Gestão Financeira, Risco de Falencia

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é ligado a cadeira de Gestão Financeira, propriamente a conteúdos


que têm a ver com a análise financeira, sendo que refere-se a avaliação ou estudo da
viabilidade, estabilidade e capacidade de lucro de um negócio ou projecto. Engloba
ainda um conjunto de instrumentos e métodos que permitem realizar diagnósticos sobre
a situação financeira de uma empresa, assim como prognósticos sobre o seu
desempenho futuro, apoiando-se em documentos contabilísticos e em informações
económicas e financeiras relativas à empresa ou do mercado. Neste contexto é
importante conhecer o histórico da empresa, a evolução do capital e o sector de
actividade.
O interesse pelo estudo do Risco de Falência nas empresas, não é uma necessidade
recente, mas com a crise que ocorreu nos Estados Unidos no ano de 1929, surgiu um
certo interesse em analisar a saúde financeira das empresas. A falência das empresas
não ocorre apenas por ineficiência operacional, económica ou pela forte concorrência no
mercado, mas também por razões que tem a ver com mudanças legislativas (dá-se o
caso, o encerramento de alguns bancos angolanos em 2019, por não possuírem o capital
mínimo exigível pelo BNA).

Ao longo dos anos vem se desenvolvendo diversos métodos utilizado na análise da


situação económico-financeira das empresas e para melhor avaliar o desempenho dos
gestores, este estudo baseia-se principalmente em demonstrações financeiras, de modo a
fornecer informações credíveis aos utentes da informação financeira das empresas que
são os principais interessados em saber se a empresa estará em condições de cumprir
com as suas obrigações e ainda se a empresa terá continuidade a médio, longo prazo.
Para auxiliar neste quesito, surgi o Método Z-Score, uma análise discriminante
desenvolvida por Altman, é uma das técnicas estatísticas mais utilizadas para prever o
risco de falência a nível mundial devido não só a facilidade de cálculo dos indicadores
mas também devido a sua enorme precisão.

Para análise e compreensão do nível do risco no negócio, é primordial o cálculo de


indicadores e que, de acordo Neves, são: o ponto crítico operacional e ponto crítico
total, a margem de segurança operacional e grau de alavanca operacional. O seu
cálculo está associado à estrutura dos custos organizados de acordo com a sua variação
ou não, com nível de actividade, ou seja, classificados em fixos e variáveis. De um
modo mais preciso, no presente trabalho abordaremos apenas sobre o PONTO
CRÍTICO OPERACIONAL E PONTO CRÍTICO TOTAL.
Objectivos

Gerais

Com o presente trabalho deseja-se ganhar conhecimento a respeito do tempo para nós
apresentado, e demostrar o grau de preparação que possuimos face a area de formação a
que estamos sujeitos.

Especificos

Debruçar-se a respeito do risco de falencia, instumentos de gestão e pontos criticos


(operacional e total).

Metodologia

Para a colecta de dados, fizemos recursos ao método de pesquisa bibliográfica e


histórica.
1- RISCO DE FALÊNCIA

Importa, antes mesmo de nos debruçarmos sobre o conceito de risco de falência, definir
cada conceito acima descrito de modo a apresentarmos isoladamente cada parte
constitutiva desta abordagem temática.

1.1- RISCO

O termo risco existe, na perspectiva da sua gestão e no âmbito financeiro, há mais de


quarenta anos e o conceito que lhe está subjacente seguramente há séculos. No entanto,
até hoje, é difícil arranjar a sua melhor definição pois está presente em todas as
operações financeiras e de diferentes formas. Ao conceito risco está associado o
conceito retorno. A célebre frase “quanto maior o risco, maior o retorno”, não aparece
por acaso. É realmente verídico que quanto maior for o risco associado a uma operação,
maior será o retorno esperado a obter.

A famosa Teoria da Carteira, originada por Markowitz em 1952, abordava o tema de


uma forma absolutamente original, defendendo que o investidor pode colocar os seus
capitais com a expectativa de determinado retorno, face a um nível de risco não muito
alto ou, de outra maneira, face ao baixo risco obter maiores e melhores resultados. Ou
seja, tendo em conta um certo número de activos e o capital que possui, o investidor
quer perceber quanto pode ou não pode investir (comprar/vender) para, em relação a
determinado nível de retorno, conseguir um menor nível de risco. Isto, quando nos
referimos a investidores avessos ao risco e assumindo um mundo perfeito (sem
impostos). Em caso de investidores aderentes ao risco é adoptado o lema “quanto maior
o risco, maior o retorno” pois preferem aplicar o seu activo em produtos que ofereçam
maior risco, pois significa que irão conseguir obter maior retorno (não em regra geral).

O risco mede o nível de incerteza de uma operação, a qual pode ser definida de baixo,
médio e alto risco. Ou seja, identificar as probabilidades de algo incerto e inesperado
acontecer. Mas isto não é um problema de resolução teórica, pois existem factores que
não são possíveis de serem medidos para se calcular a incerteza (risco), tal como
factores ambientais (tsunami, terramotos, etc) ou políticos (guerras, crise pós-eleitoral).

Tipos de risco por natureza:

 Risco económico: relacionado com a probabilidade dos resultados de


exploração se situarem ou não nos níveis esperados, ou seja, depende de
variáveis de económicas, com os de origens comerciais (produtos; vendas;
preços; factores de produção) e os de origens tecnológicas (eficiência da
tecnologia; processo técnico-produtivo; equipamentos e instalações).

 Risco financeiro: resulta da provável afectação da solvabilidade da empresa, a


curto prazo (tesouraria de exploração) ou a médio e longo prazo (estrutura
financeira).
Os riscos são difíceis de combater e é necessário que a gestão seja corrente, no dia-a-
dia, para que não haja surpresas desagradáveis.

1.2 FALÊNCIA

A falência de uma empresa representa um evento a que estão associados "sentimentos


negativos", a grandes perdas para todos os intervenientes.

O fenómeno falência não escolhe um só sector em particular ou produto, é transversal a


todas as áreas. Uma situação destas está intimamente relacionada com problemas de
baixa liquidez e é nesta altura que muitas das vezes é emitido o sinal de alerta para uma
possível situação de falência.

