Cartilha Autismo WEB
Cartilha Autismo WEB
Cartilha Autismo WEB
DOS DIREITOS DA
PESSOA AUTISTA
GESTÃO 2016/2018
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal
Conselheiros Federais
Ibaneis Rocha
Marcelo Lavocat Galvão
Carolina Petrarca
Severino Cajazeiras
Felix Angelo Palazzo
Manuel de Medeiros
Conselheiros Seccionais
Adair Siqueira de Queiroz Filho Cristiane Rodrigues Britto
Adelvair Pego Cordeiro Cristiano de Freitas Fernandes
Alceste Vilela Júnior Cristina Alves Tubino
Alessandra Camarano Martins Denise Andrade da Fonseca
Alexandre Vieira de Queiroz Denise Aparecida Rodrigues Pi-
Ana Carolina Reis Magalhães nheiro de Oliveira
Andre Lopes de Sousa Dino Araújo de Andrade
Antonio Gilvan Melo Divaldo T. de Oliveira Netto
Antonio R. Machado de Sousa Edvaldo Nilo de Almeida
Bruno Nascimento Coelho Elaine Ferretti Costa Starling
Camila Gomes de Lima Erik Franklin Bezerra
Camilo A. S. Noleto de Carvalho Ewan Teles Aguiar
Carlos Augusto Lima Bezerra Fabiana Soares de Sousa
Christiane Rodrigues Pantoja Felipe de A. R. Bayma Sousa
Claudio Demczuk de Alencar Fernanda G. da S. Martins Pereira
Claudio Santos da Silva Fernando de Assis Bontempo
Cleider Rodrigues Fernandes Fernando Luis R. Otero Villar
Cristiane Damasceno Leite Fernando Martins de Freitas
Flavia Dias Amaral Marcone Guimarães Vieira
Frederico Bernardes Vasconcelos Maria Dionne de Araújo Felipe
Glauco Alves e Santos Mariana P. G. de Queiroz Velho
Hellen Falcão de Carvalho Mariano Borges de Faria
Igor Martins Carvalho Rodrigues Marilia Mesquita Araujo
Ildecer Meneses de Amorim Marlúcio Lustosa Bonfim
Indira Ernesto Silva Quaresma Maurício de F. Correa da Veiga
Italo Maciel Magalhães Og Pereira de Souza
Janine Malta Massuda Paulo Renato Gonzalez Nardelli
Joao Paulo Amaral Rodrigues Pierre Tramontini
José Domingos Rodrigues Lopes Rafael Thomaz Favetti
José Gomes de Matos Filho Renata de Castro Vianna Prado
Juliana Gonçalves Navarro Renato Guanabara Leal Araújo
Kildare Araujo Meira Ronald S. Barbosa Filho (licenc.)
Laura Maria Costa Silva Souza Sérgio Palomares
Leandro Daroit Feil (licenciado) Silvestre Rodrigues da Silva
Leonardo H. M. Moraes Oliveira Silvia Andrea Cupertino
Liliana B. do N. Marquez Sueny Almeida de Medeiros
Livia Magalhaes Ribeiro Thais Maria R. de Resende Zuba
Lucia Divina B. Bessa Martins Thiago Machado de Carvalho
Luciana Ferreira Gonçalves Victor Emanuel Alves de Lara
Luiz Gustavo Barreira Muglia Walter de Castro Coutinho
Manoel Coelho Arruda Júnior Wanderson Silva de Menezes
Marcelino R. Mendes Filho Wendel Lemes de Faria
Marcelo Martins da Cunha Wesley Ricardo Bento da Silva
Marcelo Oliveira de Almeida
CAADF
Presidente: Ricardo Alexandre R. Peres
Vice-Presidente: Pedro Anísio Mendes
Secretário-Geral: Maxmiliam Patriota Carneiro
Secretária-Geral Adjunta: Clarisse Dinelly Ferreira
Diretor Tesoureiro: Marcelo Lucas de Souza
Suplentes: Daniela Caetano e Daniel da Silva Antunes
COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA AUTISTA
9
Diante da relevância do tema, a Comissão de Defesa dos Direitos
da Pessoa com Autismo da OAB/DF – primeira com essa temática cria-
da no âmbito das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil – espera
cumprir sua missão institucional de defender a Constituição Federal, os
direitos humanos e a boa aplicação das leis, colaborando para a formação
de uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva.
10
APRESENTAÇÃO DA SEGUNDA EDIÇÃO
A primeira edição da Cartilha sobre os Direitos da Pessoa com Au-
tismo da OAB/DF foi um sucesso. Requisitada em todo Brasil, atendeu
a um grande número de pessoas ansiosas por informação e abriu espaço
para novas discussões sobre os direitos da pessoa autista. Ao ver esgotada
a impressão da primeira edição, discutimos se faríamos nova impressão
da primeira edição ou uma nova edição da cartilha. Entretanto, percebe-
mos um grande número de mudanças na legislação pátria e entendemos
que seria importante rever inclusive alguns conceitos básicos abordados
anteriormente.
A primeira mudança pode ser vista no nome do novo compêndio
que agora é “Cartilha sobre os Direitos da Pessoa Autista”. Tal mudança
se deu em decorrência da reivindicação das autistas colaboradoras da
nossa Comissão. O posicionamento atual do Movimento Social protago-
nizado por autistas - não só no Brasil, mas no mundo - é o da linguagem
seguindo os parâmetros da “Identity First” (identidade em destaque), que
entende que dizer “pessoas com Autismo” significaria que o Autismo é
algo “extra”, que pode ser separado do indivíduo, enquanto “pessoa au-
tista” implica no Autismo como uma condição indissociável, que está
presente durante toda a sua vida e que, portanto, é um dos elementos que
compõe a identidade do indivíduo enquanto pessoa. Em respeito à pre-
ferência expressa pelo próprio grupo, essa cartilha usa o termo “pessoas
autistas” ao invés de “pessoas com Autismo”.
A segunda mudança é o conteúdo. Com a entrada em vigor da Lei
Brasileira de Inclusão e sua aplicação nos tribunais, começam a se con-
solidar novos entendimentos importantes para todas as pessoas com de-
ficiência, trazendo novas configurações jurídicas a direitos que começam
a se consagrar.
11
Esperamos que este repositório nos ajude no cumprimento do papel
que nos foi conferido, difundindo tais direitos e contribuindo verdadeira-
mente para a conscientização da população.
IDALVA FERNANDES
Secretária-Geral da Comissão de Defesa dos
Direitos da Pessoa Autista da OAB/DF
12
INTRODUÇÃO
Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Preven-
tion), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, hoje se estima que
uma a 59 pessoas sejam autistas1. A partir deste dado, pode-se calcular
que o Brasil, com seus 209,3 milhões de habitantes, possua cerca de 3
(três) milhões de pessoas autistas.
