Avaliação Da Deformação em Lajes Bidirecionais
Avaliação Da Deformação em Lajes Bidirecionais
Avaliação Da Deformação em Lajes Bidirecionais
CONCRETO ARMADO
(2) Professor Adjunto, Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil
email: narbal@ecv.ufsc.br
Resumo
As estruturas de concreto armado não são projetadas apenas para atender os critérios de
segurança contra ruína, mas também para satisfazer as condições de serviço.
O cálculo do estado limite último é indispensável para conferir as estruturas um nível
adequado de segurança em relação à ruína, já o cálculo dos estados limites de serviço
são indispensáveis para garantir um desempenho satisfatório das estruturas em condição
de serviço.
Deve-se analisar o comportamento da estrutura sob condições normais de utilização, ou
seja, antes da ruína. Assim, a estrutura deve ser suficientemente rígida para que suas
deformações, sob a ação das cargas de serviço, não provoquem danos inaceitáveis em
elementos não estruturais, não afetem o seu uso ou a sua aparência, nem causem
desconforto aos usuários. Além disso, o grau de fissuração, deve estar num limite
aceitável nas peças fletidas de concreto armado, de modo a não afetar a durabilidade da
estrutura. Portanto, torna-se indispensável a verificação dos estados limites de serviço.
Assim, o que se procura é a limitação das deformações da estrutura e da abertura das
fissuras na superfície da peça.
O cálculo das flechas é dificultado pelo fato de que devem ser consideradas várias
influências, muitas vezes de difícil avaliação. Dentre essas muitas influências, as
principais são a fissuração, a fluência e a retração, que em geral, tendem com o passar
do tempo a produzir um aumento no valor das deformações finais.
Onde
O uso da seção bruta justifica-se pela pequena diferença entre a seção homogeneizada e
a seção íntegra.
a0I = . ...(2.3)
100 E c .h 3
ou usando a inércia na expressão correspondente, fica
β .b p.L x
4
a0 I = . ...(2.4)
1200 E c . I I
onde β depende da vinculação e da relação entre os lados, sendo obtido de tabela
elaborada com base no comportamento bidirecional das lajes. Pinheiro, 1997.
b é a largura unitária considerada nas tabelas;
p é a carga correspondente a faixa unitária
Lx é o menor vão
Ec é o modulo longitudinal
II é a inércia no estádio I podendo ser usada a inércia da seção bruta de concreto.
Se Mr < Mkser < My, pode-se, inicialmente, verificar o limite pelo Estádio II
p.L4
a 0 II = β . ...(2.5)
Ec .I II
Sendo:
α . As 2
Linha neutra em serviço (Estádio II); x II = .− 1 + 1 + ...[2.6]
bw α .ρ
Para a verificação do limite visual de L/250 da flecha final é preciso considerar os efeitos
da retração e fluência. Isto pode ser feito, simplificadamente multiplicando a flecha
imediata por 2,46 como valor máximo possível. Pois a maneira preconizada pelo texto
final de revisão da NB-1, é o uso da expressão (1+αf) para majorar o valor da flecha
imediata de acordo com o tempo t em meses e o coeficiente de duração da carga ξ(t). Ou
seja: afinal = (1+ αf) o que implica no valor máximo de (1+ αf) = 2,46 já citado.
Considerando a situação limite da flecha final (1+ αf) = 2,46, pois supõe-se que a retirada
do escoramento em 0,5 mês seja o momento da aplicação da totalidade da carga
permanente. Verificado o limite da flecha final aII,final = 2,46.a0II < L/250 a peça atende
pois o resultado da flecha pelo estádio II é sempre maior que a flecha que considera o
efeito da contribuição do concreto entre as fissuras para o aumento da rigidez da peça.
M a M a
E a flecha correspondente para as lajes bidirecionais pode ser obtida pela expressão:
β .b p.L x
4
a 0 eq = . ...(2.8)
1200 (E. I )eq
Onde (E.I)eq é o valor da rigidez à flexão correspondente a direção principal da laje.
Se verificada, a flecha final para o limite aeq,final =(1+αf).a0eq < L/250, a laje atende ao ELS,
se não, é preciso alterar as características da peça. (altura, armadura...) ou prever a
garantia de uma contra-flecha na execução da laje.
