31-05-2018 Filariose Chagas
31-05-2018 Filariose Chagas
31-05-2018 Filariose Chagas
INTRODUÇÃO
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Nesta pesquisa abordamos sobre a prevalência da filariose linfática nas Aldeias de Quipetele e
Progresso do município do Dande, onde mostraremos a evolução histórica da filariose ao
longo do mundo, falaremos das características e patogenia do agente etiológico e em
consequência as sinais e sintomas, tratamento, diagnóstico e Prevenção da mesma patologia.
O termo filariose linfática, também conhecida por elefantíase - reúne as filarioses brugiana e
bancroftiana, transmitidas por mosquitos. A brugiana é a infecção pelas Brugia malayi e B.
timori, encontradas em forma endêmica apenas na Ásia. Em contraste com a bancroftose,
causada pela Wuchereria bancrofti, a doença crônica do sistema gênito-urinário (quilúria,
hidrocele e quilocele) não existe na filariose brugiana.
Diante do grave problema de saúde pública que essa parasitose representa e considerando as
peculiaridades biológicas da W. bancrofti, que possui o homem como único hospedeiro, a
OMS, lançou em 1997 o Plano Global de Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL), que
visa a eliminação da infecção através da interrupção da transmissão em todos os focos ativos
da doença até 2020. Tendo como estratégias o tratamento em massa das populações residentes
nas áreas endêmicas com drogas antifilariais e a assistência aos portadores de morbidade,
principalmente linfadema e hidrocele (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2005).
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Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atualmente
denominado Serviço de Referência Nacional em Filarioses – SRNF (ROCHA, 2008).
No continente Americano estima-se que existam 720.000 infectados, com registro de
transmissão da doença em quatro países: Haiti (aproximadamente 560.000 infectados), Brasil
(aproximadamente 60.000 infectados), República Dominicana e Guiana (ambos com
aproximadamente 50.000 infectados) (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE,
2007).
Para fundamentar as discussões que pensamos como de interesse para o presente estudo e para
atender ao seu objetivo mais geral que é o estudo da prevalência da filariose bancroftiana…
elegemos a questão do atual contexto sanitário de Angola, a importância do estudo da filariose
para o país e o referencial teórico da doença como os três aspetos introdutórios para estas
discussões. (BUNGO, 2002).
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1.1 PROBLEMÁTICA
A filaríase linfática causada pela Wuchereria bancrofti constitui um problema de saúde
pública, de magnitude significativa, que atinge pessoas de todas as idades e de ambos os
sexos em mais de 80 países, distribuídos principalmente nas regiões tropicais e subtropicais
em todo o mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma estimativa de que existem 120
milhões de pessoas portadoras de Microfilaremia (100 milhões com Bancroftose e 20 milhões
infetadas pelas Brugias) e mais de 900 milhões vivendo sob risco de adquirir a infeção
(Fontes,2005).
Em decorrência da escassez na investigação, assistência e acompanhamento dos pacientes
portadores da infecção filarial da importância do Serviço de Referência, da relevância dele no
rastreio e controle da doença no país.
Tem se notado a ausencia de dados e a ignorância dos habitantes sobre a doença em questão,
sinais e sintomas bem como metodos de prevenção.
Baseando-se nesses fatores expostos formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é a
prevanência de filariose linfática nos habitantes da comuna de Caxito, município do Dande
nas aldeias de Quipetele e Progresso?
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1.2 JUSTIFICATIVA
O interesse em escrever sobre esse tema partiu da necessidade de dotar a população de
conhecimentos e métodos de prevenção sobre a doença, por ser uma doença crônica com um
período de incubação prolongado e de início insidioso, cujos efeitos da doença não são
sentidos de imediato.
Esta doença é causada por um tipo de microrganismo (as Filárias) que tem como vetor
mosquitos do gênero Culex, Anopheles, Aedes e Mansonia spp, dependendo da região, e a sua
transmissão é dada pela picada do mosquito (vetor) transmissor do parasita que causa a
doença. As características geomorfológicas e o clima tropical de Angola, são elementos
preponderantes que determinam a existência de fatores epidemiológicos favoráveis à
disseminação dos vetores desta doença e em consequência disto causarem a proliferação da
Filariose linfática.
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2. OBJECTIVOS
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2.1 Geral
Avaliar a prevalência da filariose linfática nos habitantes em duas aldeias da Província do
Bengo, município do Dande durante o II° semestre de 2018.
2.2 ESPECÍFICOS
Caracterizar a população de acordo com dados sociodemográficos como idade,
género, proveniência;
Identificar a frequência da filariose linfática na população em estudo;
Determinar a frequência da população positiva para filariose em relação ao gênero, e
idade;
Identificar os fatores de risco nos habitantes acometidos por Wuchereria Bancrofti do
município do Dande nas aldeias de Quipetele e Progresso.
Observar a existência de processos obstrutivos (hidrocele e linfodemas) na população
afetada.
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3. REVISÃO DA LITERÁTURA
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3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA NO
MUNDO
A elefantíase consiste em uma doença parasitária originária da Polinésia, sendo
posteriormente introduzida na China e em outras regiões da Ásia e em seguida, no continente
africano. Acredita-se que a parasitose tenha sido introduzida nas Antilhas e na América do Sul
através do tráfico de escravos (LAURENCE, 1991).
