O documento descreve a situação da Igreja de Cartago no tempo de Cipriano no século III d.C. A Igreja passava por um período de fervor religioso e perseguições violentas por parte dos imperadores romanos. Cipriano teve que lidar com heresias, cismas e uma epidemia que assolou a região, além de conflitos com o papa Estevão sobre a validade do batismo de hereges.
O documento descreve a situação da Igreja de Cartago no tempo de Cipriano no século III d.C. A Igreja passava por um período de fervor religioso e perseguições violentas por parte dos imperadores romanos. Cipriano teve que lidar com heresias, cismas e uma epidemia que assolou a região, além de conflitos com o papa Estevão sobre a validade do batismo de hereges.
O documento descreve a situação da Igreja de Cartago no tempo de Cipriano no século III d.C. A Igreja passava por um período de fervor religioso e perseguições violentas por parte dos imperadores romanos. Cipriano teve que lidar com heresias, cismas e uma epidemia que assolou a região, além de conflitos com o papa Estevão sobre a validade do batismo de hereges.
O documento descreve a situação da Igreja de Cartago no tempo de Cipriano no século III d.C. A Igreja passava por um período de fervor religioso e perseguições violentas por parte dos imperadores romanos. Cipriano teve que lidar com heresias, cismas e uma epidemia que assolou a região, além de conflitos com o papa Estevão sobre a validade do batismo de hereges.
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SÃO CIPRIANO
A SITUAÇÃO HISTÓRICA DA IGREJA DE
CARTAGO NO TEMPO DE CIPRIANO A Igreja vivia um período de notável fervor e de graves provações. As perseguições violentas, a partir de Nero 64 d.c., favoreceram sua expansão. No ano 249 um edito de imperador Décio iniciou uma nova perseguição, cujo objetivo era a destruição do cristianismo eliminando, antes de tudo, os seus chefes, bispos, presbíteros e elementos mais influentes do laicato. Para o bem da Igreja Cipriano escondeu-se e conseguiu escarpar da morte. Com a morte de Décio (251) a tranqüilidade voltou. Os presos foram soltos. Em Roma foi eleito Cornélio para ocupar a cátedra de Pedro, vacante, com o martírio de Fabiano. Em Cartago, Cipriano convocou um sínodo dos bispos africanos, para enfrentar os problemas que a perseguição deixara. O que mais preocupava os pastores eram as heresias e os cismas. As heresias vinham ainda dos tempos anteriores: gnósticos, montanistas. Dos cismas o mais célebre foi o de Novaciano, em Roma e o de Novato e Felicíssimo em Cartago. Novaciano pretendia que os Lapsos e os culpados de pecados mais graves nunca fossem readmitidos na Igreja. Com esses critérios ele esperava ser eleito Papa. A eleição de Cornélio feriu seu orgulho e levou- o ao cisma aberto. Novato e Felicíssimo exageravam em sentido contrário e desprezando as disposições dos legítimos pastores, os bispos, pretendiam reconciliar os lapsos sem a devida penitência. Diante da grave situação Cipriano escreve o famoso tratado: “De Catholicae Ecclesiae Unitate” (A unidade da Igreja católica). É uma exortação aos fiéis ameaçados pelo perigo do cisma. É direto contra aqueles que introduzem um magistério institucional puramente humano” (De Unit. 19) Cipriano e a sua Igreja além de terem de enfrentar o problema da heresias, dos cismas, das perseguições, dos apóstatas teve que enfrentar pelos anos 252 a 254 uma violenta epidemia que dizimou muitas pessoas e teve que enfrentar o conflito com o papa Estevão a respeito da validade do batismo dos heréticos. VIDA (200-258) Thascius Caecilius Cyprianus nasce por volta de 200 provavelmente em Cartago, norte da África. A família de Cipriano era rica e culta. Pertencia a alta burguesia. Fez ótimos estudos e se tornou um retórico brilhante e um mestre de retórica e também advogado.. Em Cartago viveu uma vida dissoluta: “Os vícios aderiam à minha vida e eu continuava a reforçá-los. Não pensava mais poder alcançar bens melhores; pôr isso favorecia aquilo que me prejudicava como se fosse alguma coisa que me pertencesse” (Ad