D-GPA - Disturbios Acidobasicos1
D-GPA - Disturbios Acidobasicos1
D-GPA - Disturbios Acidobasicos1
DISTÚRBIOS ACIDOBÁSICOS
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Distúrbios Acidobásicos
pH 7,80 7,70 7,60 7,50 7,40 7,30 7,20 7,10 7,00 6,90 6,80
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uma explicação para a alteração do pH. e acidose metabólica) não sendo necessário, o
3º passo.
OBS – Em distúrbios mistos, há duas possi-
bilidades que podem alterar o pH: presença de
aumento de CO2 e diminuição [HCO3-] em pacien- 3O PASSO
te com acidemia. Em tais casos, o paciente tem Observar se há compensação (distúrbio pri-
duas causas de pH anormal (acidose respiratória mário) ou não (distúrbio misto).
Dis- Dis-
Dis- Dis- Dis- Dis- Dis- Dis-
túrbio túrbio Dis- Dis- Dis- Dis-
túrbio túrbio
túrbio túrbio túrbio túrbio túrbio túrbio túrbio túrbio
primá- primá- primá- primá-
misto misto misto misto misto misto misto misto
rio rio
rio rio
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Distúrbios Acidobásicos
ACIDOSE RESPIRATÓRIA
DEFINIÇÃO Diminuição do pH em resposta à retenção de CO2
Aumenta a ligação de [H+] com albumina e aumento no bicarbonato sérico;
EVENTO AGUDO troca de [H+] por Na+ e K+ aumentando o bicarbonato no fluido extracelular; o
H+ liga-se à Hb e o bicarbonato é liberado das hemácias para o plasma
EVENTO CRÔNICO Aumento da excreção renal de [ H+] e maior reabsorção de bicarbonato
doenças das vias aéreas superiores Ex: edema de glote
doenças das vias aéreas inferiores Ex: pneumonia
doenças da parede torácica Ex fraturas de costelas
CAUSAS doenças do sistema nervoso central e Ex: síndrome de Guillain-Barré
neuromusculares
depressão respiratória por medicamentos Ex: sedativos/narcóticos
obesidade extrema Ex: síndrome de Prader-Willi
Manifestações neurológicas (cefaleia, tremor, embaçamento da visão,
sonolência, confusão mental, hipertensão intracraniana, coma)
Taquipneia ou bradipneia
Hipertensão pulmonar
CLÍNICA
(DEPENDE DA Aumento do Débito Cardíaco (DC)
GRAVIDADE E DA Arritmias cardíacas
CRONICIDADE) Aumento discreto de P-- e K+
Diminuição do lactato e Na+
Aumento do HCO3-
Diminuição de Cl-
Tratar a causa básica e melhorar a ventilação alveolar
(VA= volume minuto – volume do espaço morto anatômico e fisiológico)
TRATAMENTO Se houver doença pulmonar obstrutiva crônica é preciso cautela na oferta
de O2, pois o centro respiratório é estimulado pela PaO2. E nesses pacientes,
também não se pode diminuir a pCO2 >10 mmHg/hora.
ACIDOSE RESPIRATÓRIA
SIM NÃO
Var HCO 3-<0,1 x Var PaCO2? Var HCO 3->0,1 x Var PaCO2?
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ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Aumento do pH secundário à diminuição de CO2. É o distúrbio acidobásico
DEFINIÇÃO
mais comum, pois é gerado por qualquer mecanismo que aumente a FR.
Há diminuição na tensão do CO2 plasmático e nas hemácias. A albumina e
EVENTO AGUDO outros tampões secretam [H+] para diminuir o bicarbonato. O bicarbonato
plasmático entra nas hemácias por troca com Cl-
EVENTO CRÔNICO diminui a reabsorção de bicarbonato e aumenta sua excreção renal
hiperventilação mediada por hipoxemia Ex: anemia grave
hiperventilação mediada por alterações no Ex: hiperventilação psicogênica
sistema nervoso central
CAUSAS pulmonar Ex: embolia
hepática Ex: encefalopatia
farmacológica Ex: ingestão desalicilato
outras Ex: febre, dor
Tonturas
CLÍNICA Câimbras
(DEPENDE DA
Espasmos musculares
GRAVIDADE E DA
CRONICIDADE) Sinais de hipocalcemia
Síncope
Tratar a causa básica
TRATAMENTO Nos casos de hiperventilação psicogênica e afastada causas graves de
alcalose respiratória, pode se utilizar a técnica de colocar o paciente para
respirar dentro de um saco de papel.
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
SIM NÃO
Var HCO3-<0,2 x Var PaCO2? Var HCO3->0,2 x Var PacCO2? Var HCO3-<0,5 x Var PaCO2? Var HCO3->0,5 x Var PaCO2?
