionamento próximo, honesto, vulnerável, dependente e transparente com Ele e cada vez
mais com os Seus outros seguidores. Isso assusta algumas pessoas. Na realidade, ninguém esperaria que tais
pessoas se intimidassem com a idéia de relacionar-se estreitamente com outras.
Os descrentes podem não estar cônscios de que o medo da intimidade esteja dirigindo as suas fracas
objeções ao cristianismo. Mas aqui vai uma advertência: se eles têm uma atitude um tanto indiferente para com
outros, se parecem ter um casamento superficial, se têm um relacionamento não muito profundo com os filhos,
se têm muitos conhecidos mas não amizades profundas, esses são os sinais de que estão bloqueados pelo receio
de ter intimidade com Deus.
Outro sinal a ser observado é se o indivíduo busca algum substituto que nossa sociedade oferece para
substituir a intimidade, como seja pornografia ou promiscuidade. Até o beber pode ser um sinal, pois há
indivíduos que dependem do álcool para lubrificar a sua comunicação com os outros.
Suspeitar de um bloqueio emocional ou neurótico é uma coisa. Lidar com isso às vezes é função de
especialistas. Quando percebo que é isso que está impedindo a busca pessoal de Deus, tento gentilmente ajudá-
lo a entender que deve procurar um conselheiro cristão que poderá resolver a raiz da questão. Continuo, porém,
a ser seu amigo, apesar das circunstâncias.
“ (...) se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto; se procurar a sabedoria
como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá
o que é temer o Senhor e achará o conhecimento de Deus.” (Pv 2:3-5)
LEITURAS RECOMENDADAS
Em defesa da fé. Lee Strobel. Editora Vida, 2002
Pode o homem viver sem Deus? Ravi Zacharias. Editora Mundo Cristão, 1997.
1. O descrente rejeitou a igreja, mas isso não quer dizer que todo descrente tenha também rejeitado a
Deus.
2. O descrente pode estar moralmente à deriva, mas, no fundo do coração, deseja uma âncora.
3. O descrente opõe-se a regras, mas é sensível ao raciocínio.
4. O descrente não entende o cristianismo, mas também não conhece exatamente aquilo em que afirma
acreditar.
5. O descrente tem perguntas autênticas sobre assuntos espirituais, mas não acha que os cristãos
respondam.
6. O descrente não pergunta: ―O cristianismo é verdadeiro?‖. No geral, ele pergunta: ―O cristianismo
funciona?‖.
7. Quem está longe de Deus não quer apenas conhecer algo. Quer ter a experiência.
8. O descrente não quer ser o projeto de alguém. Ele gostaria, porém, de ser amigo de alguém.
9. O descrente pode não confiar em autoridades, mas é receptivo à liderança bíblica autêntica.
10. O descrente não segue denominações. É atraído a lugares onde possa satisfazer os anelos de sua alma.
110 Observações listadas por Lee Strobel. Como alcançar os que evitam Deus e a igreja. Editora Vida, 1997, p. 43-79.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
108
11. O descrente não quer fazer parte de uma organização. Mas está ansioso para trabalhar em conjunto
por um mesmo objetivo.
12. O descrente pode não demonstrar interesse espiritual na igreja, mas quer que os seus filhos recebam
treinamento moral de alta qualidade.
13. O descrente está confuso com os papéis sexuais. Ele não sabe que a Bíblia pode lhe deixar bem claro
o que significa ser homem ou mulher.
14. O descrente tem orgulho de ser tolerante com os diversos tipos de fé, mas acha que os cristãos têm
mentalidade estreita.
15. O descrente poderá ir a uma igreja se um amigo convidá-lo. Mas encontrará lá um ambiente relevante
para sua vida cotidiana?
“Já sou filho de Deus e Deus é amor. Ele não vai condenar um ser humano que veio
dele. No fim, todos serão salvos.”
Realmente, Deus não condena ninguém (Jo 3:17). O homem é que se condena a si mesmo quando rejeita
o Salvador Jesus.
Salmo 9:17 — A Palavra de Deus, que é a autoridade final nesse assunto, não diz que ―Deus é amor e não
vai condenar ninguém‖. Este desejo do coração humano parece muito bom, isto é, que todos sejam salvos sem
exceção, mas isso não é o que afirma a Palavra de Deus. Se fosse assim, como muitos pensam, a vida futura no
Céu seria pior do que na Terra. Temos de nortear-nos pela Palavra de Deus e não pelo que o nosso coração
sente. (Ver Sl 1:5; Mc 16:16.)
João 3:18 — Deus mesmo não condena ninguém. Os homens é que se condenam a si mesmos quando
rejeitam a Cristo como Salvador. Quando alguém recusa o Salvador Jesus, está fechando a porta do Céu para si
mesmo, pois Jesus é essa porta (Jo 10:9).
João 12:48 — Deus deu ao homem livre arbítrio. Tudo depende da escolha que fizermos: Salvação,
aceitando o Salvador; perdição, rejeitando-o. (Ver Js 24:15; I Rs 18:21.) Ora, se alguém me avisa: ―Perigo!‖ e
eu continuo avançando, quem é o culpado da morte?