1.2.1 AS CAUSAS DA FALÊNCIA

Segundo o CARTER e AUKEN (2006), as empresas que estão próximas a falência


costumam se focar em problemas financeiros, quando, na verdade, estes são,
geralmente, apenas sintomas de uma deficiência operacional muito maior.

Como diz António Pereira (2005), que SHLLEIFER E VISHNY (1996), argumenta que
devia existir uma interacção entre a área financeira e a gerência, visto que a falta de
comunicação entre as partes da empresa é a maior responsável pela deficiência
financeira da empresa.

Segundo as pesquisas de CARTER E AUKEN (2006), as principais causas de falência


pertencem a duas categorias: factores económicos externos e meios operacionais
internos.

De acordo com Sharma e Mahajan (1980), uma gestão ineficaz e acontecimentos


imprevistos são as duas principais causas que levam uma empresa à falência. Santos
(2000), verificou também que as duas principais causas que conduzem uma empresa
“saudável” a uma empresa “doente” são a incapacidade da gestão e uma deficiente
estrutura económico-financeira.

Mas, são diversas as causas ou factores que podem levar uma empresa à falência, que
geralmente a literatura as classifica em externas e internas. Kloster e Jacobsen (2005),
através de um estudo na Noruega centralizado nos factores macroeconómicos
(externos) presentes durante um processo de falência, concluíram que as alterações nas
margens de lucro, competitividade, taxas de juro reais, assim como as constantes
flutuações cíclicas foram as que mais contribuíram para um aumento de falências nos
últimos anos.

Beaver (1966) considera a solvência empresarial como um "reservatório" de fundos, que


é sustentado por fluxos de entrada, onde a partir deste a empresa cumpre as suas
obrigações, ou seja, fluxos de saída. Mas, quando este "reservatório" num determinado
momento estiver exausto, a empresa tende para o incumprimento das suas obrigações,
isto é, tende para a falência.
Nos últimos anos ocorreram mudanças legais e económicos devido a crise internacional,
o que implica que as partes mais vulneráveis são as empresas, na medida em que não
conseguem equilibrar-se financeiramente, correm o risco de fecharem as portas, dando
origem ao desemprego.

1.2.2 O CONCEITO DE FALÊNCIA

Blum (1974) adopta como conceito de falência “a incapacidade de uma empresa pagar
as suas dívidas e deste modo entrar num acordo para redução das dívidas ou então
entrar num processo de insolvência”. Já, o estudo de Ohlson (1980) considera uma
empresa que tenha requerido insolvência ou que seja declarada como insolvente.

Taffler (1982) define falência como uma “liquidação voluntária ou ordem judicial”,
enquanto Karels e Prakash (1987) consideram que o momento exacto em que a falência
de uma empresa ocorre é difícil de identificar e portanto para estes autores a falência é
um processo que tem início quando surgem as dificuldades financeiras e tem fim
quando a situação seja consumada legalmente.

Mais tarde, em 1993 surge a publicação do livro “Corporate Financial Distress and
Bankruptcy”, por Altman e Hotchkiss. Neste livro, os autores visam esclarecer
diferentes termos que são frequentemente utilizados na literatura, são eles: falência
económica, falência técnica e falência legal ou jurídica, são termos frequentemente
utilizados na literatura financeira.

A falência económica surge quando o total de proveitos é insuficiente para cobrir o


total de custos, normalmente acontece quando a taxa de rendibilidade do investimento é
inferior ao custo capital. Importa referir que uma empresa pode sobreviver durante
bastante tempo nesta situação, na perspectiva de retorno a longo prazo do capital
investido, desde que tenha capacidade de suportar os custos variáveis.

A falência técnica ocorre quando a situação líquida é negativa e a empresa não


consegue fazer face às obrigações correntes, por falta de solvabilidade. Esta situação
resulta normalmente de um arrastar da falência económica, com prejuízos acumulados,
durante vários exercícios. Não obstante poder ser encarada como um estado temporário,
ela é por diversas vezes a principal causa da declaração formal de falência.

A lei considera falido ou em estado de falência todo o comerciante que se encontre


impossibilitado de cumprir pontualmente as suas obrigações (artigo 1135.º do Código
do Processo Civil).

Face ao exposto a falência pode ser definida como o estado económico-jurídico do


comerciante impossibilitado de solver os seus compromissos. Esse estado, porém,
necessita, para que produza os efeitos previstos na lei, ser declarado por tribunal
judicial, a requerimento, ou do próprio comerciante, ou de qualquer credor, ou do
Ministério Público. Assim surge o conceito de falência legal, que resulta do pedido
formal de falência e petição de liquidação dos activos da empresa.
1.3 Risco de falência

Avaliar a saúde financeira das empresas bem como a sua viabilidade é um óbvio e um,
cada vez mais importante, aspecto da função dos analistas de crédito e de investimento
na questão da percepção do risco global da empresa (Wilson e Chong, 1995).

A noção de risco traduz um estado de incerteza em relação á ocorrência de eventos


futuros, tal como enunciado acima. Como não podemos prever eventos futuros de forma
exacta, apenas podemos pensar em termos de probabilidades de ocorrência. Assim
eventos futuros incertos não pretendidos (falência) conduzem a perdas, enquanto
determinados eventos futuros incertos (manutenção em actividade) podem conduzir a
ganhos. Assim associado a probabilidade de ocorrência de um evento futuro existe um
risco de perda ou de ganho futuro.

Do conceito de risco depreende-se que quanto maior a probabilidade de a empresa


entrar em dificuldades financeiras (envolver-se em futuras perdas económico-
financeiras), que a levam à falência, maior será o risco de falência.

Para White et al. (1998,984) «o risco de falência reflecte a


incerteza acerca da capacidade da empresa continuar a operar
se a situação financeira descer abaixo de determinado nível
mínimo».

Na perspectiva do utilizador da informação financeira, o risco de falência encontra-se


associado ao conceito de solvabilidade. Assim, segundo Kirkegaard (1997),
solvabilidade e risco de falência são duas expressões complementares acerca do mesmo
fenómeno. Empresas com solvabilidade não correm risco de falência, e empresas
ameaçadas pela falência (em risco de falência) são por natureza insolventes.

