A Respiração Como Ferramenta para A Autorregulação
A Respiração Como Ferramenta para A Autorregulação
A Respiração Como Ferramenta para A Autorregulação
Botucatu
2016
Marina Zuanazzi Cruz
Botucatu
2016
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM.
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651
Cruz, Marina Zuanazzi.
A respiração como ferramenta para a autorregulação
psicofisiológica em crianças pré-escolares : um estudo
baseado na variabilidade da frequência cardíaca /
Marina Zuanazzi Cruz. - Botucatu, 2016
Gostaria de expressar minha profunda e sincera gratidão a todos que colaboraram com
este Projeto e assim o tornaram possível.
Em primeiro lugar, agradeço à minha família, pela paciência e por todo o apoio que
me deram ao longo desta trajetória. Em especial, agradeço à minha mãe (Graça) pelos
incontáveis dias que se dedicou a cuidar do meu filho para que eu pudesse realizar este
trabalho; ao meu companheiro (Adam) pela parceria e também pelas horas dedicadas a cuidar
do nosso filho, muitas vezes abdicando de seu próprio trabalho para poder me apoiar; à minha
tia-avó Elídia, que me recebeu em sua casa em Campinas com muito carinho durante toda a
fase experimental deste projeto; à Miriam, por todos os cuidados com a casa e o nosso bem
estar, que me possibilitaram maior empenho a este trabalho; e ao meu filho (Jonas), que
somente pelo fato de existir me enche de amor, alegria e motivação, todos os dias.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Alfredo Pereira Junior, pela confiança e solicitude.
Agradeço aos Professores Roberto Cardoso e Moacir Godoy, por todo o suporte
prestado no delineamento da pesquisa e na análise dos dados.
Agradeço aos Professores Niura Padula, Percília Giaquinto e Rossano Bonatto, pelas
valiosas contribuições que possibilitaram um importante aperfeiçoamento deste trabalho.
À Associação Movimento Educacional (AME), em especial à diretora Valdirene, por
permitir e possibilitar a realização deste Projeto em uma de suas escolas.
À toda a equipe da Nave Mãe Anísio Spínola Teixeira, por permitirem e possibilitarem
a realização do Projeto e também pelo apoio, a dedicação e o carinho com que me receberam
na escola. Agradeço à equipe gestora Simone, Vanessa e Lucirene; à secretária Viviane; às
professoras Marina, Viviane, Cida, Milena, Jucélia, Leila, Edna, Fátima e Cassiana; à toda a
equipe da cozinha, em especial à Priscila; à toda a equipe da limpeza.
Assim como o fogo arde brilhantemente quando as cinzas que
o cobrem são espalhadas pelo vento, o fogo Divino dentro do
corpo brilha em toda a sua majestade, quando as cinzas do
desejo são espalhadas pela prática de pranayama.
B. K. S. Iyengar
RESUMO
Figura 7 - Diagrama dos caminhos aferentes atualmente conhecidos através dos quais
informações do coração e do sistema cardiovascular modulam a atividade do cérebro...........38
Figura 8 - Diagrama das interações entre respiração, ritmos cardíacos e estados emocionais.39
Figura 19 - Box plots dos efeitos da técnica de respiração sobre as variáveis da coerência
cardiorrespiratória no momento 2 das três sessões...................................................................62
Tabela 1 - Análise da distribuição das medidas da CR-Low nos momentos antes (M1) e
durante (M2) a respiração controlada, nas três sessões.............................................................63
Tabela 2 - Análise da distribuição das medidas da CR-Med nos momentos antes (M1) e
durante (M2) a respiração controlada, nas três sessões.............................................................64
Tabela 3 - Análise da distribuição das medidas da CR-High nos momentos antes (M1) e
durante (M2) a respiração controlada, nas três sessões.............................................................64
Tabela 9 - Dados descritivos (média, desvio-padrão e mediana) e teste estatístico das variáveis
no domínio do tempo, nos momentos 1 (deitado) e 2 (sentado), em 33 crianças controle (não
submetidas ao procedimento respiratório controlado).............................................................69
1 Introdução......................................................................................................................................... 15
2 Aspectos do Desenvolvimento e da Regulação Emocional em Crianças Pré-Escolares ............. 17
3 O Sistema Nervoso Autônomo ........................................................................................................ 20
2.1 Teoria Polivagal e a Regulação Emocional em Crianças ....................................................... 21
4 A Respiração ..................................................................................................................................... 25
4.1 Mecânica da Respiração ....................................................................................................... 25
4.2 A Química da Respiração ......................................................................................................... 27
4.3 A Respiração Excessiva ou Hiperventilação ........................................................................... 28
4.4 Efeitos da Respiração sobre o SNA...................................................................................... 31
4.5 Terapias Baseadas na Respiração ............................................................................................ 33
5 O Coração ......................................................................................................................................... 35
5.1 Variabilidade da Frequência Cardíaca ................................................................................... 35
5.2 Conexão Coração-Cérebro ....................................................................................................... 37
6 Psicofisiologia Cardiorrespiratória ................................................................................................ 39
6.1 Interações entre a Respiração e os Ritmos Cardíacos ........................................................... 39
6.2 Interações entre a Respiração e os Estados Emocionais ........................................................ 41
6.3 Interações entre os Estados Emocionais e os Ritmos Cardíacos ........................................... 42
6.4 Coerência Cardiorrespiratória ................................................................................................ 45
7 Objetivos ........................................................................................................................................... 49
7.1 Objetivos Gerais .................................................................................................................. 49
7.2 Objetivos Específicos................................................................................................................. 49
8 Material e Métodos........................................................................................................................... 50
8.1 Participantes .............................................................................................................................. 50
8.2 Intervenção ................................................................................................................................ 50
8.3 Medições ..................................................................................................................................... 52
8.4 Análise dos Dados ...................................................................................................................... 53
8.4.1 Tipos de análise da VFC .................................................................................................... 53
9 Resultados ......................................................................................................................................... 62
9.1 Análises Preliminares ................................................................................................................ 62
9.2 Avaliação do Aprendizado........................................................................................................ 63
9.3 Efeitos da Respiração sobre a VFC e o SNA........................................................................... 65
9.3.1 Análise da Coerência Cardiorrespiratória....................................................................... 65
9.3.2 Análises da VFC no Domínio do Tempo .......................................................................... 66
9.3.3 Análises da VFC no Domínio Geométrico ....................................................................... 66
9.3.4 Análises da VFC no Domínio da Frequência ................................................................... 67
9.3.5 Análises da VFC no Domínio Não-Linear (Caos)............................................................ 67
9.4 Grupo Controle ......................................................................................................................... 68
9.4.1 Análise da Coerência Cardiorrespiratória no Grupo Controle ..................................... 69
9.4.2 Análises da VFC no Domínio do Tempo no Grupo Controle ......................................... 69
9.4.3 Análises da VFC no Domínio Geométrico no Grupo Controle ...................................... 70
9.4.4 Análises da VFC no Domínio da Frequência no Grupo Controle ................................. 70
9.4.5 Análises da VFC no Domínio Não-Linear (Caos) no Grupo Controle .......................... 71
9.5 Avaliações do Estado Basal das Crianças do Grupo de Estudo ............................................ 72
9.5.1 Comparações entre o Grupo de Estudo e o Grupo Controle no Estado Inicial............ 72
9.5.2 Comparações do Estado Autonômico Basal entre Crianças de Diversos Estudos ....... 73
10 Discussão ......................................................................................................................................... 75
10.1 Limitações ............................................................................................................................ 81
10.2 Direções futuras ....................................................................................................................... 83
Conclusão ............................................................................................................................................. 84
Referências ........................................................................................................................................... 85
ANEXO 1 ............................................................................................................................................. 96
ANEXO 2 ............................................................................................................................................. 98
15
1 Introdução
subsequente desenvolvimento psicossocial. Ele também aponta que quando a criança não
apresenta capacidade de autorregulação emocional ou quando essas habilidades estão
seriamente prejudicadas, o resultado é a "desregulação do afeto" (SCHORE, 2003 apud
BRADLEY, 2012).