Muitas delas seguem sem qualquer diagnóstico, tendo em vista que
o mesmo se confirma por análise clínica e multidisciplinar, não havendo
qualquer exame definitivo e específico para se enquadrar alguém dentro
do espectro autista.
Sabemos que poucos brasileiros têm acesso à rede de saúde públi-
ca e privada especializada na saúde mental e que não temos, no Brasil,
Centros de Referência e Diagnóstico do Espectro Autista, o que explica
a dificuldade de se conseguir um laudo médico definitivo e assertivo,
deixando muitos autistas e famílias desamparados de direitos básicos ine-
rentes às pessoas com deficiência.
Pensando nessa realidade de falta de conhecimento da população,
dos poucos espaços especializados, dos escassos profissionais, é que a
Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal, compre-
ende a grande necessidade de disseminar o máximo de informações que
possui sobre o autismo e os direitos das pessoas autistas.
Dessa forma, a presente Cartilha tem por objetivo orientar pessoas
autistas, seus pais e mães, familiares, amigos, profissionais das diversas
áreas multidisciplinares de atendimento, profissionais que lidam com o
público, comunidades, servidores públicos, advogados, cidadãos e cida-
13
dãs acerca dos direitos dessas pessoas e da melhor forma de efetivá-los, a
fim de garantir sua plena cidadania e participação em sociedade.
Com o intuito de facilitar e tornar um pouco mais didáticas essas
orientações, dividimos a Cartilha em quatro partes:
1ª Referenciais históricos;
2º Explicação sobre cada direito dos autistas;
3º Perguntas e Respostas;
4º Glossário.
Na primeira parte, buscamos disponibilizar e facilitar o acesso a
referenciais teóricos e históricos sobre os direitos das pessoas com defici-
ência, no qual se inserem os direitos das pessoas autistas, para que sirvam
de apoio àqueles que se interessem no aprofundamento do tema.
Na segunda parte pontuamos um a um os principais direitos.
Na terceira parte, selecionamos as perguntas mais frequentes re-
cebidas pela Comissão nos últimos anos e compilamos para servir como
um caminho rápido de informações para aqueles que precisam resolver
demandas urgentes e efetivar direitos imediatos e pontuais.
Na sequência, apresentamos um glossário para facilitar que se en-
contrem os tópicos mais importantes, dentro de cada assunto.
Esperamos, assim, que o presente trabalho possa servir como ob-
jeto de consulta e ajude todos na construção de um Brasil mais justo e
solidário para as pessoas autistas.
14
REFERENCIAIS HISTÓRICOS E DE LEGISLAÇÃO
1 (Silva, J.L)
2 (Alves, 1992)
3 (Silva, O.M, 1986)
4 (Melo, 2004)
15
tida como fator impeditivo do caráter humano. À pessoa com deficiência,
era negado inclusive o direito de oferecer sacrifícios a Deus.5
Com o Cristianismo, o olhar sobre a deficiência ganha ares de cari-
dade. A deficiência embora passe a ser acolhida por um lado, não é aceita
por outro, tendo em vista que sempre vem acompanhada da esperança
de cura e de livramento, deixando a impressão de que sua existência não
combina com uma vida plena e que se trata de uma doença.
Na Idade Média, volta-se à crença em concepções mágicas e mís-
ticas em relação à pessoa com deficiência. A deficiência é vista como
castigo divino.
A Idade Moderna trouxe com o Renascimento uma atitude mais
humanitária nas relações sociais, principalmente devido ao avanço da
ciência e das práticas filosóficas, onde se começa a pensar na questão da
deficiência física e na necessidade de reabilitação dessa população.
Conseguinte, a Idade Contemporânea, palco da Revolução Indus-
trial, testemunha um considerável aumento no número de pessoas com
deficiência: em razão do trabalho nas indústrias e da operação de ma-
quinários em condições precárias, a deficiência passa a ser uma realida-
de mais sensível a qualquer pessoa, enquanto antes era considerada um
“infortúnio” do nascimento. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial,
crescem ainda mais o número de pessoas com deficiência, agora fruto das
batalhas e armas.
Com a Segunda Guerra e a corrida do nazismo pela criação da raça
ariana, o mundo assistiu o extermínio de cerca de 100 mil pessoas com
doenças ou com algum tipo de deficiência, consideradas impuras pela
filosofia hitleriana.
Somente com o final da Segunda Guerra Mundial, a concepção de
deficiência como uma doença começa a ser modificada. A Declaração
Universal dos Direitos Humanos e as Convenções e Tratados Internacio-
nais firmados no pós-guerra mudam o paradigma de integração – quando
se dava a oportunidade a estas pessoas de participarem do meio social,
cabendo unicamente a elas a sua inserção – para inclusão destas pessoas,
18
modelo psicanalítico, pela internet que facilitou as trocas sem mediação
dos médicos e pelo crescimento dos movimentos políticos de pessoas
com deficiência, de autodefesa, de autoadvocacia, destacando-se o mo-
vimento de surdos, influenciando a busca pelo reconhecimento de uma
identidade autista.
Anos 2000 – Começa-se a falar em cultura autista, tratando-se dos
interesses peculiares que ligam autistas tais como stims, determinados
objetos, tipos de filmes, habilidades e talentos, modos de expressão típi-
cos de pessoas autistas. Surgem blogs, chats, fóruns, grupos de discussão
em que autistas se expressam de acordo com sua identidade autística.
Fala-se em orgulho autista, com o dia 18 de junho sendo reservado para
a promoção desse orgulho.
Anos 2010 – Os movimentos de autoadvocacia começam a influen-
ciar autistas brasileiros que já vinham construindo um ativismo próprio.
O ativismo de pessoas autista começa a ganhar corpo no Brasil com o
aumento da disponibilidade de informações e acesso à internet, seja in-
dividual ou coletivamente, iniciam-se ações de conscientização voltadas
à identidade e respeito às diferenças. Assim como em outros países, os
conflitos entre ativistas pró-neurodiversidade e pró-cura são intensos.
Apesar das semelhanças com o ativismo construído nos Estados Unidos,
nota-se que o ativismo no Brasil tem uma identidade própria estreitamen-
te ligada às demandas e ao contexto locais.
19
1908
Criação do termo “Autismo”
1943
Estudos de Leo Kanner
1944
Estudos de Hans Asperger
1952
Autismo é condeirado sintoma
de esquizofrenia infantil
Anos 60
Teoria da “Mãe-Geladeira” 1965
Temple Grandin cria a
Máquina do Abraço
1970
Abril passa a ser o “Mês do Autismo”
1975
Teoria do Modelo Social de Deficiência
O CID-9 inclui Autismo
1980
O DSM-III inclui Autismo
1981
Lorna Wing cria o termo
Síndrome de Asperger
1988 Loovas “trata” autistas com ABA
Lançamento de Rain Man
1992
Anos 90 Primeiras Associações de Autistas
Ativismo de Temple Grandin 1993
1994 O CID-10 e o DSM-IV incluem
e Donna Williams Síndrome de Asperger
1999
Judy Singer cria o termo
“Neurodiversidade”
Anos 2000
Identidade, Cultura Autista, 2005
18 de junho se torna o “Dia do Orgulho Autista”
e Stims como algo positivo 2007
A ONU reconhece o 2 de abril como o
Dia de Conscientização sobre o Autismo
Anos 2010 2013
O DSM-V une Asperger e Autismo
Neurodiversidade e em um único diagnóstico
Protagonismo Autista
chegam ao Brasil
2019
O CID-11 une Asperger e Autismo
em um único diagnóstico
20
Histórico das Legislações Protetivas
A primeira legislação internacional protetiva dos direitos das pes-
soas com deficiência foi a Declaração dos Direitos da Pessoa Mental-
mente Retardada. Embora o nome da carta internacional seja considerado
hoje completamente equivocado, o documento tem grande relevância na
história da pessoa com deficiência.
