Curso Introdutório para Saúde Da Família - Apostila Do Aluno
Curso Introdutório para Saúde Da Família - Apostila Do Aluno
Curso Introdutório para Saúde Da Família - Apostila Do Aluno
INTRODUTÓRIO
Saúde da Família
Rio de Janeiro
2011
Apresentação
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• Praticar o Exercício da cidadania;
• Assumir Responsabilidade social e sanitária;
• Valorizar a cultura da comunidade;
• Atuar com postura ética, humanista e democrática;
• Integrar a equipe num processo de trabalho interdisciplinar;
• Analisar os determinantes biopsicossociais do processo saúde doença;
• Estimular a comunicação Interpessoal;
• Valorizar as Relações humanas: Escuta ativa, formação de vínculos, empatia;
• Coordenar o Cuidado familiar;
• Realizar escuta qualificada e acolhimento ao Ser Humano;
• Desenvolver visitas domiciliares e consulta familiar;
• Organizar reuniões de equipe e com a comunidade;
• Elaborar atividades de planejamento, incluindo monitoramento e avaliação;
• Desenvolver práticas orientadas pela educação popular em saúde.
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Sumário
Programa ................................................................................................ 5
Carteira de Serviços............................................................................... 10
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Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância da Saúde
Superintendência de Atenção Primária
Coordenação de Saúde da Família
• Iniciar a discussão sobre 15h15 – 16h30 • Dividir a turma em três grupos e cada um irá escrever
Território em um papel pardo os principais problemas e
potencialidades de saúde observados no território
onde moram, identificando riscos e vulnerabilidades.
• Apresentar na plenária.
• Avaliar as atividades do dia. 16h30 –17h • Avaliação.
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Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância da Saúde
Superintendência de Atenção Primária
Coordenação de Saúde da Família
Curso Introdutório na Estratégia Saúde da Família.
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Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância da Saúde
Superintendência de Atenção Primária
Coordenação de Saúde da Família
Curso Introdutório na Estratégia Saúde da Família.
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Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância da Saúde
Superintendência de Atenção Primária
Coordenação de Saúde da Família
Curso Introdutório na Estratégia Saúde da Família.
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Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância da Saúde
Superintendência de Atenção Primária
Coordenação de Saúde da Família
Curso Introdutório na Estratégia Saúde da Família.
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Carteira de Serviços
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Texto 1
Saúde e Doença: dois fenômenos da vida
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de educação
permanente em saúde: unidades de aprendizagem – análise do contexto da gestão e das práticas de
saúde. / Brasil. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005.
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Texto 2
Territorialização em Saúde
GONDIM, G. M. M, MONKEN, M. Territorialização em Saúde.
Disponível em: www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/tersau.html
Acesso em: 09/02/2011
Localizar significa mostrar o lugar. Quer dizer, além disto, reparar no lugar.
Ambas as coisas, mostrar o lugar e reparar no lugar, são os passos preparatórios de
uma localização. Mas é muita ousadia que nos conformemos com os passos
preparatórios. A localização termina, como corresponde a todo método intelectual, na
interrogação que pergunta pela situação do lugar. (Heidegger,1998)
Ao se buscar definir a ‘territorialização em saúde’, precede explicitar a
historicidade dos conceitos de território e territorialidade, suas significações e as formas
de apropriação no campo da saúde pública e da saúde coletiva. Pretende-se com isso,
situar os diferentes usos do termo territorialização (teórico, prático e metodológico) pelo
setor saúde, destacando sua importância no cenário atual da reorganização da
atenção, da rede de serviços e das práticas sanitárias locais.
O termo território origina-se do latim territorium, que deriva de terra e que nos
tratados de agrimensura aparece com o significado de ‘pedaço de terra apropriada’. Em
uma acepção mais antiga pode significar uma porção delimitada da superfície terrestre.
Nasce com dupla conotação, material e simbólica, dado que etimologicamente aparece
muito próximo de terra-territorium quanto de terreo-territor (terror, aterrorizar). Tem
relação com dominação (jurídico-política) da terra e com a inspiração do medo, do
terror – em especial para aqueles que, subjugados à dominação, tornam-se alijados da
terra ou são impedidos de entrar no ‘territorium’. Por extensão, pode-se também dizer
que, para aqueles que têm o privilégio de usufruí-lo, o território inspira a identificação
(positiva) e a efetiva ‘apropriação’ (Haesbaert, 1997, 2005; Souza & Pedon, 2007).
A concepção de território que mais atende às necessidades de análise das ciências
sociais e humanas é a sóciopolítica. Só é possível falar em demarcação ou delimitação
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em contextos nos quais exista uma pluralidade de agentes (Nunes, 2006). Portanto, a
noção de território é decorrência da vida em sociedade, ou ainda, “os territórios [...] são
no fundo, antes ralações sociais projetadas no espaço, que espaços concretos” (Souza,
1995, p.87).
Em uma sociedade política os indivíduos se articulam por meio de relações
reguladas e possui princípios mínimos de organização. Essa organização só se
viabiliza quando existe um poder habilitado a coordenar todos aqueles que se
encontram em um determinado espaço. Por isso, quando se analisam os coletivos
humanos ao longo da história, só se destaca a noção de território a partir das primeiras
sociedades políticas. Com isso, corrobora-se a hipótese de que um elemento
indissociável da noção de poder é o território, dado que não há organização sem poder
(Nunes, 2006).