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
109
Lucas 13:3 — A leitura deste versículo mostra como é falsa a premissa da desculpa acima. O certo é:
arrependimento ou perdição. (Ver Mt 18:3)
II Pedro 2:4 — É falsa a premissa de que Deus, por ser amor, não deixará ninguém ir para o inferno.
João 1:12 — Logo, quem são os filhos de Deus? Qualquer um é filho de Deus?
“Conheço muitos crentes errados e hipócritas, por isso não vou ser crente.”
Bem, um crente pode tornar-se hipócrita, mas Jesus nunca! Você não está aqui para seguir um crente e
sim a Jesus.
Salmo 16:8 — ―O único que deve estar à nossa frente é o Senhor. Se você está tropeçando num crente, é
prova de que esse crente está à sua frente e que você está atrás dele. Só podemos tropeçar naquilo que está à
nossa frente. De nada adianta ficar atrás de um hipócrita com essa desculpa. É melhor suportar o hipócrita aqui
por algum tempo do que ficar toda eternidade com ele no inferno... Somente Jesus deve ser o exemplo e modelo.
(Ler Is 45:22; Mt 19:17.) Cuidado com essa mania de viver procurando erros nos outros, e de andar ―caçando
hipócritas!‖ Se você for observar os hipócritas, jamais será um crente, pois os hipócritas só cessarão no fim do
mundo (Mt 13:41).‖111
II Samuel 16:7 — Você não tem capacidade completa de julgar corretamente seu semelhante, porque os
atos que determinam a conduta de cada pessoa têm origem no coração, e, só Deus conhece os corações. Você
também não sabe os motivos que originam os atos. Ninguém pode atirar a primeira pedra (Jo 7:24; 8:7).
Jeremias 17:10 — Julgar e recompensar os homens não é tarefa nossa: é de Deus. Não entre na seara
alheia (Rm 14:4).
Lucas 6:41 — Diz um provérbio inglês: ―Quem mora em casa de vidro não apedreje a casa dos outros‖.
(Ver Rm 2:13.) Quem cuida da vida dos outros, esquece-se da sua. Quem tem uma trave no olho (Mt 7:3b) vê as
coisas de modo defeituoso.
Mateus 7:1 — Atente bem para o aviso que há neste versículo.
Romanos 14:12 — O causador de tropeços (“cada um”) dará conta de suas faltas; você dará das suas
somente. É necessário que o escândalo se manifeste para que o hipócrita fique conhecido.
111 Antônio Gilberto, A prática do evangelismo pessoal, CPAD, 2001 (13ª ed.), p. 81.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
110
Mateus 13:30a — Jesus ensinou que o ―trigo‖ e o ―joio‖ crescem juntos aqui. Sabe o que é joio? É uma
gramínea quase igual ao trigo. É preciso muito cuidado para não confundir os dois.
“A salvação é somente após a morte; não devo preocupar-me com isso agora.”
João 5:24 — A salvação começa aqui na terra. Tem início no momento em que o pecador aceita o
Salvador Jesus. Note que o tempo do verbo está no presente: tem. A Bíblia menciona a nossa salvação no tempo
passado (II Tm 1:9; Tt 3:5).
Hebreus 9:27 — O pecador é salvo aqui na terra e não ao chegar à eternidade. Nossos pecados são
perdoados aqui na terra (Lc 5:24a).
“Nasci na religião de meus pais, portanto, já tenho minha religião. Nela quero viver e morrer.”
Lucas 13:3; João 3:5 — Não importa o que você é; o que é preciso é nascer de novo. Para a salvação da
alma não se trata de ter ou seguir uma religião, filosofia ou igreja. O que é preciso é ser regenerado pelo Senhor
Jesus Cristo (II Co 5:17). Não é o caminho dos pais que conduz ao Céu, mas o caminho provido por Deus —
Jesus Cristo. Ser religioso, ter religião, pertencer a uma igreja cristã, nada disso provê salvação a ninguém. A
salvação é uma experiência que só se verifica quando vamos a Jesus mediante o Evangelho. Dar a desculpa
acima, é ser meramente um eco ou reflexo dos outros. Não importa o que você é; o que é preciso é nascer de
novo!
II Timóteo 2:5 — A religião não pode ser intermediária ou mediadora entre Deus e o homem.
“Não creio no inferno nem no castigo eterno. Também não creio noutra vida além
desta. Com a morte tudo finda. O inferno é aqui mesmo.”
Quanto a essas desculpas, aquilo que você pensa ou sente não é o que prevalece e sim o que Deus diz na
sua Palavra. A Escritura Sagrada declara um fato, e pronto, o assunto está resolvido. O raciocínio do homem não
anula o que Deus diz na sua Palavra. Ora, entre outras coisas, as Escrituras afirmam que Deus é amor, mas
também que é justiça. Veja algo do que está escrito quanto a essas desculpas:
— Sobre a realidade do inferno: S1 9:17; Mt 10:28; II Ts 1:8-9; Ap 21:8.