ALC RESP AGUDA AC RESP AGUDA ALC RESP CRÔNICA AC RESP CRÔNICA
ASSOCIADA ASSOCIADA ASSOCIADA ASSOCIADA
A ALC MET A AC MET A ALC MET A AC MET
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Distúrbios Acidobásicos
ACIDOSE METABÓLICA
Aumento na concentração do [H+], diminuição do pH e diminuição do HCO3.,
DEFINIÇÃO
embora durante a alcalose respiratória ocorra também diminuição do HCO3.
Para manter o balanço acidobásico, o [H+] é tamponado pelo HCO3
extracelular (EC), pelas proteínas e sulfatos no meio intracelular (IC) e pela
excreção ácida renal. Uma das maneiras de se avaliar o sistema tampão
HCO3- no compartimento IC é pela medida da PaCO2 venosa que reflete a
PaCO2 no leito capilar e no IC (normalmente a PaCO2 venosa é 6 a 8 mmHg
maior que a arterial).
Quando há acidose, inicia-se na primeira hora, a compensação respiratória
com a diminuição da PaCO2 chegando ao máximo em 12-24 horas. Após 3
FISIOPATOLOGIA a 5 dias, inicia-se então a compensação renal com aumento na absorção do
E RESPOSTA
HCO3- no túbulo contornado proximal (TCP) e aumento na excreção de ácidos
AO EVENTO
DESENCADEANTE (H+, H2PO4, NH4).
Mantida a acidose metabólica (AM), a curva de dissociação da oxiHb desvia-
se para direita (não liberação de O2 para os tecidos), diminui a contratilidade
miocárdica, diminui o débito cardíaco (DC), há saída do K+ para o espaço
extra-celular, diminui a resposta às catecolaminas, altera o estado mental,
altera a função imune e diminui a resposta à insulina. Isso pode resultar em
um distúrbio simples: diminuição de HCO3. e diminuição esperada na PaCO2
ou distúrbio misto: AM associada a acidose ou alcalose respiratórias, por
inadequada compensação.
Uma vez determinada a presença de acidose metabólica, calcula-se o AG que
traduz a avaliação dos ânions não mensuráveis, auxiliando na interpretação
do DAB, direcionando para prováveis causas e para melhor terapêutica:
AG = Na+ - (Cl+ + HCO3-) – normal: 8 a 16 mEq/L. Se AG >16, primariamente
ACIDOSE há AM, independente do pH e do HCO3. Em casos de hipoalbuminemia, a
METABÓLICA E: diminuição de 1 g/dl, reduz 2,3 a 2,5 mEq/L no AG. Então, corrige-se o AG
(Fórmula de Figge):
3 ÂNION GAP
AGajustado: AGobs + (2,5 + [albnormal – albobs]).
(AG)
Geralmente, na AM com AG elevado, a redução do HCO3- é equivalente
3 RAZÃO +Δ teoricamente, ao aumento nos ânions não mesuráveis. Desta forma: a razão
(AG)/-Δ HCO3 +Δ (AG)/-Δ HCO3- = 0,8 a 1,2. Razão +Δ (AG)/-Δ HCO3. entre 1 e 2, traduz
AM com AG elevado, não complicada. Se a razão < 0,4: sugere AM com AG
normal, hiperclorêmica. Se entre 0,4 a 0,8: sugere AM com AG elevado
combinada com AM com AG normal (ex: AM associada a insuficiência renal).
Se ≥2: sugere AM associada a alcalose metabólica ou AM associada a acidose
respiratória crônica.
Gap osmolar é a diferença entre a osmolalidade real e a osmolalidade
estimada: 2 x Na + glicemia/18 + ureia/6 (fórmula de Weisberg).
Importante nos casos de suspeita de intoxicação alcoólica ou pelo metanol,
ACIDOSE etilenoglicol, propilenoglicol. Valor geralmente <15 mOsm/Kg H2O. Valores
METABÓLICA E GAP
acima de 15 mOsm/Kg indica necessidade de análise das substâncias
OSMOLAR
no sangue e urina. Também se eleva na CAD, infusão intravenosa (IV)
de manitol, no choque grave, na acidose lática e na hiperlipidemia. Na
intoxicação por salicilatos, o gap osmolar pode ser normal.
Normalmente, os principais íons na urina são Na+, K+ e NH4+ e os ânions,
Cl- e HCO3-. Em casos de AM com AG normal, o AG urinário pode ser útil
ACIDOSE para detectar impedimento de excreção renal de NH4+. AGurinário = Na+ +
METABÓLICA E AG K+- Cl- (na urina). Valor negativo representa excreção intacta de NH4+, função
URINÁRIO renal preservada. Valor positivo sugere acidose tubular renal distal (tipo 1).
Essa avaliação auxilia também em casos de AM com AG normal e perda de
bicarbonato não renal, como na diarreia (AGurinário valor negativo).
