RFG Traduzida para o Português
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FORMATIONIS
GENERALIS
RATIO
FORMATIONIS
GENERALIS
2016
RATIO FORMATIONIS GENERALIS
Mestre da Ordem
PROVÍNCIA FREI BARTOLOMEU DE LAS CASAS – BRASIL
Tradução para o português do original em Inglês por frei Gustavo Trindade dos Santos,
OP e frei Marcos Augusto de Andrade Alexandre, OP.
Esta Ratio substitui a outra que vigorou desde 1987. A presente é fruto de um
longo processo de consultas às províncias e formadores em diferentes regiões da
Ordem, conduzido pelo conselho geral e pelo sócio a cargo da formação inicial. Muito
obrigado a todos aqueles que participaram na elaboração desta Ratio – cuja versão
original está em Inglês. Agora, compete a cada província proceder com as atualizações
da própria Ratio Formationis Particularis (RFP), com base na Ratio Generalis (ACG
2016 Bolonha, 245), e depois submetê-la ao capítulo geral para sua aprovação. O Sócio
para a Vida Fraterna e Formação será responsável especialmente para acompanhar este
processo.
É a primeira vez que uma Ratio é dirigida a todos os frades, estejam eles em
formação inicial ou não. Na verdade, em vários capítulos gerais, insistiu-se sobre
continuidade entre a formação inicial e a formação permanente, juntamente com a
necessidade de portar igual atenção a estas dimensões da formação. Uma vez mais, a
formação é apresentada na Ratio como um caminho, como uma escola de vida
apostólica, ambos destacando as responsabilidades primárias de cada um dos frades para
sua própria formação, e também a responsabilidade das comunidades e das províncias
que têm a tarefa de apoiar cada um no processo contínuo de renovação da própria
vocação para que este venha a ser um “homem evangélico e apostólico”. Como escola
de vida, nossa formação nos guiará, de acordo com cada etapa de nossa vida, a
contemplar no coração de nossa vida a graça da Palavra que queremos pregar. Portanto,
a formação nos convida a unir-nos a Cristo, o caminho da verdade o qual nos guia à
vida, e focar nossa vida na busca pela verdade. Como escola de pregadores, a formação
permanente e inicial nos guia no caminho da obediência apostólica, o qual nos fazem
livres para permitir que o Espírito estabeleça em nós a compaixão de Cristo e seu
ardente desejo de que o mundo tenha vida e seja salvo.
As Constituições Primitivas, no capítulo sobre o noviciado, referiu-se ao
chamado de Cristo “Aprendei de mim”. “Vinde e vede”, disse Jesus a Filipe e a
Natanael. “Vá e pregue”, dizia São Domingos fazendo-se eco dos apóstolos. Esta é a
finalidade que determina a formação para todas as idades da vida dominicana, e abarca
junto nossa diversidade na unidade de uma comunhão da “Santa Pregação”.
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Ratio Formationis Generalis 6
INTRODUÇÃO
5. Nossa formação deve atender a todos estes aspectos porque é uma formação de
apóstolos, segundo o modo de vida idealizado por São Domingos. Seu paradigma é
a escola da vida apostólica na qual o Mestre é Jesus. Portanto, nosso primeiro texto
de formação é a Sagrada Escritura. Jesus formou os apóstolos para serem pregadores
da graça convidando-os a viverem em sua companhia e a aprenderem de suas
palavras e ações. Ensinou-lhes a orar e os iniciou nos mistérios de sua pessoa e de
sua missão. A formação final dos Apóstolos se conclui através do dom, da entrega
do Espírito Santo, quem sustenta neles seu amor pelo Mestre e seu desejo de segui-
lo. Domingos restaurou, tendo em vista sua missão, esta escola de vida apostólica
que nós estamos chamados a viver de maneiras adaptadas ao nosso tempo e
circunstâncias.
6. Cremos que fomos chamados por Deus para seguir a Domingos e seguir deste
modo a Cristo em sua missão de pregação. A Palavra de Deus, a Igreja e nossas
Constituições nos chamam a crescer nesta missão. Somos chamados também pelas
necessidades de nossos irmãos e irmãs aos quais estamos enviados para anunciar a
Boa Nova da salvação (cf. Trogir 2013 n. 124). Chamam-nos especialmente os
pobres, os cegos, os afligidos, os presos e delinquentes, os oprimidos e os
marginalizados (cf. Lc 4, 18). Tudo isso nos exige uma formação permanente: a
Palavra de Deus que habita em nós, os estudos que fazemos, os homens e mulheres
que encontramos, as mentalidades que nos desafiam, os lugares e os eventos nos
quais nos encontramos imersos.
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9. A Ratio Formationis Generalis está dirigida, de maneira particular, aos frades que
têm uma responsabilidade específica dentro da formação inicial ou permanente, com
a finalidade de guiar-lhes em suas tarefas.
10. A Ratio Formationis Generalis tem que ser lida em complementariedade com a
Ratio Studiorum Generalis. O estudo é uma parte essencial da nossa forma de vida
religiosa. A tarefa do estudo não é uma alternativa de trabalho apostólico, mas uma
parte necessária de nosso serviço da Palavra de Deus. Porque o estudo é uma parte
integrante de nosso estilo de vida, ele está relacionado à oração e à contemplação,
com o ministério da Palavra e com nossa vida comunitária. Por isso, nossa formação
não pode ser pensada sem fazer referência ao estudo, nem nosso estudo sem fazer
referência aos demais aspectos da formação.
11. É essencial, para o bem dos frades em formação inicial, que seja mantido um bom
contato entre regentes e diretores de estudos, por uma parte, e mestres encarregados
da formação, por outra. O progresso geral dos frades em formação inicial, também
conta com a supervisão dos conselhos de formação provincial e local.
Ratio Formationis Generalis 9
I. A FORMAÇÃO DOMINICANA
14. A vida dominicana implica oração, pobreza, vida comunitária, estudo e pregação.
Nossa vocação é contemplativa, comunitária e missionária. Sua fonte é uma sede de
Deus e um desejo de pregar a compaixão e a amizade de Deus, direcionada à
plenitude da justiça e paz, um desejo estabelecido e formado pela graça de Deus.
Os conselhos evangélicos
possuir pessoas ou poder, essa busca nos escraviza. Ao contrário, os dons da graça
trazem a liberdade. Recebemos esses dons e os desenvolvemos vivendo plenamente
nossa vocação.
