Gestao Processos Formativos Espacos Nao Escolares PDF
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CDD 378.007
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EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
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Ministro da Educação Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Fernando Haddad Guilherme Victor Nippes Pereira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais
João dos Reis Canela Maria Elvira Curty Romero Christoff
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Maria das Mercês Borem Correa Machado Ana Cristina Santos Peixoto
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Paulo Cesar Mendes Barbosa Maria Narduce da Silva
Apresentação
Prezados (as) acadêmicos (as) do Curso de Pedagogia,
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Fundamentos Da Gestão Na Educação Não Formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Espaço empresarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Pedagogia hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
O espaço carcerário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4. 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
O espaço do campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
A disciplina Gestão dos Processos For- para a construção do próprio caminho, exigin-
mativos em Espaços Não Escolares trata da do atitudes pró-ativas, organizadas, éticas, de
diversidade atual no campo de atuação do caráter prático, flexíveis, além de iniciativas
pedagogo que, além de atuar em instituições educacionais que valorizem a diversidade e
escolares, vem atuando também em espaços também a participação efetiva nos relaciona-
não escolares, cujo objetivo principal é refletir mentos interpessoais, tanto nos espaços esco-
acerca da gestão e organização do trabalho lares como em espaços não escolares.
pedagógico na educação não formal de crian- Nesse contexto, a disciplina Gestão dos
ças, jovens e adultos, em espaços diversos: Processos Formativos em Espaços Não Esco-
Empresarial, Hospitalar, Carcerário e do Cam- lares está estruturada em cinco unidades. Na
po. Unidade 1, tratamos dos fundamentos da ges-
O campo da pedagogia vem atravessan- tão pedagógica nos espaços não escolares: sua
do um momento de mudanças, em que come- função social, sua dimensão histórica e suas
çam a ser rompidos antigos paradigmas sobre concepções.
o perfil de formação e atuação do pedagogo, Na Unidade 2, intitulada Espaço Empresa-
ampliando o campo de atuação, exigindo um rial, buscamos desvelar o ambiente organiza-
novo profissional com uma nova práxis edu- cional da empresa que, na atualidade, precisa
cativa a partir de novas perspectivas impostas contar com um trabalhador pensante, criativo,
pela contemporaneidade. pró-ativo, analítico, com habilidade para reso-
Por isso, para Matos e Muggiati (2001), a lução de problemas e tomada de decisões, en-
formação desse profissional constitui-se num tre outras capacidades.
desafio aos cursos de Pedagogia, uma vez que Na Unidade 3, analisamos a proposta da
as mudanças sociais aceleradas estão exigindo Pedagogia Hospitalar que visa dar continui-
uma premente e avançada abertura de seus dade às atividades escolares das crianças e
parâmetros, objetivando oferecer os neces- adolescentes internados, atentando para que
sários fundamentos teórico-práticos para o possua interação, harmonia entre as ações
alcance de atendimentos diferenciados emer- educativas a serem realizadas e a realidade
gentes no cenário educacional que não seja hospitalar, bem como o papel do pedagogo
apenas o espaço escolar. como responsável por essas ações.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Na Unidade 4 – Espaço Carcerário –, tra-
Curso de Pedagogia aprovadas em dezembro zemos para discussão a educação em prisões,
de 2006, em relação à atuação do pedagogo temática diretamente ligada ao amadureci-
em espaços não escolares, ressalta que o perfil mento da visão da educação como direito hu-
do graduado deverá contemplar consistente mano, entendendo que a educação oferecida
formação teórica, diversidade de conhecimen- no campo do sistema penitenciário pode mui-
tos e de práticas que se articulam ao longo do to contribuir no processo de reinserção social
curso. dos presos.
Dessa forma, a gestão educacional é en- Na Unidade 5 discutimos a Educação do
tendida numa perspectiva democrática, que Campo, os conceitos e as lutas dos movimen-
associe as diversas atuações e funções do tra- tos sociais em busca de educação de quali-
balho pedagógico e de processos educativos dade, bem como as questões curriculares, as
escolares e não escolares. Principalmente com ações pedagógicas e organização escolar no
referência ao planejamento, à administração, âmbito da identidade do campo.
à coordenação, ao acompanhamento, à ava- Esperamos que essa disciplina possibilite
liação de planos e de projetos pedagógicos, amplas reflexões em relação aos temas aqui
bem como à análise, à formulação, à imple- tratados, contribuindo para que seu processo
mentação, ao acompanhamento e à avaliação de formação de educador seja comprometi-
de políticas públicas e institucionais na área de do com a formação humana e profissional dos
educação. profissionais da educação.
No mundo globalizado há de se tornar
ótimo o processo de formação do educador, o As autoras.
que implica o desenvolvimento da autonomia
9
UAB/Unimontes - 7º Período
10
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 1
Fundamentos Da Gestão Na
Educação Não Formal
1.1 Introdução
Nesta unidade, vamos analisar os funda- • Reconhecer a epistemologia do termo
mentos da gestão pedagógica nos espaços gestão dos processos formativos nos es-
não escolares: sua função social, sua dimensão paços não escolares;
histórica e suas concepções. • Identificar as diferentes concepções pre-
Para que você possa compreender me- sentes no campo da gestão e na prática
lhor e familiarizar-se com o termo gestão, ini- pedagógica;
cialmente iremos traçar a sua origem episte- • Explicar a evolução histórica da constru-
mológica, delineando sua evolução ao longo ção do campo da gestão pedagógica nos
das últimas décadas e suas diferentes concep- espaços não formais;
ções. • Caracterizar as diferentes correntes teóri-
Pretendemos, ao final desta unidade, que cas de gestão;
você seja capaz de: • Relacionar as diferentes concepções de
gestão com sua experiência.
