Origem e Estudo Da Motricidade Humana
Origem e Estudo Da Motricidade Humana
Origem e Estudo Da Motricidade Humana
MATERIAL DIDÁTICO
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4
UNIDADE 2 – DA CONCEPÇÃO À MATURIDADE – BREVE DIÁLOGO COM A
PSICOMOTRICIDADE ................................................................................................ 6
UNIDADE 3 – A INFLUÊNCIA MATERNA NO PERÍODO PRÉ-NATAL.................. 20
3.1 O QUE É HERDADO E ADQUIRIDO NA MOTRICIDADE HUMANA .................................... 22
3.2 FATORES QUE PODEM OCORRER NA GRAVIDEZ E PREJUDICAR O NOVO SER.............. 24
UNIDADE 4 – O DESENVOLVIMENTO PERINATAL .............................................. 26
4.1 DESENVOLVIMENTO NEURAL DO EMBRIÃO E DO FETO ............................................. 26
4.2 O PROCESSO DE MIELINIZAÇÃO DOS NERVOS NO EMBRIÃO, NO FETO E NA CRIANÇA .. 27
4.3 A ESTRUTURA ÓSSEA NO EMBRIÃO, NO FETO E NA CRIANÇA .................................... 29
4.4 A ESTRUTURA MUSCULAR DO EMBRIÃO, DO FETO E DA CRIANÇA .............................. 30
4.5 ÁPICES DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL, SEGUNDO GALLAHUE E
OZMUN .................................................................................................................... 31
4.6 ANAMNESE COGNITIVO-AFETIVA PARA ANALISAR A POSSÍVEL INFLUÊNCIA POSITIVA OU
NEGATIVA DAS VARIÁVEIS DO MEIO AMBIENTE SOBRE O PROCESSO DE CRESCIMENTO,
MATERNO ................................................................................................................ 32
UNIDADE 5 - A PRIMEIRA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA ................................. 36
5.1 A PREPARAÇÃO INTRAUTERINA PARA A MOTRICIDADE PÓS-PARTO ........................... 36
5.2 DISTÚRBIOS PSICOMOTRIZES MAIS COMUNS SEGUNDO HAIM GRÜNSPUN (2000) ...... 39
UNIDADE 6 – AS INFLUÊNCIAS BIO-FISIOLÓGICAS, NEUROLÓGICAS E
PSICOLÓGICAS DA MOTRICIDADE HUMANA E ALGUMAS ABORDAGENS
TEÓRICAS DA PSICMOTRICIDADE ....................................................................... 56
6.1 O SISTEMA DE MOVIMENTOS QUE INTERVÉM NA PSICOMOTRICIDADE DA CRIANÇA ..... 60
6.2 ATIVIDADE OSTEO-MUSCULAR NA MOTRICIDADE INFANTIL ....................................... 62
6.3 OUTROS ESTÁGIOS QUE MARCAM O CRESCIMENTO, A MATURIDADE E O
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTRIZ DAS CRIANÇAS ENQUANTO ACONTECE SUA EVOLUÇÃO
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO
Conhecer em amplitude, profundidade e dominar o campo de conhecimentos
teóricos e práticos proporcionado pela Psicomotricidade é determinante para a
aprendizagem das crianças.
Assim, neste momento do curso em especial temos como objetivo fornecer
um arcabouço teórico para que entendam a evolução e o desenvolvimento do ser
humano levando-os a conhecer melhor seus alunos para que possam contribuir com
o desenvolvimento saudável dos mesmos, uma vez que é na medida em que
crescem e amadurecem que se desenvolvem do ponto de vista ontogênico e
psicossocial.
Segundo Tarrau (2007), aprofundando-se mais dentro da esfera de atuação
da psicomotricidade, poderão materializar um processo instrutivo muito mais
eficiente e eficaz, ao explorar adequadamente o movimento, que constitui a pedra
angular da psicomotricidade.
