Protocolo de Enfermagem PDF
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VOLUME 1
HIPERTENSÃO, DIABETES
E OUTROS FATORES ASSOCIADOS A DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
HIPERTENSÃO, DIABETES
E OUTROS FATORES ASSOCIADOS A DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
Prefeito
César Souza Júnior
Vice-Prefeito
João Amim
Secretário de Saúde
Carlos Daniel Magalhães da Silva Moutinho Júnior
Secretário Adjunto
Núlvio Lermen Júnior
Coordenação de Projeto
Lucas Alexandre Pedebos
Colaboradores
Alessandra De Quadra Esmeraldino Juliana Valentim
Ana Carolina Severino Da Silva Karina Mendes
Anna Carolina Ribeiro Lopes Rodrigues Lucilene Maria Schmitz
Carmen Ruggi Bonfim Santoro Marcelo Stuart Barreto
Caroline Neth Maria Francisca De Santos Daussy
Cilene Fernandes Soares Milena Pereira
EdlaZwiener González Missouri Helena Bizarro Komatu Paixão
Fernanda De Conto Priscilla Cibele Tramontina
Fernanda Paese Renata Da Rosa TurattiFetzner
JadsonJovaert Mota Kreis Stella Maris Pfutzenreuter
João Marcos Emerenciano Tatiana Vieira Fraga
Julia Maria De Souza Vinicius Paim Brasil
Juliana Cipriano Braga Silva
APRESENTAÇÃO
Tal ampliação visa dinamizar o atendimento do usuário nas unidades de saúde, favorecer o trabalho em
equipe e racionalizar/valorizar as competências técnicas de cada profissional.
Os temas abordados neste documento foram escolhidos pela magnitude e relevância na prática da
enfermagem em atenção primária, e temos certeza que contribuirá em muito para o aumento da
resolutividade da consulta de enfermagem. Além disso, atribui ao enfermeiro funções que são exercidas
internacionalmente na atenção primária, a saber: cuidado integral de portadores das doenças crônicas
não complicadas mais frequentes e rastreamento das doenças mais prevalentes na população.
Nosso intuito com esta publicação foi de validar a prática de enfermagem sobre os temas aqui
abordados através de um guia simples e prático, para consulta do profissional de enfermagem no
tocante a prescrição de medicamentos e solicitação de exames referentes às condições descritas. Para
um detalhamento sobre o assunto, indicamos a referência de livros texto ou os Cadernos de Atenção
Básica (publicação do Ministério da Saúde), que descrevem de maneira mais aprofundada essas
questões.
Para efeitos legais, este documento está em acordo com a Lei Federal nº 7.498/1986 (regulamentação
do exercício da enfermagem) e com a Resolução COFEN 195/1997(solicitação de exames de rotina e
complementares por Enfermeiro), sendo válido como protocolo institucional.
A Enfermagem
PROCESSO DE ENFERMAGEM
I - Coleta de dados de Processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de
Enfermagem (ou métodos e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de
Histórico de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas
Enfermagem) respostas em um dado momento do processo saúde e doença.
II - Diagnóstico de Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira
Enfermagem etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos
diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as
respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento
do processo saúde e doença; e que constituem a base para a seleção das
ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados
esperados.
III – Planejamento de Determinação dos resultados que se espera alcançar; e das ações ou
Enfermagem intervenções de enfermagem que serão realizadas face às respostas da
pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo
saúde e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem.
IV – Implementação Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de
Planejamento de Enfermagem.
Notas de evolução claras e bem organizadas fazem parte da elaboração de uma boa história
clínica ou de vida, continuada ao longo do tempo de ocorrência de um problema ou necessidades de
saúde. A estrutura das notas de evolução é formada por quatro partes detalhadas conhecidas por
“SOAP”, que corresponde à sigla (originalmente em inglês) para “Subjetivo”, “Objetivo”, “Avaliação” e
“Plano”.
No ano de 1996, o Conselho Internacional de Enfermeiros publicou a CIPE versão Alfa, tornando-
se o marco histórico dessa classificação, seguida das publicações CIPE Versão Beta em 1999 e Versão
Beta 2 em 2001. No entanto, ela ainda não estava satisfazendo as necessidades dos enfermeiros na
prática profissional e, para assegurar que a próxima versão da CIPE fosse compatível com vocabulários e
normas já existentes, foi lançada a CIPE Versão 1.0 no ano de 2005, Versão 1.1 em 2008 e Versão 2.0 em
2009, sendo que a cada dois anos atualizações menores são lançadas.
A CIPE® Versão 1.0 trouxe uma nova estruturação, diferenciada da CIPE Versão Beta
2,simplificando a estrutura de oito eixos para uma de sete eixos (Figura 1). O novo agrupamento de
eixos surge com a intenção de proporcionar um acesso agradável e de fácil compreensão ao usuário dos
termos.
Figura 1. Da CIPE® Beta 2 para o Modelo de 7 Eixos da CIPE®
A partir das modificações, o modelo passou a apresentar uma única estrutura de classificação
organizada em sete eixos. Para a construção dos diagnósticos e resultados de enfermagem, são
recomendadas as seguintes diretrizes: (1) deve incluir um termo do Eixo do Foco, (2) deve incluir um
termo do Eixo do Julgamento, (3) pode incluir termos adicionais, conforme o necessário, dos eixos do
Foco, Julgamento ou de outros eixos. No desenvolvimento de enunciados de intervenções de
enfermagem, são aconselhadas as seguintes diretrizes: (1) deve incluir um termo do Eixo da Ação, (2)
deve incluir pelo menos um termo Alvo – um termo alvo pode ser um termo de qualquer eixo exceto do
Eixo do Julgamento, (3) pode incluir termos adicionais, conforme necessário, do eixo da Ação ou de
qualquer outro eixo.