Por volta dos séculos XVII e XVIII, por ocasião da descoberta das ilhas do Pacífico, a
elefantíase já era frequentemente registrada na Polinésia Oriental e Ocidental, o que veio a ser
posteriormente confirmado pelos missionários que lá chegaram. Do Leste Pacífico, através da
migração, a W. bancrofti teria sido introduzida na Ásia (LAURENCE, 1991).
Na Ásia a W. bancrofti distribui-se nas áreas de clima tropical e subtropical, com exceção das
áreas do deserto (SASA, 1976). A situação da filariose linfática na região do sudeste encontra-
se configurada através da endemicidade comprovada em oito países, com cerca de 62,4
milhões de pessoas infectadas (DAS, 1997). Somente a Índia detém 44% do total de casos da
região e possui cerca de 454 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, sendo 113
milhões residentes de áreas urbanas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000).
Encontram-se relatos da infecção filarial na Índia desde o século VI A.C., também, pode ser
encontrada descrição dos sinais e sintomas da doença século VII D.C. e a elefantíase nas
pernas foi descrita em Cochin por Clarke (1709). A microfilária foi diagnosticada no sangue
periférico em um homem hindu por Lewis em 1872 (SASA, 1976).
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No continente africano 84,76% dos países que compõem a região são endêmicos para filariose
linfática, estimando-se em 420 milhões o número de pessoas residentes em áreas de risco e
em 50,6 milhões o quantitativo de infectados pela doença, com taxa média de prevalência de 9%
(MICHAEL, 1997).
Nas Américas, os primeiros relatos de filariose linfática por W. bancrofti foram encontrados
na América do Norte, cidade de Charleston, Carolina do Sul (EUA); presumivelmente, a
introdução do parasito ocorreu pela imigração das Índias Ocidentais. Na América do Sul, a
introdução do parasito, provavelmente, deu-se através do tráfico de escravos de Barbados para
o Suriname (LAURENCE, 1991).
Haiti é um dos quatro países endêmicos nas Américas e apresenta cerca de 90% da carga da
doença por FL na região. Wuchereria bancrofti apresentou prevalência entre zero a 45% em
crianças e em 88% dos seus 120 municípios avaliados apresentou prevalência maior que 1%
(BEAU DE ROCHARS, 2004).
Antígenos circulantes do parasito foram detectados pelo uso do ICT em 87,9% em crianças de
133 comunidades no Haiti. Apesar de ter distribuição nacional, as maiores prevalências foram
diagnosticadas em Leogane e em Porto Príncipe (BEAU DE ROCHARS, 2004). Estudo
realizado por MADSEN (2004), no Haiti foram identificados resultados inesperados, em
comunidades diferentes no “planalto do Departamento Central” (BEAU DE ROCHARS,
2004). Apesar da localidade apresentar muitos canais de água poluída, onde as larvas do
mosquito são abundantes, a prevalência do antígeno filarial na comunidade de Hinche foi
baixa (1%). Em contraste, a comunidade rural de Saut d'Eau nas colinas, a uma altitude de
614 metros, teve antígeno circulante para o parasito 44% (BEAU DE ROCHARS, 2004).
28
Figura 1 – Distribuição geográfica da filariose linfática no mundo.
29
No ano de 1948, entre os meses de junho a setembro foi realizado inquérito para verificar a
prevalência de Wuchereria bancrofti na população da cidade de Manaus-AM. O total de 2.405
lâminas foram examinadas, sendo que 2% dos examinados foram positivo para microfilária de
W. bancrofti e em 0,6% para as microfilárias de Mansonella ozzardi (DEANE, 1949).
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não oferecia a mesma gravidade do passado (BRASIL, 1985). Entretanto, estudos realizados
nas cidades de Maceió-AL e Recife-PE questionavam o fato da endemia esta devidamente
controlada (FONTES, 2008).
Em Maceió-AL Dreyer et al. (1991), examinaram 731 militares, encontrando dois casos
positivos autóctones da localidade de Jacintinho. O inquérito realizado por Fontes et al.(1998)
com 10.857 estudantes de escolas públicas estaduais de Maceió-AL, no período noturno revelou
0,7% de casos de infecção filarial autóctones (FONTES, 2008).
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volvulus América subcutâneos lesões
Central e do oculares
Sul, Yemen cegueira
Vermes Nematoides das especies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori sao os
agentes causadores da FL. Nas Americas, onde foi introduzida pelos escravos, apenas a W.
bancrofti e causadora da FL, sendo, portanto, a especie que particularmente nos interessa,
pois e responsavel pelos casos que ocorrem no Brasil.
A W. bancrofti possui diferentes formas evolutivas nos hospedeiros vertebrados (humanos) e
invertebrados (mosquitos vetores), ou seja, filarias e microfilarias nos humanos e larvas nos
mosquitos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Os vermes adultos (filárias) apresentam sexos distintos e habitam o sistema
linfático (vasos de transporte e linfonodos), produzindo embriões (microfilárias) que se
desenvolvem em mosquitos hematófagos, principalmente do gênero Culex, que funcionam
como hospedeiro intermediário (FERREIRA, 1991).
