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INFRAESTRUTURA URBANA

SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E APLICAÇÕES


SOB A PERSPECTIVA DO ARQUITETO E
URBANISTA
Ariadne S. de Farias1
Joceane P. Marcon2
Débora P. Schmitt3
Karen M. Siebeneichler 4
DOI: 10.5752/P.2316-1752.2017v25n36p164

Resumo

Este artigo tem como objetivo destacar a contribuição da


164 infraestrutura verde para o desenvolvimento sustentável
das cidades. A partir de conceitos, tipologias e aplicações,
demonstra a emergência da aplicação dos preceitos da
sustentabilidade para transformar a paisagem, em busca
da construção da resiliência urbana. Portanto, o arquiteto
e urbanista possui um papel fundamental no planejamento
e implantação da infraestrutura verde, além da função de

1. Geógrafa, Licenciada e Mestra em Geografia. Doutoranda em Meio Ambiente e De-


senvolvimento pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Foi bolsista CAPES. E-mail:
ariadnegeo21@gmail.com
2. Arquiteta e Urbanista pela Unipar/Francisco Beltrão-PR. Pós-Graduada em Arte-Educa-
ção pela ISULPAR. E-mail: joceanepmarcon@gmail.com
3. Arquiteta e Urbanista pela Unipar/Francisco Beltrão-PR. E-mail: deboraschmitt007@
hotmail.com
4. Arquiteta e Urbanista pela Unipar/Francisco Beltrão-PR. E-mail: karenmaisasieb@
gmail.com
despertar o interesse da sociedade para a transformação
do ambiente urbano em prol de uma melhor qualidade de
vida nas cidades.

Palavras-chave: Infraestrutura urbana. Sustentabilidade.


Urbanismo.
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

165
SUSTAINABLE URBAN INFRASTRUCTURE: INFRAESTRUCTURA URBANA SOSTENIBLE:
CONCEPTS AND APPLICATIONS FROM THE CONCEPTOS Y APLICACIONES DESDE LA
PERSPECTIVE OF THE ARCHITECT AND URBAN PERSPECTIVA DEL ARQUITECTO Y URBANISTA
PLANNER

Abstract Resumen

This article aims to highlight the green infrastruc- Este artículo pretende destacar la aportación de
ture contribution to a sustainable development of infraestructura verde para un desarrollo sosteni-
the cities. Considering concept, typologies and ble de las ciudades. Teniendo en cuenta concepto,
applications, demonstrates the emergence of the tipologías y aplicaciones, se muestra la aparición
sustainable precepts application to transform the de la aplicación de preceptos sostenible para trans-
landscape, in search of urban resilience building. formar el paisaje, en busca de la construcción de
Therefore, the architect and urbanist have a key resiliencia urbana. Por lo tanto, el arquitecto y ur-
role in the planning and implementation of green banista tienen un papel clave en la planificación y
infrastructure, in addition to awakening the society ejecución de la infraestructura verde, además de
interest to the transformation of the urban environ- despertar el interés de la sociedad en la transfor-
ment for a better quality of life in cities. mación del entorno urbano para una mejor calidad
de vida en las ciudades.

Keywords: Urban infrastructure. Sustainability. Ur- Palabras-claves: Infraestructura urbana. Sustenta-


banism. bilidad. Urbanismo.
Introdução

Neste início do século XXI, observa-se que grande parte


das sociedades urbanas está enfrentando um aumento
acentuado dos problemas socioambientais, tanto nas gran-
des metrópoles mundiais como nos pequenos e médios
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

centros urbanos regionais. A crise urbana contemporânea


é, segundo Rattner (2009), consequência de um modelo ar-
caico e irracional de ocupação do espaço urbano e protago-
niza uma ampla agenda de debates acerca das mudanças
ambientais globais.

No Brasil, as transformações em torno da relação socie-


dade-natureza foram impulsionadas pelo rápido processo 167
de urbanização, concentração dos equipamentos e servi-
ços em áreas de relevante interesse econômico, instalação
de polos industriais em áreas de fragilidade ambiental e
pelo aumento considerável da população urbana. Acselrad
(2009) relata que, nos últimos 50 anos, o processo de
crescimento urbano mundial foi maior que o aumento da
população. Na última década, enquanto a população total
cresceu aproximadamente 20% (vinte por cento), a popu-
lação urbana cresceu mais que 40% (quarenta por cento).
Na maioria dos casos, esse processo de urbanização mani-
festa problemas nas cidades, exigindo sistemas adequados
de transporte público, infraestrutura básica para promover
educação, saúde, habitação, saneamento, segurança e em-
prego para os citadinos.

Acselrad (2009) define o crescimento urbano como um


fenômeno com efeitos antagônicos: de um lado, as eco-
nomias de escala e externalidades oferecem benefícios ili-
mitados e promissores; do outro, tendem a produzir custos
ambientais e sociais aparentemente positivos, mas que ao
longo do tempo incluem resultados que afetam diretamen-
te a qualidade de vida das pessoas.

Herzog (2010) apresenta o modelo de urbanização tradicio-


nal, constituído pela infraestrutura “cinza”, formada, basica-
mente, pelas ruas asfaltadas e os automóveis, incentivando
168 o mercado do automóvel e a economia em grande escala.
Hisayasu e Pellegrino (2009) alertam que os sistemas de
infraestruturas convencionais não aproveitam os elemen-
tos naturais da paisagem, causando danos ao ecossistema
urbano, como, por exemplo, diminuição das áreas verdes
urbanas, contaminação dos solos, poluição do ar, compro-
metimento da qualidade das águas superficiais e subterrâ-
neas, entre outros problemas.