11
UAB/Unimontes - 7º Período
GLOSSÁRIO
ETIMOLOGIA: Parte da
Gramática que trata da
origem e formação das
palavras.
PRAXIOLÓGICAS:
Estudo das ações e da
conduta humanas.
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
▲
Figura 4: Educação
▲ formal
Figura 3: Educação não formal http://www.coopagora.
http://www.unochapeco.edu.br/pedagogia/ com.br/wp-content/uplo-
blog, Acesso em 18 jul. 2011. ads/2009/06/proj_educa-
cao1.jpg,
Acesso em 18 jul. 2011.
▲
Figura 5: Educação informal
Fonte: http://3.bp.blogspot.
com/_1Px65zKeTYk/SagAIoLunnI/AAAAAA-
AAAA4/hj3KUItpoXc/s1600-h/hip-hop.jpg,
Acesso em 18 jul. 2011.
A educação não formal trata-se daquela que se aprende no mundo da vida, por meio dos
processos de compartilhamento de experiências, especialmente em espaços e ações coletivos
cotidianas. Ela indica um processo com variadas dimensões, segundo Gohn (2006, p. 28):
13
UAB/Unimontes - 7º Período
Para a autora, esse tipo de educação pode ser definida como práticas educativas que ocorrem
fora de tempos e espaços determinados, consistindo em um processo de formação para a vida.
Lembramos que a educação não formal é necessária, pois a instituição escola não mais con-
segue dar conta de todo o processo educativo. Nela, o grande educador é o outro, pessoa com
quem interagimos ou nos integramos.
Em relação aos espaços educativos, na educação não formal eles se localizam em territórios
que “acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, fora das escolas, em locais in-
formais, locais onde há processos interativos intencionais” (GOHN, 2006, p. 29). A autora esclarece
ainda que
Além disso, a autora salienta que na educação não formal existe intencionalidade na ação,
no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar informação reconhecendo a educação
não formal como um dos campos básicos da Pedagogia Social, uma vez que ela trabalha com
coletivos e preocupa-se com os processos de construção de aprendizagens e saberes coletivos.
Nessa perspectiva, a educação não formal torna os indivíduos capazes de se tornarem cida-
dãos do mundo e no mundo cuja finalidade é ampliar e abrir espaços de conhecimento sobre o
mundo que envolve os indivíduos e suas relações sociais. Com isso, não define seus objetivos a
priori.
... eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo.
Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os inte-
resses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais
baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num
dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de infor-
mação e formação política e sócio-cultural é uma meta na educação não for-
mal. Ela preparar os cidadãos, educa o ser humano para a civilidade, em oposi-
ção à barbárie, ao egoísmo, individualismo, etc. (GOHN, 2006, p. 30).
Vejamos algumas características que a educação não formal pode atingir em relação às me-
tas:
O trabalho coletivo é, portanto, fundamental na educação não formal, conforme pode ser
observado na figura 6.
É importante salientar que as metodologias utilizadas na educação não formal no processo
de aprendizagem nascem da cultura
dos indivíduos e dos grupos. Dessa
forma, o método aparece a partir
da problematização da vida cotidia-
na, e os conteúdos surgem a partir
dos temas tais como: necessidades,
carências, desafios, obstáculos ou
ações arrojadas a serem realizadas,
portanto, não são fornecidos a priori,
são construídos no processo.
Figura 6: Trabalho
coletivo
Fonte: http://vic-
torlucianodejesus.
blogspot.com/,
Acesso em 18 jul.
◄ 2011.
14
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Supõe a existência da motivação das pessoas que participam. Ela não se subor-
dina às estruturas burocráticas. É dinâmica. Visa à formação integral dos indiví-
duos. Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e men-
sagens veiculadas «falam ou fazem chamamentos» às pessoas e coletivos e as
motivam. Mas, como há intencionalidades nos processos e espaços da educa-
ção não-formal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que po-
dem se alterar constantemente (GOHN, 2006, p. 32).
... são inúmeras as novas práticas sociais expressas em novos formatos ins-
titucionais da participação, tais como os conselhos, os fóruns, as assembléias
populares e as parcerias. Em todas elas a educação não formal está presente,
como processo de aprendizagem de saberes aos e entre seus participantes
(GOHN, 2006, p. 33).
ATIVIDADE
Comente a ideia
defendida por Gohn
(2006, p.29) conside-
rando os conselhos e o
colegiado da escola: “a
articulação da educa-
ção formal com a não-
-formal para dar vida
e viabilizar mudanças
significativas na edu-
Figura 7: Conselhos cação e na sociedade
Escolares como um todo”.
Fonte: http://con-
selhoescolarbc.
blogspot.com/
Acesso em 18 jul.
◄ 2011.
GLOSSÁRIO
1.3.2 Educação Formal
Competência: as
competências são tra-
A educação formal se desenvolve nas escolas com conteúdos previamente definidos. Os es- duzidas em domínios
práticos das situações
paços na educação formal referem-se aos territórios das escolas, sendo instituições regulamenta- cotidianas que neces-
das por lei, certificadoras, organizadas de acordo com as diretrizes nacionais. sariamente passam
Este tipo de educação implica ambientes normatizados, com regras e padrões de comporta- compreensão da ação
mento previamente definidos. Entre os seus objetivos, destacam-se: empreendida e do
uso a que essa ação se
... os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistemati- destina (PERRENOUD,
zados, normalizados por leis, entre os quais destacam-se o de formar o indivíduo 1999).
como um cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias, desen-
volver a criatividade, percepção, motricidade etc. (GOHN, 2006, p. 29 ). Habilidade: são repre-
sentadas pelas ações
em si, ou seja, pelas
A modalidade formal de educação exige tempo, local específico, recurso humano especiali- ações determinadas
zado, conforme mostra a figura 9, que retrata uma sala de aula de ensino fundamental, em Minas pelas competências
Gerais. de forma concreta,
como escovar o cabelo,
pintar, escrever, montar
e desmontar, tocar ins-
trumentos musicais etc.
