Sao Cipriano

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SÃO CIPRIANO

A SITUAÇÃO HISTÓRICA DA IGREJA DE


CARTAGO NO TEMPO DE CIPRIANO
A Igreja vivia um período de notável fervor e de
graves provações. As perseguições violentas, a
partir de Nero 64 d.c., favoreceram sua
expansão.
No ano 249 um edito de imperador Décio iniciou
uma nova perseguição, cujo objetivo era a
destruição do cristianismo eliminando, antes
de tudo, os seus chefes, bispos, presbíteros e
elementos mais influentes do laicato.
Para o bem da Igreja Cipriano escondeu-se e
conseguiu escarpar da morte.
Com a morte de Décio (251) a tranqüilidade
voltou. Os presos foram soltos.
Em Roma foi eleito Cornélio para ocupar a
cátedra de Pedro, vacante, com o martírio de
Fabiano.
Em Cartago, Cipriano convocou um sínodo dos
bispos africanos, para enfrentar os problemas
que a perseguição deixara.
O que mais preocupava os pastores eram as
heresias e os cismas.
As heresias vinham ainda dos tempos
anteriores: gnósticos, montanistas. Dos cismas
o mais célebre foi o de Novaciano, em Roma e
o de Novato e Felicíssimo em Cartago.
Novaciano pretendia que os Lapsos e os culpados de
pecados mais graves nunca fossem readmitidos na
Igreja. Com esses critérios ele esperava ser eleito
Papa. A eleição de Cornélio feriu seu orgulho e levou-
o ao cisma aberto.
Novato e Felicíssimo exageravam em sentido contrário
e desprezando as disposições dos legítimos pastores,
os bispos, pretendiam reconciliar os lapsos sem a
devida penitência.
Diante da grave situação Cipriano escreve o
famoso tratado: “De Catholicae Ecclesiae
Unitate” (A unidade da Igreja católica). É
uma exortação aos fiéis ameaçados pelo
perigo do cisma. É direto contra aqueles
que introduzem um magistério
institucional puramente humano” (De
Unit. 19)
Cipriano e a sua Igreja além de terem de
enfrentar o problema da heresias, dos cismas,
das perseguições, dos apóstatas teve que
enfrentar pelos anos 252 a 254 uma violenta
epidemia que dizimou muitas pessoas e teve
que enfrentar o conflito com o papa Estevão a
respeito da validade do batismo dos heréticos.
VIDA (200-258)
Thascius Caecilius Cyprianus nasce por volta de 200
provavelmente em Cartago, norte da África.
A família de Cipriano era rica e culta. Pertencia a alta
burguesia. Fez ótimos estudos e se tornou um retórico
brilhante e um mestre de retórica e também advogado..
Em Cartago viveu uma vida dissoluta: “Os vícios aderiam à
minha vida e eu continuava a reforçá-los. Não pensava mais
poder alcançar bens melhores; pôr isso favorecia aquilo
que me prejudicava como se fosse alguma coisa que me
pertencesse” (Ad Donato IV, 1).
• Na obra a Donato, Cipriano conta a sua conversão e faz
entender claramente que se converteu em 245 sob o
influencia do padre Cecílio ou Ceciliano (Ad Donatum III, 1).
• Três anos após sua conversão foi eleito bispo de Cartago,
não obstante a oposição de Novato e de 5 padres. Pôncio,
diácono de Cipriano, e que escreveu a vida do bispo,
testemunha que a sua escolha para bispo “se deu graças à
santidade de sua vida”. Portanto, é por ser santo que ele é
escolhido bispo.
• Coroou a sua carreira episcopal dando testemunho de fé.
Foi degolado nas imediações da cidade, na presença de
uma grande multidão de cristãos e pagãos, aos 14 de
setembro de 258, durante a perseguição de Valeriano.
AS OBRAS DE CIPRINO

AD DONATUM (A Donato):