A preocupação em torno da problemática socioambiental


das cidades tem sido destaque na mídia mundial, cabendo
ao aquecimento global e às mudanças climáticas a justifi-
cativa para a maioria das catástrofes e prejuízos econômi-
cos, sociais e ambientais ocorridos. Trata-se, também, de
um tema estudado frequentemente entre os pesquisado-
res mundiais. Para Herzog e Rosa (2010), as mudanças cli-
máticas estão mais visíveis, pois se tornam cada vez mais
frequentes e mais intensas as tempestades, as ressacas
marítimas, os ventos e as secas, constatando, assim,
áreas urbanas mais vulneráveis a essas ocorrências. Além
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das ocorrências de chuvas mais fortes, inundações e des-


lizamentos, ainda se tem o aumento da temperatura, for-
mando as ilhas de calor. A infraestrutura “cinza” substitui a
paisagem do sítio natural pela paisagem urbana construída,
acentuando os efeitos do microclima urbano, um dos mais
graves problemas causados pelas técnicas do urbanismo
tradicional.
169
Diariamente, é registrada, em diversas cidades brasileiras,
a ocorrência de desastres provocados por eventos climá-
ticos extremos, como tempestades, inundações e alaga-
mentos, deslizamentos, chuva de granizo, escassez de
água, etc. Assim, surge a emergência de adaptar as cida-
des, de modo a reduzir a vulnerabilidade da população e
a mitigar os impactos dos eventos críticos – aqueles com
potencial de prejuízos econômicos, sociais e ambientais.
Porém, na atual conjuntura, é perceptível a dificuldade de
gerenciamento dos sistemas de infraestruturas urbanos,
devido à falta ou ineficácia de um planejamento a priori.

A problemática socioambiental urbana, ou seja, os conflitos


sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais, asso-
ciados à relação sociedade-natureza no ambiente urbano,
contempla diferentes escalas de análise, perpassa diversas
áreas do conhecimento e constitui um tema de preocupa-
ção emergente aos planejadores urbanos. Segundo Lemos
(2010), o contexto em que os problemas estão inseridos,
embora seja global, deve ser considerado no planejamento
local das cidades, onde acontece o uso e a ocupação do
solo conforme as peculiaridades histórico-culturais, a con-
juntura socioespacial e a configuração política e socioeco-
nômica urbana.

A expansão desordenada da malha urbana ameaça a qua-


170 lidade de vida nas cidades e no campo, considerando que,
na maioria das vezes, a gestão adequada e a conservação
dos ecossistemas são negligenciadas em função do valor
de uso da terra. A utilização inadequada dos recursos na-
turais, a ausência de regulamentação do uso do solo e de
uma fiscalização efetiva, aliados à falta de planejamento
dos sistemas de infraestrutura urbana, podem ocasionar
conflitos significativos e gerar graves prejuízos sociais, eco-
nômicos e ambientais.

Diante dos conflitos socioambientais gerados pelo cresci-


mento urbano, a infraestrutura verde, proposta por Herzog
(2010), possibilita a mitigação dos impactos negativos da
urbanização, ao proporcionar alternativas de baixo consu-
mo e eficiência energética, menor emissão dos gases de
efeito estufa, estratégias de conservação e proteção da
biodiversidade, e de prevenção e/ou diminuição da polui-
ção das águas, do ar e do solo, entre outros. Constitui-se
em uma rede multifuncional de espaços abertos, em que
se adapta os processos naturais nas áreas urbanas, que
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desempenham funções ecológicas, sociais, econômicas e


culturais.

Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo des-


tacar a contribuição dos equipamentos e serviços preconi-
zados pela infraestrutura verde, bem como a importância
das práticas emergentes de planejamento e gestão que
buscam conduzir à tão almejada sustentabilidade urbana. 171
A partir de uma revisão bibliográfica acerca do tema pro-
posto, o trabalho encontra-se dividido em três partes: na
primeira, são apresentados os conceitos de sustentabilida-
de e de resiliência urbana, buscando compreender alguns
aspectos inerentes à relação sociedade-natureza nas cida-
des. Na sequência, o papel do planejamento urbano e a
concepção de paisagens de alto desempenho são apresen-
tados enquanto estratégia para a elaboração dos projetos
de intervenção urbana. A terceira parte do artigo apresenta
o conceito de “infraestrutura sustentável” ou “infraestrutu-
ra verde” (Herzog, 2013; 2010), além de apresentar alguns
exemplos da eficiência aplicados aos sistemas urbanos de
infraestrutura. Por fim, o papel do arquiteto e urbanista no
planejamento e gestão dos sistemas de infraestrutura urba-
na ganha destaque nas considerações finais.

Sustentabilidade e resiliência urbana

O tema sustentabilidade vem sendo evidenciado frequen-


temente em todas as áreas, na administração, na econo-
mia, na engenharia, na arquitetura e, inclusive, no direito.
Batista, Cavalcanti e Fyjihara (2005), em seu livro “Cami-
nhos da Sustentabilidade no Brasil”, explicam como surgiu
o termo e o significado de sustentabilidade. A norueguesa
Gro Brundtland (médica e política) definiu o termo desenvol-
vimento sustentável como uma “necessidade do presente
172 sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras”.
O termo foi oficialmente aceito em 1990 e oficializado pela
ECO-92 (II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro).

Para Cabrera (2009), o conceito, que já faz parte da vida


moderna, traz um significado sistêmico correlacionando
e integrando os aspectos econômicos, sociais, culturais
e ambientais da sociedade. Faz-se necessário entender o
progresso global em uma época de recursos naturais es-
cassos, relacionando o meio ambiente com todas as áreas
da atividade humana. Bonder (2003) afirma que a socieda-
de sustentável deve estar fundamentada na equidade e na
justiça social. Assim, valores precisam ser resgatados no
contexto da sociedade moderna, uma sociedade caracte-
rizada pela concentração de riquezas, centralização de po-
der, consequente segregação de classes e exclusão dos
menos favorecidos. O resgate desses valores requer um
esforço coletivo de mobilização, motivação e de participa-
ção de todos os cidadãos para a construção de uma socie-
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dade próspera economicamente durável.

Acselrad (1999) entende que a sustentabilidade, aplicada


ao espaço urbano, compreende desde a administração dos
riscos e incertezas à capacidade de se adaptar às estrutu-
ras urbanas. Tudo está interligado: a gestão dos fluxos de
energia; os materiais associados ao crescimento urbano; a
eficiência do sistema, o qual não deve provocar desperdí- 173
cios; a escala urbana, que limita o crescimento econômico
e o uso dos recursos escassos. Bonder (2003) afirma que
a sociedade sustentável deve estar fundamentada na equi-
dade e na justiça social. Da mesma forma, Acselrad (1999)
observa que a justiça social e a conservação ambiental são
premissas que devem ser tratadas de forma integrada.

