Manual Tecnico Do Pre Natal Parto e Puerperio PDF
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PARTO E PUERPÉR IO
MANUAL TÉCNICO
DO PRÉ- NATAL,
PRODUTO 1
UNICAMP
COORDENAÇÃO DO PROJETO
ELABORAÇÃO
COLABORAÇÃO
Samira M. Haddad
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Secretaria da Saúde
Pré-natal e puerpério
manual técnico
Sumário
1- Introdução .................................................................................................... 10
2- Organização do Processo Assistencial ........................................................ 11
2.1 Nas redes regionais de atenção a saúde.......................................................... 11
2.2 Na atenção básica............................................................................................. 12
2.2.1.Organização da assistência.................................................................................... 12
Apresentação
1- Introdução
2.2.1.Organização da assistência
As rotinas estabelecidas devem respeitar as características locais, com máximo
aproveitamento do tempo e das instalações. Isso inclui normatizações sobre:
Procedimento de busca ativa;
Visitas domiciliares;
Educação em saúde;
Acolhimento da gestante e seus familiares;
Recepção e registro;
Convocação de pacientes;
Dispensação de medicamentos;
Fornecimento de laudos e atestados médicos;
Verificação de dados físicos;
Rotina das consultas e da solicitação de exames.
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Técnico de Enfermagem*:
Médico (a):
Tabela de correção para aferição da pressão arterial, nas situações em que não
houver manguito específico para gestantes obesas.
Relação de medicamentos que devem estar disponíveis para atendimento à
urgência e emergência (Anexo 3)
* A recente recomendação da OMS sugere oito consultas pré-natais, e este número está
sendo incorporado como recomendação. Embora, o SIS-Pré-Natal permaneça
utilizando o número mínimo de 6 consultas no pré-natal e uma consulta de puerpério.
instrumentos para coleta de dados. Processo similar pode ser feito com os
desfechos perinatais graves (óbitos fetais e mortes neonatais precoces até 7 dias).
Estes dados podem ser coletados e revistos em intervalos regulares
(semestralmente, por exemplo). Os casos devem ser levados para discussão junto
à equipe de saúde. Assim, propõe-se que as unidades básicas do Estado de São
Paulo assumam a responsabilidade de identificar estas situações junto às gestantes
sob seu acompanhamento. As condições clínicas que devem ser identificadas, como
sinalizadoras dos casos de morbidade materna grave incluem: eclâmpsia,
histerectomia, internação em UTI e transfusão sanguínea.
Tabela 2.1 – Instrumento para coleta de dados sobre desfechos maternos e fetais-
neonatais
Desfechos (números absolutos – nível da unidade básica de
saúde)
Número de nascidos vivos (NV)
Número de casos com condições maternas graves
Número de mortes maternas (MM)
Número de óbitos fetais (> 500g)
Número de mortes neonatais precoces (até 7 dias)
Número de mortes neonatais tardias (até 28 dias)
Condições clínicas graves
Eclâmpsia
Histerectomia,
Internação em UTI
Transfusão sanguínea
Modificado de OMS, 2011; Souza et al., 2010.
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3 – Planejamento da gravidez
história clínica e do exame físico merecem ser citados, como indicadores de especial
atenção para o período pré-concepcional, a saber:
habitual. Especial atenção deve ser reservada aos casais consanguíneos (dois
indivíduos com pelo menos um ancestral em comum), o que eleva o risco para doenças
autossômicas recessivas ou multifatoriais.
Estrona Misoprostol
Etinilestradinol Noretindrona
Etrenitrato Noretinodrel
Fenciclidina
exames normais, a cada três anos). É importante ressaltar que, para muitas mulheres,
este pode ser seu primeiro contato com o sistema de saúde e a oportunidade deve ser
aproveitada para investigação de sua condição médica geral.
Colpocitologia oncológica: a cada três anos, após duas citologias normais com
um ano de intervalo. Se forem identificadas alterações, prosseguir conforme manual de
condutas do Instituto Nacional do Câncer.
Glicemia de jejum para mulheres com fatores de risco - idade igual ou superior
a 35 anos, obesidade, parente de primeiro grau com diabetes, história prévia de diabetes
gestacional, macrossomia fetal, óbito fetal tardio sem motivo esclarecido.
Mamografia para mulheres com 35 anos ou mais pertencentes a grupos
populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de mama - história familiar de
pelo menos um parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama, abaixo
dos 50 anos de idade; história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau com
diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
história familiar de câncer de mama masculino; diagnóstico histopatológico pessoal de
lesão mamária com atipia ou neoplasia lobular in situ.
Sorologia para Hepatite B (HBsAg, Anti-HBs) e para Hepatite C (Anti-HCV) para
orientação sobre risco gestacional e indispensáveis para aquelas com histórico clínico
que indique a possibilidade de contaminação - usuárias de drogas, com múltiplos
parceiros, com histórico de infecções sexualmente transmissível (IST) ou com histórico
de transfusão de sangue. Nas gestantes com anti-HBs negativo e HBsAg negativo,
indica-se vacinação para Hepatite B. Em casos de sorologia positiva (HBsAg),
encaminhar para acompanhamento, incluindo a avaliação de comunicantes.
4 - Diagnóstico da gravidez
Persistindo suspeita de
Gravidez confirmada gravidez, solicitar β-HCG
sérico ou aguardar 7 dias para
novo TIG
Iniciar pré-natal
anamnese completa
Esta avaliação de risco deve ser contínua, a cada consulta, valorizando o caráter
dinâmico do ciclo gravídico-puerperal, apoiada em novas informações, queixas ou
achados clínicos, por profissionais atentos e bem treinados. Há necessidade de
adequação da lista de condições potenciais de risco à situação epidemiológica local,
estabelecendo-se uma LC regional que dependerá da distribuição e localização dos
serviços de referência.
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Menos que cinco anos de estudo regular Atenção para nível de compreensão das orientações,
especialmente recomendações escritas. Buscar formas
alternativas de comunicação e solicitar acompanhante
quando percebida limitação de entendimento.
Ocupação com esforço físico excessivo, Avaliação de adequação de atividade, função, carga horária e
trabalho noturno, carga horária extensa, solicitação médica formal ao empregador de mudança de
rotatividade de horário, exposição a função ou área de trabalho. Orientar pausas periódicas para
agentes físicos, químicos e biológicos e descanso, especialmente após as refeições.
níveis altos de estresse.
Altura menor que 1,45 m Atenção para crescimento uterino e valorização de queixas
de contrações ou perdas vaginais.
Idade menor que 15 e maior que 35 No caso de adolescentes, buscar adequação da atenção
anos obstétrica respeitando as particularidades sociais e
psicológicas da faixa etária, maior risco de complicações
(como prematuridade). É recomendada a realização de
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Cirurgia uterina anterior (que não sejam Recomendado agendamento de cesárea, fora do início de
cesáreas) trabalho de parto, em torno de 39 semanas.
Intervalo interpartal menor que dois Atenção para sinais de trabalho de parto prematuro.
anos Pesquisar rede de apoio para auxílio ao cuidado dos filhos,
avaliar afastamento laboral de
companheiro/familiar/acompanhante na eventualidade de
cuidado especial durante a gestação. Oferecer planejamento
familiar.
Nuliparidade e grande multiparidade (> Pesquisar rede de apoio para auxílio ao cuidado do(s)
4 gestações) filho(s), oferecer planejamento familiar.
Duas ou mais cesarianas prévias Afastar diagnóstico atual de acretismo placentário com
ultrassonografia no final do 3º trimestre. Recomendação de
parto cesárea em torno de 39 semanas.
Morte perinatal explicada ou Podem ser acompanhadas na Atenção Básica após avaliação
inexplicada; com especialista para definição da conduta na atenção pré-
natal
Aneurismas;
Aterosclerose;
Câncer;
Cardiopatias;
Cirurgia bariátrica;
Epilepsia;
Hanseníase;
Hemopatias;
Nefropatias;
Pneumopatias;
Tromboembolismo;
Tuberculose;
Asma grave.
Aloimunização;
Amniorrexe prematura;
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Gestação múltipla;
Oligo ou polidrâmnio;
Hidropsia fetal;
Óbito fetal;
Síndromes hemorrágicas;
Gravidez prolongada.
Eclâmpsia/convulsões;
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Prurido gestacional/icterícia;
A) História clínica
Identificação:
o nome;
o idade;
o naturalidade;
o procedência;
o endereço atual;
Características socioeconômicas:
o grau de instrução;
o profissão/ocupação;
o estado civil/união;
o renda familiar;
Violência doméstica.
Antecedentes familiares:
o diabetes mellitus;
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o doença de Chagas;
o doenças congênitas;
o gemelaridade;
o hanseníase;
o hipertensão arterial;
Antecedentes pessoais:
o alergias;
o aneurismas;
o aterosclerose;
o câncer;
o hemopatias;
o nefropatias;
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o pneumopatias;
o psicose;
o transfusões de sangue;
o trauma;
o tromboembolismo.
Antecedentes ginecológicos:
o malformação genital;
Sexualidade:
o dispareunia;
Antecedentes obstétricos:
o aloimunização Rh;
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o mortes neonatais precoces: até sete dias de vida (número e motivo dos óbitos);
Gestação atual:
o identificar gestantes com fraca rede de suporte social e/ou com baixa adesão
aos cuidados pré-natais;
B) Exame físico
Geral:
o ausculta cardiopulmonar;
o exame do abdômen;
Específico (gineco-obstétrico):
o exame especular e toque vaginal – essa etapa pode ser realizada na consulta
de retorno, considerando o contexto clínico e o desejo da mulher.
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C) Exames de rotina
Eletroforese de hemoglobina
Teste rápido de triagem para sífilis e/ou sorologia para sífilis (VDRL, RPR,
ELISA, TPHA, FTA-Abs etc) – O rastreamento é iniciado na primeira consulta com teste
treponêmico (rápido ou convencional) ou não-treponêmico. Deverá ser repetido
obrigatoriamente entre 28-30 semanas, no momento do parto e em caso de
abortamento. Na medida da disponibilidade, pode-se repetir também no 2º trimestre.
Para agilidade no diagnóstico e posterior conduta, recomenda-se realizar teste rápido
na unidade de saúde na 1ª consulta. É importante ressaltar que, como o teste rápido
para sífilis é um teste treponêmico; um resultado positivo indica infecção atual ou
pregressa (ver Capítulo 9, item 9.9).
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Aconselhamento pré-teste:
o Explicar o que é o teste anti-HIV, como é feito, o que avalia, suas limitações,
explicando o significado dos resultados negativo, indeterminado e positivo (ver
Capítulo 7, item 7.7).
o Se tiver IgM positivo e IgG negativo, repetir em duas semanas para ver
se houve conversão de IgG, compatível com diagnóstico infecção
recente.
Protoparasitológico de fezes.
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D) Condutas
Cálculo da idade gestacional e data provável do parto.
Prescrição de ácido fólico 5mg/dia para prevenção de defeitos abertos do tubo neural,
indispensável se houver antecedente de defeitos de tubo neural, diabética, obesa,
epiléticas e fumantes, entre 30 dias antes e até 14 semanas. Para as gestantes em
uso de antiepilépticos, manter ácido fólico 5mg/dia até final da gravidez.