Donato IV, 1). • Na obra a Donato, Cipriano conta a sua conversão e faz entender claramente que se converteu em 245 sob o influencia do padre Cecílio ou Ceciliano (Ad Donatum III, 1). • Três anos após sua conversão foi eleito bispo de Cartago, não obstante a oposição de Novato e de 5 padres. Pôncio, diácono de Cipriano, e que escreveu a vida do bispo, testemunha que a sua escolha para bispo “se deu graças à santidade de sua vida”. Portanto, é por ser santo que ele é escolhido bispo. • Coroou a sua carreira episcopal dando testemunho de fé. Foi degolado nas imediações da cidade, na presença de uma grande multidão de cristãos e pagãos, aos 14 de setembro de 258, durante a perseguição de Valeriano. AS OBRAS DE CIPRINO
AD DONATUM (A Donato):
Narra os maravilhosos efeitos da graça divina na sua
conversão. Explica,. como pelo sacramento da regeneração, deixou o mundo pagão com a sua corrupção, sua violência, sua brutalidade, e chegou, renunciando aos erros e as paixões da sua vida passada, à paz e a felicidade da fé cristã. DE HABITU VIRGINUM (O hábito das virgens): quer precaver as virgens consagradas a Deus, chamadas “flores do jardim da Igreja”, contra a vaidade e o espírito mundano. “As esposas de Cristo devem vestir-se com simplicidade, evitar as jóias e os cosméticos...” se são ricas, usem a própria fortuna não para satisfazer esta vaidade, mas para praticar obras boas como, por exemplo, ajudar os pobres. Evitem assistir casamentos mundanos e não se expor à promiscuidade dos banhos. DE LAPSIS (Os apostatas): Esta obra foi composta depois da perseguição de Décio, isto é, por volta de 251. Louva a Deus pela paz restabelecida, louva os mártires pela sua fidelidade. Constata com tristeza que muitos cristãos renegaram a fé cristã diante da perseguição. Sacrificaram aos ídolos. Lamenta que muitos pais levaram os filhos a sacrificar e a participar dos ritos pagãos. A estes não se pode conceder com facilidade o perdão. Cipriano recomenda aos confessores de não interceder por tais culpáveis. Os lapsos devem fazer muita penitência. Aqueles que cederam depois de muitas torturas, merecem maior misericórdia. Deviam submeter-se à penitência, também aqueles que de um modo ou de outro, obtivera, (compraram) certificados de que tinham sacrificado aos ídolos e falsos deuses, portanto, sem sujar as mãos com sua participação efetiva ao rito pagão, mas carregavam a mancha na sua consciência. DE ECCLESIAE UNITATE (A Unidade da Igreja Católica):
É o mais importante dos escritos de s. Cipriano. Ele
tem em mira o cisma de Novaciano em Roma e de Felicíssimo em Cartago. Demonstra o dever de todo cristão de perseverar para a salvação de sua alma, na Igreja Católica, isto é, em união com o legitimo bispo católico. Todo cristão deve permanecer na Igreja Católica e não existe senão uma única Igreja, aquela fundada sobre Pedro. Não há salvação fora da Igreja. Isto vale para aqueles que se afastam da Igreja ou ficam fora dela por própria culpa. Cipriano fala especialmente dos cismáticos responsáveis, culpados e obstinados. Como ninguém se pode salvar fora da arca de Noé, assim, “ninguém se salva fora da Igreja”(De Unit. 6,3). “Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe” DE DOMINICA ORATIONE (A Oração do Senhor):
No início trata da oração em geral e designa o Pai
Nosso como a mais excelente das orações. Depois dá as instruções a propósito da ordem, do recolhimento, da modéstia que são exigidos quando nos voltamos para o altíssimo. AD DEMETRIANUM (A Demetriano): Este Demetriano jogava a culpa sobre os cristãos das desventuras acontecidas: “guerra, peste, carestia, seca”. Então Cipriano combate estas calúnias. Os verdadeiros males que sofre o mundo são devidos aos pecados e a imoralidade dos pagãos. Deus tem o direito de punir as desobediências dos homens já que somos seus escravos. Os delitos e a idolatria dos pagãos, aos quais se ajuntam as perseguições contra os cristãos irritam o onipotente e provocaram sua cólera. Não há outra saída senão a de “dar satisfação a Deus e sair do abismo de uma cega