Coaching Psi Co Drama
Coaching Psi Co Drama
Coaching Psi Co Drama
SINOPSE
O artigo explica o que é coaching, sua estrutura, as dimensões onde atua
(autoconhecimento, ação e resultados desejados) e as abordagens e ferramentas
utilizadas. Responde, também, importantes questões, como: Quais são os norteadores
teóricos? Como se realiza uma sessão? Quanto tempo leva em média um processo
de Coaching? Qual o diferencial do psicodrama no coaching? O coach
psicodramatista, ao mesmo tempo que dá suporte à angustia do cliente, o estimula a
lutar por suas metas e convicções. Psicodrama e Coaching convidam à ação e à
mudança.
DESCRITORES
Coaching, Coaching com Psicodrama.
SUMÁRIO
I - Introdução
II - Constructo Teórico
III - Estrutura e Elementos do Coaching
IV - A Sessão de Coaching com Psicodrama
V - Conclusões
VI - Referências Bibliográficas
I – INTRODUÇÃO AO COACHING
Atuando como coach e tendo me especializado em psicodrama organizacional e
pedagógico, descobri na intervenção psicodramática ferramentas poderosas. O tema
‘Coaching com Psicodrama’ foi o escolhido para o meu projeto para fins de certificação
como psicodramatista junto a Febrap. Comecei a introduzir o psicodrama no coaching
em 2005, aplicando-o inicialmente em colegas psicodramatistas curiosos para
conhecer a técnica; depois, passei a utilizá-lo com clientes. Em 2006, eu e Joceli
Drumond, coach psicodramatista e minha supervisora de psicodrama, começamos a
ministrar cursos de Coaching com Psicodrama. O nosso objetivo é contribuir para
difundir cada vez mais essa nova abordagem de coaching.
Debra Benton (2002, p.1) explica que “um coach é alguém que instrui
particularmente, visando preparar uma pessoa para um trabalho específico ou
importante. A necessidade de coaching na vida corporativa pode estar no
desenvolvimento da liderança, no discurso, na etiqueta, na lapidação da personalidade,
na construção da segurança, nas habilidades das pessoas, nas relações públicas e
pessoais, no gerenciamento voltado ao crescimento, no gerenciamento de pessoas
difíceis ou mesmo na aparência”.
Drumond (2006) fala sobre as diferenças entre Coaching e Terapia. Na minha visão,
a principal diferença está no foco da abordagem do Coaching do presente para o futuro
(o que se quer). No Coaching, o passado é revisitado apenas rapidamente através de
reflexões e das cenas.
COACHING TERAPIA
COACHING TERAPIA
-Número previamente acordado de -Geralmente número não definido de
-Número previamente acordado de -Geralmente número não definido de
sessões sessões
sessões sessões
-Abordagem: presente futuro -Abordagem: passado presente
-Abordagem: presente futuro -Abordagem: passado presente
-Cliente vai em direção a objetivos -Cliente muitas vezes busca alívio para
-Cliente vai em direção a objetivos -Cliente muitas vezes busca alívio para
desejados dor e desconforto
desejados dor e desconforto
-Tarefas a cada sessão (desenvolver -Não utiliza tarefas
-Tarefas a cada sessão (desenvolver -Não utiliza tarefas
competências) -Foco: saúde mental do paciente
competências) -Foco: saúde mental do paciente
-Foco: plano para o futuro
-Foco: plano para o futuro
A intervenção psicodramática procura conectar a pessoa com sua emoção, para que
deixe emergir emoções que estavam cristalizadas e não resolvidas, e ao reviver, com
uma nova consciência, possa rematrizar o que já não lhe é adequado, porque agora
pode exercer novas escolhas. O coach, ao mesmo tempo em que dá suporte à angústia
do coachee, o estimula a lutar por suas metas e convicções.