2. INSTRUMENTOS DE GESTÃO PREVENTIVA, Z-SCORE DE ALTMAN

Um indicador denominado Z-Score, desenvolvido, em 1968, por um professor


catedrático norte-americano, Edward Altman foi o exemplo pioneiro em estudos de
risco de falência e de crédito. Surgiu como um instrumento que detecta situações de
empresas com propensão à falência, avaliando as suas demonstrações financeiras, em
especial o balanço e a demonstração de resultados. A partir de 1985 o Z-Score começou
a ganhar aceitação pelos auditores e contabilistas, começando a ser usado para avaliação
de créditos, classificação de investimentos e testes de controlo interno.

A amostra inicial para o estudo deste indicador era composta por 66 pequenas e médias
empresas, 33 das quais se encontravam em insolvência, entre os anos de 1946 e 1965,
com uma média de 6.4 milhões de activos e 33 outras saudáveis, ainda existentes em
1966, com activos entre 1 milhão e 25 milhões, coincidentes no sector e dimensão.
Nesta amostra tinham sido utilizados dados contabilísticos de um ano anterior à falência
retirados dos manuais industriais da Moody’s. Originalmente o indicador tinha sido
criado para empresas cotadas, públicas e industriais com activos de mais de 1 milhão de
dólares. Variantes também criadas mais tarde para empresas não cotadas privadas e
industriais e empresas privadas prestadoras de serviços ou mercados emergentes.

Este modelo foi desenvolvido por Altman e é até hoje um dos modelos mais
importantes, conhecido e utilizado, que combinou diversas medidas de rendibilidade e
risco. Este modelo provou ter uma boa capacidade (acima de 70% de probabilidade em
dois anos) preditiva de falência em diversos contextos e mercados.

Após a recolha de informação financeira histórica sobre as empresas e a identificação de


22 indicadores potencialmente relevantes na capacidade preditiva de falência, as
variáveis foram classificadas em cinco categorias de rácios: liquidez, rendibilidade,
alavancagem, solvência e actividade.

Depois de uma análise cuidada de todos os indicadores e das correlações existentes


entre eles, da lista original de 22 indicadores, foram escolhidos cinco rácios como sendo
os que melhores capacidade tinham de prever a probabilidade de falência de uma
empresa, nomeadamente:

I. Liquidez;
II. Rendibilidade;
III. Endividamento;
IV. Solvência;
V. Funcionamento.
I. Rácios de liquidez

Quando os bancos estão a conceder empréstimos para um prazo curto, preocupam-se


mais com a forma de reembolso dessa dívida do que com a forma de cobertura global do
activo.

O rácio liquidez geral, é um rácio que os analistas de crédito usam sistematicamente, e,


em nossa opinião abusam da sua utilização. Este rácio mede a capacidade que a empresa
tem em satisfazer os seus compromissos de curto prazo. Alguns autores concluíram que
o valor apurado neste rácio devia ser superior a 1, para que a empresa se apresentasse
equilibrada financeiramente.

II. Rácio de rendibilidade

Normalmente o rácio de rendibilidade é um indicador expresso em percentagem (%),


numa empresa, a rendibilidade toma três dimensões distintas segundo os objectivos da
análise: rendibilidade comercial, rendibilidade económica e rendibilidade financeira. Os
rácios de rendibilidade, tal como o nome indica medem a rendibilidade de uma empresa
na sua operação, indicando o grau de eficiência com que a empresa utilizou os recursos
á sua disposição.

III. Rácio de endividamento

Os indicadores de endividamento, constituem uma forma de obter indicações sobre o


grau de intensidade de recurso a capitais alheios (dívida) no financiamento de uma
empresa, apurando a extensão com que a empresa utiliza capital alheio no
financiamento das suas actividades.

IV. Rácio de solvabilidade

É a capacidade da empresa para solver os seus compromissos a médio e longo prazo,


isto é, a capacidade de pagar as dívidas. Traduz a posição de independência da empresa
face aos credores. Quanto maior for o rácio, maior será a segurança dos credores em
recuperar os seus créditos, em caso de liquidação ou dissolução da empresa. A
solvabilidade total mostra a percentagem do património que é financiada pelos
proprietários.

V. Rácio de funcionamento

Os rácios de funcionamento servem para analisar a eficiência das decisões na gestão dos
recursos aplicados, explicitando a forma como a empresa está a utilizar os recursos de
que dispõe. Os rácios de funcionamento apuram-se em termos de rotação ou em dias de
funcionamento. Devem utilizar-se os valores médios de balanço de forma a não serem
afectados pelos valores acidentais em determinada data do balanço. Dado que as
condições de funcionamento são significativamente diferentes de sector para sector,
estes rácios só têm sentido se comparados dentro do mesmo sector e entre empresas
com características tecnológicas e de mercado semelhantes.

Em 1968, Altman publicou um artigo contrapondo-se a visão académica que desprezava


a análise baseada em índice contábeis. Na tentativa de testar a qualidade dos indicadores
financeiros, o autor desenvolveu um estudo sobre a previsão de falência de empresas
por meio da análise discriminante

No primeiro estudo de Altman, ele utilizou uma amostra de 66 empresas industriais de


um mesmo sector e com volume de activos semelhantes, das quais 50% entraram em
falência entre 1946 e 1965.

Daqueles 22 rácios, identificaram-se como relevantes para discriminar as duas amostra


os seguintes, com as seguintes médias um ano antes da falência.

Tabela: Rácios do Estudo de Altman


GRUPO DE EMPRESAS

RÁCIOS Falidas Não falidas

Fundo de Maneio / Activo Total (X1) -0,061 0,414

R. Transitados e Reservas / Activo Total (X2) -0,626 0,353

Resultado operacional / Activo Total (X3) -0,318 0,153

Valor de Mercado / Passivo Total (X4) 0,401 2,477

Vendas / Activo Total (X5) 1,5 1,9

Fonte: Pires, 2013

A função que Altman utilizou depois de várias simulações em computador foi:

Z = 1,2 X1 + 1,4 X2 + 3,3 X3 +0,6 X4 + 0,999X5

 X1 – Fundo de Maneio/Activo Total

O fundo de maneio traduz a margem de segurança da empresa e representa a parcela dos


capitais permanentes que não é absorvida no financiamento do activo fixo servindo para
cobrir as necessidades de financiamento do ciclo de exploração. A “Regra de Ouro”
subjacente a este conceito estabelece que os capitais utilizados no financiamento dos
activos devem ter uma maturidade igual ou superior à vida económica destes. Altman
defendia que uma empresa que registe perdas operacionais consecutivas assistirá a uma
redução dos seus activos correntes face aos activos totais, tendo considerado este rácio
útil e objectivo na previsibilidade de falência.

