Cap2 Produção Condic Ar
Cap2 Produção Condic Ar
Cap2 Produção Condic Ar
CAPÍTULO 2. ENGENHARIA DO AR DO
COMPRIMIDO: PRODUÇÃO, PREPARAÇÃO E
CONDICIONAMENTO
2.1 INTRODUÇÃO
aumento de pressão. Assim, nas tomadas de consumo há ar comprimido a uma pressão constante
normalmente da ordem de 7 a 10 bar com flutuações na ordem de 1 bar.
A pressão na rede é assegurada de diferentes formas, sendo mais comum para
compressores de pequeno porte a partida e parada automática do motor de acionamento do
compressor. Outras soluções como a descarga para a atmosfera, readmissão do ar comprimido,
variação da velocidade do motor de acionamento, variação do rendimento volumétrico e alívio nas
válvulas de admissão são aplicáveis para compressores industriais. Todos estes métodos de controle
objetivam a redução ou interrupção da vazão fornecida para o reservatório e rede para compatibilizá-
la com a vazão que está sendo consumida pelos circuitos pneumáticos e, conseqüentemente, manter
a pressão o mais estável possível (SCHRADER BELOWS 19--).
Em termos gerais, este capítulo trata da descrição dos elementos componentes da unidade
de produção, distribuição e condicionamento de ar comprimido geralmente encontrados nos sistemas
pneumáticos, incluindo características e especificações técnicas relevantes, bem como a interação
destes elementos na instalação.
Um exemplo de uma rede de produção, distribuição e condicionamento de ar comprimido
empregada em sistemas de médio porte é apresentada na Figura 2, onde são identificadas algumas
partes geralmente presentes nas instalações.
2.2.1. Introdução
A função dos compressores é a de elevar através do processo de compressão a pressão
absoluta do ar até a um determinado valor conforme as necessidades da instalação para que o
mesmo possa ser utilizado posteriormente na realização de trabalho por meio de atuadores
pneumáticos.
As pressões atingidas na descarga dos compressores variam, em geral, entre 6 barg
(manométrica) e 40 barg, sendo a pressão de 7 barg encontrada na maioria das aplicações.
A maioria das instalações geralmente é formada por uma estação central de produção e
distribuição de ar comprimido. Por isso, normalmente não é necessário planejar a transformação e
transmissão de energia para cada consumidor individualmente, mas para a instalação como um todo.
A instalação fornece o ar comprimido para diversas regiões de consumo através de uma rede de
tubulações, o que permite que o ar alcance pontos remotos de operação.
No momento do projeto deve ser considerada a hipótese de ampliação e a aquisição de
outros componentes pneumáticos. Por isso é necessário sobre-dimensionar a instalação para que,
posteriormente, não se venha constatar que ela está sobrecarregada. Uma ampliação posterior de
uma instalação sem o prévio planejamento se torna geralmente muito cara.
O sistema de resfriamento é realizado por meio de água ou ventilação forçada e pode ser
dividido em duas fases:
1. Resfriamento dos cilindros de compressão;
2. Resfriamento intermediário entre os estágios de compressão.
O resfriamento dos cilindros evita a deformação do bloco e cabeçote, as quais ocorreriam
devido às elevadas temperaturas. O resfriamento intermediário remove o calor gerado entre os
estágios de compressão, visando aproximar o processo real de compressão politrópico ao processo
isotérmico, embora a condição ideal não seja atingida principalmente devido à pequena superfície
para troca de calor e da impossibilidade de se obter um condutor térmico perfeito.
Alguns modelos de compressores operam com um líquido refrigerante de baixa viscosidade
(água, óleo ou fluido sintético), o qual é injetado com o ar durante o processo de compressão. Neste
tipo de construção, problemas gerados por aquecimento, desgaste de peças e vedação nas câmaras
de trabalho são significativamente minimizados, melhorando a eficiência volumétrica e mecânica em
vista da aproximação das condições de operação de um processo isotérmico, o que proporciona
também o prolongamento na vida útil do compressor. Por outro lado, a temperatura ambiente de
admissão de compressores refrigerados a óleo não deve exceder aos 40C, a fim de se evitar riscos
com acidentes.