— Sobre a realidade do castigo eterno: Se aqui na terra o mal é julgado e a justiça humana julga o
malfeitor, que diremos nós de Deus, cujas leis são perfeitas? Textos: Mt 25:46; Mc 9:47-49; Lc 16:19-31; Ap
14:9-11; 20:15. Estes versículos mostram que o fogo do inferno é conservador; não destruidor. Ele ―salga‖ como
sal, isto é, conserva. E daí? Quem sabe mais do que Jesus? O inferno não foi preparado para o homem, e sim
para o Diabo e seus anjos (Mt 25:41), mas se o homem não se apartar do pecado irá para lá também.
— Sobre a vida além-túmulo (S1 22:29; Jo 5:28-29; Hb 9:27). Nesta referência, a ressurreição corporal
está também implícita.
“ Não posso ser crente, porque não posso perdoar a determinada pessoa.”
Ezequiel 36:26 — Deixe este problema para depois que aceitar Jesus. Em doenças espirituais do coração,
não há especialista igual a Deus, quando nos entregamos a Ele.
Mateus 18:23-35 — Sua dívida com Deus é muito maior do que a do seu vizinho com você. Atente bem
no que o Senhor diz nos vv.32-33.
Filipenses 4:13 — Estando em Cristo, tudo é possível inclusive perdoar aos que nos ofendem.
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111
OS QUE ADIAM
―Hoje, não. Em uma outra oportunidade...‖ Há sempre alguém adiando, transferindo para mais tarde a
decisão de aceitar Cristo. Os motivos que alegam para retardar sua escolha são vários:
OS OBSTINADOS
“Nem me fale nisso.”
A teimosia de alguns indivíduos às vezes é tão grande que se torna em obstinação. Quando procuramos
evangelizá-los, seus duros argumentos beiram a agressividade. De maneira firma, porém educada, mostre aos
obstinados que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus
nosso Senhor (Rm 6:23). O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de
repente sem que haja cura (Pv 29:1).
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
112
REFUTAÇÕES REFERENTES A:
a) Imagens (Êx 20:3-5; Sl 115; Is 45:15,20; 46:6-7; Rm 2:22-24)
b) Purgatório (Lc 16:19-31)
c) Espiritismo (Hb 9:27; Dt 18:11-12; At 16:16-18)
d) Céu (Ef 1:20; Hb 1:10; Ap 21:1-4; II Co 5:1; Sl 89:11)
e) Adventismo (Lc 6:1-11; 13:10-17; Ez 36:15-18)
f) Mariolatria (Is 59:15-16; Rm 8:34; Hb 7:24,27; At 4:12; I Tm 2:5; Mt 12:46-50; Jo 7:1-5; Lc 1:27-28)
g) Indiferentismo (Hb 2:3)
112 Gene Edwards, Assim uma igreja conquista almas. Editora Vida, 1996 (2ª ed.), p. 136.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
113
Quais seriam as qualificações que normalmente Deus quereria ver em Seus servos, quais
provavelmente Ele aprovaria e empregaria. Ou seja, o tipo de cristão que conta com maior
probabilidade de ser empregado pelo Senhor para o trabalho evangelístico.
Caráter santo — Integridade, dignidade, retidão. Esta santidade deve manifestar-se na comunhão
com Deus. O evangelho exige um compromisso ético com a nossa mensagem. A grandeza transformadora e
radiante do evangelho deve ser visível em nosso comportamento (Gl 2:20; Fl 1:27; I Ts 2:8-10; I Co 9:27). O
evangelho é o poder de Deus que transforma o homem todo, bem como todas as suas relações.
Ser exemplo, ser coerente (= quando os lábios e a vida estão de acordo). Usar a santa arma do chamariz;
quer dizer, o exemplo, indo nós mesmos a Cristo, vivendo nós mesmos piedosamente em meio a uma geração
perversa; nosso exemplo de alegria e tristeza, nosso exemplo de santa submissão à vontade de Deus na adversi-
dade, e em toda forma de procedimentos benévolos, será o meio de induzir outros a entrarem no caminho da
vida (At 3:4; I Pe 2:12; Rm 12:1-2).
Espírito humilde — Dá glória a Deus; não espera elogio. Paulo, quando pregava em Atenas, e
contendia com os filósofos epicureus e estóicos, foi hostilizado verbalmente. Houve quem perguntasse: ―Que
quer dizer esse tagarela (spermologos)?‖ (At 17:18). ―Spermologos‖, ao que parece, era uma gíria ateniense, que
significava literalmente um ―catador de sementes‖, sendo o termo aplicado aos pássaros comedores de semente.
A palavra passou a ser aplicada aos homens que procuravam encrencas, depois, a homens que buscavam produtos de
segunda mão por preços baixos no mercado — pedintes. Daí, metaforicamente, foi utilizada para se referir àquelas pessoas
que reúnem retalhos de informação para tagarelar sobre eles; em outras palavras, ―fofoqueiro‖, ―caçador de verbetes‖,
―plagiador‖, ―charlatão‖.