(PERRENOUD, 1999).
15
UAB/Unimontes - 7º Período
A educação informal trata-se daquela em que os indivíduos aprendem durante seu processo
de socialização: na família, bairro, clube, amigos, entre outros, impregnada de valores e culturas
próprias, de pertencimento e sentimentos herdados (GOHN, 2006).
▲
Figura 9: vida familiar ... indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar
Fonte: http://www.igreja- no uso da linguagem, segundo valores e crenças de grupos que se freqüenta ou que pertence por
cristamaranata.org.br/wp- herança, desde o nascimento (GOHN, 2006, p.29).
-content/uploads/2010/08/
Fam%C3%ADlia.jpg
Acesso em 18 jul. 2011. Cabe ressaltar que na educação informal não há organização, muito menos sistematização
dos conhecimentos, pois são transmitidos a partir das práticas e experiências anteriores, o passa-
do orientando o presente. Ela age no campo das emoções e sentimentos, num processo perma-
nente.
Seu método básico é a vivência e a reprodução do conhecido e da experiência de acordo
com os modos e as formas apreendidas e codificadas.
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
O dispositivo revela com os indivíduos podem ser educados e tornar-se cidadãos e cidadãs
na convivência, na cultura, no trabalho, na organização social e na escola. A escola e os espaços
extra-escolares são locais reconhecidos de aprendizagem, todavia, a LDBEN abrange apenas a
educação formal.
As Diretrizes Curriculares para o curso de pedagogia, a partir de 2006, também expressam
em seu texto que os pedagogos devem estar aptos para planejar, executar, coordenar, acom-
panhar e avaliar projetos e experiências educativas não escolares, além de estarem aptos para
a docência na Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nas disciplinas peda-
gógicas de cursos de formação de professores; na participação do planejamento, na gestão e na
avaliação nas escolas.
Nesse contexto, podemos fazer algumas indagações:
Essas são indagações de difícil análise, por se tratarem de novos cenários de atuação do pe-
dagogo. Lembramos que a pedagogia é um espaço de promoção e efetivação da educação de
forma intencional e sistematizada; por isso, se temos a pretensão de sermos educadores (espe-
cialistas em educação), “é porque não nos contentamos com a educação assistemática. Nós que-
remos educar de modo intencional e por isso nos preocupamos com a educação” (SAVIANI, 2002,
p. 48).
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UAB/Unimontes - 7º Período
• hospitais;
• presídios;
• empresas;
• lazer comunitário;
• meios de comunicação e entretenimento como TV, rádio, internet, quadrinhos, revistas, edi-
toras, tornando mais pedagógicas campanhas sociais educativas sobre violência, drogas,
AIDS, dengue;
• ONG, organizando processos de formação de educadores;
• avaliação e desenvolvimento de pesquisas educacionais em diversos contextos sociais;
• planejamento de projetos culturais e sociais;
• criação e elaboração de brinquedos, materiais de autoestudo;
• programas de educação a distância; etc.
Outro espaço que merece destaque é a Pedagogia Social de Rua, temática que não será dis-
cutida nesta disciplina, mas desenvolve um trabalho importante na sociedade. Trata-se de uma
ação social/educativa que ultrapassa as condições burocráticas impostas pelas escolas de ensino
convencional. É um modo de atuação pedagógica que vai além dos muros, seguindo uma ampla
linha, no intuito de alcançar crianças e adolescentes que consideram as ruas como sua morada e
resgatar a elas por meio da educação para as escolas, e, dessa forma, pensar em novos projetos
de vida (GRACIANI, 1998).
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/Constituicao/principal.htm. Acesso em: 26 abr. 2009.
______. Lei nº 9.394 de 21/12/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diá-
rio Oficial da União. Brasília, DF, 23 de dez. de 1996. v. 134, nº 248, p. 27883 – 27841.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Gestão democrática da educação: exigências e desafios. Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação. São Bernardo do Campo, v. 18, n. 2, p.
163-174, jul./dez.2002.
18
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
GARCIA, Walter Esteves. Notas sobre a crise da Gestão Educacional. Out/Dez, 1987. Disponível
em: <http://www.emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/637/566>. Acesso
em: 18 jul. 2011.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal na pedagogia social. An. 1 Congr. Intern. Peda-
gogia Social Mar. 2006.
PARO, Vitor Henrique. Administração escola: introdução crítica. 14. ed. São Paulo: Xamã, 2000.
PIMENTA, Selma Garrido. (Org.). Pedagogia e Pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo:
Cortez, 2001.
19
UAB/Unimontes - 7º Período
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 2
Espaço empresarial
2.1 Introdução
A educação humaniza o homem, tornando conhecedor de si mesmo e dos outros,
tirando de simples papel de selvagem para torná-lo um ser capaz de se relacionar
de forma positiva com seus semelhantes (GONÇALVES, 2009).
21
UAB/Unimontes - 7º Período
Esse ambiente de mudanças gera preocupações mais agudas, e o atual avanço tecnológico
tem propiciado o desenvolvimento de instrumentos e métodos operacionais mais eficientes.
Destaca que neste processo de mudanças, que muitas vezes não é claramente visível a to-
dos, a educação torna-se uma solução fundamental para formar profissionais competentes que
contribuam efetivamente para a sociedade em que vivem e exercem suas atividades.