A CIPE® Versão 2.0 traz, para cada um dos seus sete eixos, as seguintes definições:
Foco: Área de atenção que é relevante para a enfermagem (exemplos: dor, eliminação,
expectativa de vida, conhecimento);
Julgamento: Opinião clínica ou determinação relativa ao foco da prática de enfermagem
(exemplos: nível decrescente, risco, melhorado, interrompido, presente);
Cliente: Sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o beneficiário da intervenção (exemplos:
recém-nascido, cuidador, família ou comunidade).
Meios: Forma ou método de concretizar uma intervenção (exemplos: atadura, caderneta de
vacinação);
Ação: Processo intencional aplicado a um cliente (exemplos: educar, mudar, administrar ou
monitorar);
Tempo: O ponto, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência (exemplos:
administração, nascimento ou crônico);
Localização: Orientação anatômica ou espacial de um diagnóstico ou intervenção (exemplos:
posterior, abdômen, escola ou centro de saúde na comunidade);
Através dos objetivos, a CIPE é capaz de proporcionar a comunicação entre os pares, comparar
os dados de enfermagem entre os diferentes contextos, auxiliar na tomada de decisão do profissional,
no raciocínio clinico do enfermeiro, no desenvolvimento de políticas públicas de saúde, na geração de
novos conhecimentos, na promoção de um cuidado qualificado e na garantia de mais instrumentos para
a segurança do paciente.
Informações colhidas na
entrevista sobre o motivo da Histórico de enfermagem
S – Subjetivo
consulta/problema/necessida (entrevista)
de
Diagnóstico de
enfermagem Diagnóstico de
Avaliação dos problemas – enfermagem
A – Avaliação utilização de um sistema de Planejamento de
classificação enfermagem Resultado de
enfermagem
Avaliação de enfermagem
Intervenções de
P – Plano Plano de cuidados/ condutas Implementação
enfermagem
3 TABAGISMO ________________________________________________________________ 23
3.1 DIAGNÓSTICO ____________________________________________________________________ 23
3.2.1 Abordagem psicossocial ________________________________________________________________ 17
3.2.1 Abordagem farmacológica ______________________________________________________________ 18
Deve acontecer através da aferição da pressão arterial para todos com mais de 18 anos,
indiferentemente da queixa que levou à consulta.Para tal, a pessoa deve estar em repouso há pelo
menos 15 minutos e não deve ter ingerido bebidas estimulantes (café, energético, etc.), fumado ou
feito exercícios extenuantes nas duas horas anteriores.
Para aqueles com resultado igual ou menor a 120/80 mmHg, rastrear a cada 2 anos.
Para aqueles com pressão arterial sistólica entre 120 e 139 mmHg, ou com pressão arterial
diastólica entre 80 e 89 mmHg, rastrear anualmente.
Além disso, todas as gestantes devem ter sua pressão arterial verificada em cada consulta.
A sintomatologia relacionada a alterações na pressão arterial (PA) pode não ser tão facilmente
identificada, já que uma grande gama de sinais/sintomas pode ser atribuída a outras causas. Dessa
forma, é importante aferir a PA de todas as pessoas com sinais e/ou sintomas mais facilmente
relacionáveis, como síncope, sangramento nasal ou dores no peito e na cabeça; ou menos diretos,
como dores difusas, parestesia ou alterações visuais e auditivas. Como dor e/ou desconforto podem
alterar a PA, é importante que aferições realizadas nesse momento sejam analisadas com cautela, já
que podem ser a consequência dos sinais/sintomas, e não a causa. Assim, tomar a conduta
pertinente ao quadro clínico e, havendo suspeita de HAS (não apenas valor elevado isolado), orientar
aferições posteriores para definição do diagnóstico.
1
Para maiores detalhes sobre o exame em pessoas assintomáticas (rastreamento), ler o capítulo 4 deste
mesmo documento - Rastreamento de Problemas Associados a Doenças Cardiovasculares.
11
Esta seção traz uma lista de medicamentos anti-hipertensivos passíveis de terem receita renovada
pelo enfermeiro que atua em Centros de Saúde do município (unidades de atenção primária),
contanto que todas as condições expressas neste documento sejam cumpridas.
O enfermeiro poderá renovar as receitas de medicamentos por um período de até 6 (seis) meses,
quer seja através de uma única receita com duração deste tempo, ou através de múltiplas receitas
com durações menores (contanto que a soma não ultrapasse os seis meses). Esta estratégia pode ser
particularmente útil caso o enfermeiro queira que o paciente volte para reavaliação (por ele ou
qualquer outro profissional) antes de seis meses.
O enfermeiro não deve remover da receita uma medicação prescrita por profissional médico ou
alterar a dose/posologia das medicações prescritas. Havendo questionamentos quando à
necessidade de uso, reações adversas ou qualquer outro problema relacionado ao medicamento, o
enfermeiro deverá discutir o caso com o médico da equipe (na ausência desse, outro médico da
unidade/município deverá ser acionado).
A última receita tenha sido emitida por médico da atenção primária do município devidamente
credenciado no respectivo conselho (ou registros especiais, no caso de programas nacionais);
A última receita apresentada pelo usuário (ou existente no prontuário) não esteja vencida há
mais de 30 dias.