Narra os maravilhosos efeitos da graça divina na sua


conversão. Explica,. como pelo sacramento da
regeneração, deixou o mundo pagão com a sua
corrupção, sua violência, sua brutalidade, e chegou,
renunciando aos erros e as paixões da sua vida
passada, à paz e a felicidade da fé cristã.
DE HABITU VIRGINUM
(O hábito das virgens): quer precaver as virgens consagradas a
Deus, chamadas “flores do jardim da Igreja”, contra a
vaidade e o espírito mundano. “As esposas de Cristo devem
vestir-se com simplicidade, evitar as jóias e os
cosméticos...” se são ricas, usem a própria fortuna não para
satisfazer esta vaidade, mas para praticar obras boas como,
por exemplo, ajudar os pobres. Evitem assistir casamentos
mundanos e não se expor à promiscuidade dos banhos.
DE LAPSIS (Os apostatas):
Esta obra foi composta depois da perseguição de Décio, isto
é, por volta de 251. Louva a Deus pela paz restabelecida,
louva os mártires pela sua fidelidade. Constata com tristeza
que muitos cristãos renegaram a fé cristã diante da
perseguição. Sacrificaram aos ídolos. Lamenta que muitos
pais levaram os filhos a sacrificar e a participar dos ritos
pagãos. A estes não se pode conceder com facilidade o
perdão. Cipriano recomenda aos confessores de não
interceder por tais culpáveis. Os lapsos devem fazer muita
penitência.
Aqueles que cederam depois de muitas torturas,
merecem maior misericórdia. Deviam submeter-se
à penitência, também aqueles que de um modo ou
de outro, obtivera, (compraram) certificados de que
tinham sacrificado aos ídolos e falsos deuses,
portanto, sem sujar as mãos com sua participação
efetiva ao rito pagão, mas carregavam a mancha na
sua consciência.
DE ECCLESIAE UNITATE
(A Unidade da Igreja Católica):

É o mais importante dos escritos de s. Cipriano. Ele


tem em mira o cisma de Novaciano em Roma e de
Felicíssimo em Cartago. Demonstra o dever de todo
cristão de perseverar para a salvação de sua alma,
na Igreja Católica, isto é, em união com o legitimo
bispo católico. Todo cristão deve permanecer na
Igreja Católica e não existe senão uma única Igreja,
aquela fundada sobre Pedro.
Não há salvação fora da Igreja. Isto vale para
aqueles que se afastam da Igreja ou ficam fora dela
por própria culpa. Cipriano fala especialmente dos
cismáticos responsáveis, culpados e obstinados.
Como ninguém se pode salvar fora da arca de Noé,
assim, “ninguém se salva fora da Igreja”(De Unit.
6,3).
“Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja
por Mãe”
DE DOMINICA ORATIONE
(A Oração do Senhor):