De acordo com Meirelles Junior (2008), a atual sociedade, assim como as empresas do novo
milênio, precisa de uma estrutura organizacional bem esquematizada para a sua sobrevivência,
contando com profissionais com elevada qualificação.
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Daí a importância de pensar a capacitação como uma estratégia, como instrumento capaz
de interferir na contextualização de habilidades e conhecimentos que estão sendo solicitados
para o mundo contemporâneo.
O crescimento de cada empresa será consequência do produto de suas habilidades em criar
situações adequadas para o futuro, traduzindo esta visão em realidade, desenvolvendo e geren-
ciando os recursos estratégicos e necessários.
Nesse contexto, surge o pedagogo empresarial “como uma nova ferramenta para este de-
senvolvimento nas organizações que caminham para serem empresas aprendentes” (CAGLIARI,
2009, s.p).
Cabe ressaltar que não basta esse novo profissional saber dirigir dinâmicas de grupo e orga-
nizar material de treinamento sem o engajamento das pessoas ou vendo uma necessidade ime-
diata. Mais do que isso, exige um trabalho rigoroso de observações cuidadosas, essencialmente
no trato dos recursos humanos, para conseguir desenvolver estratégias e, com elas, favorecer a
humanização dentro da empresa. Essa ação requer do pedagogo empresarial:
• astúcia,
• observação,
• envolvimento,
• desprendimento,
• coragem,
• preparo técnico,
• ousadia,
• vontade,
• criatividade; e
• desejo efetivo pela descoberta de como será desenvolvido seu trabalho dentro da empresa.
23
UAB/Unimontes - 7º Período
24
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Na atualidade, as intensas
transformações e inovações tec-
nológicas, em diversos campos,
levam à introdução no processo
produtivo dos sistemas de organi-
zação do trabalho, à mudança no
perfil profissional, bem como às
novas exigências de qualificação
dos trabalhadores, que também
vão afetar os sistemas de ensino.
Cenário que passa a reque-
rer novas habilidades, capaci-
dade de abstração maior e con-
▲ duta profissional mais flexível.
Figura 17: Comunicação tecnológica Daí a necessidade de formação
Fonte: http://blogs.piraidigital.com.br/epitacio/category/informatica/ geral, que implica uma reavalia-
inovacoes-da-tecnologia/
Acesso em: 27 jul. 2011. ção dos processos de aprendiza-
gem, maior familiaridade com os
meios de comunicação e com a informática, além do desenvolvimento de competências comuni-
cativas, de capacidades criativas para exame de novas situações, de capacidade de pensar e agir
com horizontes mais amplos.
Esse novo cenário exige a vinculação entre o
pedagogo e a empresa, uma vez que o aprendiza-
do é o saber assimilado, é a construção do conhe-
cimento por cada indivíduo. Por isso, o processo
de aprendizagem nas empresas faz-se mais pre-
sente em nossa sociedade. Cabe ressaltar a im-
portância do desenvolvimento de competências
e habilidades para ser capaz de executar, analisar
e desenvolver com sucesso uma tarefa.
Assim, o pedagogo empresarial no processo
de aprendizagem nas empresas deve entender
que está lidando com trabalhadores adultos, se-
res humanos, os quais precisam tornar-se parte
ativa neste processo. Ciente que no desenvolvi-
mento dos projetos de aprendizagem deve sem-
pre ser considerado as reais necessidades dos in-
divíduos.
Gonh (2006) enfatiza que, na educação não formal, as metodologias aplicadas no processo ▲
Figura 18:
de aprendizagem devem partir da cultura dos indivíduos e dos grupos. Assim, o método nasce a Aprendizagem coletiva
partir da problematização da vida diária, enquanto os conteúdos surgem a partir dos temas que Fonte: http://3.
se apresentam como necessidades, deficiências, desafios, entraves ou ações empreendedoras a bp.blogspot.com/_ja1Ket-
serem realizadas e os conteúdos são construídos no processo. Dessa forma, o método vai sendo -RCSs/TGQyJiXmfVI/
AAAAAAAAAFE/S-
sistematizado pelo modo de agir e pensar o mundo que cerca as pessoas. Esse pensamento está TfqRoYs-0/s320/aprendiza-
expresso na figura 18 que retrata a aprendizagem coletiva, leia e reflita sobre as mensagens dos gem.gif
cartazes.
A aprendizagem em grupo significa que, na ação educativa, devemos estar preocupados PARA SABER MAIS
não só com o produto da aprendizagem, mas com o processo que permitiu a mudança dos sujei-
Acesse o vídeo no
tos. Dessa forma, é uma ação formadora do sujeito para a vida, recusando a simples transmissão
link abaixo e assista à
de conhecimento. Nessa abordagem, aprendizagem é a capacidade de compreensão e de ação “Dinâmica de Grupo na
transformadora de uma realidade. Nesse caso, o aprender pode significar a ruptura com modelo Empresa”
internalizado. http://www.
Numa organização que aprende o desenvolvimento dos conceitos de comunidades de apren- youtube.com/
watch?v=G8a7XXDU9I0
dizagem e aprende fazendo na empresa, irá facilitar o processo de desenvolvimento contínuo dos
trabalhadores mais experientes. Sabe-se que a educação permanente e em serviço, para os traba-
lhadores em fase adiantada de carreira, pode permitir a permanente atualização profissional, com
o desenvolvimento de competências, habilidades e de posturas para a convivência com processos
de mudança, e a observação de novas tecnologias, ditas anteriormente.