O paciente não apresente sintomas ou demandas que exijam avaliação médica imediata;
O paciente não tenha histórico (registro no prontuário ou laudo médico) das seguintes
comorbidades ou complicações (indicam necessidade de consultas médicas mais frequentes):
insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana, infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente
vascular cerebral (AVC) prévio, doença arterial periférica, neuropatias, insuficiência renal crônica;
O paciente não tenha recebido atendimento de urgência por quadro relacionado a HAS/DM,
desde a última avaliação médica na APS.
12
O enfermeiro, no momento da consulta, cheque a adesão e os conhecimentos do usuário sobre o
uso dos medicamentos prescritos e reforce as orientações de uso correto dos mesmos, incluindo
orientações sobre dose, frequência de uso, interações medicamentosas e com alimentos, e
possíveis efeitos colaterais;
O paciente deve ter função renal preservada, comprovada através de registro no prontuário de
resultado de exame laboratorial com Clearance de creatinina maior ou igual a 90 ml/min
(calculada a partir da equação de Cockcroft & Gault, detalhada na seção de exames deste
capítulo);
Se o paciente possuir problemas cognitivos (mesmo que em decorrência de idade avançada), que
o mesmo esteja acompanhado por responsável/cuidador;
O paciente esteja com valores de pressão arterial* iguais ou menores aos estipulados abaixo:
Obs.: alguns medicamentos anti-hipertensivos podem ser utilizados para o controle de outras
morbidades, como os beta-bloqueadores para arritmia cardíaca. Caso o paciente tenha alguma outra
morbidade associada que exija o uso destes medicamentos, o enfermeiro deverá realizar consulta de
enfermagem estando atento a todas as variáveis pertinentes à sua atuação profissional. Contudo,
nestes casos a receita não deverá ser renovada e o paciente deverá ser encaminhado para
atendimento médico visando o acompanhamento integrado da HAS e demais doenças.
* Para os efeitos deste documento será considerada a média de pelo menos três aferições de
pressão arterial realizadas em dias e horários diferentes nos 30 dias que antecedem a consulta,
podendo ser considerada a do dia da consulta como uma destas (registros realizados pelo próprio
paciente a partir de aferições em outros locais, que não as unidades de saúde do município, podem
13
ser considerados). Caso, no momento da consulta, a PA esteja com diferença igual ou superior a 20
mmHg às demais medidas (sistólica ou diastólica, separadamente), realizar nova medida 15 minutos
após a primeira. Permanecendo essa diferença ou caso o paciente não possua medidas em número
suficiente, renovar a receita por 15 dias e orientar o retorno com as medidas de PA. Caso, no
retorno, essa diferença persista, encaminhar para avaliação terapêutica pelo médico.
HIDROCLOROTIAZIDA 50 mg/dia
FUROSEMIDA 80 mg/dia
CARVEDILOL 50 mg/dia
Dessa forma, o enfermeiro poderá renovar a receita para os medicamentos listados abaixo contanto
que o paciente tenha alto RCV*. Nos casos em que o medicamento tenha sido prescrito para
paciente de baixo/intermediário RCV, o mesmo deverá ser referenciado para consulta médica para
avaliação da necessidade de manutenção da medicação.
14
MEDICAMENTOS:
Obs. 1: Atentar para o tempo estipulado de tratamento, já que alguns pacientes podem ser
orientados a fazer uso apenas por um curto período para resolução de um problema de saúde
pontual (não fazem uso crônico da medicação).
Obs. 2: Orientar o usuário a evitar uso de AINEs por conta própria, uma vez que esses medicamentos
também interferem na coagulação sanguínea. Dessa forma, atentar para aparecimento de petéquias
e hematomas sem associação a trauma local, bem como relato de hematêmese/melena
(possivelmente associados a sangramento gastrointestinal).
>>Sinvastatina
Obs. 1: Atentar para o tempo estipulado de tratamento. Alguns pacientes podem utilizar estatinas
para diminuição do risco cardiovascular. Outros podem fazer uso por um tempo restrito apenas para
controle de dislipidemias.
Obs. 2: Pode induzir rabdomiólise (destruição de células do músculo estriado esquelético), gerando
dor e diminuição da massa muscular da pessoa. Atentar para dores e fraqueza muscular, sem
associação com evento recente, em pessoas que fazem uso de sinvastatina e outras estatinas, as
quais deverão passar por avaliação médica para verificar a manutenção ou suspensão da medicação.
15
O enfermeiro encaminhe para atendimento médico usuários cujos resultados dos exames
complementares solicitados estejam fora dos padrões de normalidade;
O enfermeiro obedeça a periodicidade estipulada para cada um dos exames neste documento,
não solicitando os mesmos em frequência superior ao estabelecido;
*LDL não deve ser solicitado como exame laboratorial, uma vez que os valores podem ser calculados
a partir da equação de Friedewald, da seguinte maneira:
16
Contudo, nos casos em que o nível de Triglicerídeos estiver acima de 400 mg/dl, a dosagem real
(sérica) de LDL deverá ser solicitada uma vez que esta fórmula perde a precisão para estes valores.