O que nos chama a atenção neste particular, é o fato de Paulo não discutir sobre esta maldosa e caluniosa
insinuação. Ele procedeu polidamente (At 17:22-23), pregando o evangelho. Ele tinha algo mais importante a
fazer naquela cidade do que ficar se defendendo de acusações ou de brincadeiras de mal gosto. Paulo era um
intelectual, porém quando insultado intelectual e moralmente, nem por isso deixou-se ofender tão facilmente.
Ele não se desviou da sua rota: a pregação do evangelho de Cristo. O que de fato lhe revoltava era a ignorância
espiritual do povo (At 17:16).
Ter um fé viva — Crer que é chamado para testemunhar; crer que a mensagem que lhe cabe
transmitir é a Palavra de Deus; crer que a mensagem tem poder; esperar que Deus o use. Não envergonhar do
evangelho (Rm 1:16; II Tm 1:8).
Sinceridade evidente - Fica claro o ouvinte que a testemunha crê firmemente nas verdades que
proclama; fala de coração e não como ator. A nossa proclamação fundamenta-se na Palavra, através da qual,
tivemos nossa experiência salvadora (Mc 5:18-20; Mt 28:19-20). Ser testemunha (= ―saber o que vai dizer‖;
―sentir-se em casa quanto ao seu assunto‖). Ser salvo e ter certeza disso (I Tm 1:16).
Servir ao evangelho, com singeleza de coração — Sem interesses pessoais; não movido
por outras razões a não ser a glória de Deus. Nós somos comissionados a usar os nossos talentos a serviço do
evangelho. Não podemos tornar o evangelho um meio para os nossos interesses; antes, ele é o meio para a
glorificação de Deus (I Co 9:23; II Co 4:5; Fl 2:22; 4:3; I Ts 3:2). Pregar de boa vontade. A nossa pregação é
motivada pelo desejo de glorificar a Deus, através da conversão do Seu povo. Qualquer outro motivo que
assuma a preponderância em nossa tarefa, desvia o sentido da evangelização (Fl 1:15). Desinteresse financeiro
(II Co 11:7; I Ts 2:8-9; Mt 10:10; I Co 9:14).
Completa submissão a Deus — Rende-se à mente e à vontade de Deus; é sensível à influência
do Espírito Santo. O nosso compromisso é com Deus; portanto a nossa mensagem não visa agradar a homens,
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
114
mas sim a Deus que conhece os nossos corações (I Ts 2:4).
Firmeza doutrinária — Não podemos ―adaptar‖ a verdade de Deus aos interesses de nossos
ouvintes, ao gosto moderno. A mensagem não é nossa; por isso não podemos simplesmente alterá-la ao nosso
bel-prazer (II Co 4:2). O que se exige de nós como despenseiros, é que sejamos fiéis (I Co 4:1-2). A nossa
fidelidade será medida de acordo com a nossa obediência à Palavra, não por nossa popularidade ou ―êxito‖
como pregadores (II Tm 4:1-5; I Ts 2:4; II Co 2:17). Deus, Deus mesmo é quem chama, transforma, salva e
alimenta o Seu povo, através da Sua Palavra (Lc 8:11; Rm 1:16; 8:29-30; Tt 3:5).
Ensinar com simplicidade — O homem é convertido não pela força de nossos argumentos, mas
pelo Espírito de Deus. Devemos nos esforçar por apresentar uma mensagem persuasiva; todavia, que seja
simples, a fim de que a fé de nossos ouvintes não seja estimulada a se amparar em nossa suposta sabedoria, que
aliás não salva ninguém nem a nós mesmos. (I Co 2:1-5).
Não deturpar, mas apresentar todo o desígnio de Deus — Somos chamados a
apresentar todo o conselho de Deus revelado nas Escrituras, não simplesmente aquilo que mais nos agrada (At
20:27; Gl 1:6-7; II Co 4:1-2). Devemos estar preparados para defender e confirmar o evangelho (Fp 1:7; I Pe
3:15).
Constante e evidente entusiasmo/fervor — Põe toda a alma no trabalho. Intensidade da
proclamação e sensibilidade emocional. Emprega esforços sem recuar.
Ser como advogado do Senhor Jesus, no sentido de ser dominado por bem fundado fervor. Quem advoga
em favor de Cristo deve, ele próprio, comover-se ante a perspectiva do dia do juízo. Spurgeon afirmou:
―Quando chego àquela porta de trás do púlpito e dou com aquela enorme multidão, muitas vezes fico apavorado.
Penso naquelas milhares de almas imortais que me contemplam através das janelas dos seus olhos anelantes,
reflito em que tenho de pregar a todos os que ali estão, e que serei responsável por seu sangue se não lhes for
fiel. Digo-lhes que isso me deixa a ponto de recuar. Mas eis que o temor não fica sozinho. Ganho vida nova pela
fé e esperança de que Deus tenciona abençoar aquelas pessoas mediante a Palavra que Ele me capacitará a
transmitir. Creio que cada um daquela multidão foi mandado ali por Deus com algum propósito, e que eu fui
113
enviado para o cumprimento desse propósito‖.