25
UAB/Unimontes - 7º Período
MISSÃO DA NESTLÉ
Desenvolver as oportunidades de negócios, presentes e futuras, oferecendo ao consumidor produtos alimentícios e
serviços de alta qualidade e de valor agregado, a preços competitivos.
Fonte: http://www.via6.com/empresa/56279/nestle
Acesso em: 18 jul. 2011.
▲
Figura 19: Logotipo da Nestlé
http://namiradomarketing.blogspot.
com/2011/02/90-anos-da-nestle-brasil.html,
Acesso em: 27 jul. 2011
26
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
27
UAB/Unimontes - 7º Período
Referências
CAGLIARI, Débora. O Pedagogo Empresarial e a Atuação na Empresa. Só Pedagogia, 2009. Dispo-
nível em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedagogo/index.php?pagina=1. Acesso em: 25
ago. 2011
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gogia Social Mar. 2006.
MEIRELLES JUNIOR, Júlio Cândido de. Planejamento Empresarial. Jornal Eletrônico da Faculdade
de Economia das Faculdades Integradas Vianna Júnior, v. 07, p. 01-08, 2008.
28
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 3
Pedagogia hospitalar
Estamos precisando de um tipo de ser humano diferente capaz de viver em um
mundo em eterna mudança, educado para sentir-se a vontade com a mudança de
situações, sem conhecimento prévio. A sociedade que puder produzir essas pessoas
sobreviverá, as que não conseguirem, morrerão (MASLOW, 2000).
3.1 Introdução
Nesta unidade, vamos analisar a gestão pedagógica no espaço hospitalar: sua contextuali-
zação, legislação vigente, o papel do pedagogo e as práticas pedagógicas que podem ser desen-
volvidas neste ambiente. GLOSSÁRIO
Hoje, a pedagogia hospitalar é entendida como um dos campos do processo pedagógico e Equipe Multidisci-
é uma realidade, entre as inúmeras possibilidades de atuação do pedagogo na sociedade. plinar: conjunto de
Para Wolf (2007), o pedagogo hospitalar acompanha e interfere no processo de aprendiza- profissionais de áreas
gem do educando, dando ao enfermo subsídios para a compreensão do processo de elaboração de conhecimento dife-
da doença e da morte, explicando procedimentos médicos e auxiliando a criança e o adolescen- rentes que se integram
em prol de um objetivo
te na adaptação hospitalar. comum.
O pedagogo hospitalar tem uma grande tarefa a ser desenvolvida no hospital com outros
profissionais, numa equipe multidisciplinar, tendo em vista que a criança enferma precisa de cui-
dados que vão além dos aspectos físicos e biológicos e, por este motivo, diversas áreas do conhe-
cimento se integram em prol da continuidade do desenvolvimento global dos pacientes.
29
UAB/Unimontes - 7º Período
O pedagogo hospitalar, portanto, será o responsável por organizar essas ações educativas
dentro do hospital, levando em consideração as necessidades do estudante e paciente, cuidando
para que uma atividade não atrapalhe o andamento da outra.
31
UAB/Unimontes - 7º Período
Referências
BARROS, Alessandra Santana Soares e. Contribuições da educação profissional em saúde à for-
mação para o trabalho em classes hospitalares. Cad. CEDES [online]. 2007, vol. 27, n. 73, p. 257-
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9394/96). Brasília: Diário Oficial da União, 1996.
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cretaria Nacional de Educação Especial. Brasília, MEC/SEESP, 1994,66p.
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MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGGIATI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospi-
talar. Curitiba: Champagnat, 2001.
32
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 4
O espaço carcerário
4. 1 Introdução
... o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de
cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser
transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprende-
mos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala
com ele, mesmo que, em certas condições, precise falar a ele (FREIRE, 1996).
A educação carcerária pode ser considerada como ato educativo não formal praticado no
cotidiano do cárcere, marcado pela intencionalidade em cada habilidade, modos de agir, astúcias
e estratégias, organizadas com finalidades próprias e apropriadas, que influenciam e formam ou-
tros sujeitos. Freire acredita que é:
33
UAB/Unimontes - 7º Período
34 -dos-presos-estu-
dam-20100911.html
◄ Acesso em: 10 jul. 2011.
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
35
UAB/Unimontes - 7º Período
Nesse cenário, Scarfó (2010, p. 35) defende uma educação global, considerando que tal
abordagem
Ela, portanto, não será só formal ou infor- A educação assume papel de destaque
mal, trabalhada por professores e técnicos da na reinserção social, pois oferece ao detento,
área de educação, também se constituirá de além dos benefícios do saber escolar, a possi-
encontros, reuniões, debates, leituras, atitu- bilidade de participar de um processo de mu-
des, entre outros, sendo de responsabilidade dança, contribuindo para a formação de um
de todos os profissionais que atuam no espaço senso-crítico para o entendimento do valor da
prisional. liberdade e melhoria do cotidiano na prisão.
Referências
BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/principal.htm. Acesso em: 26 abr. 2009.
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Mercado de Letras, 2003. (Coleção idéias sobre linguagem).
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cor-
tez, 2001.
PÉREZ GÓMEZ, Angel Perez. O pensamento prático do professor: a formação do professor como
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Lisboa Codex, 1997.
RESENDE, Haroldo de. Currículo carcerário: práticas educativas na prisão. In: 27ª Reunião Anual
da ANPED, 2004. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt12/t125.pdf. Acesso em:
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SANTOS, Jussara Resende Costa. Políticas Públicas de educação nos presídios: práticas sócio-edu-
cativas estimulam alunos no processo de ressocialização em Minas Gerais. Congr. Intern. Pedago-
gia Social, Mar. 2010. Disponível em http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC00000
00092010000100017&script=sci_arttext. Acesso em: 28 ago. 2011.