A incapacidade de autorregular sentimentos e emoções adequadamente tem suas
origens em maus tratos na primeira infância e tem consequências negativas duradouras para o
desenvolvimento do córtex frontal, resultando em organização neurobiológica estruturalmente
deficiente, que por sua vez prejudica o desenvolvimento cognitivo da criança e produz
distúrbios na formação de vínculos (SCHORE, 2003 apud BRADLEY, 2012). Além de suas
implicações ao impedir o desenvolvimento neuropsicossocial, esta incapacidade de
autorregular adequadamente sentimentos e emoções resulta em comportamento impulsivo e
agressivo, dificuldades de atenção e aprendizagem, incapacidade de se envolver em relações
pró-sociais e dificuldade no estabelecimento de vínculos sociais estáveis (SCHORE, 2003
apud BRADLEY, 2012).
A desregulação do afeto tem sido destacada repetidamente na literatura em relação aos
seus efeitos devastadores sobre vários domínios do desenvolvimento infantil, incluindo
linguagem, cognição e alfabetização e habilidades socioemocionais (DODGE et al., 1994;
LEITER; JOHNSEN, 1994; DARWISH et al., 2001). Por outro lado, crianças que
demonstram maiores competências sociais e emocionais são mais propensas a ter resultados
positivos de desenvolvimento, incluindo maiores escores de quociente de inteligência,
autovalorização positiva e melhor saúde mental (DERRYBERRY; ROTHBART, 1997;
MURRAY; KOCHANSKA, 2002).
Recentemente, tem havido um foco maior na promoção de habilidades de
autorregulação em crianças pré-escolares (BIERMAN. MOTAMEDI, 2015). Pesquisas
recentes na área de neurociência do desenvolvimento têm mostrado que a promoção de
habilidades de linguagem e de funções executivas melhora a capacidade das crianças de
regular a excitação emocional e de controlar a atenção, reforçando a competência social e o
envolvimento com a aprendizagem na escola (BLAIR, 2002; GREENBERG, 2006). Da
mesma maneira, os modelos teóricos estão cada vez mais focados no modo que as
experiências que promovem o desenvolvimento das funções executivas e da autorregulação
podem ser construídas em intervenções de aprendizagem social e emocional pré-escolar
(URSACHE; BLAIR; RAVER, 2012). Esses modelos apontam que diferentes estratégias
podem melhorar o desenvolvimento da função executiva em crianças, incluindo aquelas que
melhoram o entendimento emocional e a gestão das emoções, as que promovem um clima
19
1 Embora atualmente existam várias definições do conceito de homeostase, neste trabalho nos referimos a este
conceito sob a perspectiva do próprio criador do termo, Walter Cannon, que define a homeostase como “estados
estáveis no organismo” mantidos por processos fisiológicos coordenados que trabalham cooperativamente.
Cannon reforça que “A palavra não implica alguma coisa definida e imóvel, uma estagnação. Ela representa uma
condição a qual pode variar, mas que é relativamente constante” (CANNON, 1932, p. 24, tradução nossa).
21
A Teoria Polivagal de Porges (2001; 2007) fornece uma ampla estrutura para o
entendimento das bases fisiológicas da regulação emocional em crianças, através do controle
parassimpático da atividade cardíaca, que facilita comportamentos de engajamento social ou
respostas defensivas, contribuindo, assim, para o funcionamento adaptativo ou mal adaptativo
das crianças (HASTINGS et al., 2008). Por esta razão, tal teoria tem sido largamente
empregada para explicar os processos de regulação emocional em crianças.
A Teoria Polivagal especifica dois ramos distintos do nervo vago: um
filogeneticamente mais antigo, originário do núcleo motor dorsal (NMD), e outro mais
recente, originário do núcleo ambíguo (NA). O NMD e o NA estão localizados nos
complexos vagais dorsal e ventral, respectivamente, estruturas neurais adjacentes à medula
(Figura 2). Embora ambos os ramos forneçam eferências inibitórias para o coração, através do
nervo vago, eles fazem isso devido a diferentes funções evolutivas. O ramo do NMD, por
vezes referido como vago vegetativo, está ligado a estratégias primárias de sobrevivência de
vertebrados primitivos – anfíbios e répteis – que congelam quando ameaçados. Por este
motivo, as funções do vago vegetativo suprimem as demandas metabólicas em condições de
perigo. Por outro lado, o ramo do NA, ou vago inteligente, é originário dos mamíferos, e
evoluiu em conjunto com a necessidade de regular de forma dinâmica o aumento da produção
metabólica. Isso inclui modular o estado de luta ou fuga em função de comportamentos
sociais. Ao se orientarem para alguém da mesma espécie, mamíferos precisam tanto se
engajar em uma relação social familiar ou iniciar uma resposta de luta ou fuga. O
engajamento em relações sociais requer um estado de relaxamento, que é acompanhado pela
22
desaceleração do coração mediada pelo vago. Já o estado de luta ou fuga, que está associado a
emoções de raiva ou medo, respectivamente, requer atenção sustentada e caracteriza-se pela
quase que completa redução do tônus vagal. Isso resulta em aumentos do fluxo do SN
simpático ao coração, que deixa de ser inibido pelas influências vagais. Assim, o vago
inteligente inibe sinais aceleradores do SN simpático ao coração, quando o engajamento
social são necessários, e retira essa influência inibitória quando identificada a necessidade de
lutar ou fugir ou quando a atenção sustentada é necessária.
Figura 2 - Ilustração dos complexos vagais dorsal e ventral. O Núcleo Motor Dorsal e o
Núcleo Ambíguo dão origem ao nervo vago, que envia sinais inibitórios ao coração.
3 A arritimia sinusal respiratória (ASR) se refere aos aumentos e diminuições da frequência cardíaca que
ocorrem em fase com a inspiração e a expiração, respectivamente. Como essas mudanças são mediadas pelo
nervo vago, Porges propôs utilizar a ASR como um indicador da função parassimpática cardíaca, sendo que
maiores amplitudes da ASR indicam maior tônus vagal, e vice-versa.
24
Contudo, isso não tem sido observado em crianças pré-escolares com transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou crianças pré-escolares sob risco de
desenvolver problemas comportamentais, visto que elas costumam apresentar tônus vagal
basal normal ou elevado e não apresentam hiper-reatividade vagal sob contextos de desafio
social (BEAUCHAINE; GATZKE-KOOP; MEAD, 2007). Assim, as reduções do tônus vagal
em crianças mais velhas com problemas de regulação emocional parecem surgir em algum
momento entre o período pré-escolar e o ensino fundamental 2.
A disfunção parassimpática também pode ocorrer sob a forma de não-reatividade do
vago, quando a reatividade seria a resposta adaptativa. Um estudo verificou que crianças
expostas a opioides in utero apresentavam um tônus vagal basal reduzido e uma completa
ausência de reatividade vagal sob tarefas que demandavam atenção sustentada, quando era
esperada uma redução do tônus vagal (HICKEY et al., 1995). Outros estudos com crianças
expostas a opiodes in utero reportaram que 48% dessas crianças foram avaliadas como
“desatentas” pelos professores (WILSON, 1989) e que tais crianças possuem características
similares às crianças com TDAH (DAVIS; TEMPLER, 1988).
