Roteiro de História Da Língua Portuguesa PDF
Roteiro de História Da Língua Portuguesa PDF
Roteiro de História Da Língua Portuguesa PDF
da Língua Portuguesa
© Cátedra UNESCO
Universidade de Évora. Largo dos Colegiais 2, 7000 Évora
As autoras são responsáveis pela escolha e apresentação dos pontos de vista contidos nesta publicação
e pelas opiniões aqui expressas que não refletem necessariamente as da UNESCO e que não
comprometem a Organização.
Esta obra é financiada por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
no âmbito do projeto Ref: UID/HIS/00057/2013
Índice
In limine. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3. Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1. Bibliografia geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2. Textos de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.2.1. Latim vulgar e romance moçárabe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.2.2. Séculos XII/XIII–XIV.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.2.3. Séculos XIV/XV–XVII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.2.4. Séc. XVIII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.2.5. Séc. XIX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.3. Corpora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.4. Outros recursos on line. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4. Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.1. Representação fonética dos sons do português. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.2. Evolução fonético-fonológica: alguns exemplos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.3. Evolução morfo-sintáctica: alguns exemplos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4. 4. Evolução léxico-semântica: alguns exemplos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
In limine
à luz do processo histórico que levou os portugueses até territórios mais ou menos
longínquos do território original.
“progresso”, nem, tão pouco, à “decadência” das línguas (Aitchison 1991), uma vez que
conceber a mudança como “progresso” ou, inversamente, como “decadência” apenas
faz sentido por referência a uma variedade normativa da língua, estática e supostamente
“perfeita”.
Coincidindo sobretudo com uma variedade social e cultural – a das classes cultas e
com maior prestígio e poder – a norma coincide, regra geral, em simultâneo, com uma
variedade geográfica – correspondendo, no caso do português, às “zonas urbanas do
litoralcentro, aproximadamente entre Lisboa e Coimbra” (Raposo et alii 2013, I: XXV).
No entanto, considerando-se as variedades dialectais actuais (Cintra 1983c) como
resultado natural da mudança, fica claro que os factores que determinam a elevação de
uma delas ao estatuto de “português-padrão, e também variedade (ou variante) culta do
português” (idem, ibidem) não são naturalmente de natureza linguística; nem poderiam
sê-lo, uma vez que, nesta perspectiva, todas as variedades têm exactamente o mesmo
valor, sendo, de facto, tal distinção determinada por factores históricos, políticos, sociais
e culturais, e não por factores linguísticos. O mesmo se passa, aliás, com as variedades
diastráticas.
tal variedade é, ela própria, homogénea e estável, mantendo, no entanto, uma função
aglutinadora essencial enquanto factor de unidade na diversidade linguística, com
reflexos positivos na coesão, estabilidade e identidade sociais.
Por outro lado, a Linguística Histórica e a História da Língua levantam, pela sua
natureza, vários problemas, nomeadamente quanto aos métodos, conjecturais, nelas
usados: a reconstrução, baseada em variedades modernas, e a exploração de fontes
escritas, literárias e não literárias. Este último método, o mais produtivo, é também o
que acarreta maiores problemas, devido à natureza das fontes, tornando-se necessário
o recurso a disciplinas auxiliares da História e da Filologia que concorrem para o seu
processo de tratamento filológico (paleografia1, diplomática2, codicologia3, bibliografia
material4, crítica textual5).
1
Estuda os diferentes sistemas e técnicas de escrita. Permite identificar diferentes mãos, datar documentos
não datados, etc.
2
Ocupa-se da descrição e classificação de diplomas (documentos soltos de carácter legal, político, eco-
nómico, etc).
3
Estuda o códice ou livro manuscrito numa perspectiva material (confecção, arquitectura interna, mate-
riais de escrita e de suporte, etc).
4
É o equivalente para o livro impresso da Codicologia. Cf. nota 3.
5
Partindo das disciplinas anteriores (cf. notas 1-4), procura descobrir as relações genealógicas existentes
entre os vários manuscritos ou impressos de um mesmo texto procurando publicá-lo na forma mais
próxima da que teria tido na sua origem.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 11
É importante ter em conta que a língua que a criança adquire, sem necessidade de
ensino explícito, é a falada, que, além disso, é comum a todas as comunidades humanas,
enquanto a escrita não é naturalmente adquirida, necessita de ensino activo e não existe
em todas as línguas, verificando-se também que, na história dos sistemas de escrita,
além de recente, nem sempre a escrita existiu como representação do oral (os sistemas
pictográficos e ideográficos dos Sumérios e dos Egípcios, por exemplo, não tinham
qualquer relação com a língua falada).
Por outro lado, a língua falada está constantemente sujeita à mudança e não é passível
de alteração por decreto, sendo sempre os falantes quem determina a mudança; já a
escrita, independentemente das mudanças na oralidade, perdura enquanto as instituições
que, em cada comunidade, têm o poder de legislar nestas questões o entenderem e,
além disso, pode ser alterada por decreto, como acontece, por exemplo, nos acordos e
reformas ortográficos (veja-se o Acordo Ortográfico de 1990).
Não restam, pois, dúvidas de que a Linguística sincrónica tem o privilégio de ter à sua
disposição os melhores dados; já a Linguística diacrónica convive com a inevitabilidade
do uso de “maus dados”, como bem reconheceu Labov quando definiu a Linguística
Histórica como “a arte de fazer o melhor uso de maus dados” (Labov 1994: 11) ou,
mais recentemente, Rosa Virgínia Mattos e Silva (2008), quando subintitulou a sua obra,
sobre os caminhos da Linguística Histórica, “ouvir o inaudível”.
se estabelece entre estes dois modos de representação das línguas, relacionados, mas
com princípios de funcionamento distintos.
É certo que a exploração de fontes escritas não é o único método (conjectural) usado
quando se estudam estados passados de uma língua. A reconstrução, com base na
comparação entre variedades modernas geneticamente derivadas daquela que é
objecto de estudo, é igualmente um método importante nos estudos diacrónicos,
sendo, neste caso, possível o recurso ao oral como fonte. No entanto, o uso de fontes
escritas, primárias e, a partir do séc. XVI, também não primárias, é, sem dúvida, da
maior importância, colocando-se, neste caso, dois tipos de problemas: por um lado,
os decorrentes do carácter secundário do escrito face ao oral, que transcreve de forma
muito imperfeita, verificando-se uma correspondência não biunívoca entre grafema e
som e entre os acentos e sinais de pontuação e os aspectos prosódicos que transcrevem,
nomeadamente, acento fónico, pausas e entoação; por outro, os problemas de tratamento
e disponibilização de fontes escritas.
Assim, o primeiro dos problemas apontados prende-se com a análise das fontes, que
tem necessariamente de ter por base um conhecimento sólido das características e
relacionamento dos modos de representação oral e escrito da língua. Não restam
dúvidas de que o texto, produto escrito (logo, uma codificação secundária do oral) de
um escritor concreto, num determinado estilo, numa dada situação e num determinado
momento, isto é, num determinado contexto, não pode ser encarado como documento
com valor absoluto de um estado pretérito da língua, pelo menos no que à oralidade
diz respeito. No entanto, ainda que de forma não absoluta e obrigando, por isso, a um
extremo cuidado na sua interpretação, a documentação escrita fornece informação
relevante sobre a língua oral e também sobre a língua escrita da época em que foi
redigida, como reconhece Clarinda Maia, a propósito dos documentos notariais por ela
estudados (Maia, 1986: 950):
Por este motivo, assume particular relevância para quem estuda a história de uma língua
o contacto com as fontes (em reprodução fotográfica, edição convencional ou on line)
e o exercício de reconhecimento das características e relações particulares entre oral
e escrito que se estabelecem em cada texto, bem como das limitações e consequentes
cautelas a ter na interpretação dos dados por eles fornecidos.
Em 2003, porém, António Emiliano transmitia já uma visão bem mais optimista sobre
este estado de coisas (Emiliano 2003c: 310):
14 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
Na verdade, muito foi feito nos últimos vinte e cinco anos em matéria de descoberta,
disponibilização e tratamento de fontes e o tempo provou que Emiliano estava certo
ao prever que estavam a ser criadas as condições para que pudesse chegar “o tempo
das sínteses”. No entanto, e apesar do muito e importante trabalho desenvolvido neste
domínio, muito há ainda a fazer, em particular para os textos posteriores ao período
medieval e, em muitos aspectos, as palavras “pessimistas” de Ivo Castro, em 1986,
mantêm-se actuais.
Das propostas mais antigas, faz-se normalmente uso das designações e balizas propostas
por Lindley Cintra, nomeadamente, as de português antigo (dos primeiros textos,
nos sécs. XII/XIII, à mudança de dinastia e todas as convulsões, políticas, militares,
económicas e sociais que lhe estão associadas, no séc. XIV), médio (do séc. XIV/XV
até ao aparecimento da primeira gramática, no séc. XVI), clássico (do aparecimento
da primeira gramática, no séc. XVI, até às grandes convulsões políticas, económicas e
sociais do séc. XVIII) e moderno (depois do séc. XVIII).
Referências bibliográficas:
BECHARA 1991; BORGES et alii 2012; BYNON 1977; CAMBRAIA 2005; CARDEIRA
2005; CASTRO 2006, 1995b, 1991; CEIA 2010 (www.edtl.com.pt.); DUARTE 1997; HOCK
1996, 1986; MAIA 1999, 1986; MARQUILHAS 2010 (www.edtl.com.pt ), 1996; MATEUS 2005;
MATEUS e CARDEIRA 2007; ORDUNA 2005; PÉREZ PRIEGO 1997; PONS RODRIGUEZ
2006; SPAGGIARI & PERUGI 2004.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 17
2.1.1. Substratos
muitas dúvidas, o que se justifica, no essencial, pela insuficiência de dados que permitam
uma adequada caracterização das línguas pré-romanas da Península e das condições
específicas do seu contacto com o latim.
A Hispânia Citerior (197 a.C.), depois Tarraconense (27 a.C.) e finalmente dividida em
Gallaecia, Tarraconense e Cartaginense (284 d.C.) (cf. figuras 3, 4 e 5), como primeiro
ponto de entrada dos romanos (pelo nordeste, via Pirinéus), foi palco de um povoamento
menos culto, dominado por legionários, colonos, mercadores, falantes de um latim
menos cuidado e mais inovador.
Já a Hispânia Ulterior (197 a.C.), depois dividida em Lusitânia e Bética (27 a.C.) (cf.
figuras 3, 4 e 5), povoada mais tardiamente (via sul), foi palco de um povoamento mais
culto, com um latim mais cuidado e conservador.
assumiremos aqui a definição de Herman (1975): “Língua falada pelas camadas pouco
influenciadas ou não influenciadas pelo ensino escolar e pelos modelos literários”.
Ainda assim, é a partir destas atestações, fruto de mãos pouco expertas na escrita ou de
registos deliberados da fala das classes mais populares e menos escolarizadas, que é
possível, hoje, ter uma ideia do que seria o latim falado que está na origem do português
e das restantes línguas românicas.
Este latim, a que se tem chamado “vulgar”, está na origem, não apenas do português,
mas de um grupo alargado de línguas que, além do português, integra também o
castelhano, o francês, o galego, o catalão, o italiano, o provençal e o romeno, as línguas
ditas românicas, neo-latinas ou novi-latinas. Estas línguas resultam de um processo que
implica, em simultâneo, continuidade e diversificação em relação ao latim que lhes
está na origem.
• Apócope de [e] precedido de consoante líquida ou nasal que possa fechar sílaba
(ex. ANIMAL[e] > ANIMAL; AMAR[e] > AMAR; PAN[e] > PAN);
• Assimilação nos grupos consonânticos: RS > SS > S; PS > SS > S; NS > SS >
S e MN> NN > N (ex. PE[rs]ONA > PE[ss]ONA > PE[s]ONA; I[ps]U > I[ss]U
> I[s]U; ME[ns]A > ME[ss]A > ME[s]A; *DO[mn]US > *DO[nn]US > *DO[n]
US);
• Monotongação dos ditongos AE e OE (ex. C[aj]CU > C[ɛ]go; P[oj]NA > p[e]na).
• Síncope da vogal pós-tónica dos proparoxítonos latinos (ex. OC[u]LU > OCLU);
• Evolução dos grupos consonânticos PL, CL e FL para [tʃ] (ex. [pl]UVIA > [tʃ]
UVIA >; [kl]AVIS > [tʃ]AVIS; [fl]AMA > [tʃ]AMA;
De uma maneira geral, a gramática sintética do Latim deu origem a uma gramática
analítica, como é visível em casos como:
• Comparativo: ex. certior > certior quam > magis certus quam / mais certo que.
3- Superlativo: ex. eruditissimus > magis eruditus / o mais erudito.
• Passiva: ex. amantur > ser flex. + part. pass. de amar flex – ex. Ser amado.
• Futuro: ex. amabo, is… > amar (inf.) + pres. do indic. de haver flex. – ex. Amar+ei
> Amarei.
Além das características do latim “vulgar” na base da formação das línguas românicas,
importa também considerar as influências de superstrato e de adstrato. No caso das
influências de superstrato – entendendo-se por tal a língua de um povo conquistador,
que a abandona para adoptar a língua do povo vencido (Câmara 1975) – estão em causa
apenas as línguas germânicas dos Suevos, chegados à Península em 411, e dos Visigodos,
que assumiram o poder a partir de 574, povos germânicos que, tendo derrotado política
e militarmente os romanos, adoptaram a sua língua.
No que respeita ao papel dos Suevos, irrelevante ao nível da influência da sua língua sobre
o português, merece destaque o papel decisivo que tiveram – ao isolar o canto noroeste
da Península, correspondente, grosso modo, à Gallaecia Magna – na diferenciação
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 25
No caso das influências de adstrato – entendendo-se por tal toda a língua que vigora ao
lado de outra (bilinguismo), num território dado, e que nela interfere como manancial
permanente de empréstimos (Câmara 1975) – importa considerar o Árabe, no contexto
do movimento expansionista muçulmano iniciado a partir da morte do profeta Maomé,
em 632.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 27
Nos sécs. V-VII a língua falada na Península era ainda uma variedade de latim oral,
muito pouco influenciado pelos superstratos germânicos. Este latim encontrava-se
compartimentado linguisticamente: mais inovador na região da Tarraconense (formação
de um romance setentrional); mais conservador nas regiões da Lusitânia e da Bética
(formação de um romance meridional).
Assim, à chegada dos Árabes, no início do século VIII (711 d.c.), a Península Ibérica
encontrava-se politicamente unificada sob o domínio visigodo, mas linguisticamente
dividida em dois romances, setentrional e meridional, herdeiros da antiga divisão entre
o latim meridional, mais conservador, e o latim setentrional, mais aberto a inovações.
No norte da Península, o romance setentrional começava a fragmentar-se nos vários
romances peninsulares, podendo prever-se que, no sul, o quadro fosse semelhante.
Esta situação veio acentuar ainda mais a diferença norte/sul, daí resultando um mapa
compartimentado a norte, onde o domínio árabe não chegou, e unificado sob o domínio
político árabe a sul, desconhecendo-se hoje totalmente as eventuais divisões que
seguramente existiriam no grande e certamente complexo bloco linguístico conhecido
por romance moçárabe.
Fragmentos curtos em dialecto românico que serviam de remate a composições poéticas em árabe, as
8
muwashshah.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 29
O quadro linguístico da Península depois das invasões árabes está na origem do “ciclo de
formação da língua”, que se desenrola a partir deste quadro, acompanhando o movimento
da reconquista cristã e dos romances setentrionais para sul, onde viriam a sobrepor-se
ao romance moçárabe, não tendo restado dele mais do que os vestígios referidos.
– Referências bibliográficas:
BALDINGER 1972; CÂMARA 1975; CASTRO 2006; DIAZ y DIAZ 1950; HERMAN 1975;
HUBER 1986; LAUSBERG 1974; MATTOSO 1992; MEIER 1961, 1948, 1943; NETO 1992,
1977; NUNES 1989; PIEL 1989; TEYSSIER 1987; VÄÄNÄNEN 1988; WARTBURG 1952;
WILLIAMS 1991.
2.2. Formação do português
9
A independência do Reino de Portugal é reconhecida em 1143, a data do Tratado de Zamora (5 de
Outubro de 1143) entre D. Afonso Henriques e Afonso VII de Leão e Castela.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 31
No que respeita ao período correspondente aos sécs. XIII e XIV, isto é, ao português
antigo, considera-se, salvaguardando sempre a natureza simbólica destas balizas, que
ele é marcado, no seu início, pelo aparecimento dos primeiros textos escritos e, no seu
final, pela separação do galego, a par de outros fenómenos políticosociais ocorridos na
mesma época e usados por Cintra como terminus ad quem do período em causa.
32 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
A questão dos primeiros textos retoma a problemática das fontes da História da Língua
e da Linguística Histórica (cf. I - 1), no que respeita às suas características gerais10 e
valor enquanto fonte da documentação latina, latino-portuguesa e portuguesa.
Os textos mais antigos escritos em português merecem uma atenção particular, que se
justifica pelo seu valor, mas também pelas descobertas mais recentes e pela polémica
que as tem envolvido. O panorama tradicional apresentava como textos mais antigos
conhecidos escritos em galego-português os seguintes:
• Testamento de D. Afonso II – Datado de 1214 (duas cópias: Lisboa – IAN/TT,
Mitra de Braga, caixa 1, nº 48 - e Toledo – ACT, 2.4, B.6).
Sobre a datação destes textos, note-se que, na Península Ibérica, vigorou, desde o século V, a chamada
10
“Era Hispânica”, “de Augusto” ou “de César”, usada nos mais antigos documentos portugueses e que
é uma variante do calendário Juliano (introduzido por Júlio César no séc. I a.c.), que, tal como o Egíp-
cio, tinha por base o ano solar de 365 dias, acrescido do calendário hebraico (Páscoa, festas litúrgicas
móveis), dos dias da semana, etc. Começou no dia 1 de Janeiro do ano 38 a.C., ano 716 da fundação
de Roma, comemorando a conquista definitiva da Península pelos romanos e a introdução nela do
calendário Juliano. O primeiro ano da Era Cristã, introduzida por D. João I no séc. XV (1422 da Era
Cristã), coincide com o ano 39 da era Hispânica, pelo que, para converter a era Hispânica ou de César,
na Cristã, é preciso tirar-lhe 38 anos. O calendário Gregoriano, que hoje usamos, foi introduzido, por
Gregório XIII, no séc. XVI. No período de domínio Árabe, vigorou ainda na P.I., a par do calendário
cristão, usado pelos moçárabes, o calendário islâmico, que tem como base o ano lunar de 354 dias.
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 33
A partir de 1279, com D. Dinis (1261-1325), uso sistemático do português como língua
dos documentos emanados da corte, estendendo-se depois esse uso aos demais centros
produtores.
Nos últimos anos, porém, este panorama tem sofrido alterações significativas, graças
à contribuição de vários autores, entre os quais se destacam Ana Maria Martins e José
António Souto Cabo, que o enriqueceram com novas descobertas, nomeadamente:
Por outro lado, é este um período em que têm início vários fenómenos importantes que,
no entanto, só se podem considerar concluídos e generalizados bastante mais tarde,
no período estabelecido por Cardeira como português médio, encerrando o ciclo de
formação da língua, ou mesmo já no português clássico.
36 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
– Sítios na rede:
– Referências bibliográficas:
CASTRO 2006; CINTRA 1990, 1963; COSTA 1997, 1979; CUNHA 1986; DIAS 1918;
EMILIANO, 2004, 2003a; EMILIANO E PEDRO 2004; FERNÁNDEZ REI 1988; HUBER
1986; MACHADO 2003, 1977; MAIA 2002, 1986; MARTINS 2002, 2001a, 2001b, 1999;
MATTOSO 1992; NETO 1992; NUNES, 1981, 1969; NUNES 1989; PIEL 1989; SILVA 2008,
2006, 1989; SOUTO CABO 2003; TEYSSIER 1987, WILLIAMS 1991.
O “ciclo da expansão da língua” (Castro 2006: 74ss) inicia-se com as navegações, a partir
do séc. XV, e coincide com o momento em que a língua portuguesa, como resultado
desse movimento, é transportada para fora da Península Ibérica e levada a outras terras
e outras gentes, dando início ao processo de expansão que faria do português uma
língua pluricêntrica (Soares da Silva 2014, 2011), uma das mais faladas do mundo,
com implantação significativa, ainda actualmente, em três continentes (Reto, Machado
e Esperança, 2016). São marco fundamentais desse período a descoberta do caminho
marítimo para a Índia (1498) e o “achamento do Brasil” (1500).
Assim, o “ciclo da expansão”11 inicia-se com as navegações, pela sua influência decisiva
na expansão da língua e relevância desta para a situação actual do português no mundo.
Efectivamente, é a esse facto da nossa história externa que, em boa parte, é devida
a diversidade diatópica da língua portuguesa actual, nomeadamente a sua geografia
actual – que abarca oito variedades nacionais oficiais espalhadas pelo mundo e vários
crioulos de base portuguesa, que, em alguns casos, como o de Cabo Verde, são língua
materna da esmagadora maioria dos seus falantes – e a sua relevância no mundo, uma
das dez mais faladas e influentes.
Não se analisa aqui o “estado da discussão” sobre o “Português Brasileiro” e as suas “origens” (cf.
11
bibliografia específica, em especial Naro e Scherre 2007; Lucchesi 2015 e Faraco 2016). Relati-
vamente à situação e características do português em África e na Ásia remete-se igualmente para
os títulos incluídos na bibliografia geral, em especial Perpétua Gonçalves (2013, 2009). Sobre os
crioulos de base portuguesa, vejam-se, em particular, Pereira (2006), Bartens (2014), Hagemeijer
(2016) e Cardoso (2016).
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 39
No que respeita à caracterização linguística deste período, ele abarca, de acordo com
o exposto e problematizado no ponto II - 2, a propósito da periodização da língua
portuguesa, os períodos designados por português médio e português clássico.
além da separação do galego – evento que se coloca sobretudo no plano literário, com
a extinção da escola literária galego-portuguesa, porquanto tal separação, no plano da
oralidade, terá seguramente ocorrido mais cedo – a peste, as guerras com Castela, o
final da primeira dinastia, a de Borgonha, e a ascensão da segunda, a de Avis, eventos
que, no seu conjunto, normalmente se designam como “crise de 1383-85”, produziram
um novo quadro em que a importância do sul, crescente desde D. Afonso III, se afirma
definitivamente com a fixação da corte em Lisboa, que, a partir de então, se assume
como verdadeira capital. Como consequência, a Galiza fica definitivamente afastada
do novo centro e a língua transplantada para sul com a reconquista, em contacto com
as variedades moçárabes, ganha traços inovadores, que, doravante, passariam a ser
encarados como padrão. Acresce ainda que o final do séc. XIV é pouco anterior ao final
da Idade Média e ao início do Renascimento, com consequências importantes para a
língua, nomeadamente ao nível do léxico.
Neste novo quadro, a língua estava pronta para se expandir para outros territórios, o
que acontece a partir do início do séc. XV com o movimento da Expansão, e, dentro
dos limites do território europeu, para o “processo de elaboração linguística”, de que
fala Castro (2006), que se consolidará nos séculos seguintes, sendo certo que, depois
do séc. XVIII, a língua já não conhecerá alterações muito significativas, sobretudo no
domínio dos sons.
No plano linguístico, verifica-se que, mais uma vez, embora a mudança afecte todos os
planos da língua, as principais diferenças atingem sobretudo o domínio dos sons. Assim,
consideram-se concluídos na primeira metade do séc. XV, no português médio, ou no
“patamar de estabilização”, na segunda metade do séc. XV, que o separa do português
clássico, os seguintes fenómenos:
• Unificação das terminações nasais -ã, -õ e -ão em -ão (ex. formas como PANE >
p[ᾶ] > p[ᾶw]; LEONE > le[õ] > le[ᾶw] convergiram com formas como SANU >
s[ᾶw]);
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 41
Esta abordagem do português médio, apresentada por Cardeira (2005), por um lado,
permite dar conta da real importância deste período, que não é, de facto, uma simples
fase de transição, mas uma “transição de fase”, decisiva na elaboração do português,
em que se resolvem vários processos de mudança em curso; por outro, sintetiza de
forma bastante satisfatória o que seria o estado da língua no momento em que inicia o
seu ciclo de expansão e é levada para novos continentes, o que permite compreender
muitas das características do português extra-europeu e, em particular, do português do
Brasil (ex. as características do vocalismo átono).
O português clássico deve ser visto em relação com esta elaboração do português no
séc. XV. Ultrapassado o “patamar de estabilização”, situável na segunda metade do
séc. XV, este, sim, uma fase de transição que separa o português médio do clássico,
é, efectivamente, ela que vai permitir a sua gramaticalização, facto que inaugura o
português clássico. Pese embora o seu carácter simbólico, a que se aludiu no ponto
II-2, a publicação, em 1536, da primeira gramática do português escrita em português,
a Grammatica da lingoagem portuguesa, de Fernão de Oliveira (1507-ca.1581), é
consensualmente considerada o marco inicial do português clássico e seria apenas
a primeira das muitas obras de natureza metalinguística (gramáticas, ortografias,
dicionários) que, nos sécs. XVI a XVIII, constituem um corpus doutrinal vernáculo
para a língua portuguesa.
• monotongação de [ow] > [o] (ex. t[ow]ro > t[o]ro, persistindo a primeira forma
a nível dialectal, nos dialectos setentrionais);
No plano linguístico, é esta uma fase da língua em que já pouco mudaria até aos nossos
dias. Merecem, no entanto, referência, alguns fenómenos importantes consolidados já
no séc. XVIII ou mesmo depois (ainda que, em alguns casos, iniciados bastante mais
cedo), nomeadamente, no domínio fonéticofonológico:
46 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
• simplificação da africada palatal (desafricação) [tʃ] na fricativa palatal [ʃ] (ex. [tʃ]
amar > [ʃ]amar), iniciada provavelmente ainda no séc. XVI;
• dissimilação de [e] em [α] antes de consoante palatal (ex. t[e]lha > t[α]lha).
De notar que estas duas últimas alterações, ao contrário das restantes, estão longe de
ser comuns a toda a região centro-meridional. São fenómenos tipicamente lisboetas e,
como tal, geralmente incorporados na variedade culta do português actual, mas que,
apesar disso, são tão marcados como a monotongação de [ej] > [e], que caracteriza os
dialectos do centro interior e sul.
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TEYSSIER, Paul (1990[1981]): “Le système des déictiques spatiaux en portugais aux
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Calouste Gulbenkian/Centro Cultural Português, pp. 161-198.
TIMPANARO, Sebastiano (1985): La genesi del metodo del Lachmann. Padua: Liviana.
TOMÁS, Maria Isabel & Dulce PEREIRA (s.d.): Os espaços do crioulo. Textos nos
crioulos de base portuguesa. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses.
Tratado notável de hũa pratica que hũ lavrador teve com hũ Rey da Persia que se
chamava Arsano feyto per hũ persio per nome Codio Rufo (1990[1560]): Edição
fac-similada. Lisboa: Biblioteca Nacional.
VASCONCELOS, José Leite de (1970): Textos Arcaicos. Para uso da aula de Filologia
Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Lisboa: Livraria Clássica
Editora.
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VERDELHO, Evelina (1994): Livro das Obras de Garcia de Resende. Edição crítica,
estudo textológico e linguístico. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
VIARO, Mário Eduardo (org.) (2014): Morfologia histórica. São Paulo: Cortez Editora.
VIARO, Mário Eduardo (2004): Por trás das palavras – Manual de etimologia do
Português. São Paulo: Editora Globo.
VICENTE, Gil (1562): Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente a qual se reparte em
cinco liuros […]. Lixboa: Em casa de Ioam Aluarez. Disponível em: http://purl.pt/15106
78 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
VILLALVA, Alina & João Paulo SILVESTRE (2014): Introdução ao estudo do léxico.
Descrição e análise do Português. Petrópolis: Editora Vozes.
WETZELS, W. Leo, João COSTA & Sergio MENUZZI (2016): The Handbook of
Portuguese Linguistics. Malden MA: Wiley Blackwell.
XOVE, Xosé (1988): “Notas sobre a orixe da oposición /a/-/ɐ/ en portugués: levámos/
levamos”. In: Dieter Kremer (ed.), Homenagem a Joseph M. Piel por ocasião do seu
85º aniversário. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, pp. 461-496.
3.2. Textos de trabalho
– Hardjas.
3.2.2. Séculos XII/XIII–XIV
Documentos régios:
Documentos particulares:
– 17 documentos da segunda metade do século XII à primeira do XIII. Edições: Martins
(1999); Martins e Albino (1998); Martins (2001).
– Noticia de Torto. Edições: Ribeiro (1810); Costa (1979); Cintra (1971 e 1990); Pedro
(1994); Emiliano e Pedro (2004); Castro (2006: 130-135).
– Livro das Leis e Posturas ou Livro das Leis Antigas. Edições: PMH, Leges, I.
Flores de Dereyto ou Flores de las Leyes de Jacobo de Junta. Edições: Merêa (1917);
–
Ferreira (1989); Roudil (2000: 200-297)
Textos literários:
Novelística:
– Fragmento do Merlim.
Nobiliários:
Obras de espiritualidade:
Regra de S. Bento. Edições: Neto (1959-1960); Castro 2006, Nunes 1922-26; Costa
–
2007.
Historiografia:
Poesia:
3.2.3. Séculos XIV/XV–XVII
Documentos literários
Prosa didática
– Livro dos Conselhos de El-rei D. Duarte. Edição: Castro (1998); Dias (1982).
Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar toda Sella, escritos pelo
–
senhor Dom Duarte, Rei de Portugal e do Algarve e Senhor de Ceuta. Fielmente
copiados do manuscrito da Bibliotheca Real de Paris. Lisboa: na Typographia
Rollandiana, 1843. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/34647/
mod_page/content/17/Leal_conselheiro_e_Livro_da_ensinan%C3%A7a_d.pdf
Poesia
Outros:
Carta de guia de casados, Francisco Manuel de Melo. Texto digitalizado por Daniel
–
Neto Rocha.
Sermões, Padre António Vieira. Edição: Espírito Santo, Pimentel e Banza (2008,
–
2010).
Obras metalinguísticas
3.2.4. Séc. XVIII
Obras metalinguísticas
3.2.5. Séc. XIX
Obras metalinguísticas
3.3. Corpora
WOChWEL – Word Order and Word Order Change in Western European Languages:
http://alfclul.clul.ul.pt/wochwel/archive.html
ETHNOLOGUE: http://www.ethnologue.com/ethno_docs/distribution.asp?by=size
PhiloBiblon: http://bancroft.berkeley.edu/philobiblon/search_po.html
SCRINIUM: http://www.scrinium.pt/home
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 85
4. Anexos
Consoantes:
Vogais e semivogais12
Segmento que partilha as características articulatórias fundamentais com as vogais, não podendo, no
12
entanto, surgir em posição de núcleo silábico, razão pela qual surge sempre junto de uma vogal, numa
mesma sílaba, constituindo com ela um ditongo: ex- pau – [paw].
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 87
Legenda:
– Ø Apócope de –m de acusativo
– Consoantização de “u”
– Evolução do vocalismo
– Palatalização regressiva
– Sonorização da africada intervocálica
– Simplificação da africada
– Elevação das vogais átonas
[im´plεrε] > [implεr] > [empler] > [emtʃer] > [ẽtʃer] > [ẽ’ʃer]
Legenda:
– Ø Apócope de -e depois de consoante líquida
– Evolução do vocalismo
– Evolução de grupo consonântico PL
– Nasalização regressiva e queda da consoante nasal
– Simplificação de grupo consonântico
Legenda:
– Ø Apócope de –m de acusativo
– Ø Apócope de -e depois de consoante líquida
– Sonorização da oclusiva surda
13
Esta evolução de Ē para ε aberto é excepcional. Aconteceu em algumas palavras antes de i ou e, como
em DĒBĒT > [dεvә]. Cf. Huber (1933: 59).
88 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
(4) ABBĀTĔM>ABADE
[abbatεm] > [abbatε] > [abbate] > [abbade] > [abade] > [α´badə]
Legenda:
– Ø Apócope de –m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Sonorização da oclusiva surda
– Simplificação das consoantes duplas
– Elevação das vogais átonas
[‘linum] > [linu] > [lino] > [lĩo] > [liɲo]> [‘liɲu]
Legenda:
– Apócope do –m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Nasalização regressiva e síncope da consoante nasal
– Epêntese de consoante nasal palatal para desfazer o hiato e desnasalização da vogal
nasal
– Elevação das vogais átonas
[ga’llinam] > [gallina] > [gallina] > [galina] > [galĩa] > [galiɲa] > [gα’liɲα]
Legenda:
– Apócope de –m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Simplificação das consoantes duplas
– Nasalização regressiva e síncope da consoante nasal
– Epêntese de consoante nasal palatal para desfazer o hiato e desnasalização da vogal
– Elevação das vogais átonas
ROTEIRO DE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 89
Legenda:
– Apócope de -m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Fricatização das oclusivas sonoras
– Elevação e centralização das vogais átonas
[כli’variam] > [כlivaria] > [כlivarja]> [כlivarja] > [ כlivajra]> [כlivejra] > [כlivejrα] >
[כli’vαjrα]
Legenda:
– Apócope de -m de acusativo
– Semivocalização de i em hiato
– Evolução do vocalismo
– Metátese
– Assimilação dos elementos do ditongo
– Elevação das vogais átonas
– Dissimilação em ditongo instável
[‘lεktum] > [lεktu] > [lekto] > [lejto] > [lejtu] > [‘lαjtu]
Legenda:
– Apócope de –m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Semivocalização do primeiro elemento de um grupo consonântico, KT
– Elevação das vogais átonas
– Dissimilação dos elementos de um ditongo instável
90 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
[´pεrsikum] > [pεrsiku] > [perseko] > [pesseko] > [peseko] > [pesego] > [‘pesәgu]
Legenda:
– Apócope de –m de acusativo
– Evolução do vocalismo
– Assimilação do grupo consonântico RS>SS
– Simplificação da consoante dupla SS>S
– Sonorização da oclusiva surda
– Elevação e centralização das vogais átonas
• Os possessivos femininos, com duas séries, tónica e átona (mia, mĩa, minha;
tua; sua/ma; ta; sa) no Português antigo: “Mandouos que dedes a don viualdo as
mhas/ casas”, “que as tena em prestamo de mj en sa uida” (cf. Chancelaria de D.
Afonso III, doc. 11. Banza 1992: 237); “dou ende a esses pobradores/ de Tauira
e de seus termhos esta mha Carta aberta” (Chancelaria de D. Afonso III, doc. 14.
Banza 1992: 247), perdem a série átona no Português médio: “E a nosso senhor
deos, em grande mercee terria se de mjnha uida feitos e dictos muytos filhassem
proveitosa ensinança” (cf. O Leal Conselheiro, 1843: 2), sendo as formas actuais
derivadas da série tónica.
partimos assi cũ elle perdante muytos homéés bóós que y stauã presentes” (cf.
Chancelaria de D. Afonso III, doc. 4. Banza 1992: 206) desaparecem no Português
médio.
• Algumas formas diferentes das actuais no Português antigo (ex. linhagem (m.),
planeta (f.), senhor (invar.), firme (m. e f.), pecador (unif.) começam, no Português
médio, a aproximar-se do uso actual: (linhagem (f.), planeta (m.), senhor/senhora,
firme (invar.), pecador/pecadora.
• No sistema verbal:
a) os particípios em -udo (nos verbos da segunda conjugação), típicos do
Português antigo: “ e por tãto ly damos nossa carta séélada de nosso séélo/
pendente que seiã creudos”. (Chancelaria de D. Afonso III, doc. 16. Banza
1992: 251); “Porẽ seus juizos sobre taaes leituras nõ deuem seer creudos” (cf.
O Leal Conselheiro, 1843: 5) fundem-se, no Português clássico, com os da
terceira conjugação, em –ido: “…porque ficou enganado, despojado, perdido
[…] de sorte que o Demónio ficou vencido…” (cf. Sermão do S. S. Sacramento.
Espírito Santo, Pimentel e Banza 2008: 120).
b) o -d- conservado nas formas da segunda pessoa do plural, típicas do
Português antigo: “Mandouos que dedes a don viualdo…”, “vnde/ al non
façades” (cf. Chancelaria de D. Afonso III, doc. 11. Banza 1992: 237); Senor
sabhades que nos enuíamos a uos/ Saluador domingo e Martĩ paez […] qual
dades/ ahos do Mogadoyro” (cf. Chancelaria de D. Afonso III, doc. 16. Banza
1992: 251); perdem-no no Português médio, resultando daí, primeiro um hiato
92 ANA PAULA BANZA & MARIA FILOMENA GONÇALVES
– reposte ʽcasa para guardar móveis, conjunto dos móveis guardados nesse
guarda-móveis “mia reposte” (Testamento de Afonso II, 1214: parágr. 27). A
unidade tem origem controversa.
– filhar ʽtomar, colher, apanharʽ ( “…filhão folgança de a fazer e falarem nela”,
Dias (1982: D. Duarte, Livros dos Conselhos, 1423-1438: 22 vº).
d) Inovação lexical/empréstimos
• Do francês
– Sage ‘que tem sabedoria, discrição, prudência’ (“…como assages prinçesa se
auera acerca dos parẽtes de seu marido”, Pisan, Espelho de Cristina, 1518:
Cap. XIII). Em registos mais cultos ou formais do Português actual, ainda
se usa um derivado de sage “sageza” (‘sabedoriaʽ).
– Conjuntura – “He tomado do Francez Conjincture. He o estado dos negócios,
boa, ou má disposiçaõ delles” (R. Bluteau, Vocabulario, com atestação na
Gazeta de Lisboa, 1720, Apud, Villalva & Silvestre, 2014: 43)
– Felicitar ʽdar parabénsʽ- “Neste sentido he tomado do francez Feliciter, e
começa de ser usado em Portugal” (R. Bluteau, Vocabulario, com atestação
na Gazeta de Lisboa, 1722, Apud, Villalva & Silvestre, 2014: 43)
• Do castelhano
Entre as muitas atestadas na lexicografia portuguesa, refiram-se, a título de
exemplo, as seguintes palavras: boçal, bulha, cavalheiro, façanha, gatuno,
modorra, palmilha, rodilha, tejadilho.
ISBN 978-989-99442-6-8