Portanto, a noção de desenvolvimento sustentável implica


uma conjuntura entre a justiça social, qualidade de vida,
equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento,
que se sustente econômica e financeiramente. Deve-se
enfatizar as práticas pautadas por um desenvolvimento de
políticas sociais que se articulam com a necessidade de
recuperação, conservação, melhoria do meio ambiente e
da qualidade de vida. (JACOBI, 1999, p. 44).

Ao lançar um olhar crítico em relação ao crescimento da


população urbana, apesar de toda a evolução tecnológica
e social, percebe-se que os problemas socioambientais,
além de não serem solucionados, foram com o tempo se
agravando significativamente. Demantova (2012) aborda o
tema com propriedade ao afirmar que, com a velocidade
em que foram transformados o meio natural e o ambien-
te construído mesmo com algumas ações praticadas para
reduzir os impactos socioambientais, torna-se mais difícil
reverter a degradação ambiental.
174
No que tange à sustentabilidade urbana, um aspecto re-
levante constitui o meio da construção civil, atividade que
utiliza recursos naturais e que, na maioria dos casos, gera
resíduos de grande impacto ambiental. Acerca dessa pro-
blemática, Karpinsk et al. (2009, p.13) afirmam que:

(...) a cadeia produtiva da construção civil é responsável


por uma quantidade considerável de resíduos de cons-
trução e demolição (RCD) depositados em encostas de
rios, vias e logradouros públicos, criando locais de de-
posições irregulares nos municípios.

A preocupação nesse caso é que a paisagem e a qualida-


de ambiental das cidades acabem sendo comprometidas,
uma vez que os resíduos da construção civil não recebam
o tratamento e/ou a destinação adequada. É comum ob-
servar grande volume de resíduos dispostos em locais ina-
propriados, próximo aos canteiros das obras em regiões
periféricas e próximo às áreas de fragilidade ambiental
(corpos hídricos, planícies fluviais, estuários, etc.), além da
obstrução dos sistemas de drenagem urbana. Associados à
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aglomeração dos resíduos, podem surgir problemas como


doenças ocasionadas por organismos vetores e a degra-
dação de áreas urbanas, afetando a qualidade de vida da
sociedade como um todo (KARPINSK et al., 2009). Jacobi
(2003, p.200) traz à discussão o despertar ecológico como
fator primordial para manter a qualidade de vida nas cida-
des, ao afirmar que:
175
(...) é necessário fortalecer a importância de garantir
padrões ambientais adequados e estimular uma cres-
cente consciência ambiental, centrada no exercício da
cidadania e na reformulação de valores éticos e morais,
individuais e coletivos, numa perspectiva orientada
para o desenvolvimento sustentável.

Problemas como o esgotamento dos recursos naturais


(matéria-prima), poluição do ar, enchentes, alagamentos e
inundações, contaminação das águas e do solo, desmata-
mento e pressão sobre o uso e ocupação do solo em áreas
legalmente protegidas, desastres ambientais, comprometi-
mento da saúde da população, entre outros, estão associa-
dos aos custos socioambientais.
A implementação de planos visando o correto manejo de
resíduos, uso de energia limpa, diminuição da emissão de
gases, melhoria na mobilidade urbana (ciclovias, ciclofai-
xas), construções sustentáveis com sistemas econômicos
de utilização de água e luz, assim como a infraestrutura
verde, mostra-se eficiente para o crescimento sustentável
das cidades, ajudando na melhoria da qualidade de vida dos
citadinos.

Os problemas da sociedade moderna podem ser ameniza-


dos ou até mesmo resolvidos a partir de uma ação conjunta
entre os habitantes e os governantes. De um lado, os habi-
tantes que possuem direitos e deveres; e do outro, um go-
176 verno que promova planejamento e projetos sustentáveis,
resgatando os valores para a construção de uma sociedade
próspera economicamente durável, ou seja, uma cidade
sustentável.

Considerando a complexidade dessas e de inúmeras ou-


tras questões relacionadas à problemática urbana, vale
destacar que este artigo não tem a pretensão de trazer so-
luções técnicas, ou ainda metodológicas. O intuito aqui é o
de lançar uma reflexão e apresentar alguns pressupostos
da infraestrutura como um sistema técnico do desenho ur-
bano que pode (e deve) fazer parte do planejamento das
atividades antrópicas e da gestão sustentável da urbe. Para
tanto, entende-se que o sistema urbano de infraestrutura,
com vistas ao ordenamento sustentável das ações sobre o
espaço urbano, é um elemento essencial para a transfor-
mação das cidades.

Uma abordagem dos estudos socioambientais urbanos en-


fatiza que a transformação tão almejada das cidades seria
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possível por meio do fortalecimento das forças locais de


atuação a partir da construção da resiliência urbana. Órgãos
internacionais, como a Organização das Nações Unidas
– ONU –, por exemplo, promovem campanhas junto aos
gestores públicos de diversos países, especialmente dos
países com maiores taxas de vulnerabilidade social, eco-
nômica e ambiental frente a eventos extremos associados
aos desastres naturais e aos problemas socioambientais 177
cotidianos.

Mendonça (2015, p.49) esclarece que o termo resiliência


refere-se, de maneira geral, “à capacidade de resistência
de um dado objeto, organismo ou pessoa, a um determina-
do impacto”. De acordo com Silva (2014), existem diversos
significados para resiliência, dependendo da área na qual irá
se inserir o conceito. No contexto ambiental, a resiliência é
a aptidão de um determinado sistema que lhe permite re-
cuperar o equilíbrio depois de ter sofrido uma perturbação.
Portanto, o conceito remete para a capacidade de restau-
ração de um sistema. Assim, a noção de resiliência urbana
pode ser definida como a capacidade que uma cidade tem
de resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se da exposi-
ção às ameaças, produzindo efeitos de maneira oportuna e
eficiente, o que inclui a preservação e restauração de suas
estruturas sociais e ecológicas, ou seja, dos fatores e agen-
tes dinamizadores das funções básicas desempenhadas no
ambiente urbano.

De acordo com Furtado (2015, p. 28), as discussões acerca


da resiliência da população frente aos problemas socioam-
bientais urbanos e suas “(...) relações com a governança,
colocam o elemento humano como fator preponderante
para a resiliência das cidades, destacando a centralidade
das questões culturais e de relação com as instituições,
178 inclusive as governamentais”. Surge, então, a necessidade
de um (re)planejamento adequado para a construção da re-
siliência socioambiental urbana, por meio do diálogo entre
os gestores públicos, a população local e os profissionais
especializados em estudos urbanos, que possam fazer a in-
termediação entre a gestão dos recursos naturais disponí-
veis e a ordenação das atividades antrópicas desenvolvidas
nas cidades. Parece simples, porém depende de uma série
de fatores que envolvem sociedade, economia, gestão e
interesses.