A socialização parental também tem sido apontada como um importante fator que
molda os mecanismos fisiológicos da regulação emocional das crianças e contribui para
diferenças individuais no desenvolvimento de tais aptidões (HASTINGS et al., 2008;
DENHAM et al., 2007). Uma socialização com os pais que é considerada apoiadora,
responsiva e estruturadora, ou que não é excessivamente dura, punitiva e intrusiva, está
associada a crianças que mostram melhor autorregulação autonômica e comportamental e
menos problemas de internalização e externalização (KLIMES-DOUGAN et al., 2007;
RUBIN; BURGESS; HASTINGS, 2002). Bebês filhos de pais mais responsivos, que
interagiam com eles sincronicamente, apresentavam maior tônus vagal e melhor regulação da
frequência cardíaca e de afetos negativos quando comparados a bebês filhos de pais menos
responsivos (HALEY; STANSBURY, 2003; MOORE; CALKINGS, 2004). Outros estudos
mostram que crianças expostas à violência conjugal ou práticas negativas de controle parental
apresentavam menor atividade parassimpática, mais problemas de internalização e
externalização e menos autorregulação (HASTINGS et al., 2008; KATZ, 2007). Assim,
crianças jovens vivendo em lares adversos ou hostis podem apresentar regulação vagal menos
efetiva ou apropriada.
25
4 A Respiração
A respiração é considerada uma função-chave do corpo por possuir uma ampla gama
de funções que contribuem de forma essencial para a autorregulação e a homeostase, tais
como (1) a regulação das funções metabólicas e da química do sangue, provendo o aporte de
oxigênio (O2), eliminando o dióxido de carbono (CO2) e mantendo o pH sanguíneo em níveis
adequados; (2) a regulação do SNA; (3) a promoção da sincronização dos sistemas
oscilatórios4 do corpo com os ritmos respiratórios, o que otimiza as funções de todos os
sistemas; (4) a regulação do sistema circulatório, ao influenciar os ritmos cardíacos e o fluxo
sanguíneo no corpo; (5) a influência sobre o sistema linfático, contribuindo para a drenagem
de toxinas por meio dos movimentos da respiração; (6) a regulação dos estados psicológicos e
(7) a participação dos músculos respiratórios no controle postural e motor.
Assim, sendo a respiração uma função tão importante no processo regulatório de
inúmeras funções do corpo, sua otimização pode trazer muitos benefícios para a saúde. A
promoção da otimização da respiração envolve aspectos da mecânica e da química
respiratória, que serão apresentados nas próximas subseções.
O fluxo de ar que passa pelos pulmões no ato da respiração ocorre devido à ação de
diversos músculos que causam alterações no volume da cavidade torácica, fazendo com que
os pulmões sejam expandidos e contraídos, o que leva ao movimento de entrada e saída do ar.
Há duas maneiras nas quais este processo pode ocorrer: (1) por movimentos de subida e
descida do diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade torácica e (2) pela elevação e
depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro ântero-posterior da cavidade
torácica (GUYTON; HALL, 2006). A figura 3 mostra essas duas maneiras.
4 Sistemas oscilatórios são aqueles que possuem ritmos sistemáticos em variáveis fisiológicas. Estão presentes
na maioria dos sistemas vivos e também no corpo humano (COURTNEY, 2009). As oscilações da respiração
interagem com as oscilações de outros sistemas fisiológicos, de modo que ocorre um alinhamento entre os
sistemas e uma otimização de suas funções. As oscilações da respiração interagem com oscilações do sistema
cardiovascular (frequência cardíaca e pressão sanguínea), do sistema linfático (GASHEV, 2002), do sistema
digestivo (BHARUCHA et al., 1997; FORD; CAMILLERI; HANSON, 1995), de ondas cerebrais e
provavelmente de flutuações rítmicas que ocorrem no metabolismo celular (VERN et al., 1988). Um exemplo
bem conhecido é o fenômeno da arritmia sinusal respiratória, em que a frequência cardíaca é alinhada à
frequência respiratória. A ASR melhora a eficiência da troca de gás ao acoplar frequência cardíaca aumentada à
fase inspiratória da respiração (YASUMA; HYANO, 2004).
26
O sangue circula com grande precisão em lugares específicos do corpo, com base nas
necessidades metabólicas locais. Nos tecidos mais ativos, o metabolismo elevado gera altos
níveis de CO2, o que produz uma imediata vasodilatação local. Esse aumento do diâmetro dos
vasos sanguíneos os torna mais permeáveis ao O2 e à glicose, o que facilita a oxigenação e a
nutrição dos tecidos. Por outro lado, nas regiões menos ativas, o baixo metabolismo leva à
produção de menores níveis de CO2, que por sua vez causa a constrição dos vasos sanguíneos,
o que os torna menos permeáveis. Desta maneira, o O2 e a glicose são encaminhados para os
lugares onde as necessidades metabólicas são maiores (LITCHFIELD, 2003).
Níveis mais elevados de CO2 também causam uma queda do pH do sangue devido à
maior formação de ácido carbônico (H2CO3). Nessas condições, o O2 se dissocia mais
facilmente da hemoglobina e pode ser prontamente distribuído para atender as demandas
metabólicas. Por outro lado, níveis menores de CO2, derivados de um baixo metabolismo,
levam a um aumento do pH do sangue, o que causa uma maior adesão entre a hemoglobina e
o O2, permitindo que ele seja levado para locais com maiores demandas metabólicas
(LITCHFIELD, 2003).
Quando os níveis de CO2 se elevam na corrente sanguínea, seja pelo aumento da
atividade metabólica ou qualquer outra razão, os centros respiratórios são estimulados a
provocar a taquipneia (aumento da frequência respiratória) ou a hiperpneia (aumento da
frequência e da amplitude respiratória), a fim de intensificar as trocas gasosas e regular nos
níveis de CO2 no sangue. No entanto, uma respiração excessiva que ocorre desconectada das
necessidades metabólicas do corpo, pode levar a uma queda da concentração de CO2 no
sangue (hipocapnia) e a um aumento do pH do sangue (alcalose respiratória), com sérias
implicações para o corpo (COURTNEY, 2009; JOHNSON, 2008).
A hiperventilação pode ocorrer por diversas causas, mas as causas de maior relevância
para este estudo são (1) o hábito inconsciente de uma respiração excessiva e disfuncional
(LITCHFIELD, 2003); (2) o controle voluntário, através de técnicas respiratórias como alguns
pranayamas (Bhastriká e Kãpalabhãti) ou aquelas utilizadas na Terapia do Renascimento
(Rebirthing) e na Respiração Holotrófica, de Stanislav Grof (LITCHFIELD, 2003); (2) o
31
5 O Coração
O coração é um órgão que possui uma ampla esfera de ação na regulação de diversas
funções no corpo, contribuindo de forma importante para a autorregulação e a homeostase.
Além de sua conhecida função no sistema circulatório, no qual atua como uma bomba
propulsora do sangue, o coração influencia funções cerebrais e também desempenha um
importante papel na sincronização de sistemas oscilatórios (McCRATY; CHILDRE, 2010).