B) Monitoramento
Estado geral.
Pesquisa de edema.
C) Condutas
Pressupostos:
Para as gestantes com algum risco, a definição do cronograma de consultas deve ser
adequada a cada caso e depende diretamente do agravo em questão;
A gestante deverá ser atendida sempre que hover uma intercorrência ou um sinal de
alerta, independente do calendário estabelecido. Da mesma forma, retornos para
avaliação de resultados de exames ou para outras ações, no âmbito clínico ou não,
devem ser considerados fora do calendário de rotina;
5.7 Imunização
As vacinas virais vivas de sarampo, da rubéola, da caxumba (SCR) e da febre
amarela não são recomendadas em situações normais. Contudo, quando for alto o risco
de ocorrer a infecção natural pelos agentes dessas doenças (viagens a áreas
endêmicas ou vigência de surtos ou epidemias), deve-se avaliar a situação, sendo válido
optar-se pela vacinação quando o benefício for considerado maior do que o possível
risco. Após a vacinação com tríplice viral (SCR), recomenda-se evitar a gravidez durante
um mês (30 dias), apenas por precaução. Entretanto, se a mulher engravidar antes
desse prazo ou se houver administração inadvertida durante a gestação, não se justifica
o aborto em nenhum desses casos, por se tratar apenas de risco teórico. A gestante
deverá ser acompanhada pelo serviço de saúde.
Para imunização, são necessárias 3 doses (0, 2 e 6 meses) com reforço a cada
10 anos em caso de não-gestantes e após 5 anos para gestantes. A primeira dose
deverá ser a tríplice bacteriana acelular de adulto, que inclui proteção contra difetria,
tétano e coqueluche (dTpa) e as demais podem ser com dupla – dT (difteria e tétano),
recomendando-se dTpa para o reforço. Na gestação, é necessário investigar a história
pregressa de vacinação, confirmada com apresentação do comprovante (cartão de
vacina). As indicações para cada situação específica estão no Quadro 5.2. Caso a
gestante não complete seu esquema durante a gravidez, esse deverá ser completado
no puerpério (na consulta puerperal, na consulta do recém-nascido para iniciar o
esquema básico de vacinação, ou em qualquer outra oportunidade).
Gestantes com esquema completo > 5 anos: Reforço com dTpa (tríplice
bacteriana acelular = difteria, tétano e pertussis) entre 27 e 36 semanas de gravidez.
Gestantes com esquema incompleto - completar esquema: Caso somente uma
dose da vacina seja necessária para completar o esquema, deverá ser administrada
dTpa preferencialmente entre 27 e 36 semanas de gestação. Caso duas doses da
vacina sejam necessárias para completar o esquema da gestante, deverá ser realizada
dTpa a partir da 27ª semana de gestação e dT 30-60 dias depois, sendo a última dose
até 20 dias antes do parto.
Gestantes não previamente vacinadas - o esquema na gestação, para adequada
profilaxia do tétano neonatal, compreende duas doses da vacina dupla antitetânica:
dTpa a partir de 20 semanas de gestação seguida de dT 30-60 dias após, realizada
preferencialmente até 20 dias antes do parto. A 3ª dose (dT) poderá ser aplicada após
o nascimento, 30-60 dias após a segunda dose.
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Contraindicações:
Contraindicações:
história de alergia severa à proteína do ovo e aos seus derivados, assim como a
qualquer componente da vacina;
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Gestante sem vacinação prévia: 1ª dose após primeiro trimestre, 2ª dose um mês
após e 3ª dose seis meses após a primeira dose.
Imunoglobulina contra varicela: Gestante suscetível que tenha contato com varicela
deve receber a imunoglobulina humana antivaricela-zoster (IGHVAZ) idealmente até
96hs após o contato (podendo ser utilizada até 10 dias) para amenizar o quadro clínico
e prevenir complicações clínicas na gestante (ex: pneumonite).
É preciso ter claro que a visita domiciliar é uma ação de saúde que se oferece
à usuária para facilitar seu acesso à atenção. Não se trata de uma investigação sobre
a mulher e/ou seu domicílio, nem de uma ação para obrigá-la a iniciar ou prosseguir o
pré-natal. A equipe deve, sim, avaliar se existem obstáculos que impedem a mulher de
realizar o acompanhamento e buscar soluções compartilhadas com ela. Além disso, não
se pode esquecer que a gravidez é um evento da vida privada da mulhere nem sempre
a família ou vizinhos sabem de sua situação gestacional. Portanto, a(o) profissional que
realiza visitas a mulheres possivelmente ou sabidamente grávidas, devem fazê-lo
mantendo a privacidade da condição conforme desejo da mulher.
estar, sua saúde e a do feto. Para que isto ocorra, é preciso reconhecer necessidades,
ofertar informações e possibilitar troca de experiências.
para ela e recém-nascido. Os elementos que devem ser abordados no preparo para o
parto incluem:
a) Resgate do conceito de gestação, parto e aleitamento materno como
processos fisiológicos, sem deixar de considerar a segurança e seus limites.
b) Estímulo ao parto normal (se não houver contra-indicação), ajudando a diminuir
ansiedade, insegurança e medo do parto, da dor, de o bebê nascer com
problemas, entre outros.
c) Estímulo ao preparo conjunto do pai e/ou outra pessoa de seu círculo de
confiança para acompanhá-la durante o trabalho de parto e parto.
d) Promoção de visita prévia da mulher e seus familiares ao local do parto, para
que se sintam mais seguros num ambiente previamente conhecido;
e) Planejamento de transporte e garantia de realização do parto em ambiente
com segurança para a gestante e o recém-nascido, com os recursos
necessários e capaz de dar atendimento imediato nas situações de risco.
Considerar a distância entre a residência da mulher e a maternidade de
referência na orientação para o momento adequado de busca de cuidados.
f) Esclarecimento sobre sinais trabalho de parto ou de alerta e necessidade de
busca de atendimento imediato (sangramento vaginal, perda de líquido,
contrações, febre, dor abdominal contínua, alteração visual, convulsões,
dificuldade respiratória).
g) Orientação para busca de cuidados e internação idealmente na fase ativa do
trabalho de parto, com contrações ritmadas e com dilatação em progressão.
h) Fornecimento de orientações e esclarecimento sobre a evolução do parto:
contrações, dilatação, perda do tampão mucoso, perda de líquido ou sangue,
evitando informações excessivas e utilizando mensagens simples e claras;
i) Orientação quanto ao direito legal e estímulo à permanência de acompanhante
de escolha da gestante durante o trabalho de parto, parto e puerpério.
j) Esclarecimento sobre condições que contra-indicam a via vaginal (placenta
prévia, duas ou mais cesarianas anteriores, feto pélvico, cicatriz uterina
longitudinal, etc), com recomendação de cesárea idealmente entre 39-40
semanas, para reduzir risco de insuficiência respiratória neonatal.
k) Informação sobre estratégias que podem ser utilizadas para aliviar a dor do
trabalho de parto: massagens nas costas realizadas pelo acompanhante ou
profissionais de saúde, deambulação, bolas para massagem no períneo e
movimentos de quadril, duchas ou banheiras com água aquecida durante o
trabalho de parto, eventualmente remédios utilizados por injeção e analgesia
peridural (nas costas) quando houver anestesista disponível e após utilização
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Se o trabalho de parto não se iniciar até 41ª semanas, a gestante deve ser
encaminhada à maternidade de referência para os procedimentos de parto.
Hemorróidas Mulheres com hemorróidas devem ser Mulheres com dor severa, hemorroidas
orientadas sobre medidas dietéticas para prolapsadas ou edemaciadas ou com
evitar constipação e deve ser oferecido sangramento retal devem receber
tratamento tópico. tratamento imediato.
Incontinência fecal As mulheres com queixa de incontinência Se sintomas são persistentes, avaliar com
fecal devem ser avaliadas quanto a proctologista.
severidade, duração e frequência dos
sintomas.
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Utilizado para mulheres com ciclos menstruais regulares, que não estão
amamentando, nem fazendo uso de métodos anticoncepcionais hormonais.
gestante, com base em seu peso e sua estatura, permite conhecer seu estado
nutricional no início do acompanhamento pré-natal e subsidia a previsão de ganho de
peso até o fim da gestação. Essa avaliação deve seguir as instruções abaixo:
Peso (kg)
Índice de Massa Corporal (IMC) = –––––
Altura² (m)
• Baixo peso (BP): quando o IMC for igual ou menor que os valores apresentados
na coluna correspondente a baixo peso;
• Adequado (A): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a adequado;
• Sobrepeso (S): quando o IMC observado estiver compreendido na faixa de
valores apresentada na coluna correspondente a sobrepeso;
• Obesidade (O): quando o IMC for igual ou maior que os valores apresentados
na coluna correspondente à obesidade.
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• Baixo peso (BP) - realizar consulta em intervalo menor que o habitual (máximo
15 dias). Investigar história alimentar, hiperêmese gravídica, infecções,
parasitoses, anemias e doenças debilitantes. Dar orientação nutricional, visando
atingir o peso adequado e promover hábitos alimentares saudáveis.
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• Adequado (A): seguir calendário habitual. Explicar que o peso está adequado
para a idade gestacional, dar orientação nutricional, visando à manutenção do
peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis.
• Sobrepeso e obesidade (S e O): marcar consulta em intervalo menor que o
fixado no calendário habitual (15 dias). Investigar obesidade pré-gestacional,
edema, polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla e doenças associadas
(diabetes, pré-eclâmpsia, etc.); dar orientação nutricional, visando à promoção
do peso adequado ou o controle do ganho de peso e de hábitos alimentares
saudáveis. Na obesidade grau 2 - IMC>35Kg/m2 ou grau 3 – IMC ≥40Kg/m2, a
orientação para a adequação alimentar pode levar a perda ou apenas discreto
ganho de peso particularmente no primeiro e segundo trimestres.
Gestantes de baixo peso deverão ganhar entre 12,5 e 18,0 kg durante toda a
gestação, sendo esse ganho, em média, de 2,3 kg no 1⁰ trimestre da gestação (até 13ª
semana) e de 0,5 kg por semana no 2⁰ e 3⁰ trimestres de gestação. Essa variabilidade
de ganho deve-se ao entendimento de que gestantes com baixo peso acentuado devem
ganhar mais peso (até 18,0 kg) do que aquelas situadas em área próxima à faixa de
normalidade, cujo ganho deve situar-se em torno de 12,5 kg. Gestantes com IMC
adequado devem ganhar, até o fim da gestação, entre 11,5 e 16,0 kg. Gestantes com
sobrepeso devem acumular entre 7 e 11,5 kg e as obesas devem apresentar ganho
entre 5,0 e 9,0 kg, com recomendação específica e diferente por trimestre.
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Tabela 6.2 – Ganho de peso recomendado (em kg) na gestação, segundo estado
nutricional inicial
Estado Ganho de peso Ganho de peso Ganho de peso
nutricional (IMC) total (kg) no 1º semanal médio total (kg)
trimestre (kg) no 2º e 3º
trimestres
Baixo peso 2,3 0,5 12,5 – 18,0
Adequado 1,6 0,4 11,5 – 16,0
Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 – 11,5
Obesidade – 0,2 5,0 – 9,0
Fonte: IOM 2009
• Níveis tensionais iguais ou maiores que 140 mmHg de pressão sistólica, e iguais
ou maiores que 90 mmHg de pressão diastólica, mantidos em duas ocasiões, aferidos
com intervalo de quatro horas. Hipertensão arterial grave é definida pela PAS
≥160mmHg e PAD ≥110mmHg, aferidas em intervalo curto ou uma única ocasião.
