Paternidade - Derek Prince
Paternidade - Derek Prince
Paternidade - Derek Prince
“Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome
toda família (no grego, pátria, derivado diretamente da palavra “ pai ”), tanto no
céu como sobre a terra” (Ef 3.14,15).
A paternidade de Deus é o grande fato por trás de todo o universo. Existe um Pai
que é o nosso Deus e que é o fato primordial que sustenta todos os outros fatos.
Foi um Pai que criou o universo, e que deixou sua marca de paternidade em todos
os aspectos do universo inteiro.
Eternamente, Deus é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. No seu evangelho, João
escreve: “No princípio… o Verbo estava com Deus” (Jo 1.1). Isto foi antes da
criação. O Verbo divino, o eterno Filho de Deus, estava com o Pai. A Escritura diz
que estava no seio do Pai. Este relacionamento íntimo e pessoal entre Deus e o
Filho existiu antes da criação.
Quando Jesus veio à terra, seu propósito final era conduzir ao Pai aqueles que
fossem alcançados por ele. Este fato é declarado em muitas passagens. Por
exemplo:
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos,
para conduzir-vos a Deus” (1 Pe 3.18).
Por que Jesus morreu? Para poder levar-nos a Deus. Jesus não era o fim, ele era
o caminho. Ele mesmo o disse enfaticamente em João 14.6: “Eu sou o caminho,
e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Jesus é o caminho, mas o Pai é o destino. Creio que muitas vezes, na nossa fé
cristã, realmente perdemos o propósito de Deus. Falamos muito sobre o Senhor
Jesus Cristo como nosso Salvador, nosso Intercessor, nosso Mediador, e assim
por diante. Tudo isto é maravilhoso, mas não nos leva a alcançar todo o propósito
de Deus. Seu plano não é meramente que cheguemos ao Filho, mas que através
do Filho pudéssemos chegar ao Pai.
Há algo por demais maravilhoso na linguagem que Jesus usou na sua oração em
João 17. Ele inicia com a palavra “Pai” e a repete mais seis vezes durante a oração.
Enfatiza o fato de ter manifestado o nome de Deus aos seus discípulos.
“Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo…” (v. 6).
“Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com
que me amaste esteja neles e eu neles esteja” (v. 26).
Que nome era este que Jesus veio tornar conhecido aos seus discípulos? Não era
o nome sagrado de Jeová. Já fazia quinze séculos que o povo judeu conhecera
aquele nome. Qual era a nova revelação especial, o grande propósito, o nome
que Jesus queria que seus discípulos conhecessem? O nome era “Pai”. Este é o
nome máximo de Deus. Descreve a natureza de Deus, no seu caráter eterno, com
mais perfeição do que qualquer outra palavra que existe na linguagem humana.
Isto nos leva à segunda necessidade que é suprida pela revelação de Deus como
Pai: a necessidade de valor próprio. Em 1 João 3.1 diz: “Vede que grande amor nos
tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos
filhos de Deus”.
Uma vez que realmente compreendemos que somos filhos de Deus, que Deus
nos ama íntima e pessoalmente, que está interessado em nós, que nunca está
ocupado demais para nos dar sua atenção e que deseja um relacionamento direto
e pessoal conosco, teremos clara consciência do nosso próprio valor. Tenho visto
isto acontecer vez após vez na vida das pessoas, quando entram na experiência
prática desta revelação.
A terceira grande provisão de Deus que vem pela revelação do Pai é segurança.
Por trás do universo não está apenas uma força científica ou um “big bang”, mas
um Pai que nos ama.
Um amigo meu estava sentindo solidão e tristeza, tarde da noite, nas ruas
desertas de uma cidade. Ele nem sabia se ia conseguir superar suas crises.
Enquanto estava ali numa esquina, começou a dizer e a repetir, vez após
vez: “Pai… Pai… Pai…” Ao dizer isto, um senso de segurança começou a surgir
no seu interior. Agora sabia que, apesar do frio e falta de perspectiva ao seu redor,
ele era um filho de Deus no universo que Deus criara para seus filhos.