Os estudos e pesquisas das últimas décadas têm nos mostrado que o
desenvolvimento motor da criança está intimamente relacionado com as suas
dificuldades de aprendizagem, daí a importância do aprofundamento dessa parte
teórica e de bases biológicas.
Gomes (1998) apresenta estudos onde as causas das dificuldades de alguns
alunos decorrem muitas vezes de dificuldades relacionadas ao desenvolvimento
cognitivo e psicomotor, podendo ser decorrentes do trabalho do professor em sala
de aula e Le Boulch (1982, p. 16) enfatiza a necessidade da educação psicomotora
baseada no movimento, pois acredita ser esta preventiva, assegurando que muitos
dos problemas de alunos, detectados posteriormente e tratados pela reeducação,
não ocorreriam se a escola desse atenção à educação psicomotora, juntamente com
a leitura, a escrita e a aritmética.
Assmann (1995, p. 101) coloca que corporeidade e motricidade são
linguagens de uma só fala porque “a motricidade é o vetor da identidade corporal”,
assim, corpo e movimento humano são muito mais que um ato mecânico de
deslocamento no espaço, um está para o outro através da história revelada na
análise dos movimentos que o homem realiza através do tempo (CARIONI, 2007).
1
Ontogênico vem de ontogenia que é uma série de transformações sofridas pelo indivíduo desde a
fecundação do ovo até o ser perfeito.
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A última fase que atravessa o ser humano dentro do útero materno é a fase
fetal. Esta fase é posterior ao embrião. Na fase embrionária, já nos convertemos
biológica e fisiologicamente num verdadeiro ser humano, portador de todos os
órgãos e sistemas responsáveis por manter a vida após o parto; porém, obtemos a
verdadeira morfologia (forma) humana, típica de nossa espécie, apenas na fase
fetal.
O desenvolvimento ontogênico intra-uterino (bio-fisio-neuro-cortical-motriz) é
marcado por três momentos-chaves deste processo: o germinal ou zigótico (da
da criança, pois contribuem para a limpeza de seu trato respiratório, onde podem
existir substâncias tóxicas contidas no líquido amniótico (produto do próprio
metabolismo do feto), que, no útero materno, entra e sai dos pulmões do feto,
preparando os músculos respiratórios para a sua função principal futura: a ventilação
pulmonar, que também é determinante no processo de crescimento, maturidade e
desenvolvimento psicomotriz da criança.
Após o parto, a evolução ontogênica de toda criança continua produto do
crescimento, a maturidade e o desenvolvimento bio-fisiológico dela. Por volta dos 4,
5 ou 6 anos, acontece um fato que anuncia que este desenvolvimento está
acontecendo adequadamente: as crianças começam a mudar a sua dentição de leite
e a trocar a mesma pelos dentes permanentes que a acompanharão por toda a sua
vida (sempre e quando tenha uma adequada assepsia bucal e não seja afetada por
um acidente ortodôntico). Este fato demonstra que o processo de crescimento,
maturidade e desenvolvimento, do ponto de vista bio-fisiológico e, também,
ontogênico, está acontecendo em plena forma.
Por volta dos 11, 12, 13 ou 14 anos (na maioria dos casos), acontece um
dos fenômenos mais significativos dentro do desenvolvimento ontogênico: a
aparição dos caracteres sexuais secundários de cada sexo e, o mais importante
deste fenômeno, a aparição dos caracteres sexuais primários, onde o homem
começa a ejacular e a mulher a ovular; tornando-se ambos aptos (mas ainda
imaturos) para a reprodução. Este fato é extremamente importante porque, a partir
desse momento, os seres humanos púberes ou adolescentes, já adquirem uma
soma muito similar ao soma típico dos seres humanos adultos, embora ainda não
esteja terminado seu desenvolvimento ontogênico (TARRAU, 2007).