Dentre os modelos que dispõe desta versão estão os compressores de palhetas e parafusos
(Figura 10b). O fornecimento de ar comprimido resfriado, limpo e livre de pulsações prolonga a vida
da instalação e componentes pneumáticos e reduz o desgaste mecânico do compressor. Com isto,
verifica-se uma diminuição mínima do rendimento volumétrico em decorrência de desgastes dos
elementos ao longo da vida útil do compressor.
O resfriamento mediante ventilação forçada é recomendado somente para compressores
de pistão de pequeno e médio porte, os quais são providos de cabeçotes dotados de aletas de
refrigeração, as quais proporcionam um aumento na área de troca térmica. Nestes casos, a casa de
compressores deve estar instalada em um ambiente de livre acesso onde o calor possa ser retirado
facilmente das dependências. A ventilação forçada normalmente é obtida por meio de um ventilador
acionado pela própria polia de transmissão do compressor (Figura 5) e/ou através de uma ventoinha
independente que força o ar a circular no interior da casa de compressores.
o resfriamento por meio de água provoca a condensação da umidade, o que melhora a qualidade do
ar (Figura 6). O resfriamento em compressores de médio e grande porte por meio de óleo também é
bastante usado.
O ar que está sendo resfriado no resfriador intermediário circula externamente aos tubos do
resfriador entre cada estágio de resfriamento, transferindo o calor para o fluido de refrigeração ( Figura
7). Este tipo de construção do trocador de calor é preferido pelos fabricantes, pois permite maior
vazão de ar e maior troca térmica. Na saída do compressor, a água aquecida é encaminhada para
torres ou piscinas de resfriamento visando redução da temperatura para posterior reaproveitamento.
Freqüentemente um sistema pneumático não dispõe de uma instalação de refrigeração completa,
com piscinas ou torres de resfriamento e demais acessórios, devido ao seu alto custo, porém, uma
refrigeração adequada prolonga sobremodo a vida útil dos compressores e produz um ar melhor
refrigerado.
Figura 6 – Métodos de resfriamento em compressores de ar: ventilação forçada e por meio de água.
Figura 7 – Estrutura de um compressor de duplo efeito e dois estágios com resfriador intermediário.
desta característica, os compressores de diafragma são empregados com preferência nas indústrias
alimentícias, farmacêuticas, têxteis e químicas.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 8 – Ciclo de trabalho de um compressor de palhetas: (a) rotor, (b) admissão do ar, (c)
compressão, (d) descarga (Schrader Belows, 19--).
Descarga
(a) (b)
(c)
Admissão
Descarga
(c)
(b) (d)
Admissão
Os compressores de parafusos estão disponíveis nas versões com e sem lubrificação. Nos
compressores sem lubrificação, os rotores não têm contato direto entre si nem com a carcaça em
função de uma estreita folga interna (oil free compressors). Nos compressores lubrificados o contato
metal-metal é impedido pela ação da película de fluido lubrificante, o que reduz o atrito (oil-cooled
rotary compressors). Entretanto, é necessária a injeção de uma quantidade considerável de
lubrificante, o qual exerce a função de refrigerante e elemento de vedação, necessitando de um
separador posterior ar-óleo.
Compressores a seco que trabalham com pressões acima de 5 bar devem ser projetados
com duplo estágio a fim de obter uma relação aceitável entre a potência de consumo e a vazão
fornecida. A complexidade relacionada ao número de resfriadores intermediários necessários, as altas
velocidades de trabalho, as dificuldades de controle e o alto custo tornam questionável o uso de
compressores a seco para esta faixa de pressão. (KAESER COMPRESSORS, 20--).
O compressor de parafuso é projetado para operar com velocidade elevada, sendo provido de
silenciadores nas câmaras de sucção e descarga a fim de reduzir o nível de ruído. As pressões de
trabalho variam entre 0,3 e 17 bar normalmente com produção de 18000 a 600.000 lpm de ar
comprimido. Um exemplo de um compressor de parafuso de duplo estágio com lubrificação é
mostrado na Figura 10(b) e a Figura 11 mostra uma vista explodida de um modelo de simples estágio.
(a) (b)
Figura 10: Compressor de parafusos: (a) Fases de operação, (b) compressor de duplo estágio.
(a) (b)
funcionamento deste método é mostrado na Figura 16(a). A Figura 16(b) mostra um exemplo de uma
válvula de controle usada para regular a abertura de admissão do compressor.