Raffestin (1993) entende o território como todo e qualquer espaço caracterizado
pela presença de um poder, ou ainda, “um espaço definido e delimitado por e a partir de
relações de poder” (p. 54). E ainda, o poder “surge por ocasião da relação”, e “toda
relação é ponto de surgimento do poder” (p.54). Quando coexistem em um mesmo
espaço várias relações de poder dá-se o nome de ‘territorialidades’, de modo que uma
área que abriga várias territorialidades pode ser considerada vários territórios.
A territorialidade para Robert Sack (1986) é uma estratégia dos indivíduos ou grupo
social para influenciar ou controlar pessoas, recursos, fenômenos e relações,
delimitando e efetivando o controle sobre uma área. A territorialidade resulta das
relações políticas, econômicas e culturais, e assume diferentes configurações, criando
heterogeneidades espacial, paisagística e cultural - é uma expressão geográfica do
exercício do poder em uma determinada área e esta área é o território.
O território configura-se no espaço, a partir de uma ação conduzida por um ator
sintagmático - aquele que realiza um programa, em qualquer nível da realidade. Ao se
apropriar de um espaço, de forma concreta ou abstrata, “[...] o ator ‘territorializa’ o
espaço” (Raffestin, 1993, p.143). Significa que o território materializa as articulações
estruturais e conjunturais a que os indivíduos ou os grupos sociais estão submetidos
num determinado tempo histórico, tornando-se intimamente correlacionado ao contexto
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e ao modo de produção vigentes. esse aspecto processual de formação do território
constitui a ‘territorialização’ (Gil, 2004).
O processo de territorialização pode ser entendido como um movimento
historicamente determinado pela expansão do modo de produção capitalista e seus
aspectos culturais. Dessa forma, caracteriza-se como um dos produtos socioespaciais
das contradições sociais sob a tríade economia, política e cultura (EPC), que determina
as diferentes territorialidades no tempo e no espaço - as desterritorialidades e as re
territorialidades. Por isso, a perda ou a constituição dos territórios nasce no interior da
própria territorialização e do próprio território. Ou seja, os territórios encontram-se em
permanente movimento de construção, desconstrução e re construção (Saquet, 2003).
A constituição dos territórios na contemporaneidade se expressa segundo Santos
(1996), com base em dois movimentos: das horizontalidades e das verticalidades. As
horizontalidades serão os domínios de contigüidades, constituídos por uma
continuidade territorial, enquanto as verticalidades seriam formadas por pontos
distantes uns dos outros, resultado de uma interdependência hierárquica dos territórios,
conseqüente do processo de globalização econômica. As intensas mudanças
econômicas e políticas, decorrentes das verticalidades - mundialização do capital e o
modelo neoliberal de organização do Estado - trouxeram impactos negativos sem
precedentes na organização dos territórios, nas estruturas produtivas e sociais dos
países em desenvolvimento, desenhando um cenário de profundas desigualdades
sociais, com a exclusão de parcela significativa da população ao direito à vida e à
cidade (Tavares & Fiori, 1993; Antunes & Alves, 2004).
No setor saúde os territórios estruturam-se por meio de horizontalidades que se
constituem em uma rede de serviços que deve ser ofertada pelo Estado a todo e
qualquer cidadão como direito de cidadania. Sua organização e operacionalização no
espaço geográfico nacional pautam-se pelo pacto federativo e por instrumentos
normativos, que asseguram os princípios e as diretrizes do Sistema de Saúde, definidos
pela Constituição Federal de 1988. Não obstante os avanços na saúde nos últimos 20
anos, alicerçados em bases teóricas sólidas da Reforma Sanitária, o setor padece de
problemas organizacionais, gerenciais e operacionais, demandando uma nova re
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organização de seu processo de trabalho e de suas estruturas gerenciais nas três
esferas de gestão do sistema, de modo a enfrentar as desigualdades e iniqüidades
sociais em saúde, delineadas pela tríade econômico –política globalização,
mundialização e neoliberalismo.
No cenário da crise de legitimidade do Estado, o ponto de partida para a re-
organização do sistema local de saúde brasileiro foi redesenhar suas bases territoriais
para assegurar a universalidade do acesso, a integralidade do cuidado e a eqüidade da
atenção. Nesse contexto, a territorialização em saúde se coloca como uma metodologia
capaz de operar mudanças no modelo assistencial e nas práticas sanitárias vigentes,
desenhando novas configurações loco-regional, baseando-se no reconhecimento e
esquadrinhamento do território segundo a lógica das relações entre ambiente,
condições de vida, situação de saúde e acesso às ações e serviços de saúde (Teixeira
et al., 1998).
Para alguns autores, a territorialização nada mais é do que um processo de “habitar
um território” (Kastrup, 2001, p. 215). O ato de habitar traz como resultado a
corporificação de sabres e práticas. Para habitar um território é necessário explorá-lo,
torná-lo seu, ser sensível às suas questões, ser capaz de movimentar-se por ele com
alegria e descoberta, detectando as alterações de paisagem e colocando em relação
fluxos diversos - não só cognitivos, não só técnicos, não só racionais - mas políticos,
comunicativos, afetivos e interativos no sentido concreto, detectável na realidade.
(Ceccim, 2005b). Essa abordagem remete, fundamentalmente, à importância da
territorialização para os processos formativos em saúde com foco na aprendizagem
significativa e nos contextos de vida do cotidiano.