Tal legislação já previa a necessidade de se oportunizar condições
de igualdade para tais pessoas e se preocupou em reafirmar direitos, tais
como educação, saúde, capacitação, reabilitação, trabalho, segurança, as-
sistência, proteção à exploração, abuso ou tratamento degradante e tam-
bém instituiu e previu a necessidade de interdição – assim conhecida no
direito brasileiro6.
No dia 09 de dezembro de 1975, a Assembleia Geral da ONU apro-
vou a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes.7 São ampliados
os termos da legislação anterior a todas as pessoas com deficiência e
surge uma primeira preocupação com o protagonismo dessas pessoas:
Art. 5º. As pessoas deficientes têm direito a
medidas que visem capacitá-las a tornarem-se tão au-
toconfiantes quanto possível.
No ano de 1976, a Resolução nº 31/123, declarou o ano de 1981
como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes. O objetivo do Ano
Internacional foi de conclamar todos os países, seus governantes, a socie-
dade e as próprias pessoas com deficiência, a tomar consciência e provi-
dências para garantir a prevenção da deficiência, o desenvolvimento das
habilidades, a reabilitação, a acessibilidade, a igualdade de condições, a
participação plena e a mudança de valores sociais (preconceitos e atitu-
des discriminatórias).
Um dos principais resultados do Ano Internacional das Pessoas De-
ficientes foi a formulação do Programa de Ação Mundial para as Pessoas
24
de da Pessoa com Deficiência, envolvendo: elabora-
ção de normas para a organização do cuidado à saúde
das pessoas com deficiência; assessoria aos estados,
Distrito Federal e municípios; incremento de recursos
financeiros para a estruturação de Unidades de Saúde
e capacitação de profissionais. As redes de atenção e
reabilitação às pessoas com deficiência, parceria entre
Ministério da Saúde, estados, municípios e Distrito
Federal, regem-se por legislação específica, como se-
gue: 3- Serviços de Reabilitação para Pessoas com
Deficiência Mental e Autismo - A Portaria MS/GM nº
1.635/02 normatizou o atendimento às pessoas com
deficiência intelectual e autistas no SUS. A referida
norma encontra-se em processo de revisão junto à
Política de Saúde Mental. Até agosto de 2010, foram
cadastrados 1.000 Serviços de Deficiência Intelectu-
al/Autismo, na sua maioria filantrópicos, conveniados
ao SUS.
Em 29 de setembro de 2015, o Brasil apresentou à Organização
das Nações Unidas, um documento chamado “Observações conclusivas
sobre o relatório inicial do Estado Brasileiro”, onde a palavra autismo
não aparece, o que revela o quanto – mesmo dentro das políticas voltadas
para a pessoa com deficiência – o autismo ainda é esquecido pelas inicia-
tivas estatais de inclusão.
27
Lei Brasileira da Inclusão
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146) ou Estatuto da Pessoa
com Deficiência foi publicada em 6 de julho de 2015 e passou a vigorar
em 02 de janeiro de 2016, copiando integralmente diversos artigos da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e
criando ferramentas para a implementação do documento internacional
no Brasil.
O documento conta com 127 artigos, com inovações importantes
tais como a tipificação do crime de discriminação contra a pessoa com
deficiência, a garantia da capacidade civil das pessoas com deficiência in-
telectual, a cota na outorga da exploração do serviço de táxi, a proibição
de cobrança de taxas adicionais para alunos com deficiência, entre outras.
28
DIREITOS ASSEGURADOS ÀS PESSOAS AUTISTAS
29
hospital ou posto de saúde, conforme Lei Federal 7.853/89 (art. 2º, inciso
II, alínea e) e Decreto Federal 3.298/99 (art. 16, inciso V). Além disso,
caso não haja serviço de saúde no município onde a pessoa com deficiên-
cia mora, a Lei Federal 7.853/89 assegura o encaminhamento da pessoa
com deficiência ao município mais próximo que contar com estrutura
hospitalar adequada para seu tratamento.
A Lei Federal nº 8.080/90, em seu artigo 6º, instrumentaliza o aces-
so dos cidadãos à saúde, na medida em que insere no campo de atuação
do Sistema Único de Saúde (SUS) a assistência terapêutica integral, in-
clusive farmacêutica e a formulação da política de medicamentos, equi-
pamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e
a participação na sua produção. Portanto, é obrigatório aos entes federa-
tivos, por intermédio do SUS, fornecer medicamento e tratamento com
todas as especificidades que a situação clínica do paciente exija.
No mesmo sentido, o Decreto 8.368/2014, artigo 2º, II, assegura
à pessoa autista o direito à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
- SUS, respeitadas as suas especificidades e a disponibilidade de me-
dicamentos incorporados ao SUS necessários ao tratamento de pessoas
autistas.
Paralelamente, o Decreto Federal 3.298/99, artigo 16, estabele-
ce que os órgãos responsáveis pela saúde devem dispensar tratamento
prioritário e adequado às pessaos com deficiência. O Decreto determina
também a criação de rede de serviços regionalizados, descentralizados e
hierarquizados, voltados para o atendimento à saúde e a reabilitação da
pessoa com deficiência.
A Lei Federal 10.216/01, artigo 1º, cuida da proteção e dos direitos
da pessoa com deficiência mental e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental. Os direitos e proteção das pessoas acometidas de transtor-
no mental são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto
à raça, cor, sexo, orientação sexual, opção política, nacionalidade, idade,
família, recursos econômicos e à gravidade ou tempo de evolução de seu
transtorno ou qualquer outro fator.
O Decreto Federal 3.298/99, artigo 26, assegura ainda o atendi-
mento pedagógico à pessoa com deficiência internada na instituição por
30
prazo igual ou superior a um ano, com o intuito de garantir sua inclusão
ou manutenção no processo educacional.
No que tange à assistência social, a Constituição Federal dispõe
que ela será prestada a quem dela necessitar, independentemente de con-
tribuição à seguridade social, e tem por objetivos: “a habilitação e reabili-
tação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integra-
ção à vida comunitária; e a garantia de um salário mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família”. No mesmo sentido, a Lei 12.764/2012, artigo 3º, IV, “d”,
determina que é direito da “pessoa com transtorno do espectro autista” o
acesso à previdência social e assistência social.