Sistema
Sinal de pressão
medido
Sinal de
_ referência
+
Erro
Admissão CONTROLADOR
Válvula de
controle
(a) (b)
Figura 16 – Regulagem por meio do controle da abertura da válvula de admissão: (a) diagrama de
funcionamento, (b) válvula de admissão regulável tipo borboleta.
corrente alternada requer o uso de elementos adicionais, como variadores de freqüência que, além de
permitirem determinadas faixas de rotação, encarecem o custo do equipamento. Além destes tipos de
regulagem, pode-se recorrer ao uso conjunto do motor elétrico com um elemento de transmissão
mecânica variável, sendo que muitos destes elementos permitem a variação de velocidade por meio
de engrenagens ou polias redutoras, entretanto, em decorrência do tipo de variador empregado, o
custo final do equipamento pode tornar-se bastante elevado.
Garra de
regulagem
Sucção de ar Descarga
M
Válvula de Câmara de
admissão compressão
N
L1 380 V
L2 60 Hz
L3
(a) (b)
Resfriador
Compressor Reservatório
posterior Secador
Figura 18 – Seqüência padrão recomendada para obtenção de diferentes classes de qualidade do ar.
A quantidade de umidade retida pelo ar está relacionada com a sua temperatura e volume de
ar. A quantidade de umidade, por sua vez, depende da umidade relativa do ar UR, a qual é
influenciada pela temperatura e condições atmosféricas. A umidade relativa é definida por:
umidade absoluta UA
UR 100% UR 100 (2.1)
ponto de saturação
de ar a uma dada temperatura. Nesse estado, a umidade relativa é de 100%, o que caracteriza o
chamado ponto de orvalho. A quantidade de vapor de água presente no ar em função da
temperatura na condição de saturação é dada na Tabela 2.
O cálculo da vazão mássica máxima de água qmH, isto é, a quantidade máxima de massa de
água presente no sistema pneumático por unidade de tempo é:
kg m 3 60min
q mH UA 3 qva em kg/hora (2.2)
m min 1h
sendo qva a vazão volumétrica de ar consumida pelo sistema, dada em Nm³/ min.
A capacidade de retenção de vapor d'água em determinado volume de ar sem sofrer
condensação depende, principalmente, da temperatura de saturação ou ponto de orvalho a que está
submetido o ar. Denomina-se temperatura de saturação ou ponto de orvalho o estado
termodinâmico correspondente ao início da condensação do vapor d'água, quando a temperatura do
ar é diminuída e as condições de pressão locais se mantêm praticamente constantes.
Observe na Tabela 2, que a influência da pressão foi omitida para especificar a quantidade de
vapor d’água presente no ar. Segundo MAJUMDAR (1996), para pressões manométricas de trabalho
de até 10 bar a quantidade de vapor d’água é função, sobretudo da temperatura, cuja margem de erro
é considerada aceitável para a maioria dos cálculos de engenharia.
Além da influência da temperatura, a capacidade de retenção de umidade depende também
da compressão do ar. Quanto maior for a taxa de compressão do ar, proporcionalmente menor é a
sua capacidade de retenção de água em um processo considerado isotérmico. Entretanto, na prática
verifica-se uma elevação considerável na temperatura durante a compressão, o que aumenta a
capacidade de retenção da água pelo ar. Deste modo, não haverá condensação de vapor d’água no
interior das câmaras de compressão em conseqüência das elevadas temperaturas de compressão,
porém, a condensação somente ocorrerá quando houver uma diminuição na temperatura do ar
comprimido, o que acontece geralmente no resfriador posterior, reservatório de ar e linhas de
distribuição.
Na fase líquida, os contaminantes do condensado se apresentam na forma de um filete de
condensado depositado nas partes inferiores da tubulação e equipamentos, ou na forma de pequenas
gotas, podendo apresentar dimensões muito reduzidas, chegando até os aerossóis microscópicos
dispersos entre as moléculas de ar comprimido. Conforme ISO 8573/2.4, um aerossol é uma
suspensão num meio gasoso de partículas sólidas ou líquidas com uma desprezível velocidade de
queda, inferior a 0,25 m/s.