32
O macho (Figura 2) mede de 3,5 a 4cm de comprimento e 0,1mm de diâmetro, com a
extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente. A fêmea mede de sete a 10cm
de comprimento e 0,3mm de diâmetro, possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina,
que e única e se exterioriza em uma vulva localizada próximo a extremidade anterior do
parasito. A reprodução é sexuada, possui dois tubos uterinos que ocupam grande parte do
corpo. Os ovos são observados na porção mais posterior, enquanto que os embriões e as
microfilárias imaturas mais próximas da vagina. (FONTES, 2005).
33
onde sofrem duas mudas, transformando-se em vermes adultos, cujas fêmeas liberam mf,
reiniciando o ciclo (DREYER, 1997).
Fonte: A – http://slideplayer.com.br/slide/3660053/
B - https://sites.google.com/site/infectologiafilariose/o-que-e-filariose/o-parasito
34
transformam-se em L1. Seis a 10 dias após, ocorre à segunda muda transformando-se em L2.
Esta cresce muito, e entre 10 e 15 dias sofre a terceira muda, e assume a forma infectante L3,
que migra para a probóscida do inseto. O tempo de transformação de L2 para L3 pode variar
em função da umidade e temperatura do ambiente (CHANDRA, 2008).
35
3.2.1 CLASSIFICAÇÃO DA FILA RIOSE
Reino Animalia
Filo Nemathelminthes
Classe Nematoda
Sub classe Secernentea
Ordem Spirulida
Sub ordem Spirulina
Superfamília Filorioidea
Família Onchocercidae
Sub família Oochocercinae
Gênero Wuchereria
Classe Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877)
Das espécies de filárias patogênicas que parasitam as populações humanas, cinco parece
estarem presentes em Angola, W. bancrofti, L. loa, O. volvulus, A. streptocerca e A. perstans.
(Bungo, 2002).
36
3.2.2 CICLO BIOLÓGICO
A Wuchereria bancrofti é um parasito heteroxênico e necessita de um estágio de maturação
em artrópodes, como hospedeiros intermediários e o homem como hospedeiro definitivo para
completar seu ciclo evolutivo (Figura 6). (FONTES, 2005).
O ciclo intrínseco ocorre a partir da penetração do estádio infectante (L3) (Figura 6) após ter
sido depositada pelo mosquito sobre a pele do indivíduo, no ato da hemofagia. A larva migra
através da circulação sanguínea e se instala nos vasos linfáticos ou linfonodos, onde realiza
duas mudas até atingir a fase adulta. Aproximadamente entre nove e 10 dias após a sua
penetração, o estádio L3, sofre a primeira muda e transforma-se em L4. (PAILY, 2009).
Fonte: http://biologymais.blogspot.com/2016/03/wuchereria-bancrofti-e-filariose.html
37
microfilárias, na corrente circulatória sanguínea periférica, pode obedecer a três padrões
distintos. A periodicidade noturna que é caracterizada por apresentar picos de filaremia entre
22:00h e 1:00h. Na sub periodicidade noturna as microfilárias podem estar presente durante
todo o dia sendo, porém a maior concentração no período noturno. E na periodicidade diurna
a microfilaremia pode ser diagnosticada durante todo o dia, com picos entre as 12:00 e 20:00h
(PAILY, 2009).
Na grande maioria dos países onde se verifica a ocorrência dessa doença, as microfilárias
apresentam uma periodicidade noturna bem marcada e encontrando-se em maior número na
circulação periférica entre aproximadamente 22 a 2 horas. (BUNGO, 2002). Segundo PINTO
(1986), em Angola a periodicidade é noturna.
120
100
80
60
40
20
0
08:00 12:00 15:00 18:00 20:00 23:00 01:00 06:00 08:00
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Chandra (2008) demonstrou que existe uma correlação entre as taxas de transmissão e o
sincronismo entre o período de maior proliferação do vetor, a temperatura, umidade do ar e a
evolução das formas larvais da W. bancrofti. Nos períodos onde a umidade do ar e
temperaturas favorecem a proliferação do vetor, muitas vezes não coincide com o melhor
período de desenvolvimento das formas larvais L2 para L3, podendo ser tão longo quanto seis
semanas, inviabilizando dessa forma a transmissão do parasito.
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3.3 O VETOR
Os vetores dos agentes etiológicos da filariose linfática são mosquitos do gênero Culex,
Anopheles, Aedes e Mansonia spp, dependendo da região. (SASA,1976)
O Culex é o principal gênero de vetor nas regiões onde a microfilaremia periférica é noturna,
coincidindo com o seu período de hemofagia sendo também o mosquito que ingere a maior
quantidade de sangue o que significa que ingere o número maior de microfilárias
(ALBUQUERQUE, 1999).
Apenas as fêmeas são vetores do parasito, porque somente estas são hematófagas. Nenhuma
espécie de culicideo dos gêneros Aedes e Anopheles foi incriminada como vetor em nosso
meio, embora transmitam a FL em outras partes do mundo (BRASIL, 2009).
Fonte: https://phil.cdc.gov/phil_images/20030925/1/phil_4464_lores.jpg
40
3.3.1 Modo de transmissão
A fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus ao picar pessoas parasitadas, ingere MF que no
tubo digestivo do inseto, apos poucas horas, perdem a bainha de revestimento, atravessam a
parede do estomago, caem na cavidade geral, alojam-se nos musculos torácicos e
transformam-se em larva salsichoide ou L1 (BRASIL, 2009; NEVES, 2011). Segundo a OMS
(1984) os mosquitos Anopheles são os vetores transmissores de paludismo e de filariose
bancroftiana, que é o caso do Município do Buco-Zau em Angola.