Para uma laje bidirecional de concreto maciço, usando concreto C-20 e aço CA-50, com
dimensões Lx = 400 cm e Ly =450 cm. O cobrimento adotado é de 1 cm. A carga de
revestimento é admitida como de 1 kN/m2 e 2 kN/m2 de carga eventual para uso
comercial em escritório.
3.1 Cargas
Da Tabela para obtenção dos momentos fletores de Carvalho e Figueiredo Filho, 2001:
Para o Caso 1 (quatro apoios simples)
λ = Ly/Lx = 4,5 /4 =1,125 → µx = 5,37 e µy = 4,49
Mkx = µx.p.Lx2/100 = 5,37. 4,75.42/100 = 4,08 kN.m
Mky = µy.p.Lx2/100 = 4,49. 4,75.42/100 = 3,41 kN.m
Mdx = Mkx.γf = 4,08.1,4 = 5,71 kN.m = 571 kN.cm
Sendo α = 1,5 e yt = h/2 para a seção retangular, conforme o projeto de revisão, 2001.
f ctm I b 0,221.2858,3
3.4.3 Momento de fissuração: M r = α. = 1,5. Mr = 271 kN.cm
yt 3,5
Como Mr < Mk,ser< My ( 271 < 339 kN.cm) usa-se o Estádio II, onde:
α . As 2
3.4.4 Linha neutra em serviço (Estádio II); x II = .− 1 + 1 + x II = 1,45m
bw α .ρ
Es 210000
Relação dos módulos do aço e do concreto: α = α= = 9,87
Ec 4760. 20
As 2,5
Taxa de armadura; ρ = ρ= = 0.0044
bw .d 100.(5,7)
3
bw . x II
3.4.5. Inércia no estádio II: I II = + α . As .( d − x II ) 2 I II = 530cm 4
3
M ser
3.4.6 Tensão na armadura: σs = = 26 kN/cm2 = 260 MPa
z II . As
3.5.1 Para carga de serviço: pser = g + 0,4.q =2,75+0,4.2= 3,55 kN/m2 = 3,55.10-4 kN/cm2
3
271 3
(EI )eq = 2129 271 2858 + 1 − 530 ≤ E c I 0
305 305
4. CONCLUSÕES
Este artigo indica um roteiro de procedimentos para a avaliação da deformação nas lajes
bidirecionais de modo mais detalhado. No caso das lajes bidirecionais tem-se duas
direções, uma principal no menor vão e a outra secundária. Portanto pode-se ter a
fissuração diminuindo a rigidez em uma ou nas duas direções, dependendo da
intensidade do momento de serviço. Ainda não se encontra nas referências uma
recomendação de como considerar a perda de rigidez devida a fissuração da direção
secundária.
A tabela 1 foi elaborada para a laje isolada com quatro bordos simplesmente apoiados e
os resultados mostrados visam comprovar que o critério mais acertado para a definição
da melhor altura a adotar para as lajes bidirecionais deve ser obtido da maneira sugerida.
Com a devida consideração das ações no estado de serviço pode-se estimar a flecha e a
partir daí definir a espessura e armadura da laje. Bem como, atestar se a escolha pela
laje maciça ainda é viável em relação às outras opções de lajes nervuradas ou mesmo
protendidas.
Os valores limites das deformações, no caso das lajes, são estabelecidos em relação ao
menor vão e portanto devem ser comparados ao valor do deslocamento do centro da laje.
Desconsiderando o deslocamento total que considera o deslocamento das vigas de apoio
ou mesmo do pavimento. E ainda a continuidade entre as lajes vizinhas que contribui
muito na rigidez a flexão do conjunto das lajes.
O valor obtido para a flecha final é um parâmetro fundamental para decidir sobre as
dimensões definitivas da peça e sua influência sobre o restante da estrutura. Atualmente
só uma avaliação que considere os fatores mostrados pode indicar se a altura adotada
para o elemento estrutural atende as prescrições do Estado Limite de Serviço e assim
satisfaz a exigência dos usuários quanto aos aspectos da deformação dos elementos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto 11
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e Execução de
Concreto Armado, Rio de Janeiro, 1980.