É importante ressaltar, ainda, que as diferentes concep-


ções sobre o que seja a sustentabilidade urbana apontam
para a reprodução adaptativa das estruturas urbanas com
enfoque no reajustamento da base técnica das cidades,
nos princípios que fundamentam o exercício da cidadania
das populações urbanas e/ou na redefinição das bases de
legitimidade das políticas urbanas (ACSELRAD, 1999). As-
sim, as noções de sustentabilidade e de resiliência podem
ser empregadas nas diretrizes do planejamento urbano de
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modo a articular as estratégias argumentativas de adapta-


ção social à crescente preocupação em torno da conser-
vação ambiental e da emergencial mitigação dos conflitos
socioambientais urbanos.

Ao analisar as argumentações anteriores, entende-se que


o arquiteto pode ser considerado um profissional inter-
mediador, qualificado para atuar nos diferentes níveis de 179
construção da resiliência urbana: participando da gestão
dos sistemas de infraestrutura de modo a conciliar desen-
volvimento, proteção e conservação ambiental das cidades
por meio do planejamento do uso e ocupação do solo ur-
bano. Essa relação com a cidade torna-se mais profunda
quando se analisa a morfologia urbana presente, a passada
e a futura sob as lentes dos estudos da Arquitetura e do
Urbanismo.

As regulamentações são de competência da administra-


ção pública, porém cabe ao arquiteto e urbanista prever
e oferecer soluções de infraestrutura viária, energia, sa-
neamento básico, comunicação e mobilidade urbana de
forma integrada, prevendo a mitigação dos impactos ne-
gativos ao meio socioambiental. É de responsabilidade do
profissional projetista gerir essas atividades por meio da
avaliação e aprovação de projetos, fiscalização e pesquisa
por soluções ecologicamente sustentáveis. Sob essa pers-
pectiva, o arquiteto e urbanista é também responsável pela
consolidação de novos paradigmas técnicos e educativos,
preocupando-se com a formulação de novas referências
e assumindo uma importante função social por meio dos
projetos arquitetônicos e intervenções urbanas, enquan-
to um profissional capacitado para pensar e implementar
as premissas da sustentabilidade ao planejamento urbano
contemporâneo.
180
O planejamento urbano e o conceito de
paisagens de alto desempenho

Apesar de o processo da urbanização brasileira estar se


modificando nas últimas décadas, a concentração da po-
pulação em metrópoles é um problema que continua se
agravando (MARICATO e TANAKA, 2006). Isso implica não
só na questão ambiental, como também implica no com-
prometimento da saúde da população urbana. O avanço do
urbano sobre o rural nos países da América Latina reflete
um modelo de desenvolvimento que prevê o crescimen-
to das atividades antrópicas acumulativas de capital, sem
qualquer preocupação com a sustentabilidade da cadeia
produtiva do entorno das cidades e, mais, ignora a susten-
tabilidade dos recursos naturais disponíveis no ecossiste-
ma (seja urbano ou rural), vitais para a manutenção da vida
no campo e na urbe.

O êxodo rural, caracterizado pela migração populacional


Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

de áreas rurais para centros urbanos em busca por melho-


res condições econômicas e sociais, gerou um acelerado
crescimento das cidades, de maneira desordenada e irre-
gular. Reservas ecológicas e matas ciliares, que até então
eram áreas sem intervenção, tornaram-se espaços para
moradias, sem preocupação com a questão ambiental e
o comprometimento da saúde dessa população. O uso e
a ocupação do solo urbano sem o devido ordenamento e 181
fiscalização podem gerar problemas socioambientais que
já são bastante reconhecidos no cenário das cidades bra-
sileiras.

Os impactos negativos do processo de urbanização, ge-


rados pelas atividades antrópicas mais comuns, são co-
tidianamente observados e não se restringem somente
aos grandes centros urbanos. Médias e pequenas cidades
também são afetadas por problemas inerentes à concen-
tração de pessoas no espaço urbano. Os problemas mais
frequentes são: aumento da contaminação dos recursos
hídricos e do solo; emissões atmosféricas e poluição do
ar em níveis alarmantes; alterações do microclima urbano,
que provocam ilhas de calor e eventos hidrometeorológi-
cos extremos; índice crescente da população vivendo em
áreas de risco de inundações, deslizamentos, etc.; especu-
lação imobiliária e supervalorização do solo urbano; falhas
no acesso à moradia popular e acentuado processo de fave-
lização; instalações sanitárias precárias e/ou ausência total
de saneamento básico em áreas periféricas; déficit de mo-
bilidade urbana provocado pelo aumento significativo do
número de automóveis circulando por vias públicas cada
vez mais congestionadas; entre outros.

As coberturas superficiais impermeáveis constituem um


fator predominante no processo de urbanização e, con-
182 sequentemente, um aumento significativo do tráfego de
veículos, dos grandes deslocamentos, verticalização e
adensamento das edificações, além de gastos com toda
infraestrutura necessária (MASCARÓ; MASCARÓ, 2009).
Nesse caso, os autores se referem à infraestrutura tradicio-
nal, aos sistemas de estradas, saneamento básico e todas
as atividades necessárias para o desenvolvimento da po-
pulação e a sua segurança. Conhecido como infraestrutu-
ra cinza, onde a paisagem natural é na maioria das vezes
modificada por construções, deve ser bem planejada para
reduzir os impactos negativos da urbanização.

Em meio a tantos problemas, o planejamento urbano tem


sido apontado como uma ferramenta capaz de propiciar às
cidades construções mais equilibradas (MARICATO e TA-
NAKA, 2006). Segundo Souza e Rodrigues (2004), plane-
jar diz respeito a estruturar o futuro das cidades, buscando
precauções para evitar problemas a fim de ganhar possí-
veis benefícios. Um instrumento essencial para buscar me-
lhorias na qualidade de vida e garantir o equilíbrio ambiental
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é o Estatuto da Cidade, que é a denominação oficial da Lei


nº 10.257 de julho de 2001 e “estabelece normas de ordem
pública e interesse social que regulam o uso da proprie-
dade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do
bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambien-
tal” (BRASIL, 2001).