Seis a 10 dias apos o repasto infectante, ocorre a segunda muda originando a larva L2. Esta
cresce muito e, 10-15 dias depois, sofre a terceira muda transformando-se em larva infectante
L3, medindo aproximadamente 2mm, que migra pelo inseto ate alcancar a tromba ou
proboscida. O ciclo no hospedeiro invertebrado e de 15 a 20 dias em temperatura de 20-250C,
mas, em temperaturas mais elevadas, pode ocorrer em menor periodo. Quando o inseto vetor
faz novo repasto sanguineo, as larvas L3 penetram no novo hospedeiro atraves da pele lesada
pela picada do mosquito (nao sao inoculadas pelos mosquitos), migram para os vasos
linfaticos e, sete a nove meses depois, tornam-se vermes adultos, com as femeas gravidas
produzindo as primeiras microfilarias que vao para o sangue periferico do hospedeiro humano
(BRASIL, 2009). A transmissao ocorre unicamente pela picada da femea infectada de Culex
quinquefasciatus. Como a vida media de mosquitos do gênero Culex é de aproximadamente
um mes e o ciclo do parasito no inseto (de microfilaria ate larva L3) ocorre em torno de 20
dias, e curto o periodo de tempo no qual o vetor pode transmitir o parasito ao ser humano.
A maioria dos portadores de microfilarias nao tem sintomatologia aparente, porem funcionam
como fonte de infeccao e, do ponto de vista epidemiologico, necessitam de atencao para evitar
a dispersao da parasitose. A pessoa infectada pode transmitir microfilarias por longos
periodos, devido a longevidade dos vermes adultos, em geral 4 a 8 anos, podendo ser mais
(BRASIL, 2009; NEVES, 2011).
41
3.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA FILARIOSE LINFÁTICA
A filariose linfática causada por Wuchereria bancrofti não possui sinal clínico
patognomónico, sendo a enfermidade caracterizada por um amplo espectro de manifestações
como febre, linfangite, quilúria, hidrocele e elefantíase. Porém, encontra-se mais associada a
quadros mórbidos crônicos de hidrocele e elefantíase, que são as duas manifestações mais
estigmatizantes, que possui na maior parte das vezes, um caráter irreversível tornando o
indivíduo impossibilitado para o trabalho, além de afastá-lo do convívio social, o que origina
graves consequências socioeconômicas (DREYER, 1989).
As manifestações clínicas podem ser derivadas tanto dos vermes adultos quanto das
microfilárias. Enquanto os vermes adultos causam lesão, primariamente no vaso linfático, as
microfilárias são as responsáveis pela produção de manifestações extralinfáticas (DREYER,
2007).
A filariose linfática pode apresentar manifestações clínicas agudas, como mal-estar, estados
recorrentes de hipertermia, associados com quadros de linfadenite, uma reação inflamatória
aguda nos linfonodos, comuns nas regiões inguinais, axilar e epitrocleana, e/ou com linfangite
retrógrada, inflamação dos vasos linfáticos no sentido da raiz do membro para a sua
extremidade (FONTES, 2005).
A LFA (Figura 9) é causada pela reação inflamatória que decorre da morte de vermes adulto
espontâneo ou após o tratamento, enquanto que a DLAA é causada pela dilatação dos vasos
linfáticos e pelas reações inflamatórias causadas pelas substâncias imunomoduladoras
produzidas pelos vermes adultos (SHENOY,2008).
42
3.4.2 LINFADENOPATIA
A B
Fonte: https://sites.google.com/site/infectologiafilariose/o-que-e-filariose/manifestacoes-
clinicas
43
3.4.3 MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS
Na sua forma crônica, a filariose é responsável pelas principais alterações físicas incapacitante
do paciente, principalmente nos casos de elefantíase – que decorre das reinfecções recorrentes
da área com linfangiectasias. O linfedema (Figura 10 A) é um dos quadros mórbidos
corriqueiramente observados entre portadores de W. bancrofti. Ocorre por uma disfunção do
sistema linfático superficial, gerado pela sobrecarga causada pelo acúmulo de líquidos e
proteínas no tecido. Uma de suas complicações é o fibroedema, caracterizado pelo
endurecimento na textura da pele e do tecido subcutâneo devido à alta concentração de
proteínas presentes no líquido acumulado. A elefantíase (Figura 10 C) é uma manifestação
crônica normalmente irreversível, com repercussões sociais e econômicas negativas para seu
portador, uma vez que provoca deformidade estética, e em casos mais graves pode determinar
a incapacidade profissional ou até o isolamento social do indivíduo (GUEDES, 2004).
A B C
Fontes: A - http://www.angiologista.org/leitura-de-artigo.php?id=58
B - https://www.mdsaude.com/2009/02/inchaco-e-edema.html
C - https://www.news-medical.net/news/20130718/2209/Portuguese.aspx
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3.5 EPIDEMIOLOGIA
A doença é endêmica em várias regiões tropicais, englobando as Américas, Leste do
Mediterrâneo, Sudeste Asiático, África e Ilhas do Pacífico, com cerca de 72,8 milhões de
indivíduos portadores de filariose linfática bancroftiana em todo o mundo, segundo estimativa
da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1992 (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2008). Esta prevalência parece estar subestimada e o número real pode estar em cerca de cem
milhões de pessoas infectadas, sendo que parte significativa delas já exibe sinais de doença
aguda e/ou crônica (DREYER, 2007).