 X2 = Resultados Transitados e Reservas / Activo Total

Os resultados transitados traduzem o montante total de lucros ou prejuízos acumulados


ao longo da vida da empresa, incluindo lucros não distribuídos. Altman considerou que
esta medida da rendibilidade acumulada ao longo do tempo seria um indicador
adequado para o Z-Score total, uma vez que este traduz indirectamente o endividamento
da empresa na medida em que sociedades com elevados resultados transitados
relativamente ao activo, financiaram os activos através da retenção de lucros, sem
recorrer excessivamente à alavancagem.

 X3 – Resultado operacional / Activo total

O resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) ou EBIT


(Earnings Before Interest and Taxes) é um importante indicador largamente utilizado
que permite apurar os lucros sem ter em conta o pagamento de juros e de impostos.
Considera Altman que, uma vez que a finalidade última da existência da empresa se
baseia na capacidade de gerar valor através dos seus activos, este rácio é apropriado
para utilização em termos de capacidade preditiva de falências.
 X4 – Valor de Mercado / Passivo Total

Na sua formulação inicial, atendendo ao facto do estudo ter sido desenvolvido para uma
amostra de empresas cotadas, o valor de mercado da empresa representava o valor de
mercado das suas acções. O mercado de acções, enquanto o estimador primário do valor
de uma empresa, sugere que alterações no preço podem indiciar eventuais problemas se
os passivos de uma empresa excederem seus activos, pelo que Altman acreditava que
este rácio traduzia um melhor indicador da existência de problemas financeiros que o
valor contabilístico da empresa.

 X5 – Vendas / Activo Total

A rotação do activo é um rácio financeiro muito utilizado que ilustra a contribuição das
vendas para o activo da empresa e representa a eficiência no aproveitamento dos
activos. Ainda que Altman tenha considerado inicialmente este rácio como pouco
relevante em termos individuais, constatou a existência de relações únicas com as
restantes variáveis, verificando que a contribuição do mesmo para a função Z do modelo
assumia um valor elevado.

Com base nos testes realizados, Altman concluiu que o modelo definido apresentava
uma exactidão muito elevada, classificando 95% das empresas da amostra no grupo
correto – empresa falida ou não falida a 1 ano e 72% para risco de falência a 2 anos. De
forma complementar, Altman procurou determinar os valores da função que poderiam
indiciar uma futura falência, determinando um ponto intermédio (cut-off point) com o
valor de 2,675, que permitia separar as empresas viáveis financeiramente das que
apresentavam potencial de falência. No entanto, o erro potencial existente em qualquer
teste amostral levaram Altman a definir uma zona cinzenta (zone of ignorance) situada
entre os valores de 1,81 e 2,99, dentro da qual existiria dúvida sobre a continuidade das
empresas.

Se 1,81 <Z <2,99, a empresa está numa zona de incerteza, a qual mostra que embora a
empresa tenha políticas satisfatórias, que existem ainda pontos a melhorar. Com base
nesta classificação, as empresas com Z-Score posicionado abaixo de 1,81 apresentariam
um elevado risco de falência, enquanto, as empresas cujo indicador apresentasse valores
superiores a 2,99 inserir-se-iam no grupo das empresas potencialmente viáveis e, deste
modo, com reduzido risco de falência.

No entanto, o autor salientou desde logo, uma limitação do modelo, assente no facto do
mesmo incluir na sua amostra empresas industriais de capital aberto para as quais a
informação financeira se encontrava disponível, incluindo a respectiva cotação de
mercado.

Através da análise da margem de erros, foram descobertas duas possibilidades de erros.

“CARVALHO DAS NEVES (2007:215) menciona que o erro


de Tipo I identifica situações onde se previu que a empresa seria
normal mas, na realidade, ela acabou por entrar em
incumprimento [e] O erro de Tipo II ocorre quando se classifica
a empresa como em situação difícil e, na verdade, ela continua a
cumprir com os seus compromissos financeiros.

Questionando a aplicação do modelo a empresas privadas, uma vez que o Z-Score


exigia a utilização do valor de mercado da empresa, aplicando-se apenas empresas
cotadas em mercado regulamentado, Altman re-estimou posteriormente o modelo,
reformulando-o da seguinte forma:

Z’ = 0.717 (X1) + 0.847 (X2) + 3.107 (X3) + 0.420 (X4) + 0.998 (X5)

Onde,

 X1= Fundo de Maneio / Total do Activo;


 X2= Resultados Transitados e Reservas / Total do Activo;
 X3= Resultados Operacional / Total do Activo;
 X4= Valor contabilístico do capital próprio / Total do Passivo;
 X5= Vendas / Total do Activo.

Nesta função é substituído o valor de mercado do indicador X4 pelo valor contabilístico


da empresa, dado pelos seus capitais próprios, reduzindo, consequentemente, o peso do
mesmo no modelo dado, o menor poder explicativo do indicador reformulado. Os
valores correspondentes à zona de ignorância foram igualmente ajustados, de tal forma
que, de acordo com o modelo ajustado, valores inferiores a 1,23 indiciariam risco de
falência e valores superiores a 2,90 traduziriam empresas potencialmente viáveis,
encontrando-se a zona cinzenta entre aqueles patamares.

Altman procedeu a um novo ajustamento do modelo aplicável de forma a torná-lo


aplicável a empresas não industriais, eliminando o efeito da variável de actividade, que
assume um peso substancial em empresas que actuam no sector secundário. O modelo
revisto assume, assim, os seguintes valores:

Z” = 6.56 (X1) + 3.26 (X2) + 6.72 (X3) + 1.05 (X4)

As quatro primeiras variáveis mantiveram-se inalteradas face ao modelo anterior, sendo


apenas eliminada a variável X5 e ajustados os ponderadores. De acordo com este
modelo re-estimado, a zona de ignorância situa-se entre 1,1 e 2,6, sendo que valores de
Z-Score menores do que o limite inferior do intervalo representariam empresas em risco
de falência e valores do modelo que excedessem o limite superior do intervalo
indiciariam empresas potencialmente viáveis.