Quando o ar atmosférico é comprimido, sua concentração de vapor e partículas aumenta
proporcionalmente. O processo de compressão provoca a condensação do óleo e vapor d’água em
forma de gotas, que depois são transportadas juntamente com o ar ao longo das linhas de
distribuição. O resultado é uma composição abrasiva e oleosa e, frequentemente, ácida.
A distribuição de ar de baixa qualidade aumenta a freqüência de paralisações da produção
para reparos e substituições de peças. A ação agressiva do condensado ocasiona corrosão, a qual
provoca fugas de ar e dispendiosas perdas de energia. Para se ter uma perspectiva, uma fuga de ar
em um orifício de 3 mm é aproximadamente equivalente a uma perda de energia de 3,7 kW. Um
sistema eficaz de tratamento e secagem de ar pode ser uma solução inevitável, pois proporciona uma
redução na contaminação do ar evitando corrosão nas tubulações, falhas prematuras nos dispositivos
pneumáticos e a possível deterioração do produto fabricado.
Válvula de alívo
Resfriador
posterior Válvula de
fechamento
Reservatório
Purgador
automático
Partes do reservatório:
1. Manômetro
2. Válvula registro
3. Saída de ar
4. Entrada de ar
5. Placa de identificação, com a
identificação da pressão de trabalho
6. Válvula limitadora de pressão
7. Porta de inspeção
8. Dreno
(b)
(a)
Dados do atuador:
D1C = 40 mm (diâmetro interno)
s = 400 mm (curso do cilindro)
dh = 20 mm (diâmetro da haste)
Solução do problema:
(a). Massa de ar no reservatório para a condição de carga máxima.
De acordo com a equação dos gases perfeitos
pV mRT
ou reordenando a equação em função da massa de ar,
p1 .VR 9,013.10 5 Pa 1 m 3
m1 10,36 kg
R ar .T1 287 J / kg.K 303,15 K
2
.D1C 2 2
V1C = A1C.s.i = .s. i e V2C = A2C.s.i = D1C d h . s. i
4 4
Sendo:
V1C = volume interno da câmara da base do cilindro
V2C = volume interno da câmara da haste do cilindro
A1C = área interna da câmara da base do cilindro
A2C = área interna da câmara da haste do cilindro
dmVC
dt
2
m
1
m
Solução do problema:
Etapa 1. Determinação da equação a ser empregada no cálculo do volume do reservatório
R T1
p t m1 m 2 t p0 (1.209-e)
VR
Reordenando a Eq. (1.209-e) em função do volume do reservatório VR:
R T12
VR m1 m 2 t R T12 m 1 m 2 t
p p0 p1 p 2
J kg
1,25 287 303,15K 0,04 45s
kg K s
VR 1,305 m 3
1,5.10 5 Pa
Nas aplicações industriais, os métodos mais comuns de realizar o ajuste das condições de
suprimento do compressor são o método de alívio nas válvulas de admissão, partida e parada
automática do motor elétrico ou a combinação dos dois métodos. Na seqüência, são mostradas
algumas equações geralmente adotadas para o dimensionamento do reservatório de ar comprimido
para este dois métodos de regulagem.
qvc (2.5)
VR
10
VR p2 p1
ta (2.6-a)
q va po
VR p2 p1
tc (2.6-b)
qvc qva po
Para que ocorra o carregamento do reservatório durante o período em que o sistema está em
operação, a vazão do compressor deve ser superior à vazão média de consumo do sistema. Quanto
maior for esta diferença, menor será o tempo em que o compressor permanece sob carga.
Sendo
p2 = pressão máxima admissível sob carga (bar)
p1 = pressão mínima do sistema (bar)
po = pressão atmosférica (bar)
qva = vazão volumétrica de ar consumida pelo sistema (lpm ou m³/min)
qvc = volume deslocado de ar pelo compressor por rotação nas condições de aspiração (Nlpm
ou Nm³/min)
Quando, no dimensionamento do reservatório, empregar-se o método de alívio para o ajuste
das condições de suprimento do compressor, recomenda-se que a diferença entre as pressões
mínima e máxima seja superior a 0,4 bar, sendo que a pressão máxima p2 deve ser limitada em 9 bar
(SCHRADER BELOWS, 19--).