Concomitante ao Estatuto da Cidade, o Plano Diretor Muni- 183


cipal é uma forma de planejar o futuro das cidades e, para
Villaça (1999, p. 238):

(...) seria um plano que, a partir de um diagnóstico cien-


tífico da realidade física, social, econômica, política e
administrativa da cidade, do município e de sua região,
apresentaria um conjunto de propostas para o futuro
desenvolvimento socioeconômico e futura organização
espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraes-
trutura e de elementos fundamentais da estrutura ur-
bana, para a cidade e para o município, propostas estas
definidas para curto, médio e longo prazos, e aprova-
das por lei municipal.
O Plano Diretor pode ser entendido como um instrumen-
to de planejamento utilizado a curto, médio e longo prazo,
para regulamentar e orientar a ação da iniciativa pública e
privada na construção da cidade. O Plano deve assumir pa-
pel importante na redução das vulnerabilidades socioam-
bientais frente às mudanças ambientais, sejam elas locais,
regionais e/ou globais. No entanto, é evidente que apenas
redigir tal documento não resolverá nenhum dos proble-
mas enfrentados pela população urbana; é necessário que
haja um maior engajamento no processo de planejamen-
to elaborado em conjunto com políticas públicas locais e a
participação da comunidade.

184 A participação dos munícipes é fundamental durante a fase


de elaboração do Plano Diretor e, também, para a constru-
ção da resiliência urbana que deverá acompanhar a fase de
implantação dos projetos e de gestão da cidade, a partir
das diretrizes democraticamente estabelecidas no Plano.
A população local desempenha um importante papel na
identificação dos problemas socioambientais e, portanto,
contribui para o planejamento dos espaços e pode opinar
acerca da relevância das intervenções e da eficiência das
políticas e das práticas urbanísticas.

De fato, o planejamento urbano deve contribuir para o de-


senvolvimento ordenado das cidades, porém, apesar de
leis e planos existirem no Brasil, problemas urbanos con-
tinuam se agravando. De acordo com Villaça (2005), esse
conjunto de leis urbanísticas são detalhadas e complexas,
no entanto, são aplicadas com flexibilidade ou, até mes-
mo, ignoradas em favelas e ocupações ilegais, locais em
que o Estado está ausente. Maricato e Tanaka (2006) dizem
ainda que os planos e leis são bem-intencionados, apesar
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disso, são excludentes ou não são aplicados. Diante disso,


algumas providências que ajudariam a mudar o “analfabe-
tismo urbanístico” seriam o correto dimensionamento e a
adequada qualificação dos problemas urbanos e de suas
causas, a maior visibilidade desses problemas perante a
sociedade e a formação de agentes públicos e sociais.

Somado a esses aspectos, é de fundamental importância 185


que os planos diretores municipais abordem questões rela-
tivas à conservação da natureza, de modo a contemplar so-
luções técnicas que contribuam para a qualidade ambiental
das cidades, como as práticas evidenciadas pela infraestru-
tura verde, capazes de desempenhar funções ecológicas e
sociais para a manutenção e equilíbrio da paisagem urba-
na construída. De acordo com Santana (2013), atualmente
a infraestrutura verde busca trazer soluções urbanas para
“renaturalizar” as cidades, priorizando a utilização de tec-
nologias sustentáveis, a manutenção e a recuperação das
áreas verdes.

A forma vegetal característica da paisagem urbana é a ár-


vore, tendo ligação direta com a arquitetura. Cullen (2015,
p. 170) defende que “a arte de combinar edifício e árvore
baseia-se numa relação em que a árvore cede a sua riqueza
ao edifício, e em que o edifício faz realçar as qualidades ar-
quitetônicas da árvore, de modo a constituírem um conjun-
to”. As árvores são fundamentais, pois controlam a radiação
solar, fornecem sombra, reduzem o consumo de energia
em épocas quentes, amenizam a poluição do ar, previnem
erosões, assoreamento dos rios e ainda auxiliam na infiltra-
ção das águas da chuva.

Herzog (2013, p.174) afirma que é preciso “ir do cinza para


o verde”, ou seja, antes de selecionar as técnicas e os ma-
186 teriais que serão utilizados nos projetos e obras de urba-
nização, é imprescindível procurar novas soluções que le-
vem à construção de “cidades inteligentes”, voltadas para o
bem-estar das pessoas. Para tanto, faz-se necessário uma
gestão ambiental efetiva e a adoção de práticas que visem
manter ou recuperar as funções ecológicas dos ecossiste-
mas locais. Segundo a autora, as paisagens urbanas são
essenciais para a qualidade de vida, onde anteriormen-
te a paisagem era cinza com concreto e asfalto, agora é
necessário trazer o verde e, consequentemente, garantir
bem-estar às pessoas. Destaca ainda que essas paisagens
urbanas precisam ter alto desempenho, com função de di-
minuir enchentes, deslizamentos e poluição, entre outros
problemas socioambientais.
Para entender o que é uma paisagem de alto desempe-
nho, é necessário primeiramente compreender o concei-
to de “alto desempenho”. Ferreira (2001, p. 35) esclarece
que o termo “alto” é considerado “excelente, importante,
relevante”, enquanto o termo “desempenho” se refere à
“atuação, comportamento” de um determinado objeto de
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

estudo. Assim, “alto desempenho” representa algo que


executa seu serviço com excelência, com qualidade. Se-
gundo Herzog (2013), o termo alto desempenho é utilizado
para medir como os materiais e as máquinas se compor-
tam e se atendem ou não às necessidades para as quais
foram projetados.

Em relação às cidades, o termo mostra como são igualitá- 187


rias e cooperativas, já para as paisagens, em destaque, ser-
vem para medir a qualidade dos serviços ecossistêmicos e
saber se estão garantindo a qualidade de vida e bem-estar
aos citadinos. Nesse contexto, o arquiteto pode se apro-
priar da concepção de paisagens de alto desempenho em
seus projetos, contribuindo de forma significativa para uma
gestão urbana sustentável, uma vez que esse profissional
interfere diretamente na construção e no desenvolvimento
das cidades.