Por fim, nos termos da Constituição Federal, artigo 201, §1º, é ve-
dada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social,
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segura-
dos com deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
Direito à Educação
Como qualquer cidadão, a pessoa com deficiência tem direito à
educação pública e gratuita assegurada por lei, preferencialmente na rede
regular de ensino e, se for o caso, à educação adaptada às suas necessida-
des em classes especiais.
De acordo com a Lei 9.394/2006, entende-se por educação es-
pecial, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. A Lei
determina ainda que haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
pecializado, dentro da escola regular, para atender às peculiaridades da
clientela de educação especial. O atendimento educacional será feito em
classes, escolas ou serviços especializados apenas quando, em função das
condições específicas do aluno ou aluna, não for possível a sua inclusão
nas classes comuns de ensino regular.
31
Paralelamente, o Decreto 5.296/04 define que os estabelecimentos
de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou priva-
dos, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus
ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios,
ginásios e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitá-
rios. Ademais, o aluno com deficiência tem os mesmos direitos que os
demais alunos, incluindo material escolar, transporte, merenda escolar e
bolsas de estudo.
A Lei 12.764/2012 confere ao autista o acesso à educação e ao en-
sino profissionalizante e em casos de comprovada necessidade, a pessoa
autista incluída nas classes comuns de ensino regular terá direito a um
acompanhante especializado. Nesse viés, o Decreto 8.368/2014 dispõe
que sendo comprovada a necessidade de apoio às atividades de comu-
nicação, interação social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais,
a instituição de ensino em que a pessoa autista ou com outra deficiência
estiver matriculada disponibilizará acompanhante especializado no con-
texto escolar.
Quanto à educação profissional, a Lei Federal 9.394/96 e o Decreto
nº 3.298/99 asseguram o acesso da pessoa com deficiência à educação
especial para o trabalho, tanto em instituição pública quanto privada, que
lhe proporcione efetiva inclusão na vida em sociedade. Nesse caso, as
instituições são obrigadas a oferecer cursos de formação profissional de
nível básico, condicionando a matrícula da pessoa com deficiência à sua
capacidade de aproveitamento e não ao seu nível de escolaridade. Ainda
deverão oferecer serviços de apoio especializado para atender às peculia-
ridades da pessoa com deficiência, como adaptação de material pedagó-
gico, equipamento e currículo; capacitação de professores, instrutores e
profissionais especializados; adequação dos recursos físicos, como elimi-
nação de barreiras ambientais.
Em relação à educação superior, a legislação dispõe que, como
qualquer cidadão, a pessoa com deficiência tem direito à educação supe-
rior, tanto em escolas públicas quanto privadas, em todas as suas modali-
dades. Essas modalidades são:
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1) Cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis,
abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas ins-
tituições de ensino;
2) Curso de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído
o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo
seletivo;
3) Curso de pós-graduação, abertos a candidatos diplomados em
cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de en-
sino; e
4) Cursos de extensão, abertos a candidatos que atendam aos re-
quisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. Por fim,
as instituições de ensino devem oferecer adaptações para a realização de
provas ou exames de seleção de acordo com as características das pesso-
as com deficiência.
Direito ao Trabalho
A Constituição Federal proíbe qualquer discriminação no tocante
a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência. A Carta
Magna determina ainda que a lei reservará percentual dos cargos e em-
pregos públicos para as pessoas com deficiência e definirá os critérios de
sua admissão.
A Lei Federal 8.112/90 reserva um percentual dos cargos e empre-
gos públicos para as pessoas com deficiência e define os critérios para sua
admissão. Portanto, nos concursos realizados no âmbito da União Fede-
ral, ou seja, empresas públicas federais, sociedades de economia mista,
autarquias federais, fundações públicas federais e a própria União Fe-
deral haverá a reserva de até 20% das vagas às pessoas com deficiência.
Paralelamente, a Lei Federal nº 8.213/91 prevê que qualquer em-
presa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de
2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com be-
neficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitadas. Esta Lei
determina ainda que a pessoa com deficiência não pode ser dispensada,
sem justa causa, das empresas privadas. A dispensa só pode ocorrer nos
contratos a prazo indeterminado, quando outro empregado com deficiên-
cia for contratado no lugar daquele dispensado. Se tal substituição não
33
ocorrer, cabe, inclusive, a reintegração do empregado com os consectá-
rios legais. A pessoa com deficiência tem, assim, uma estabilidade por
prazo indeterminado.
Ao profissional com deficiência deve ser dada a oportunidade de
concorrer em igualdade com os demais, por meio das seguintes diretri-
zes, constantes da Lei Brasileira de Inclusão: prioridade no atendimento
à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no campo
de trabalho; provisão de suportes individualizados que atendam a neces-
sidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibiliza-
ção de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio
no ambiente de trabalho; respeito ao perfil vocacional e ao interesse da
pessoa com deficiência apoiada; oferta de aconselhamento e de apoio
aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e
de superação de barreiras, inclusive atitudinais; realização de avaliações
periódicas; articulação intersetorial das políticas públicas; possibilidade
de participação de organizações da sociedade civil; reconhecimento do
direito ao Auxílio Inclusão; estímulo à capacitação simultânea à inclusão
no trabalho.
35
acesso da pessoa autista à vida em comunidade, não apenas com uma
qualidade muito superior, mas também de forma muito mais digna.
Cada pessoa autista precisará de um tipo de adaptação, pois o au-
tismo se expressa de forma muito diferente em cada pessoa. Por isso, o
melhor é sempre perguntar à pessoa autista ou a seus responsáveis qual
adaptação aquele indivíduo específico requer naquele momento.
Acessibilidade e Transporte
No transporte aéreo, pessoas com deficiência têm o direito à
adaptações razoáveis, assistência e atendimento prioritário, incluindo
acentos de uso preferencial. Pessoas autistas que requerem acompa-
nhante ou assistente pessoal para viajar com segurança têm o direito
de um desconto de pelo menos 80% no preço da passagem do acom-
panhante. Para requerer o desconto é preciso preencher um formulário
médico chamado MEDIF.
No transporte coletivo interestadual (ônibus, trem ou barco), pes-
soas com deficiência, incluindo pessoas autistas, com renda per capta
de até 1 salário mínimo, têm Passe Livre. Pessoas autistas que reque-
rem acompanhante ou assistente pessoal têm o benefício estendido para
o acompanhante. Para mais informações sobre o Passe Livre, acesse:
http://portal.transportes.gov.br/passelivre/
37
• Desenvolvimento de ações articuladas pelo SUS e pelo SUAS
que garantam à pessoa com deficiência e sua família a aquisição de in-
formações, orientações e formas de acesso às diversas políticas públicas
existentes, com a finalidade de propicxiar sua plena participação social;
• Revisão dos critérios de elegibilidade para o acesso ao Benefício
da Prestação Continuada;
• Proibição de planos de saúde discriminarem a pessoa em razão de
sua deficiência.