**O valor de creatinina sérica (creatinina plasmática) deve ser utilizado para calcular o Clearance de
creatinina, através da equação de Cockcroft & Gault, da seguinte maneira:
Para homens:
Para mulheres:
17
2 DIABETES MELLITUS (DM) TIPO II
Solicitar glicemia de jejum quando o IMC for ≥ 25 e a pessoa tiver pelo menos mais um dos seguintes
fatores:
Realizar glicemia capilar nos pacientes com os pacientes com sintomatologia característica (poliúria,
polidipsia, polifagia, perda de peso, alterações visuais de aumento súbito, dificuldade de cicatrização,
neuropatia diabética) e que não se enquadrem nos critérios descritos no rastreamento. A partir do
resultado, seguir a conduta descrita abaixo (seguimento).
2.1.3 Seguimento
- Se < 110 mg/dL, avaliar Risco Cardiovascular (RCV) e repetir glicemia de jejum após 3 anos;
- Se entre 110 e 125 mg/dL, solicitar teste de tolerância oral à glicose (TTG de 2 amostras) e avaliar o
resultado de 2 horas:
- Resultado < 140 mg/dL, avaliar o RCV e repetir glicemia de jejum em 1 ano;
- Resultado ≥ a 140 mg/dL, encaminhar para investigação com médico ou seguir fluxo de
investigação específica presente no “guia de prática clínica (PACK)” de diabetes.
Se glicemia capilar > 200 mg/dL, investigar sinais de risco para atendimento urgente (náusea
e/vômitos, dor abdominal, respiração rápida e profunda, temperatura ≥ 38ºC, sonolência, confusão,
perda de consciência, dor no peito, desidratação, hipotensão ou FC acima de 100 bpm) e encaminhar
para atendimento médico (grau de urgência do atendimento a depender dos sinais identificados).
2
Para maiores detalhes sobre o exame em pessoas assintomáticas (rastreamento), ler o capítulo 4 deste
mesmo documento - Rastreamento de Problemas Associados a Doenças Cardiovasculares.
18
2.2 MEDICAMENTOS PASSÍVEIS DE RENOVAÇÃO DA PRESCRIÇÃO PELO ENFERMEIRO
Esta seção traz uma lista de medicamentos hipoglicemiantes passíveis de terem receita renovada
pelo enfermeiro que atua em Centros de Saúde do município (unidades de atenção primária),
contanto que as condições expressas neste documento (gerais e específicas para cada
grupo/medicamento) sejam cumpridas.
O enfermeiro poderá renovar as receitas de medicamentos por um período de até 6 (seis) meses,
quer seja através de uma única receita com duração deste tempo, ou através de múltiplas receitas
com durações menores (contanto que a soma não ultrapasse os seis meses). Esta estratégia pode ser
particularmente útil caso o enfermeiro queira que o paciente volte para reavaliação (por ele ou
qualquer outro profissional) antes de seis meses.
O enfermeiro não deve remover da receita uma medicação prescrita por profissional médico ou
alterar a dose/posologia das medicações prescritas. Havendo questionamentos quando à
necessidade de uso, reações adversas ou qualquer outro problema relacionado ao medicamento, o
enfermeiro deverá discutir o caso com o médico da equipe (na ausência desse, outro médico da
unidade/município deverá ser acionado).
A última receita tenha sido emitida por médico da atenção primária do município devidamente
credenciado no respectivo conselho profissional (ou registros especiais, no caso de programas
nacionais);
A última receita apresentada pelo usuário (ou existente no prontuário) não esteja vencida há
mais de 30 dias.
O paciente não apresente sintomas ou demandas que exija avaliação médica imediata;
O paciente não tenha histórico (registro no prontuário ou laudo médico) das seguintes
condições: insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana, acidente vascular cerebral prévio,
doença arterial periférica, neuropatias, insuficiência renal crônica;
O paciente não tenha recebido atendimento de urgência por quadro relacionado a HAS/DM,
desde a última avaliação médica na APS;
19
O enfermeiro, no momento da consulta, solicite os exames complementares (de rastreio ou
acompanhamento) indicados para a situação clínica da pessoa atendida (consultar a seção de
exames de acompanhamento para diabetes e rastreamento, neste mesmo documento);
O paciente deve ter função renal preservada, comprovada através de registro no prontuário de
resultado de exame laboratorial com Clearance de creatinina maior ou igual a 90 ml/min
(calculada a partir da equação de Cockcroft & Gault, detalhada na seção de exames deste
capítulo);
O paciente esteja com valores de pressão arterial* iguais ou menores aos estipulados abaixo
(independentemente da idade):
A última dosagem de HbA1C seja menor que 7,5% e tenha sido realizada em um intervalo igual
ou inferior a sete meses (seis meses recomendados mais 30 dias de tolerância) à data consulta.
* Para os efeitos deste documento, será considerada a média de três aferições de pressão arterial
realizadas em dias e horários diferentes nos 30 dias que antecedem a consulta, podendo ser
considerada a do dia da consulta como uma destas (registros realizados pelo próprio paciente a
partir de aferições em outros locais, que não as unidades de saúde do município, podem ser
considerados). Caso, no momento da consulta, a PA esteja com diferença igual ou superior a 20
mmHg às demais medidas (sistólica ou diastólica, separadamente), realizar nova medida 15 minutos
após a primeira. Permanecendo essa diferença ou caso o paciente não possua medidas em número
suficiente, renovar a receita por 15 dias e orientar o retorno com as medidas de PA. Caso, no
retorno, essa diferença persistir, encaminhar para avaliação terapêutica pelo médico.