Não criar obstáculo — Paulo trabalhou com as suas próprias mãos, nada recebendo da igreja de
Corinto; não que ele achasse injusto receber seu salário; pelo contrário, ele repete as palavras da lei, conforme a
interpretação de Cristo: ―Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do
evangelho.‖ (I Co 9:14) (Mt 10:10; Lc 10:7; I Tm 5:18). O que ele não queria era causar ―obstáculos‖. ―...Não
usamos desse direito, antes suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo.‖ (I
Co 9:12). A palavra traduzida por obstáculo (egkope), só aparece neste texto em todo o Novo Testamento, e tem
o sentido de cortar uma árvore gerando um impedimento ou, abrir uma vala, que obstaculizasse o caminho do
inimigo, daí a palavra tomar o sentido de ―impedimento‖, ―empecilho‖, ―obstáculo‖. O certo é que Paulo não
queria, de nenhuma forma, ser um obstáculo no caminho do evangelho.
Ternura — Coragem mas não insolência, nem malícia, nem má vontade ou mau gênio. Exercer a dura
obrigação de ser leal ao dizer toda a verdade para a salvação, mas transmitir a mensagem de modo que não o-
fenda; falar a verdade com amor; ser afável e cheio de simpatia (I Co 9:19-22).
Vínculo saudável na comunidade da fé — Estar ligado a uma igreja zelosa e dinâmica que
está orando pela evangelização. Conseguir irmãos e irmãs que apóiem, acompanhem e, principalmente, orem
uns pelos outros, fortalecendo sua disposição evangelística.
Abertura para ser acompanhado/tutorado — É de grande ajuda unir-se a algum cristão de
coração ardente que saiba mais do que nós, e nos beneficiará com sugestões sensatas.
Abnegação e Perseverança — Desprendimento evidente. O servir ao evangelho exige uma boa
dose de renúncia de nossos interesses pessoais, bem como um firme propósito de realizar a obra que Deus nos
confiou (At 20:24; I Ts 2:2,9-12; II Tm 1:8; 4:2-5; Fm 13). Estar sempre pronto. Devemos estar predispostos à
atender ao chamado de Deus. Paulo se declara sucessivamente pronto a levar o evangelho aonde Deus o
mandasse (At 16:9-10; Rm 1:15; Gl 1:15-16; At 13:1-3).
113 C. H. Spurgeon, O conquistador de almas. PES Editora, 1993 (3ª ed.), p. 125-126.
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
115
Ter o senso de urgência — “Prega a palavra... Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina” (II Tm 4:2-3). Hoje ainda temos ouvintes; mas, até quando? O senso de urgência deve nos levar a
falar como se aquela fosse a última vez. A mensagem cristã deve ter sempre uma conotação de apelo ao homem
para que assuma, pela graça de Deus, uma posição favorável e submissa à Sua Palavra. Contudo, devemos nos
lembrar de que ―o motivo da urgência da evangelização jaz em Deus. Visto que Ele é quem é, insiste
urgentemente com os pecadores para que sejam convertidos a Ele.‖ 114
Ter consciência de que o trabalho depende inteiramente do Espírito da graça
de Deus — Sem a operação do Espírito da graça, toda a nossa reflexão, todo o nosso esforço, todos os nossos
métodos, toda a nossa oratória e capacidade de persuasão serão vãos. O poder do evangelho está no conteúdo da
sua mensagem, que somente é compreendido mediante a ação do Espírito (Hb 10:29; I Co 1:17; II Co 2:1-5; I
Ts 1:5; I Co 3:1-9).
Bill Bright identifica alguns benefícios da combinação do jejum com a oração: 115
É uma maneira bíblica de verdadeiramente humilhar-se a si mesmo aos olhos de Deus (Sl 35:13; Ed
8:21).
Traz revelação do Espírito Santo sobre a verdadeira condição espiritual do crente, resultando em
quebrantamento, arrependimento e mudança.
Pode resultar em avivamento pessoal dinâmico, porque põe em execução a obra interior do Espírito
Santo de um modo mais extraordinário e poderoso.
Ajuda-nos a entender melhor a Palavra, tornando-a mais significativa, vital e prática.
Transforma a oração numa experiência mais rica e pessoal.
Pode restabelecer o primeiro amor por nosso Senhor.