Os novos e extraordinários aportes que a cibernética, e, em especial, a
neurociência, tem colocado à disposição dos especialistas e entendidos: o ultra-som,
a tomografia computadorizada e a ressonância magnética (basicamente), sabe-se
cientificamente que, nos primeiros cinco anos de vida do ser humano, o cérebro
(principal órgão do psiquismo) alcança 95% de seu volume (o que demonstra um
processo de crescimento e desenvolvimento altamente significativo dentro dos
primeiros cinco anos de vida) e os restantes 5% demoram 30 anos a mais para
chegar a seu completo volume e a sua adequada maturidade. Por esta razão, a
desenhistas, escultores, etc., muitas vezes, se tornam “grandes” após essa idade, o
que comprova que isto não é uma contradição, isto é uma verdade que demonstra e
defende como o mundo afetivo e motivacional dos seres humanos tem influência na
estrutura cognitiva.
Essas análises permitem considerar que o desenvolvimento ontogênico
(analisado através de uma concepção mais reflexiva do conceito), ocorre até o
término do processo de maturidade de nosso cérebro, o qual constitui o regente
principal e a usina básica onde atuam 100 bilhões de neurônios (mais ou menos).
Esses neurônios estão inter-relacionados através de mais de 100 trilhões de
circuitos que permitem estruturar, desenvolver e manifestar as peculiaridades dos
processos psíquicos que caracterizam as peculiaridades da cognição, da
afetividade, da motivação e da vontade da personalidade, mas essa maturidade
cerebral não está concluída até os 35 anos de idade (como bem já mencionado).
Pode-se considerar, então, que o desenvolvimento ontogênico deve ser
concebido até que o cérebro humano alcance sua maioridade, quer dizer, até que
ele se torne maduro, manifestando-se aqui o décimo salto qualitativo, através dos
quais podemos analisar perfeitamente bem as características de todo o processo
ontogênico que acontece em todo ser humano, a partir de que o espermatozóide
mais forte, resistente, potente e ágil, se encontra com o óvulo; processo que vai
acontecendo com e através do movimento; e que prepara o caminho da motricidade
do ser humano, a qual constitui a sua primeira aprendizagem. Sem motricidade não
existe aprendizagem, porque toda aprendizagem se materializa através do fazer.
Os outros saltos qualitativos que caracterizam o desenvolvimento ontogênico
do ser humano são:
1º. A concepção-fertilização do óvulo pelo espermatozóide, que é possível
com e através do movimento;
2º. A aparição do zigoto, que é possível com e através do movimento;
3º. O surgimento do embrião a partir dos aportes novos e superiores do
zigoto; o que é possível com e através do movimento;
4º. A presença do feto, a partir dos aportes novos e superiores do embrião;
fato que também é possível com e através do movimento;
5º. O acontecimento do parto; que é possível com e através do movimento;
E depois dos 35 anos, o que acontece? Depois dos 35 anos, o ser humano
está dentro de seu período de fertilização ótima, no que se refere à matéria de
aprendizagem especializada, mas este período de fertilização ótima é influenciado
por dois fenômenos psicossociais:
1º. A existência de verdadeiros interesses cognitivos;
2º. A materialização de sólidos processos afetivo-motivacionais direcionados
para o processo de aprendizagem, basicamente, quando se tratar da
aprendizagem de operações e ações motrizes, porque este tipo de
aprendizagem requer esforços fisiológicos e psíquicos; mas, para ser preciso,
não existe idade que resista ao interesse para o aprendizado.
fato de que existem as figuras geométricas, depois que o ser humano começou a
observar e a explorar estas figuras na Natureza.