Obediência
17. A obediência é o coração de nossa vida religiosa, visto que buscamos imitar o amor
e a obediência de Jesus ao Pai. Confiamo-nos a Ele e um ao outro, queremos viver
juntos a liberdade para a qual Cristo nos libertou, como homens maduros capazes de
compartilhar os projetos e responsabilidades da comunidade. A formação à
obediência começa imediatamente e continua ao largo de toda nossa vida na medida
em que aprendemos a praticar um diálogo genuíno: escutando de maneira aberta e
receptiva a cada um; falando com franqueza e caritativamente a cada um;
aprendendo como trabalhar juntos; moderando reuniões; decidindo através do
diálogo uma determinada ação; obedecendo a ditas determinações e colaborando
generosamente em qualquer que seja nossa responsabilidade particular dentro da
comunidade. O testemunho da obediência corrige as ideias distorcidas sobre a
liberdade e sua vivência autêntica nos permite confrontar o abuso do poder de
maneira credível e sermos solidários com aqueles que não têm voz e que são
excluídos.
Ratio Formationis Generalis 11
Castidade
Pobreza
19. Confiando à providência divina a imitação de Cristo e dos apóstolos, vivemos como
homens pobres compartilhando tudo o que ganhamos e tudo o que recebemos.
Como mendicantes vivemos na simplicidade e desapego, prontos a mudar de lugar e
adaptar-se pelo bem da pregação do Evangelho. Ao viver com simplicidade e
austeridade, como fez Jesus, crescemos na liberdade e nossa pregação ganha
credibilidade. A pobreza evangélica cria uma solidariedade entre nós mesmos e com
os pobres, especialmente aos mais próximos a nós. Também vivemos a pobreza
trabalhando com devoção nas tarefas que nos confiaram, e com nosso esforço em
promover a justiça econômica e um espírito de partilha entre as pessoas.
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Compaixão
20. Pedimos a misericórdia de Deus quando chegamos à Ordem e nossa formação deve
educar-nos na compaixão. A tradição teológica, espiritual, apostólica e mística da
Ordem nos ensina uma sabedoria do coração, que nos encoraja a simpatizarmos com
os sofrimentos e as dificuldades das pessoas e a levá-los para dentro de nossa
oração. Devemos ser teólogos pastorais e pastores teólogos, sempre conscientes,
como São Domingos foi, dos que sofrem. Recebendo e apreciando a Palavra em
nossas próprias vidas, aprendemos a levar a Palavra que cura, perdoa, reconcilia e
renova.
O estudo e a contemplação
21. Para nós, o estudo e a contemplação estão unidos. Ainda que haja uma Ratio para os
estudos na Ordem, a formação intelectual não é uma secção separada isolada do
resto de nossa formação. O estudo é uma parte essencial de nossa espiritualidade, de
nossa missão na Igreja.
22. Nosso estudo inicia e termina com a Palavra de Deus. Para nós, a contemplação
significa o esforço de compreender a Palavra, que é Cristo, e assim estarmos unidos
a ele como o caminho da Verdade que leva à Vida (São Tomás Suma Teológica, III,
prólogo). Estudamos tendo sempre em mente o aprofundamento no Amor de Deus e
à evangelização, buscando entender com maior profundidade o chamado do
Evangelho e as necessidades da humanidade. Deve-se iniciar os frades na lectio
divina, que é um estudo meditativo das Escrituras e uma prática que dá fruto na
própria espiritualidade e na pregação.
O silêncio e a clausura
23. “O silêncio é o pai dos pregadores”, reza um refrão de nossa tradição. Os frades
necessitam formar-se para a solidão e ao silêncio, a fim de se fazer bom uso dos
tempos de estudo e de oração, para libertar suas mentes de distrações e para meditar
tranquilamente os mistérios da fé. Os meios modernos de comunicação alcançam o
Ratio Formationis Generalis 13
Oração pessoal
Sagrada liturgia
25. “A celebração litúrgica é o centro e o coração de toda nossa vida, cuja unidade se
radica principalmente nela” (LCO n. 57). Isto se refere não somente à Eucaristia,
mas também à Liturgia das Horas que estrutura nossa jornada e a que São Domingos
era sempre fiel. Os dominicanos são formados para a participação na liturgia,
participando na liturgia. A liturgia nos tira de nós mesmos para levar-nos a orar com
Cristo e com a Igreja e, assim, crescer na compaixão por todos. Através da
variedade dos ciclos e ritos, celebrando a liturgia com sua riqueza, louvamos a Deus
e nossa comunhão com Ele é aprofundada. O LCO n. 105 §II descreve a Eucaristia
como “fonte e cume de toda evangelização”, ao passo que o LCO n. 60 nos convida
à recepção frequente do sacramento da penitência e reconciliação.
Fraternidade
28. Uma vida fraterna comum é parte de toda sacra praedicatio, parte de nossa
pregação. Vemo-la na fraternidade apostólica ao redor de Jesus e nas primeiras
comunidades cristãs. Os pregadores são enviados para levar a outros lugares a vida
de oração compartilhada e a caridade que experimentaram. Cada comunidade é
eclesial, é uma escola de vida cristã. Nosso apreço por tal fraternidade deveria
estender-se além de nossa comunidade imediata para incluir outros ramos da família
dominicana, assim como a comunidade da Igreja local.
A pregação
29. A pregação dominicana requer e ilumina modos particulares de formação. Ela busca
ser profética e doutrinal, marcada por um espírito evangélico e um ensinamento
sólido (LCO n. 99 §I), aberta ao diálogo e sem medo de ser crítica. Nossa formação
prepara pregadores zelosos como os apóstolos e criativos como os profetas. Estamos
chamados a cultivar a inclinação dos homens em conhecer a verdade (LCO n. 77
§II) e a ajudar a Igreja a encontrar novos caminhos para a busca da verdade (LCO n.
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Missão
31. Ainda que os frades pertençam a uma província particular e sejam formados para
ela, em sua formação não devem esquecer o caráter universal da Ordem e sua
missão em toda a Igreja. Deve ser uma formação para a disponibilidade,
adaptabilidade e mobilidade em consonância com o caráter missionário universal da
nossa vocação.