20
MEDICAMENTO DOSE MÁXIMA
GLIBENCLAMIDA 20 mg/dia
O enfermeiro encaminhe para atendimento médico usuários cujos resultados dos exames
complementares solicitados estejam fora dos padrões de normalidade;
O enfermeiro obedeça a periodicidade estipulada para cada um dos exames neste documento,
não solicitando os mesmos em frequência superior ao estabelecido;
21
iniciar estatinas - Tolerável de 150 a 199 mg/dL
(limítrofe alto)
CREATININA SÉRICA** ANUALou após 2 Clearance de creatinina ≥90 ml/min
semanas do
início/aumento da dose
de captopril/losartan
POTÁSSIO (para pacientes que ANUALou após 2 ≥3,5 mmoL/L e <5,0 mmoL/L (mEq/L)
fazem uso de diuréticos – semanas do
hidroclorotiazida, furosemida, início/aumento da dose
espironolactona – e/ou de captopril/losartan
inibidor do sistema RAA –
captopril, enalapril, losartan)
EXAME SUMÁRIO DE URINA ANUAL Sem glicose e sem proteinúria (se
(EAS, EQU) proteinúria, solicitar microalbuminúria
antes de encaminhar para
atendimento médico).
MICROALBUMINÚRIA SE PROTEINÚRIA NO Encaminhar para avaliação médica.
EXAME DE URINA
Obs.: Glicemia de jejum não deve ser solicitado como exame para acompanhamento de DM. Este
exame serve, apenas, para rastreamento e diagnóstico de tal doença. Para acompanhamento, os
parâmetros observados são os da HbA1C (hemoglobina glicada).
__________________________________________________
*LDL não deve ser solicitado como exame laboratorial, uma vez que os valores podem ser calculados
a partir da equação de Friedewald, da seguinte maneira:
Contudo, nos casos em que o nível de Triglicerídeos estiver acima de 400 mg/dl, a dosagem real
(sérica) de LDL deverá ser solicitada uma vez que esta fórmula perde a precisão para estes valores.
__________________________________________________
**O valor de creatinina sérica (creatinina plasmática) deve ser utilizado para calcular o Clearance de
creatinina, através da equação de Cockcroft & Gault, da seguinte maneira:
Para homens:
Para mulheres:
__________________________________________________
22
3 TABAGISMO
3.1 DIAGNÓSTICO
O rastreamento para tabagismo deve ser realizado em todos os adultos é realizado através de
simples questionamento se a pessoa usa tabaco. Caso a resposta seja positiva, o indivíduo é
considerado tabagista e deverá ser avaliada a existência de dependência à nicotina, bem como a
gravidade desta.
1. Quanto tempo após acordar você 4. Quantos cigarros você fuma por dia?
fuma seu primeiro cigarro? 1) 10 ou menos
1) Dentro de 5 minutos 2) 11 a 20
2) Entre 6 e 30 minutos 3) 21 a 30
3) Entre 31 e 60 minutos 4) 31 ou mais
4) Após 60 minutos
2. Você acha difícil não fumar em locais 5. Você fuma mais frequentemente nas
onde o fumo é proibido (lugares primeiras horas após acordar do que
fechados, em geral)? no resto do dia?
1) Sim 1) Sim
2) Não 2) Não
3. Qual o cigarro do dia que lhe traz 6. Você fuma mesmo estando doente a
mais satisfação (ou que mais ponto de ficar na cama a maior parte
detestaria deixar de fumar)? do tempo?
1) O primeiro da manhã 1) Sim
2) Outros 2) Não
23
3.2 TRATAMENTO
3
Para maiores detalhes, referenciar ao “Protocolo Municipal de Atenção à Saúde Mental”, pág. 198: Abuso e
Dependência de Nicotina.
17
Maneiras de lidar com a fissura
1. Distração: prepare uma lista do que pode ser feito nessa hora (atividade física, arrumação do
quarto, leitura, etc.).
2. Conversar com alguém sobre a fissura. Eleja pessoas de fácil acesso e confiança para falar
(presencialmente ou telefone).
3. “Entrar” na fissura: vivenciar as fases da fissura (pico, súbito e descendente).
4. Lembrar as consequências negativas do consumo que levaram o paciente a buscar a abstinência
(ter uma lista por escrito é uma boa ideia).
5. Conversar consigo: fazer uma contraposição aos pensamentos que o estimulam ao consumo
nessa hora.
6. Mastigar uma fruta ou goma de mascar (chiclete): a distração oral ajuda a minimizar o hábitode
fumar. Mas evite alimentos muito calóricos ou com elevado índice glicêmico, mesmo que frutas,
pois o paciente pode acabar os consumindo várias vezes ao dia. No caso de goma de mascar, dê
preferência às sem açúcar.
Fonte: Protocolo Municipal de Saúde Mental
Além do manejo psicossocial, o enfermeiro poderá realizar o manejo farmacológico para aliviar os
sintomas da síndrome de abstinência através da reposição de nicotina, que pode ser encontrada em
três formas, todas contendo nicotina: adesivo, goma de mascar e pastilha. É importante lembrar que
o paciente deve parar de fumar ao iniciar a terapia de reposição de nicotina (TRN). Para a
prescrição da TRN pelo enfermeiro, as seguintes condições devem ser satisfeitas:
Os adesivos de nicotina são os mais indicados pois fornecem uma liberação lenta da substância no
organismo, simulando o nível de nicotina no organismo proporcionado pelo uso regular do tabaco ao
longo do dia. Além disso, é o método que possui menos efeitos colaterais4. Devem ser colados em
local que não tenha exposição ao sol. Podem ser deixados por 24 horas até a troca5, mas também
podem ser utilizados colando o adesivo ao acordar e retirando-o ao ir dormir. A dosagem deve ser
progressivamente diminuída, a cada 4 semanas. No caso de gestantes, avaliar necessidade e utilizar a
terapia de reposição com goma de marcar (vide abaixo) ao invés do adesivo.