O coração está em comunicação contínua com o cérebro e o corpo através de múltiplos
caminhos: neurológico (através do SNA), bioquímico (através de hormônios), biofísico (por
meio de pressão e ondas sonoras) e energético (através de interações de campo
eletromagnético) (McCRATY; CHILDRE, 2010).
O coração também possui uma rede intrínseca de neurônios sensoriais que o permite
detectar e responder às variações nos níveis hormonais no fluxo sanguíneo e aos sinais
eferentes do SNA. Além de funcionar como um sofisticado centro de processamento e
codificação de informação, o coração também é uma glândula endócrina que produz e secreta
hormônios e neurotransmissores (CANTIN; GENEST, 1986; GUTKOWSKA ET AL., 2000).
J. Andrew Armour, um renomado neurocardiologista, acredita que o sistema nervoso
intrínseco do coração é suficientemente sofisticado para se qualificar como um "cérebro do
coração" (AMOUR, 2003 apud McCRATY; CHILDRE, 2010). Seu circuito complexo o
permite sentir, lembrar, autorregular-se e tomar decisões sobre o controle cardíaco
independente do sistema nervoso central (AMOUR, 2003 apud McCRATY; CHILDRE,
2010).
Embora a maioria das discussões foquem nas vias eferentes do SNA (do cérebro aos
órgãos), a maioria das fibras no nervo vago cardíaco são aferentes e enviam sinais do coração
para o cérebro numa extensão muito maior do que outros grandes órgãos (DEBOER;
DEBOER; KAREMAKER; STRACKEE, 1987). Os neurônios sensoriais do coração
traduzem informações hormonais e mecânicas em impulsos neurológicos, que são
processados no sistema nervoso intrínseco e, em seguida, enviados para o cérebro através de
vias aferentes do nervo vago e da coluna vertebral (AMOUR, 2003 apud McCRATY;
CHILDRE, 2010). As aferências cardiovasculares fazem conexões com vários centros do
cérebro (Figura 7), tais como tálamo, hipotálamo e amígdala, influenciando o processamento
emocional, e também com o córtex pré-frontal, influenciando faculdades cognitivas
superiores, como atenção, percepção, memória e resolução de problemas (McCRATY;
38
CHILDRE, 2010). Os sinais enviados do coração ao cérebro e seus respectivos efeitos sobre a
função cerebral parecem ser influenciados pelos padrões de ritmo cardíacos.
Figura 7 – Diagrama dos caminhos aferentes atualmente conhecidos através dos quais
informações do coração e do sistema cardiovascular modulam a atividade do cérebro.
Observar as conexões diretas do NTS com a amigdala, o hipotálamo e o tálamo. Embora não
mostrado, há também evidências de um caminho neural do complexo vagal dorsal que vai
diretamente ao córtex frontal.
Assim, devido à grande influência que o coração exerce sobre os sistemas fisiológico,
cognitivo e emocional, ele pode ser considerado um dos pontos de referência a partir dos
quais as dinâmicas de tais processos podem ser reguladas.
39
6 Psicofisiologia Cardiorrespiratória
Tem sido mostrado que ASR reflete a ação do nervo vago cardíaco eferente sobre o
nodo sinoatrial e, logo, sobre a frequência cardíaca (PORGES, 2007). Medidas da magnitude
da ASR geralmente indicam o nível do tônus vagal cardíaco e representam o efeito médio do
nervo vago eferente sobre a frequência cardíaca ou o intervalo R-R (PORGES, 2007). Por este
motivo, a ASR tem sido amplamente utilizada em estudos como índice para avaliação da
atividade parassimpática. Na avaliação do funcionamento autonômico, quanto maior a ASR,
maior o tônus parassimpático e maior a VFC.
Por outro lado, em situações em que o tônus autonômico permanece estável, a
amplitude das flutuações rítmicas da frequência cardíaca (i.e, a magnitude da ASR) é
fortemente dependente da frequência respiratória e do volume corrente (HIRSH; BISHOP,
1981). Nestes casos, a magnitude da ASR é inversamente relacionada à frequência
respiratória e diretamente relacionada ao volume corrente. Em outras palavras, a respiração
rápida e superficial irá atenuar fortemente a ASR, enquanto que a respiração lenta e profunda
irá produzir níveis máximos da ASR (GROSSMAN; TAYLOR, 2007).
Devido ao fato de os parâmetros respiratórios influenciarem a amplitude da ASR
independente da ação autonômica, muitos autores apontam a respiração como um
41
lar. A frequência respiratória é, muitas vezes, sincronizada com o ritmo cardíaco. Esta
ligação entre coração e respiração é mais forte durante o sono ou o repouso e torna-se mais
perturbada em momentos de estresse (McCRATY et al., 2009).
cardíaco se tornou plano (indicando muito baixa VFC) em torno de 200 segundos. O
Relaxamento resulta em uma frequência maior no espectro de potência e uma menor
amplitude de ritmo, indicando redução do fluxo autonômico. Neste caso, é observado o
aumento da potência na região de alta frequência do espectro, o que reflete o aumento da
atividade parassimpática (resposta de relaxamento). A Coerência Psicofisiológica, que está
associada com emoções positivas sustentadas (neste exemplo, a apreciação), resulta em um
padrão de ritmo cardíaco senoidal altamente ordenado. Como pode ser observado no espectro
de potência correspondente, este modo psicofisiológico está associado com um pico grande e
estreito na região de baixa frequência, centrado em torno de 0,1 Hz. Pode-se notar a diferença
na escala em amplitude do pico espectral durante o modo de coerência, que indica aumento da
sincronização entre os ramos simpático e parassimpático do SNA. O modo de Quiescência
Emocional é caracterizado pelo específico estado de muito baixa VFC. Devido à baixa VFC,
o espectro apresenta muito pouca potência em qualquer uma das três regiões de frequência.
Estudos mostram que este padrão de “coerência” também pode ser gerado a partir de
emoções positivas sustentadas, como mostra a Figura 11. Da mesma maneira, este padrão
ordenado de ritmos cardíacos e biológicos parece promover percepções reduzidas de estresse
emocional, maior experiência emocional positiva e melhoras na função cognitiva (TILLER;
McCRATY; TOMASINO, 1996; McCRATY et al, 2009), devido aos sinais neurais enviados
do coração ao cérebro, que interagem com centros de processamento emocional (Figura 7).
46
Por este motivo, o estado de coerência cardiorrespiratória é também referido como um estado
de “coerência psicofisiológica” (McCRATY et al, 2009).
Abreviações: AMP (amplitude); BPM (batimentos por minuto); VFC (variabilidade da frequência cardíaca)
7 Objetivos
8 Material e Métodos
8.1 Participantes
8.2 Intervenção
O treinamento foi realizado diariamente (de segunda à sexta-feira), conduzido por uma
facilitadora, com turmas de 8 a 10 crianças e com duração de 20 minutos a cada encontro.
Aproximadamente metade deste tempo era destinado a orientações e à prática em grupo,
enquanto a outra metade era destinada à orientação personalizada à cada criança, no intuito de
auxiliá-las em dificuldades particulares que eventualmente ocorriam.
Visando afastar o simples efeito do posicionamento do corpo (supino ou sentado)
sobre o SNA foi utilizado um grupo chamado Controle, no qual 33 crianças da mesma faixa
etária e da mesma Escola do grupo de estudo tiveram a VFC avaliada na posição deitada e
sentada, sem a prática do exercício respiratório coordenado.
8.3 Medições
Durante todo o tempo na coleta de dados, nos Momentos 1 e 2, foi utilizada música
ambiente para relaxamento (Artista: Áurio Corrá / Álgum: Imagens), com o propósito de
minimizar sons advindos da área externa e manter um ambiente sonoramente homogêneo.