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ACIDOSE METABÓLICA
Acidose lática; cetoacidose diabética e a alcoólica; intoxi-
AM com AG
cação por metanol, etilenoglicol, propilenoglicol, salicilato;
NORMAL
CAUSAS E insuficiência renal
CLASSIFICAÇÃO Diarreia; fístulas intestinais; íleo; ATR proximal; uso de ace-
AM com AG
tazolamida; baixa excreção de NH4+; acidose diabética com
ELEVADO
cetonúria excessiva; inalação de cola (tolueno)
CLÍNICA Alteração do sensório
(DEPENDE DA Taquipneia
GRAVIDADE, Convulsões
DO ESTADO Espasticidades
HEMODINÂMICO, DA
DOENÇA PRIMÁRIA Hipotensão
E DOS DISTÚRBIOS Depressão miocárdica
HIDROELETROLÍTICOS Arritmias cardíacas
ASSOCIADOS) Distensão abdominal
Tratar a causa básica. Instituir abertura da via aérea, providenciar ventilação,
oxigenação e melhora da perfusão sistêmica em pacientes graves. Ressalta-
-se a importância da adequação do DC e do fluxo sanguíneo tecidual para a
diminuir a PaCO2 nas células e minimizar o tamponamento de H+ pelas pro-
teínas intracelulares. A PaCO2 venosa (gasometria colhida na veia braquial)
pode ser útil para monitorar esse fluxo sanguíneo tecidual, considerado ade-
quado quando a PaCO2 venosa – a PaCO2 arterial <10 mmHg.
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Distúrbios Acidobásicos
ACIDOSE METABÓLICA
ALCALOSE METABÓLICA
Diminuição na concentração do [H+], aumento do pH e aumento do HCO3-, em-
DEFINIÇÃO
bora durante a acidose respiratória ocorra também aumento do HCO3.
Há aumento na PaCO2 como mecanismo de compensação, mas nunca excede
a 55-60 mmHg. Os mecanismos fisiopatológicos envolvidos são a alcalose de
contração, perda de ácidos e a administração de bicarbonato. Quando o rim per-
FISIOPATOLOGIA de a habilidade de excretar bicarbonato de maneira eficiente, há perpetuação
E RESPOSTA desse distúrbio, por aumento da reabsorção renal de bicarbonato devido à de-
AO EVENTO pleção de cloretos, hipocalemia ou decréscimo da TFG (ex: alcalose de contra-
DESENCADEANTE ção por drenagem gástrica, vômitos, terapia diurética prolongada, cloridrorreia
congênita e pós-hipercapnia) ou, por aumento da geração renal de bicarbonato
(ex: casos de hipermineralocorticoide, como na síndrome de Bartter, síndrome
de Cushing e no hiperaldosteromismo primário)
Alcalose metabólica salino sensível
Há baixa excreção de cloro ou salinorresponsivo:
urinário Causas - vômitos, drenagem gás-
GRUPO 1
(Cl- urin <20, geralmente trica, diurético pregresso, fibrose
<15 mEq/L) cística, cloridorreia, adenoma vi-
loso
Alcalose metabólica salinorresis-
tente:
CAUSAS E
CLASSIFICAÇÃO Causas - Administração de álca-
Ocorre aumento na ativi-
lis em excesso, diurético recente,
dade mineralocorticoide e/
hiperrreninemia, hipocalemia, hi-
ou hipertensão arterial com
GRUPO 2 pomagnesemia, pós-hipercapnia
cloro urinário elevado
crônica, doença de Chron, síndro-
(Cl- urin >20-25, geralmente
me de Bartter, hipertrofia adrenal,
>40 mEq/L)
hipertensão renovascular, uso
de glicocorticoide, síndrome de
Cushing e Gittelman
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Assintomáticos
Fraqueza muscular
Hipotensão postural
Câimbras
Hipocalemia
CLÍNICA
Paresia
Distensão abdominal
Poliúria
Polidispia
Anomalidade do sistema nervoso central
Instituir abertura de via aérea, providenciar ventilação, oxigena-
ção e melhora da perfusão sistêmica em pacientes graves.
Alcalose metabólica salino sensível ou salinorresponsivo (res-
Tratar a ponde ao uso de NaCl e/ou KCl); infusão de soro fisiológico e se
TRATAMENTO causa indicado, repor K+
básica OBS: paciente em ventilação mecânica e PaCO2 < esperado, medi-
das de hipoventilação, se possível.
Alcalose metabólica salinorresistente:
Corrigir a hipovolemia, hipocalemia e a hipocloremia
ALCALOSE METABÓLICA
OFERTA INADEQUADA
DE ÁLCALIS USO DE SIM NÃO
RESINA TROCADORAS
DE ÍONS VÔMITOS
HÁ HIPOVOLEMIA?
SIM NÃO
RENINA?
CLORO URINÁRIO >20? CLORO URINÁRIO <10? ALDOSTERONA?
HIPERALDOSTERONISMO
PRIMÁRIO
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Distúrbios Acidobásicos
CONCLUSÕES
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Diretoria
Triênio 2016/2018
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