Há princípios bíblicos para que as orações sejam respondidas. Alguns deles são:
a) sensibilidade ao Espírito (Tg 4:5). O Espírito Santo deseja conduzir o evangelista em sua vida de
oração. A oração não é possível sem a atuação do Espírito Santo na vida da pessoa. Ele é muito zeloso
da devoção total de nosso coração a Cristo. Ele não quer que Jesus tenha apenas eminência em nossos
corações, mas que tenha preeminência.
b) submissão ao Pai (Tg 4:6). Por meio da oração o evangelista se submete a Deus. Foi o que Jesus
ensinou no jardim do Getsêmani. Você quer o que Deus quer para o seu ministério e vida? Ou você se
chega a Deus com uma agenda preestabelecida ou de cabeça feita antes mesmo de orar?
c) resistir ao diabo (Tg 4:7). A oração é vital na luta contra o diabo. Há tentações demoníacas no
evangelismo. Jesus disse aos discípulos para vigiar e orar para que eles não entrassem em tentação (Mt
E. M. Bounds escreveu:
— ―A oração enche o vazio do homem com a abundância de Deus. Farta a sua pobreza com as riquezas de Deus.
Põe de lado a fraqueza do homem com a força de Deus. Bane a pequenez do homem com a grandeza de Deus. [...] Os
homens nunca estão mais próximos do céu, mais perto de Deus, mais semelhantes a Deus, em mais profundo acordo e
mais verdadeira participação com Jesus Cristo, do que quando estão orando. A oração não é meramente uma questão de
dever, mas de salvação. É salvo quem não é de oração? Não é o dom, a inclinação, o hábito da oração, um dos elementos
ou características da salvação? Pode ser possível estar em afinidade com Jesus Cristo e não ser pessoa de oração? É
possível ter o Espírito Santo e não ter o Espírito de oração? Pode-se ter o novo nascimento e não ser nascido para a
oração? [...] Pode o amor fraternal estar no coração que é indisciplinado na oração?‖
LEITURA RECOMENDADA
Guia de Estudo para Oração Evangelística, de Evelyn Christenson.
É imprescindível que o cristão-evangelista esteja sob a plena direção do Espírito Santo para obter bom
êxito no ministério. O Espírito Santo e sua obra indispensável:
a) Guia-nos em toda a verdade (Jo 16:13)
b) Ensina-nos o que falar (Lc 12:12)
c) Lembra-nos das palavras do Senhor (Jo 14:26)
d) Ajuda-nos nas nossas fraquezas (Rm 8:26; II Co 3:5-6)
e) Ajuda-nos a orar como convém (Ef 6:18; Rm 8:26)
f) Dá-nos autoridade e convicção para falar (At 4:33; 2:37)
g) Dá-nos convencimento espiritual (Jo 16:8-11)
h) Regenera o pecador, dando-lhe o novo nascimento (Tt 3:5-7; Jo 3:5-8)
i) Dirige-nos quanto ao campo de evangelização (At 13:4-2; 8:26-35)
j) Revela-nos os perigos (At 20:22-33).
Betel Japonês- Evangelismo Pessoal
117
3. Ser sábio. A sabedoria é um dom de Deus, capacitando o evangelista para aplicar o conhecimento,
fazer juízo de valores, analisar bem todas as experiências e ficar com o que é bom; pensar bem e agir bem (Pv
24:32; Ec 2:13-14; At 6:3; I Ts 5:21; Tg 1:5).
a) A sabedoria habilita o evangelista para falar bem as palavras do Senhor (Lc 12:12).
b) A sabedoria habilita o evangelista para ganhar almas (Pv 11:30).
c) A sabedoria auxilia o evangelista dando-lhe estratégias na evangelização (Jo 3:1-8).
4. Ter genuíno e evidente amor por seus ouvintes. Real interesse pelo bem-estar das
pessoas; solidariedade. Ninguém evangeliza por heroísmo ou espírito de aventura. Amando (I Co 9:16,2l) o
evangelista estará seguindo os mais nobres exemplos:
a) Deus amou (Jo 3:16).
b) Jesus amou (Mt 9:36) — amor ao leproso (Mc l:41); amor aos cegos (Mt 20:34); amor à viúva de Naim (Lc
7:13); amor a Jerusalém (Mt 23:37); amor às multidões (Mt 14:14; 15:32).
c) Os apóstolos amaram. Paulo: At 20:23; 21:13; Pedro e João: At 3:1-8; 4:1,2,8; 18-21.
d) Os diáconos amaram: Filipe (At 8:5); Estevão (At 7:59-60).
e) A igreja primitiva amou (At 8:4; 11:19).
f) Servos de Deus, ao longo da história da Igreja, amaram. Dentre tantos, citamos:
— Henrique Martyn: ―Agora, deixem-se consumir por Deus‖.
— John Knox: ―Dá-me a Escócia ou morrerei‖.
— Whitefield: ―Se não queres dar-me almas, retira a minha‖.
— Hyde: ―Pai, dá-me almas ou eu morro‖.
— Spurgeon: ―Alguma vez ganhou uma alma para Jesus? Terá uma coroa no Céu, mas nenhuma jóia nela? Irá
para o Céu sem filhos; e sabe como era na antiguidade, como as mulheres temiam ser deixadas sem filhos. Seja assim
com o povo cristão; que temam ser espiritualmente estéreis. Precisamos ouvir o choro de todos aqueles que Deus quer
salvar por nosso meio. Precisamos ouvi-los, ou senão clamar em angústia: ―Dá-me convertidos ou morrerei‖.