As medições foram realizadas no mesmo ambiente em que receberam o treinamento e
também pela mesmo facilitadora.
Como instrumento de medição, foi utilizado o emWave® Pro, da HeartMath, que
monitora o ritmo cardíaco através de um sensor de pulso no lobo da orelha. O sistema registra
tacogramas de frequência cardíaca (dados da série temporal) e a razão de coerência
cardiorrespiratória durante um determinado intervalo de tempo. Tal instrumento se
correlaciona bem com o Holter ECG, considerado padrão-ouro (HEARTMATH, sem data).
Domínio do Tempo
Domínio da Geometria
Domínio da Frequência
Há cada vez mais evidências demonstrando que tais interpretações são simplistas e
desconsideram as complexas interações não-lineares entre as divisões simpática e
parassimpática do SNA (BERNTSON et al., 1997; BILLMAN, 2013; ECKBERG, 1997). O
pico LF do espectro de potência é reduzido em no mínimo 50%, tanto por antagonistas
colinérgicos ou pela parassimpaticotomia seletiva (BILLMAN, 2013). Curiosamente, esse
pico não é completamente eliminado pela combinação seletiva da desnervação e de
bloqueador beta-adrenérgico, sendo que aproximadamente 25% do pico permanece após este
tratamento. Assim, o componente LF da VFC não fornece um índice do tônus simpático
cardíaco, mas reflete uma complexa e não facilmente discernível mistura de simpático,
parassimpático e outros fatores não identificados, com fatores parassimpáticos contando para
a maior porção da variabilidade nessa faixa de frequência (BILLMAN, 2013). Já com relação
ao pico em HF, embora a grande a maioria dos estudos demonstrem uma forte associação
entre este e a atividade cardíaca parassimpática (TASK FORCE OF THE EUROPEAN
SOCIETY OF CARDIOLOGY AND THE NORTH AMERICAN SOCIETY OF PACING
AND ELECTROPHYSIOLOGY, 1996), a atividade neural simpática também pode modular
o componente HF da VFC. Estudos sugerem que a atividade simpática pode alterar o pico em
HF em talvez 10% (BILLMAN, 2013).
Como consequência, é difícil discernir a base fisiológica para LF/HF. A hipótese de
que LF/HF reflete precisamente o balanço simpato-vagal reside nas falsas pressuposições de
que os picos em LF e HF refletem exclusivamente a atividade do nervos simpáticos e vago,
respectivamente. Além disso, tal hipótese baseia-se nas falsas pressuposições de que as
interações entre os SN simpático e parassimpático são lineares e simples, e também que as
oscilações entre eles ocorrem de forma recíproca (i.e., aumentos na atividade do nervo vago
são sempre acompanhadas com correspondentes reduções na atividade do nervo simpático e
vice-versa) (BILLMAN, 2013). Desta forma, a complexa interação de todas essas variáveis
torna impossível delinear as bases fisiológicas para LF/HF com algum grau de certeza. A
hipótese de LF/HF representar o equilíbrio simpato-vagal tem sido refutada, visto que a
preponderância de evidências confirma que dados LF/HF não podem quantificar precisamente
o “balanço simpato-vagal” (BILLMAN, 2013).
2009). A Teoria do Caos, também conhecida como Teoria dos Sistemas Dinâmicos
(LUENBERGER, 1979), tem sido progressivamente aplicada no estudo dos fenômenos
biológicos e seus parâmetros têm se mostrado bons preditores de morbidade e mortalidade no
âmbito clínico (VANDERLEI et al., 2009). Seguem-se algumas denominações de variáveis
do domínio do caos: 1) ApEn: Entropia Aproximada; 2) ShanEn: Entropia de Shannon; 3)
SampEnt: Entropia Amostral; 4) MSE: Entropia Multiscalar; 5) DFA: Análises de Flutuações
Depuradas; 6) Lmean: Comprimento médio das linhas diagonais no Gráfico de Recorrência e
7) Lmax: Comprimento máximo da linha diagonal no Gráfico de Recorrência.
O termo “entropia” aqui utilizado não se refere à entropia estado, ou seja, a entropia
quantificada pela Termodinâmica e que mede a quantidade de energia que não produz mais
trabalho. A entropia aqui referida é a entropia conceito e quantifica, na verdade, o grau de
informação contido no sistema. Por definição, quanto mais um sistema é complexo, mais
informação ele contém. Logo, sistemas que tendem à linearidade deverão conter menor
quantidade de informação ou, em outras palavras, são mais lineares. É por isso que se pode
fazer a analogia entre as entropias e o estado de saúde, pois se houver mais entropia
aproximada (ApEn), mais entropia amostral (SampEnt) ou mais entropia multiscalar (MSE),
há um indicativo que o sistema em foco é mais complexo, menos linear e, consequentemente,
mais saudável ou com maior grau de homeostase. Faz exceção à esta regra, e especificamente
no contexto deste trabalho, a entropia de Shannon, pois ela quantifica o grau de complexidade
de linhas diagonais em um gráfico de recorrência. Nesse tipo de gráfico, quando aplicado a
séries temporais de intervalos RR, cria-se um espaço de fase N x N onde no eixo X se
numeram sequencialmente todos os intervalos RR, fazendo-se o mesmo no eixo Y e procede-
se à verificação das recorrências de todas as combinações possíveis. Por exemplo, se o valor
do primeiro intervalo RR é similar dentro de uma certa faixa de tolerância (raio) ao valor do
segundo intervalo RR coloca-se um ponto no gráfico de recorrência na intersecção do
intervalo 1 (do eixo X) com o intervalo 2 (do eixo Y). E segue-se: do intervalo 1 com o
intervalo 3, do intervalo 1 com o intervalo 4 e assim por diante, até encerrar a série temporal.
Depois, faz-se tudo novamente, mas desta vez do intervalo 2 com o intervalo 3, do intervalo 2
com o intervalo 4 e assim por diante, até chegar à última combinação que é o intervalo N com
o intervalo N. Com isso, o espaço de fase será coberto por uma quantidade de pontos variável,
mas diretamente proporcional à quantidade de recorrências ou intervalos similares. Então,
quanto mais recorrência, mais repetição e mais linearidade. Logo, quanto menos recorrência,
mais esparsos serão os pontos no gráfico e menos linearidade. Grande quantidade de
61
recorrência está relacionada à menor homeostase, assim como pouca recorrência está
associada à maior homeostase.
Geometricamente, quanto mais pontos estiverem presentes em um gráfico, maior a
possibilidade de que esses pontos formem linhas diagonais. Como a entropia de Shannon
mede a complexidade das linhas diagonais, especificamente quando aplicada aos gráficos de
recorrência, quanto maior for este índice menor será a homeostase e vice-versa. É importante
ressaltar que essa condição é válida somente para gráficos de recorrência. A título de
esclarecimento, quando a entropia de Shannon é medida em outro contexto (e.g., pela
Dinâmica Simbólica, que não foi aplicada no presente estudo), a interpretação é diferente e a
entropia de Shannon passa a ter a mesma interpretação que as demais entropias.
As variáveis Lmean (comprimento diagonal médio) e Lmax (comprimento diagonal
máximo) recebem a mesma explicação, ou seja, quanto maiores, maior será a recorrência e a
linearidade e, portanto, menor a homeostase, e vice-versa.