O ser humano, após começar a se inter-relacionar com o espaço e com o
tempo (não importa a faixa-etária na qual se encontra), utiliza um denominador
comum nesta inter-relação: o movimento, que é a pedra angular da motricidade e,
esta, não é mais que o movimento sincronizado, coordenado, direcionado a um fim
determinado pela influência do cérebro (processador neurofisiológico de toda a
informação), que, em forma de estímulo, chega até os analisadores e, estes,
fazendo trabalhar o receptor específico de cada um deles, transformam essa energia
(física: no olho / retina; no ouvido / cóclea, nas mãos basicamente, diferentes
corpúsculos para: a temperatura, a pressão, o peso) ou (química: na língua / papilas
gustativas; no nariz / pituitária amarela) em “energia nervosa” (sensações), a qual
chega até a zona cortical específica que cada um deles possui no córtex cerebral,
ativando as mesmas, para que estas processem as informações sensoriais e as
integrem, materializando-se assim, o processo perceptivo, o qual permite elaborar as
mensagens perceptivas que deverão chegar até a parte ou partes do corpo
(músculos-articulações) que necessitam agir ou reagir assegurando-se a resposta
motriz requerida, a qual permitirá cumprir o objetivo determinado que possui ao
movimento como fonte básica; então, quando isto acontece, nós podemos pensar
imediatamente numa área imprescindível para a vida do ser humano em
desenvolvimento: a psicomotricidade.
A maioria destas informações perceptivas fica fixada e/ou retida nas áreas
corticais típicas da memória (Hipocampo e/ou a Amídala Cortical), constituindo a
fonte cortical onde o pensamento entra para inter-relacionar as informações
mnemônicas requeridas cada vez que a pessoa tem necessidade de elaborar uma
ideia (TARRAU, 2007).
Essa ideia elaborada, produto do trabalho do pensamento explorado,
geralmente é construída através das três operações lógicas mais gerais, a análise, a
comparação e a síntese, as quais podem ser materializadas através do pensamento
operativo (manipulando objetos para resolver a problemática que tenha que ser
resolvida); também pode ser elaborada por meio do pensamento perceptivo ou
visual em imagens, inter-relacionando imagens visuais (basicamente) para resolver a
Mas, para poder chegar a emitir esses três juízos categóricos anteriores, o
adulto responsável necessita instruir-se bem dentro do campo da psicomotricidade.
mostrar uma nova e superior qualidade que antes não existia e, quando essa
nova e superior qualidade é materializada na prática, se materializa o
desenvolvimento. Depois, todo o ciclo se repete: cresce, matura.
6º. Uns genes produzem a proteína para formar as células e outros estão
responsabilizados e especializados em diferenciar e integrar as ditas células para
formar todos os órgãos e sistemas funcionais do corpo.
7º. O material genético transmitido pela mãe e pelo pai determina a estrutura
física e muito do funcionamento celular do novo ser que se está formando, mas o
grau em que a criança atinge o desenvolvimento máximo destas características
herdadas é determinado pela influência do ambiente (meio) no qual a criança se
desenvolve.
8º. Os genes influenciam na motricidade humana.
9º. A Dialética é a ciência do movimento, das contradições, das mudanças e
da concatenação histórica dos fenômenos, onde tudo se dá do simples ao complexo;
do menos evoluído ao mais evoluído, em inter-relação; marcando o caminho da
psicomotricidade.
1- Gravidez indesejada.
SEGUNDO ANO Anda e corre; articula palavras e frases curtas; começa a controlar
seus esfíncteres.
é possível pensar que a criança possui a “lateralidade cruzada”: pega as coisas com
a direita e chuta com o pé esquerdo ou vice-versa.
Por fim, a imperícia, é um distúrbio, não tem nada a ver com a inteligência
da criança; a essência dele está na impossibilidade da criança em manifestar uma
destreza manual.
Abaixo temos quadros que apresentam as habilidades básicas necessárias
para várias ações.
Habilidades básicas para a manipulação
3 a 4 anos Podem quicar uma bola maior com ambas as mãos, mas num
d- Entre o 8º e o 9º mês.
e- Após o 9º mês.
17 Quando começou a “jogar” qualquer a- Antes do 7º mês.
objeto para alguém? b- Entre o 7º e o 8º mês.
c- Entre o 8º e o 9º mês.
d- Entre o 9º e o 10º mês.
e- Após o 10º mês.
18 Quando começou a engatinhar? a- Antes do 8º mês.
b- Entre o 8º e o 9º mês.
c- Entre o 9º e o 10º mês.
d- Entre o 10º e o 11º mês.
e- Após o 11º mês.