No início trata da oração em geral e designa o Pai


Nosso como a mais excelente das orações. Depois
dá as instruções a propósito da ordem, do
recolhimento, da modéstia que são exigidos quando
nos voltamos para o altíssimo.
AD DEMETRIANUM
(A Demetriano):
Este Demetriano jogava a culpa sobre os cristãos das
desventuras acontecidas: “guerra, peste, carestia,
seca”. Então Cipriano combate estas calúnias. Os
verdadeiros males que sofre o mundo são devidos
aos pecados e a imoralidade dos pagãos. Deus tem
o direito de punir as desobediências dos homens já
que somos seus escravos. Os delitos e a idolatria
dos pagãos, aos quais se ajuntam as perseguições
contra os cristãos irritam o onipotente e
provocaram sua cólera.
Não há outra saída senão a de “dar satisfação a Deus e sair
do abismo de uma cega superstição para chegara a luz da
verdadeira religião” (cap. 25).
Os cristãos estão prontos a guiar os seus inimigos na via da
salvação eterna, que se abre ao serviço do verdadeiro
Deus. “Rendemos caridade em troca de ódio, em troca dos
tormentos e das penas que nos foram infligidas, indicamos
as vias da salvação. Creiais e vivais, e, se bem que nos
tendes perseguidos no tempo sereis felizes conosco na
eternidade” (cap. 25).
DE MORTALITATE
( A epidemia):
Apenas terminada a perseguição de Décio, que
tinha dizimado muitas vidas humanas, uma peste
mortífera assolou a região difundido terror e o
espanto (252). A morte era companheira de todos
os dias. Então ele escreveu esta obra. Nada
distingue o pagão do cristão melhor do espírito com
que enfrentam o fim da vida. Aos olhos dos fiéis a
morte é o repouso depois da luta.
Nenhum daqueles que possuem a fé pode temer
esta partida para um mundo melhor. De
conseqüência “não devemos chorar pelos nossos
irmãos que o chamado do Senhor libertou deste
mundo pois que sabemos que não se perderam,
mas que partiram antes de nós”(cap. 20-21).
DE OPERE ET ELEEMOSYNIS
( As boas obras e as esmolas):
Esta obra é contemporanea a “De mortalitate”, nela
exorta os cristãos à prática generosa de esmola. A
peste levou muita gente a pobreza e a indigência.
Os cristãos deviam socorrer os desaventurados, os
doentes e moribundos. “como o banho da água
salvadora apagou o fogo do inferno, assim a esmola
e as obras de justiça detém as chamas”.
E se a remissão dos pecados foi concedida uma vez
para sempre no batismo, à imagem deste, as boas
obras constantes e repetidas obtém de novo a
misericórdia divina...Aqueles que se mancharam
depois da graça do batismo, podem ainda uma vez
serem purificados”
(cap.2) “Um cristão, meus caríssimos, não deve nem
mesmo deixar-se desviar das obras da justiça e de
caridade desta outra consideração de que tem a
desculpa dos filhos para manter. Nos nossos gastos
com a caridade, é em Cristo que devemos pensar já
que é ele que as recebe, como ele mesmo disse. Não
aos nossos irmãos de miséria, mas a Deus nós
damos, portanto, a precedência, respeito aos nossos
filhos”(cap. 16).
“Se, portanto, amais de verdade os vossos filhos, se
quereis demonstrar-lhes toda ternura de um afeto
paterno, deveis mostrar-vos mais caridosos, assim
com as vossas obras de justiça, recomendais os
vossos filhos a Deus” (cap. 18).
DE BONO PATIENTAE
(As vantagens da paciência):
Cipriano exalta a paciência contra a indiferença
Estóica. O homem bom paciente e misericordioso é
um imitador de Deus Pai, que suporta com
paciência, os mesmo templos profanos, os ídolos da
terra, os ritos sacrílegos instituídos para o desprezo
da majestade de Deus (cap. 4-5). A paciência é uma
imitação de Cristo, que nos deu o exemplo até sua
paixão (cap. 6-8).
DE ZELO ET LIVORE
(O ciúme e a inveja):
Estes dois vícios levam a divisão e ao pecado. São fontes de
outros vícios, pois levam ao ódio, a discórdia, a ambição, a
avareza, a desobediência, como mostra o AT. Da Inveja vem
a destruição do vínculo da paz, o esquecimento da caridade
fraterna, alteração da verdade, a ruptura da unidade,
precipita na heresia e no cisma, despreza os sacerdotes etc.
(cap. 6). O único remédio pare esses vícios é o amor ao
próximo (cap. 17).
AD FORTUNATUM DE EXHORTATIONE MARTYRII (Exortação
ao martírio endereçada a Fortunato):
É uma exortação aos cristãos para dar-lhes força em vista de
uma próxima perseguição.

AD QUIRINUM TESTIMONIARUM LIBRI III:


(A Quirino: três livros de testemunhanças):
Escolhe uma grande quantidade de textos bíblicos. o
primeiro livro é uma apologia contra os hebreus. O
segundo livro é um compendio de Cristologia. O terceiro
livro é um compendio de prescrições morais e disciplinares
e um guia para a prática das virtudes cristãs.
QUOD IDOLA DII NON SINT
( Os ídolos não são deuses):
As divindades pagãs não são deuses, mas velhos reis
honrados de um culto depois da morte. Foram
esculpidos em imagens para manter a fisionomia.
Demonstra a existência de um único Deus invisível e
incompreensível.

OITENTA E UMA CARTAS:


São importantes para a história da Igreja e para a
história do direito canônico.
ALGUNS ASPECTOS DA TEOLOGIA DE CIPRIANO
A ECLESIOLOGIA:
Cipriano considera a Igreja como a única via de Salvação:
declara claramente: “Salus extra ecclesiam non est” (Ep.
73,21) (fora da Igreja, não há salvação). Esta passagem
encontra sua explicação no “De Unitate, 8 e LG 14(38).
É impossível ter Deus por Pai, se não se tem a Igreja por
Mãe.(Habere non potest deum patrem qui ecclesiam non
habet matrem” (De Unitate 6). Por isto é extremamente
importante permanecer na Igreja. Ninguém de fato, pode
ser cristão sem pertencer a Igreja: “Christianus non est qui
in Christi ecclesia non est” (Ep. 55,24,1).
A Igreja é a esposa de Cristo. Não pode ser tratada
como adúltera. “Aquele que afastando-se da Igreja,
vai juntar-se a uma adúltera, fica privado dos bens
prometidos à Igreja. Quem abandona a Igreja de
Cristo não chegará aos prêmios de Cristo. Torna-se
estranho, torna-se profano, torna-se inimigo” (De
Unitate 6,2). Consequentemente o caráter
fundamental da Igreja é a UNIDADE, Cipriano ilustra
com toda a riqueza da sua imaginação.
Esta unidade se manifesta, sobretudo na celebração
do sacramento da Eucaristia ou na liturgia de modo
geral. Na carta 66,8,1-3, a Florêncio, Cipriano
define a Igreja como povo reunido com seu bispo.
“Por Cristo a Igreja foi formada do povo unido ao
seu bispo e do rebanho que permanece fiel ao
próprio pastor”.
“Deves saber, portanto, que o bispo se encontra na
Igreja e a Igreja no bispo; se alguém não permanece
com o bispo não se encontra na Igreja... A igreja na
sua universalidade é una e não pode dividir-se em
diversas partes. A Igreja é sem dúvida unida
estreitamente; o seu liame consiste na fraternidade
que une os bispos entre si”.
ALGUNS EXEMPLOS PARA EXPLICAR A UNIDADE:
A TÚNICA DE CRISTO:
Sendo ela inconsútil exprime esta unidade em Cristo.
No batismo o Cristão se reveste desta túnica e
integra-se na unidade do próprio Deus.
OS GRÃOS DE TRIGO:
A multidão de grãos que formam o único pão
Eucarístico (Ep. 63, 13).
A ARCA DE NOÉ:
“Como ninguém se pode salvar fora da arca de Noé,
assim ninguém se salva fora da Igreja” (De Unitate
6,3).
O NAVIO:
Compara a Igreja como um navio, cujo bispo o
timoneiro (Ep. 59,6).
MÃE:
A figura mais perfeita mencionada mais de 30 vezes,
é aquela de mãe feliz que abranja no seu regaço o
seu povo, unido na concórdia como um só corpo (cf.
De Unitate 23,1).
Cipriano chama a Igreja de: “Sacramentum unitatis”
designando toda a realidade da Igreja visível e
invisível.
Cipriano fundamenta esta unidade, na unidade com
seu bispo. “Deveríeis compreender que o bispo está
na Igreja e a Igreja no bispo e que se um não está
com o bispo, não está na Igreja” (Ep. 66,8). O bispo
é assim a autoridade visível que constitui o centro
da comunidade
O bispo é como que a personificação da Igreja de modo que
todo aquele que estiver unido a ele está verdadeiramente
em comunhão com o todo, a Igreja universal e quem dele
se separa desliga-se do todo.
Como se pode estar seguro de que o bispo representa
autenticamente a Igreja? Cipriano diz que: esta segurança
nos é dada na medida em que o bispo se mantém unido ao
colégio episcopal. Se um bispo se separa do Colégio, já não
pode mais representar a Igreja. Quem mantém o colégio
unido é o Espírito Santo.
A solidariedade da Igreja universal se fundamenta por
sua vez sobre aquela dos bispos, que formam, por
assim dizer um senado. “O Senhor escolheu
pessoalmente os apóstolos, isto é, os bispos e os
chefes da Igreja” (Ep. 3,3). Sobre eles é construída a
Igreja. (cf. MT 16,18-19). Daqui deriva a eleição dos
bispos e a organização da Igreja. Por esta razão a
igreja se apoia sobre os bispos e toda a sua conduta
obedece a direção destes.
Sendo assim estabelecidas as coisas por disposição divina,
admiro-me da temerária audácia de certas pessoas que me
escreveram vangloriando-se de falar em nome da Igreja,
enquanto a Igreja é estabelecida sobre os bispos, clero e
todos aqueles que permanecem na fé. (cf. Ep. 33,1-2).
Cipriano aplica, portanto, o texto de Mt, 16,18-19, aos
bispos e outros membros unidos pelo vínculo da caridade e
da concórdia (cf. Ep 54,1; 68, 5) fazendo da Igreja universal
um único corpo. “A Igreja que é católica é una, não é
dividida, mas reunida pela unidade entre os bispos” (Ep
66,8).
Ao falar de Pedro, Cipriano o vê como representante