• Possibilidade de utilização do FGTS para a compra de órteses e
próteses.
38
Direito aos Mecanismos de Políticas e Defesa de Direitos
A Lei Brasileira de Inclusão pautou a garantia de acessibilidade no
acesso à Justiça para todos os envolvidos em processos judiciais, sejam
como partes, advogados, juízes, defensores, promotores, dentre outros.
Como mecanismo de fomento às políticas públicas, foi criado o
Cadastro Inclusão, com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e
disseminar informações georreferenciadas que permitam a identificação
e a caracterização das pessoas com deficiência, bem como as barreiras
que impedem a realização de seus direitos.
39
DÚVIDAS RECORRENTES SOBRE
O AUTISMO E SUAS IMPLICAÇÕES
O que é o Autismo?
Seres humanos são caracterizados por inúmeras diferenças, o au-
tismo é uma delas. Ligada, mais perceptivelmente, ao modo de se co-
municar, se expressar, se desenvolver, aprender, se comportar. É consi-
derado uma condição neurodiversa, pois é um modo de funcionamento
neurológico que se distingue do que se pontuou como padrão. Tudo o
que foge ao padrão tende a ser definido e estudado, é o que ocorre com o
autismo e, portanto, esse é um conceito em evolução. Desde a sua descri-
ção inicial, na década de 1940, até hoje, o autismo passou por inúmeras
definições. Algumas regidas pelo olhar médico que o define como uma
patologia, outras regidas pelo olhar social que o define como mais uma
das inúmeras condições humanas que, por não corresponderem ao que se
convencionou como padrão, acabam negligenciadas em suas demandas
e por isso necessitam de ações específicas como garantia de equidade,
são as chamadas deficiências. Considerando esse caminho evolutivo e
respeitando o protagonismo trilhado por pessoas com deficiência, mais
fortemente desde a década de 1970, o texto dessa Cartilha baseia-se no
Modelo Social de Direitos Humanos, no Modelo Social de Deficiência
e na Neurodiversidade, contando, inclusive, com a atuação de autistas
brasileiros em sua elaboração.
No Brasil, apenas para fins de diagnóstico médico, o autismo é
definido pela CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) que, no
seu capítulo sobre Transtornos Globais do Desenvolvimento, aponta três
principais eixos nos quais essa diferença se manifesta: interação social,
comunicação e comportamento (hiperfoco e repetição), devendo esses
sinais aparecerem antes dos 3 anos de idade. Dentro do Modelo Social
de Deficiência, mais usado para fins jurídicos, as deficiências, incluindo
o autismo, são definidas pela CIF (Classificação Internacional de Funcio-
nalidade). Dessas duas classificações, a CID representa o modelo médico
e a CIF, o modelo social. O Brasil passa atualmente por uma transição
40
do modelo médico para o modelo social. Dentro do modelo da Neurodi-
versidade, defendido pelas próprias pessoas autistas na definição de sua
condição, o autismo não é um transtorno, mas sim uma das inúmeras
condições neurocognitivas.
43
O Autismo tem cura? Existem tratamentos para o Autismo?
O autismo não tem cura e, por não se configurar como uma doença
e sim como uma condição neurodiversa que faz parte da identidade hu-
mana, tal qual qualquer deficiência, não há sentido em uma busca de cura
para a pessoa autista.
Para o melhor convívio com o Autismo, é possível aderir a terapias
e métodos para estimulação e desenvolvimento, visando que as pessoas
autistas e suas famílias aprendam a lidar com essa condição e desenvol-
vam todas suas potencialidades.
Como vimos, o autismo é uma condição neurodiversa que afe-
ta o modo de se comunicar, se expressar, se desenvolver, aprender, se
comportar. As terapias, portanto, se destinarão a: encontrar métodos de
comunicação eficiente (melhora da linguagem oralizada, comunicação
alternativa, língua de sinais, etc. a depender das especificidades de cada
pessoa); aprender a lidar com o próprio corpo e mente (desenvolvimento
da propriocepção; descoberta, estímulo e respeito aos cinco sentidos do
corpo humano; treinamento de atividades de vida diária e outras neces-
sárias em cada caso.
Importante frisar que pessoas autistas estão sujeitas a todas as ou-
tras condições (sejam deficiências ou não) e doenças (crônicas, agudas,
degenerativas, psiquiátricas, etc.) que atingem o ser humano. Portanto,
se uma pessoa autista tem alergia alimentar e não a trata, poderá ficar
irritada, agressiva, depressiva e isso não tem nada a ver com o autismo
e, sim, com uma outra condição ou doença que precisa da atenção neces-
sária e do tratamento adequado. Uma pessoa autista sempre terá reações
autísticas frente ao que quer que esteja passando. Resolvida a situação, a
pessoa autista não se torna menos autista, apenas para de comunicar que
estava com dor, desconforto ou o que quer que seja.
Se você tem um filho (a) autista, converse com seu médico e veja
quais as melhores terapias para seu filho (a), especificamente. Existem
diversas ciências aliadas ao desenvolvimento da pessoa autista: pedago-
gia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, musicoterapia e psicologia são
as mais consideradas.
44
Existem atividades complementares benéficas para os Autistas?
Sim. A seguir, listamos algumas sugestões de atividades e serviços
de suporte. É importante lembrar, no entanto, que, como qualquer outra
pessoa, cada autista tem sua personalidade, seus interesses, desejos e an-
seios, de forma que, para alguns, atividades completamente diferentes
das listadas a seguir podem também ser benéficas ou até mesmo tera-
pêuticas. Cada pessoa autista é diferente, e levar em consideração suas
preferências é sempre fundamental.
Brinquedoteca: é um espaço criado para que as crianças possam
brincar bastante. Brincar é a atividade educacional mais completa, pois
desenvolve os aspectos sociais, cognitivos, motores e afetivos. Para uma
criança autista a brinquedoteca proporciona oportunidade de aprender de
maneira lúdica, permitindo assim que desenvolva suas potencialidades
brincando.
Expressão Corporal: nosso corpo é fonte riquíssima de aprendiza-
gem. As pessoas com deficiência apresentam às vezes dificuldades liga-
das à área sensorial. O trabalho mais específico de expressão corporal au-
xilia a pessoa a perceber melhor o próprio corpo e a estabelecer relações,
sejam elas espaciais, temporais ou sociais.
Equoterapia: é uma forma alternativa de atendimento terapêutico
na qual se utiliza o cavalo como meio de reabilitação. É indicada para
pessoas com disfunções do movimento, que incluem paralisia cerebral,
esclerose múltipla e outras afecções que afetam o controle postural e do
equilíbrio. Tem sido muito usada com pessoas autistas, proporcionando
ótimos resultados.