33. Nossa formação nos inicia no seguimento de Cristo segundo o caminho idealizado
por São Domingos. Atingimos isso assumindo o modo de vida do qual falamos na
secção anterior (A). Tudo isto constitui a “cultura dominicana” na qual somos
Ratio Formationis Generalis 16
Maturidade
35. As pessoas também maduram cometendo erros, aprendendo a seguir a diante apesar
dos mesmos e, às vezes, aprendendo coisas importantes desses mesmos erros. Nós
“buscamos misericórdia na companhia dos outros” (Caleruega 1995 n. 98.3): uma
pessoa madura é a que pode receber misericórdia para si mesma e oferecê-la aos
demais.
36. A experiência da Cruz está no centro da vida cristã, uma vida vivida na “aflição e
alegria” (1Ts. 1-16). Necessitamos ajuda em qualquer etapa da nossa vida para
integrar as experiências de fracasso, decepção e perda com fidelidade a nossa
vocação. Uma tarefa da formação é ajudar os frades a madurarem deixando atrás os
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maus momentos e avançando para o que se deve fazer. A formação ajuda os irmãos
a se prepararem para os momentos pascais na vida do pregador.
38. A formação inicial continua por muitos anos e a formação permanente, por toda a
vida. Isso pode resultar, em alguns momentos, tedioso. É outro desafio e
oportunidade para madurar; para perseverar no viver o dia a dia de nossa vocação,
na observância regular; para viver esta vocação com constância e profundidade
(Providence 2001, n. 355).
39. Uma maturidade humana básica é essencial para aqueles que tem uma
responsabilidade especial na formação assim como para os assinados nas
comunidades de formação. Isso é necessário, especialmente, para mostrar modelos
positivos aos frades em formação inicial e evitar todo tipo de exploração dos frades
em formação por parte dos frades mais velhos.
41. Ser discípulo significa permanecer fiel à Palavra, permanecendo na verdade e assim
encontrar a verdadeira liberdade (Jo 8, 31-32). Há uma força em nossa vida que está
centrada simplesmente na busca da verdade: isso nos dá estabilidade; doutrina para
nos guiar; comunhão fraterna na amizade com Cristo e uma liberdade fortalecida
pela obediência (LCO n. 214 §II).
44. Um desafio para a formação é ajudar os frades a estabelecer uma nova relação com
suas famílias, desde dentro da opção de uma vida consagrada e na qual o mesmo
frade ajude sua família a entender o caminho que elegeu. As responsabilidades com
a família de origem de cada um podem variar de cultura a cultura e, às vezes, criar
tensões com as responsabilidades assumidas com a profissão. Estes temas
necessitam ser abordados o antes possível durante o tempo de formação inicial para
que as relações de família não sejam um obstáculo para a completa integração do
Ratio Formationis Generalis 19
46. O amor à Igreja está no coração de nossa vocação. A integração dentro da vida
dominicana é a interrogação dentro da vida da Igreja: é neste lugar e desta maneira
onde vivemos como membros do Corpo de Cristo. Estamos a serviço da Igreja na
maneira apropriada ao nosso carisma, e nossa missão sempre tem que estar
relacionada com a missão da Igreja em um lugar particular.
C. Os contextos da formação
47. Os contextos de formação na Ordem são bem variados, dependendo dos níveis de
educação, situações sociais e políticas, e as circunstâncias religiosas e eclesiais. Há
de ser considerado também o tamanho dos grupos de noviciado e estudantado; a
idade que os postulantes são admitidos; as tradições e costumes específicos de cada
província e inclusive de diferentes regiões dentro da província. A formação deve
inculturar ao nosso modo de vida, os frades de diferentes culturas e mentalidades,
oferecer-lhes simultaneamente a plenitude da vida dominicana e ajudar-lhes a entrar
em uma comunhão mais ampla, ou seja, mais católica. Outra consequência desta
diversidade é que aos formadores e comunidades de formação se lhes pede abertura
a novas possibilidades.
Ratio Formationis Generalis 20
50. Cada pessoa traz consigo seus próprios antecedentes e biografia, uma nova maneira
na qual a graça da vocação dominicana esteve atuando. O formador necessita ser
consciente das necessidades de cada indivíduo, igual que da dinâmica dentro dos
grupos; necessita ser prudente e paciente com o ritmo de desenvolvimento de cada
frade (Bogotá 2007, n. 200).
51. Em alguns contextos, os candidatos que entram à Ordem são mais velhos. Deve-se
ter cuidado para assegurar-se de que esses candidatos tenham suficiente
flexibilidade e abertura para adaptar-se à vida dominicana. Às vezes, os candidatos
entram como sacerdotes ou depois de haver estado em um seminário ou em outro
instituto religioso. Depois da profissão simples, os formandos que já foram
ordenados sacerdotes, permanecem na formação sob o cuidado de um mestre para
continuar sua iniciação na vida religiosa dominicana e preparar-se adequadamente
para a profissão solene. A Ratio Formationis Particularis deve considerar o limite
de idade para a admissão de candidatos, assim como as adaptações que possam ser
necessárias para receber candidatos mais velhos e candidatos que já tenham sido
ordenados.
Ratio Formationis Generalis 21
52. Quando o desejo de entrar na Ordem segue a uma conversão ou reconversão à fé, é
importante deixar claro que conversão e vocação estão relacionadas, mas que, por
sua vez, são distintas. É essencial que os candidatos experimentem a vida ordinária
da Igreja durante alguns anos antes de solicitar a entrada na Ordem. Isto os ajudará a
crescer na fé e apreciar a graça de um chamado a ser pregador a serviço da Igreja.
53. Nos contextos onde a vida religiosa e o sacerdócio oferecem um nível de vida mais
elevado do comum das pessoas ou dá um status social, os formadores devem ajudar
aos frades a purificar suas motivações para serem dominicanos e a viverem como os
conselhos evangélicos requerem.
54. Pode haver diferenças significativas entre culturas com respeito a assuntos de
sexualidade, orientação sexual, intimidade e atitudes com relação a homens e
mulheres. É necessário falar desses temas na formação inicial e permanente e
embasar nossas atitudes e comportamentos no que nos ensina o Evangelho.