62
VR
1 1 (2.7)
z. p2 p1
q
vc q va q va
15 qvc po (2.8)
VR (em litros ou m³)
p z
po t t
VR
1 1 (2.9)
p2 p1
qvc qva qva
O tempo que o compressor permanece em operação e/ou o tempo que permanece parado
são parâmetros de grande importância para o projeto, sendo expressos por:
Tempo do compressor em operação:
VR p2 p1
to (2.10)
po qvc qva
VR p2 p1
tp (2.11)
po qva
certas aplicações, geram-se uma grande quantidade de refugos de produção causados pela ação da
umidade. Em conseqüência, chegou-se conclusão que para determinados tipos de aplicações, o
investimento em um secador é rapidamente compensado, sendo recuperado em pouco tempo de
trabalho, considerando-se nesta estimativa somente a quantidade de peças que não são mais
refugadas pela linha de produção (PARKER TRAINING, 2002).
A r seco
S im b o lo g ia E le m e n t o
d e s s e c a n te
C ondensado
M is t u r a a r +
im p u r e z a s
D re n o d o
condensado
A colocação de filtros antes e após o secador torna-se, portanto, obrigatória a fim de assegurar uma
qualidade adequada do ar.
S im b o lo g ia
M is t u r a a r +
im p u r e z a s
V á lv u la d e
fe c h a m e n to R e g e n e ra ç ã o d o
e le m e n t o d e a d s o r ç ã o
E le m e n t o d e
a d s o rç ã o
A quecedor
V á lv u la de ar
d ir e c io n a l
A r seco
dessecantes consomem entre 10 e 25%, ou mais. A escolha por secadores dessecantes é justificada
somente quando for requerido um baixo índice de umidade (ponto de orvalho abaixo de 20C)1
(KAESER COMPRESSORS, 20--).
P r é - r e s f r ia d o r S a íd a d e
A r seco ar
R e s f r ia d o r
p r i n c ip a l
E n tra d a
de ar
F l u id o
r e f r ig e r a n t e
C o m p re s s o r d e
r e f r ig e r a ç ã o
S e p a ra d o r S im b o lo g ia
1
O ponto de orvalho é um valor de temperatura que, sob determinada pressão (absoluta), provoca a condensação
do vapor d’água misturado ao do ar comprimido. Por exemplo, para uma pressão de 10 bar e a um “ponto de orvalho” de 3 C,
o ar apresenta uma umidade absoluta de 6 g/m³.
Reservatório
Secador por
Compressor refrigeração
Possível variação na
Potencial de Potencial de
temperatura de
Refrigerant destruição da aquecimento
Composição evaporação e
e camada de ozônio global
condensação (K)
R 12 = 100 % R 12 = 100 %
“Temperature glide”
HCFC CHCIF2 5% 12% 0
R 22
HFC CH2F-CF3 0% 8% 0
R 404ª R143a/125/134a 0% 26% 0,7 K
R 407C R 32/125/134a 0% 11% 7,4 K
07 10
06
Secador por resfriamento By-pass
11 12 13 14
05
04
M 02
03 Compressor de Container 15
fluido de óleo Separador
refrigerante água-óleo
01
2.4.1 Introdução
Uma unidade de distribuição compõe-se de uma tubulação preferencialmente aérea
composta de uma rede principal de onde derivam redes secundárias que alimentam os pontos de
ligação dos circuitos pneumáticos conforme ilustrado na Figura 29. Nas extremidades das tubulações
de alimentação da rede secundária são instaladas unidades de condicionamento específicas para
cada equipamento incluindo válvula reguladora de pressão, purgador (para extração de água
condensada na rede), filtro e um elemento de lubrificação.
Os sistemas de drenagens locais geralmente são do tipo bóia mecânica, purgador automático
temporizado acionado por solenóide e, em sistemas mais modernos, sensores eletrônicos de nível
(purgadores eletrônicos com sensor de umidade).
As bóias têm sido consideradas ineficientes e pouco confiáveis, uma vez que estas são
suscetíveis a um mau funcionamento por causa de sujeira e poluição do ar comprimido. Os
purgadores automáticos são mais confiáveis quando comparados às bóias, entretanto, devem ser
inspecionados regularmente, a fim de evitar entupimento e contaminação. Em contraste, se os
intervalos de abertura do purgador forem incorretamente ajustados, o uso do componente pode
resultar num aumento de consumo de energia e perdas de ar. O emprego de sensores eletrônicos
minimiza as falhas verificadas nas bóias, causadas por contaminantes e desgaste mecânico. Além do
mais, seu uso possibilita auto-monitoração e a transmissão de sinais e informações para a central de
controle do sistema.