Para a Construção de um bom modelo é portanto necessário:

Definição da população à qual se vai aplicar o modelo;


Desenvolver o modelo para diferentes tipos de economias e sectores;
Escolher empresas do mesmo sector e com o mesmo volume de negócios para
uma melhor comparação;
Aplicar o modelo a casos reais e verificar o seu sucesso;
Tentar minimizar os erros detectados, analisando os pontos a melhorar;
Ir actualizando o modelo perante novas realidades económicas.

2.1 Aplicação prática do Instrumento de Gestão Preventiva de Z-Score de Altman

Para este capítulo estaremos usando dados da empresa CEDE, nos dois últimos
exercícios (N e N-1), de modo a averiguarmos o funcionamento do instrumento de
gestão preventiva de Z-Score proposto por Altman.

Obs: Aplicando arredondamentos.

Aplicando a primeira fórmula criada por Altman

Ano N Ano N-1

Z = 1,2 X1 + 1,4 X2 + 3,3 X3 +0,6 X4 + 0,999X5 Z = 1,2 X1 + 1,4 X2 + 3,3 X3 +0,6 X4 + 0,999X5
Z= 1,2 (0,02) + 1,4 (0,1) + 3,3 (0,13) +0,6 (0) + Z = 1,2 (0,02) + 1,4 (0,04) + 3,3 (0,1) +0,6 (0) + 0,999
0,999 (0,32) (0,2)
Z= 0,913 Z= 0,6098

Podemos simplesmente concluir que a empresa em causa, apresenta altas probabilidades


de falência de acordo com os dados obtidos nos últimos dois anos, pois, o autor
concluiu que, se 1,81 < Z < 2,99, a empresa está numa zona de incerteza, a qual mostra
que embora a empresa tenha políticas satisfatórias, que existem ainda pontos a
melhorar, tal como já espelhamos acima.

Outro sim, é o facto da empresa CEDE, não possuir valor de mercado, abrindo espaço a
existência de desvantagens desta primeira fórmula proposta por Altman.

Aplicando a segunda fórmula de Altman

Ano N Ano N-1

Z’ = 0.717 (X1) + 0.847 (X2) + 3.107 (X3) + 0.420 Z’ = 0.717 (X1) + 0.847 (X2) + 3.107 (X3) + 0.420 (X4)
(X4) + 0.998 (X5) + 0.998 (X5)
Z’ = 0.717 (0,02) + 0.847 (0,1) + 3.107 (0,1) + 0.420 Z’ = 0.717 (0,02) + 0.847 (0,04) + 3.107 (0,1) + 0.420
(1) + 0.998 (0,32) (0,514) + 0.998 (0,2)
Z’= 1,1491 Z’= 0,7744

Se 1,23 < Z < 2,90, uma vez mais, é possível analisar que com a presente fórmula, a
empresa CEDE ainda encontra-se em altos riscos de falência se, se considerar os dois
últimos anos. Mesmo elevando em consideração o valor do capital próprio em
substituição do valor de mercado, os cálculos indicam a uma forte inclinação para a
falência.

Aplicando a terceira fórmula de Altman


Ano N Ano N-1

Z” = 6,56 (X1) + 3,26 (X2) + 6,72 (X3) + 1,05 (X4) Z” = 6,56 (X1) + 3,26 (X2) + 6,72 (X3) + 1,05 (X4)
Z” = 6,56 (0,02) + 3,26 (0,1) + 6,72 (0,1) + 1,05 Z” = 6,56 (0,02) + 3,26 (0,02) + 6,72 (0,1) + 1,05
(0,54) (0,514)
Z”= 1,7 Z” = 1,4

Se 1,1 < Z < 2,26. Os indicadores são desta vez positivos e isso, levamos a crer que, a
terceira fórmula anima os resultados para a empresa CEDE, pois encontram-se dentro
do intervalo previsto.

3. PONTO CRÍTICO OPERACIONAL E PONTO CRÍTICO TOTAL

3.1 Ponto Crítico Operacional

Actualmente, a competitividade do mercado, faz com que muitas empresas superem


outras através de pequeníssimos aspectos que por não serem negligenciados, lhes dão
vantagens competitivas. Estes são, por exemplo decisões diárias que se referem a
vendas, clientes, fornecedores e inclusivamente o preço de venda e que são tomadas
com auxílio a ferramentas de gestão, que por sua vez, inclusivamente, suportam também
a tomada de decisão, conduzindo ao sucesso organizacional. O desenvolvimento deste
ponto vai ajudar-nos a perceber a importância de mais um indicador no apoio à gestão
operacional por medirem o risco de negócio.

O ponto crítico operacional, ou ponto crítico das vendas (PCV), e ou ponto morto, entre
outras denominações, é um indicador que nos permite identificar qual é o nível de
vendas abaixo do qual há prejuízo e acima do qual, há lucro, ou seja, no nível de vendas
do ponto crítico, o resultado é zero.

“O nível de actividade (operações) de uma organização


(empresa) para a qual os gastos igualam os réditos/rendimentos
é designado ponto crítico de vendas, isto é, não há lucro nem
prejuízo” (CAIADO, 2011, p.410).

Fonte: Daniel (2014)


Analisando o gráfico apresentado, verificamos que a linha do custo total (a vermelho) se
cruza, num determinado ponto, com a linha do proveito/vendas (a verde). Esse ponto,
denomina-se “ponto crítico das vendas”, ou seja, nesse ponto, o volume de vendas
iguala o total dos custos e por isso, o resultado é zero. O ponto crítico das vendas é
representado pela intersecção da recta das vendas com os custos totais (variáveis e
fixos). Pode ainda verificar-se que, quando o volume de vendas é acima deste ponto, há
lucro e que abaixo desse ponto, há prejuízo.

O PCV é um importante indicador do risco numa perspectiva de curto prazo, permitindo


apoiar as decisões operacionais. Através da sua análise, a empresa consegue controlar o
comportamento dos preços, quantidade, custos fixos e variáveis e saber, qual a
quantidade necessária produzir de forma a ter um determinado nível de resultados.

Para Santos a análise do PCV, é importante para uma empresa, pois por um lado,
possibilita a determinação do nível da actividade que se precisa manter para cobrir todos
os custos e por outro, possibilita a determinação do lucro associado a vários níveis de
actividade.