45
procura aqueles serviços, altura em que se produz lesões graves, muitas vezes desfigurantes, o
que torna esta endemia num flagelo silenciado em Angola. (BUNGO, 2002).
Num estudo sobre as microfilárias sanguíneas na Lunda (leste do país), Pires et al. (1959)
diagnosticaram a existência da filária de espécie Acanthoceilonema perstans
46
(Dipetalonema) e descobre a espécie Loa loa e estuda novamente O. volvulus e A. perstans .
Há referências de ser este autor (Sasa, 1976), o primeiro a admitir a possibilidade da
existência de filariose da espécie Wuchereria bancrofti no norte de Angola, nomeadamente
em Cabinda. Finalmente, Pinto (1986), num estudo integrado de filariose, paludismo e
tripanossomíase africana, estudou 460 indivíduos de ambos sexos na aldeia do Sinde,
Município de Buco-Zau, e constatou uma prevalência de parasitemia W. bancrofti e L. loa de
24,8% tendo como vetores, os mosquitos das espécies A. gambiae e A. funestus tanto para
filariose bancroftiana quanto para paludismo (BUNGO, 2002).
3.7. DIAGNÓSTICO
3.7.1 CLÍNICO
O diagnóstico clínico é difícil, pois os sinais e sintomas apresentados pelos infectados são
semelhantes às alterações clínicas comuns a várias outras doenças. Para auxilio desse
diagnóstico, é recomendada uma anamnese minuciosa do paciente, um exame físico
detalhado, associados ao diagnóstico laboratorial, principalmente se o paciente apresentar um
quadro de febre recorrente associado à adenolinfangite e eosinofilia pulmonar tropical
(FONTES, 2005).
A gota espessa de sangue (Figura 11) é muito utilizada em inquéritos epidemiológicos para a
pesquisa de microfilárias no sangue periférico do hospedeiro por ser uma técnica de baixo custo e
simplicidade para realização do exame. Esta técnica permite a identificação das diferentes
espécies de filarias, através da observação de características morfológicas específicas das
microfilárias. O teste apresenta uma boa sensibilidade em indivíduos com microfilaremia acima
10mf/mL de sangue, sendo recomendada a confecção de mais de uma lâmina para cada
examinado. O uso desta técnica é aconselhável inclusive em áreas onde existe a possibilidade de
ocorrer infeções mistas (FONTES, 2005).
47
das microfilárias no sangue periférico dos hospedeiros, entre as 22h00 e 24h00h (FONTES,
2005).
Figura 11 – Gota espessa de sangue corado por Giemsa.
Esse é o primeiro teste rápido para pesquisa de antígeno filarial é utilizado como recomendação
da OMS em programas de eliminação da filariose linfática implantados pelo mundo, para
mapeamento e monitoramento de áreas endêmicas. O teste de ICT utiliza um anticorpo
monoclonal conjugado a ouro coloidal que é mais estável do que os conjugados e substratos
encontrados no ensaio imunoenzimático (ELISA). A sensibilidade variou de 84,5% a 98,5% e a
especificidade de 72,4% a 100% (WEIL 1997).
A escolha das medidas mais adequadas para o tratamento dos pacientes portadores de filariose
linfática requer o conhecimento das diversas manifestações clínicas, assim como os seus
diferentes mecanismos patogênicos. Para o tratamento da filariose linfática, a Organização
Mundial da Saúde (OMS), preconiza a administração via oral do Citrato de Dietilcarbamazina
(DEC), utilizando uma posologia padrão de 6mg/Kg de peso durante um período de 12 dias
(DREYEG, 2002).
Ocorrendo falha no tratamento com a DEC pelo fato do paciente apresentar vermes adultos
não susceptíveis e continuar produzindo microfilárias e reaparecendo sinais clínicos, é
utilizado a coadministração da DEC com a ivermectina (6mg/kg e 400μg/kg de peso). Essa
indicação tem como objetivo a melhor ação microfilaricida da combinação das duas drogas e
consequentemente a obtenção de um maior tempo de clearance das microfilárias circulantes
(DREYEG, 2002).
A ivermectina é uma droga que atua diretamente sobre as microfilárias. Com uma única dose,
de 200 a 400 μg/kg, e mesmo após um ano, os níveis de microfilaremia são reduzidos e
49
comparam-se ao DEC. Não existe ação da ivermectina sobre os vermes adultos. Essa droga
também é usada para o tratamento da oncocercose e tem ação sobre outros parasitas, tanto
intestinais como pediculose e escabiose (PALUMBO, 2008).
Na África, onde pode existir a infecção por Onchocerca ou por Loa loa, com exceção do
Egito, há o risco potencial de reações adversas severas com o uso da DEC, tornando
impossível sua distribuição nas regiões endêmicas de bancroftose. Nessas áreas, a
coadministração de ivermectina e albendazol é o tratamento de escolha (AWADZI, 2003). Para
as drogas mencionadas e suas diversas combinações, o nível de cobertura populacional e a
duração do tratamento requerido para interromper a transmissão, não foram ainda
estabelecidos de forma precisa nas áreas endêmicas com diferentes espécies de vetores e com
diferentes cargas de microfilaremia (AWADZI, 2003).