Entende-se, portanto, que o território da saúde não é só físico ou geográfico: é o
trabalho ou a localidade. “O território é de inscrição de sentidos no trabalho, por meio
do trabalho, para o trabalho” (Ceccim, 2005a, p.983). Os territórios estruturam habitus,
e não são simples e nem dependem de um simples ato de vontade sua transformação
que inclui a luta pelo amplo direito à saúde. A tarefa de confrontar a força de captura
das racionalidades médico-hegemônica e gerencial hegemônica requer impor a
necessidade de singularização da atenção e do cuidado e a convocação
26
permanentemente dos limites dos territórios (Rovere, 2005).
Encontra-se em jogo um processo de territorialização: construção da integralidade;
da humanização e da qualidade na atenção e na gestão em saúde; um sistema e
serviços capazes de acolher o outro; responsabilidade para com os impactos das
práticas adotadas; efetividade dos projetos terapêuticos e afirmação da vida pelo
desenvolvimento da autodeterminação dos sujeitos (usuários, população e profissionais
de saúde) para levar a vida com saúde. Essa territorialização não se limita à dimensão
técnico-científica do diagnóstico e da terapêutica ou do trabalho em saúde, mas se
amplia à re orientação de saberes e práticas no campo da saúde, que envolve
desterritorializar os atuais saberes hegemônicos e práticas vigentes (Ceccim, 2005a).
A territorialização pode expressar também pactuação no que tange à delimitação de
unidades fundamentais de referência, onde devem se estruturar as funções
relacionadas ao conjunto da atenção à saúde. Envolve a organização e gestão do
sistema, a alocação de recursos e a articulação das bases de oferta de serviços por
meio de fluxos de referência intermunicipais. Como processo de delineamento de
arranjos espaciais, da interação de atores, organizações e recursos, resulta de um
movimento que estabelece as linhas e os vínculos de estruturação do campo relacional
subjacente à dinâmica da realidade sanitária do SUS no nível local. Essas diferentes
configurações espaciais podem dar origem a diferentes padrões de interdependência
entre lugares, atores, instituições, processos e fluxos, preconizados no Pacto de Gestão
do SUS (Fleury & Ouverney, 2007).
A saúde pública recorre a territorialização de informações, há alguns anos, como
ferramenta para localização de eventos de saúde-doença, de unidades de saúde e
demarcação de áreas de atuação. Essa forma restrita de territorialização é vista com
algumas restrições, principalmente entre os geógrafos. Alegam ser um equívoco falar
em territorialização da saúde, pois seria uma tautologia já que o território usado é algo
que se impõe a tudo e a todos, e que todas as coisas estão necessariamente
territorializadas. Essa crítica é bem- vinda, enriquece o debate teórico e revela os usos
limitados da metodologia, constituindo-se apenas como análise de informações geradas
pelo setor saúde e simples espacialização e distribuição de doenças, doentes e
27
serviços circunscritos à atuação do Estado (Souza, 2004).
Uma proposta transformadora de saberes e práticas locais concebe a
territorialização de forma ampla – um processo de habitar e vivenciar um território; uma
técnica e um método de obtenção e análise de informações sobre as condições de vida
e saúde de populações; um instrumento para se entender os contextos de uso do
território em todos os níveis das atividades humanas (econômicos, sociais, culturais,
políticos etc.), viabilizando o “território como uma categoria de análise social” (Souza,
2004, p. 70); um caminho metodológico de aproximação e análise sucessivas da
realidade para a produção social da saúde.
Nessa perspectiva, a territorialização se articula fortemente com o planejamento
estratégico situacional (PES), e juntos, se constituem como suporte teórico e prático da
vigilância em saúde. O PES, proposto por Matus (1993), coloca-se no campo da saúde
como possibilidade de subsidiar uma prática concreta em qualquer dimensão da
realidade social e histórica. Contempla a formulação de políticas, o pensar e agir
estratégicos e a programação dentro de um esquema teórico-metodológico de
planificação situacional para o desenvolvimento dos Sistemas Locais de Saúde. Tem
por base a teoria da produção social, na qual a realidade é indivisível, e tudo o que
existe em sociedade é produzido pelo homem. A análise social do território deve
contribuir para construir identidades; revelar subjetividades; coletar informações;
identificar problemas, necessidades e positividades dos lugares; tomar decisão e definir
estratégias de ação nas múltiplas dimensões do processo de saúde-doença-cuidado.
Os diagnósticos de condições de vida e situação de saúde devem relacionar-se
tecnicamente ao trinômio estratégico ‘informação-decisão-ação’ (Teixeira et al., 1998).
A proposta da territorialização, com toda crítica que ainda perdura nos campos da
saúde coletiva e da geografia por sua apropriação tecnicista e prática objetivante,
coloca-se como estratégia central para consolidação do SUS, seja para a
reorganização do processo de trabalho em saúde, seja para a reconfiguração do
Modelo de Atenção. Como método e expressão geográfica de intencionalidades
humanas, permite a gestores, instituições, profissionais e usuários do SUS
compreender a dinâmica espacial dos lugares e de populações; os múltiplos fluxos que
28
animam os territórios e; as diversas paisagens que emolduram o espaço da vida
cotidiana. Sobretudo, pode revelar como os sujeitos (individual e coletivo) produzem e
reproduzem socialmente suas condições de existência – o trabalho, a moradia, a
alimentação, o lazer, as relações sociais, a saúde e a qualidade de vida, desvelando as
desigualdades sociais e as iniqüidades em saúde.