O detalhe das primeiras parcelas da DRN pode ser efectuado da seguinte forma:

1. As Vendas são iguais, às quantidades produzidas e vendidas (Q) multiplicadas


pelo preço de venda unitário (pv);
2. Custos Variáveis são calculados multiplicando as mesmas quantidades vendidas
(Q) pelo gasto variável unitário (gv).

Por isso ficará:

Dados

Q- quantidades produzidas e vendidas

pv: preço de venda

gv: gasto variável unitário

GF: Total dos gastos fixos

V: vendas

Mcu: margem de contribuição unitária.

Q (pv - gv) – GF = Resultado

Quando o Resultado é nulo a fórmula fica:

Q* (pv - gv) – GF = 0 ou seja o Q* (pv - gv) = GF

E por isso a quantidade do ponto crítico das vendas é obtido através da seguinte
fórmula:
Q* = GF / (pv – gv) ou Q = GF / mcu

Se na expressão Q = GF / (pv – gv) multiplicar tudo por preço de venda unitário (pv),
(mantendo por isso a expressão equivalente), obtenho:

pv x Q = pv [ GF / (pv - gv)] ou seja, V = GF / ( pv/pv – go/pv) o que faz com


que:
V = GF / (1 - gv/pv)

De acordo o Caiado (2011) a metodologia de cálculo do PCV pressupõe os seguintes


requisitos:

a) A classificação de todos os gastos em fixos e variáveis;


b) O preço de venda não se alterar durante um período;
c) Não é relevante a variação da produção e nos produtos em vias de fabrico;
d) Por regra, os gastos variáveis a sua alteração está directamente ligada e no mesmo
sentido com as quantidades produzidas/vendidas, ao contrário dos gastos fixos;
e) Os restantes rendimentos da empresa não têm significado no cálculo do PCV.

Mas o ponto crítico pode ser calculado e analisado a dois níveis, nomeadamente:

1. Quando os Gastos Fixos estão incluídos nos gastos líquidos dos financiamentos
obtidos e o seu valor, representa o volume de vendas que a empresa tem de ter,
para com a totalidade dos seus custos, chegar ao resultado nulo;
2. Quando nos Gastos Fixos não estão incluídos os gastos líquidos de
financiamento e aí, a sua informação mede o risco associado à actividade de
exploração conduzindo à informação que nos dá o risco da actividade e que é
independente da forma como se financia.

De modo a clarearmos mais as notas acima, vamos apresentar o Ponto Crítico


Operacional das vendas, que é o que efectivamente mede o risco do negócio e que tanto
pode ser calculado em quantidade como em valor.

3.1-1.1. Ponto crítico operacional em quantidade (Qc*)

O Ponto Crítico Operacional corresponde às quantidades vendidas para as quais a


empresa apresenta o resultado operacional igual a zero. Indica qual a quantidade
mínima que a empresa deve produzir ou vender para que não tenha o resultado
operacional negativo (Neves, 2012). Este obtém-se pela fórmula:

Qc* = CF/ (pv – gvu)

3.1-1.2. Ponto crítico operacional em valor (Vc*)

É o volume de vendas a partir do qual a empresa começa a ter resultados de exploração


positivos. O Ponto crítico operacional em valor é representado por Vo* com a seguinte
fórmula:

Vc* = GF / (1 - gv/pv)
Quanto mais reduzido for o ponto crítico operacional numa empresa, mais facilmente a
empresa consegue atingir lucro, reduzindo assim, o risco económico e por isso, quanto
maior for o peso dos custos fixos operacionais no volume de negócio, maior será o valor
do ponto crítico e consequentemente, maior será o risco de negócio.

3.1-1.3. Limitações do PCV

Relativamente às limitações do Ponto Crítico das Vendas, Souza (2013, p. 64) afirma
que “as aplicações do conceito de ponto de equilíbrio são de grande valia e de fácil
entendimento quando aplicado a um único produto. O que não acontece quando a
empresa trabalha com diversos produtos. Nesse caso, o assunto complica-se, já que os
custos variáveis são diferenciados também para cada um, o que provoca a
impossibilidade de cálculo de um ponto de equilíbrio global”.

Vários autores referem ainda mais algumas limitações ao PCV, tais como os
pressupostos com que é efectuado o seu cálculo e que se prendem com:

 As quantidades produzidas serem iguais às quantidades vendidas;


 O preço de venda unitário ser igual para todas as unidades vendidas;
 Que os gastos variáveis totais são proporcionais;
 Que é possível separar todos os gastos em fixos e variáveis;
 Que os gastos fixos de estrutura se mantêm constantes dentro de determinados
níveis de actividade, (um aumento da capacidade instalada implica um novo
nível de gastos fixos.

Uma outra limitação do PCV é que, face às variáveis que são essenciais para o seu
cálculo, tais como o preço de venda, a quantidade vendida e os custos variáveis
unitários, devido a flutuações de mercado (factores macroeconómicos) sofrem
alterações com frequência e por esse motivo, este indicador tem muito mais validade no
curto prazo que no longo prazo.

Todavia, apesar das limitações referidas, realçamos que o PCV, numa óptica de curto
prazo, é um importante indicador para apoiar a tomada de decisão e antecipar
problemas, através da construção de cenários onde se fazem variar cada uma das
variáveis que permitem o seu cálculo e se verifica o impacto em Resultados que tem
cada uma dessas variações.

3.2- Ponto Crítico Total

Este indicador é caracterizado pela inclusão dos gastos financeiros nos gastos fixos. Os
juros e gastos financeiros são sempre, segundo Neves, (2012) um custo fixo sendo então
a sua fórmula de cálculo:

Ponto crítico total das vendas em quantidade: Q*= (CFo + Juros) / pv – Cvu
Ponto crítico total valor: V*= (CFo + Juros) / (1 - gv/pv)
3.2-1. Limitações do Ponto Crítico das Vendas

Souza (2013:64) referindo Martins (2000), diz que “as aplicações do conceito de ponto
de equilíbrio são de grande valia e de fácil entendimento quando aplicado a um único
produto. O que não acontece quando a empresa trabalha com diversos produtos. Nesse
caso, o assunto complica-se, já que os custos variáveis são diferenciados também para
cada um, o que provoca a impossibilidade de cálculo de um ponto de equilíbrio global”.