II – CONSTRUCTO TEÓRICO
Espontaneidade: Resposta esperada
Papéis
Cluster
Matriz de Identidade
MATRIZ DE IDENTIDADE
São as respostas aprendidas a partir das vivências em um certo local (locus) e de
um estímulo (status nascendi). Estas respostas permeiam o comportamento humano,
devendo ser percebida para a sua manutenção ou mudança. Drumond (2006).
PAPÉIS
No mundo atual, vivemos diferentes papéis e cada papel precisa ser vivido de uma
forma determinada. Assim, o papel de irmão é sentido e vivido de forma diferente do
papel de pai. O mesmo acontece com o papel profissional como chefe, parceiro,
colaborador, que deverá ter suas distintas nuances. (Drumond, 2006). Segundo
Moreno, o eu emerge dos papéis, ou seja, antes mesmo de ter a noção do eu, da
personalidade ou de construir a linguagem falada a criança desempenha papéis.
CLUSTER DE PAPÉIS
Bustos (1990, p.110) fala que “todo papel possui aspectos coletivos e diferenciais
individuais”; “os papéis se agrupam segundo uma certa dinâmica” e “não funcionam
isolados, ao contrário, eles tendem a formar clusters (ramos). Há uma transferência
(espontaneidade) desde papéis não atuados aos que são atuados no presente. Esta
influência chama-se efeito cluster”.
Menegazzo (1994, pp.86-87) explica que “toda conduta reiterativa não espontânea,
equívoca ou elusiva aponta sempre para uma falha. Se conseguimos compreendê-la
como um significante, podemos seguir seu fio condutor. Assim, esse ato será um sinal
que mais cedo ou mais tarde nos fará desembocar na busca de suas motivações e nos
indicará por que esse papel ficou detido ou fixado nas matrizes do passado. Podemos
descobrir, então, que por trás das aparências existe uma cena ou série de cenas
acontecidas nos ‘locus’ daquelas matrizes evolutivas que condicionaram a fixação
desse papel ou do conjunto de papéis a um modo especial, no exato momento de seu
surgimento original”. “São as fixações e as ancoragens que condicionam a conduta
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humana não resolvida e a caracterizam como carente de liberdade, espontaneidade e
criatividade. A cada sintoma corresponde pelo menos uma cena que deve ser
investigada”.
Psicodrama e Coaching têm como resposta esperada a espontaneidade do
indivíduo.
AUTOCONHECIMENTO
O coaching amplia a consciência do cliente de “quem ele é” e de como atua no
mundo. O que o cliente quer agora e no futuro? Quais são as suas dificuldades e as
suas forças? Quais são as suas ações repetitivas e o que está por trás delas? O que
o cliente valoriza? Como estabelece suas prioridades? Como faz as suas escolhas?
O que o influencia nas tomadas de decisão? Quais crenças o limitam e quais o
impulsionam? Entender a razão de suas escolhas dá à pessoa mais flexibilidade e
mais possibilidade de dar novas respostas. É importante a pessoa ter consciência de
suas necessidades, pois quando elas não são atendidas, como em situações de
adversidades e muito estresse, fazem emergir emoções que estavam reprimidas.
RESULTADOS DESEJADOS
Para se chegar a algum lugar, é necessário saber aonde se quer ir. O coach ajuda
o cliente a ter objetividade e clareza do que quer alcançar, desde objetivos de longo
prazo (direcionamento de vida) a metas (curto prazo). Isso dá o foco e objetividade ao
trabalho a ser feito e possibilita o aprendizado do coachee ser avaliado, além de serem
feitos os ajustes necessários, durante o processo.
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AÇÕES
O que é preciso fazer para alcançar o resultado desejado?
São as nossas ações que nos possibilitam alcançar o objetivo pretendido e
determinam os resultados alcançados. O coaching, assim o psicodrama, convida para
a ação, é um processo de aprendizado e aprimoramento contínuo.
“Mesmo a não ação é uma ação”. Moreno.
CONTRATO
O cliente procura o coaching para melhorar a performance pessoal e/ou profissional.