Higienizar as mãos.
Certificar-se de que o aparelho de pressão (esfigmomanômetro) esta calibrado.
Explicar o procedimento à mulher, orientando-a para não falar durante o exame
Buscar criar um clima de relaxamento.
Certificar-se de que a gestante:
- Não está com a bexiga cheia;
- Não praticou exercícios físicos;
- Não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou fumou até 30 minutos antes.
Com a gestante sentada, em um ambiente calmo, após um período de 5 minutos
de repouso, apoiar-lhe o antebraço numa superfície, com a palma da mão
voltada para cima, à altura do coração, desnudando o braço, com o cotovelo
ligeiramente fletido. A aferição na posição sentada é aconselhada por ser a
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Nos casos em que a pressão arterial tiver sido aferida inicialmente pelos
profissionais de enfermagem, o(a) médico(a) deverá ser avisado(a) imediatamente se a
PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 110mmHg.
A triagem de proteinúria deve ser feita para as gestantes com edema e/ou
aumento dos níveis da pressão arterial além daquelas de alto risco para pré-eclâmpsia.
Observações importantes:
Palpação obstétrica
A situação transversa reduz a medida de altura uterina, podendo falsear sua relação
com a idade gestacional.
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Manobras de palpação:
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Situação:
Apresentação:
Condutas:
Evoluindo entre
as curvas
Crescimento Seguir calendário
superiores e
normal. básico.
inferiores.
Encaminhar
Evoluindo acima É possível que gestante à consulta
da curva superior a IG seja maior médica para:
e com a mesma que a - confirmar a
inclinação desta; estimada; alteração;
ou - confirmar a IG com
Evoluindo abaixo É possível que ultrassonografia;
da curva inferior a IG seja menor - referir ao pré-natal
e com a mesma que a de alto-risco, na
inclinação desta. estimada. suspeita de desvio do
crescimento fetal.
É possível
tratar-se de
Evoluindo acima gestação Referir ao pré-natal
da curva superior múltipla, de alto-risco.
e com inclinação polidrâmnio, Solicitar
maior que esta. macrossomia, ultrassonografia.
ou outra
situação.
Se o traçado
cruzar a curva
Evoluindo com inferior ou
Referir ao pré-natal
inclinação estiver
de alto-risco.
persistente afastando-se
Avaliar a vitalidade
menor que a dela, provável
fetal.
curva inferior. restrição do
crescimento
fetal.
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Escolher um período do dia para estar mais atenta aos movimentos fetais.
Alimentar-se previamente ao início do registro.
Sentar-se com a mão sobre o abdome.
Registrar os movimentos do feto nos espaços demarcados pelo formulário,
anotando o horário de início e de término do registro.
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A contagem dos movimentos é realizada por período máximo de uma hora. Caso a
gestante consiga registrar seis movimentos em menos tempo, não é necessário manter
a observação durante uma hora completa. Entretanto, se após uma hora ela não foi
capaz de contar seis movimentos, deverá repetir o procedimento. Se na próxima hora
não sentir seis movimentos, deverá procurar imediatamente a unidade de saúde. Assim,
considera-se como “inatividade fetal” o registro com menos de seis movimentos por
hora, em duas horas consecutivas.
Na região sacra:
Técnica:
Exame ginecológico:
Inspeção e palpação dos genitais externos: avalie a vulva, o períneo, o introito
vaginal, a região anal.
Palpação da região inguinal à procura de linfonodomegalia.
Exame especular: introduza o espéculo e analise a mucosa e o conteúdo
vaginal, o colo uterino e o aspecto do muco cervical. Pesquise a presença de
lesões, sinais de infecção, distopias e incompetência istmo-cervical. Avalie a
necessidade de coletar material para bacterioscopia.
Coleta de material para exame colpocitopatológico com espátula na
ectocervice.
Realizar o teste das aminas (KOH a 10%) e pH vaginal se risco de parto
prematuro ou presença de conteúdo vaginal anormal (critérios de Amsel).
Toque bimanual: avaliar as condições do colo uterino (permeabilidade), o
volume uterino (regularidade e compatibilidade com a amenorréia), a
sensibilidade à mobilização do útero e as alterações anexiais.
É mínimo o risco da progressão de uma lesão de alto grau para carcinoma invasor
durante o período gestacional. Já a taxa de regressão espontânea após o parto é
relativamente alta. Mulheres gestantes com o laudo citopatológico alterado devem
seguir a mesma conduta recomendada para as mulheres não grávidas na unidade
básica de saúde. No centro de referência regional, o objetivo principal é afastar a
possibilidade de lesão invasora. Se for confirmada a invasão pela biópsia, a paciente
deverá ser encaminhada à unidade de assistência de alta complexidade.
A conduta obstétrica, em princípio, não deve ser modificada em decorrência dos
resultados colposcópicos, citopatológicos e histopatológicos, exceto nos casos de
franca invasão ou obstrução do canal do parto. Após o parto, as reavaliações
colposcópica e citopatológica deverão ser realizadas, entre seis e oito semanas, em um
centro de referência regional.
Vantagens da amamentação
Para a mulher:
Para a criança:
Pega: A pega correta acontece quando o posicionamento permite que a criança abra a
boca de forma a conseguir abocanhar quase toda, ou toda, a região mamilo areolar.
Assim, é possível garantir a retirada adequada de leite do peito, o que proporciona
conforto para a mulher e adequado crescimento e desenvolvimento da criança.
• HbAC: heterozigose
para hemoglobina C, sem
• As gestantes diagnosticadas com
doença falciforme.
doença falciforme devem ser
encaminhadas ao serviço de referência
• HbA com variante
(pré-natal de alto risco).
qualquer: sem doença
falciforme;
Sorologia para sífilis VDRL reagente, com Peça confirmação com teste
com teste não- titulação treponêmico na mesma amostra,
treponêmico (VDRL) idealmente.
1) Sífilis primária, secundária e latente
recente (menos de 1 ano de
evolução): penicilina benzatina, 2
aplicações de 2.400.000 UI
(1.200.000 em cada nádega), com
intervalo de uma semana. Dose total
de 4.800.000 UI (protocolo Estado de
São Paulo).
2) Sífilis terciária, indeterminada ou
latente tardia (1 ano ou mais de
evolução ou duração ignorada):
penicilina benzatina, 3 aplicações de
2.400.000 UI (1.200.000 UI em cada
nádega), com intervalo de uma
semana. Dose total de 7.200.000 UI.
Profilaxia da Aloimunização Rh
A ordem de realização pode variar nos serviços de saúde (ver Figura 1, 2 e 3).
Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra
de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não
treponêmico imediatamente. Para gestantes, o tratamento deve ser iniciado com apenas
um teste reagente, treponêmico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do
segundo teste. Deve-se solicitar o teste confirmatório (treponêmico: TPHA ou FTA-Abs)
na mesma amostra, quando o teste não treponêmico for reagente (VDRL ou RPR), em
qualquer titulação. Também se recomenda realizar outro teste treponêmico se o TR for
reagente e o teste não–treponêmico (VDRL) for não reagente.
Parcerias sexuais de pessoas com sífilis deverão: 1) realizar testes
imunológicos; 2) ser tratadas com esquema de sífilis latente tardia, na ausência de sinais
e sintomas; 3) ser tratadas imediatamente, se dúvida quanto ao seguimento.
109
por mensal VDRL posterior (o VDRL é o teste indicado para avaliação de cura).
Com VDRL apresentando elevação de ao menos duas diluições, considerar a
possibilidade de uma reinfecção ou falha terapêutica.
Teste rápido: O diagnóstico com teste rápido, indicado na 1ª consulta e no parto, está
representado no Fluxograma 2.
115
FIGURA 7.1 Fluxograma para detecção de anticorpos HIV em indivíduos com idade acima de dois anos (recomendado acima de 18 meses).
Amostra
(Soro ou Plasma,
sangue total ou
sangue seco em papel Coletar nova amostra após
filtro) 30 dias caso persista a
Resultado
Primeira Amostra suspeita de infecção.
Resultado
Não Não Não Não
Amostra Reagente? Indeterminada para HIV
Reagente?
Sim
Realizou a
Sim Etapa II?
Amostra
Não Reagente Sim
Coletar nova amostra após para HIV
30 dias caso persista a
suspeita de infecção. Amostra
Resultado Resultado Reagente para HIV
Não
Reagente? Indeterminado
ETAPA I
Resultado
Resultado Resultado
Não Não Não
Reagente? Indeterminado
Reagente?
FIGURA 7.2 Fluxograma para diagnóstico rápido da infecção pelo HIV em situações especiais.
Amostra
Realizar Teste
Rápido 1 (TR1)
Válido? Sim
Não
Válido?
Amostra Repetir Teste
Não Reagente Sim
Rápido 2 (TR2)
para HIV
Não
Resultado negativo - esse resultado poderá significar que a mulher não está infectada ou que foi
infectada tão recentemente que não houve tempo para seu organismo produzir anticorpos em
concentração detectável pelo teste de triagem em uso (janela imunológica). Diante dessa suspeita, o
teste anti-HIV deverá ser repetido em 30 dias, orientando-se a mulher e seu parceiro para o uso de
preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações sexuais. O profissional de saúde deverá
colocar-se à disposição da mulher, sempre que necessário, para prestar esclarecimento e suporte
durante o intervalo de tempo que transcorrerá até a realização da nova testagem.
Resultado indeterminado - esse resultado poderá significar falso positivo ou verdadeiro positivo de
infecção recente, cujos anticorpos anti-HIV circulantes não estão, ainda, em concentração elevada para
atingir o ponto de corte determinado pelo fabricante para considerar o teste positivo. Nessa situação, o
teste deverá ser repetido em 30 dias, orientando-se a mulher e seu parceiro para o uso de preservativo
(masculino ou feminino) em todas as relações sexuais. Diante desse resultado, o profissional deverá:
o discutir o significado do resultado;
o encorajar para a nova testagem, oferecendo apoio emocional sempre que se fizer necessário;
o orientar a procurar o serviço de saúde, caso surjam sinais e sintomas não atribuíveis à gestação;
o reforçar sobre as medidas para prevenção do HIV e de outras DST.
A gestante com HBsAg reagente e HBeAg não reagente deverá ter função hepática e carga viral de
HBV avaliada na primeira consulta e depois no 2º trimestre. Para tanto, deve ser encaminhada para pré-natal
de alto risco, com avaliação do infectologista. Ocorre maior risco de transmissão, ou falha da profilaxia quando
a carga viral estiver maior do que 106 UI/mL. A decisão de terapia profilática deverá ser realizada na 28ª semana
de gestação. Pacientes que apresentarem perfil imunológico HBsAg e HBeAg reagentes apresentam nível
elevado de viremia e alto risco de transmissão vertical, sendo indicado terapia profilática com tenofovir
(categoria B) – 300 mg/dia, iniciando com 28 semanas de gravidez e mantido até 30 dias após o parto.