SCARFÓ, Francisco. O papel (ou responsabilidade) da sociedade civil na garantia dos direitos edu-
cativos das pessoas encarceradas. In: YAMAMOTO, Aline et al. (org.) Educação em Prisões. São
Paulo: Alfasol, 2010.
36
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
SILVA, Ana Lúcia Gomes da. Educação carcerária: (des)encantos, (des)crenças e os (des)velamen-
tos das histórias de leitura no cárcere, entre ditos, silêncios e subentendidos. Revista HISTEDBR
On-line, 2007. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/29/rdt04_29.
pdf. Acesso em: 28 ago. 2011.
37
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 5
O espaço do campo
“... então o camponês descobre que, tendo sido capaz de transformar a terra, ele é
capaz também de transformar a cultura, renasce não mais como objeto dela, mas
também como sujeito da história” (PAULO FREIRE).
5.1 Introdução
Vamos discutir nesta unidade uma concepção de educação do campo que compreende
uma nova concepção do rural, concebido não mais como lugar de atraso, mas de produção da
vida em diversos aspectos: culturais, sociais, econômicos e políticos.
A problemática da educação do campo aborda um espaço de formação dos sujeitos que de-
safiam o tempo, encontram, muitas vezes, a desvinculação entre a escola e o seu contexto, “de-
corrente da imposição de um modelo educativo que serve mais para a cidade do que propria-
mente às zonas rurais ...” (PETTY; TOBIM; VERA, 1981, p. 32).
Quando estamos tratando de campo, estamos nos referindo a um espaço múltiplo que é,
segundo Caldart (2002):
A educação do campo deve ser concebida para oferecer aos povos do campo uma educa-
ção adequada ao seu modo de viver, pensar e produzir.
39
campo; e
• conhecer a pedagogia da alternância.
UAB/Unimontes - 7º Período
40
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Além disso, a relação entre cultura e comunicação são outros elementos importantes do
processo nas escolas do campo na busca do entendimento de diferentes linguagens. Para isso,
devem-se utilizar técnicas de organização que viabilizem e potencializem o resgate da memória PARA saber mais
coletiva das comunidades, dos saberes e das histórias, como princípios do processo de ensino-
-aprendizagem. Aproveite o fórum de
discussão, debata e re-
flita sobre as seguintes
questões:
• O que significa
41
UAB/Unimontes - 7º Período
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade
própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencial-
mente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de pro-
gramas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde.
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregu-
lar, importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-
-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a as-
segurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regio-
nais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários nor-
mais das escolas públicas de ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios
de aprendizagem.
______________________________________________
O Art. 28 da referida lei institui que, na oferta da educação básica para a população rural,
os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiarida-
des da vida rural e de cada região, sendo considerados especialmente
42
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Transdisciplinar: É
Além disso, o currículo nas escolas do campo deve permitir o desenvolvimento de atitudes um tipo de intera-
e valores para as relações que se estabelecem no cotidiano da comunidade, pautadas na igual- ção entre disciplinas
dade, na disposição para reconhecer o direito de cada pessoa de aprender, de ensinar a ensinar a em que ocorre uma
partilha de saberes e de poder entre mulheres e homens. espécie de integração
de vários sistemas, num
De modo geral, o currículo pensado para ofertar uma educação que, de fato, atenda às reais contexto mais amplo
necessidades do campo deve: e geral, ocasionando
uma interpretação mais
• Proporcionar por meio de atividades, condições de trabalho e geração de renda para que totalizante dos fatos e
os jovens e adultos possam conseguir viver com dignidade no campo e ter acesso aos bens fenômenos da vida.
culturais e sociais historicamente acumulados e produzidos pela humanidade;
• Favorecer a formação de lideranças para que elas estimulem e orientem o desenvolvimento
técnico agro-ecológico em geral e comunitário, especificamente, conservando seus valores
históricos e culturais.
• Desenvolver elementos que potencializem a valorização do campo como espaço de produ-
ção e recriação de vida;
• Formar o educando para participar de forma consciente e com habilidades técnicas, ampa-
rada em novos modelos de desenvolvimento do meio rural;
• Possibilitar a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos na agricultura, pecuária, pesca,
no extrativismo e outras culturas, que visam a dar maior sustentabilidade à economia das
comunidades e das regiões, com a utilização de técnicas adequadas para a recuperação e
preservação ambiental.
Como já dissemos, o conceito da educação do campo nasceu das demandas dos movimen-
tos camponeses e sociais na construção de uma política educacional para os assentamentos de
reforma agrária. Estes movimentos têm organizado de forma sistemática e permanente ações de
educação não formal. Observem a figura 32 que retrata a educação de jovens e adultos em um
assentamento no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
43
UAB/Unimontes - 7º Período
Segundo Molina (2006), para entender a contribuição pedagógica que os movimentos so-
ciais trazem para a educação do campo, precisamos resgatar práticas educativas gestadas em
nosso país, que constituíram o arcabouço da educação popular, pois acreditamos que elas de-
sempenham e desempenharam um papel importante do ponto de vista de três eixos: ético, polí-
tico e pedagógico, gerando um repertório de concepções, práticas e ferramentas que foram sen-
do construídas e reconstruídas pelos movimentos sociais e organizações não governamentais na
implementação das escolas do campo. Para Lucini (2007, p. 118), esses três eixos se entrelaçam e
não podem ser vistos separadamente.
No eixo político, situam-se as discussões que enfatizam
o aspecto da relação dos povos do campo com o direito à
vida, à manutenção de sua cultura e à garantia de produzir a
existência no lugar em que estão, com respeito a sua diferen-
ça, a sua opção política e a sua opção ética.