O índice DFA quantifica propriedades de correlação fractal de dados da série temporal
ou a autossimilaridade do sistema. Sabe-se que elementos fractais são, por definição,
autossimilares, porém não-lineares. Uma série temporal, quando analisada pelo seu
tacograma, pode ser considerada como o contorno de um objeto projetado em um plano. Se
ele é mais irregular, mais “rugoso” ou mais complexo, estará relacionado clinicamente a um
estado de maior homeostase. Já se for mais regular, mais “liso” ou menos complexo, estará
relacionado clinicamente a um estado de menor homeostase. Matematicamente, a DFA é
desenvolvida por uma equação complexa que não cabe aqui entrar em detalhes, mas é
estabelecido que valores próximos a 1 indicam maior homeostase, ocorrendo o contrário
quando se afasta em qualquer uma das outras direções para mais ou para menos (variação
total de 0 a 1,5).
62
9 Resultados
Foram coletados dados da série temporal da VFC em dois momentos (M) – antes (M1)
e durante (M2) a prática do exercício respiratório – e em três sessões – ao término da
primeira, quarta e oitava semana do treinamento.
A avaliação do aprendizado foi feita através da análise comparativa sobre a evolução
do desempenho ao longo das três sessões, enquanto que as análises dos efeitos fisiológicos
foram feitas utilizando dados de uma única sessão, sendo aquela em que as crianças
mostraram o melhor desempenho na modulação do ritmo cardíaco a partir da respiração.
O critério utilizado para avaliação a do desempenho foi o nível de coerência
cardiorrespiratória. A fim de eleger a sessão que seria utilizada nas análises subsequentes, foi
feita a comparação do momento 2 de cada sessão (durante o exercício respiratório),
encontrando-se que na sessão 3 foram obtidos os melhores resultados (os menores valores de
“baixa coerência” e os maiores valores de “alta coerência”). A Figura 19 ilustra esta
afirmação.
Figura 19 - Box plots dos efeitos da técnica de respiração sobre as variáveis da coerência
cardiorrespiratória no momento 2 das três sessões. Observar que no box plot à esquerda, a
“baixa coerência” (CR-Low) reduziu ao longo das três sessões, apresentando seu menor valor
na sessão 3. Do mesmo modo, o box plot à direita mostra que a “alta coerência” (CR-High)
aumentou ao longo das três sessões, apresentando seu valor máximo na sessão 3.
Legenda: CR-Low, razão de coerência baixa; CR-Med, razão de coerência média; CR-High,
razão de coerência alta; S, sessão; M, momento.
63
Assim, pela constatação de ter sido a sessão 3 a que apresentou o melhor resultado,
considerando-se todos os índices da coerência cardiorrespiratória, as análises subsequentes
relativas à VFC nos seus diferentes domínios foram restritas a esta sessão.
A Figura 20 traz os Box Plots de cada um dos índices nas três sessões, podendo-se
notar que houve uma melhora progressiva do desempenho, com a terceira sessão
representativa do melhor resultado final.
Legenda: CR-Low, razão de coerência baixa; CR-Med, razão de coerência média; CR-High,
razão de coerência alta; S, sessão; M, momento.
65
Desta maneira, os resultados apontam que houve aprendizado, visto que as crianças
conseguiram melhorar de forma significativa e progressiva os níveis de coerência
cardiorrespiratória através da autoaplicação da técnica de respiração.
A Tabela 12 mostra também que nenhum resultado significativo foi verificado nas
análises no domínio não-linear.
Constata-se, então, que a não ser o predomínio de frequência cardíaca mais alta no
momento M2, não houve qualquer modificação no nível de coerência cardiorrespiratória, nem
diferenças nas variáveis, seja no domínio do tempo, geométrico, da frequência e não linear,
indicando que o simples fato da mudança de posição não afetou o SNA de forma significante.
72
Para a avaliação dos estados basais das crianças de ambos os grupos, foram
selecionadas as variáveis que exibiram os valores mais robustos de P (MeanRR, RMSSD,
PNN50, SD1, ApEn, MSE área 1_5 e DFAα1) e feitas as comparações entre S1M1 do Grupo
Estudo versus M1 do Grupo Controle. A Tabela 13 exibe esses resultados comparativos.
Legenda: S1, primeira sessão da coleta de dados; M1, momento antes da intervenção; M2,
momento durante a intervenção ou só sentado (controle); MeanRR, média dos intervalos RR
em ms;; RMSSD, raiz quadrada média de diferenças sucessivas; pNN50, porcentagem das
diferenças entre intervalos RR adjacentes que são maiores que 50ms; SD1, desvio padrão da
variabilidade instantânea do intervalo RR; ApEn, entropia aproximada; MSE, entropia
multiescalar; DFAα1, análises de flutuações depuradas de curto prazo; * = Diferença
significante (P < 0,05).
A análise do estado fisiológico inicial das crianças deste estudo, feita através de
comparações de diversos parâmetros com os de crianças de outros cinco estudos em
condições semelhantes (crianças saudáveis, em repouso e com respiração espontânea),
mostrou que as crianças do presente estudo apresentavam um estado inicial de hiperativação
parassimpática e uma VFC bem acima da média, como mostram os dados da Tabela 14.
acima dos parâmetros dos outros estudos, o que reforça a interpretação de um estado inicial de
hiperativação parassimpática.
É importante destacar que, no presente estudo, o exercício respiratório reduziu a VFC
e o tônus parassimpático para níveis próximos aos níveis basais de crianças saudáveis e não
para abaixo dos níveis basais.
75
10 Discussão
Uma das metas deste estudo era avaliar a capacidade de aprendizagem das crianças de
uma técnica simples de respiração, a fim de determinar se exercícios respiratórios podem ser
considerados ferramentas apropriadas na promoção da autorregulação psicofisiológica em
crianças na faixa etária de 5 a 6 anos.
Os resultados mostraram melhoras progressivas nos níveis de coerência
cardiorrespiratória, com o melhor desempenho registrado na última coleta de dados, que
ocorreu ao final do treinamento. Isso significa que, ao longo das oito semanas de treinamento,
as crianças aprimoraram suas capacidades de modular o ritmo cardíaco através da
autoaplicação de uma técnica respiratória.
A evidência de que as crianças nesta faixa etária foram capazes de gerar em si mesmas
um aumento da coerência cardiorrespiratória tem importantes implicações para a educação.
Devido a conexão coração-cérebro, há evidências de que o estado de coerência beneficie
funções cognitivas superiores tão requeridas no ambiente acadêmico, como a atenção, a
memória, o raciocínio e o desempenho em tarefas (McCRATY et al., 2009). Além disso, o
estado de coerência está associado a um melhor funcionamento psicossocial, com percepções
reduzidas de estresse emocional e uma maior experiência de emoções positivas (McCRATY
et al., 2009).
Técnicas que geram o estado de coerência têm sido utilizadas como estratégia de
intervenção na promoção da autorregulação psicofisiológica. Em ambientes educacionais, a
utilização de técnicas que promovem a coerência tem sido associada a melhoras na disposição
emocional, no comportamento em sala de aula, no gerenciamento da ansiedade nas provas, na
aprendizagem e no desempenho acadêmico (ARGUELLES; McCRATY; REES, 2003;
BRADLEY et al, 2007; McCRATY et al,1999; McCRATY, 2005).
Um estudo que avaliou a eficácia da promoção da coerência psicofisiológica para
auxiliar crianças a se recuperarem de uma situação de estresse agudo mostrou que as crianças
que utilizaram a técnica de promoção da coerência apresentaram maior resiliência do que as
crianças do grupo controle (McCRATY et al., 1999).