— William Carey: O início das missões no mundo moderno constou da ida de William Carey à Índia. A
visão e o grande avanço daquele missionário surpreendem a muitos e permanecem como marco da atuação de
Deus no mundo. O evangelista David Gomes descobriu os alvos de Carey, em uma publicação dedicada a
pastores e adaptou-os, como privilégio certo a quantos tenham provado da graça salvadora e alimentem real
amor pela pessoa de Jesus: 116
a) Jamais perderei de vista a realidade do valor infinito da alma.
b) Hei de me esforçar para entender a mente do povo, no quadro da sua cultura.
c) Hei de lutar para evitar que preconceitos quaisquer minem a obra do Espírito na salvação de almas.
d) Procurarei testemunhar e servir em todas as ocasiões.
e) Pregarei sem denodo o ―Cristo crucificado‖, como único e verdadeiro Salvador.
f) Considerarei este povo onde sirvo como igual perante Deus; jamais deixarei prevalecer a idéia de superioridade.
g) Promoverei a edificação das ―hostes de Deus‖.
h) Cultivarei a realidade dos dons espirituais, enfatizando sempre a conotação missionária dada por Cristo.
i) Trabalharei mais e mais no aprendizado da Bíblia.
j) Serei renitente na formação de conceitos que ponham a fé e a obediência a Cristo no lugar certo e devido, como ato
pessoal.
2) O Evangelista e a Bíblia
O manual do cristão no evangelismo pessoal é a Bíblia (Jo 3:5; Rm 10:17; I Pe 1:23). Ela é a Palavra de
Deus, e, dele temos a extraordinária promessa: ―Porque assim será a palavra que sair da minha boca: ela não
voltará vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei‖ (Is 55:11; ver S1126:5-6; Rm
1:16; Tg 1:21b.).
Para empregar a Palavra de Deus é preciso conhecê-la devidamente (II Tm 2:15). A expressão ―maneja
bem‖, neste versículo, refere-se principalmente à correta aplicação do texto e da mensagem de toda a Bíblia.
É fato reconhecido que é muito mais fácil falar a Palavra de Deus a uma multidão do que a uma só
pessoa. Quem fala a um auditório não é interrompido para perguntas, apartes, argumentação etc.; já quem fala a
uma só pessoa poderá vir a enfrentar tudo isso. Há pecadores que aceitam a mensagem da salvação sem
objeções e sem argumentação, mas outros apresentam excusas tais, que, se o crente não conhecer devidamente
as Escrituras, ficará em situação vexatória.
É verdade que o Espírito Santo guia e inspira na obra de ganhar almas, mas no tocante às Escrituras, Ele
só pode lembrar-nos daquilo que conhecemos antes (Jo 14:26).
―Como poderá o Espírito Santo lembrar-me daquilo que não sei? que não ouvi? que não li? que não
aprendi? Por sua vez, o pregador ou ganhador de almas não é adivinhador de versículos... Muitos, a essa altura,
firmam-se em Mateus 10:19-20 para declararem que, na hora precisa, o Espírito Santo dará tudo, mas é bastante
o contexto da referida passagem (v.18), para ver a que ocasião Jesus se está referindo. (Leia também, quanto a
isto, Pv 9:9; I Tm 4:13; II Tm 4:13; I Pe 3:15.) A Bíblia é a ―espada do Senhor‖, mas também ―de Gideão‖ (Jz
7:20). Isto é, ela é a arma que o Espírito Santo usa, mas o elemento que a conduz é o crente. Portanto, é im-
perioso que o crente aprenda a manejar bem o Livro de Deus. Há crentes que até evitam falar de Jesus, por
causa do seu pouco ou nenhum conhecimento das Escrituras.‖ 117
No evangelismo pessoal, a doutrina principal é a de salvação da alma. É preciso que o crente conheça
bem os textos, para apresentá-los à medida que a necessidade for exigindo. Não é um texto qualquer que vamos
citar, mas aquele apropriado para o momento, pois a Bíblia tem uma mensagem adequada para cada caso, cada
coração, cada circunstância. Não é abrir a Bíblia em qualquer lugar e dizer: ―Vou ler esta passagem que o
Senhor me deu‖. O que é preciso é conhecer a Bíblia e depender do Espírito Santo. Assim sendo, Deus abre a
porta, guia e dá a mensagem adequada e ungida pelo seu Espírito.
Ter o Espírito Santo e não conhecer a Palavra conduz ao fanatismo. Conhecer a Palavra e não ter o Espíri-
to, conduz ao formalismo. Em religião, fanatismo é zelo excessivo, paixão cega; é chamar ao certo, errado; e ao
errado, certo. É ser extremista. É zelo sem entendimento (Rm 10:2). Se você deseja que o Espírito Santo o use,
inclusive na obra de ganhar almas, procure ter o instrumento que Ele emprega — a Palavra de Deus (Ef 6:17).