4
É comum a irritação cutânea no local de aplicação do adesivo. Por isso, orientar rodízio do local de aplicação.
5
O uso dos adesivos dessa maneira, apesar de propiciar uma maior liberação de nicotina, costuma gerar
insônia. Assim, o profissional deve estar atento para esse tipo de relato nas consultas de retorno.
18
Tratamento:
Pessoas que fumam 20 ou mais cigarros por dia, ou que pontuaram entre 8 e 10 pontos no
teste de Fagerström devem fazer o tratamento por 12 semanas da seguinte maneira:
o Semanas 1 a 4 = adesivo de 21 mg
o Semanas 5 a 8 = adesivo de 14 mg
o Semanas 9 a 12 = adesivo de 7 mg
Pessoas que fumam 10 ou mais cigarros por dia, ou que pontuaram entre 5 e 7 pontos no
teste de Fagerström devem fazer o tratamento por 8 semanas da seguinte maneira:
o Semanas 1 a 4 = adesivo de 14 mg
o Semanas 5 a 8 = adesivo de 7 mg
Pessoas que fumam menos que 10 cigarros por dia, ou que pontuaram menos de 5 pontos
no teste de Fagerström podem fazer o uso do adesivo de nicotina, bem como apenas da
goma de mascar e/ou pastilha (decisão compartilhada entre profissional e usuário). No caso
de uso dos adesivos, iniciar com dose de 7 mg e fazer tratamento por até 6 semanas.
Tanto a goma de mascar quanto as pastilhas, ambas contendo 2 mg de nicotina, podem ser utilizadas
para auxílio à cessação do tabagismo. Estas são normalmente utilizadas de maneira concomitante ao
adesivo para auxílio no controle da fissura, já que promovem um pico de liberação de nicotina,
diferentemente dos adesivos que o fazem de maneira gradual. Neste caso, o consumo normalmente
não ultrapassa os 10 mg/dia (5 unidades).
Naqueles pacientes que, por qualquer motivo, não se adaptarem ao uso dos adesivos, poderá ser
cogitada a possibilidade de terapia de reposição de nicotina exclusivamente com as gomas de
marcar. Nesse caso, o esquema deve ser o seguinte:
Pacientes que fumam até 20 cigarros por dia e fumam seu 1º cigarro nos primeiros 30 minutos
após acordar, utilizar goma de mascar com o seguinte esquema:
o Semana 1 a 4: 1 tablete de 2 mg a cada 1 a 2 horas
o Semana 5 a 8: 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 horas
o Semana 9 a 12: 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 horas
Pacientes que fumam mais de 20 cigarros por dia, utilizar o seguinte esquema:
o Semana 1 a 4: 2 tabletes de 2 mg a cada 1 a 2 horas
o Semana 5 a 8: 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 horas
o Semana 9 a 12: 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 horas
19
A goma deve ser mastigada com força algumas vezes, até sentir formigamento, ou o sabor da
nicotina. Nesse momento, deve-se parar de mastigar e repousar a goma entre a bochecha e a
gengiva, até o formigamento passar. Após, voltar a mastigar com força e repetir a operação por 30
minutos, quando se deve jogar fora a goma de mascar. Durante o uso da goma não se pode beber
nenhum líquido, mesmo que seja água. A dose máxima recomendada é de 15 gomas por dia.
É importante destacar que a abordagem ao tabagista pode ser realizada tanto em grupo quanto
individualmente (em consultório ou no domicílio), a depender de fatores como a aceitação do
usuário à dinâmica do grupo, compatibilidade de horários (período do grupo e agenda do usuário),
facilidade ou dificuldade de se comunicas perante público, dentre outros. O grupo de tabagismo não
deve ser a única forma de tratamento sob o risco de limitar o acesso do tabagista às possibilidades
de intervenção para cessação/diminuição do uso do tabaco.
20
4 ABORDAGEM AO CONSUMO DE ÁLCOOL
4.1 DIAGNÓSTICO
A abordagem ao consumo de álcool deve ser realizada em todos os adultos durante o acolhimento,
nas consultas de rotina, nas visitas domiciliares e em outros momentos possíveis. É realizada através
do questionamento se a pessoa faz uso de álcool. Caso a resposta seja positiva, deverá ser avaliado o
padrão de uso e a gravidade deste por meio dos instrumentos de rastreamento AUDIT e/ou CAGE.
4.1.1 AUDIT
As pessoas que pontuam entre 0 a 7no AUDIT podem se beneficiar com informações sobre o
consumo de álcool, os limites de beber de baixo risco e a orientação à saúde em geral.Com
pontuação entre8 e 15,se beneficiariam de orientações básicas que incluem a educação para o uso
de álcool e a proposta de estabelecimento de metas para a redução ou abstinência. Entre 16 a 19
pontos, as pessoas se beneficiariam da educação para o uso de álcool, aconselhamento breve de
acordo com a motivação para mudança do padrão de beber, e monitoramento regular deste
processo. Já as pessoas que pontuam mais de 20 pontos são prováveis portadores de Síndrome de
Dependência do Álcool, com indicação de ingresso em tratamento, que pode ser realizado no próprio
Centro de Saúde de referência, se necessário com apoio de profissionais de saúde mental, ou nos
Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPSad), entendendo que o mais
importante é a inclusão dessas pessoas em ações que possam reduzir os danos à saúde 6.