Para Herzog (2013), uma cidade que sabe conviver com a


natureza é aquela que possui arquitetura sustentável, con-
some e gera menos resíduos e garante a qualidade das
águas, bem como a conservação da qualidade do ar e do
solo urbano. Um exemplo de paisagem de alto desempe-
nho são os “ecobairros”, os quais possuem paisagens com
funções ecológicas e sociais, com alto desempenho e bai-
xo impacto. No entanto, fatores histórico-culturais, como o
consumo elevado de bens e serviços e a falta de preocu-
pação com a harmonia entre o sistema físico-natural, o sis-
tema social e o sistema construído, apontam um problema
de ordem econômica, política e social que assola grande
parte das cidades brasileiras.

Nesse limiar, Bogo (2001) acredita que a arquitetura susten-


tável, bioclimática5 e ecológica prova a existência de uma
188 arquitetura insustentável e ecologicamente inadequada.
Segundo Pirró (2009), considerando também a afirmação
anterior, percebe-se que os conceitos adotados nas esco-
las de Arquitetura e Urbanismo necessitam de uma reava-
liação. Bogo (2001, p. 2) afirma que:

Rever os padrões de vida, também nos remete à ar-


quitetura e ao urbanismo; nos remete aos valores que
assumimos quando projetamos e construímos nossas
edificações, nossas cidades. Rever estes padrões para
o ensino de projeto do ambiente construído, afinal de
contas, se produzimos uma arquitetura que representa

5. Arquitetura bioclimática consiste em projetar um edifício levando em conta o clima e


as características ambientais do local em que se insere. Pretende-se assim melhorar o
conforto ambiental no interior do edifício (LANHAM, GAMA e BRAZ, 2004).
a “cultura da destruição do planeta”, temos que passar
a rever estes valores, de forma a começar a pensar
numa “cultura de preservação do planeta e da vida na
terra”, socializando os benefícios, ao invés da prática
dominante de socialização dos prejuízos e individuali-
zação do lucro.

Atualmente, a sociedade espera do arquiteto um compro-


Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

metimento com a sustentabilidade (PIRRÓ, 2009). Segun-


do Farah, Schlee e Tardin (2010), um meio de se atingir essa
sustentabilidade é por meio dos projetos paisagísticos, uti-
lizando qualidades naturais e culturais do lugar, com gostos
e hábitos de quem o frequenta. Os projetos arquitetônicos
paisagísticos contemporâneos buscam a integridade, diver-
sidade e eficiência, valorizando suas singularidades.
189
A arquitetura paisagística, como área específica de pro-
jeto e planejamento dos espaços abertos, fornece pro-
jetos para áreas residenciais, condomínios, parques,
renovação de setores urbanos; presta, ainda, consulto-
ria especializada na recuperação de áreas degradadas e
na formatação de projetos para licenciamento ambien-
tal em áreas naturais, como é o caso das melhorias de
desempenho de edificações e áreas urbanas por meio
de planos paisagísticos (FARAH, SCHLEE e TARDIN;
2010, p. 225).

Acredita-se que no cenário de crise observado nas cidades,


onde as paisagens são constantemente alteradas, acarre-
tando transformações ambientais significativas, perda de
florestas e da biodiversidade, deve-se pensar nas contribui-
ções estratégicas do arquiteto, sem deixar de considerar,
porém, o poder de resiliência que o ecossistema urbano
possui.

Assim, ressalta-se a importância de conciliar a paisagem


natural, composta por áreas verdes, com uma arquitetura
projetada a partir dos pressupostos da paisagem de alto
desempenho, de modo a intervir na paisagem urbana da
forma mais adequada e com vistas a possibilitar uma maior
qualidade de vida a uma população culturalmente “cinza”.
Nesse limiar, destacam-se os projetos urbanísticos que
têm como partido a proteção, a conservação e a otimização
dos recursos naturais urbanos – além da utilização de técni-
190 cas, tecnologia e materiais ecologicamente corretos e sus-
tentáveis aplicados à rede de infraestrutura – e compõem
os dispositivos e recursos da infraestrutura urbana verde.

Infraestrutura verde: perspectivas para a


sustentabilidade urbana

Zmitrowicz e Neto (1997) definem infraestrutura urbana


como o conjunto de sistemas técnicos necessários para se
desenvolver as funções urbanas. As funções devem aten-
der aos aspectos sociais, proporcionando moradia, saúde,
trabalho, educação, saúde, segurança e lazer. Deve propor-
cionar o desenvolvimento de bens e serviços, denotando
impacto econômico juntamente com aspecto institucional,
proporcionando o desenvolvimento das atividades político
administrativas da cidade.

Infraestrutura verde não é um conceito novo, porém pas-


sou a ser mais abrangente e empregado há pouco tempo.
Seus benefícios são para que as cidades não sejam so-
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

mente mais sustentáveis, mas também para que se tor-


nem aptas a enfrentar os efeitos causados pelos eventos
climáticos extremos. De acordo com Herzog (2010, p.4),
a infraestrutura verde contém características que permi-
tem “intervenções de baixo impacto na paisagem e alto
desempenho, com espaços multifuncionais e flexíveis, que
possam exercer diferentes funções ao longo do tempo -
adaptável às necessidades futuras”. 191

Conforme Benedict e Mcmahon (2006) apud Vasconcellos


(2011, p. 30):

(...) a infraestrutura verde pode ser definida como uma


rede interconectada estrategicamente planejada e ge-
rida de áreas naturais, paisagens rurais e outras áreas
livres que conserva os valores e funções dos ecossis-
temas naturais, mantém o ar e a água limpos, e propor-
ciona um grande leque de benefícios para o homem e
a vida silvestre.

A infraestrutura verde, portanto, contribui para a qualidade


ambiental e para a construção da resiliência do espaço ur-
bano. Com papel fundamental para as adaptações técnicas
e tecnológicas necessárias no sistema de infraestrutura das
cidades, ela colabora com o aumento da permeabilidade do
solo, melhora a qualidade de vida das pessoas, além de inú-
meros outros benefícios. Assim, a infraestrutura verde traz
benefícios para o meio ambiente, para a conservação dos
recursos naturais e, consequentemente, para a salubridade
das cidades e para a saúde dos seus cidadãos.