Gestantes que não foram avaliadas durante o pré-natal devem realizar a pesquisa de HBsAg no
momento da admissão hospitalar para o parto. O exame pode ser realizado por meio de imunoensaio ou teste
rápido. A vacina para a hepatite B está recomendada durante a gestação para todas as pacientes com resultado
HBsAg não reagente, podendo ser administrada em qualquer trimestre. No caso de mulheres expostas ao HBV
em qualquer idade gestacional, estas deverão receber associação de vacina e HBIg.
Todo caso de Hepatite B deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica, pois se trata de doença de
notificação compulsória.
7.12 Hepatite C
Deve-se realizar a sorologia nas gestantes com fator de risco como: infecção pelo HIV, ausência de
infecção pelo HIV e uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes de 1993, mulheres
submetidas à hemodiálise, aquelas com elevação de aminotransferases sem outra causa clínica evidente e
profissionais de saúde com história de acidente com material biológico.
Não há tratamento antiviral recomendado na gestação e não há evidências científicas que recomendem
uma via de parto preferencial com o propósito de prevenir a transmissão vertical. Recomenda-se evitar
procedimentos invasivos na gestação para minimizar a possibilidade de transmissão vertical. A amamentação
é contra-indicada apenas se houver sangramento ductal ou mamilar.
8– Queixas frequentes
Agendar consulta médica ou referir ao pré-natal de alto risco, em caso de vômitos frequentes refratários
às medidas citadas, pois podem cursar com distúrbios metabólicos, desidratação, perda de peso,
tontura, sonolência e desmaio.
Alimentação rica em fibras a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário, prescrever supositórios
de glicerina.
Dar preferência para higiene perianal com água e sabão neutro, após evacuação.
Fazer banhos de assento ou compressas mornas.
Agendar consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente, encaminhando ao
proctologista, se presentes complicações como trombose.
O colostro, principalmente nas fases tardias da gravidez, pode ser eliminado. A presença de sangue
exige realização de citologia oncológica em esfregaço da descarga papilar, fixado com álcool 70%.
8.15 – Varizes
Não permanecer muito tempo em pé ou sentada; evitar inatividade.
Repousar pelo menos 20 minutos, várias vezes ao dia, com as pernas elevadas.
Pode ser útil elevar os pés da cama.
Não usar roupas muito justas e, se possível, utilizar meia-calça elástica para gestante; pode-se indicar
meias de média compressão, com tamanho sugerido pela circunferência da panturrilha.
As varizes vulvares não requerem tratamento específico e raramente são causas de sangramentos.
Valorizar a possibilidade de complicações tromboembólicas se houver aparecimento agudo de dor.
8.16 – Câimbras
Aumentar o consumo de alimentos ricos em potássio, cálcio e vitamina B1.
Evitar excesso de exercícios.
Realizar alongamentos antes e após o início de exercícios ou caminhadas, assim como na ocasião da
crise álgica e quando for repousar.
124
8.18 – Estrias
Explicar que são resultado da distensão dos tecidos e que não existe método eficaz de prevenção. As
estrias, inicialmente de cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de cor semelhante à da pele.
8.19 – Palpitação
Atentar para a necessidade de investigação de cardiopatia (arritmia).
Esclarecer sobre a frequência dessa queixa como resultado de alterações fisiológicas da gestação.
8.20 – Edema
Se fisiológico, restrito aos membros inferiores, explicar seu desaparecimento após o parto. Não
recomendar dieta hipossódica e/ou diuréticos.
Atentar para a extensão e, principalmente, se atinge coxas e mãos (pensar em pré-eclâmpsia).
Valorizar a possibilidade de fenômenos trombóticos.
8.22 – Parestesias
É comum na gestação.
Pode ser necessária, a administração de analgésicos.
Diferenciar da síndrome do túnel do carpo, na qual a gravidade do acometimento e limitação dos
movimentos é maior.
A gestante classificada como de baixo risco pode ser acometida por intercorrências relativamente
frequentes que modificam o curso da evolução. Com isso, os desfechos também podem se alterar e pode
indicar encaminhamentos para a referência, por vezes emergencial, idealmente seguindo padronização
sugerida no Capítulo 5, item 5.7.
9.1 – Hiperêmese
A náusea acompanhada ou não de vômitos ocorre na maioria das gestantes, com início entre 5-6
semanas de gravidez e pico entre 9-12 semanas, usualmente melhorando por volta de 16 semanas. A
hiperêmese gravídica representa o espectro mais severo desses sintomas. Caracteriza-se por vômitos
contínuos e intensos que impedem a alimentação da gestante, ocasionando desde a desidratação e oligúria à
perda de peso e transtornos metabólicos, com alcalose (pela perda maior de cloro – hipocloremia, perda de
potássio e alterações no metabolismo das gorduras e dos carboidratos), além de hiperbilirrubinemia. Nos casos
graves, pode cursar com insuficiência hepática e renal, além de distúrbios neurológicos (Síndrome de Wernicke-
Korsakoff). Aspectos emocionais e adaptações hormonais são apontados como causadores desse transtorno.
Pode, também, estar associada à gestação múltipla, mola hidatiforme, pré-eclâmpsia, trissomia do cromossomo
21 e hipertireoidismo. Outros fatores podem levar a vômitos com a mesma gravidade e devem ser afastados,
tais como úlcera gástrica, cisto torcido de ovário, gravidez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais,
etc. Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperêmese gravídica.
Apoio psicológico, ações educativas desde o início da gravidez e reorientação alimentar são as melhores
maneiras de evitar os casos mais complicados. Ainda, em recente revisão sistemática sobre tratamento de
náuseas e vômitos na gestação, o gengibre foi utilizado nos casos leves de êmese gravídica com melhora dos
sintomas, porém a dose não foi estabelecida e o nível de evidência foi baixo. Nas situações de êmese
persistente, o profissional de saúde deve prescrever drogas antieméticas, por via oral ou intravenosa, além de
hidratação e reposição eletrolítica, quando necessária.
Antieméticos orais:
Metoclopramida – 10 mg de 8/8horas.
Dimenidrato – 50 mg de 6/6 horas.
Meclizina – 25 mg de 8/8 horas
Ondansetrona* - 4mg ou 8mg de 8/8 ou 6/6hs horas.
Antieméticos injetáveis:
Metoclopramida – 10 mg (uma ampola = 10 ml) de 8/8 horas.
Dimenidrato – 50 mg (uma ampola =1 ml) de 6/6 horas.
Ondansetrona*- 4mg (uma ampola =2ml) de 8/8 horas ou 8mg (1 ampola =4ml) de 12/12 horas.
Também pode-se utilizar 4mg até 8 mg (casos mais graves) VO ou sublingual a cada 6 horas.
126
*A ondansetrona deverá ser reservada para os casos refratários aos antieméticos comumente utilizados.
Apesar de classificado como categoria B de risco, os estudos são conflitantes, e alguns mostram
possível associação de fenda palatina e defeitos septais cardíacos se utilizada no primeiro trimestre.
Nos casos de hiperêmese gravídica, a internação faz-se necessária quando o tratamento inicialmente
instituído com hidratação e antieméticos não teve a resposta esperada ou quando a gestante já apresentar
desequilíbrio hidroeletrolítico e/ou ácido-básico. A internação hospitalar também está recomendada quando o
tratamento ambulatorial ou na unidade básica de saúde não conseguiu controlar a situação.
Na avaliação do caso, o exame ginecológico deve ser realizado, particularmente o especular, para o
diagnóstico diferencial de outras possíveis causas de hemorragia e como forma de se evitar o toque vaginal
que pode ser prejudicial no caso de placenta prévia. Nas mulheres identificadas como Rh negativo, valorizar a
necessidade de imunoprofilaxia Rh quando o parceiro for Rh positivo ou desconhecido. Nos casos em que
houver eliminação de material pelo colo uterino, compatível com restos ovulares, providenciar exame
anatomopatológico.
9.2.1. Abortamento
É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500
g. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e 22ª
semanas. O diagnóstico é clínico e ultrassonográfico. O atraso menstrual, a perda sanguínea uterina e a
presença de cólicas no hipogástrio são dados clínicos a serem considerados.
O exame genital é de grande importância. O exame especular permite a visualização do colo uterino,
constatando-se a origem intrauterina do sangramento. Eventualmente, detectam-se fragmentos placentários no
canal cervical e na vagina. Pelo toque, é possível a avaliação da permeabilidade do colo.
127
Entre os achados ultrassonográficos, pode ser descrita a área que sugere descolamento córioamniótico,
que geralmente cursa com evolução favorável para a mulher e o embrião. A conduta resume-se a
esclarecimento, apoio e, eventualmente, a prescrição de antiespasmódicos. O aspecto ultrassonográfico do
saco gestacional (se regular ou não), seu local de implantação (se próximo ao canal cervical) e ocorrência de
hidropsia da vesícula vitelínica podem servir, além de outros, como parâmetros para o curso de evolução.
Na admissão hospitalar devido a abortamento, evitável ou não, deve-se solicitar exame para afastar o
diagnóstico de sífilis (VDRL). Em caso de resultado reagente, iniciar o tratamento com antibioticoterapia,
conforme esquema descrito no item 9.9.
Na suspeita diagnóstica, encaminhar a mulher para hospital de referência para exame ultrassonográfico,
definição e tratamento. Pacientes com antecedente obstétrico de gravidez ectópica, em uma próxima gestação,
devem realizar ultrassonografia precoce entre 6 e 8 semanas de idade gestacional devido ao risco de
recorrência desta intercorrência médica.
Clinicamente, a gestante relata sangramento vaginal indolor, súbito, de cor vermelho vivo. Os episódios
de sangramento geralmente são recorrentes, em intervalos cada vez mais curtos e com intensidade
progressivamente maior, frequentemente iniciando-se por volta da 30ª semana de gravidez (sangramento
sentinela). O exame obstétrico revela volume e tono uterinos normais, sendo a apresentação fetal anômala
frequente. Habitualmente, os batimentos cardíacos fetais estão mantidos. O exame especular revela presença
de sangramento proveniente da cavidade uterina e, na suspeita clínica, deve-se evitar a realização de toque
vaginal pelo risco de hemorragia maciça.
O diagnóstico de certeza é dado pelo exame ultrassonográfico. O profissional de saúde deve referenciar
a gestante para continuar o pré-natal em centro de referência para gestação de alto risco quando houver o
diagnóstico de placenta prévia. Além do maior risco de sangramento vaginal, há maior incidência de ruptura
prematura de membranas, trabalho de parto prematuro, apresentação anômala, restrição de crescimento
intrauterino, vasa prévia, inserção velamentosa de cordão, embolia amniótica e acretismo placentário.
Ao exame ultrassonográfico deve-se incluir a avaliação de acretismo placentário nas gestantes com
antecedente de duas ou mais cesáreas. Na suspeita de acretismo placentário e/ou de sangramento vaginal na
segunda metade da gravidez no momento da consulta, a gestante deverá ser encaminhada ao hospital
imediatamente para avaliação.