29
Texto 3
Família, o mais novo cliente
JEZUINO, A. L. Familia o mais novo cliente. In: Escola de Formação Técnica em Saúde Enfª Izabel
dos Santos. (Org.). Curso Técnico em Enfermagem: Promovendo a Saúde. 1ª ed. Rio de Janeiro:
EFTS, 2000, v. 01, p. 61-64.
Desde a origem do homem até os dias atuais, a família passa por processos de
mudanças contínuos, apresentando estruturas e funções que atendam as necessidades
pessoais e sociais de cada um de seus membros.
Há pouco tempo no Brasil, as políticas públicas eram voltadas para populações
de risco, com ressalva para o menino de rua e da rua, a gravidez na adolescência, o
portador de necessidades especiais 1e o idoso, deslocando do contexto da família, sem
considerar as relações que perpassam no meio intra e extra familiar. Contudo, a família
representa em qualquer parte do planeta Terra a célula da sociedade.
Atualmente a família é de grande relevância para implementação de políticas
públicas. Isto pode ser percebido nas políticas públicas de saúde e de assistência
social, que introduzem serviços voltados especificamente a esse número. A Lei
Orgânica de Assistência Social (LOAS 2) considera como objetivo a proteção a família e
a determina como foco principal de atenção na Política Nacional de Assistência Social
(PNAS3). Na saúde, temos o Programa de Saúde da Família (PSF) voltado para
famílias no seu contexto social com delimitação por determinada área ou micro-área.
A implantação do PSF, no ano de 1994, reforça a necessidade de entender este
grupo singular como multiplicador das idéias do cuidado, ou seja, ela passa objeto de
assistência/cuidado para sujeito promotor de saúde.
1
O termo “portador de necessidades educativas especiais” diferentemente de outras nomenclaturas utilizadas
anteriormente, pretende destacar a importância da inclusão das pessoas que, por algum motivo (deficiência visual,
auditiva, física, retardo mental, dentre outros), necessitam de cuidados especiais.
2
LOAS nº 8742 de Dezembro de 1993.
3
PNAS, resolução 145 de 15 de outubro de 2004.
30
O PSF enquanto estratégia desloca o foco da assistência centrada no hospital,
no individuo, na livre demanda, na cura e no uso de insumos de alta tecnologia, para
assistência que vê o individuo dentro de um contexto social, voltando o olhar dos
profissionais de saúde para família e comunidade. Esta nova forma de olhar o individuo
em sua totalidade, requer organização dos serviços nos três níveis de assistência,
promove a integração entre os profissionais de saúde e usuários através da criação do
vínculo, e da co-responsabilidade, buscando a excelência e qualidade de vida, que é
expressa na transformação do quadro epidemiológico.
Desta forma, o Ministério da Saúde propõe, para implementação deste novo
modelo, a transformação das Unidades Básicas de Saúde existentes em Unidades de
Família, de modo que estas resolvam aproximadamente 85% dos problemas de saúde
nas áreas adscritas4 já existentes de forma mais abrangente. A novidade é que o setor
saúde passe a buscar novos parceiros para resolução dos problemas locais, como por
exemplo: educação, saneamento, meio ambiente, ação social, esporte e lazer, etc.,
desvinculando a concepção da simples ausência de patologia.
Pretende-se com essa estratégia diminuir o fluxo dos usuários para os níveis
mais especializados, “desafogando” os hospitais, melhorando a utilização dos recursos
existentes, garantindo o acesso de todos aos procedimentos mais complexos.
Para reverter a forma atual de prestação de assistência a saúde, foi estabelecido
pelo Ministério da Saúde que cada Unidade do PSF fosse composta por uma equipe
básica de um médico da família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e cinco ou
seis agentes comunitários de saúde. É uma equipe interdisciplinar 5, na qual todos os
saberes são respeitados, e onde o saber popular alia-se ao saber cientifico, resultando
no planejamento participativo buscando atender às necessidades locais.
Esta equipe deverá conhecer a realidade das famílias (características
socioeconômicas, demográficas e epidemiológicas), identificar problemas de saúde
e/ou situações de risco, elaborar planejamento local, prestar assistência integral,
4
População adscrita – famílias cadastradas, que juntas formam uma população que será vinculada à unidade básica
de saúde.
5
Equipe interdisciplinar – equipe composta por profissionais com diferentes formações que completam seus
saberes visando um objetivo de trabalho em comum.
31
desenvolver ações educativas e promover ações intersetoriais para o enfrentamento
dos problemas identificados. Cada equipe responsabiliza pelo acompanhamento de
1000 famílias (2.400 a 4.500 pessoas) de uma determinada área.
Tendo como enfoque principal o processo de municipalização desencadeado em
1998 com a implantação legal do Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde
(1999), vem estimulando financeiramente a implementação, por acreditar que a
estratégia do PSF reverte dos seguintes ganhos o município:
• Melhoria dos indicadores das populações atendidas;
• Impacto na organização dos serviços locais reduzindo o número elevado de
internações e alto índice de abandono do tratamento ambulatorial;
• Estabelecimento de vínculo de responsabilidade entre as famílias e os
profissionais de saúde, favorecendo o tratamento/cura das doenças
identificadas;
• Melhor organização dos sistemas locais de informações em saúde;
• Diminuição dos números de exames complementares de encaminhamento de
urgência/emergência e especialidades, de internações hospitalares por
causas clínicas.
6
Que diferença você identifica nestas duas definições de família.
7
Procure pesquisar o conceito de família em outras culturas, como as de origem oriental e mesmo a cultura de
nossos povos indígenas.
8
Segundo o IBGE, em 1991, 18 em cada se lares brasileiros eram chefiados por mulheres. No Censo de 2000, a
proporção chegou a 1 em cada 4 domicílios. O Rio de Janeiro é o segundo Estado em mulheres chefes, com 31,2%
de suas 4.492.000 residências. (Jornal O GLOBO, 15/12/02).
33
nuclear, quando composta do casal mais os filhos; de extensa, casal, filhos, avós, e
netos; e ampliada, mista ou tradicional se além dos membros da família extensa estiver
acrescida de cunhados, primos, conhecidos, etc.
Enfim, um conceito sobre família9 que tenha um caráter universal é difícil de ser
elaborado, alerta HUERTA (1998), uma vez que esta adota formas e dimensões tão
diferentes em cada sociedade que dificulta discernir com clareza os elementos que
possam ser comuns a todas.
9
O conceito de família tem se transformado bastante nos últimos tempos, distanciando-se daquela idéia tradicional
de família nuclear: união entre homossexuais, filhos de diferentes pais convivendo na mesma casa, mulheres
chefes de família. Em que medida estas transformações influenciam a vida das pessoas no que se refere à saúde?
34
Texto 4
Atenção Primária e o processo de trabalho em Saúde
35
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37
38
Texto 5
Visita domiciliar
Baseado em:
ALBUQUERQUE, A. B. B, BOSI, M. L. M. Visita domiciliar no âmbito da Estratégia Saúde da Família:
percepções de usuários no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janei-
ro, 25(5):1103-1112, mai, 2009
39
O conceito de autonomia das pessoas deve balizar as visitas domiciliares,
entretanto muito pode ser feito nesse momento pela equipe. Podemos utilizar as visitas
domiciliares como instrumento de vigilância a saúde, onde a observação é uma grande
aliada.
Por meio da visita domiciliar, é possível:
• Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressaltando situações
como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiência etc.;
• Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de trabalho, os hábitos,
as crenças e os costumes;
• Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores da comunidade;
• Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam ter para cuidar
melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de vida;
• Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saúde;
• Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento mais frequente ou
especial;
• Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e quais as atividades
disponíveis;
• Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a
população do território de abrangência da unidade de saúde;
• Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saúde, como os
cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos alimentos, com a água de beber e
com a casa, incluindo o seu entorno;
• Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamentos e a verificação
da validade deles;
• Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém-nascidos, idosos,
acamados e pessoas portadoras de deficiências;
• Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim como outros dados
relevantes, para os sistemas nacionais de informação disponíveis para o âmbito da
Atenção Primária à Saúde;
• Realizar consultas clínicas e procedimentos.
40
Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamento da equipe,
pautado na identificação das necessidades de cada família. Pode ser que seja
identificada uma situação de risco e isso demandará a realização de outras visitas com
maior frequência. Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo dela foi
alcançado e se foram dadas e colhidas as informações necessárias. Vale ressaltar que
todos os profissionais da equipe realizam visitas domiciliares, sempre com a presença
do agente comunitário de saúde, que pode ajudar a mediar situações, caminhar no
território com maior mobilidade, ser uma outra fonte de escuta da situação. Realizar
visitas domiciliares é um passo importante para concretização da integralidade e não
deve ser uma atividade relegada a segundo plano.
41
Texto 6
Planejamento em saúde
Baseado em:
Planejamento em saúde. Para gestores municipais de serviços de saúde. Saúde e Cidadania.
Disponível em:
http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_02/index.html
Acesso em: 09/02/2011
42
territorialização e o cadastro das famílias, para que possamos ter um diagnóstico inicial
da situação de saúde daquela comunidade.
Quando planejamos em saúde podemos planejar didaticamente falando, de 3
maneiras: por oferta, demanda ou necessidade.
Quando planejamos por oferta, partimos daquilo que temos para oferecer de
serviços, por exemplo: se em uma unidade de saúde só temos médicos clínicos não
podemos oferecer consultas de ginecologia, daí necessitamos de trabalhar com outras
unidades de saúde do entorno para possíveis encaminhamentos.
Se planejamos por demanda, esperamos ver o que chega até a unidade de
saúde e organizamos o serviço, por exemplo: numa determinada unidade de saúde
observa-se que as segundas as demandas espontâneas são em maior número,
portanto se aglomeram a quantidade de profissionais nesse dia.
Entretanto planejar por necessidade de saúde necessita de um conhecimento do
território e de sua dinâmica para que possa ocorrer esse processo, inclusive com a
participação da comunidade, que é quem tem as necessidades.
Existem alguns métodos de planejamento locais em saúde que podem ser
posteriormente estudados, durante os períodos de educação permanente, mas é
importante saber que a participação de TODA equipe no processo de planejamento
deve ser valorizada e sempre que possível com a presença da população em alguns
momentos das etapas do planejamento.
43
Texto 7
Alguns fatores pedagógicos
Texto traduzido e adaptado do artigo La Tranferencia de Tecnologia Apropriada ao Pequeño Agricu-
lor. Bordenave Juan E. Dias. Revista Interamericana de Educação de Adultos, vol. 3, no 1-2 – PRDE
– OEA. Por Maria Thereza Grandi, OPS. Brasília, 1983.
Disponível em: www.opas.org.br/rh/publicacoes/textos_apoio/pub04U2T5.pdf
Acesso em: 09/02/2011
A pedagogia de transmissão
A Pedagogia de Transmissão parte da premissa de que as idéias e
conhecimentos são os pontos mais importantes da educação e, como conseqüência, a
experiência fundamental que o aluno deve viver para alcançar seus objetivos é a de
receber o que o professor ou o livro lhes oferecem. O aluno é considerado como uma
“página em branco” onde novas idéias e conhecimentos de origem exógena serão
impressos.
Ainda que tradicionalmente a pedagogia de transmissão venha acompanhada
pela exposição oral do professor, e por isso justifique a expressão magister dixit, a
44
verdade é que em muitos casos a moderna tecnologia educacional com seus
complicados conjuntos multimeios pode não ser nada mais que um veículo sofisticado
de mera transmissão.
É necessário observar que a pedagogia de transmissão não está circunscrita nas
situações de educação formal, mas quase sempre pode estar presente nas situações
de educação não-formal. Assim, quando se criticam os agentes de treinamento em
campos profissionalizantes, de usar um estilo autoritário e vertical na transmissão de,
por exemplo, novos conhecimentos técnicos, em geral o que se pretende denunciar é
uma entrega de conhecimentos sem o correspondente esforço para desenvolver as
habilidades intelectuais (observação, análise, avaliação, extrapolação, compreensão,
etc).
As possíveis conseqüências desta pedagogia seriam:
No âmbito individual:
•elevada absorção de informação;
•hábito de tomar notas e memorizar;
•passividade do aluno e falta de atitude crítica;
•profundo “respeito” quanto às fontes de informação (professores ou textos);
•distância entre teoria e prática;
•tendência ao racionalismo radical;
•preferência pela especulação teórica;
•falta de “problematização“ da realidade.
No âmbito social:
•adoção inadequada de informações e tecnologia de países desenvolvidos;
•adoção indiscriminada de modelos de pensamento elaborado em outras regiões
(inadaptação cultural);
•conformismo;
•individualismo e falta de participação e cooperação;
•falta de conhecimento da própria realidade e, conseqüentemente, imitação
de padrões intelectuais, artísticos e institucionais estrangeiros;
•submissão à dominação e ao colonialismo;
•manutenção da divisão de classes sociais (do status quo).
Parece evidente que a pedagogia da transmissão não coincide com as
aspirações de um desenvolvimento baseado na transformação das estruturas, o
crescimento pleno das pessoas e sua participação ativa no processo de mudança,
evolução.
45
Finalizando, é bom lembrar que no processo ensino/aprendizagem de
capacitação existe um sério perigo de adotar a pedagogia da transmissão: o fato de que
se transmitem não só conhecimentos ou idéias mas também procedimentos e práticas,
não altera o caráter transmissivo do fenômeno, já que os procedimentos inculcados
provêm integralmente de uma fonte que já o possui e o aluno não faz outra coisa senão
receber e adotar (por repetição). Assim sendo, fica evidenciada a falha pela falta de
uma postura reflexiva diante de possíveis problemas que venham a surgir.
A pedagogia do condicionamento
A Pedagogia do Condicionamento se diferencia da pedagogia da transmissão
por não considerar como mais importante no processo educativo as idéias e os
conhecimentos. Na verdade ela enfatiza os resultados comportamentais
comportamentais, ou seja, as manifestações empíricas e operacionais da troca de
conhecimentos, atitudes e destrezas.
Esta escola pedagógica, associada ao behaviorismo (Watson, Skinner) e a
reflexologia (Pavlov), se concentra no modelo da conduta mediante um jogo eficiente de
estímulos e recompensas capaz de “condicionar” o aluno a emitir respostas desejadas
pelo professor. É como ocorre no treinamento de animais domésticos, como por
exemplo, com cães que saltam através de um arco “motivados” em receber a
“recompensa” pelo “esforço” realizado.
Traduzindo-se o exemplo para a educação humana, o processo consiste em que
o professor estabeleça objetivos instrumentais de realização quantitativamente
mensuráveis e programe uma estratégia de modelagem baseada em uma seqüência de
pequenos passos, reforçando-se ou recompensando-se o aluno quando a resposta
emitida coincide com a resposta esperada. Mediante a repetição da associação
estímulo-resposta-reforço reforço, o aluno terminapor ser condicionado a emitir
respostas desejadas sem necessidade de um reforço contínuo. No caso do estudante
que, ainda que receba uma nota porcada assunto aprendido, aprende aprende, por
condicionamento subconsciente, a temer uma nota ruim e não apenas pelo prazer de
aprender.
Muito da Tecnologia Educacional Moderna se baseia na Pedagogia
Condicionalista que acabamos de descrever, começando pela Instrução Programada e
terminando pelo enfoque mais amplo do Ensino para a Competência ou o Domínio. O
Método dos Módulos pode também ser incluído na pedagogia do condicionamento se
as instruções que a realizam enfatizarem a obtenção de objetivos preestabelecidos ao
invés do desenvolvimento integral do aluno como ser individual e social.
Vejamos quais poderiam ser as conseqüências individuais e sociais da
pedagogia do condicionamento ou modelagem da conduta, também chamada
“engenharia do comportamento“.
No âmbito individual:
•aluno ativo, emitindo as respostas que o sistema permitir;
46
•alta eficiência da aprendizagem de dados e processos;
•o aluno não questiona os objetivos nem o método e nem participa em sua seleção;
•o aluno não problematiza a realidade nem lhe é pedida uma análise crítica da mesma;
•o aluno não tem oportunidade de criticar as mensagens (conteúdos) do programa;
•o tipo e a oportunidade dos reforços são determinados pelo programador do sistema;
•tendência ao individualismo salvo quando o programa estabelece oportunidades de co-
participação;
•tendência à competitividade: o aluno mais rápido ganha em status e em acesso a
matérias ulteriores;
•tendência a renunciar à originalidade e criatividade individual: as respostas corretas
são preestabelecidas.
No âmbito social:
•tendência à robotização da população com maior ênfase na produtividade e na
eficiência do que na criatividade e na originalidade;
•costumes de dependência de uma fonte externa para o estabelecimento de objetivos,
métodos e reforços: desenvolvimento da necessidade de um líder;
•falta de desenvolvimento de consciência crítica e de cooperação;
•eliminação do conflito como ingrediente vital da aprendizagem social;
•suscetibilidade dos programas à manipulação ideológica ou tecnológica;
•ausência de dialética “professor-conteúdo” salvo em sessões eventuais de reajustes;
•dependência de fontes estrangeiras de programas, equipamentos e métodos;
•tendência ao conformismo por razões superiores de eficiência e pragmatismo utilitário.
Pode-se inferir desta lista de conseqüências que o balanço final desta pedagogia
é algo alarmante para países do Terceiro Mundo, empenhados como estão em lograr
sua independência mental associada à independência tecnológica, política e sócio-
econômica.
Parece que os métodos emergentes desta pedagogia deveriam ser utilizados
somente depois que os alunos já houvessem desenvolvido sua consciência crítica e
sua capacidade de problematizar sua própria realidade mediante outros métodos
menos condicionadores.
A pedagogia da problematização
A Pedagogia da Problematização parte da base que, em um mundo de
mudanças rápidas, o importante não são os conhecimentos ou idéias nem os
comportamentos corretos e fáceis que se espera, mas sim o aumento da capacidade do
47
aluno – participante e agente da transformação social – para detectar os problemas
reais e buscar para eles soluções originais e criativas. Por esta razão, a capacidade
que se deseja desenvolver é a de fazer perguntas relevantes em qualquer situação,
para entendê-las e ser capaz de resolvê-las adequadamente.
Em termos de capacitação em gestão e produtividade, não é tão importante,
dentro do contexto desta pedagogia, a transmissão fiel de conceitos, fórmulas, receitas
e procedimentos nem tampouco a aquisição de hábitos fixos e rotinas de trabalho que
conduzem a uma boa gestão. Em certas situações, é mais importante e urgente
desenvolver a capacidade de observar a realidade imediata ou circundante como a
global e estrutural; detectar todos os recursos de que se possa lançar mão; identificar
os problemas que obstaculizam um uso eficiente e eqüitativo dos ditos recursos;
localizar as tecnologias disponíveis para usar melhor os recursos ou até inventar novas
tecnologias apropriadas; e encontrar formas de organização do trabalho e da ação
coletiva para conseguir tudo anteriormente citado.
Essa pedagogia não separa a transformação individual da transformação social,
pela qual ela deve desenvolver-se em situação grupal.
O diagrama a seguir, que nos ajudará a representar esta pedagogia
problematizadora, pode ser bastante simples e Charles Maguerez, seu autor, o chamou
de “método do arco”.
48
das razões mais importantes da superioridade desta pedagogia sobre as de
transmissão e condicionamento.
Em um terceiro momento, os alunos passam à teorização do problema ao
perguntar o porquê das coisas observadas. Ainda que o papel do professor seja
importante como estímulo para que os alunos participem ativamente, nesta fase de
teorização sua contribuição é fundamental, pois a tarefa de teorizar é sempre difícil e
ainda mais quando não se possui o hábito de fazê-lo, como é, em geral, o caso de
adultos em treinamento. Trata-se então do caso de apelar para conhecimentos
científicos contidos no dia-a-dia e outras maneiras simplificadas e fáceis de
comprovação.
Se a teorização é bem sucedida o aluno chega a “entender” o problema não
somente em suas manifestações empíricas ou situacionais assim como também os
princípios teóricos que o explicam. Essa etapa de teorização que compreende
operações analíticas da inteligência é altamente enriquecedora e permite o crescimento
mental dos alunos. Como diz Piaget eles passam pelo próprio esforço do domínio das
“operações concretas” para as “operações abstratas” e isto lhes confere um poder de
generalização e extrapolação considerável. Eis, então, outra razão da superioridade da
pedagogia da problematização sobre as de transmissão e condicionamento.
Confrontada a Realidade com sua Teorização, o aluno se vê naturalmente
movido a uma quarta fase: a formulação de Hipóteses de Solução para o problema em
estudo. É aqui onde deve ser cultivada a originalidade e a criatividade na inventiva para
que os alunos deixem sua imaginação livre e se acostumem a pensar de maneira
inovadora. Porém, como a teoria em geral é muito fértil e não tem amarras situacionais,
algumas das hipóteses apresentadas podem ser válidas a princípio, porém não na
prática. De modo que esta etapa deve conduzir o aprendiz a levar a termo provas de
viabilidade e factibilidade, confrontando suas hipóteses de solução com os
condicionamentos e limitações da própria realidade. A situação de grupo ajuda a esta
confrontação “ideal-real”. Aqui vemos outra vantagem desta pedagogia: o aluno usa a
realidade para aprender com ela, ao mesmo tempo em que se prepara para transformá-
la.
Na última fase, o aluno pratica e fixa as soluções que o grupo encontrou como
sendo mais viáveis e aplicáveis. Aprende a generalizar o aprendido para utilização em
situações diferentes e a discriminar em que circunstâncias não é possível ou
conveniente a aplicação sabendo a qual escolher.
Através do exercício aperfeiçoa sua destreza e adquire domínio e competência
no manejo das técnicas associadas à solução do problema.
Correndo o risco de repetir pontos já ditos, pode-se esperar que a pedagogia da
problematização tenha as seguintes conseqüências:
No âmbito individual:
•aluno constantemente ativo, observando, formulando perguntas, expressando
percepções e opiniões;
49
•aluno motivado pela percepção de problemas reais cuja solução se converte em
reforço;
•aprendizagem ligada a aspectos significativos da realidade;
•desenvolvimento das habilidades intelectuais de observação, análise, avaliação,
compreensão, extrapolação, etc;
•intercâmbio e cooperação com os demais membros do grupo;
•superação de conflitos como ingrediente natural da aprendizagem grupal;
• status do professor não diferente do status do aluno.
No âmbito social:
•população conhecedora de sua própria realidade e reação à valorização excessiva do
forâneo (externo) ou sua imitação;
•métodos e instituições originais, adequadas à própria realidade;
•cooperação na busca de soluções para problemas comuns;
•redução da necessidade de um líder pois os líderes são emergenciais (ou
contingenciais);
•elevação do nível médio de desenvolvimento intelectual da população, graças a maior
estimulação e desafio;
•criação (ou adaptação) de tecnologia viável e culturalmente compatível;
•resistência à dominação por classes e países.
Da análise comparativa da natureza e conseqüências das três opções
pedagógicas apresentadas, parece evidente uma nítida superioridade da terceira
opção, a problematizadora. Sem dúvida, isto não quer dizer que se tenha de rechaçar
totalmente as contribuições das duas outras opções, sobretudo de algumas de suas
aplicações metodológicas.
Assim, por exemplo, existem momentos em que o processo de ensinar onde tudo
que se requer é transmitir informação, e outros, em que certos automatismos devem ser
fixados pelo aluno para a execução de seqüências rígidas de operações. O que não se
pode é perder de vista o objetivo fundamental da ação educativa, que consiste em
desenvolver a personalidade integral do aluno, sua capacidade de pensar e raciocinar,
assim como seus valores e hábitos de responsabilidade, cooperação, etc.
50
Anexo 1
Política Nacional de Atenção Básica
Portaria GM 648 de 28 de março de 2006. Anexo I.
ANEXO I
51
XI - garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de
informação na Atenção Básica;
XII - participar das atividades de educação permanente; e
XIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as
prioridades locais.
52
V - solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme
protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão;
VI - organizar e coordenar grupos específicos de indivíduos e famílias em situação
de risco da área de atuação dos ACS; e
VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado
funcionamento da UBS.
Do Enfermeiro:
I - realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e
famílias na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
espaços comunitários (escolas, associações etc), em todas as fases do
desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;
II - conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, realizar
consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações;
III - planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;
IV - supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação permanente dos
ACS e da equipe de enfermagem;
V - contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do Auxiliar de
Enfermagem, ACD e THD; e
VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado
funcionamento da USF.
Do Médico:
I - realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e
famílias em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade
adulta e terceira idade;
II - realizar consultas clínicas e procedimentos na USF e, quando indicado ou
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações
etc);
III - realizar atividades de demanda espontânea e programada em clínica médica,
pediatria, ginecoobstetrícia, cirurgias ambulatoriais, pequenas urgências clínico-
cirúrgicas e procedimentos para fins de diagnósticos;
IV - encaminhar, quando necessário, usuários a serviços de média e alta
complexidade, respeitando fluxos de referência e contra-referência locais, mantendo
sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário, proposto
pela referência;
V - indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a
responsabilização pelo acompanhamento do usuário;
VI - contribuir e participar das atividades de Educação Permanente dos ACS,
Auxiliares de Enfermagem, ACD e THD; e
53
VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado
funcionamento da USF.
Do Cirurgião Dentista:
I - realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o
planejamento e a programação em saúde bucal;
II - realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal,
incluindo atendimento das urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais;
III - realizar a atenção integral em saúde bucal (promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde)
individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de acordo
com planejamento local, com resolubilidade;
IV - encaminhar e orientar usuários, quando necessário, a outros níveis de
assistência, mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento do usuário e o
segmento do tratamento;
V - coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à
prevenção de doenças bucais;
VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os
demais membros da Equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações
de saúde de forma multidisciplinar.
VII - contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do THD, ACD
e ESF;
VIII - realizar supervisão técnica do THD e ACD; e
IX - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado
funcionamento da USF.
54
III - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os
demais membros da equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações
de saúde de forma multidisciplinar.
IV - apoiar as atividades dos ACD e dos ACS nas ações de prevenção e promoção
da saúde bucal; e
V - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado
funcionamento da USF.
55
Anexo 2
Fichas do Sistema de Informação da Atenção Básica
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57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
Anexo 3
Produção mínima de procedimentos das Equipes de Saúde da Família
Contrato de Gestão OSS.
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71
72