50
3.9 PROFILAXIA E CONTROLE
Não existe um medicamento profilático para quem se encontra em áreas endêmicas, mesmo
que por pequeno período de tempo. Deve ser evitado o contato humano-vetor. O controle tem
com base principalmente três pontos básicos: tratamento de todas as pessoas parasitadas,
combate ao inseto vetor e melhoria sanitária. (NEVES, 2011).
Segundo Neves (2011), devemos ter em mente que a educação e o saneamento ambienta1
constituem elementos importantes e permanentes para a redução desses insetos vetores, como
também redução de várias parasitoses nas áreas urbanas. É expectativa da OMS, a eliminação
da filariose linfática como problema de saúde pública no mundo até o ano de 2020, com base
em programas regionais e multissetoriais que vêm sendo desenvolvidos nos países endêmicos.
Nas Américas, a natureza focal da infecção sugere que essa meta possa ser atingida antes da
proposta global.
51
3.9.1 PROGRAMA GLOBAL DE ELIMINAÇÃO DA FILARIOSE LINFÁTICA (PGEFL):
ESTRATÉGIAS ALTERNATIVAS
Após resolução da Assembleia Mundial de Saúde em maio de 1997, a Organização Mundial
da Saúde lançou o Programa Global de Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL) em 1998,
para eliminação desta endemia como problema de saúde pública até o ano 2020 (FONTES,
2012).
O PGEFL, para atingir seu pleno êxito, deve necessariamente alcançar dois objetivos:
interrupção da transmissão e a prevenção e alívio de incapacidades associadas à filariose
linfática (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). Para o planejamento das ações de
interrupção da transmissão é essencial à delimitação das áreas endêmicas da bancroftose
(SABESAN, 2006). As ferramentas mais utilizadas para este fim são os inquéritos
parasitológicos através da técnica de gota espessa de sangue e pesquisa antigênica por Binax
NOW Filariasis que apesar de eficazes, têm custo operacional elevado e no caso da gota
espessa, há a inconveniência do horário de coleta e processamento demorado (LEANG, 2004).
52
De acordo com essas informações faz-se necessário seguir as orientações da nota técnica do
Ministério da Saúde (2013), que para o controle de novos focos da doença é necessária
vigilância efetiva que garanta a investigação precoce e tratamento rápido dos casos, em razão
da possível migração de doentes provenientes de outros países, bem como da migração
interna no
53
4. METODOLOGIA
___________________________________________________________________________
54
4.1 TIPO DE ESTUDO
Realizou - se um estudo com abordagem quantitativa, do tipo Transversal. Usou – se a
amostragem Probabilística aleatória simples, onde rastreou – se a filariose linfática nos
habitantes do bengo, comuna de Caxito, Municípios de Quipetele e Progresso, durante o
segundo semestre de 2017.
O Bengo é uma província do norte de Angola, com capital na cidade de Caxito, no município
de Dande. A província tem 31 371 km² e é composta por seis municípios: Ambriz, Bula
Atumba, Dande, Dembos, Nambuangongo e Pango Aluquém.
A população da província do Bengo faz parte do habitat da etnia dos Ambundu. No entanto,
as migrações causadas em Angola pela Guerra da Independência levaram à constituição de
núcleos de Bakongo e de Ovimbundu no seu território.
A população total da província não para de aumentar. Segundo o censo 2014 (INE - Angola) o
município do Dande tem 217.929 habitantes. É limitado a Norte pelos municípios de Ambriz
e Nambuangongo, a Este pelos municípios dos Dembos e de Pango Aluquém, a Sul pelos
municípios de Cambambe e Ícolo e Bengo e a Oeste pelo município de Cacuaco e pelo
Oceano Atlântico. O município é constituído pelas comunas de Barra do Dande, Caxito,
Mabubas, Quicabo e Úcua.
As coletas de sangue foram realizadas a partir das 23:00h, onde de cada morador foram
retirados por meio da punção digital, posteriormente retirada com um tubo capilar
(heparinizado) 100μl de sangue,EDTA e houve a realização do teste de imunocromotografia
rápida (ICT card test BINAX).
56
As amostras de sangue foram obtidas por meio da punção digital, posteriormente retirada com
um tubo capilar (heparinizado) 100μl de sangue, depositadas na parte superior da almofada. O
cartão foi fechado após ser colocado o sangue, que juntamente com o anticorpo policlonal e
antígeno do parasito, percorrem uma membrana de nitrocelulose contendo anticorpo
monoclonal. É possível visualizar o resultado qualitativo após 10 - 15 minutos da realização
do teste.
57
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
___________________________________________________________________________
58
Os resultados encontrados nessa pesquisa são apresentados em conjunto com a discussão,
com a finalidade de facilitar a análise e a observação dos dados.
59
Tabela 2. Prevalência da filariose linfática nos habitantes avaliados com respeito a Idade.