129
A atuação inicial e a unidade de transporte que será utilizada devem considerar a necessidade de
suporte ventilatório avançado, de administração de drogas vasoativas, de coagulopatia e fenômenos
isquêmicos concomitantes. Deve-se providenciar a máxima agilidade no processo, pois a gravidade é
diretamente proporcional ao tempo de ocorrência da complicação. Deve ser feito contato prévio com o serviço
referenciado, com envio de relatório de encaminhamento detalhado e transferência com uma equipe de
transporte que, além do médico, deverá contar com profissionais experientes em situações graves.
9.3 – Anemia
Conceitua-se anemia na gravidez quando os valores de hemoglobina são iguais ou menores que 11
g/dL. No entanto, os valores de hemoglobina, assim como os de hematócrito e do número total de glóbulos
vermelhos, ficam na dependência do aumento da massa eritrocitária, ambos variáveis nas gestantes. Assim,
mesmo as mulheres saudáveis apresentam redução das concentrações de hemoglobina durante a gravidez
não complicada. Essa redução manifesta-se em torno da 8ª semana, progride lentamente até a 34ª semana e,
130
então, permanece estabilizada até o parto. Não causa danos à mãe ou ao feto, pois, embora a concentração
da hemoglobina esteja diminuída, a hipervolemia possibilita a perfusão e a oxigenação adequadas dos tecidos.
Os índices corpusculares, principalmente o Volume Corpuscular Médio (VCM = 81–95 dL), não sofrem
variações em relação ao volume plasmático e podem, então, ser bastante confiáveis para classificação da
anemia. Para fins práticos, identificam-se três tipos de anemia: microcíticas (VCM < 85 dL), normocíticas (VCM
entre 85 e 95 dL) e macrocíticas (VCM > 95 dL).
A anemia ferropriva, evidenciada por alterações dos níveis de hemoglobina, deve ser tratada de acordo
com esquema terapêutico descrito no capítulo 7, item 7.5. As anemias carenciais são muito frequentes em
nosso meio, principalmente a ferropriva e a megaloblástica. Além delas, as hemoglobinopatias como a anemia
falciforme e a talassemia são relativamente comuns em nosso meio e cursam com anemia na gestação. A
anemia falciforme, doença hereditária mais comum no Brasil e mais prevalente entre afrodescendentes, é uma
situação potencialmente grave na gestação, causando aumento da morbimortalidade materna e perinatal. A
doença falciforme na gravidez pode cursar com piora das crises dolorosas, piora do quadro de anemia,
abortamento, restrição do crescimento fetal, trabalho de parto prematuro e pré-eclâmpsia, além de
complicações respiratórias e digestivas.
Anemias graves (Hb <8mg/dL), sem diagnóstico etiológico, devem ser encaminhadas para a referência
com o objetivo de ampliar a investigação etiológica da anemia. A correção dos níveis hematimétricos é
importante inclusive como profilaxia da morbiletalidade pós-parto.
Como qualquer portador de hipertensão arterial, a gestante hipertensa deve ser apoiada e estimulada para
adesão ao acompanhamento, orientações, tratamento e consequente controle da hipertensão, especialmente
pela gravidade do impacto na mortalidade e morbidade materna e fetal. Toda atividade educacional deve estar
voltada para o autocuidado. O trabalho em grupos de pacientes com a equipe de saúde é útil por propiciar troca
de informações, favorecer esclarecimentos de dúvidas e atenuar ansiedades.
É importante, ao atender uma paciente com instalação muito precoce de pré-eclâmpsia, considerar a
possibilidade de associação com trombofilias. Estas devem ser pesquisadas, ou na oportunidade de
aconselhamento pré-concepcional ou na consulta de puerpério (considerar a pesquisa da Síndrome anticorpo
antifosfolipídeo, deficiência de proteína S e C, resistência à proteína C ativada (fator V de Leiden), mutação da
131
Hipertensão arterial crônica (HAC) é definida pela presença de hipertensão arterial que antecede a
gravidez ou ocorre antes da 20ª semana de gestação. A maioria das gestantes com HAC evoluem
bem durante a gestante, mas o prognóstico materno e perinatal pode ser comprometido na HAC
secundária e/ou na presença de lesão de órgão alvo (retinopatia hipertensiva, doença renal,
cardiopatia hipertensiva). O diagnóstico definitivo pode ser realizado na revisão puerperal se os
níveis pressóricos se mantiverem elevados ou controlados com medicação antihipertensiva;
três ou mais classes de drogas anti-hipertensivas para controle da PA. A proteinúria é parte do
diagnóstico e seu rastreamento pelo método da fita urinária (dipstick) é apresentado no capítulo 6,
item 6.4.
A pré-eclâmpsia e seus agravos, bem como a pré-eclâmpsia sobreposta à HAC são as entidades
clínicas com maior potencial de morbimortalidade para a mãe e para o feto/recém-nascido. A associação
hipertensão e proteinúria, mesmo sendo seus critérios diagnósticos, representam apenas parte da
fisiopatologia da pré-eclâmpsia. Dai a necessidade de vigilância para ganho de peso rápido entre as
consultas pré-natais, além do esperado (>500g/semana) e à presença de sinais e sintomas de
acometimento de órgõs alvo (cefaleia, dor epigástrica ou em barra no andar superior do abdome, escotomas
cintilantes).
É útil estimular a prática de atividade física (capítulo 10) e desestimular o uso de álcool e o
tabagismo.
A PAS ≥160mmHg e PAD >110mmHg define uma hipertensão arterial grave e pode ser observada em
pacientes com HAC grave ou ser a primeira manifestação clínica de pré-eclâmpsia, exigindo controle com anti-
hipertensivos de ação rápida, sem provocar redução intempestiva da pressão arterial que pode provocar
hipofluxo uterino. A presença ou ausência de sintomas e os níveis da pressão diastólica definirão a urgência
na redução da pressão arterial.
O plano de ação inicial deve conter avaliação global da paciente, privilegiando uma referência lógica de
cuidados que pode seguir a conduta “ABC” (airway / breathing / circulation) e venóclise em veia calibrosa, antes
da transferência da paciente. Atentar para a condição respiratória da paciente, administrando oxigênio se
necessário. Após a abordagem preliminar de urgência na UBS, a gestante deve ser encaminhada para unidade
hospitalar, com maior suporte assistencial, para avaliação complementar com terapia adicional, incluindo
exame físico detalhado e exame fundoscópico com pupila dilatada. A urgência hipertensiva (hipertensão sem
sintomatologia clínica) pode ser tratada com tratamento medicamentoso via oral, aceitando-se o controle da
pressão arterial em até 24h, se o quadro não se agravar, sempre em referência hospitalar. Observação: nunca
controle em casa.
Hidralazina parenteral: o cloridrato de hidralazina é relaxante direto da musculatura arterial lisa, sendo
a droga mais utilizada para o tratamento agudo da hipertensão arterial grave na gestação. Dilui-se o
conteúdo de 1 ampola (20 mg) em 9 ml de solução salina ou água destilada, administrando-se a dose
inicial de 5 mg ou 2,5 ml da solução por via intravenosa (IV), seguida por período de 20 minutos de
observação. Se não for obtido controle da pressão arterial (queda de 20% dos níveis iniciais ou PAS
entre 140 e 150 mmHg e PAD entre 90 e 100 mmHg), administrar de 5 mg a 10 mg (2,5 ml a 5,0 ml da
solução) em intervalos de 20 minutos, até dose cumulativa máxima de 20 mg. A ausência de resposta
configura hipertensão refratária. O efeito hipotensor inicia-se em 15 ou 20minutos, com duração entre
duas e seis horas. Apresenta como efeitos colaterais rubor facial, cefaléia e taquicardia.
Labetalol parenteral: é um betabloqueador de ação não-seletiva, com efeito alfabloqueador. Não
disponível no Brasil, apesar de ser uma excelente escolha em emergência hipertensiva.
Nifedipina por via oral, os bloqueadores de canal de cálcio, produzem relaxamento da musculatura
arterial lisa. A administração, por via oral, nunca sublingual, na dose de 10 mg a cada 30 minutos até
completar um máximo de 30 mg. Está proscrito o uso de nifedina por via sublingual pela dificuldade no
controle do ritmo e grau de redução da pressão arterial, com materno e de óbito fetal. Outros efeitos
colaterais são a taquicardia, cefaléia e rubor facial. Já se contraindicou seu uso associado com sulfato
135
de magnésio, mas isso tem ultrapassado. Comparação com labetolol sugere superioridade no
desempenho da nifedipina.
Furosemida parenteral: não deve ser utilizado na hipertensão aguda, pois reduz o volume intravascular
e a perfusão placentária. Somente tem indicação em casos de insuficiência renal aguda comprovada ou
em edema agudo de pulmão.
Orientações:
A alfametildopa e os betabloqueadores orais não são indicados na crise hipertensiva, pois o tempo para
início de ação é superior a quatro/seis horas.
Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA) – captopril, enalapril e outros – estão proscritos
na gestação por estarem associados com morte fetal e malformações fetais.
9.4.7 Eclâmpsia
A eclâmpsia é uma emergência obstétrica e clínica. Deve mobilizar toda a equipe da unidade para um
pronto e adequado manejo inicial com vistas ao melhor prognóstico materno e perinatal. Em 20% dos casos, a
gestante é assintomática previamente, tendo como manifestação inicial a convulsão e/ou coma. Nas demais, a
convulsão pode ser precedida por sinais e sintomas de eclâmpsia iminente:
cefaleia persistente, occipital / frontal / difusa, tipo pulsátil, em pressão, latejante e/ou em agulhada e
resistente a analgésico (66%)
distúrbios visuais - escotomas, borramento visual, diplopia, fotofobia, cegueira cortical (27%)
hiperrreflexia - clônus
Na ocorrência de convulsões e/ou coma da paciente com pré-eclâmpsia, a mesma deve receber
imediatamente o primeiro tratamento para estabilização do quadro (incluindo o sulfato de magnésio – dose
de ataque ao menos) e ser removida emergencialmente para o hospital de referência terciária,
particularmente se a idade gestacional for pré-termo, após contato prévio.
Mais importante do que interromper uma convulsão já iniciada, que é auto-limitada em princípio, é a
prevenção de nova crise durante a fase aguda.
Plano de ação:
Medidas gerais: devem ser adotadas para a minimizar riscos de outras complicações, sendo realizadas
simultaneamente as demais providências. É importante que sejam padronizadas, na seguinte ordem:
1. Posicionamento da gestante em decúbito lateral esquerdo e elevado para manutenção das vias aéreas
livres (evitar risco de aspiração, se necessário, aspirar secreções).
136
2. Oxigênio nasal 8 a 10L sob máscara ou cateter para melhorar a oxigenação cerebral.
3. Proteger a mulher para a prevenção de traumas, sem contenção ativa.
Medicação anticonvulsivante:
Sulfato de magnésio:
No uso continuado (dose de manutenção) do sulfato de magnésio, devem ser observadas as medidas
de controle clínico de hora em hora, de maneira sistemática por profissional habilitado, e tem por finalidade
permitir o diagnóstico precoce de eventuais sinais de hipermagnesemia. São indicadas para seu uso nas doses
de manutenção, incluindo monitorização clínica de:
o Dose de ataque: (indicada principalmente para transferência da gestante com longa distância até a
referência)
o Dose de manutenção:
137
o Dose de ataque:
o Dose de manutenção:
10 ampolas a 10% em 400 mL de s. glicosada a 5% 1 -2g/h (50 a 100ml/h) por até 24 horas
após a última crise ou parto, preferencialmente em bomba de infusão
Atenção:
o Para evitar uso de doses inadequadas, deve-se estar atento para diferentes concentrações nos produtos
comerciais:
Na presença de HA grave (PAS ≥160 mmHg e PAD > 110mmHg), deve-se proceder o controle com
descrito anteriormente para hipertensão grave (item 9.4.6).