A rede de distribuição pode ser estruturada na forma de circuito aberto, circuito
fechado ou a combinação de ambos. Geralmente, em instalações pequenas e médias a rede de
distribuição é estruturada na forma de um circuito fechado e, de preferência, localizada próxima à
área onde houver a necessidade de consumo do ar comprimido. O circuito fechado auxilia na
manutenção da constância da pressão, além de proporcionar uma distribuição mais uniforme do ar
para as tomadas de consumo, porém, apresenta como desvantagem a dificuldade de promover a
separação da umidade, uma vez que o fluxo de ar não possui um sentido definido; o qual depende do
consumo nas tomadas em determinado período (Figura 32).
Pontos de consumo
Reservatório
auxiliar
Reservatório
auxiliar
pressão na rede alcançará seu valor máximo e, dependendo do tipo de controle dos compressores,
estes serão desligados ou entrarão em alívio. Se existirem vazamentos, a pressão na rede será
reduzida e os compressores retornarão ao seu modo de funcionamento regular. Assim, medindo-se
os tempos de carga e alívio e, conhecendo a vazão efetiva, pode-se estimar o valor da vazão de fuga.
A seguinte equação pode ser utilizada (KAESER COMPRESSORS, 20--):
qVC t X
qVF (2.12)
t Total
Onde:
t X
t1 t 2 t n , tempo que o compressor permanece em funcionamento sob
carga (em minutos).
tTotal = tempo total sob análise (minutos).
qVF = vazão de fuga (vazamento, em lpm).
qVC = vazão do compressor (Nlpm).
A experiência tem mostrado que 70% dos vazamentos ocorrem a poucos metros da rede
principal de distribuição, sendo possível detectá-los por meio de bolhas de sabão e sprays especiais.
Na linha principal, a melhor forma de detecção é obtida por meio de instrumentos ultrasônicos.
por exemplo, é utilizado em instalações que exigem montagens rígidas em locais onde a temperatura
e a pressão são elevadas.
Recomenda-se que a construção da rede principal seja feita com tubos de aço preto,
entretanto, geralmente ela tem sido construída com tubos de aço galvanizado, devido ao seu menor
preço e maior facilidade de compra. Apesar destas facilidades, uma instalação com tubos de aço
zincado apresenta inconvenientes quando comparada a uma instalação efetuada com tubos pretos. O
tubo de aço preto possui uma parede interna com superfície mais lisa, o que lhe garante um mínimo
de rugosidade, o que é vantajoso quando se considera a influência da perda de carga. O tubo
galvanizado, por sua vez, apresenta maior rugosidade e também está mais sujeito à oxidação e
corrosão, em função da facilidade de oxidação na região com roscas (SCHRADER BELOWS, 19--).
As linhas dos circuitos pneumáticos devem ser feitas de materiais de alta resistência e
durabilidade. Atualmente os tubos sintéticos são os mais utilizados, pois proporcionam boa resistência
mecânica, elevada resistência à ruptura e grande flexibilidade. Sua faixa normal de operação situa-se
entre 6 e 12 bar. Além disso, os tubos sintéticos são os mais apropriados para absorção de choques
de carga e vibrações mecânicas, fenômenos normalmente encontrados em grande parte dos
ambientes industriais e móveis.
Os tubos flexíveis de poliamida têm grande resistência térmica e mecânica (Figura 34). Os
tubos flexíveis de poliuretano são altamente resistentes à fricção, pressão e ao desgaste,
apresentando excelente resistência à tração e ao rompimento. Sua capacidade de absorver vibrações
é muito boa, bem como sua flexibilidade em baixas temperaturas. Além disso, ainda são bastante
resistentes a óleos, graxas, oxigênio e ozônio. Quando submetidos a cargas por longos períodos
sofrem pouca deformação (Catálogo geral FESTO).