Já que Deus tem eterno caráter e natureza de Pai, podemos concluir que todo
pai, num certo sentido, representa Deus. Podemos até dizer que a qualidade de
pai, de um bom pai, é a qualidade mais semelhante a Deus que um homem pode
adquirir. É a realização mais elevada do homem.
Como pode um pai representar Deus à sua família – e ser um profeta para o bem
e não para o mal? Paulo, escrevendo aos pais em Efésios 6.4 diz: “E vós, pais, não
provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do
Senhor”. E, depois, em Colossenses 3.21: “Pais, não irriteis os vossos filhos, para
que não fiquem desanimados”.
O outro extremo, que precisa ser combatido também, é o desânimo. Um pai que
é excessivamente severo, crítico e exigente gera uma atitude no filho que diz mais
ou menos assim: “Bem, não adianta mesmo. Nada que faço agrada ao meu pai,
então nem vou tentar mais”. Paulo adverte: “Não provoque seus filhos. Não os
irrite a fim de que não fiquem desanimados”.
Não posso contar quantas pessoas tenho aconselhado que tinham uma atitude
negativa – falta de valor próprio, sensação de fracasso, frustração – que era
consequência de marcas ou feridas causadas pelo pai.
Comunicação é Essencial
Comunicação verdadeira com o filho não pode ser alcançada em cinco minutos.
Muitas vezes, as coisas mais importantes são ditas ao filho (ou pelo filho) em
momentos casuais ou espontâneos, quando menos se esperaria. Por exemplo,
numa pescaria, fazendo jardinagem, cortando grama, limpando a garagem ou
descobrindo por que o carro não funciona. São situações como estas que
fornecem a oportunidade de ter verdadeira comunicação entre pais e filhos. São
nestas oportunidades que um pai deve poder transmitir ao seu filho os profundos
princípios da Palavra de Deus. Só o fato de ter um altar na família, ou culto
doméstico, não lhe dará necessariamente estas oportunidades. Muito depende
de como o restante do tempo é usado na família.
Finalmente, quero lembrar dos últimos dois versículos do Velho Testamento. Não
sei se você já refletiu sobre o fato de que a última palavra do Velho Testamento
na maioria das versões é maldição. É um pensamento muito sério considerar que,
se Deus não tivesse mais nada a dizer ao homem depois disso, sua última palavra
à humanidade teria sido esta. Graças a Deus pelo Novo Testamento que mostra
o caminho para sair da maldição.
Isto é o que Deus diz nestes últimos dois versículos do livro de Malaquias:
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do
Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus
pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5,6).
E o profeta adverte que se este estado crítico não for alterado, trará uma maldição
sobre a unidade em questão: seja uma família, uma nação, ou uma civilização. A
Palavra de Deus nos confronta com apenas duas alternativas na nossa situação
atual: podemos restaurar os relacionamentos familiares e sobreviver; ou podemos
permitir que os relacionamentos familiares continuem a deteriorar, assim como
vem acontecendo nas últimas décadas. Se tomarmos esta segunda opção,
havemos de perecer sob a maldição de Deus. Estas são as alternativas.
Num sentido muito significativo, o destino será selado pelos pais. São os pais que
Deus responsabiliza. Pelo fato de Deus poder confiar em Abraão para ser o tipo
de pai que ele queria, Deus afirmou: “Ele se tornará uma grande e poderosa
nação”. Porém, o contrário também é verdadeiro. Onde os pais falham e não
cumprem suas responsabilidades, uma nação não poderá permanecer grande.
Esta é a crise que está diante de todas as nações hoje. Os pais haverão de voltar
a Deus e enfrentar suas responsabilidades para com suas famílias diante do
Senhor? Ou a decadência moral e social atual, que começou na família e a está
destruindo, haverá de continuar e chegar às últimas consequências, que é a
maldição?
Será a decisão dos pais que determinará o destino da nação. Deus requer que os
pais se voltem aos filhos. Então ele promete que os filhos voltarão aos seus pais.