Os resultados da tabela 2, mostram que a idade média dos habitantes avaliados era entre 16 a
90 anos, a maior prevalência foi na faixa etária dos 47 á 56 anos, que corresponde a 40 (20%),
seguido dos indivíduos das faixas etárias entre 17 á 26 anos que corresponde a 38 (19%) e a
faixa etária dos 37 á 46 anos correspondendo a 36 (18%). As menores prevalências foram
observadas nos indivíduos entre os 77 a 86 anos e também nos indivíduos com idade maior ou
igual a 87 anos de idade correspondendo de igual modo a 1 (0.5%) respetivamente.
Os casos positivos foram encontrados nos moradores das faixas etárias entre 27 a 36 com dois
(2) casos correspondendo a 1% e a faixa etária entre 67 a 76 com um (1) caso apenas
correspondendo a 0,5% totalizando uma prevalência de 1,5%. A maior Prevalência das
idades entre 47 e 56 anos que corresponde 40 (20%) observada neste estudo, deve-se ao facto
desta psequisa ter sido feito numa população que vive numa zona rural, onde a sua principal
actividade é a agricultura e o comércio na qual a predominância era de individuos jovens
adultos.
O estudo feito por BUNGO (2002), sobre a Situação epidemiológica da filariose linfática no
foco endêmico de Maceió-Alagoas, discorda com o nosso estudo pois em relação à
prevalência por idade notou-se uma prevalência mais alta na faixa etária de 15 a 49 anos com
33,45% (69), seguida de 23,81% (5) no grupo de 5 a 14 anos.
60
Tabela 3. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao Gênero e aos resultados.
Entre moradores examinados, foram encontrados 125 (62,5%) do gênero feminino sem
apresentar nenhum caso positivo. No gênero masculino uma percentagem de (37,5%) que
corresponde a 75 e um total de 3 (1,5%) de casos positivos.
Estes dados estão de acordo o estudo feito sobre a prevalência da filariose Bancroftiana e
Loana na vila do Buco-Zau, norte de Angola, onde mostrou que em relação ao sexo,
observou-se um moderado aumento da doença filarial no sexo masculino, mas sem
significância estatística. O predomínio do sexo masculino na doença filarial é referenciado na
pesquisa do Anosike et al. (1994). Em relação ao gênero, nota-se que quando comparada com
a idade e gênero dos indivíduos, observa-se prevalências maiores nos homens que nas
mulheres, situação corroborada por outros trabalhos da filariose, como nas Filipinas (Go,
1993), no Kénia (Estambale et al., 1994), na Etiópia (Jemaneh & Kesbede, 1995), na Índia
(Prakash et al., 1998), no Brasil (Rocha et al., 2000) e na Tanzânia (Massaga et al., 2000).
Especula-se que os homens tendem a expor mais o corpo do que as mulheres (Maciel et al.,
1994). (BUNGO, 2002).
61
Tabela 4. Distribuição dos habitantes avaliados relativo a proveniência e aos resultados.
N % N %
Quipetele 100 50 3 1,5 97 48.5
Observou – se na tabela 4 que 100 (50%), que corresponde a metade, eram da aldeia de
Quipetele e a mesma apresentou 3 (1.5%) de casos positivos correspondendo a outra metade
representado por 100 (50%), corresponde aos habitantes da aldeia do Progresso sem caso
positivo.
Estes dados coadunam com LIMA, (2007) no seu estudo sobre a Situação epidemiológica da
filariose linfática no foco endêmico de Maceió-Alagoas após a implantação do programa de
eliminação, onde disse que avaliando a proporção de microfilarêmicos entre as regiões que
apresentam a maior frequência (Feitosa, Pitanguinha e Canal do Reginaldo,) verificou – se
que não há diferença significativa entre as mesmas.
62
Tabela 5. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao tempo de permanência nas aldeias
e os resultados.
N % N %
5 – 9 anos 60 30 2 1 58 29
Observou – se na tabela 5 que 140 (70%) dos habitantes avaliados residem na sua aldeia a
mais de 10 anos na qual, 1 (0,5%) deste grupo é positivo a W. Bancrofti e 60 (30%) dos
habitantes residem entre 5 a 9 anos sendo entre estes 2 (1%) são positivos.
LIMA, (2007), no seu estudo sobre a Situação epidemiológica da filariose linfática no foco
endêmico de Maceió-Alagoas disse que verificando o tempo de residência na área endêmica
dos microfilarêmicos observou – se que os 118 (64,8%) nascidos em Maceió apresentaram
um tempo médio de 11,5 anos de residência nas áreas endêmicas.
O que coincide com o nosso estudo visto que há microfilarêmicos de 5- 9 e outro a mais de 10
anos na aldeia. Estes dados indicam que o habitante positivo que reside na aldeia a mais de 10
anos provavelmente serviu de fonte de contaminação aos habitantes positivos que se
encontram em menos tempo na aldeia, iniciando assim um ciclo de contaminação.
63
Tabela 6. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao uso do mosquiteiro.
N % N %
Sim 129 64,5 2 1 127 63,5
Observou – se na tabela 6 que (64,5%) da população faz o uso do mosquiteiro e (35,5%) não
faz, sendo que a maior parte da população faz uso do mosquiteiro isso implica uma
interrupção na tríade epidemiológica de doenças, reduzindo então os casos positivos para essa
doença. Um dado curioso, é que dos (64,5%) temos (1%) de positividade e dos (35,5%) temos
(0,5%) positividade. Os indivíduos que fazem o uso do mosquiteiro e ainda assim são
positivos, provavelmente da – se pelo facto da exposição de partes do corpo durante a
atividade laboral.