Vários autores referem ainda mais algumas limitações ao ponto crítico das vendas, tais
como os pressupostos com que é efectuado o seu cálculo e que se presente com: as
quantidades produzidas são iguais às quantidades vendidas, o preço de venda unitário é
igual para todas as unidades vendidas, que os gastos variáveis totais são proporcionais,
que é possível separar os gastos em fixos e variáveis e ainda que os gastos fixos de
estrutura se mantêm constantes dentro de determinados níveis de actividade, (um
aumento da capacidade instalada implica um novo nível de gastos fixos.

Face ao exposto, uma outra limitação do ponto crítico das vendas é que face às variáveis
que são essenciais para o seu cálculo, tais como o preço de venda, a quantidade vendida
e os custos variáveis unitários, devido a flutuações de mercado (factores
macroeconómicos) sofrem alterações com frequência e por esse motivo, este indicador
tem muito mais validade no curto prazo que no longo prazo. (Na sua fórmula de cálculo,
não é tido em conta o valor do dinheiro no tempo).

Todavia, apesar das limitações referidas, queremos realçar que o PCV, numa óptica de
curto prazo, é um importante indicador para apoiar a tomada de decisão e antecipar
problemas, através da construção de cenários onde se fazem variar cada uma das
variáveis que permitem o seu cálculo e se verifica impacto em Resultados que tem cada
uma dessas variações.

Exemplo:

Conhecem-se os seguintes dados da empresa CEDE:

 Estrutura de custos fixos:


1. Indústrias ascenderam a $179.982
2. Não indústrias ascenderam a $30.000
 Produz e comercializa dois produtos

Produto A: Produto B:

 Quantidades vendidas: 16.000  Quantidades vendidas: 24.000


unidades unidades
 Preço de venda: $50  Preço de venda: $35
 Custo variável unitário: $16  Custo variável unitário: $24

Cálculo do ponto crítico


Quando temos mais do que um produto devemos encontrar o preço e custo ponderados
da empresa, isto é, encontrar um preço/custo de empresa ponderado pelo peso de cada
um dos seus produtos vendidos.

Vendas Preço de Venda Custo Variável MC unitária

Quant. %Q Unitário Ponderado Unitário Ponderado Unitário Ponderado

Produto A 16 000 40 $ 50 $20 $16 $6,4 $34 $13,6

Produto B 24 000 60 $ 35 $21 $24 $14,4 $11 $6,6

Total 40 000 100 $ 41 $20,8 $20,2

Os valores ponderados (Pv, Cv e MC) são encontrados pelo valor do produto ajustado
as % Q. Por exemplo, o Pv ponderado do Produto A = $50 x 40% = $20. Os 40 % são
calculados pelo peso da quantidade vendida do produto A face ao total de vendas
(A+B).

O Ponto Crítico é calculado da seguinte forma:

Industrias Não Industrias

Q= CF / MC unitário Q= CF / MC unitário

Q= $ 179.982 / $20,2 Q= $30.000 /$20,2

Q= 8.910 unidades Q= 1.485,15 unidades

V= Q x Pv V= Q x Pv

V = 8.910 x $ 41 = $365.310 V= 1.485,15 x $41= $60.891,15


CONCLUSÕES

A determinação do ponto crítico é uma ferramenta importante para empresas que


desejam iniciar a sua actividade económica assim como para empresas que desejam
optimizar a sua produção pois é neste ponto onde a empresa determina o mínimo que
deve produzir de modo a não ter lucros nem prejuízos.

Com o aumento do número de falências nos últimos anos, os modelos preditivos de


falências tornaram-se um foco de interesse para muitos académicos que procuraram
desenvolver modelos fiáveis e capazes de prever a existência de problemas financeiros
actuais e futuros nas empresas. Estes modelos procuram antever a falência ou o sucesso
de um determinado negócio sendo utilizados pelos mais variados utilizadores das
demonstrações financeiras como bancos, agências de notação de rating, seguradoras,
analistas, auditores e reguladores para análise da situação financeira das empresas.
Neste contexto, os modelos preditivos de falência impõem-se como uma ferramenta
estatística essencial que deve ser utilizada pelo auditor como forma de apoiar e
complementar a formação da sua opinião sobre a continuidade da empresa.

De entre os vários modelos apresentados salienta-se o modelo de análise discriminante


multivariada - Altman Z-Score - que, pela facilidade de aplicação e pela elevada
capacidade preditiva, reúne maior consenso entre os vários autores, tendo sido este o
modelo seleccionado para aplicação prática do presente trabalho. Da aplicação do
mesmo a um conjunto de seis empresas acompanhadas durante o estágio concluiu-se
que os resultados obtidos são consistentes com a análise individual dos principais
indicadores económico-financeiros e com o conhecimento da empresa e do seu
ambiente, concluindo-se pela utilidade do modelo enquanto procedimento substantivo
adicional que deverá ser utilizado pelo auditor na detecção de problemas relacionados
com a continuidade. Salienta-se, no entanto, que apesar da elevada capacidade preditiva
do Altman Z-Score o mesmo deverá ser considerado uma ferramenta de análise
adicional, não devendo substituir as avaliações pessoais com base na experiência e na
informação recolhida, razão pela qual o conhecimento da empresa e do seu ambiente, a
análise dos riscos inerentes e o próprio julgamento do auditor nunca deverão ser
dissociados da aplicação do modelo, mas antes analisados em complementaridade.

Conclui-se também que o indicador Z-Score tem algumas desvantagens, como o facto
de ser fiável apenas para prever falências até dois anos, o estar desajustado face à nova
realidade económica que se vive mundialmente, o ter sido desenvolvido com base em
empresas americanas não contemplando, portanto, as diferenças de outros mercados e
também o facto de não existir um Z-Score específico para cada sector de actividade.
ANEXOS

Balanço Patrimonial da Empresa CEDE Empreiteiros LDA.