56. Deve-se ganhar cada geração para Cristo e, por sua vez, cada nova geração traz algo
novo à Ordem, novas experiências, novos interrogantes, novo zelo apostólico. Os
formadores devem trabalhar para que cada geração de frades seja capaz de crescer,
trazer seus dons à Ordem e, gradualmente, compartilhar com os irmãos maiores a
responsabilidade da Ordem. Devem trabalhar também para assegurar que nossas
tradições se transmitam às novas gerações e que os irmãos mais jovens estejam
dispostos para receber e aprender dessas tradições.
Ratio Formationis Generalis 22
57. Como sacra praedicatio, cada comunidade dominicana é uma escola de pregadores
e uma comunidade em formação. Isto é verdade não somente das comunidades de
formação inicial, mas também de todas as comunidades. Cada uma tem quer ser um
lugar onde se encoraje e facilite a formação permanente dos frades.
60. A comunidade de formação deveria estar composta por frades que tenham uma
espiritualidade dominicana profunda, com variedade de dons e compromisso
apostólico, que respeitem e animem a vida intelectual, sejam amáveis e dialogantes,
confiem uns aos outros, sejam maduros emocionalmente, que tenham uma
capacidade de escuta e de reconciliação (cf. LCO n. 160, 180 §I, 215 e Bogotá 2007
n. 216). Onde seja possível, assinar-se-á às comunidades de formação inicial um ou
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mais frades cooperadores para que haja um testemunho vivente desta vocação para
os irmãos em formação e um apoio para as novas vocações a esta valiosa vocação na
Ordem.
61. A formação inicial pressupõe uma vida conventual forte para receber e formar novos
membros, formadores bem preparados e um número suficiente de noviços e
estudantes. Quando uma província ou outra entidade tem dificuldade para sustentar
suas próprias comunidades de formação se faz necessário a colaboração com outras
províncias, particularmente as que estão na mesma região.
62. É importante que os irmãos, onde seja possível, formem-se em sua própria entidade,
mas também é importante que tenham a melhor formação possível. Quando uma
província tem poucas vocações, há de se considerar o envio dos novos frades a um
noviciado e estudantado onde tenham um bom número de formandos das mesmas
idades. De modo especial onde haja uma distância significativa de idade entre os
frades mais velhos de uma província e os frades em formação. Uma parte muito
importante da formação é compartilhar a vida com os seus pares, o que, geralmente,
tem uma influência formativa importante. Deve evitar ter um só noviço no
noviciado ou muito poucos estudantes em uma província.
63. Como parte da visita canônica do prior provincial (cf. LCO n. 340), cada
comunidade de formação inicial deverá assegurar que o trabalho de formação é de
fato uma parte primária e integral no projeto comunitário e se os frades da
comunidade estão colaborando bem neste trabalho.
64. Depois da visita anual às comunidades de formação inicial, o provincial com seu
conselho revisará o ambiente em que a formação tem lugar, assim como a realização
do programa de formação. Eles devem assegurar que se dê as condições requeridas
para uma boa comunidade de formação, tanto no noviciado quanto no estudantado.
Em caso de dificuldades, também deve-se informar ao conselho provincial de
formação.
Ratio Formationis Generalis 24
65. O prior provincial deve estar seguro de que todo frade assinado a uma comunidade
de formação inicial está comprometido com este propósito. Quando tenha que
confirmar a eleição do prior de um convento de formação inicial, o prior provincial
perguntará se o frade elegido deseja realmente comprometer-se e participar na
formação dos frades e em sua integração dentro da comunidade. Deve assegurar-se
também de que o irmão elegido entenda a responsabilidade do mestre de formação e
como devem trabalhar juntos.
B. Os irmãos em formação
67. Dada a natureza da vida religiosa, cada frade é o principal responsável de sua
formação, ou seja, de seu progresso dentro do seguimento de Cristo que o chama
pelo caminho de São Domingos. Ele cumpre esta responsabilidade sob a guia do
mestre e de outros formadores (LCO n. 156). Não é somente questão de
compartilhar um conhecimento intelectual, mas é necessária uma participação ativa,
desejo de aprender e disposição para colaborar. Sem uma mútua confiança o
processo de formação não pode ter êxito.
68. O princípio “cada frade tem a principal responsabilidade de sua formação”, não
deve ser interpretado pelos formadores ou pelos frades em formação de um modo
que impeça uma apropriada intervenção e correção. “Subjetivamente” o frade tem a
principal responsabilidade de sua formação e “objetivamente” a comunidade e os
formadores têm a obrigação de assistir a ele no cumprimento dessa
responsabilidade.
Ratio Formationis Generalis 25
69. À medida que cresce o conhecimento de si mesmo, cada frade deve explorar como
interpretar sua própria experiência à luz da história da salvação, para que sua
história se entrelace com a de Cristo, na qual ela é incorporada pelo batismo, e
incorporada também na história da Ordem pela profissão. (LCO n. 265).
71. Os frades em formação inicial deveriam aceitar de bom grado a correção por parte
dos responsáveis da formação, aceitando que se busca seu próprio bem. Sem a
capacidade para dar e receber a correção fraterna não há progresso na vida
dominicana. Os frades em formação inicial devem ser introduzidos em alguma
forma de correção fraterna regular e recíproca.
72. Tanto para sua maturidade humana e espiritual, quanto para seu progresso na vida
dominicana, é de grande ajuda para os frades em formação ter um confessor habitual
e/ou um conselheiro espiritual a quem possam abrir confiadamente seu coração.
C. Os responsáveis da formação
74. Os formadores devem ser homens de fé e oração, retos em sua maneira de viver,
com capacidade de acolhida, escuta, empatia e de compreender o processo de
maturidade humana e cristã (Bogotá 2007 n. 200). Hão de serem frades que amem a
Ordem, com bastante experiência de vida e de trabalho apostólico, e que tenham
Ratio Formationis Generalis 26
75. A relação do mestre com os frades em formação inicial deve ser de testemunho e
maestria de nosso modo de vida, de um frade que ajude a fomentar o conhecimento
e a apreciação mútua e que mostre respeito pela liberdade e dignidade de cada um.
Ele tem que ser respeitado por sua dignidade e responsabilidade comunitária.
77. O formador sempre deve estar presente quando o capítulo ou o conselho conventual
discutem sobre o avanço de um frade sob seu cargo ou de um tema relacionado com
sua área de responsabilidade. Corresponde em primeiro lugar aos mestres da
formação informar sobre tais diálogos aos noviços e estudantes, para identificar
claramente as áreas que suscitam preocupação e para ajudar aos irmãos a
responderem as preocupações apresentadas.