As melhoras das funções cognitivas favorecidas pela autorregulação por meio da
coerência psicofisiológica são evidenciadas em um estudo com crianças do ensino
fundamental diagnosticas com TDAH que, após receberem treinamento para a aprenderem a
76
que outros estudos não encontraram este padrão (BUCHHORN et al., 2012; KOENIG et al.,
2016). Assim, as razões para tais variações nas disfunções autonômicas encontradas em
crianças com TDAH ainda precisam ser investigadas e elucidadas.
Outro contexto no qual foi encontrada uma hiperativação vagal basal disfuncional foi
em crianças com distúrbio respiratório do sono (DRS). Tais distúrbios são causados por uma
obstrução das vias aéreas superiores e apresentam o ronco como principal sintoma, que pode
variar em graus de severidade. Os estudos realizados com crianças em idade pré-escolar com
DRS mostraram que tais crianças apresentavam hiperativação vagal basal quando comparadas
a um grupo controle composto por crianças que não roncam (NISBET et al., 2013; WALTER
et al., 2016). Walter et al. (2016) verificaram que a resolução do DRS, independente do tipo
de tratamento, reduziu a potência em HF (índice indicador da atividade parassimpática) a
níveis similares aos do grupo controle (crianças que não roncam), enquanto a potência em HF
nas crianças com DRS não resolvido aumentou significantemente a partir do nível basal.
Curiosamente, crianças em idade escolar com DRS apresentavam um estado autonômico
basal inverso, com redução vagal e aumento da atividade simpática (BAHARAV et al., 1999;
LIAO et al., 2010; MUZUMDAR et al., 2011; NISBET et al., 2014; VLAHANDONIS,
WALTER; HORNE 2013). Da mesma maneira, a disfunção autonômica era normalizada após
o tratamento e a resolução do DRS, com um aumento do tônus vagal e redução do tônus
simpático (MUZUMDAR et al., 2011).
O fato de as disfunções autonômicas se manifestarem de formas diferentes em crianças
em idade pré-escolar e escolar levantam uma suspeita sobre a existência de alguma relação
entre idade e o funcionamento autonômico (NISBET et al., 2014), talvez por questões
relacionadas ao desenvolvimento e maturação do SNA.
Alguns estudos que avaliaram a VFC em diferentes práticas de meditação revelam
aspectos interessantes da relação entre a respiração e os ritmos cardíacos. Estudos que
avaliaram técnicas que incluíam respiração lenta apresentaram o mesmo padrão de ritmo
cardíaco, representado no espectro de frequências como um pico em LF, em torno de 0,1 Hz,
característico do estado de coerência cardiorrespiratória (LEHRER; SASAKI; SAITO; 1999;
PENG et al., 2004; CYSARZ; BÜSSING, 2005; PHONGSUPHAP, 2008). Além disso, em
todos esses estudos foi verificada uma redução do tônus vagal, indicada pela diminuição da
potência em HF, que foi atribuída pelos autores aos efeitos da respiração lenta sobre o
coração. É interessante notar que as técnicas que envolviam respiração espontânea não
apresentaram redução vagal e o característico pico em LF (CYSARZ; BÜSSING, 2005;
TAKAHASHI et al., 2005; WU; LO; 2008).
79
Vaschillo (1984 apud LEHRER; SASAKI; SAITO, 1999) propôs que respirar em uma
frequência de aproximadamente 6 respirações/min (a frequência central da banda de baixa
frequência, 0,5 - 0,15 Hz) faz com que as ondas de alta e baixa frequência da frequência
cardíaca sincronizem e se fundam, aumentando em amplitude e dando origem ao pico em LF
no espectro de potência. Ele propôs que isso ocorre devido a um efeito de “frequência
ressonante”.
Embora a ativação na banda LF no espectro de potência seja ainda erroneamente
associada a um predomínio da atividade simpática sobre o coração, de acordo com Billman
(2013), pesquisas recentes mostram evidências contundentes de que a região LF expressa, na
verdade, a atividade parassimpática, simpática e de outros fatores desconhecidos, sendo que a
maior parte da ativação nesta banda pode ser explicada pela atividade parassimpática. Assim,
propõe-se que este pico em LF, verificado no estado de coerência cardiorrespiratória,
represente uma sincronização entre a ação do nervo vago e dos nervos simpáticos sobre o
coração (McCRATY et al., 2009).
Há muitos estudos na literatura indicando que a respiração lenta aumenta o tônus
parassimpático (JERATH et al., 2006; GROSSMAN; TAYLOR, 2007; RITZ, 2009; PAL;
VELKUMARY; MADANMOHAN, 2004) e outros estudos indicando que a respiração lenta
diminui o tônus parassimpático (LEHRER; SASAKI; SAITO; 1999; PENG et al., 2004;
CYSARZ; BÜSSING, 2005; PHONGSUPHAP, 2008). No entanto, as evidências encontradas
sugerem que a respiração lenta promove este estado de coerência ou sincronização
cardiorrespiratória, caracterizado pelo pico em LF em torno de 0,1 Hz, que representa uma
sincronização entre em os SN simpático e parassimpático (McCRATY et al., 2009). Assim,
acreditamos que o aumento ou a redução do tônus parassimpático dependerão, na verdade, do
estado inicial dos indivíduos antes de ocorrer a sincronização. Em outras palavras, indivíduos
que se encontram em um estado inicial de relaxamento ou de comportamento social, com
maior tônus vagal basal, apresentarão a diminuição do tônus vagal com a prática da respiração
lenta, enquanto que indivíduos que apresentam um mínimo quadro de estresse psicológico ou
certas doenças físicas, terão um predomínio do SN simpático no estado basal e, deste modo,
apresentarão aumento do tônus vagal com a prática da respiração lenta, de modo que todos
atinjam o desfecho final que é a sincronização da função autonômica em torno de 0,1 Hz na
banda de faixa frequência (LF).
Acreditamos que seja relativamente mais difícil verificar um estado inicial de elevado
tônus vagal, devido ao fato de a maioria das pesquisas que estudam os efeitos da respiração
sobre o SNA acontecerem em um contexto clínico, com sujeitos mais propensos a apresentar
80
10.1 Limitações
Este estudo teve várias limitações. A primeira delas foi a não realização de avaliação
médica e neuropsicológica das crianças participantes do estudo. Isso nos impossibilitou de
traçar o perfil do grupo, o que poderia ter auxiliado na interpretação do estado autonômico
inicial das crianças. Esta avaliação inicial também poderia ter contribuído para delimitar
melhor o grupo de estudo, excluindo-se crianças que apresentassem algum transtorno
neuropsicológico, embora que critérios de inclusão amplos têm a vantagem de permitir que os
resultados sejam inferidos ao público geral (mais condizente com o ambiente educacional), do
que apenas a grupos específicos.
82
da regulação autonômica, sendo este também um exame simples e não invasivo. Análises
qualitativas também poderiam trazer importantes contribuições para avaliação de aspectos
mais subjetivos e da aplicabilidade no contexto educacional.
Conclusão
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96
ANEXO 1
O(A) seu(sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa chamada
“Efeitos da Meditação na Variabilidade da Frequência Cardíaca em Crianças Pré-Escolares”,
que pretende estudar a capacidade das crianças em aprender e praticar a meditação.
O(A) seu(sua) filho(a) foi selecionado(a) a participar dessa pesquisa por sorteio, por
estar na faixa etária de 5 a 6 anos e por apresentar plena saúde física e mental.