19 Quando começou a parar-se a- Antes do 9º mês.
sozinho(a)? b- Entre o 9º e o 10º mês.
c- Entre o 10º e o 11º mês.
d- Entre o 11º e o 12º mês.
e- Após o 12º mês.
20 Quando começou a ajoelhar-se e a a- Antes do 10º mês.
abaixar-se sem ajuda? b- Entre o 10º e o 11º mês.
c- Entre o 11º e o 12º mês.
d- Após o 12º mês.
21 Quando começou a ficar em pé; a a- Antes do 11º mês.
abaixar-se e a ficar em pé de novo, b- Entre o 11º e o 12º mês.
sem estar apoiado em nada? c- Entre o 12º e o 13º mês.
d- Após o 13º mês.
22 Quando começou a dar os primeiros a- Antes do 12º mês.
passos (sozinho-a-) sem apoiar-se em b- Entre o 12º e o 13º mês.
nada nem em ninguém? c- Entre o 13º e o 14º mês.
d- Após o 14º mês.
Questões gerais.
61 Profissão dos pais:
Composição familiar:
2
glutámico, etc.; que são imprescindíveis para assegurar a condução dos impulsos
nervosos através dos nervos sensoriais (aferentes) (para a zona cortical ativada) e
os motrizes (eferentes) (da zona cortical ativada para os músculos e articulações
que tem que agir e reagir).
Para garantir que o processo de mielinização se materialize
adequadamente, é necessário que a criança durma rigorosamente, pelo menos, 8
horas diárias, basicamente entre o segundo ano de vida e os seis anos. Anterior a
este período o processo do sono deverá ser muito mais duradouro. Para que o
processo de mielinização continue de uma forma satisfatória após o primeiro ano de
vida da criança, é imprescindível que esta participe de “brincadeiras de movimentos
sistemáticos” para manter-se ativa a maior parte do tempo de vigília. É necessário
também que a criança seja bem estimulada, com estímulos que possuam a
intensidade e a atração adequadas, porque é assim que se garantirá que possa ser
possível a formação de novas sinapses que é um fato determinante para assegurar
o desenvolvimento do Sistema Nervoso.
Se a gravidez não foi incidida por variáveis genéticas negativas, foi
desenvolvida dentro de um ambiente psico-afetivo positivo e dentro de um ambiente
bioquímico satisfatório, estarão seguras as condições para que o processo de
crescimento, maturidade e desenvolvimento do zigoto, do embrião e do feto seja
satisfatório.
Do mesmo modo, se os passos intrauterinos (ontogênicos) da evolução da
nova criatura foram positivos e, aconteceu um parto natural, existirão muitas
possibilidades para o desenvolvimento satisfatório do Sistema Nervoso da criança.
Se o Sistema Nervoso da criança se estruturou e se desenvolveu
satisfatoriamente, então estarão criadas as condições para que o “psiquismo” desta
criança se estruture, cresça, mature e se desenvolva também satisfatoriamente,
sempre e quando seja assegurado o processo estimulador ideal para isto.
Sendo assim, estarão asseguradas as condições para que a criança possa
perceber (conhecer a realidade objetiva através dos olhos, dos ouvidos, do corpo, do
nariz, da boca); possa também deixar fixadas e retidas na sua memória as imagens
dos conhecimentos perceptivos que chegam a seu córtex através da atividade dos
analisadores; possa inter-relacionar (através da ação do pensamento) essas
imagens fixadas e retidas na memória para elaborar as ideias que permitam dar
solução às problemáticas que se lhe apresentarem, ou possam expressar através da
linguagem, as mensagens que são necessárias para garantir a comunicação entre
elas e os adultos ou a comunicação entre elas entre si.