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4.1.2 CAGE
Questionário CAGE:
C – (Cutdown)- Alguma vez o (a) sr. (a) sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar
de beber?
0- ( ) não 1- ( ) sim
G – (Guilty)- O (a) Sr. (a) se sente culpado (a) pela maneira com que costuma beber?
0- ( ) não 1- ( ) sim
E- (Eyeopened)- O (a) Sr (a) costuma beber pela manhã (ao acordar) para diminuir o nervosismo ou
ressaca?
0- ( ) não 1- ( ) sim
Para interpretação do questionário, siga os seguintes passos: 1- atribua um ponto para cada resposta
(sim) a uma das perguntas; 2- some os pontos das respostas; 3- interprete: se dois pontos ou mais,
ou seja, duas ou mais respostas afirmativas, a pessoa tem grande possibilidade de ter dependência
de álcool7. Após aplicação do CAGE recomenda-se o uso de intervenções breve no sentido de facilitar
a tomada de decisão com relação ao hábito de beber.
4.2 TRATAMENTO
A ampliação da visão em relação ao uso problemático de álcool permite novos estudos, com
ênfase na prevenção, cuidados primários, planejamento de saúde, detecção precoce e intervenções
precoces 11.
22
As intervenções breves são técnicas recomendadas para abordagem dos usuários de drogas,
pois apresentam um enfoque educativo e motivacional para a redução ou cessação do uso de álcool
ou outras drogas, sendo de fácil aplicação, baixo custo e curta duração, complementando as
atividades assistenciais habituais.
23
5 RASTREAMENTO DE PROBLEMAS ASSOCIADOS A DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
A detecção precoce de doenças, ou seja, aquela que acontece quando o problema ainda está
nas fases iniciais de desenvolvimento, é uma importante estratégia de saúde coletiva que facilita o
tratamento e minimiza as consequências à saúde do indivíduo.
Contudo, é importante destacar que o rastreamento não é uma conduta isenta de riscos, já
que realiza intervenções (investigação, exames) em pessoas assintomáticas, ou seja, aparentemente
saudáveis. Resultados falso-positivos para doenças que a pessoa não possui podem resultar em
intervenções desnecessárias, que vão desde orientações para mudanças de hábitos de vida a
procedimentos cirúrgicos complexos. É importante entender que mesmo uma orientação, se
realizada de maneira inadequada, pode gerar graves consequências ao indivíduo e à comunidade.
Assim, o rastreamento deve ser realizado sempre que os benefícios da intervenção proposta
superarem os possíveis riscos. Todas as condutas propostas nesse capítulo seguem essa regra,
contanto que o público-alvo e a periodicidade especificados sejam respeitados.
Todos os exames descritos neste capítulo poderão ser solicitados pelos enfermeiros que
atuem em Centros de Saúde (unidades de atenção primária do município), contanto que as
condições descritas (idade, frequência de realização do exame, etc.) sejam cumpridas. A solicitação
de exames fora dessas condições, além de ser uma prática ilegal para o enfermeiro, vai contra as
evidências científicas (podendo prejudicar ao invés de auxiliar o usuário) e gera um custo
desnecessário ao sistema de saúde.
Em quem fazer?
Todos os adultos, com maior importância para hipertensos, pessoas com histórico pessoal ou familiar
de doenças cardiovasculares, HIV (e outras desordens autoimunes sérias) e problemas mentais
graves.
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Como fazer?
Determinação de Risco Cardiovascular (RCV) pelo escore de Framingham (anexo I), a cada mudança
nos parâmetros desde o último cálculo.
Os cálculos de RCV, mesmo o de Framingham, tendem a gerar um sobrediagnóstico de risco. Por isso
é importante que o resultado encontrado neste cálculo não seja considerado a verdade definitiva.
Além disso, a conduta tomada a partir do resultado deve levar em consideração o estilo de vida do
usuário, preocupação com a sua saúde, fatores estressores e vontade de viver.
Lembre-se que o alerta sobre o risco de a pessoa ter um problema cardiovascular grave nos próximos
10 anos pode gerar mudanças que acarretem uma piora na qualidade de vida em troca da diminuição
de um risco que não temos certeza. Converse sempre com o usuário sobre o que o resultado significa
e tome uma decisão compartilhada.
5.2 DISLIPIDEMIA
Em quem fazer?
Homens >= 20 anos com alto risco cardiovascular (RCV)*, a cada 5 anos
Mulheres com baixo RCV não precisam realizar rastreamento para dislipidemia.
Todas as pessoas com doença arterial coronariana, aneurisma de aorta, estenose de coronária
sintomática, acidente isquêmico transitório (AIT) e acidente vascular encefálico (AVE), doença
arterial periférica -> a cada 5 anos.
Caso o paciente possua outra condição/problema de saúde (e.g. DM e HAS), seguir a recomendação
cuja frequência for maior.
Como fazer?
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- Triglicerídeos, colesterol total, HDL e LDL*
*LDL não deve ser solicitado como exame laboratorial, uma vez que os valores podem ser calculados
a partir da equação de Friedewald, da seguinte maneira:
Contudo, nos casos em que o nível de Triglicerídeos estiver acima de 400 mg/dl, a dosagem real
(sérica) de LDL deverá ser solicitada uma vez que esta fórmula perde a precisão para estes valores.
