Introdução
Introdução
Introdução
Intro
Plano da exposição
Está relacionado com o que acaba de referir-se o plano de
exposição que adoptamos. Abordam-se a história do direito peninsular
e a história do direito português. Aquela em termos mais sucintos.
Numa primeira parte, efectivamente, será analisado o direito
peninsular anterior à fundação da nacionalidade portuguesa. A história
do nosso direito como que resultaria um edifício sem alicerces, caso não
se considerassem os seus antecedentes peninsulares. Tanto mais que à
independência política do Condado Portucalense não correspondeu uma
contemporânea autonomia de sistema jurídico.
Observe-se, a propósito, que a aludida falta de sincronismo entre
a independência política de um Estado e a plena individualização ou
personalização do seu direito, sobretudo no campo privatístico,
constitui um fenômeno natural e comum. Por exemplo, quando se
operou a separação política do Brasil, nos começos do século XIX, as leis
portuguesas, designadamente as Ordenações Filipinas, permaneceram
aí em vigor, apenas se verificando o seu completo afastamento com o
Código Civil brasileiro de 1916.
O direito comum
Designa-se direito comum o sistema normativo de fundo romano
que se consolidou com os Comentadores e constituiu, a base da
experiência jurídica europeia até finais do século XVIII. Há, ainda assim,
relevância do direito canônico aqui. Ao direito comum contrapunham-
se os direitos próprios, quer dizer, ordenamentos jurídicos particulares.
Os Comentadores ocuparam-se, não só nas relações entre o
direito romano e o direito canônico, mas também da que intercediam o
Assume, nessa época, grande relevo uma nova fonte de direito local: os
foros ou costumes, que são compilações medievais concedidas aos
municípios ou organizados por iniciativa destes Trata-se de
codificações que estiveram na base da vida jurídica do concelho,
abrangendo normas de direito político e administrativo, normas de
direito privado, penal e processo. São, na verdade, fontes com amplitude
e alcance muito mais vastos que os forais. Os elementos destas
coletâneas tinham proveniência diversa: ao lado de efetivos preceitos
consuetudinários, encontram-se sentenças de juízes, opiniões de
juristas, normas criadas pelos próprios municípios. Com os foros,
inicia-se uma nova era na codificação do direito peninsular, na qual já
se procura expor neles normas de direito consuetudinário. Em Portugal,
os que restam teriam sido elaborados durante a segunda metade do
século XIII e o século XIV
Concórdias e concordatas
Salienta-se que sempre persistiram mfmltiplos diferendos entre o
clero e a realeza, no reinado de Afonso III. Daí que aumentassem os
acordos que lhes punham termo, tanto com autoridades eclesiásticas
quanto como o Papado.
Tireito subsidiário
Somente com as Ordenações Afonsinas, o legislador estabeleceu
uma regulamentação completa sobre o preenchimento das lacunas.
Quando as fontes jurídicas portuguesas não forneciam solução para as
hipóteses concretas, recorria-se em larga escala ao direito romano e ao
canônico, bem como ao castelhano. Na generalidade, os juízes
apresentavam-se manifestamente despreparados para acesso direto às
fontes de direito romano-canônicas, por isso, se valiam de textos
castelhanos, de maneira subsidiária. Entendia-se em síntese, que as
fontes de direito subsidiárias se circunscreviam ao direito romano e ao
direito canônico, onde quer que estivessem. Não houve o intuito de
promover o direito romano à categoria de fonte imediata, mas de
assegurar a sua aplicação a mero título subsidiário.
Evolução das instituições
Produziu-se, como sabemos, uma crescente penetração das
normas e da ciência dos direito romano e canônico. com progressiva
substituição do empirismo que predominava na vida jurídica da fase
precedente. Revelou-se importante, desde logo, a influência dessas
novas doutrinas em matéria de direito político. Também se mostram
significativas as alterações realizadas nos outros domínios do direito
pfmblico e na esfera total do direito privado.
Por exemplo, a defesa da ordem pfmblica torna-se encargo
exclusivo do Estado, verifica´se a cisão entre processo civil e o processo
criminal, desenvolve-se a disciplina legislativa do direito adjetivo.
Quanto ao direito criminal substantivo, apura-se certa tendência para o
predomínio das sanções corporais, em detrimento das sanções
Ordenações Manuelinas
Elaboração
D. Manuel ordenou, em 1505, o procedimento de uma atualização
às Ordenações Afonsinas, alterando, suprimindo e acrescentando o que
fosse necessário. Em relação aos motivos que o fez tomar essa atitude,
estaria a criação da imprensa (para facilidade de difusão) e ainda ligar o
seu nome a uma reforma legislativa de peso.
Mantém-se a estrutura básica de cinco livros. Conserva-se,
paralelamente, a distribuição de matérias, embora ofereçam
consideráveis diferenças, como a supressão de preceitos aplicados a
Judeus e Mouros, que tinham sido expulsos do país, assim como a
inclusão da disciplina da interpretação vinculativa da lei, através dos
assentos da Casa da Suplicação. Também foram relevantes a matéria de
direito subsidiário.
Do ponto de vista formal, a obra marca um progresso de técnica
legislativa, que se traduz no fato dos preceitos serem redigidos em estilo
decretório, ou seja, como se de novas normas sempre tratasse.
Ordenações Filipinas
Elaboração
Impunha-se uma reforma urgente e profunda às Ordenações
Manuelinas, pois não realizaram a transformação jurídica que o seu
tempo reclamava. Portanto, a elaboração de novas ordenações
constituiu fato natural de Felipe I. Iniciaram sua vigência somente em
1603, a mais duradoura em Portugal.
Sistematização e conteúdo. Legislação revogada
Continuam o sistema tradicional de cinco livros. Do mesmo modo,
não se verifica diferenças fundamentais quanto ao contefmdo dos vários
livros. É patente que se procurou uma pura revisão atualizadora das
ordenações Manuelinas e a introdução de preceitos subsequentes.
Introduziram-se, contudo, certas alterações. Merece destaque um
aspecto importante relacionado ao direito subsidiário. Nenhuma
modificação intrínseca se produziu nos critérios de preenchimento das
Legislação Extravagante
Considerações introdutórias
Aos diplomas que as Ordenações Filipinas não revogaram ou que,
abusivamente, continuaram a aplicar-se, outros se foram
acrescentando. A coletânea filipina ver-se-ia, sem demora, alterada ou
complementada por um nfmcleo extenso de diplomas legais avulsos, a
chamada Legislação Extravagante.
Quanto ao seu contefmdo, em síntese, poderá considerar-se que
esta legislação extravagante se dirigia, sobretudo, à manutenção da
ordem pfmblica, à administração da justiça e a cobrança de impostos.
O direito privado situa-se, neste quadro fragmentário, em plano
subalterno. Acreditava-se no suporte das fontes subsidiárias.
Espécies de diplomas
Continuava a centralizar-se no monarca a criação do direito.
Todavia, a sua votnade legislativa manifestava-se de forma diversa,
sendo as mais importantes as cartas de lei e os alvarás, que
posteriormente acabaram por confundir-se.