É firmado um contrato especificando o trabalho a ser feito, o número de sessões,
condições etc. Muitos coaches estipulam pacotes de 10 a 15 sessões, que vão sendo
renovados de acordo com a necessidade e interesse do cliente, e de 2 a 3 sessões
para questões pontuais. A fixação do número de sessões é importante para dar
objetividade ao trabalho e para a aferição dos resultados.
SESSÕES DE COACHING
A cada sessão, são exploradas as dificuldades que o cliente está lidando, dentro do
plano de ação estabelecido, ou até novas questões que vão surgindo e que se
mostram mais urgentes, em comum acordo entre coach e coachee. Ao final, são
acordadas tarefas, que dão o feedback do aprendizado do coachee.
O que caracteriza o coaching é que o objetivo acordado no contrato tem de ser
alcançado, a menos que seja alterado em comum acordo entre o coach e o cliente.
TAREFAS
“Entre uma sessão e outra, o cliente é desafiado a fazer algo diferente, confrontar
hábitos e crenças, viver seus valores. O mais importante da tarefa é que o cliente
aprenda algo sobre seus recursos. O aprendizado está no feedback, não em um
resultado satisfatório” (O’Connor, 2004, p.146). A tarefa deve ser clara e específica. O
que o coachee fará? Quando? Quem estará envolvido? Quando o coachee e o coach
discutirão o que aconteceu?
AVALIAÇÃO
Ao final de cada sessão geralmente é feita uma avaliação, para aferir o aprendizado
do coachee, e o seu sucesso ou não no desenvolvimento da nova competência.
Da mesma forma, na conclusão do processo é feita a avaliação final e renovado ou
não o contrato, dependendo do interesse do cliente na continuidade.
Presente Futuro
Ferramentas:
-Básicas
-Específicas
AVALIAÇÕES
PERGUNTAS OU CONSIGNAS
Para Finlayson (2001, pp.4-6), “as perguntas expõem os problemas”, “impulsionam
para a ação e dão direção, mesmo quando não se tem ainda um destino final”.
O’Connor (2003, p.159) diz que “é impossível não responder a uma pergunta – você
precisa pensar em sua experiência mesmo que não tenha uma resposta. Perguntas
provocam uma busca transderivacional”. Você vasculha suas idéias, recordações e
experiências em busca de algo que permitirá fazer sentido da pergunta. Nesse
sentido, a forma da pergunta estabelece limites à extensão de sua busca.
Menegazzo (1994, pp.12 e 51) explica que “no aspecto teórico, as perguntas são
sempre mais importantes que as respostas. Estas devem ser consideradas simples
marcos no caminho acumulativo e apositivo que nos aguarda. Para transitar nesse
caminho, faz falta o estímulo permanente das perguntas inquietantes. São as
perguntas que nos aproximam da verdade; as respostas são sempre insuficientes. Elas
estão ali, nas representações fundamentais das lendas em um código às vezes
obscuro, outras vezes ambíguo, mas sempre passível de ser decifrado.”
OUTRAS TÉCNICAS
Existem muitas técnicas que dão um bom suporte ao trabalho de Coaching. A Roda
da Vida, por exemplo, é uma ferramenta simples de avaliação da satisfação atual e da
satisfação desejada do cliente com a sua vida em determinadas áreas, 6 a 8 em geral;
por exemplo: finanças, diversão & lazer, saúde, auto-desenvolvimento,
relacionamentos, romance. E ajuda a identificar com mais rapidez que áreas trabalhar
prioritariamente para fazer um balanceamento.
Ao falar sobre ele, a pessoa está se perguntando: O que é importante aqui para
mim? E para as outras pessoas? O que isso me agrega? Qual é a sua relação
com...? Como... mexeu comigo? Em que momento estou presente nesse contexto? É
muito interessante observar aqui grandes insights do coachee ao reconhecer suas
ações repetitivas (padrões), quando exploramos o seu átomo social ao longo de um
período longo. Muitas vezes, eles arregalam o olho e falam: Eu nunca tinha percebido
isso!