• Imediatamente após o manejo materno, deve-se avaliar a vitalidade fetal. Pode ocorrer bradicardia fetal
durante ou imediatamente após convulsão e, portanto, deve-se repetir a avaliação da frequência
cardíaca fetal após estabilização materna.
• A presença de sangramento pode sugerir descolamento prematuro de placenta, que denota risco
elevado de comprometimento do bem-estar fetal.
o HAC Leve – PAS ≥ 140mmHg e < 150mmHg E PAD > 90mmHg e < 100mmHg;
o HAC Moderada – PAS ≥150mmHg e <160mmHg E PAD > 100mmHg e < 110mmHg;
Mulheres com hipertensão arterial crônica leve têm baixo risco de complicações durante a gestação e
são candidatas a receber medidas preventivas (AAS e carbonato de cálcio, como descrito anteriormente) e a
modificarem o seu estilo de vida (recomendar atividade física e controle do ganho de peso durante a gestação,
preferencialmente sob orientação de nutricionista). Não existe evidência científica de que a administração de
medicamentos antihipertensivos para essas pacientes reduza riscos perinatais. Potencialmente, o controle
rígido da pressão arterial poderia causar prejuízo para a perfusão placentária. Além disso, normalmente a
pressão arterial cai na primeira metade da gestação, facilitando o controle da hipertensão mesmo sem
medicamentos ou exigindo suspensão dos medicamentos em uso. Aquelas com hipertensão moderada
persistente podem se beneficiar do uso de medicação anti-hipertensiva.
As gestantes com HAC grave (PA ≥160/110mmHg) devem ser medicadas com anti-hipertensivos
parenterais (como apresentada para crise hipertensiva) com a finalidade de reduzir os riscos de complicações
cardiovasculares e do sistema nervoso central e devem ser imediatamente transferidas para o serviço de
referência. Os cuidados para a paciente portadora de HAC devem incluir a avaliação clínica e considerar
exames complementares para avaliação dos danos sistêmicos, classicamente: sistema nervoso central,
cardiovascular, renal, vasculatura periférica e perfusão placentária.
É importante valorizar também a concomitância com casos de hipertensão arterial crônica secundária,
que deve ser suspeitada quando o acometimento ocorre em pacientes jovens e principalmente se a hipertensão
arterial for resistente à terapia padrão, houver anormalidades da função renal ou endócrina, ou condições
sugestivas de doença do colágeno. Em tais situações clínicas, as mulheres deverão ser transferidas para
acompanhamento na referência.
Além da avaliação clínica de palpação e altura uterina, recomenda-se a ultrassonografia precoce para
estabelecer idade gestacional de certeza (1º trimestre) e o acompanhamento de crescimento fetal e de
dopplervelocimetria a partir das 26 semanas. O registro materno diário dos movimentos fetais deve ser
140
orientado e revisado em cada consulta pré-natal a partir da viabilidade fetal ou 26 semanas, salientando para
a importância da mudança de padrão na movimentação fetal.
Tratamento anti-hipertensivo:
Para o tratamento medicamentoso, no Brasil a maior experiência clínica é com o uso da alfametildopa
que pode ser utilizada nas doses de 750mg a 2,0g / dia. Os bloqueadores de canal cálcio (nifedipina retard,
intervalo de 6, 8, 12 ou 24 horas) podem ser utilizados em associação a alfametildopa, particularmente quando
se atinge a dose máxima da primeira (dose total de 20 a 80mg/dia). Os betabloqueadores, potencialmente
aasociados à restrição de crescimento fetal, têm indicação controversa, mas alguns utilizam pindolol nas doses
de 05 a 30mg /dia. Existe uma tendência na literatura internacional para o uso do labetalol, não disponível no
Brasil. A hidralazina, por via oral, tem baixa efetividade na hipertensão arterial crônica. O controle da Pressão
Arterial deve ser monitorado pela mulher (registro de PA) e os níveis pressóricos devem ser mantidos entre
PA120/80mmHg.
Em qualquer circunstância, a equipe assistencial não deve resumir a sua atuação apenas ao controle
dos níveis pressóricos. Deve classificar o dano endotelial, através da avaliação de lesão de órgãos alvo
(sintomas e exames subsidiários) e estar atenta para a sobreposição de pré-eclâmpsia sobre a hipertensão
arterial crônica (que piora o prognóstico). Mesmo quando for possível a suspensão dos hipotensores, ou na sua
substituição, deve-se manter monitorização dos níveis pressóricos e orientação de sinais e sintomas de
gravidade à gestante. O controle de casos graves exige internação hospitalar.
As drogas anti-hipertensivas estudadas são excretadas pelo leite humano. Mulheres com hipertensão
arterial leve a moderada e que desejem amamentar podem suspender a medicação anti-hipertensiva com
cuidadoso monitoramento da pressão arterial se os níveis de pressão arterial forem aceitáveis, restituindo a
medicação assim que se encerra o período de amamentação, se necessário. No entanto, nenhum efeito
adverso de curto prazo foi descrito quanto à exposição a metildopa, hidralazina, propanolol e labetalol. Os
inibidores de enzima conversora da angiotensina podem ser utilizados no puerpério (captopril 25 a 150mg/dia,
por via oral). Diuréticos podem reduzir o volume de leite ou até suprimir a lactação.
A hiperglicemia na gestação inclui casos de Diabetes Mellitus (DM), condição permanente que persistirá
após o parto e casos de diabetes mellitus gestacional (DMG) que ussualmente regridem após o parto.
As complicações da associação entre hiperglicemia e gestação (diabetes mellitus (DM) ou diabetes mellitus
gestacional (DMG)) podem incidir no período perinatal, mas também na infância e na vida adulta, com maior
risco de obesidade infantil, desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares futuras.
142
Para a mulher, a principal risco é o desenvolviemnto de diabetes do tipo 2 no futuro. Estima-se que 50% a
80% das mulheres que apresentaram DMG venham a se tornar diabéticas em 5 a 10 anos.
Os efeitos adversos para a mãe e para o concepto podem ser prevenidos ou atenuados com odiangóstico
e oo tratamento adequado que inclui orientação alimentar e atividade física e, quando necessário, uso
específico de insulina para que o controle glicêmico adequado seja atingido.
Diabetes Melittus do tipo 1: cerca de 10% dos casos. Há destruição de células beta que pode levar ao
estágio de deficiência absoluta de insulina, exigindo seu uso prevenir cetoacidose, coma e morte.
Diabetes Mellitus do tipo 2: cerca de 90% dos casos. Há deficiência na ação e secreção da insulina e
na regulação da produção hepática de glicose, com resistência à insulina e defeito na função das células beta,
presentes precocemente na fase pré-clínica da doença. Os pacientes não dependem de insulina exógena,
porém podem necessitar de tratamento insulínico para obter controle metabólico. A maioria dos pacientes com
esse tipo de DM apresenta sobrepeso ou obesidade, e cetoacidose raramente se desenvolve, exceto na
presença de outras condições, como infecções.
Em situações excepcionais, caso não exista disponibilidade técnica e/ou financeira para realização do
TOTG 75 gramas e em casos de cirurgia bariátrica prévia, pode-se utilizar apenas a glicemia de jejum para o
diagnóstico de DM ou DMG. Nota-se que neste caso, estima-se que sejam detectados 86% dos casos de DMG.
144
Glicemia de jejum
Normal
145
As gestantes com DM ou DMG apresentarão maior prevalência de pré-eclâmpsia, maior ganho ponderal,
infecções do trato urinário, vulvovaginites, infecção puerperal e óbito. A associação frequente entre DM do tipo
2 e DMG e obesidade deve alertar a equipe para valorizar a avaliação do estado nutricional (ver Capítulo 6,
item 6.2.), visto que a obesidade vem aumentando de incidência na nossa população, com diversos danos
relacionados.
Abortamento;
Anomalias congênitas cardíacas (defeitos do septo ventricular, transposição dos grandes
vasos e persistência do canal arterial), do sistema nervoso central, gastrintestinal,
geniturinário e musculoesquelético;
Restrição do crescimento fetal, complicação de gestações em mulheres diabéticas com
vasculopatia;
Óbito fetal, relacionado frequentemente à ausência de triagem pré-natal para o diabetes,
demora no diagnóstico ou adoção tardia de cuidados.
Feito o diagnóstico de diabetes na gestação (DM ou DMG), a mulher deve ser encaminhada para uma
unidade de referência para gestação de alto risco para acompanhamento do pré-natal. Alguns exames
laboratoriais complementares são necessários para a avaliação do diabetes durante a gestação. Se possível,
eles já podem ser solicitados na unidade básica para evitar demoras na avaliação especializada posterior.
As gestantes com diagnóstico de diabetes devem ser sempre acompanhadas conjuntamente pela
equipe da atenção básica e pela equipe do pré-natal de alto risco. É fundamental manter controle metabólico
adequado, o que pode ser obtido com terapia nutricional (princípios básicos de uma alimentação saudável, com
controle de 25 a 30 cal/kg de peso, em 5 refeições diárias), realização de atividade física regular aeróbica
moderada e de baixo impacto (caminhadas de 30 minutos, pelo menso 3 vezes por semana), associados ou
não à insulinoterapia. Essas orientações iniciais podem ser dadas já pelo profissional de saúde da unidade
básica, enquanto se providencia a transferência da gestante para uma unidade de alto risco. Pode ter gestação
normal e ter fetos saudáveis, desde que sejam tomadas as seguintes precauções:
147
1.Para pacientes que já se sabem diabéticas: Planeje a gravidez e atinja controle glicêmico previamente
(hemoglobina glicada < 6 mg%)– importância da 7a e 8a semanas da concepção (fase embrionária), quando
ocorre a organogênese.
4. Adote, de forma sistemática, hábitos de vida saudáveis (alimentação balanceada e controlada, prática de
atividades físicas regulares);
5. Mantenha controle rigoroso da glicemia no pré-natal utilizando tiras reagentes e medidor eletrônico de bolso,
a ser fornecido pela UBS.
6. Consulte regularmente o médico para adequar a dosagem de insulina, variável durante o período gestacional
(menor quantidade no início, com tendência ao aumento no decorrer da gestação).
Os hipoglicemiantes orais não estão liberados pela ANVISA para uso na gestação, embora estudos
mais recentes não confirmem maior risco de malformações congênitas com seu uso na gravidez. A insulina
permanece como terapia de primeira linha no controle do diabetes se o controle nutricional e a atividade física
não são suficientes. Deve ser mantida em todas as pacientes que dela já faziam uso e iniciada em diabéticas
tipo 2 que faziam uso prévio de hipoglicemiantes, ou em diabéticas gestacionais que não obtêm controle
satisfatório com a dieta e os exercícios físicos. Os ajustes de doses são baseados no monitoramento da glicemia
com fitas para leitura visual em medidor glicêmico eletrônico.