Também, será possível que as crianças manifestem seu nível de criatividade
típico da fantasia infantil; poderão criar e manifestar as suas expressividades
emocionais; poderão criar e manifestar o processo autocontrolador e autorregulador
de seus interesses e de seus impulsos, através de sua vontade. Mas, o mais
significativo está sintetizado na expressão corporal que as crianças poderão
manifestar através dos gestos, das mímicas, das operações e das ações motrizes,
que expressarão ao realizar as operações e ações típicas das brincadeiras, dos
jogos, do esporte, do lazer, da recreação, da fala, da leitura, da escrita dos cálculos
matemáticos... Sempre e quando o sistema de estimulação que tenha atuado sobre
ela tenha sido o ideal, para assim contribuir com sua percepção do espaço, do
tempo e do movimento, de sua percepção óculo-manual e óculo-pedal, de sua
lateralidade, de sua coordenação, de seu equilíbrio; de sua orientação espacial, etc.;
daí, a importância extraordinária das características das atividades em que as
crianças participam.
Para um bom desenvolvimento psicomotor, a atividade sensório-perceptiva é
fundamental. Para uma adequada sensório-percepção é importante:
Que o Sistema Nervoso Central e o Sistema Nervoso Periférico estejam
aptos; que o cerebelo apresente adequado grau de maturidade, que o
estímulo ativador se apresente com a devida intensidade, que a atividade
sensorial exteroceptiva funcione adequadamente.
O trabalho do receptor do analisador ativado pela energia física ou química
recebida, para transformá-la em energia nervosa, garantindo-se a criação dos
“códigos sensoriais”.
Transmissão ou condução dos “códigos sensoriais” através do nervo aferente,
sensitivo ou centrípeto até a zona cortical do analisador ativado.
Trabalho da zona ou das zonas corticais ativadas.
Interpretação dos códigos sensoriais que chegaram até a zona cortical
ativada.
ESTÁGIOS: CARACTERÍSTICAS:
Inter-relacionador: Seu pensamento e a sua linguagem evoluem graças ao “período das
De 4 a 6 anos. interrogações”: através do “porquê” as crianças vão ampliando o
conhecimento de seu “mundo circundante” e isto influencia a
percepção, a memória, o pensamento, a imaginação, as emoções, os
sentimentos e, sobretudo, os interesses cognitivos.
Personalístico: As crianças se reconhecem como uma “pessoa” a mais dentro de seu
De 3 a 4 anos. mundo interativo.
Começam a estruturar a sua “personalidade” através da manifestação
de seu “eu sozinho”.
Começam a desenvolver os “jogos ou brincadeiras de papéis”, onde
“imitam” as funções ou papeis sociais, inter-atuando.
Projetivo: Começam a explorar seu pensamento perceptivo ou visual em imagens
De 2 a 3 anos. e a desenvolver sua “linguagem ativa”, expressando ideias muito mais
lógicas e compreensíveis.
Começam a manifestar os “jogos ou brincadeiras de imitação”, imitando
os “padrões genéricos”.
Sensório-motriz: Pelo analisador olfativo, começam a aceitar ou rejeitar determinados
(De 1 a 2 anos). alimentos.
Pelo gustativo, diferenciam os quatro sabores típicos: doce, salgado,
ácido e amargo; rejeitando o último.
Pelo analisador visual, reconhecem o rosto das pessoas que satisfazem
Afetivos:
A estrutura adequada do Sistema Límbico para garantir o desenvolvimento de
emoções, sentimentos, interesses, motivos e incentivos necessários.
Fatores ambientais:
A nutrição: a proteína animal (peixes, ovos, frangos, carnes vermelhas
magras), a proteína vegetal (ora-pro-nóbis); a gordura vegetal (colesterol
bom), etc.; são determinantes para o crescimento, a maturidade e o
desenvolvimento do Sistema Nervoso da criança.
A saúde: a inter-relação adequada entre o Sistema Límbico do cérebro, o
diencéfalo trabalhando bem captando os estímulos vivenciais e enviando
estas informações emocionais até as suprarrenais para que estas liberem a
adrenalina ou a noradrenalina necessária para garantir a tenacidade
adequada dos movimentos.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS:
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES: