Historia Breve Da Cerâmica
Historia Breve Da Cerâmica
Historia Breve Da Cerâmica
1.1 A pré-história
A descoberta do processo da cerâmica ou seja, da conformação, secagem e
cozedura, pelas quais um simples objecto de argila se transforma em cerâmica, perde-se
nos tempos. Através dos vestígios arqueológicos consegue-se seguir o uso e
desenvolvimento das diferentes técnicas de execução e decoração; todas elas revelam
muito sobre a natureza da sociedade que as criaram.
Esta cerâmica, cozida a temperaturas muito baixas, era porosa e muito frágil. Mas
os antigos ceramistas encontrariam soluções para resolver estes problemas. Para tornar
os seus vasos impermeáveis, por exemplo, recorriam ao brunido. Esta técnica consiste
em polir, esfregando uma pedra lisa ou um pedaço de madeira dura para alisar a
superfície da peça.
A decoração era feita com punções ou com a simples pressão dos dedos,
impressões essas que ficavam marcadas na argila mole. Também se recorria com muita
frequência a desenhos com motivos geométricos e a pintura, produzida a partir das
argilas locais, que podia apresentar coloração vermelha, ocre, castanho, preto ou bege.
No que toca às formas, as mais comuns eram a caliciforme e a campaniforme.
Uma vez decoradas e secas, estas peças deviam adquirir dureza que só era
possível mediante a cozedura. Supõe-se que estas primeiras peças cerâmicas fossem
cozidas na mesma fogueira onde se cozinhavam os alimentos, mas é também possível
que existissem fogueiras especialmente preparadas para elas. O sistema não permitia
alcançar temperaturas altas ( 600º C) mas, ainda assim, era o suficiente para converter
a argila numa cerâmica de cor negra.
1.2.2 Egipto
A grande civilização do antigo Egipto deve a sua próspera evolução à fertilidade
do vale do Nilo. Durante vinte e seis dinastias de faraós, construíram-se grandes obras,
como as pirâmides e a esfinge do templo Luscoret, que se conservaram até aos nossos
dias e continuam a provocar grande admiração. Mas esta civilização distinguiu-se
também em vários outros domínios, tais como a medicina, a astronomia, a engenharia
hidráulica, etc.
A arte da cerâmica foi introduzida no Egipto através da Mesopotámia. Entre 5000
e 4000 a.C., na cultura Badariense, fabricava-se uma bela cerâmica de paredes finas, que
era decorada com incisões lineares e seguidamente brunida.
Nas primeiras dinastias (3250-2700 a.C.), as formas eram mais cilíndricas e a
decoração obtinha-se por meio de engobes brancos ou com óxido de ferro.
Figura 7 Cerâmica Badariense, 3500 a.C., Vale do Nilo.
1.2.3 Creta
A cultura minóica da ilha de Creta, foi a primeira civilização da Europa. Surgiu
cerca de 3000 a.C. e sobreviveu durante 1800 anos. A diferença relativamente a outras
civilizações antigas, é que esta se desenvolveu não no vale de um rio, mas sim numa
ilha. O mar protegia os ilhéus dos ataques e permitiu o desenvolvimento de uma
economia baseada no comércio; exportava-se azeite e vinho em recipientes de cerâmica,
que eram trocados por trigo. Este comércio aberto e livre e a ausência de uma classe
sacerdotal opressiva (como no Egipto, por exemplo, em que o estilo era pesado e tinha
de obedecer a regras rígidas), originou um estilo rico, livre e cheio de influências
diversas. A cerâmica era de grande elegância, em que o nível técnico e estético era
excelente, e havia um grande número de pessoas dedicado à produção e venda de
produtos cerâmicos.
Estilo de figuras negras Por volta de 700 anos a.C., os temas decorativos
diversificam-se (animais, figuras mitológicas, temas bélicos, lendas heróicas, etc.).
Sobre a superfície vermelha da argila, as figuras surgiam a negro, em que os detalhes
eram conseguidos pelo riscar do engobe, que revelava a cor natural da argila.
Figura 12– Neck-amphora, em terracota decorada com figuras pretas, 540 a.C., Grécia.
1.3.2 Etruscos
O povo etruscos era originário da Ásia Menor e atingiu o auge da sua
prosperidade no séc. VII a.C. A sua cerâmica apresenta um aspecto semelhante ao
metal, sendo muito polida e de coloração ou negra acinzentada, conhecida como
cerâmica etrusca de Bucchero. A decoração era constituída por motivos geométricos
simples, incisos sobre a superfície das peças. Os Etruscos foram influenciados pela
cerâmica grega, passando a copiar os seus motivos decorativos.
Figura 15 – Kanthoros, taça etrusca de Bucchero para beber vinho, 700-800 a. C., Itália.
1.3.3 Romanos
Roma foi fundada em 753 a.C., mas esteve sob o poder dos Etruscos até ao séc. V
a.C. A expansão do Império Romano provoca grandes modificações na vida e costumes
do povo de Roma, estimulando o interesse pelos objectos cerâmicos, tanto de uso
doméstico como de carácter ornamental. Estabeleceram-se centros de produção um
pouco por toda a parte, e a decoração reflectia muitas vezes os estilos e as técnicas
locais.
Os ceramistas romanos sabiam preparar argilas de excelente qualidade e
conheciam a técnica dos moldes, com as quais produziam grandes quantidades de peças,
que reproduziam fielmente relevos de grande complexidade, aí marcados.
A cerâmica romana nativa era executada em argila vermelha de brilho muito
característico. Mas adoptaram também as formas gregas, com decorações de bandas em
relevo. Usavam também o vidrado de chumbo.
Durante o Império Romano, o desenvolvimento das técnicas de produção em série
tornou possível satisfazer a necessidades dos habitantes desse tão vasto império.
Figura 16 – Jarra romana com brilho vermelho, decorada com relevo, 1-25 a.C., Itália.
1.4 Cerâmica Pré-Colombiana
As culturas cerâmicas americanas apresentam duas características comuns: em
primeiro lugar, as peças são sempre modeladas à mão, por meio de rolos ou pedaços de
argila ou de moldes, desconhecendo-se a técnica do torno; o segundo traço distintivo diz
respeito à decoração, que é feita com engobes de argila colorida, com incisões e com
relevos.
As formas variavam naturalmente segundo as suas zonas de proveniência, mas em
geral globulares e de paredes finas. Algumas peças apresentavam formas
antropomórficas ou zoomórficas.
Figura 19 Jarra com vidrado com chumbo, Dinastia Seljuk, Persia, séc. XII e XIII.
1.6.1 China
Muito cedo, os chineses aperfeiçoaram os fornos, o que permitiu um maior
controlo e retenção do calor. Estes fornos permitiram cozer as peças a temperaturas
mais altas, proporcionando um corpo mais duro e fundido, que originaram as primeiras
vasilhas de louça conhecida, percursoras da porcelana.
A forma das peças inspirava-se frequentemente na dos objectos de bronze, tal
como a sua decoração que era talhada em relevo.
1.7 Europa
1.7.1 Estilo Renascimento (aproximadamente 1500 a 1600 d.C.)
Em 1500, a técnica da maiólica era a mais utilizada neste período em Itália.
Nesta época, os lugares favoritos para reuniões eram as farmácias, que estavam
prodigiosamente decoradas, com frascos para drogas de maiólica, pintados
ornamentalmente. Esta moda, assim como o costume de expor grandes pratos
decorativos sobre aparadores e mesas, animou os ceramistas a produzir cerâmica
ricamente decorada. Começam a surgir um grande número de oficinas de artesãos
ceramistas, em grande parte devido ao patrocínio da nobreza.
Figura 26 – Pote de farmácia em maiólica, 1460-1480, Itália.
Muitas vezes, o trabalho destes artesãos era tão valorizado como o das belas artes.
Os estilos locais de pintura influenciaram directamente a decoração cerâmica e
inclusive, muitos desenhos eram reproduções fiéis de desenhos de artistas famosos.
1.7.2 Alemanha
Depois do descobrimento da louça de grés, o vidrado a sal foi sem dúvida a
contribuição mais importante da Alemanha.
O vidrado de sal foi utilizado pela primeira vez, entre o final do séc. XIV e
princípio do séc. XV, na Alemanha. Existiam grandes jazigos de argilas com elevado
teor de areia, que coziam a temperatura relativamente elevada (1200ºC) e formavam um
corpo duro, denso, impermeável e que não se deformava durante a cozedura. No
entanto, a existência de um vidrado que pudesse ser cozido àquela temperatura era
desconhecido dos ceramistas alemães.
Descobriram que o sal (NaCl) vaporiza a 1200ºC e decompõe-se em sódio e cloro.
O sódio ao combinar-se com a superfície da argila, vai formar uma camada fina de
vidrado quimicamente simples, mas, extremamente tenaz e resistente.
Figura 29 – Jarro de vinho, grés vidrado a sal, 1591, Alemanha.
Apesar da porcelana translúcida ter sido descoberta na China antes da era cristã,
só por volta de 1295 chega à Europa, pela mão do italiano Marco Polo. No entanto, será
apenas no início do século XVIII, que esta será possível reproduzi-la no Ocidente, pelo
Alemão Fredrich Böttger, em Meissen.
Figura 30 Vaso magnólia em prata, 1893, fabricado por Tiffany and Company, EUA.
Em muitas cidades surgiram museus e, pela primeira vez, os artistas podem
admirar objectos procedentes de terras longínquas.
O crescimento das grandes classes médias, que desejavam peças de arte a preços
razoáveis, estimulou a produção de objectos feitos à mão, dando origem ao movimento
Arts and Crafts. Pela primeira vez o trabalho do artesão foi reconhecido como “arte”.