RESUMINDO:
1. Ler, ouvir e memorizar a Bíblia, estudando-a meditativamente (Ap 1:3; I Tm 4:13; Rm 10:17; Sl 1:2;
119:11; Dt 6:6; At 17:11; II Ts 2:15; Js l:8).
2. Crer na veracidade da Palavra (II Tm 3:16-17).
3. Ser praticante da Palavra (Tg 1:22; Mt 7:24-25).
4. Ter conhecimento das seitas e heresias e saber refutá-las biblicamente.
117 Antônio Gilberto, A prática do evangelismo pessoal. CPAD, 2001 (13ª ed.), p. 13.
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Depois do compromisso
É importante reiterar a importância do que acabou de acontecer. Afirme que elas tomaram a decisão mais
importante da vida, e que agradecerão a Deus por toda a eternidade. Mas esteja preparado se algumas pessoas
não se sentirem profundamente tomadas pelas emoções como você esperava. Tudo bem. O importante é que elas
tenham sido sinceras em suas orações. Os sentimentos vêm depois, mais fortes para algumas pessoas do que
para outras.
Oração
Explique que os novos cristãos precisam reservar alguns minutos por dia para comunicar-se com Deus.
Incentive-os a falar com Ele na linguagem coloquial, sendo honestos e francos acerca do que se passa em sua
mente diariamente. Mesmo que eles não sintam vontade de orar, é bom dizê-lo a Deus!
Para manter o equilíbrio na oração, Bill Hybels costuma ensinar às pessoas o método A-C-G-S. Primeiro,
o ―A‖ representa adoração; adorar a Deus é um ótimo meio de começar. ―C‖ é confissão; quando caírem em
pecado, elas devem admiti-lo a Deus, que garante o perdão. O ―G‖ é de gratidão, uma reação natural ao perdão
de Deus e aos muitos outros sinais de seu amor e cuidado em sua vida. O ―S‖ é de súplica, que basicamente
significa fazer pedidos; Deus deseja que façamos isso e promete ouvir e responder.
Orar juntos durante as próximas reuniões é uma excelente maneira de ilustrar e reforçar a importância do
hábito de falar com Deus.
Leitura da Bíblia
Destaque o fato de que a principal maneira de Deus falar conosco é através de Sua revelação escrita, a
Bíblia. Essa é a carta de Deus para a humanidade, que nos fala dele mesmo, do seu amor por nós, da história do
nosso pecado, da salvação e da orientação sobre como devemos servi-lo e agradá-lo.
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Incentive o hábito de ler um capítulo por dia, começando com um dos evangelhos do Novo Testamento,
em uma versão bíblica que as pessoas possam entender. Além disso, avise-as com antecedência que certamente
elas terão perguntas a fazer, e que podem anotá-las e conversar a respeito com você ou qualquer outro crente
experimentado.
Um livro que você pode achar útil para ajudá-las no desenvolvimento de hábitos de estudo bíblicos
equilibrados é Como estudar sua bíblia pelo método indutivo, de Kay Arthur, publicado pela Editora Vida.
Resumindo:
Nos primeiros momentos, os recém-convertidos, à semelhança dos bebês recém-nascidos, precisam de
cuidados especiais. Por conseguinte, todas as igrejas locais devem ter um programa permanente para cuidar dos
novos convertidos.
Tão logo uma pessoa aceite a Cristo:
a) Preencha uma ficha de decisão com o nome, endereço, número de telefone, sexo, idade, decisão
tomada e qualquer informação sobre sua situação que encaminhe o aconselhamento apropriado e a
oração por ela.
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b) Ofereça-lhe um exemplar da Bíblia ou do Novo Testamento.
c) Convide-a a matricular-se na Escola Bíblica Dominical. Dê-lhe os materiais didáticos para a primeira
lição.
d) Procure visitá-la ou telefonar-lhe. A visitação e importante para conservar os resultados. Os que
visitam o novo convertido — irmão mais velho espiritual, conselheiro, pastor, vizinhos crentes —
podem encontrar oportunidades de evangelizar seus familiares, amigos e vizinhos.
e) Ore por ela.
f) Passe a informação da ficha de decisões obtida para a igreja a qual você pertence.
Tão logo seja possível, confie a pessoa à atenção de um ―irmão mais velho‖, um crente maduro, do mesmo
sexo, para que este:
a) ore diariamente por ela e a ajude em sua vida cristã.
b) ajude-a a integrar-se no programa total da igreja.
c) visite-a semanalmente, durante seis semanas, no mínimo.
d) aconselhe-a e a incentive a ser testemunha do Senhor.
e) mostre-lhe hospitalidade, convidando-a para tomar refeição em sua casa ou levando-a para comer fora.
f) incentive-a a batizar-se.
g) apóie sua aceitação como membro da igreja.
h) continue a ajudá-la até que ela, por sua vez, comece a ajudar espiritualmente uma outra pessoa.
Discipulado
Um relacionamento de mestre e aluno, baseado no modelo de Cristo e seus discípulos, no qual o mestre
produz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em Cristo, que o aluno é capaz de treinar outros para
ensinarem a outros.
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