78. Os frades nomeados mestres de formação devem contar com um tempo adequado,
especificado pelo capítulo provincial, para prepararem-se para essa responsabilidade
(cf. Trogir 2013 n. 133).
79. Os formadores sejam apoiados em seus trabalhos por toda a província. Esse respaldo
seja dado pelos superiores observando o que requer as constituições (LCO n. 185;
192 §II; 209; 214 §III; 370 §II), bem como de qualquer outra ajuda que se considere
útil.
Ratio Formationis Generalis 27
80. A formação dos formadores é preocupação constante nos recentes capítulos gerais.
A experiência mostra que as reuniões regionais de formadores são de grande
importância para ajudá-los em seu trabalho. Tais reuniões devem ser apoiadas e
facilitadas pelos provinciais de cada região.
82. Os mestres devem assegurar aos noviços e estudantes que o solicitem ou precisem o
acompanhamento espiritual ou psicológico que suas situações particulares requerem.
Nestes casos, sua função de formador não pode ser substituída pelo diretor espiritual
ou o acompanhante psicológico. Ao contrário, respeitando a legítima autonomia e
confidencialidade destes, corresponde ao mestre manter unidos os diferentes
aspectos que constituem a experiência da formação, buscando o bem do frade em
formação (cf. CIC n. 240 §§1-2).
83. Os formadores necessitam estar bem informados acerca das tendências atuais e as
pressões que vivem os jovens e ter certa sabedoria na compreensão de suas
implicações para aqueles que entram na Ordem (Providence 2001 n. 348). Às vezes,
as virtudes que se necessitam na vida religiosa foram negligenciadas ou, inclusive,
foram assumidas atitudes contrárias a elas em experiências prévias. A compreensão
da fé e da vocação religiosa pode ser seriamente incompleta e imatura.
de outra maneira, tomar-se-á uma decisão em favor da Ordem. É essencial que haja
uma boa comunicação entre os diferentes padres-mestres da formação cada vez que
os irmãos em formação passarem de uma comunidade à outra.
85a. O sócio para a vida fraterna e formação (LCO n. 425 §II) assiste o Mestre da
Ordem e as províncias no tocante à formação inicial e permanente (cf. Bolonha 2016
nn. 306-07). LCO n. 427-bis diz: Ad socium pro vita fraterna ac formatione in
Ordine praecipue haec pertinente:1° adiuvare Magistrum Ordinis in omnibus quae
pertinent ad vitam fraternam et ad formationem religiosam fratrum, sive
permanentem sive initialem; 2° omnes provincias adiuvare ut provideant ad
formationem religiosam fratrum et ad florescentiam vitae fraternae; 3° quando
oporteat, congregare simul magistros fratrum formationem initialem habentium sicut
et promotores formationis permanentis unius vel plurium regionum. 4° facilius
facere provinciis innovationem et formationem formatorum, sicut et augmentum et
executionem pianificationum provincialium ad formationem permanentem
spectantium.
D. Os conselhos de formação
87. O conselho local de formação deverá avaliar com regularidade a maneira em que os
frades em formação estão integrando-se na comunidade e o modo como a
comunidade os acolhe. Pode sinalizar aos formadores pontos que necessitam
atenção. Também tratará qualquer tema que seja proposto por um dos membros do
conselho e aprovado para discutir pela maioria dos membros (cf. Bogotá 2007 n.
209).
88. O conselho local de formação deve incluir o prior, o mestre, vice-mestre, caso haja,
e, por fim, outro membro da comunidade. Numa casa de estudantado será incluída
uma pessoa responsável pelos estudos locais e pode incluir um representante dos
frades em formação. A maneira de escolher o(s) membro(s) da comunidade e o
representante dos estudantes deve incluir-se na Ratio Formationis Particularis.
91. O conselho provincial de formação tem que ser convocado e presidido pelo prior
provincial ou por outro frade, como determinado na Ratio Formationis Particularis.
95. Os conselhos de formação, tanto locais quanto provinciais, devem estar atentos às
mudanças sociais e culturais em sua região e estudar suas consequências para a
vocação e formação.
96. Para fomentar vocações, devemos fortalecer nosso trabalho apostólico com a
juventude, incentivar os frades jovens a se unirem na promoção das vocações,
convidar toda a família dominicana para colaborar, especialmente as monjas com
Ratio Formationis Generalis 31
97. A promoção das vocações é tarefa de cada frade e de cada comunidade. Fazemos
isso através de tempos regulares de oração para as vocações através da fidelidade à
observância regular e vida comum, pelo testemunho apostólico de nossas
comunidades, falando da Ordem e sua missão com todos os que estão interessados e
estendendo a hospitalidade àqueles que estão discernindo sua vocação.
99. O promotor vocacional trabalha para tornar a Ordem conhecida e para informar as
pessoas sobre sua missão. O diretor vocacional acompanha mais de perto aqueles
que demonstraram intenção de entrar na Ordem. Em algumas províncias, esta
direção assume a forma de um postulantado ou pré-noviciado. A promoção e a
direção das vocações possam ser assumidas pelo mesmo frade ou as tarefas podem
ser compartilhadas. Em ambos os casos, os frades deverão ser providos de tempo e
recursos necessários para o seu trabalho.
ajudar na promoção ou direção das vocações, frades de outras províncias podem ser
convidados a ajudar neste trabalho.
105. O tempo que um candidato deve esperar entre seu primeiro contato e o momento
de pedir para entrar na Ordem variará de acordo com as circunstâncias individuais e
os costumes locais. Também depende do tempo e modo de preparação para o
noviciado de cada província.
108. Qualquer que seja a sua forma, é essencial que o postulantado ou o pré-noviciado,
não seja confundido com o noviciado, que deve manter seu caráter especial de
iniciação à vida religiosa dominicana (Trogir 2013 n. 144).
109. O tempo de preparação para o noviciado deve permitir uma transição gradual,
fornecendo tempo para uma adaptação espiritual e psicológica, ajudando o
candidato a entender as mudanças necessárias que devem ser feitas desde quando ele
entra na vida religiosa. Os candidatos sejam ajudados também a refletir sobre a
vocação do sacerdote e do frade cooperador na Ordem e para discernir sobre isso em
seu próprio caso.
110. Aos que estão se preparando para o noviciado devem ser estimulados a conhecer
algumas comunidades da província.