Pacientes com diabetes do tipo 2 podem retornar ao uso de hipoglicemiantes que utilizavam previamente
pois são seguros durante a amentação (inclusive a metformina).
Mulheres que apresentaram DMG deverão ter toda a medicação suspensa e devem retornar à dieta
geral, porém necessitam realizar reavaliação de seu estado glicêmico seis semanas apoós o parto. Pelo menos
a metade do grupo de mulheres que tiveram diabetes mellitus gestacional tornam-se diabéticas em um período
de cinco anos após o parto. Para todas as gestantes com diagnóstico de DMG, recomenda-se reavaliação com
teste de sobrecarga de 75 gramas, seis semanas após o parto, época na qual o metabolismo apresenta a
condição prévia da gestação.
148
Puérpera
6 semanas após o parto
TOTG 75g
Dosagens: Jejum e 2ª hora
9.6 – Hepatite B
A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é transmitida através da via sexual, contato com sangue
contaminado e pela transmissão vertical (na gestação ou no parto). A taxa de transmissão vertical é de 70 a
90% em mulheres reagentes ao HBsAg e ao HBeAg (indicativo de replicação viral) e de 10 a 40% nas HBsAg
reagentes, mas HBeAg não reagentes. Setenta a 90% dos recém-nascidos filhos de mãe portadora do VHB
que não receberam profilaxia e foram contaminados desenvolvem a forma crônica da doença e podem, no
futuro, apresentar suas complicações, tais como cirrose e carcinoma hepatocelular.
A vacina para a hepatite B está recomendada na gestação para todas as pacientes com resultado
HBsAg não reagente, podendo ser administrada em qualquer trimestre. Se a gestante for exposta ao HBV em
qualquer idade gestacional, deverá receber associação de vacina e imunoglobulina hiperimune (HBIg).
Não há recomendação de orientação específica para via de parto. Gestantes que não foram triadas para
HBsAg no pré-natal, devem ser triadas no momento do parto, com sorologia por teste rápido, se disponível, ou
por imunoensaio. Com relação à amamentação, apesar de o vírus da hepatite B poder ser encontrado no leite
materno, o aleitamento em crianças filhas de mães portadoras do VHB está indicado logo após a aplicação da
primeira dose do esquema vacinal e da imunoglobulina humana anti-hepatite B.
A vacinação contra hepatite B de todos os nascidos vivos, preferentemente nas primeiras 12 horas e
até 24 horas de vida nas maternidades é obrigatória no Estado de São Paulo. As crianças filhas de mães HBsAg
vacinadas nas primeiras horas de vida devem receber doses subsequentes da vacina, com um e seis meses,
conforme esquema básico de vacinação. Nesta situação específica, é necessário que se confirme a imunidade
pós-vacinal pela realização do anti-HBs na criança 1 a 3 meses após a terceira dose da vacina.
9.7. Hepatite C
Apesar de não existir imunoprofilaxia ou intervenção medicamentosa que possa prevenir a transmissão
vertical da hepatite C, recomenda-se realizar a sorologia em gestantes com fator de risco: infecção pelo HIV,
uso de drogas ilícitas, antecedentes de transfusão ou transplante antes de 1993, hemodiálise, elevação de
aminotransferases sem outra causa clínica evidente, e profissionais de saúde com história de acidente com
150
material biológico. Nas gestantes com sorologia reagente, deve ser realizado o teste de biologia molecular
(PCR) em serviços de referência para comprovar se a gestante é infectante. Naquelas com PCR positivo
(minoria), estima-se rico de 3-5% de transmissão. As gestantes com sorologia reagente e PCR negativo não
são infectantes e não há risco de infecção vertical (para o recém-nascido).
9.8 – Toxoplasmose
A toxoplasmose, causada pelo Toxoplasma gondii (TG), adquire especial relevância quando infecta a
gestante, em face do risco de acometimento fetal. Entre as consequências da infecção aguda na gravidez,
incluem-se a restrição de crescimento intra-uterino, morte fetal, prematuridade e/ou toxoplasmose congênita
(microftalmia, lesões oculares, microcefalia, com ou sem hidrocefalia, retardo mental, pneumonite,
hepatoesplenomegalia, erupção cutânea e calcificações cerebrais). Não existem estudos randomizados
avaliando a eficácia do tratamento. Estudos observacionais sugerem que o tratamento iniciado precocemente
reduziria a transmissão vertical e sequelas neurológicas graves e morte neonatal. Assim, recomenda-se a
realização da triagem sorológica se a gestante não tem confirmação de infecção previamente.
DIAGNÓSTICO:
O objetivo principal do rastreamento é a identificação de gestantes susceptíveis, que devem ser
orientadas sobre adoção de medidas preventivas para infecção aguda através de cuidados higienodietéticos.
Outro objetivo é a detecção da soroconversão, que reflete infecção aguda, visando iniciar terapia para reduzir
a morbidade fetal, além de orientar confirmação de infecção intra-útero por procedimentos invasivos.
A maioria dos casos de toxoplasmose aguda na gestante acontece sem sintomas ou com sintomas
inespecíficos. Esta característica clínica respalda a decisão de se realizar triagem sorológica para detectar os
casos que soroconverteram, com infecção recente, que representam maior risco de infecção congênita. Assim,
recomenda-se, para todas as gestantes, a triagem por meio da detecção de anticorpos da classe IgG e IgM
(ELISA ou imunofluorescência) na primeira consulta de pré-natal. Nas gestantes soronegativas no início do pré-
natal, a repetição da sorologia (IgG) no 2º e no 3º trimestre poderá confirmar a soroconversão.
Anticorpos IgM começam a ser produzidos uma a duas semanas após a infecção aguda por
toxoplasmose, podendo permanecer identificáveis por mais de um ano, enquanto o anticorpo IgG é detectado
cerca de 4 semanas após a infecção e pode permanecer positivo definitivamente. Assim, o diagnóstico de
toxoplasmose aguda pode ser feito quando uma sorologia IgM e IgG negativa torna-se positiva no
acompanhamento pré-natal ou quando um teste inicial detecta IgM positivo e IgG negativo mas, repetido 2-4
semanas após, demonstra IgM positivo e IG positivo (soroconversão). Caso o segundo teste se mantenha com
IgM positivo e IgG negativo, trata-se de um resultado falso-positivo – Quadro 9.2.
Porém, na triagem sorológica pode-se encontrar teste inicial com o resultado IgM e IgG positivos (entre
1-5% dos casos). Nesses casos, pode-se estar diante de uma infecção recente (aguda) ou de uma infecção
antiga. Para elucidação diagnóstica, deve ser realizada, idealmente na mesma amostra, um teste de avidez da
151
IgG. A avidez da IgG numa sorologia com IgM e IgG reagentes pode ser definidora do diagnóstico se a amostra
for colhida antes das 16 semanas e o resultado mostrar alta avidez (> 60%). Nessa caso, considerar como
infecção não-recente e continuar o seguimento pré-natal normal. Se o teste de avidez não for acessível, pode-
se optar por iniciar espiramicina, embora 90% destas situações não se confirmem como infecção recente. Se
avidez intermediária (30-60%), deve-se repetir o teste de avidez em duas semanas.
A identificação de avidez baixa (entre 0,30 a 0,20, a depender do kit) deve ser interpretada como
infecção recente (há menos de 16 semanas). Gestantes de até 16 semanas de gravidez que apresentem IgM
e IgG positivos, com baixa avidez da IgG, serão classificadas como infecção aguda. Na presença de anticorpos
IgG positivos e IgM negativos considera-se a gestante provavelmente imune. Recomenda-se continuar
seguimento pré-natal normal, orientam-se medidas profiláticas e repete-se a sorologia trimestralmente -
Quadro 9.2. Daí a importância do rastreio para toxoplasmose na primeira consulta de pré-natal, o mais precoce
possível e que o retorno para a avaliação dos resultados seja breve.
Não reagente Não reagente Gestante suscetível (nunca foi infectada) - orientar
profilaxia
Na presença de infecção aguda materna, deverá ser investigada a possibilidade de infecção fetal através
da pesquisa do microorganismo no líquido amniótico pela reação da polimerase em cadeia (PCR) no líquido
amniótico, que pode ser realizado a partir da 16a semana de gestação, em serviços de referência. O exame
ecográfico diagnostica as complicações graves da infecção congênita, como hidrocefalia, calcificações
cerebrais, ascite fetal e alterações de ecotextura hepática e esplênica.
Se o feto estiver acometido (alteração ecográfica ou PCR+), deve-se instituir o tratamento tríplice
materno: pirimetamina, 25 mg de 12/12 horas por via oral; sulfadiazina, 3 g/dia, via oral, divididas em duas
tomadas e ácido folínico, 5 mg/dia para prevenção de pancitopenia e aplasia medular causada pela sulfadiazina.
O tratamento tríplice deve ser alternado com espiramicina por um período de 3 semanas, até o termo.
Interromper o uso de sulfadiazina 2 semanas antes do parto ou por volta de 34 semanas. Se o diagnóstico for
efetuado após 30 semanas, apenas o tratamento triplo será realizado.
Recomenda-se controle oftalmológico periódico pós-tratamento da mãe para detecção precoce de lesão
ocular, assim como do recém-nascido e acompanhamento da criança por infectopediatra, para detecção
precoce de possíveis complicações.
Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, assim como também toda a superfície que entrou
em contato com o alimento e todos os utensílios utilizados.
Usar luvas e lavar bem as mãos após contato com o solo e terra de jardim
Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca ou de cabra.
Propor que outra pessoa limpe a caixa de areia dos gatos, caso não seja possível, limpá-la e trocá-
la diariamente, utilizando luvas e pazinha.
Alimentar os gatos com carne cozida ou ração não deixando que estes ingiram sua caça.
9.9 – Sífilis
Doença infecciosa de caráter sistêmico e de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos
de latência, causada pelo Treponema pallidum, uma espiroqueta de transmissão predominantemente sexual
ou materno-fetal (vertical). A doença na mulher, na fase primária (cancro duro) passa, com frequência,
despercebida, o que difere da apresentação no homem. Seguem-se períodos de latência e reativações cíclicas
na fase secundária, com variadas manifestações (lesões cutâneo-mucosas não ulceradas, condiloma plano),
no primeiro ano pós-infecção, compatível com a doença recente. Após, torna-se assintomática pararetornar,
anos depois, na forma terciária (tubérculos ou gomas, tabes dorsalis, aneurisma aórtico, artropatia de Charcot)
ou permanece na forma latente. Diferente de outras infecções, não se desenvolve imunidade ao treponema e,
portanto, múltiplas infecções podem ocorrer na mulher.
Quanto mais recente a infecção materna, maior a carga de treponemas circulantes e, mais grave e
frequente será o comprometimento fetal, que pode ocorrer em 70% a 100% na doença recente (menos de um
ano de duração). As manifestações clínicas podem incluir abortamento precoce, recém-nascidos sintomáticos
e natimorto. Entretanto, o nascimento de crianças assintomáticas é o quadro mais comum.