de cada bispo. Cada bispo é responsável diante de
Deus por sua Igreja. Mas cada bispo para exercer
sua função na Igreja deve estar unido ao bispo de
Roma.
A QUESTÃO DO BATISMO
Magno, um leigo, coloca a Cipriano a seguinte questão:
alguém batizado no cisma (de Novaciano) deve ou não
deve ser batizado de novo?
Cipriano responde que sim. Pois o seu batismo anterior não
foi total. Na carta 69,1 diz: “Todos os que têm se afastado
do amor, da unidade da Igreja, são inimigos de Cristo”.
Quem rompeu a união está fora da comunhão. Para que se
consiga o perdão dos pecados, a santificação, até a
intimidade de Deus mesmo, é necessário que cada um seja
purificado pelo batismo da Igreja” (Carta 69, 11). Segundo
Cipriano só a imposição das mãos não é suficiente.
Muitos bispos da Numídia, também, tinham
dúvidas. Cipriano submete a questão a um concílio.
A decisão do Concílio confirma a opinião de
Cipriano. O batismo de Novaciano não é válido.
Qual é a solução para o penitente? “Ele tem de ser
santificado por quem é santo”(Carta 70, 2), ou seja,
por alguém que está em comunhão com a Igreja de
Cristo.
Também alguns bispos da MauriTânia ficam preocupados.
Cipriano perde a paciência de diz: “Que presunção leva
alguns de nossos colegas a supor que a submersão dos
hereges dispensa os convertidos da obrigação de serem
batizados. Alega-se que há um só batismo. Mas este se
celebra dentro da única Igreja católica” (Carta 71,1). “Todos
os que estão fora da Igreja pertencem aos mortos, e de
alguém que não possui a vida nem um outro pode recebê-
la” (Carta 71, 1).
Exitiria um outra solução? O bispo de Roma
defende o costume de reconhecer a validade do
batismo dos hereges. Na África celebra-se um novo
Concílio que mantém a decisão anterior. O
episcopado africano coloca o papa Estevão a par da
decisão: “Decidimos que se deva administrar o
batismo a todos os que foram submersos na água
suja dos hereges” (Carta 72, 1).
A resposta de Roma não demora. A decisão do
episcopado da África é rejeitada. O que diz o Bispo
de Roma? “A respeito das pessoas que vêm de uma
heresia, a fé exige que se renove apenas o que tem
sido transmitido, isto é, que eles sejam acolhidos
como penitentes pela imposição das mãos” (Carta
71,4).
A posição rígida de Estevão, criou praticamente um
cisma com a Igreja da África e outras regiões onde
se tinha o mesmo costume de batizar os que vinha
da heresia. Isto nós encontramos na carta do
diácono Firmiliano a Cipriano (Carta ,75). O cisma
não se consumou graças a morte de Estevão e a
eleição de Sisto para a sede Romana.
Em 257 Valeriano inicia uma nova perseguição. Em Cartago
Cipriano é intimado e interrogado para saber se está
disposto a venerar os deuses dos romanos. Cipriano
testemunha dizendo: “Sou Cristão e Bispo. Não conheço
outro deus senão o único e verdadeiro Deus, que criou o
céu, a terra, o mar e tudo o que nele se encontra. Este é o
Deus que os cristãos veneram. Dia e noite rezamos a ele por
nós mesmos, por todos os homens e também pela
felicidade de nossos imperadores”.
Como o Governador Panteno não consegue dobrar
Cipriano, o envia para o exílio, juntamente com
outros bispos sacerdotes e diáconos. Uma grande
parte deles é transferida às minas para executarem
trabalhos forçados.
Valeriano estava decidido a esmagar a Igreja. Bispos,
sacerdotes e diáconos são supliciados no lugar onde
forem presos (Carta 80,1).
Sob o novo governador Galério Máximo, Cipriano e
condenado à espada. No mesmo tempo em Roma é
executado o Papa Sisto e seus diáconos.
O que salvou a unidade da Igreja foi sobretudo a
morte de Estevão e até mesmo de Cipriano.
A Penitência
Cipriano defendeu com sucesso a prática tradicional
da Igreja primitiva sobre a disciplina penitencial,
contra os dois extremos, o laxismo do próprio clero
e o rigorismo do partido de Novaciano em Roma.
Para ele a penitência realiza-se na confissão dos
pecados e no rito da penitência pública, na
satisfação proporcional à gravidade do pecado e na
reconciliação concedida no término da penitência.
O verdadeiro elemento que apaga os pecados é o
cumprimento da penitência. Cipriano exalta o
caráter sacramental do ato da reconciliação, mais
dos que seus predecessores e mesmo do que seus
sucessores até Agostinho, que desenvolveu esta
doutrina na controvérsia com os donatistas.

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