Natação Especial: é realizada com pessoas com deficiência que
precisam de atendimento individualizado. A água é utilizada como meio
terapêutico, uma vez que diminui o peso corporal, o que facilita a re-
alização de exercícios específicos. Por causa da temperatura aquecida,
também atua como relaxante. Participando da natação especial, os alunos
têm condições de melhorar a aptidão física, a coordenação motora, a ca-
pacidade respiratória e a tonicidade muscular.
Hidroterapia: é uma terapia realizada dentro da água. É indicada
45
para crianças que apresentam deficiências físicas e motoras. Diferencia-
-se da natação especial, por não haver o compromisso com o ensino da
natação, e sim com a melhoria de dificuldades específicas.
Musicoterapia: é a utilização da música para possibilitar o desen-
volvimento de um processo terapêutico, mobilizando aspectos biopsicos-
sociais do indivíduo com o objetivo de minimizar suas dificuldades. Faci-
litando a integração no meio social, a musicoterapia utiliza instrumentos
musicais, sons, músicas e o próprio corpo do paciente e do terapeuta. As
pessoas com dificuldades de comunicação podem encontrar na música
uma nova forma de comunicação e expressão.
Informática: o objetivo geral da aplicação da informática é utili-
zar o ambiente computacional de aprendizagem para pesquisar o papel
que o computador desempenha na avaliação e educação das pessoas com
necessidades especiais, levando-se em conta os diferentes tipos de difi-
culdades que pessoas apresentam (problemas sensoriais, motores, cog-
nitivos, neurológicos, linguísticos, etc.). É uma ferramenta que auxilia o
processo de aprendizagem, através dos softwares educacionais e internet.
Através de projetos focalizados em atualidades, o aluno tem acesso a
todos recursos de pesquisa na web e usa as ferramentas do computador
com maior interesse e aceita desafios com tranquilidade, assim, obtém-se
maiores resultados no desenvolvimento global.
Acompanhante de Lazer: não tem compromisso terapêutico, mas
sim educacional. Acompanha a pessoa em atividades de lazer.
Acompanhante Terapêutico: o trabalho do acompanhante é de au-
xiliar a criança e adolescente com deficiência. É feito por profissionais
especializados. As atividades são realizadas nas residências ou em pas-
seios para pessoas impossibilitadas de se relacionar e movimentar-se pe-
los espaços sociais ou com autistas menos comprometidos, ensinar os
comportamentos sociais na prática - fazer compras, pegar ônibus, etc.
Artes: a arte é uma forma importante de expressão. A expressão
plástica é mais uma fonte de comunicação. As pessoas autistas podem ex-
plorar tintas, argilas, massas e outros materiais que proporcionam opor-
tunidade para desenvolvimento da criatividade, do senso de estética, da
coordenação viso-motor, entre outras habilidades.
46
DÚVIDAS RECORRENTES SOBRE
OS DIREITOS DOS AUTISTAS
1 Para mais sobre discriminação por motivo de deficiência, ver página 53. 49
A Escola pode recusar a matrícula da Pessoa Autista em razão de
sua deficiência?
Não. Pela legislação brasileira atual, é proibido negar a matrícula
de estudante em razão de sua deficiência e isso inclui o autismo. É dever
da escola assegurar acessibilidade, adaptações razoáveis, turmas reduzi-
das, acompanhante especializado e quaisquer outros suportes necessários
à aprendizagem e à efetiva inclusão do estudante na comunidade escolar.
Isso deve ser ofertado pela escola sem qualquer ônus para os pais ou
responsáveis.
50
Meu filho completou 18 anos. Preciso interditar meu filho?
Não.
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Defi-
ciência representou uma mudança de paradigma na abordagem da defici-
ência. A capacidade virou regra.
A interdição só é cabível para pessoas que não consigam expressar
de forma alguma sua vontade, ou que não tenham discernimento míni-
mo dos seus atos e só é necessária para fins negociais e financeiros, não
atingindo os direitos a voto, casamento, trabalho ou mesmo os direitos
reprodutivos da pessoa com deficiência.
A interdição requer um processo judicial. As pessoas atingidas por
um processo de interdição são chamadas curateladas e as pessoas respon-
sáveis pelo cuidado com sua vida financeira e negocial são chamadas de
curadores.
O mais indicado, hoje em dia, é a adoção da Tomada de Decisão
Apoiada - TDA. Ao contrário da interdição, a decisão judicial em um
processo de TDA preserva a autodeterminação da pessoa com deficiência
e não transfere poder de decisão ao apoiador.
No processo de TDA, os apoiadores são indicados pela própria pes-
soa com deficiência e irão apoiá-la não só nas decisões de cunho patri-
monial, como em todos os atos da vida civil e cotidiana que ela desejar.
52
CRIMES CONTRA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
1 Fonte: http://www.mdh.gov.br/mdh/informacao-ao-cidadao/disque-100
54
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um ter-
ço) se o crime é cometido por tutor ou curador.
As formas mais comuns desse tipo de violação são retenção do
cartão do Benefício de Prestação Continuada e do valor disponível, res-
trição do acesso a contas, dinheiro ou qualquer forma de independência
financeira, deixando a vítima totalmente vulnerável economicamente.
55
ONDE PROCURAR AJUDA NO DISTRITO FEDERAL?
Associações
• Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Inter-
venção (ABRACI-DF)
Endereço: SRES Área Especial L, Lote 09, Bairro: Cruzeiro Ve-
lho, CEP: 70640-720. Telefone: (61) 9618-7885 | (61) 98222-1947 | (61)
98139-1255.
E-mail: abraci.df@gmail.com
Site: www.abracidf.blogspot.com.br
• Associação dos Amigos dos Autistas do Distrito Federal
(AMA-DF)
Endereço: Granja do Riacho Fundo – EPNB km 04 – Área Especial
– s/n, Bairro: Riacho Fundo, CEP: 71701-970.
Telefone: (61) 3399-4555.
E-mail: amadf@globo.com
• Movimento Orgulho Autista (MOAB)
O Movimento Orgulho Autista promove ações que visem à melho-
ria da qualidade de vida da Pessoa com Autismo e seus familiares, como
o Prêmio Orgulho Autista, que homenageia anualmente pessoas e insti-
tuições que contribuem para a causa, passeatas e cartilhas informativas,
o Desabafo Autista e Asperger – reuniões interativas para familiares, as-
sim como palestras e cursos, além de intensa participação política pelos
direitos das pessoas com autismo, principalmente no DF e Entorno, mas
com representantes em quase todos os Estados e sede em Brasília/DF
Telefone: (61) 99909-8192 | (61) 99145-5890 - Fernando Cotta
(coordenador). E-mail: movimentoorgulhoautistabrasil@gmail.com
56
• Coletivo de Mulheres com Deficiência do Distrito Federal
(CDM/DF)
O Coletivo de Mulheres com Deficiência do Distrito Federal ofe-
rece apoio a mulheres e meninas autistas, acolhe demandas a serem
apresentadas aos órgãos e instituições, promove eventos e projetos de
inclusão. Mulheres mães de autistas também podem buscar o apoio do
coletivo.