Quando a expansão da malha urbana compromete a quali-


dade ambiental das cidades, também compromete a qua-
lidade de vida dos citadinos. A pressão do uso e ocupação
do solo sobre áreas de proteção ambiental, sem se preo-
cupar com as características naturais, sociais, econômicas
192 e culturais da região, gera um conflito entre o crescimento
e a conservação da natureza (CORMIER e PELLEGRINO,
2008), logo, os problemas decorrentes dessa incompatibi-
lidade perpassam para os setores da organização socioes-
pacial das cidades, conferindo ao espaço urbano diversos
problemas e conflitos socioambientais.

Herzog (2010) afirma que, se bem planejada e implantada, a


infraestrutura verde servirá como suporte para a resiliência
das cidades, mas para isso é necessário conhecer a biodi-
versidade local, preservando as áreas alagadas e as encos-
tas instáveis. Atesta que essa nova infraestrutura, além de
buscar por transportes alternativos não poluentes, também
auxilia na integração entre os transportes ativos: caminha-
da para pedestres e bicicletas. Desse modo, a infraestrutu-
ra verde causa benefícios a todos, estimulando atividades
recreativas e auxiliando na conscientização da preservação
da natureza.

A infraestrutura urbana pode ser aplicada em diferentes es-


Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

calas, como particular, local, estadual, regional ou nacional.


As intervenções de escala particular referem-se, por exem-
plo, às edificações e aos seus jardins e quintais. Nesse
caso, podem ser utilizados tetos, paredes e muros verdes.
No caso dos telhados verdes, são vastas as contribuições
sustentáveis, pois “absorvem água das chuvas, reduzem o
efeito da ilha de calor urbano, contribuem para a eficiência
energética das edificações, criam hábitat para vida silvestre 193
e, de fato, estendem a vida da impermeabilização do telha-
do” (CORMIER; PELLEGRINO, 2008, p. 135). Já as paredes
verdes são utilizadas quando se tem pouca área para ve-
getação ou servindo para sombreamento (HERZOG, 2010).
Os dois sistemas melhoram a qualidade da água e do ar,
regulam o clima e as enchentes, auxiliam na educação e no
valor estético.

Na escala local, podem-se citar os greenways6 ou as prá-


ticas que contribuem para a melhor gestão das águas plu-

6. Espaço livre linear estabelecido ao longo de um corredor natural para caminhadas,


ciclismo e outros usos recreativos que liga parques, reservas naturais, locais culturais
e/ou históricos (BENEDICT e MCMAHON, 2006 apud VASCONCELLOS, 2011, p. 35).
viais, como os jardins de chuva, canteiros pluviais, pavimen-
tação permeável, etc. Os greenways são utilizados para
conectar parques já existentes. Dessa forma, são espaços
lineares para caminhadas, ciclismo, etc., estabelecidos ao
longo de um corredor natural ligando parques, reservas na-
turais, dentre outros locais (BENEDICT; MCMAHON, 2006
apud VASCONCELLOS, 2011).

Já para a gestão das águas pluviais, pode ser feito um jar-


dim de chuva. Segundo Herzog (2010, p. 07), os jardins de
chuva “são jardins em cotas mais baixas que recebem as
águas da chuva de superfícies impermeáveis adjacentes”.
Esse sistema funciona como purificador das águas pluviais,
194 além de ser uma forma de detenção que diminui o fluxo de
água para os bueiros e canais.

Outras abordagens, segundo Herzog (2010), foram desen-


volvidas para diminuir o consumo de energia e melhorar
o conforto das pessoas, são canteiros pluviais, biovaletas,
bacias de retenção, bacias de detenção e os pavimentos
porosos.

Os canteiros pluviais, por exemplo, recebem as águas


de escoamento superficial e possuem capacidade de in-
filtração, evaporação e/ou evapotranspiração. São equipa-
mentos de drenagem eficientes para a redução da taxa de
escoamento superficial sobre as áreas impermeabilizadas
das cidades e possuem valor estético na composição da
paisagem verde urbana. Já o sistema de biovaleta recebe
águas contaminadas promovendo sua filtragem, podendo
ser locadas em estacionamentos e ao longo das vias, con-
sideradas como jardins lineares preenchidos por vegeta-
ção, servindo como reguladoras de enchentes.
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

As lagoas pluviais ou bacias de retenção recebem as águas


das chuvas e as armazenam. Apesar de demandar mais es-
paço por armazenar grandes volumes de água, apresentam
fatores relevantes como a melhora da qualidade da água,
regulam o clima e as enchentes, possuem valor estético e
ainda servem para recreação, lazer e ecoturismo.
195
As lagoas secas ou bacias de detenção possuem a mes-
ma função que a anterior, a única diferença é que não ar-
mazenam a água, apenas auxiliam em épocas de chuvas,
retardando a entrada da água no sistema de drenagem. Há
ainda os pavimentos porosos, que permitem a infiltração
de uma porcentagem das águas, reduzem o escoamento
superficial das águas de chuva e podem ser usados em cal-
çadas, estacionamentos, quintais, praças ou parques.

Em relação à escala estadual, regional ou nacional, pode-se


propor ligações da paisagem ou proteção ao habitat dos
animais. Nesse caso, a infraestrutura verde pode ser co-
nectada com os ecossistemas e as paisagens pelo siste-
ma de hubs e links. Os hubs proporcionam espaços para
as plantas nativas e comunidades de animais e podem ser
grandes reservas ou áreas de proteção, como refúgios na-
cionais de vida silvestre ou parques estaduais. Já os links
são as ligações da paisagem (landscape linkages), que co-
nectam parques, reservas e áreas naturais existentes. Esse
sistema permite que plantas e animais se reproduzam e
funcionam ainda como corredores, conectando ecossiste-
mas e paisagens (BENEDICT; MCMAHON, 2006 apud VAS-
CONCELLOS, 2011).

Outro exemplo são os alagados construídos ou wetlands,


que, conforme Herzog (2010, p. 06) e Vasconcellos (2011,
196 p. 141), “recebem as águas pluviais, promovem a retenção
e a remoção de contaminantes”. Esse sistema pode ser
aplicado desde a escala local, em pátios de edifícios, até a
escala regional, ocupando grandes áreas urbanas.