No eixo ético, refere-se às discussões que envolvem os
aspectos político e os aspectos pedagógicos, se colocam na
explicitação e defesa de sua cultura e especificidade, em re-
lação a uma ética de respeito a esse mundo e às significações
construídas pelos grupos sociais.
O eixo pedagógico é permeado pelo político e pelo éti-
co; nele estão presentes os debates que garantem a continui-
dade dos grupos sociais, a dimensão formadora das ações e
das práticas políticas e culturais dos povos do campo.
No Brasil, Paulo Freire, nos anos 1960, traz para discus-
▲
Figura 32: Educação de são uma pedagogia anunciada das classes populares, que contempla esses grupos sociais, par-
Jovens e Adultos em tindo do vivido para propor uma transformação.
assentamento no Vale A educação popular é um lugar de luta social que busca a superação e a transformação de
do Jequitinhonha um quadro histórico em que a educação do povo (trabalhadores urbanos e do campo) enfrenta,
Fonte: http://www.foru- por estar colocada, muitas vezes, de maneira diferente em certos espaços de formação social, em
meja.org.br/mg/node/9
Acesso em: 2 ago. 2011. contradição com a necessidade social e econômica das práticas capitalistas de produção.
A proposta de Paulo Freire adentra o campo popular, partindo da vivencia para propor uma
transformação. Sustenta a possibilidade de pensar a educação a partir das classes trabalhadoras,
PARA SABER MAIS sob o princípio de uma educação que liberta e entende a vida para além das desigualdades,
Assista aos vídeos da dentro de uma dialogia constante (ANTÔNIO; LUCINI, 2007, p. 181).
última entrevista de A educação popular, como composição teórico-prática da situação educacional do país, se
Paulo Freire sobre insere nos movimentos sociais que pressionam o governo. Além de buscar a compreensão de
educação popular e
conheça um pouco da questões educacionais a partir de um quadro político-democrático, no qual se manifestam as lu-
filosofia desse grande tas pelas transformações sociais a partir da educação, a partir das lutas pela cidadania e melhor
educador que muito qualidade de vida, apostando que é possível transformar a realidade (ANTÔNIO; LUCINI, 2007).
contribuiu e continua A participação dos movimentos sociais
contribuindo para a e sindicais na Educação do Campo, tanto nos
educação no Brasil.
níveis de escolarização formal como em sua
participação no processo de discussão e ela-
Figura 33: Paulo Freire boração de algumas políticas públicas, tem
Fonte: http://omeuguri. impulsionado o afloramento de modos dife-
com/paulo.html
Acesso em: 2 ago. 2011. rentes de conhecer a situação dos povos do
PARTE 1: http://www.you- campo, colocando em questão a necessidade
tube.com/watch?v=Ul90h de rupturas epistemológicas para avançar na
eSRYfE&feature=related
PARTE 2: efetivação do entendimento do espaço rural
http://www.youtube.com/ como um território de múltiplos saberes e de
watch?v=fBXFV4Jx6Y8&fea produção de vida.
ture=related ►
Este debate tem possibilitado o resgate
dos fundamentos e a socialização das práticas existentes que evidenciam elementos e dimen-
sões que estiveram presentes nas práticas da educação popular. Disso resulta o interesse em ten-
tar identificar como a produção pedagógica dos movimentos sociais tem contribuído na discus-
são, ou seja, perceber como os referenciais construídos na educação não formal dialogam com as
práticas pedagógicas das escolas do campo.
44
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
• No tempo na escola: o ensino e a aprendizagem dos alunos são coordenados por um técni-
co agrícola.
• No tempo na família: as atividades dos filhos são acompanhadas e responsabilizadas pelos
pais.
45
UAB/Unimontes - 7º Período
Corações sensibilizados
Com este universo decadente
Desses que não são letrados
E tornam-se a letra indiferente.
Precisa-se de educadores
Comprometidos com o ato de educar
Tratar na escola onde você trabalha
Ou comece em qualquer lugar.
46
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Referências
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47
UAB/Unimontes - 7º Período
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48
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Resumo
Unidade 1
• A gestão da educação pode ser definida como tomada de decisões, utilização racional de
recursos para a realização de determinados fins.
• A educação não formal pode ser definida como práticas educativas que ocorrem fora de
tempos e espaços determinados, consistindo em um processo de formação para a vida.
• A Educação não formal ocorre em ambientes e situações interativos construídos coletiva-
mente, segundo diretrizes de dados grupos. Mas poderá ocorrer também por forças de cer-
tas circunstancias da vivência histórica de cada um.
• Na educação não formal existe intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e
de transmitir ou trocar informação.
• A educação não formal é reconhecida como um dos campos básicos da Pedagogia Social,
uma vez que ela trabalha com coletivos e se preocupa com os processos de construção de
aprendizagens e saberes coletivos.
• São características da educação não formal: aprendizado quanto a diferenças - aprende-se
a conviver com demais; adaptação do grupo a diferentes culturas e do indivíduo ao outro;
construção da identidade coletiva de um grupo; balizamento de regras éticas relativas às
condutas aceitáveis socialmente.
• As metodologias utilizadas na educação não formal no processo de aprendizagem nascem
da cultura dos indivíduos e dos grupos. Não são fornecidas a priori, são construídas no pro-
cesso.
• A educação formal se desenvolve nas escolas, com conteúdos previamente definidos.
• Os espaços na educação formal referem-se aos espaços das escolas, são instituições regula-
mentadas por lei, certificadoras, organizadas de acordo com as diretrizes nacionais.
• A educação informal trata-se daquela em que os indivíduos aprendem durante seu processo
de socialização: na família, bairro, clube, amigos, entre outros, impregnada de valores e cul-
turas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados.