Telefone: (61) 98119 4471 - Agna Cruz (presidente).
E-mail: coletivamulheres@gmail.com
• Associação Brasileira por Ação pelos Direitos das Pessoas
Autistas (ABRAÇA)
Com liderança autista, a ABRAÇA tem foco em representação polí-
tica à nível nacional e internacional, capacitação em Direitos Humanos
e desenvolvimento de campanhas anuais sobre os Direitos das Pessoas
Autistas e de suas famílias. Reúne pessoas autistas, familiares, profissio-
nais e associações locais. Está presente e desenvolve ações em todo o
território nacional.
E-mail: presidente@abraca.autismobrasil.org
Site: http://abraca.autismobrasil.org/
Atendimento em Saúde
• Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (COMPP)
Órgão da Secretaria de Estado de Saúde encarregado do atendi-
mento multi e interdisciplinar em Saúde Mental de crianças e adoles-
centes (até os dezessete anos e 11 meses). Atende casos de sofrimento
psíquico, psicoses, neuroses, depressão, distúrbios emocionais e com-
portamentais, TDAH, dislexia, desordem de processamento auditivo cen-
tral, abuso sexual, maus tratos, transtornos alimentares e o autismo.
Endereço: Setor Médico Hospitalar Norte, QD 03 BL A – CEP:
70.710-100.
Telefones: (61) 3326-3201 | (61) 3325-4995
Email: colegcompp@gmail.com
57
• Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPS I) da
Asa Norte
Diagnóstico e acompanhamento para Autismo, deficiência intelec-
tual com acentuada alteração comportamental, psicose, neuroses gra-
ves, transtorno de humor, fobias e outros quadros. Atende crianças e
jovens de até 18 anos.
Endereço: Quadra 502 SMHN Qd 03 Bl. “A” – Ed. COMPP
E-mail: capsi.asanorte@yahoo.com.br
• Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSi)
Sobradinho
Oferece atendimento intensivo a crianças e adolescentes ( de 0 a
18 anos), visando a redução das internações em hospitais psiquiátricos e
outras formas de institucionalização. Atende pessoas autistas, com defi-
ciência intelectual, psicose, neuroses graves, transtorno de humor, fobias
e outros quadros cuja severidade justifique a permanência em um dispo-
sitivo de cuidado intensivo, comunitário e personalizado.
Endereço: Q. 4 AE reservada da ½ - Sobradinho, Brasília - DF
• Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSi)
Recanto das Emas
Diagnóstico e acompanhamento psicossocial.
Endereço: Brasília - DF
• Núcleo de Atendimento Terapêutico (NAT) do Hospital Ma-
terno Infantil (HMIB)
Diagnóstico e acompanhamento multidisciplinar.
Endereço: Quadra 608 – L2 Sul.
• Hospital da Criança
Diagnóstico, acompanhamento multidisciplinar.
SAIN Lote 4-B - Brasília - DF - CEP 70.071-900
Telefone: (61) 3025-8350
58
• Centro de Reabilitação II (CER II) Taguatinga
Atende crianças e adultos com deficiências físicas e intelectuais,
traumatismos, amputações e sequelas neurológicas provocadas por aci-
dentes vasculares cerebrais (AVC), mal de Parkinson ou Alzheimer, entre
tantas outras enfermidades, além do autismo que registra os maiores
percentuais de atendimento. Recebe encaminhamentos da Secretaria de
Saúde.
Endereço: Área Especial 23, Setor QNC, Taguatinga - DF
• Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB)
Referência no atendimento odontológico de crianças, adolescentes
e adultos com deficiência. Oferece tratamento odontológico especializa-
do e multidisciplinar a pacientes que apresentam síndromes, paralisias
cerebrais, déficit cognitivo e questões de saúde mental que dificultem o
atendimento nas Unidades de Saúde. Os interessados devem procurar as
Unidades de Saúde que farão o encaminhamento para o centro especia-
lizado.
Endereço: Quadra 608 Módulo A - Asa Sul, Brasília - DF
Telefone: (61) 2017.1600
Nota: Os hospitais da rede não citados aqui, mas que contem com
Neuropediatria e Psiquiatria Infantil, também prestam atendimento para
o diagnóstico de Autismo.
Atendimento em Educação
• Telematrículas: Central 156
• Diretoria de Educação Especial
Telefone: (061)3901-8008
E-mail: diee.coete@edu.se.df.gov.br
59
Órgãos de Apoio e Defesa
• Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Endereço: EQS 112/113, Estação da Cidadania - Metrô, Asa Sul -
Brasilia/DF - CEP: 70.375-000
Telefone: (61)3345-6551
Email: secretariacoddede@gmail.com
• Defensoria Pública do Distrito Federal
Endereço: SIA Trecho 17 Rua 7 Lote 45
Telefone: (61) 2196-4300
• Defensoria Pública da União
Endereço: SAUN, Quadra 5, Lote C, Centro Empresarial CNC,
Bloco C . CEP: 70.040-250 - Brasília/DF
Telefone: (61) 3318-7300
• Ministério Público do Distrito Federal
Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sede do MP-
DFT, Brasília-DF – CEP 70.091-900
Telefone: (61) 3343-9500
• Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional DF
Endereço: SEPN 516 Bloco B Lote 7, Asa Norte, Brasília - DF
E-mail: callcenter@oabdf.com
Telefone: (61) 3036 7000
60
DICIONÁRIO AUTISTA1
por Adriana Torres
61
classificado por níveis (1,2 e 3), de acordo com as características apre-
sentadas, e pode ser chamado simplesmente de leve, moderado e severo.
Autismo na neurodiversidade:
Autismo é uma condição da neurodiversidade humana, uma for-
ma diferente do cérebro processar as informações, principalmente as que
estão relacionadas com o sistema sensorial (visão, tato, audição, pala-
dar, olfato, sistema vestibular e proprioceptivo). Sua origem é genética e
causa diferenças em três áreas: na comunicação social, na interação e em
movimentos e comportamentos repetitivos/restritos.
Autistas possuem um cérebro cujo número de sinapses é muito
maior do que uma pessoa não autista; uma deficiência nos fatores neu-
rotróficos, responsáveis pelas podas neuronais e um processamento das
informações sensoriais diferente do padrão esperado. Como cada autista
é um indivíduo, esses diferenças variam de uma pessoa para a outra. Não
existem pessoas mais ou menos autistas, existem indivíduos com suas
particularidades.