112. Não se pode esperar que os candidatos tenham uma motivação perfeita, nem que
estão preparados em todos os aspectos ao iniciar a formação na Ordem. Entretanto,
o desejo de escutar a Deus e de servir o Corpo de Cristo através da pregação deve
estar claramente presente (Trogir 2013 n. 139, n. 149).
Ratio Formationis Generalis 34
116. Além do relatório mencionado acima (n.115), o candidato deve ser entrevistado
por membros da comissão de admissão. Devem ser feitas perguntas sobre o contexto
de sua vida até agora, seu desempenho acadêmico e sua experiência de trabalho.
Devem ser solicitadas cartas de referências às pessoas que o conheça. As exigências
da lei da igreja e da lei civil no que concernem à defesa e à proteção dos menores
devem ser igualmente cumpridas.
117. Quando um candidato foi aceito para o noviciado, o mestre de noviços verificará
que todas as condições exigidas pelas nossas leis sejam cumpridas e que toda a
documentação necessária foi recolhida (CIC n. 642-645; LCO n.168-170). Devem
ser sempre respeitadas as regras locais sobre a divulgação de informações pessoais.
A Ratio Formationis Particularis incluirá uma política de retenção de documentos.
Ratio Formationis Generalis 35
118. Quando um candidato é reprovado para um de nossos noviciados, ele não pode ser
validamente recebido em outro sem um relatório escrito pelo provincial da província
que o reprovou. Este relatório deve explicitar claramente as razões da decisão da
província. Este documento deve ser entregue à comissão de admissão da província
em que ele agora apresenta o seu pedido e deve ser incluído junto ao relatório da
comissão entregue ao prior provincial.
119. Nos países onde os religiosos jovens estão obrigados ao serviço militar ou civil, a
Ratio Formationis Particularis deve especificar sob quais condições esses serviços
têm que ser cumpridos.
120. O noviciado inicia os frades no nosso modo de vida, que é o seguimento de Cristo
segundo o modo concebido por São Domingos: um modo de vida que se caracteriza
pela consagração religiosa, a observância regular, a pobreza, a vida fraterna comum,
a liturgia e oração, o estudo, e o ministério da palavra (LCO n. 2-153).
121. O noviciado deve ter algo do caráter de uma "experiência do deserto" com muitas
oportunidades para a solidão e oração. É um período de iniciação em que a entrada
do frade em um novo modo de vida deve ser claramente marcada pelos ritos de
passagem, particularmente pelo rito da vestição do hábito. O noviciado tem que
oferecer as condições necessárias para que o frade experimente uma nova
profundidade no encontro com Deus e consigo mesmo, assim como a sua iniciação
na realidade da vida fraterna em comum e para a missão apostólica da Ordem. O
noviciado é acima de tudo um tempo para ler a Bíblia, buscando entender seu
significado através da oração e do estudo, bem como de aprendizagem sobre as
condições e necessidades das pessoas no mundo.
124. O noviciado tem como objetivo ajudar o noviço a um discernimento maduro sobre
sua vocação (LCO n. 186). É também o início formativo no nosso modo de vida, já
que os noviços começam a interiorizar os valores e as atitudes do carisma apostólico
de São Domingos, vivendo-os.
125. Este momento de aprendizado progressivo dos diferentes elementos de nossa vida
dará prioridade à vida espiritual e à vida comunitária, bem como o desenvolvimento
de uma forte prática de oração, tanto pessoal como litúrgica.
126. Os noviços devem receber uma iniciação prática dentro da liturgia da Igreja e na
prática sacramental. O mestre de noviços os instruirá sobre a oração pessoal e
litúrgica e os ensinará como integrar isso diariamente em suas vidas. Ele se
esforçará em infundir neles o amor à vida litúrgica da Ordem bem como o apreço da
importância crucial que a mesma tem para formar e sustentar o pregador
dominicano.
131. Os frades devem estar conscientes de que, ao fazer a profissão simples, já estão se
comprometendo totalmente com Cristo e com a Ordem. Numa cultura que valoriza a
liberdade de escolha e as mudanças de trabalho, pode ser mais difícil imprimir nos
jovens o caráter definitivo da profissão. Eles devem ser ajudados a apreciar que
Cristo os sustentará em sua profissão já que é Cristo quem os chamou a seguir por
este caminho.
133. A primeira profissão é feita por um ano, dois ou três, conforme está determinado
no estatuto da província e pode ser renovado conforme está determinado no mesmo
estatuto. Deve-se fazer pelo menos três anos de profissão simples e não mais de seis
(LCO n. 195 §II; n. 201 § I).
134. Nas províncias em que o estatuto permite uma primeira profissão por um ano ou
três anos, estas duas possibilidades devem ser cuidadosamente consideradas entre o
mestre de noviços e cada noviço (cf. LCO n. 195 §II). Apenas em circunstâncias
excepcionais, os frades fariam a profissão por um ano para continuar a renovar a
cada ano.
135. O prior provincial deve ter segurança de que o noviço que pede para fazer a
profissão tenha sido informado sobre os votos e formado para vivê-los. Os frades
que examinam os noviços para a profissão também devem ter certeza sobre este
ponto.
136. Um noviço que tenha feito votos perpétuos ou profissão solene em outra
congregação, não faz a profissão simples no final do noviciado, mas se requere uma
votação decisiva do capítulo e do conselho conventual, com base na qual ele possa
continuar, com a permissão do prior provincial também, o período de prova ou se
deverá retornar ao seu instituto (cf. LCO n. 201 §II).
D. O estudantado
137. Nos anos entre a profissão simples e a profissão solene, o estudo acadêmico ocupa
um lugar privilegiado, mas não exclusivo, na formação dos frades. É um tempo de
maduração e importante integração na vida dominicana, assim como de crescimento
contínuo na fé.
138. Enquanto se dá ênfase adequada no estudo durante esses anos, os frades devem ser
ajudados para que integrem a formação intelectual com outros aspectos da nossa
forma de vida religiosa com os quais a formação está intimamente ligada. Seu
Ratio Formationis Generalis 39
140. Se os frades realizam seus estudos fora de uma instituição da Ordem, é necessário
que em sua comunidade se apresente o caráter específico do estudo dominicano.