O role playing, por sua vez, é muito utilizado no desenvolvimento de novos papéis e
competências. Ele possibilita “colocar o indivíduo frente a situações semelhantes a
aquelas reais”, em que ele pode vivenciar previamente “o papel numa situação mais
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protegida, onde serão apontadas... suas falhas e acertos no desempenho. Nessa
situação, terá oportunidade de desenvolver o papel... mais rapidamente que na
situação real” (Soeiro, 1995, p.110).
V - CONCLUSÕES
O Coaching é um processo que ajuda o profissional a elaborar melhor o seu papel e a
elevar o seu nível de competências (conhecimento, habilidades e atitudes - CHA) e o
desempenho pessoal e profissional, seja desenvolvendo novas competências ou
aprimorando as atuais, seja lidando com dificuldades que podem comprometer os
resultados da empresa e que podem ser ofuscadas pelos problemas do cotidiano. O
cliente é ajudado a reconhecer e a desenvolver suas forças, a superar resistências
internas e interferências e a funcionar como parte de um time. O objetivo é ampliar o
autoconhecimento do cliente e a clareza do que ele quer e do que é necessário fazer
para alcançar os resultados desejados. É dada ênfase a fortalecer a identidade e os
valores e trazer os sonhos e os objetivos para a realidade.
O coaching pode ser feito a partir de diferentes abordagens e ser direcionado para
diferentes áreas de atividades. O diferencial do Coaching com Psicodrama está na
forma rápida e eficaz de explorar as ações repetitivas e trabalhar os aspectos
comportamentais do coachee, para que ele possa lidar com seus bloqueios e possa
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rever seu papel profissional e aprimorar as suas competências. Procura-se conectar a
pessoa com sua emoção, para que deixe emergir emoções que estão cristalizadas e
não resolvidas, e ao reviver com uma nova consciência, possa rematrizar o que já não
lhe é adequado, pois agora pode exercer novas escolhas. O coach, ao mesmo tempo
em que dá suporte à angústia do coachee, o estimula a lutar por suas metas e convicções.
VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, Ane. Coach: um parceiro para o seu sucesso. São Paulo: Gente, 1999.
BARBERÁ, Elisa López et Knappe, Pablo Población. A Escultura na Psicoterapia:
psicodrama e outras técnicas de ação. São Paulo: Agora, 1999.
BENTON, D.A. Faça o que eles fazem: técnicas de coaching para o desenvolvimento
profissional. São Paulo: Negócio, 2002.
BUSTOS, Dalmiro M. Perigo, amor à vista. São Paulo: Aleph, 1990.
DRUMOND, Joceli et Boucinhas, M.F. Apostila do Curso de Coaching com
Psicodrama. Rio de Janeiro, 2006.
FINLAYSON, Andrew. Perguntas que resolvem. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
FREIRE, Cristina A. O corpo reflete o seu drama: somatodrama como abordagem
psicossomática. São Paulo: Agora, 2000.
GOLDSMITH, Marshall et alli. Coaching: o exercício da liderança. Rio de Janeiro:
Elsevier: DBM, 2003.
MARTIN, Eugênio Garrido. Psicologia do Encontro: J. L. Moreno. São Paulo: Agora,
1996.
MENEGAZZO, Carlos M. Magia, Mito e Psicodrama. São Paulo: Agora, 1994.
MORENO, J.L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1974.
MORENO, Zerka, et alli. Realidade Suplementar e a Arte de Curar. São Paulo:
Agora, 2001.
O’CONNOR, Joseph et Lages, Andrea. Coaching com PNL. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2004.
O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolinguística. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2003.
RUBINI, Carlos. O Conceito de Papel no Psicodrama. in Revista Brasileira de
Psicodrama, v.3, n.I, 1995.
SAMPAIO, Mara. Psicodrama e Coaching: desenvolvimento de competências. In
XIV Congresso Brasileiro de Psicodrama. São Paulo, 2006.
SOEIRO, Alfredo Correia. Psicodrama e Psicoterapia. São Paulo: Agora, 1995.