superstição para chegara a luz da verdadeira religião” (cap. 25). Os cristãos estão prontos a guiar os seus inimigos na via da salvação eterna, que se abre ao serviço do verdadeiro Deus. “Rendemos caridade em troca de ódio, em troca dos tormentos e das penas que nos foram infligidas, indicamos as vias da salvação. Creiais e vivais, e, se bem que nos tendes perseguidos no tempo sereis felizes conosco na eternidade” (cap. 25). DE MORTALITATE ( A epidemia): Apenas terminada a perseguição de Décio, que tinha dizimado muitas vidas humanas, uma peste mortífera assolou a região difundido terror e o espanto (252). A morte era companheira de todos os dias. Então ele escreveu esta obra. Nada distingue o pagão do cristão melhor do espírito com que enfrentam o fim da vida. Aos olhos dos fiéis a morte é o repouso depois da luta. Nenhum daqueles que possuem a fé pode temer esta partida para um mundo melhor. De conseqüência “não devemos chorar pelos nossos irmãos que o chamado do Senhor libertou deste mundo pois que sabemos que não se perderam, mas que partiram antes de nós”(cap. 20-21). DE OPERE ET ELEEMOSYNIS ( As boas obras e as esmolas): Esta obra é contemporanea a “De mortalitate”, nela exorta os cristãos à prática generosa de esmola. A peste levou muita gente a pobreza e a indigência. Os cristãos deviam socorrer os desaventurados, os doentes e moribundos. “como o banho da água salvadora apagou o fogo do inferno, assim a esmola e as obras de justiça detém as chamas”. E se a remissão dos pecados foi concedida uma vez para sempre no batismo, à imagem deste, as boas obras constantes e repetidas obtém de novo a misericórdia divina...Aqueles que se mancharam depois da graça do batismo, podem ainda uma vez serem purificados” (cap.2) “Um cristão, meus caríssimos, não deve nem mesmo deixar-se desviar das obras da justiça e de caridade desta outra consideração de que tem a desculpa dos filhos para manter. Nos nossos gastos com a caridade, é em Cristo que devemos pensar já que é ele que as recebe, como ele mesmo disse. Não aos nossos irmãos de miséria, mas a Deus nós damos, portanto, a precedência, respeito aos nossos filhos”(cap. 16). “Se, portanto, amais de verdade os vossos filhos, se quereis demonstrar-lhes toda ternura de um afeto paterno, deveis mostrar-vos mais caridosos, assim com as vossas obras de justiça, recomendais os vossos filhos a Deus” (cap. 18). DE BONO PATIENTAE (As vantagens da paciência): Cipriano exalta a paciência contra a indiferença Estóica. O homem bom paciente e misericordioso é um imitador de Deus Pai, que suporta com paciência, os mesmo templos profanos, os ídolos da terra, os ritos sacrílegos instituídos para o desprezo da majestade de Deus (cap. 4-5). A paciência é uma imitação de Cristo, que nos deu o exemplo até sua paixão (cap. 6-8). DE ZELO ET LIVORE (O ciúme e a inveja): Estes dois vícios levam a divisão e ao pecado. São fontes de outros vícios, pois levam ao ódio, a discórdia, a ambição, a avareza, a desobediência, como mostra o AT. Da Inveja vem a destruição do vínculo da paz, o esquecimento da caridade fraterna, alteração da verdade, a ruptura da unidade, precipita na heresia e no cisma, despreza os sacerdotes etc. (cap. 6). O único remédio pare esses vícios é o amor ao próximo (cap. 17). AD FORTUNATUM DE EXHORTATIONE MARTYRII (Exortação ao martírio endereçada a Fortunato): É uma exortação aos cristãos para dar-lhes força em vista de uma próxima perseguição.
AD QUIRINUM TESTIMONIARUM LIBRI III:
(A Quirino: três livros de testemunhanças): Escolhe uma grande quantidade de textos bíblicos. o primeiro livro é uma apologia contra os hebreus. O segundo livro é um compendio de Cristologia. O terceiro livro é um compendio de prescrições morais e disciplinares e um guia para a prática das virtudes cristãs. QUOD IDOLA DII NON SINT ( Os ídolos não são deuses): As divindades pagãs não são deuses, mas velhos reis honrados de um culto depois da morte. Foram esculpidos em imagens para manter a fisionomia. Demonstra a existência de um único Deus invisível e incompreensível.