Capacitismo e Psicofobia:
O capacitismo é o preconceito contra pessoas com deficiência. Em
nosso sistema social e político, existe a ideia de que pessoas devam ser
hierarquizadas de acordo com o funcionamento dos corpos, do modelo
de beleza vigente, do gênero, da raça, da orientação sexual ou da classe
social. No caso do capacitismo, o (pré)conceito dominante é que pesso-
as com deficiência são incapazes (de trabalhar, de estudar, de manterem
relacionamentos amorosos) e, por isso, dependentes das pessoas ditas
“capazes”. Elas valem “menos” do que as ditas “normais”, como se todas
e todos nós não precisássemos de algum tipo de apoio em algum momen-
to da vida. Como se o “sucesso” de alguém pudesse ser medido por essa
necessidade de apoio. O capacitismo se expressa de diversas formas, de
“piadas” até a negação absoluta dos direitos das pessoas com deficiência.
A psicofobia nada mais é que o capacitismo aplicado às diferenças
neuronais. Pessoas neurodivergentes são consideradas incapazes ou pior,
de caráter duvidoso. O tratamento dado a elas varia do paternalismo ao
medo do contato. É um dos preconceitos mais enraizados e naturaliza-
62
dos em nosso dia a dia. Quando queremos falar que alguém é mau ca-
ráter, ruim, usualmente utilizamos termos ligados aos neuerodiverentes.
Por outro lado, algumas condições neurodivergentes são invisibilizadas
e consideradas como uma escolha da pessoa, não como uma condição
diversa, que demanda apoio e respeito.
Ecolalia:
É uma repetição da fala, podendo ser a última palavra dita ou até a
frase inteira. De acordo com autistas, o uso da ecolalia auxilia no entendi-
mento da comunicação falada e na organização do pensamento para uma
resposta mais adequada.
63
Estereotipia (modelo médico):
Movimentos repetitivos realizados por autistas com a finalidade de
se auto-estimularem sensorialmente. Os movimentos mais comuns são o
balançar as mãos (flapping), pular, girar, alinhar objetos de acordo com
um padrão determinado, usar de ecolalia na fala. Até pouco tempo atrás,
a psiquiatria considerava esses movimentos inadequados e, por meio de
terapias comportamentais, como a ABA, tentaram eliminá-los, mas as
evidências científicas e o depoimento de diversos autistas vêm demons-
trando que os movimentos – que não são controláveis pelo autista – são
necessários para sua autorregulação e retirá-los causam prejuízos graves.
Stims* na Neurodiversidade:
Esqueça o termo estereotipia. Chamados de stims ou stimming pe-
los autistas estadunidenses, além de serem movimentos autorregulató-
rios, são também uma forma de expressão e comunicação. Pessoas não
autistas também utilizam stims como tamborilar os dedos ou balançar as
pernas em situação de excitação ou stress.
Neurodiversidade:
É um conceito que defende as diferenças neurológicas como sendo
parte da diversidade humana e assim devem ser reconhecidas e respeita-
das. Para nós, adeptos da neurodiversidade, o autismo é uma condição,
não um transtorno ou uma doença a ser tratada. Não se trata o autismo,
busca-se promover a derrubada das barreiras físicas e atitudinais exis-
tentes no ambiente, oferecendo as ferramentas necessárias para que as
pessoas autistas possam usufruir de seus direitos e viverem como autistas
que são, sem precisarem se “adequar” a um conceito único de padrão
neuronal.
Síndrome de Asperger:
Pela CID 10 a síndrome é caracterizada por uma alteração quali-
tativa nas interações sociais, semelhante ao autismo. Para o DSM, como
disse acima, o diagnóstico da Síndrome foi descartado.
64
Síndrome de Asperger é autismo na Neurodiversidade:
Hans Asperger, pesquisador e psiquiatra austríaco, foi o primeiro a
descrever a “síndrome”, quase que ao mesmo tempo que Leo Kanner, seu
colega de faculdade, radicado nos Estados Unidos, descreveu o autismo
infantil. Ambos pesquisavam a mesma coisa, mas com olhares diferentes:
Asperger fez pesquisas muito mais profundas, com grupos mais hetero-
geneos, além de estimular seus pacientes a desenvolver suas habilidades,
enquanto Kanner era adepto da internação e medicalização, e só aceitava
em sua pesquisa crianças autistas não falantes, do sexo masculino, ou
seja, que estivessem dentro da caixinha que ele criou para a condição.
Portanto, Síndrome de Asperger é autismo. Não, autistas “aspies”
não são gênios (alguns podem ser, outros não, assim como neurotípicos).
Infelizmente, por conta do peso social da palavra autismo, alguns autistas
e seus familiares ainda utilizam o termo “asperger” ou “aspie” (e claro,
existem aqueles que ainda não aprenderam sobre a verdadeira história do
autismo, mas aí já é outra história…)
Sistema Vestibular:
É o conjunto de órgãos do ouvido interno responsável pelo nosso
equilíbrio.
66
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizado o trabalho desta Cartilha, acreditamos que o maior desa-
fio para a Comissão tenha sido a escuta dos autistas e de seus familiares.
As reflexões que tal oitiva causou em nossas próprias ideias e em nosso
olhar jurídico sobre os ditames legais é o resultado desse trabalho.
A Cartilha está “pronta” desde março de 2017. Ao menos, era isso
o que nós advogados achávamos até entregarmos a primeira versão da
Cartilha para as autistas Rita Louzeiro, Amanda Paschoal e Fernanda
Santana. As observações feitas por elas eram tantas que entendemos que
não tínhamos compreendido nada.
Resolvemos, então, começar tudo de novo e distribuímos a tare-
fa de reconstruir a cartilha entre todos os advogados da Comissão e os
mesmos colaboradores da sociedade civil que se voluntariaram a esse
trabalho.
O resultado é esse material compilado, lançado no último dia da
gestão, não por falta de vontade, mas pela revisão permanente que causa
em nós a cada minuto que tentamos finalizá-lo.
Portanto, se há algo a ser dito, é que essa Cartilha se encontra ina-
cabada, assim como a concepção dos direitos humanos, que se renova
permanentemente nas ruas, nos movimentos sociais e na necessidade im-
perativa da luta por equidade.
A onda neoconservadorista que se espalha ao redor do mundo, che-
ga ao Brasil ameaçando as minorias, os direitos humanos e o ativismo
social, colocando em risco todo sistema de garantia de direitos das pes-
soas com deficiência, construído com sangue e a vida de tantos, como
podemos depreender do histórico apresentado nessa edição.
67
Nosso objetivo, com a divulgação deste documento é que, conhece-
dores dessa evolução que assegura os direitos mínimos que hoje existem
para a população autista, autistas e seus familiares jamais permitam re-
trocessos às conquistas suadas de nossos antepassados e que a ciência do
direito siga evoluindo na construção de um mundo mais justo solidário.
68
REFERÊNCIAS
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ditárias e o Programa de Eutanásia durante a Segunda Guerra Mundial.
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Assistência Social. CREAS. 2011.
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Consultora Adriana Monteiro da Silva.
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69
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BRASIL. Lei nº 9.394, 20 de dez. de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm> Acessado em 31/12/2018.
BRASIL. Decreto nº 3.298, 20 de dez. de 1999. Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Brasília, DF. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm> Aces-
sado em 31/12/2018.
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