Balanço em 31 de Dezembro Valores Expressos em Kwanzas


ACTIVO Exercícios
N N-1
Activo não corrente
Imobilizações corpóreas 10.300.000 9.600.000
Imobilizações incorpóreas 2.000.000 2.000.000
Investimentos Financeiros 3.000.000 3.000.000
Outros activos financeiros 100.000 90.000
Outros activos não correntes 230.000 210.000
Total do Activo não Corrente 15.630.000 14.900.000

Activo Corrente
Existências 7.600.000 6.900.000
Clientes 4.900.000 4.700.000
Disponibilidades 9.200.000 9.300.000
Outros Valores a receber 200.000 190.000
Total do Activo Corrente 21.900.000 21.090.000
TOTAL DO ACTIVO 37.530.000 35.990.000

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO


CAPITAL PRÓPRIO
Capital 10.000.000 10.000.000
Reservas 165.000 120.000
Resultados Transitados 2.055.000 1.200.000
Resultado do Exercício 990.000 900.000
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 13.210.000 12.220.000

PASSIVO
Passivo não Corrente
Empréstimos 2.900.000 3.000.000
Outros activos não correntes 585.000 730.000
Total do Passivo não Corrente 3.485.000 3.730.000
Passivo Corrente
Fornecedores 13.300.000
14.600.000
Empréstimos em curto prazo 7.000.000 5.000.000
Parte corrente do Empréstimo MLP 100.000 120.000
Outros valores a pagar 435.000 320.000
Total do Passivo Corrente 20.835.000 20.040.000
TOTAL DO PASSIVO 24.320.000 23.770.000
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO 37.530.000 35.990.000
Demonstração de resultado da Empresa Alfa Empreitada, LDA

Demonstração de resultado em 31 de Dezembro Valores Expressos em Kwanzas


Exercícios
N N-1
Vendas 12.000.000 7.000.000
Prestações de Serviços 40.000.000 35.000.000
Outros proveitos operacionais 900.000 1.000.000
52.900.000 43.000.000
Variação na Produção 100.000 90.000
Trabalhos na Própria Empresa 50.000 60.000
CMV 4.000.000 2.600.000
Custos com Pessoal 19.000.000 17.000.000
Amortizações 7.500.000 6.3000.000
Outros custos operacionais 19.500.000 14.700.000
Resultados Operacionais 2.950.000 2.460.000
Resultados financeiros -1.300.000 -950.000
Resultados em filiais e associadas 26000 23.000
Resultados não operacionais -235.000 -217.000
Resultado antes dos Impostos 1.441.000 1.316.000
Impostos sobre os rendimentos 516.000 474.500
Resultado líquido das actividades corrente 925.000 841.500

Resultados extraordinários 100.000 90.000


Impostos sobre os rendimentos 35.000 31.500
Resultado líquido do exercício 990.000 900.000

A taxa de imposto corresponde a 35 porcento


Balanço Financeiro da Empresa CEDE Empreiteiros LDA.

Balanço em 31 de Dezembro Valores Expressos em Kwanzas


APLICACOES Exercícios
N N-1
Activo Fixo
Imobilizações corpóreas 10.300.000 9.600.000
Imobilizações incorpóreas 2.000.000 2.000.000
Investimentos Financeiros 3.000.000 3.000.000
Outros activos financeiros 100.000 90.000
Outros activos não correntes 230.000 210.000
Sub-total 15.630.000 14.900.000

Activo Circulante
Existências 7.600.000 6.900.000
Clientes 4.900.000 4.700.000
Sub-total 12.500.000 11.600.000

Tesouraria Activa
Disponibilidade 9.200.000 9.300.000
Outros Valores a receber 200.000 190.000
Sub-total 9.400.000 9.490.000

TOTAL DAS APLICAÇÕES 37.530.000 35.990.000

RECURSOS
CAPITAL PRÓPRIO
Capital 10.000.000 10.000.000
Reservas 462.000 390.000
Resultados Transitados 2.352.000 1.470.000
Sub-total 12.814.000 11.860.000

Capitais Estáveis
Empréstimos 2.900.000 3.000.000
Outros Passivos não corrente 585.000 730.000
Sub-total 3.485.000 3.730.000

Passivo de Exploração
Fornecedores 13.300.000 14.600.000
Sub-total 13.300.000 14.600.000

Tesouraria Passiva
Accionistas Resultado Atribuído 396.000 360.000
Empréstimos em curto prazo 7.000.000 5.000.000
Parte corrente do Empréstimo MLP 100.000 120.000
Outros valores apagar 435.000 320.000
Sub-total 7.931.000 5.800.000
TOTAL DOS RECURSOS 37.530.000 35.990.000

OBS: O resultado líquido foi repartido da seguinte forma:


30% Para reservas; 30% para resultados transitados e o restante para sócios.

Balanço Funcional

Balanço Funcional em 31 de Dezembro N N-1

Capitais Próprios 12.814.000 11.860.000

Capitais Estáveis 3.485.000 3.730.000

Capitais Permanentes 16.299.000 15.590.000

Activo Fixo 15.630.000 14.900.000

Fundo de Maneio 669.000 690.000

Necessidades Cíclicas

Existências 7.600.000 6.900.000

Clientes 4.900.000 4.700.000

Sub-total 12.500.000 11.600.000

Recursos Cíclicos

Fornecedores 13.300.000 14.600.000

Sub-total 13.300.000 14.600.000

Necessidade de Fundo de Maneio (800.000) (3.000.000)

Tesouraria Líquida 1.469.000 3.690.000


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pires, Isaurinda S. F. (2013). Elaboração De Um Modelo De Previsão De


Falência Nas Empresas Cotadas Na Bolsa De Valores Em Cabo Verde. Dissertação De
Licenciatura Em Contabilidade e Administração. Instituto Superior de Ciências
Económicas e Empresárias.

Da Silva, Marta Filipe Ferreira (2015). A Aplicação Do Altman Z-Score Na


Avaliação Da Continuidade.

Da Silva, Ana R. S. Coelho. (2011). Modelos De Previsão De Falência De


Empresas. Dissertação De Mestrado Em Contabilidade. Instituto Superior de
Contabilidade e Administração de Lisboa.

Amaro, Dânia J. Saraiva. (2015). Modelos de Previsão de Falência: O Sector


Bancário Português. Dissertação de Mestrado em Análise Financeira. Instituto Superior
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Nascimento, Tatiana Cardoso. (2016). A Falência de uma Instituição Financeira


e o Risco Sistémico. Dissertação de Mestrado em Finanças Empresárias. Universidade
do Algarve, Faculdade de Economia.

Soares, João. Análise do Risco e da Incerteza.

Teixeira, A. B. de Sousa & Daniel, N. Maria. (2015). O Custeio Variável e o


Risco do Negócio. Revista de Contabilidade e Controladoria.

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