OITENTA E UMA CARTAS:
São importantes para a história da Igreja e para a história do direito canônico. ALGUNS ASPECTOS DA TEOLOGIA DE CIPRIANO A ECLESIOLOGIA: Cipriano considera a Igreja como a única via de Salvação: declara claramente: “Salus extra ecclesiam non est” (Ep. 73,21) (fora da Igreja, não há salvação). Esta passagem encontra sua explicação no “De Unitate, 8 e LG 14(38). É impossível ter Deus por Pai, se não se tem a Igreja por Mãe.(Habere non potest deum patrem qui ecclesiam non habet matrem” (De Unitate 6). Por isto é extremamente importante permanecer na Igreja. Ninguém de fato, pode ser cristão sem pertencer a Igreja: “Christianus non est qui in Christi ecclesia non est” (Ep. 55,24,1). A Igreja é a esposa de Cristo. Não pode ser tratada como adúltera. “Aquele que afastando-se da Igreja, vai juntar-se a uma adúltera, fica privado dos bens prometidos à Igreja. Quem abandona a Igreja de Cristo não chegará aos prêmios de Cristo. Torna-se estranho, torna-se profano, torna-se inimigo” (De Unitate 6,2). Consequentemente o caráter fundamental da Igreja é a UNIDADE, Cipriano ilustra com toda a riqueza da sua imaginação. Esta unidade se manifesta, sobretudo na celebração do sacramento da Eucaristia ou na liturgia de modo geral. Na carta 66,8,1-3, a Florêncio, Cipriano define a Igreja como povo reunido com seu bispo. “Por Cristo a Igreja foi formada do povo unido ao seu bispo e do rebanho que permanece fiel ao próprio pastor”. “Deves saber, portanto, que o bispo se encontra na Igreja e a Igreja no bispo; se alguém não permanece com o bispo não se encontra na Igreja... A igreja na sua universalidade é una e não pode dividir-se em diversas partes. A Igreja é sem dúvida unida estreitamente; o seu liame consiste na fraternidade que une os bispos entre si”. ALGUNS EXEMPLOS PARA EXPLICAR A UNIDADE: A TÚNICA DE CRISTO: Sendo ela inconsútil exprime esta unidade em Cristo. No batismo o Cristão se reveste desta túnica e integra-se na unidade do próprio Deus. OS GRÃOS DE TRIGO: A multidão de grãos que formam o único pão Eucarístico (Ep. 63, 13). A ARCA DE NOÉ: “Como ninguém se pode salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja” (De Unitate 6,3). O NAVIO: Compara a Igreja como um navio, cujo bispo o timoneiro (Ep. 59,6). MÃE: A figura mais perfeita mencionada mais de 30 vezes, é aquela de mãe feliz que abranja no seu regaço o seu povo, unido na concórdia como um só corpo (cf. De Unitate 23,1). Cipriano chama a Igreja de: “Sacramentum unitatis” designando toda a realidade da Igreja visível e invisível. Cipriano fundamenta esta unidade, na unidade com seu bispo. “Deveríeis compreender que o bispo está na Igreja e a Igreja no bispo e que se um não está com o bispo, não está na Igreja” (Ep. 66,8). O bispo é assim a autoridade visível que constitui o centro da comunidade O bispo é como que a personificação da Igreja de modo que todo aquele que estiver unido a ele está verdadeiramente em comunhão com o todo, a Igreja universal e quem dele se separa desliga-se do todo. Como se pode estar seguro de que o bispo representa autenticamente a Igreja? Cipriano diz que: esta segurança nos é dada na medida em que o bispo se mantém unido ao colégio episcopal. Se um bispo se separa do Colégio, já não pode mais representar a Igreja. Quem mantém o colégio unido é o Espírito Santo. A solidariedade da Igreja universal se fundamenta por sua vez sobre aquela dos bispos, que formam, por assim dizer um senado. “O Senhor escolheu pessoalmente os apóstolos, isto é, os bispos e os chefes da Igreja” (Ep. 3,3). Sobre eles é construída a Igreja. (cf. MT 16,18-19). Daqui deriva a eleição dos bispos e a organização da Igreja. Por esta razão a igreja se apoia sobre os bispos e toda a sua conduta obedece a direção destes. Sendo assim estabelecidas as coisas por disposição divina, admiro-me da temerária audácia de certas pessoas que me escreveram vangloriando-se de falar em nome da Igreja, enquanto a Igreja é estabelecida sobre os bispos, clero e todos aqueles que permanecem na fé. (cf. Ep. 33,1-2). Cipriano aplica, portanto, o texto de Mt, 16,18-19, aos bispos e outros membros unidos pelo vínculo da caridade e da concórdia (cf. Ep 54,1; 68, 5) fazendo da Igreja universal um único corpo. “A Igreja que é católica é una, não é dividida, mas reunida pela unidade entre os bispos” (Ep 66,8). Ao falar