64
Tabela 7. Distribuição dos habitantes avaliados relativo a sintomatologia.
Sintomatologia N %
Linfoma de membro 0 0
superior
Linfoma de membro 0 0
inferior
Linfoma o seio 0 0
Hidrocele 0 0
Observou – se na tabela 7, um dado curioso, 200 (100%) dos habitantes examinados não
apresentaram manifestações clinicas, isso deu – se ao facto de 98,5% da população em estudo
ser negativa a antígeno da W. Bancrofti, e 1,5% que corresponde a (3) casos positivos. Dois
(2) destes residem nas aldeias entre 5 a 9 anos indicando haver possível contaminação recente,
e apenas um (1) caso a mais de 10 anos.
Segundo BUNGO (2002), nos seu estudo feito sobre a prevalência da filariose Bancroftiana e Loana
na vila do Buco-Zau, norte de Angola, analisou 1024 amostras onde as manifestações clínicas
foram observadas em 27 indivíduos (9%) sendo 19 (15,83%) no sexo masculino e, 8 (4,44%)
em feminino. Nos homens, foi mais prevalente a hidrocele com 13 casos (10,83%) e nas
mulheres, a linfedema com 5 (2,78%). Estes dados não estão de acordo com a nossa pesquisa
pois foi feita em uma zona Endêmica ao contrário do nosso estudo.
O que não coincide com o nosso trabalho pois o desenvolvimento da sintomatologia depende
muito do tempo de infeção, outro fator é que 98,5% da polução estudada encontra – se
negativa a filariose linfática.
65
6. CONCLUSÃO
___________________________________________________________________________
66
O presente estudo colaborou com a investigação da prevalencia da filariose linfática em duas
aldeias na Província do Bengo município do Dande, com antigemina de W. bancrofti. O
método de diagnóstico utilizado foi Texte Imunocromatográfico (ICT card BIMAX) foram os
preconizados pelo INSP/OMS.
Nesse estudo foram encontrados tres (3) casos positivos para antigenio de W. bancrofti, entre
os habitantes das aldeias de Quipetele e Progresso do município do Dande examinados sendo
a prevalencia de (1,5%).
Os habitantes das aldeias em estudo na sua maioria são do gênero Femenino com 125
correspondendo a (62,5%) dos avaliados e não apresentaram caso positovo.
No gênero masculino, foram avaliados 75 hábitantes que corresponde a (37,5%) e
apresentaram um total de tres (3) casos positivos, correspondendo a (1,5%), com a maior
faixa etária encontrada entre os 47 – 56 anos correspondendo a 40 (20%).
Os casos positivos são todas da aldeia de Quipetele, 140 habitantes avaliados correspondendo
a (70%), residem nas suas aldeias a mais de 10 anos.
Constatou – se que 129 habitantes avaliados que corresponde a (64,5%) fazem o uso de
mosquiteriro e 71 habitantes dos avaliados correspondendo a (35,5%) não fazem o uso do
mosquiteiro.
Quanto as manifestações clinicas, 200 dos habitantes avaliados correspondendo a (100%) não
apresentaram manifestações clinicas.
67
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
___________________________________________________________________________
68
A Filariose é uma infeção que atinge os seres humanos. Ocorre em diversos países, e em
Angola é de suma importância que a conheçamos, pois o nosso país encontra – se indicado
pela OMS como sendo uma zona endêmica. Predomina em áreas de maior pobreza e
urbanização inadequada. Os indivíduos afetados merecem atenção, mesmo os que não
apresentam sintomatologia, para não serem reservatórios e transmissores da doença.
Diante do que foi possível analisar, consideramos que a prevalência da Filariose linfática nas
aldeias de Quipetele e progresso, corrobora com o descrito na escassa literatura existente no
Pais sobre tal tema. E em virtude de acreditar que esse conhecimento tem relevante papel no
combate à filariose, pretendemos usar as informações encontradas na obtenção de elementos
que proporcionem o preenchimento de lacunas e a melhoraria dos serviços de saúde.
7.1 SUGESTÕES
__________________________________________________________________________
69
Ao Ministério da Saúde que efetue o monitoramento e avaliação do Programa Global de
Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL). Que faça o monitoramento efetivo, avaliação
epidemiológica e análise subsequente são necessários para atingir o objetivo de interromper a
transmissão da FL.
Que o Ministério da Saúde efetua uma campanha de tratamento no município e nas outras
áreas endémicas, onde foi encontrado os casos positivos para interromper a transmissão do
mesmo parasitas. Que realize o controle vectorial na zona identificada para impossibilitar a
transmisão do agente etiológico.
Que faça o uso de mosquiteiros com inseticidas, que evitam o contado do mosquito com o
homem. Efectuar a borrifação de inseticidas em domicílio, fazer o extermínio das larvas com
agentes químicos.
Fazer o uso de roupas que cubram a maior parte de pele possível, evitar o uso de roupas
escuras, fazer sempre o uso de repelentes principalmente quando se encontrar em áreas de
risco.
70
8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
___________________________________________________________________________
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