(a) (b)
1,85
qv LTOTAL .1,663785 .10 3
p 5
(2.12)
ps .d t
Ou similarmente
1,85
qv LTOTAL .1,663785.10 3 (2.13)
dt 5
ps .p
Sendo:
qv = vazão volumétrica de aspiração do compressor (N m³/s)
ps = pressão de suprimento da linha (Pa – pressão absoluta)
dt = diâmetro interno da tubulação (m)
Lt = comprimento linear da tubulação (m)
p = perda de carga admissível (Pa)
LTOTAL = comprimento real da tubulação (m), o qual é definido pela soma dos comprimentos
equivalentes Leq. de cada acessório e o comprimento total da tubulação Lt.
A perda de carga recomendada entre o compressor e a tomada de consumo deve ser inferior
a 1 bar. Em termos individuais, podem-se assumir os seguintes valores de perdas de carga:
Linha principal 0,03 bar
Linhas de distribuição 0,03 bar
Ramais secundários 0,04 bar
Secador 0,2 bar
Unidade de conservação 0,5 bar
Total 0,8 bar
O cálculo da queda de pressão é um processo iterativo, uma vez que no início do projeto
deve ser estimada a maioria dos valores para as variáveis do sistema. Por esta razão, como nesta
fase ainda não é possível estimar com segurança todos os acessórios e válvulas que serão
necessários à instalação pneumática, é comum adotar-se um fator G 1,6 sobre o comprimento
equivalente da tubulação a fim de determinar o diâmetro da tubulação.
Quando a queda de pressão resultante ultrapassar aos valores recomendados, um novo
dimensionamento da tubulação deverá ser realizado para que a perda de carga situe-se dentro de
uma faixa de valores aceitáveis. Para uma escolha comercial do tubo, são apresentados através da
Tabela 6 os diâmetros internos para tubos de aço schedule 40 freqüentemente utilizados em linhas de
ar comprimido.
Diâmetro interno da 25 50 80 100 125 150 200 250 300 400 500
tubulação (mm)
Válvula de
6,0 15 25 35 50 60 85 110 140 200 260
fechamento 2/2
Válvula de
deslizamento 0,3 0,7 1,0 1,5 2,0 2,5 3,5 5,0 6,0 8,5 11,0
(carretel)
Cotovelo 0,2 0,4 0,7 1,0 1,4 1,7 2,4 3,2 4,0 6,0 7,0
Te 2,0 4,0 7,0 10,0 14,0 17,0 24,0 32,0 40,0 60,0 70,0
Redução 0,5 1,0 2,0 2,5 3,5 4,0 6,0 8,0 10,0 15,0 18,0
1¼ 35,05
1½ 40,89
2 52,50
2½ 62,71
3 77,92
4 102,10
6 154,05
8 202,71
10 254,50
12 303,22
2.5.1 Introdução
Desde o início do processo de produção de ar comprimido até a chegada do ar por meio da
rede de distribuição, existem vários métodos de separação da umidade e demais contaminantes
presentes no ar. Apesar de todo este esforço para extração da umidade, antes de ser efetivamente
convertido em trabalho, o ar comprimido passa ainda por um processo final de condicionamento
através da chamada unidade de conservação, unidade de condicionamento ou simplesmente, lubrefil.
A unidade de condicionamento é formada basicamente por um filtro, uma válvula reguladora
de pressão e um lubrificador de ar, embora hoje em dia estejam disponíveis no mercado vários outros
acessórios que podem ser integrados à unidade, tais como válvulas de fechamento, módulos em
derivação, pressostato, secador de ar, válvula de escape rápido, etc.
A unidade de condicionamento tem a função de adequar as características do ar comprimido
da rede às necessidades de uma determinada estação de trabalho, sendo imprescindível seu uso em
praticamente todas as instalações de ar comprimido, principalmente naquelas que não adotam o
equipamento de secagem do ar. Citam-se alguns exemplos de funções da unidade de conservação:
adequação da pressão de operação do atuador, prover a lubrificação dos componentes pneumáticos,
bloquear a passagem do ar quando a referida estação estiver fora de operação, garantir a retenção
de contaminantes e separação de umidade por meio de filtragem e elementos de secagem, etc. Na
seqüência, são apresentados os principais elementos da unidade de condicionamento.