Devem ser oferecidos cursos complementares de teologia e filosofia dominicana, em
particular, sobre a contribuição de Tomás de Aquino, bem como o ensino
dominicano sobre a vida espiritual, de acordo como requer a Ratio Studiorum
Generalis.
141. O mestre dos estudantes deve fornecer orientações e formações específicas através
de reuniões individuais regulares com cada frade estudante e reuniões com o grupo
do estudantado. Deve recordá-los do valor de ter um confessor habitual e ajudá-los a
encontrar um diretor espiritual ou aconselhamento quando necessário. Deve recordar
também, o papel da comunidade formativa que o ajuda em seu trabalho (cf. Parte II,
Seção A, acima) e outros frades na comunidade, sempre respeitando sua
responsabilidade específica como mestre.
143. Esta integração progressiva pode ser feita através de experiências apostólicas
práticas bem definidas durante o ano acadêmico ou experiências de apostolado mais
intensas durante as férias escolares, incluindo também a possibilidade de
interromper o ciclo de estudos (cf. n. 149 abaixo).
144. Essas experiências apostólicas devem assegurar que os frades estudantes tenham
contato com o mundo dos pobres, os explorados e os marginalizados, e que, ao
mesmo tempo, os introduza gradualmente nas fronteiras específicas da vida e
missão dominicana.
146. Também assegurará que os frades tenham férias e outros tempos livres. Estes
devem ser tempos de descanso e de enriquecimento para beneficiar mais plenamente
o tempo dedicado ao estudo e ao apostolado.
148. Quando possível, os frades estudantes devem passar algum tempo em outros
conventos da província para experimentar a vida e o ministério de outra comunidade
distinta da comunidade de formação. Isso ajudaria o frade estudante a integrar os
diferentes elementos de nossa vida em outro contexto. Isso também oferece uma
oportunidade aos frades de outras comunidades para avaliarem o progresso dos
frades em formação.
Ratio Formationis Generalis 41
151. Na preparação para os ministérios de leitor e acólito, bem como para a ordenação
diaconal e presbiteral, deve-se fornecer uma formação adequada, não apenas teórica,
mas também prática, sobre os deveres litúrgicos que esses ministérios implicam,
sobre a espiritualidade que deve caracterizar aqueles que os exercem e sobre o
compromisso apostólico que eles implicam.
155. É necessário cuidado e atenção à formação dos frades cooperadores para que
participem plenamente na vida e na missão da Ordem. Um frade cooperador mais
experiente, adequadamente qualificado, deve estar implicado na formação. Dito
frade deve ajudá-los a conhecer a história desta vocação na Ordem e seguir a Cristo,
de acordo com sua vocação específica, no caminho de São Domingos.
156. Durante os anos de formação, os frades devem ser advertidos sobre a tentação do
"clericalismo", não apenas em relação às pessoas externas à Ordem, mas também
em relação aos membros não ordenados da Ordem.
E. A profissão solene
158. Um frade pode ser admitido para a profissão solene após três anos de profissão
simples. Com a profissão solene, os frades adquirem voz ativa e participam
plenamente do capítulo conventual.
Ratio Formationis Generalis 43
159. O mestre de estudantes recordará aos frades que, em caso de dúvida ou hesitação,
eles têm a possibilidade de prolongar o seu tempo de profissão simples, não mais de
três anos (cf. LCO n. 201 § I).
162. Os frades cooperadores permanecem sob a autoridade do mestre até que culmine
sua formação, ou seja, ou com a profissão solene ou com a conclusão dos estudos
institucionais ou com a formação profissional (a que for mais tarde). Quando se
estabelece que a formação inicial termina com a profissão solene, o superior local ou
outro frade nomeado por ele deve acompanhá-los nos seus dois primeiros anos de
profissão solene.
163. Na preparação para a profissão solene, os frades devem ser ajudados em apreciar a
obrigação da celebração diária da Liturgia das Horas, mesmo quando não estão
presentes no ofício do coro.
F. O diaconato e o presbiterato
164. A missão da pregação é a missão específica confiada à Ordem pela Igreja. Pela
nossa profissão estamos "dedicados de uma maneira nova à Igreja universal,
completamente doados em pregar a palavra de Deus em sua totalidade" (LCO n. 1,
III).
Ratio Formationis Generalis 44
165. O ministério da palavra está intimamente ligado com os sacramentos e tem seu fim
neles (cf. LCO n. 105). Assim, existe um vínculo natural entre a missão da Ordem
em pregar e o ministério diaconal e presbiteral na Igreja.
168. Por petição própria ou por decisão do prior provincial, por sérias razões e bem
fundamentadas (CIC n. 1030), um frade pode permanecer como diácono por certo
período de tempo depois de completar seus estudos institucionais.
169. Os frades diáconos devem ter oportunidade suficiente para exercer seu próprio
ministério.
170. Embora exista um sentido natural de "graduação" no fim dos estudos institucionais,
particularmente quando coincide com a ordenação presbiteral, nossa formação
continua, não somente no período seguinte a profissão solene ou a ordenação, mas
por toda a vida.
Ratio Formationis Generalis 45
171. Desde a sua fundação, a Ordem tem sido chamada a proclamar a Palavra de Deus,
a pregar por todas as partes, o nome de nosso Senhor Jesus Cristo (LCO n. 1, I). Por
nossa profissão, estamos consagrados a viver a sacra praedicatio em toda a sua
totalidade, algo que se torna evidente quando a vida regular dos frades e seus
diversos apostolados de pregação formam uma síntese dinâmica que tem raiz na
abundância da contemplação (cf. LCO n. 1, IV).
172. Ser pregador é estar em constante diálogo com a palavra de Deus através da
contemplação e do estudo, oração e vida fraterna, em constante adaptação a
mudança dos tempos e circunstâncias. Nós lemos nas Escrituras sobre encontros
com Deus, onde pessoas dirigidas pela sua Palavra são chamadas à amizade com Ele
para missão. Vemos também que este encontro exige uma atitude aberta para a
conversão e renovação incessantes. Por esta razão, o pregador é chamado a
comprometer-se seriamente na formação permanente.
