Andy Hargreaves (O Ensino Na Sociedade Do Conhecimento)
Andy Hargreaves (O Ensino Na Sociedade Do Conhecimento)
Andy Hargreaves (O Ensino Na Sociedade Do Conhecimento)
Introdução
Vivemos numa sociedade dinâmica. A partir desta constatação, Andy Hargreaves, neste texto,
examina o significado da sociedade do conhecimento, sua importância e seu sentido para os
professores de hoje.
São alguns de seus questionamentos: Como ensinamos os jovens a trabalhar e prosperar a partir
da sociedade do conhecimento? Como os protegemos (aos jovens) contra o ritmo frenético da
sociedade do conhecimento e seus efeitos descontrolados?
As sociedades do conhecimento necessitam das escolas para tornar-se sociedades aprendentes
criativas e solidárias e o autor apresenta alguns exemplos que servem de inspiração para isso.
As escolas de hoje devem servir e moldar um mundo no qual pode haver grandes oportunidades
de melhorias econômicas se as pessoas puderem aprender a trabalhar de forma mais flexível,
investir em sua segurança financeira futura, reciclar suas habilidades, ir reencontrando seu lugar
enquanto a economia se transforma ao seu redor e valorizar o trabalho criativo e cooperativo.
“Ensinar é uma profissão paradoxal. Entre todos os trabalhos que são, ou aspiram a ser
profissões, apenas do ensino se espera que gere habilidades e as capacidades humanas que
possibilitarão a indivíduos e organizações sobreviver e ter êxito na sociedade do conhecimento nos
dias de hoje. Dos professores, mais do que qualquer outra pessoa, espera-se que construam
comunidades de aprendizagem, criem a sociedade do conhecimento e desenvolvam capacidades
para inovação, flexibilidade e o compromisso com a transformação, essenciais à prosperidade
econômica. Ao mesmo tempo, os professores devem também mitigar e combater muitos dos
imensos problemas criados pelas sociedades do conhecimento, tais como o consumismo
excessivo, a perda da noção de comunidade e o distanciamento crescente entre ricos e pobres. No
atingimento desses objetivos simétricos reside seu paradoxo profissional. A educação – e
consequentemente, escola e professores - deve estar a serviço da criatividade e da inventividade.
Trata dos custos da economia do conhecimento, isto é, de um bem público do qual ela não tem
capacidade de tomar conta. A economia do conhecimento leva as pessoas a colocarem o interesse
próprio antes do bem social, a se entregaram ao consumo em vez de se envolver com a
comunidade, a desfrutar do trabalho temporário em equipe mais do que desenvolver as emoções
de longo prazo da lealdade e perseverança que sustentam os compromissos duradouros da vida
coletiva. A economia do conhecimento é necessariamente sedenta de lucros. Deixada por conta
própria, drena os recursos do Estado, causando a erosão das instituições da vida pública, incluindo
até mesmo as escolas. Em sua expressão mais radical (o fundamentalismo de mercado), a
economia do conhecimento abre fendas entre ricos e pobres, no interior das nações e entre elas,
criando raiva e desespero entre os excluídos.
Trata das exceções. Descreve uma escola que conseguiu se construir como organização de
aprendizagem e comunidade de aprendizagem profissional.
A escola promove equipes nesse sentido, envolve a todos no contexto geral de seus rumos, utiliza
a tecnologia para promover a aprendizagem pessoal e organizacional, baseia as decisões em
dados compartilhados e envolve os pais na definição dos rumos dos estudantes quando estes
deixam a escola. É uma comunidade de cuidado e solidariedade, bem como uma comunidade de
aprendizagem que dá à família, aos relacionamentos e a uma preocupação cosmopolita com os
outros no mundo. Mas essa escola do do conhecimento também sofre ameaças de ser submetida a
reformas-padrão insensíveis de ensino.
Como conclusão, Hargreaves preconiza, como tarefa essencial, redesenhar a melhoria escolar a
partir de linhas de desenvolvimento, de forma a fazer com que a comunidade profissional esteja
disponível a todos, e por fim ao empobrecimento educacional e social que prejudica qualquer
capacidade de avanço que muitas nações e comunidades possam ter.
Diz ainda que a busca da melhoria não constitui um substituto para o fim da pobreza, e ambas
têm de ser conduzidas conjuntamente. Essa deveria ser uma das missões sociais e profissionais
fundamentais da reforma educacional no século XXI, um de seus grandes projetos de
inventividade social.