2.5.2 Filtro de ar
A função do filtro de ar comprimido é reter as partículas de impurezas, bem como a água
condensada. Quando o ar comprimido proveniente da rede entra no copo do filtro, ele é forçado a
passar por uma chapa defletora a qual apresenta ranhuras direcionais. Como conseqüência da
velocidade de escoamento, o ar é impelido a realizar um movimento circular que, pela da ação da
força centrífuga, separa impurezas maiores e partículas de água, as quais são depositadas no fundo
do copo coletor. Além da ação da força centrífuga, chapas defletoras auxiliares também impedem que
as partículas contaminantes sejam arrastadas juntamente com o ar comprimido através do elemento
filtrante (Figura 36).
A r d e e n tr a d a A r d e s a íd a
C hapa
d e fle to r a
E le m e n to
f iltr a n te
C ondensado
C opo
D re n o
Filtro Adsorvedor
Os filtros adsorvedores destinam-se à remoção de vapores de hidrocarbonetos (óleo) do fluxo
de ar comprimido. Em geral, estão posicionados depois do último filtro coalescente nas linhas de
distribuição, pois, nesta ordem estão protegidos de contaminação líquida. Além disso, é comum sua
instalação nos pontos de consumo do ar, uma vez que seu uso é limitado a aplicações especiais.
O elemento filtrante de um filtro adsorvedor é, normalmente, o carvão ativado, substância
capaz de capturar substâncias no seu interior. Embora o processo de filtragem esteja baseado no
efeito de adsorção, não se costuma realizar a regeneração do carvão ativado.
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(a
) (b
)
Figura 37 – Válvula reguladora de pressão (a) normalmente aberta, (b) parcialmente fechada.
(a) (b)
Figura 38 – Válvula reguladora de pressão: (a) individual, (b) bloco múltiplo, fabricante FESTO.
lubrificação insuficiente pode ocasionar desgaste excessivo e/ou irregular das peças móveis dos
componentes. Por outro lado, um excesso de lubrificação aumenta o custo de funcionamento do
sistema e pode se tornar uma fonte de contaminação do ambiente quando exaurido para a atmosfera.
(a) (b)
Partículas
deóleo
Venturi
Pressão Neblina
estática ar +óleo
Tubo de
sucção
Retenção
Óleo de
lubrificação
(a) (b)
Reservatório
intermediário Reservatório da
tomada de ar
Inclinação da
Reservatório rede: 0,5 a 2%
Ponto de
Compressor
consumo
Separador de
condensado
(a) (b)
Bloco
distribuidor
Ar comprimido filtrado e lubrificado
função básica é garantir uma pressão estável e abaixo do valor ajustado, independentemente das
variações ocorridas na linha de pressão da rede principal.
Para a seleção da válvula, é necessário determinar a perda de pressão esperada em função
da vazão consumida pelo elemento de trabalho. Uma pressão primária de referência geralmente é
indicada nos gráficos.
Os gráficos, de modo geral, mostram as curvas características de perda de carga, sendo o p
determinado em função da intersecção da curva que representa a pressão ajustada para a realização
de trabalho com uma linha vertical que indica a vazão de operação. A Figura 47 mostra um exemplo
de um gráfico de perda de carga de uma válvula reguladora de pressão. No mesmo gráfico, à
esquerda, são apresentadas as curvas de vazão através do orifício de escape, cuja amplitude é
dependente da amplitude da pressão secundária e do ajuste de pressão regulado na válvula.
Figura 47 – Curvas de perda de carga da válvula reguladora de pressão (Catálogo Parker, 2003).
O tamanho nominal da válvula deve ser especificado para atender a determinada vazão de
trabalho. Se a válvula estiver sub-dimensionada, esta causará uma perda de carga excessiva
podendo evitar que a pressão de trabalho alcance o valor desejado. Por outro lado, se a válvula for
superdimensionada, surgirão dificuldades de ajuste da pressão de operação por causa do elevado
ganho de vazão. Isto quer dizer que a válvula perde a sensibilidade para realizar ajustes precisos
para determinados valores de pressão.
Durante as inspeções periódicas, é importante verificar o valor da pressão ajustado na válvula
em operação, isto é, sob carga, pois o controle de pressão efetuado pela mesma depende
diretamente da vazão, e esta, por sua vez, da carga.