O projeto inclui aulas e práticas de meditação que serão ministradas na sala de leitura
da escola. Os sinais cardíacos das crianças serão registrados antes e durante a prática da
meditação, através de um sensor na orelha. O procedimento é não invasivo, indolor e ausente
de quaisquer efeitos colaterais ou adversos. O procedimento tem por finalidade verificar,
através da análise dos sinais cardíacos, se as crianças apresentam algum estado de
relaxamento durante a prática da meditação. Isso mostra se elas são capazes de aprender e
praticar a meditação, pois toda prática realizada adequadamente envolve um estado de
relaxamento da mente e do corpo.
Muitos estudos mostram que a meditação traz benefícios para a saúde mental e física,
como a redução do estresse, da ansiedade, da depressão, da pressão arterial, de problemas
cardiovasculares e da dor crônica. A meditação também contribui para uma maior sensação de
paz interna, de felicidade, de bem estar, melhora a autoestima e a capacidade de concentração.
Como a infância é um período crucial para o desenvolvimento do cérebro, ensinar meditação
para crianças é garantir que elas desenvolvam uma importante habilidade que poderá trazer
muitos benefícios ao longo da vida.
Caso você não queira que seu(sua) filho(a) participe da pesquisa, é seu direito e isso
não vai interferir em qualquer aspecto na relação da criança com a escola. Você poderá retirar
seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo.
É garantido total sigilo do nome e dos resultados da avaliação do(a) seu(sua) filho(a),
em relação aos dados relatados nesta pesquisa.
Você receberá uma via deste termo, e outra via será mantida em arquivo pelo
pesquisador por cinco anos.
Qualquer dúvida adicional, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa, através do fone: (14) 3880-1608 / 1609.
Nome da criança
___________________________________________________________________________
Nome do responsável:
___________________________________________________________________________
Assinatura:__________________________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Alfredo Pereira Junior, Distrito de Rubião Júnior, s/n. Fone: (14) 3880-
0162. E-mail: apj@ibb.unesp.br
Pesquisadora: Marina Zuanazzi Cruz, R. José Ferraz de Carvalho, 605, Piracicaba-SP. Fone:
(19) 3927-0281. E-mail: marinazc@hotmail.com
98
ANEXO 2
Juquinha sempre foi um menino esperto, alegre e brincalhão, mas naquele dia ele estava
diferente. A Professora Ruth notou que alguma coisa havia acontecido e resolveu falar com
ele:
Professora Ruth: Juquinha, o que aconteceu? Por que você está assim hoje?
Juquinha: Aconteceram muitas coisas Professora Ruth. Eu briguei com meu irmão em casa,
porque ele fica me provocando, depois conta mentiras pra nossa mãe. Ele me irrita tanto que
parece que vou explodir de tanta raiva. Depois, a mamãe veio, me deu uma bronca e me pôs
de castigo. Vou ficar um mês sem brincar com o meu jogo preferido. Isso não é justo!
Professora Ruth: Calma, você está muito nervoso! Quando a gente fica muito nervoso, seja
por raiva ou por medo, e a gente não consegue se controlar, acaba fazendo coisas erradas, que
depois a gente se arrepende.
Juquinha: É verdade, Professora! Quando isso acontece, eu me sinto muito mal e não consigo
me controlar.
Professora Ruth: Eu sei quem pode te ajudar! O Mestre Amitaba!!! Ele mora lá no alto da
Montanha Encantada, onde nasce o Sol. Vá até lá e peça ajuda. Ele guarda um segredo
precioso, que vai te ajudar a controlar suas emoções e a ficar calmo, sempre que quiser e
precisar.
Juquinha: Obrigado Professora Ruth!
Juquinha se encheu de esperança! Estava ansioso para conhecer o precioso segredo que o iria
ajudar. E assim, começou sua longa caminhada em direção à Montanha Encantada. Quando
Juquinha chegou no topo da montanha, viu um homem velhinho sentado em silêncio sob os
raios do Sol e havia muitos pássaros cantando felizes em volta dele. Parecia que ele irradiava
paz. Juquinha pensou que deveria ser o Mestre Amitaba, então foi lá falar com ele.
Juquinha: Com licença, o senhor é o Mestre Amitaba?
Mestre Amitaba: Olá meu jovem, sim sou eu! Seja muito bem-vindo ao meu lar!
Juquinha: Obrigado! Eu sou o Juquinha. Vim falar com o senhor porque a Professora Ruth
disse que o senhor sabe de um segredo precioso que pode me ajudar a ficar calmo e a
controlar minhas emoções.
Mestre Amitaba: Sim, meu jovem, eu sei. Eu vou contar este segredo pra você, mas com uma
condição...
Juquinha: Qual condição?
Mestre Amitaba: Que você cumpra uma missão, que eu vou lhe dizer no final.
Juquinha: Eu aceito! Faço qualquer coisa para conhecer este segredo.
Mestre Amitaba: Pois muito bem! Você está pronto?
Juquinha: Sim, estou!
Mestre Amitaba: Sente numa posição confortável, com as costas retas, os ombros e o corpo
relaxados. Comece a respirar somente pelo nariz!
E Juquinha, muito empolgado, começa a respirar bem forte pelo nariz!
Mestre Amitaba: Calma, não precisa de tanto barulho! Pense que ninguém precisa ouvir o
som da sua respiração.
E, então, Juquinha começa a respirar silenciosamente pelo nariz.
99
Mestre Amitaba: Muito bem! Agora, leve a sua atenção para a sua barriga. Imagine que existe
um balãozinho lá dentro. Toda vez que você puxa o ar, o balãozinho enche e barriguinha sobe.
E toda vez que você solta o ar, o balãozinho esvazia e a barriguinha desce.
E Juquinha começou a respirar como se tivesse um balãozinho na barriga. Enquanto ele
respirava, sua barriguinha subia e descia, subia e descia...
Mestre Amitaba: Isso mesmo! Você está indo muito bem! Agora, o último passo: respire bem
devagarzinho.
Não entendendo bem, Juquinha perguntou: Como assim devagarzinho?
Mestre Amitaba: Neste ritmo: 1, 2, 3, 4 (puxando o ar) ... 4, 3, 2, 1 (soltando o ar)
Juquinha: Ahh... agora entendi!
Mestre Amitaba: Você está vendo essas crianças todas nos assistindo? Por que você não pede
ajuda pra elas?
Juquinha: Boa ideia! Crianças, vamos cantar? 1, 2, 3, 4 ... 4, 3, 2, 1 (ritmo de marchinha)
(Enquanto as crianças cantam, a contadora da estória modela a respiração com os movimentos
abdominais, junto com Juquinha)
Juquinha: Muito obrigado crianças!
Mestre Amitaba: Muito bem Juquinha, você conseguiu! Como se sente?
Juquinha: Uau, isso é realmente incrível! Nunca pensei que a respiração tivesse todo esse
poder! Estou me sentindo muito bem!
Mestre Amitaba: E você acaba de descobrir o segredo! Agora, você está pronto para a
missão?
Juquinha: Sim, estou!
Mestre Amitaba: Já sou um homem velho e não quero que este segredo morra comigo. Volte e
ensine todas as crianças!
Juquinha: Sim, senhor! Vou cumprir a missão! Pode confiar em mim!
Mestre Amitaba: Vá em paz e não se esqueça: é muito importante praticar todos os dias!
Então, Juquinha voltou para a escola, ansioso para compartilhar com todos os seus
amiguinhos o precioso segredo que tinha aprendido.
Juquinha: Crianças, vamos praticar a respiração que o Mestre Amitaba ensinou?