No Brasil, constatam-se wetlands naturais em áreas pan-


tanosas dos estados do Amazonas, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul (Pantanal). SALATI (2000) apresenta a pri-
meira tentativa de utilizar um sistema de wetland construí-
do para purificação das águas urbanas, através de um lago
artificial nas proximidades de um córrego altamente poluí-
do (Rio Piracicamirim), localizado em Piracicaba/SP. Inicial-
mente, as experiências foram satisfatórias e os trabalhos
foram continuados a partir de 1985, desenvolvendo novas
tecnologias, com o objetivo de aumentar a eficiência do
sistema com menores custos de investimentos.

Como foi possível observar nessa leitura, a aplicação e in-


corporação da infraestrutura verde nas diferentes escalas
permite a funcionalidade da paisagem, melhora a qualidade
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

do ar, previne enchentes e inundações, melhora a mobilida-


de urbana, entre outros benefícios, ou seja, a infraestrutura
verde pode ser considerada como uma estratégia para a
conservação e proteção da natureza e para a sustentabili-
dade da vida no espaço urbano.

Considerações finais

O presente artigo buscou mostrar caminhos para a leitura 197


de um urbanismo sustentável, proporcionando visibilidade
à infraestrutura verde como instrumento atual para o plane-
jamento urbano e arquitetônico. A partir de um repertório
teórico e analítico, apresentou a infraestrutura verde como
uma possível solução para os problemas atuais de drena-
gem, inundações, deslizamentos, entre outros.

Os preceitos utilizados nos projetos e obras de infraestru-


tura e equipamentos urbanos sustentáveis podem ser apli-
cados para tornar as cidades menos impactantes ao meio
ambiente e com maior qualidade de vida para a população.
Podem ser utilizados em edificações, locais públicos, como
praças, parques e vias públicas. Vários são os métodos
atuais de contribuir para a sustentabilidade urbana a par-
tir de intervenções diretas, como: telhados verdes, jardins
de chuva, wetlands, pavimentação permeável, parques li-
neares, etc. Cabe ao profissional responsável analisar qual
tipologia é mais adequada para cada situação. Diante de
diversos problemas observados, tanto em relação ao pla-
nejamento quanto à gestão dos sistemas urbanos, os ar-
quitetos e urbanistas têm um papel fundamental para o
desenvolvimento de novas diretrizes políticas e técnicas,
bem como colaborar na utilização de recursos materiais e
tecnológicos ecologicamente adequados.

A atuação do profissional de Arquitetura e Urbanismo forta-


198 lece o quadro interdisciplinar de planejamento das cidades,
que, sob a perspectiva do urbanismo sustentável, visa à in-
tegração entre os sistemas naturais e os sistemas construí-
dos, contribuindo de forma efetiva à organização do espaço
urbano, via infraestrutura verde. Vale ressaltar que, além de
projetar, cabe a esse profissional despertar o interesse das
diferentes esferas da sociedade urbana para uma nova for-
ma de conceber e se relacionar com o ambiente em que se
vive, em prol de uma melhor qualidade de vida nas cidades.

A infraestrutura verde tem em comum com a arquitetura


a busca pela saúde e bem-estar das pessoas, sendo indis-
pensável para o planejamento urbano. Cormier e Pellegrino
(2008) acreditam que os maiores desafios para implantar a
infraestrutura verde são em relação aos moradores das ci-
dades e na identificação com ela. E para ocorrer essa cone-
xão, inicialmente é por meio da educação, mostrando sua
importância e sua funcionalidade.

É necessário, portanto, a percepção da população sobre


Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

o planejamento e a proteção dos espaços verdes, pois a


infraestrutura verde é desenvolvida exatamente para que
a ocupação aconteça sem riscos à população e para pro-
porcionar serviços ecológicos em benefício das pessoas
(HERZOG, 2009 apud VASCONCELLOS, 2011).

Segundo O’Reilly, Magalhães e Rossi (2013), os seres hu-


manos dependem dos serviços dos ecossistemas para sua 199
sobrevivência, pois esses auxiliam na regularização do cli-
ma e para produção de alimentos. Apesar de a implementa-
ção da infraestrutura verde ser mais cara, é um investimen-
to a longo prazo, em que ocorre uma diminuição dos gastos
com água, energia, transporte e saúde pública.

Os arquitetos, urbanistas e paisagistas são qualificados


juntamente com outros especialistas para realizar projetos
baseados na sustentabilidade e na infraestrutura verde, in-
tegrando os edifícios com a infraestrutura urbana já exis-
tente, colaborando na preservação e recuperação do meio
ambiente, além de aproveitar os recursos que a natureza
disponibiliza e aumentar a relevância social e ambiental de
seus projetos (CORMIER; PELLEGRINO, 2008).

O arquiteto e urbanista, em atribuição à sua função, deve


comprometer-se em buscar alternativas sustentáveis na
hora de projetar e reformar edificações, ou então revitalizar
um espaço urbano. Porém é necessário analisar como essa
nova infraestrutura se conectará com os diferentes tipos de
cultura e identidade regional.

Para Benedict e Mcmahon (2006 apud Vasconcellos, 2011,


p.33), “muitos dos elementos da infraestrutura verde já
estão no local, contudo, somente em rede é que efetiva-
mente possuem valor”. Nesse caso, o arquiteto e urbanista
200 pode contribuir promovendo a inter-relação entre os dife-
rentes elementos (ruas arborizadas, tetos verdes, etc.), de
modo com que todos eles trabalhem juntos como um sis-
tema funcional.

Herzog e Rosa (2010) acreditam que, para melhorar definiti-


vamente os espaços urbanos, as tipologias citadas podem
ser incorporadas em áreas já urbanizadas quando houver
reformas e adaptações das edificações e em espaços im-
permeabilizados existentes. Portanto, é importante ressal-
tar que as técnicas de reurbanização com vistas à susten-
tabilidade também sejam enfatizadas durante a formação
e qualificação dos profissionais atuantes na construção da
paisagem urbana.
Dessa forma, ao concluir o curso de graduação, o arquiteto
e urbanista deve estar preparado para se inserir no merca-
do de trabalho como um profissional qualificado para aten-
der às novas demandas, capaz de apontar soluções ade-
quadas para o planejamento e para a gestão sustentável
dos sistemas urbanos, considerando sempre a linha tênue
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo v.25, n.36, 1º sem. 2018

entre a conservação dos recursos naturais e a garantia da


qualidade de vida para os citadinos nos projetos arquitetô-
nicos e urbanísticos.

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Recebido em: 08/05/2018


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Aprovado em: 31/07/2018

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