• A educação informal tem seus espaços educativos delimitados por referências de nacionali-
dade, localidade, idade, sexo, religião, etnia.
• Na educação informal não há organização nem sistematização dos conhecimentos, sendo
transmitidos a partir das práticas e experiências anteriores.
• As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia explicita que o pedagogo deverá ser
capaz de atuar em espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem de su-
jeitos em diversas fases do desenvolvimento humano, em variados níveis e modalidades do
processo educativo.
Unidade 2
49
UAB/Unimontes - 7º Período
Unidade 3
50
Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Unidade 4
• A educação nas prisões é inegavelmente uma ação em defesa dos direitos humanos. O Es-
tado, em relação a qualquer direito humano, tem o dever de promover ações para garantir,
respeitar e proteger tais direitos.
• A educação assume papel de destaque na reinserção social, pois oferece ao detento, além
dos benefícios do saber escolar, a possibilidade de participar de um processo de mudança,
contribuindo para a formação de um senso-crítico para o entendimento do valor da liberda-
de e melhoria do cotidiano na prisão.
• A educação carcerária pode ser considerada como ato educativo não-formal praticado no
cotidiano do cárcere, marcado pela intencionalidade em cada habilidade, modos de agir, as-
túcias e estratégias organizadas, com finalidades próprias e apropriadas, que influenciam e
formam outros sujeitos.
• A escola no sistema penitenciário deve produzir um conhecimento peculiar que estimule
o professor a desenvolver em seu trabalho uma educação restaurativa e compreender que
o campo de sua atuação não se concentra na determinação de culpa ou punição de seu
aluno/preso, mas na capacidade de refletir sobre seu ato, entendendo o ocorrido para cons-
cientizar-se de sua infração e demais danos por ela gerados, assumindo a responsabilidade
de sua conduta, buscando, assim, novas atitudes em sua vida após o cumprimento da pena.
• A atuação do professor atuante no sistema penitenciário deve ser permeada pela reflexão,
pois não há como ignorar a especificidade da educação que busca a reinserção de presos na
sociedade.
• A prática do pedagogo no espaço carcerário precisa alicerçar-se na utilização de metodo-
logias ativas para facilitar a aprendizagem de jovens e adultos presos; entender a educação
nos presídios como uma prática de liberdade, de crescimento pessoal, de motivação e estí-
mulo para concretização da socialização ou ressocialização; desenvolver projetos sócio-edu-
cativos para possibilitar o ensino profissionalizante para que os egressos sejam capazes de
reconstruir a vida na sociedade; buscar soluções para as dificuldades de ajustamento entre
agentes penitenciários e equipe administrativa e pedagógica da escola ou ações educativas.
Unidade 5
• A educação do campo compreende uma nova concepção do rural, que não seja mais conce-
bida como lugar de atraso, mas de produção da vida em diversos aspectos: culturais, sociais,
econômicos e políticos.
• A educação do campo deve ser concebida para oferecer aos povos do campo uma educa-
ção adequada ao seu modo de viver, pensar e produzir.
• A educação do campo incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricul-
tura, mas ultrapassa-os ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extra-
tivistas. As propostas pedagógicas da educação do campo devem contemplar a diversidade
do campo em todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero,
geração e etnia.
• O conceito da educação do campo nasceu das demandas dos movimentos camponeses e
sociais na construção de uma política educacional para os assentamentos de reforma agrá-
ria.
• Os movimentos sociais pelos movimentos sociais e organizações não governamentais de-
sempenharam um papel importante do ponto de vista ético, político e pedagógico, geran-
do um repertório de concepções, práticas e ferramentas que foram sendo construídas e re-
construídas na implementação das escolas do campo.
• A pedagogia da alternância está relacionada aos diferentes tempos alternados vivenciados
pelos alunos da escola, como, por exemplo, uma semana interno na escola e as outras rea-
lizando experimentos na sua moradia e comunidade, participação em eventos, realizando
atividades escolares e outros.
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UAB/Unimontes - 7º Período
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
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UAB/Unimontes - 7º Período
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Pedagogia - Gestão dos Processos Formativos nos Espaços não Escolares
Atividades de
Aprendizagem - AA
ATIVIDADES AVALIATIVAS – AA
a) ( ) A educação não formal pode ser definida como práticas educativas que acontecem
de forma sistematizada e em espaços determinados.
b) ( ) A educação não formal trabalha com coletivos e preocupa-se com os processos de
construção de aprendizagens e saberes coletivos.
c) ( ) Na educação não formal há intencionalidade na ação, no ato de participar, de apren-
der e de transmitir ou trocar informação.
d) ( ) A educação não formal torna as pessoas capazes de serem cidadãs do mundo e no
mundo.
a) ( ) Domínio de conhecimentos
b) ( ) Domínio de técnicas
c) ( ) Domínio de práticas
d) ( ) Domínio de experiências profissionais de outras áreas.
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UAB/Unimontes - 7º Período
a) ( ) I, II, III e IV
b) ( ) II, III, e IV
c) ( ) Apenas I
d) ( ) Apenas III
a) ( ) A educação carcerária deve ser considerada com ato educativo não formal praticado
no ambiente prisional.
b) ( ) A educação oferecida no campo do sistema penitenciário muito contribui no proces-
so de reinserção social dos presos.
c) ( ) A educação no espaço prisional é de inteira responsabilidade do pedagogo.
d) ( ) A educação nas prisões é uma ação em defesa dos direitos humanos.
a) ( ) I, II, III e IV
b) ( ) II e IV
c) ( ) Apenas I
d) ( ) Apenas III
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