de Pedro, Cipriano o vê como representante de cada bispo. Cada bispo é responsável diante de Deus por sua Igreja. Mas cada bispo para exercer sua função na Igreja deve estar unido ao bispo de Roma. A QUESTÃO DO BATISMO Magno, um leigo, coloca a Cipriano a seguinte questão: alguém batizado no cisma (de Novaciano) deve ou não deve ser batizado de novo? Cipriano responde que sim. Pois o seu batismo anterior não foi total. Na carta 69,1 diz: “Todos os que têm se afastado do amor, da unidade da Igreja, são inimigos de Cristo”. Quem rompeu a união está fora da comunhão. Para que se consiga o perdão dos pecados, a santificação, até a intimidade de Deus mesmo, é necessário que cada um seja purificado pelo batismo da Igreja” (Carta 69, 11). Segundo Cipriano só a imposição das mãos não é suficiente. Muitos bispos da Numídia, também, tinham dúvidas. Cipriano submete a questão a um concílio. A decisão do Concílio confirma a opinião de Cipriano. O batismo de Novaciano não é válido. Qual é a solução para o penitente? “Ele tem de ser santificado por quem é santo”(Carta 70, 2), ou seja, por alguém que está em comunhão com a Igreja de Cristo. Também alguns bispos da MauriTânia ficam preocupados. Cipriano perde a paciência de diz: “Que presunção leva alguns de nossos colegas a supor que a submersão dos hereges dispensa os convertidos da obrigação de serem batizados. Alega-se que há um só batismo. Mas este se celebra dentro da única Igreja católica” (Carta 71,1). “Todos os que estão fora da Igreja pertencem aos mortos, e de alguém que não possui a vida nem um outro pode recebê- la” (Carta 71, 1). Exitiria um outra solução? O bispo de Roma defende o costume de reconhecer a validade do batismo dos hereges. Na África celebra-se um novo Concílio que mantém a decisão anterior. O episcopado africano coloca o papa Estevão a par da decisão: “Decidimos que se deva administrar o batismo a todos os que foram submersos na água suja dos hereges” (Carta 72, 1). A resposta de Roma não demora. A decisão do episcopado da África é rejeitada. O que diz o Bispo de Roma? “A respeito das pessoas que vêm de uma heresia, a fé exige que se renove apenas o que tem sido transmitido, isto é, que eles sejam acolhidos como penitentes pela imposição das mãos” (Carta 71,4). A posição rígida de Estevão, criou praticamente um cisma com a Igreja da África e outras regiões onde se tinha o mesmo costume de batizar os que vinha da heresia. Isto nós encontramos na carta do diácono Firmiliano a Cipriano (Carta ,75). O cisma não se consumou graças a morte de Estevão e a eleição de Sisto para a sede Romana. Em 257 Valeriano inicia uma nova perseguição. Em Cartago Cipriano é intimado e interrogado para saber se está disposto a venerar os deuses dos romanos. Cipriano testemunha dizendo: “Sou Cristão e Bispo. Não conheço outro deus senão o único e verdadeiro Deus, que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que nele se encontra. Este é o Deus que os cristãos veneram. Dia e noite rezamos a ele por nós mesmos, por todos os homens e também pela felicidade de nossos imperadores”. Como o Governador Panteno não consegue dobrar Cipriano, o envia para o exílio, juntamente com outros bispos sacerdotes e diáconos. Uma grande parte deles é transferida às minas para executarem trabalhos forçados. Valeriano estava decidido a esmagar a Igreja. Bispos, sacerdotes e diáconos são supliciados no lugar onde forem presos (Carta 80,1). Sob o novo governador Galério Máximo, Cipriano e condenado à espada. No mesmo tempo em Roma é executado o Papa Sisto e seus diáconos. O que salvou a unidade da Igreja foi sobretudo a morte de Estevão e até mesmo de Cipriano. A Penitência Cipriano defendeu com sucesso a prática tradicional da Igreja primitiva sobre a disciplina penitencial, contra os dois extremos, o laxismo do próprio clero e o rigorismo do partido de Novaciano em Roma. Para ele a penitência realiza-se na confissão dos pecados e no rito da penitência pública, na satisfação proporcional à gravidade do pecado e na reconciliação concedida no término da penitência. O verdadeiro elemento que apaga os pecados é o cumprimento da penitência. Cipriano exalta o caráter sacramental do ato da reconciliação, mais dos que seus predecessores e mesmo do que seus sucessores até Agostinho, que desenvolveu esta doutrina na controvérsia com os donatistas.