173. Isto significa para os frades uma forma particular de renovação contínua e
maturação de acordo com as diferentes etapas da vida, buscando ser verdadeiros no
que pregam por meio da palavra e do exemplo. Através da formação permanente,
nos mantemos atentos e buscamos entender os desenvolvimentos e preocupações do
mundo, interpretar a realidade social e política de nosso tempo. Mantendo a
esperança e compartilhando a fé, crescemos em integração humana e emocional, e
formamos uma comunidade de pregação ao serviço do povo de Deus (Trogir 2013
n. 124). Continuamos a renovar-nos constantemente, através da formação
permanente, entendida em seu sentido mais amplo e profundo, que, da mesma
maneira participando da vida divina (2 Pe 1, 4) e das experiências humanas que
Ratio Formationis Generalis 46
185. Deve haver uma reunião anual para os frades de uma província que tenham
completado sua formação inicial nos últimos seis anos. Nesta reunião irão refletir
sobre a experiência de integração em uma comunidade após a formação inicial, os
desafios do ministério apostólico e outros assuntos considerados relevantes. Quando
uma província tem um pequeno número desses irmãos, deve-se organizar reuniões
conjuntas em cooperação com as províncias vizinhas.
186. Os frades não devem se comprometer com ministérios pastorais e apostólicos que
exijam uma formação especializada sem ter a oportunidade de receber essa
formação. Os frades devem se preparar bem para as demandas específicas das
responsabilidades paroquiais e outras pastorais.
Ratio Formationis Generalis 49
187. Uma das tarefas para um sacerdote dominicano recém-ordenado é integrar o seu
sacerdócio com sua vida e espiritualidade. Os frades experientes devem ser solícitos
em compartilhar suas experiências nesta matéria. Do mesmo modo, os frades
cooperadores mais jovens devem ser acompanhados por frades experientes nos dois
primeiros anos após a sua formação inicial.
188. Os frades mais velhos devem estar atentos não apenas às necessidades ministeriais
dos frades mais novos, mas também às experiências de solidão, a diferença
geracional e a falta que podem caracterizar os primeiros anos fora do âmbito da
comunidade de formação (Providence 2001, n. 362).
191. Deve haver encontros regulares de formação permanente sobre o voto de castidade.
Isso inclui uma consideração das diretrizes da província em relação à vida
ministerial e o contato com jovens e pessoas vulneráveis. Deverá também
considerar-se o marco ético do exercício do nosso ministério, assim como outros
aspectos do comportamento ético apropriado (Roma 2010, n.199).
Ratio Formationis Generalis 50
192. A liturgia é sempre o diretor principal da nossa vida espiritual que está enraizada
na Palavra de Deus. Portanto, as comunidades devem refletir regularmente sobre
temas relacionados à liturgia: sua teologia e história, sua prática concreta e,
especialmente, seu lugar na espiritualidade do pregador dominicano.
194. Os frades mais velhos devem ser dentro da comunidade uma fonte de sabedoria
para os outros. A comunidade deve estar atenta às suas necessidades e deve garantir
maneiras para que continuem participando de forma significativa na vida da
comunidade.
195. Deve-se proporcionar encontros dos frades mais velhos da província para
refletirem teologicamente sobre a espiritualidade do envelhecimento, bem como
abordar assuntos particulares que os dizem respeito. Tais reuniões devem incluir
encontros com os frades mais jovens para refletir juntos sobre as diferenças
geracionais e as respectivas fortalezas.
196. O resultado de tais reuniões dos frades mais velhos, cuja rica experiência pode
oferecer um ponto de vista para a pregação dominicana, pode ser interessante para
toda a província e pode ser tratado nas comunidades locais.
Ratio Formationis Generalis 51
D. Identidade e missão
198. Devemos estar abertos a receber ajuda para refletir sobre as tensões geradas pela
vida moderna e suas implicações nos modos de vida tradicionais. Não estão
simplesmente fora de nós mesmos, afetando outros indivíduos e comunidades. São
tensões dentro de nós mesmos e de nossas comunidades que devemos compreendê-
las e respondê-las. Isso significa um engajamento não só às questões colocadas pela
fé, pela ciência e pela filosofia, mas também das questões colocadas pelos modos de
viver e praticar a fé.
199. Nossa forma de governo não pode funcionar a menos que aprendamos
continuamente e pratiquemos a arte do diálogo, ouvindo cada um, sendo preparados
para considerar outros pontos de vista, estar preparados para ajudar, sendo
preparados para tomar iniciativas. "Nossa preparação para a arte do diálogo nunca é
feita de uma vez por todas, e todos nós temos que aperfeiçoá-la e aprender
constantemente" (Bolonha 1998, n. 123, 3).
200. A formação permanente deve nos ajudar a ter confiança em Deus e respeito para
com os demais. Seu objetivo final é conseguir cura, esperança e renovação em
nossas vidas e nas vidas de todos aqueles confiados aos nossos cuidados.
Ratio Formationis Generalis 52
APÊNDICE
i. Cada província deve elaborar uma nova Ratio Formationis Particularis, adaptando os
princípios gerais e completando as estruturas básicas dadas nesta Ratio Formationis
Generalis.
iii. O prior provincial e seu conselho determinarão a maneira que a Ratio Formationis
Particularis deve ser redigida e revisada.
iv. Cada Ratio Formationis Particularis deve ser submetida ao Mestre da Ordem para
aprovação final.
12. Nos países onde religiosos jovens são obrigados a prestar serviço militar ou civil,
especificar as condições sob as quais esses serviços devem ser cumpridos;
14. Indicar se o mestre de estudantes tem que atuar também como diretor de formação
pastoral, se não, determinar como este diretor será nomeado;
15. Determinar as modalidades para a instituição dos frades como leitores e acólitos;
vii.
1. Nome da província de afiliação (cf. LCO n. 267-268).
2. Nome da província que recebe.
3. Nome do Frade.
4. Data de nascimento.
5. Data da profissão.
6. Cópia do documento de identidade do frade, bem como seu grupo sanguíneo e
qualquer outra informação médica relevante.
7. Detalhes de familiares a serem avisados em caso de emergência.
Ratio Formationis Generalis 55
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6
A. A formação de um pregador dominicano ................................................................. 6
B. O objetivo da Ratio Formationis Generalis ............................................................. 8
APÊNDICE ................................................................................................................... 52
A. O objetivo da Ratio Formationis Particularis ....................................................... 52
B. A preparação da Ratio Formationis Particularis ................................................... 52
C. Os conteúdos da Ratio Formationis Particularis................................................... 53
D. Elementos para um contrato quando noviços ou alunos se formam em outra
província ..................................................................................................................... 54