Em quem fazer?
Como fazer?
Através de instrumentos específicos como o CAGE e o AUDIT, ambos descritos no Capítulo 4 deste
Protocolo.
5.4 OBESIDADE
Em quem fazer?
Rastrear obesidade em todas as pessoas com mais de 6 anos de idade, em todas as consultas.
Como fazer?
Utiliza-se o cálculo do IMC: peso (em quilogramas), sobre altura (em metros) ao quadrado.
26
Para crianças e adolescentes, utilizar os gráficos abaixo (Fonte: OMS).
Legenda:
REFERÊNCIAS RESULTADO
27
Gráfico para acompanhamento do IMC em meninos (5 a 19 anos)
28
REFERÊNCIAS PRINCIPAIS
______, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Primária n.29: rastreamento. Brasília: Ministério
da Saúde, 2010.
______, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica n.36. Estratégias para o Cuidado da Pessoa
com Doença Crônica: diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a.
______, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica n.37. Estratégias para o Cuidado da Pessoa
com Doença Crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013b.
______. Resolução COFEN 311/2007. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. Disponível em <http://se.corens.portalcofen.gov.br/codigo-de-etica-resolucao-cofen-
3112007> acesso em 15 jul 2015.
29
______. Resolução COFEN 328/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e
a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o
cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em
<http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html> acesso em 15 jul 2015.
FLORIANÓPOLIS. Protocolo de Atenção em Saúde Mental. 1ª ed, Tubarão: Copiart, 2010. Disponível
em <http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/saude> acesso em 15 jan 2015.
______, Secretaria Municipal de Saúde. Portaria nº 84/2014. Dispõe sobre o Programa Remédio em
Casa. Diário Oficial do Município de 28 de outubro de 2014, versão digital.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Grow reference 5-19 years: BMI-for-age (5-19 years) charts.
Disponível em <http://www.who.int/growthref/who2007_bmi_for_age/en> acesso em 10 mar 2015.
30
ANEXO I - TABELAS PARA O CÁLCULO DO RISCO CARDIOVASCULAR - ESCORE DE FRAMINGHAM
A determinação do RCV pelo escore de Framingham faz uma projeção da chance de o paciente ter
um desfecho desfavorável (morte por infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral) nos
próximos 10 anos.
2 - Caso a pessoa apresente apenas um fator de baixo risco/intermediário, ela será considerada de
baixo RCV. Caso a pessoa possua pelo menos um fator de alto risco, ela será considerada de alto RCV.
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Nesse caso, utilize o quadro 1 para verificar a chance de desfecho desfavorável nos próximos 10
anos;
3 - Caso a pessoa possua mais do que um fator de baixo risco/intermediário e nenhum de alto risco,
o RCV deverá ser calculado. Para tal, some os pontos dos fatores de risco no quadro 3 e encontre
esta soma no quadro 4, definindo o RCV para os próximos 10 anos;
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Quadro 4 - Tabela para determinação de RCV em 10 anos
4 - O RCV da pessoa será o número apresentado na coluna da direita (homem ou mulher) do quadro
4, sendo expresso em percentual (%) de chance de ter um desfecho desfavorável (IAM ou AVC) nos
próximos 10 anos.
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ANEXO II – ALCOHOL USE DISORDERS IDENTIFICATION TEST (AUDIT)
Centro de Saúde:
Nome:
Sexo: ( )Feminino ( ) Masculino
Idade: Data:
2. Quantas doses alcóolicas você costuma beber? 7. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você se sentiu
(01 dose: 01 copinho de pinga ou destilado ou licor, uma culpado ou com remorso depois de ter bebido?
lata de cerveja ou uma taça de vinho) (0) Nunca
(0) 0 ou 1 (1) Menos que uma vez ao mês
(1) 2 ou 3 (2) Mensalmente
(2) 4 ou 5 (3) Semanalmente
(3) 6 ou 7 (4) Todos ou quase todos os dias
(4) 8 ou mais
3. Com que frequência você consome 06 ou mais doses 8. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você foi
em uma mesma ocasião? incapaz de lembrar o que aconteceu devido à bebida?
(0) Nunca (0) Nunca
(1) Menos do que uma vez ao mês (1) Menos que uma vez ao mês
(2) Mensalmente (2) Mensalmente
(3) Semanalmente (3) Semanalmente
(4) Todos ou quase todos os dias (4) Todos ou quase todos os dias
4. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você 9. Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a
achou que não conseguiria parar de beber uma vez outra pessoa após ter bebido?
tendo começado? (0) Não
(0) Nunca (2) Sim, mas não nos últimos 12 meses
(1) Menos que uma vez ao mês (4) Sim, nos últimos 12 meses
(2) Mensalmente
(3) Semanalmente
(4) Todos ou quase todos os dias
5. Quantas vezes ao longo dos últimos 12 meses você, 10. Algum parente, amigo, médio ou outro profissional de
por causa do álcool, não conseguiu fazer o que era saúde já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu
esperado de você? que você parasse?
(0) Nunca (0) Não
(1) Menos que uma vez ao mês (2) Sim, mas não nos últimos 12 meses
(2) Mensalmente (4) Sim, nos últimos 12 meses
(3) Semanalmente
(4) Todos ou quase todos os dias
Total:
Adaptado de PAI-PAD-HCRP-FMRP-USP. AUDIT: The Alcohol Use Disorders Identification Test Guidelines for Use in
Primary Care, 2° ed. Babor et al, WHO, 2001.
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