Triagem da gestante:
Deve-se realizar triagem rotineira das gestantes, duas vezes na gestação (início do pré-natal e entre 28-
30 semanas) e no momento da internação hospitalar, seja para parto ou após-abortamento. Recomenda-se a
triagem inicial com teste treponêmico (teste rápido idealmente, ou imunoensaios), seguido por testes não
treponêmicos (VDRL ou RPR) para seguimento se teste treponêmico for reagente. A realização dos testes no
início do terceiro trimestre para identificação de novas infecções durante a gestação permite que o tratamento
154
materno seja instituído antes dos 30 dias que antecedem o parto, intervalo mínimo necessário para que o
recém-nascido seja considerado tratado intra-útero. Pode-se também optar pela realização de teste não-
treponêmico, seguido por treponêmico na triagem sorológica. No entanto, a utilização de testes teponêmicos
inicias, que tem positividade precedendo a dos testes não treponêmicos, permite instituir o tratamento mais
precocemente. Por outro lado, após a infecção materna, estes testes permanecem reagentes. Portanto, não se
prestam para diagnóstico de reinfecção.
Os testes treponêmicos são FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antigen Absorbent), TPHA ou MHATp
(Micro- hemoaglutinação para Treponema pallidum), Elisa e testes rápidos de cromatografia. Os testes não-
treponêmicos mais utilizados são o VDRL (Venereal Diseases Research Laboratory) e o RPR (Rapid Plasm
Reagin). Os testes teponêmicos positivam após 3 semanas da infecção. O VDRL, bastante utilizado para
diagnóstico, torna-se reativo a partir da 2a semana depois do aparecimento do cancro (sífilis primária) e, em
geral, está mais elevado na fase secundária da doença. Os títulos tendem a decrescer gradativamente com a
instituição do tratamento até a negativação se for instituído no primeiro ano, Mas podem permanecer baixos e
estáveis por longos períodos após tratamento tardio adequado. Os testes treponêmicos, uma vez positivados,
não se negativarão. Portanto, não são utilizados para seguimento de cura ou reinfecção e deve-se utilizar o
VDRL com títulos mensuráveis para esses fins.
Quando o teste rápido for utilizado como triagem e resultar reagente, uma amostra de sangue deverá
ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico. Em caso de gestante, o tratamento
deve ser iniciado com apenas um teste reagente, treponênico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado
do segundo teste. Recomenda a realização do teste confirmatório (treponêmico: TPHA ou FTA-Abs), na mesma
amostra, quando o teste não treponêmico for reagente (VDRL ou RPR), em qualquer titulação. Abaixo são
apresentados os fluxogramas para diagnóstico da sífilis na gestação, conforme o tipo de testes utilizado:
155
Figura 1 – Fluxograma para o manejo da sífilis, utilizando teste rápido inicial com teste não treponêmico
confirmatório.¹
(1) No caso de discordância entre os testes (TR treponêmico reagente e teste não treponêmico não
reagente), pode ser realizado outro teste treponêmico com metodologia diferente do 1º teste
treponêmico realizado.
(2) São consideradas exposições à sífilis as seguintes situações: mais de um parceiro sexual no último ano,
parceiro sexual vulnerável, parceiro sexual com mais de uma parceria. São considerados vulneráveis
gestantes e parceiros sexuais em situação de rua, privadas(os) de liberdade, uso de drogas, entre
outras.
(3) As parcerias sexuais de casos de sífilis primária, secundária ou latente precoce podem estar infectadas,
mesmo apresentando testes imunológicos não reagentes e, portanto, devem ser tratadas
presumivelmente com apenas uma dose de penicilina G benzatina intramuscular (2.400.000 UI).
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
156
Figura 2 – Fluxograma para o manejo da sífilis, utilizando teste não treponêmico inicial com teste rápido
confirmatório.¹
(*) Entende-se por tratamento inadequado o caso de parceiro(s) sexual(is) com sífilis sintomática ou com testes
imunológicos positivos não tratado(s) ou tratado(s) inadequadamente.
Fonte: DDAHV/SVS/MS.
Observação: É preconizada a realização de dois testes para a sífilis durante o pré-natal, no entanto, pode ser
benéfico à realização de três testes: 1º trimestre, 2º trimestre e 3º trimestre, devido:
1. o tratamento da gestante e do parceiro sexual que deve, preferencialmente, ser iniciado até a 20ª semana
de gestação;
2. a gestante que se infectar durante a gravidez, após a realização do primeiro teste para sífilis no 1º trimestre,
poderá apresentar elevada treponemia e a criança será mais gravemente afetada (parto prematuro, natimorto,
óbito neonatal);
3. a gestante que realizar o teste para sífilis no final do 3º trimestre pode não ter tempo suficiente para realizar
o tratamento de forma adequada;
o Se VDRL com títulos elevados após tratamento ou com títulos elevando após tratamento
adequado prévio, interpretar como reinfecção. Tratar a gestante e parceiro como sífilis primária,
na impossibilidade em estabelecer a data da infecção, tratar com esquema para sífilis latente
tardia.
VDRL reagente (qualquer titulagem) e teste treponêmico não disponível: se a história for ignorada,
considerar como sífilis latente de duração indeterminada e efetuar o tratamento da gestante e do
parceiro sexual com seguimento sorológico.
O tratamento depende da fase da sífilis. Para o controle de cura, indica-se a realização do VDRL após
30 dias do término do tratamento.
Quadro 1: Resumo dos esquemas terapêuticos para sífilis adquirida em gestante e seguimento pós-tratamento.
Sífilis primária, secundária e latente recente (até 1 ano do contato)&, #
Nota: & Embora o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendem 2,4 milhões UI de penicilina
benzatina, o Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, seguindo sugestão do CDC e protocolo do Canadá,
recomenda 4,8milhões UI para mulheres grávidas com sífilis primária, secundária e latente recente, visto que, alguns
estudos sugerem que a dose terapêutica pode não manter níveis séricos em tempo suficiente para o ciclo do treponema.
# As doses recomendadas para mulheres portadoras de HIV devem ser as mesmas do que para as demais.
Nas gestantes, o VDRL de seguimento deve ser realizado mensalmente e a duração da gestação pode
não ser suficiente para a negativação.
158
Cura sorológica: queda dos títulos no VDRL: duas diluições ou diminuição de quatro vezes os títulos:
por exemplo, de 1/8 para 1/2; ou 1/128 para 1/32.
O parceiro sexual deve sempre ser testado e tratado (se sorologia reagente ou sorologia não realizada);
Deverão ser novamente tratadas, mesmo na ausência de sintomas, se não houver resposta ou se
houver aumento de, pelo menos, duas diluições em relação ao último VDRL (ex.: de 1/2 para 1/8);
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina devem ser encaminhadas para
dessensibilização em ambiente hospitalar. Na impossibilidade, deve ser administrado Ceftriaxona 1 g,
IV ou IM, uma vez por dia, durante 8 a 10 dias. O uso dessa droga exige estreita vigilância pela menor
eficácia; o feto não será considerado tratado;
Portadoras de HIV podem ter a história natural da sífilis modificada, desenvolvendo neurossífilis mais
precoce e facilmente. Nesses casos, está indicada a punção lombar para que se possa definir o
esquema terapêutico mais apropriado. Quando não for possível a realização da punção lombar, deve
ser instituído tratamento para neurossífilis;
Notificar a sífilis materna (e a forma congênita) em fichas de notificação próprias do SINAN (Sistema de
Informação de Agravos de Notificação). A responsabilidade pela notificação é de toda a equipe.
Considerar a associação entre as IST e a infecção pelo HIV. Caso a infecção pelo HIV tenha sido
adquirida recentemente, a sorologia pode mostrar negativa; repetir após dois meses, pela possibilidade
da “janela imunológica”.
Orientar sobre o sexo seguro, com o uso de preservativo (masculino ou feminino), em todas as relações
sexuais.
*Parceiro sexual de gestante com sífilis recente, com provas sorológicas não reagentes, o tratamento deve ser realizado
presumivelmente, com esquema para sífilis recente, se o parceiro sexual foi exposto nos últimos 90 dias (ele pode estar
em período de janela). Os parceiros sexuais expostos há mais de 90 dias deverão ser avaliados clinica e laboratorialmente
e tratados conforme achados diagnósticos ou, na ausência de sinais e sintomas e na impossibilidade de estabelecer a
data da infecção, deverão ser tratados com esquema para sífilis latente tardia.
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
É definida como a condição clínica de mulher assintomática que apresenta urocultura positiva, com mais
de 100.000 colônias/mL. Se não tratada, 25% das mulheres desenvolverão sintomas e progressão para
pielonefrite. Outras complicações são trabalho de parto prematuro (TPP) e anemia. O rastreamento da
bacteriúria assintomática deve ser feito obrigatoriamente pela urocultura, já que, na maior parte das vezes, o
sedimento urinário é normal. Diferentemente de em outras situações clínicas, a bacteriúria assintomática
durante a gravidez deve ser tratada. O controle do tratamento deve ser realizado com urocultura sete dias após
o término do tratamento. O tratamento pode ser realizado, preferencialmente guiado pela suscetibilidade no
antibiograma, com um dos seguintes esquemas terapêuticos:
160
CISTITE
É caracterizada pela presença de sintomas clínicos como disúria, polaciúria e urgência urinária. A
análise do sedimento urinário evidencia, geralmente, leucocitúria e hematúria, além do grande número de
bactérias e presença de nitrito em fita de diagnóstico. O tratamento pode ser realizado com as mesmas opções
da bacteriúria, sendo iniciado mesmo antes do resultado da urocultura, já que as pacientes são sintomáticas.
O controle do tratamento deve ser realizado com urocultura sete dias após o término do tratamento. Na
presença de duas infecções do trato urinário baixo, a gestante deve ser mantida com profilaxia de nova ITU
com nitrofurantoína 100 mg/dia até o final da gestação e realizar urocultura de controle a cada seis semanas.
PIELONEFRITE AGUDA
É uma das complicações mais comuns e mais sérias durante a gestação, ocorrendo em 1% a 2% das
gestantes. A pielonefrite aguda durante a gravidez é uma complicação séria que não pode ser subestimada.
Atualmente é responsável por uma parcela importante de morbidade grave e até mesmo mortalidade materna.
Clinicamente, a sintomatologia é evidente, com febre alta, calafrios e dor na loja renal (Sinal de
Giordano), além da referência pregressa de sintomas de infecção urinária baixa. A presença de náuseas e
vômitos, além de taquicardia, dispnéia e hipotensão, podem sugerir evolução para quadro séptico. O tratamento
inicial deve ser hospitalar. Na suspeita de pielonefrite, a gestante deve ser encaminhada para o hospital de
referência. O controle do tratamento deve ser realizado com urocultura sete dias após o término da
antibioticoterapia. Após o tratamento de pielonefrite, a mulher deve ingerir nitrofurantoína 100mg/dia até o final
da gestação.
161
Prestar suporte psicológico necessário, informar sobre a redução importante da transmissão vertical
com uso de terapia antirretroviral múltipla (TARV), com necessidade de acompanhamento médico
especializado em serviço de referência durante toda a gestação;
Discutir a necessidade da testagem do parceiro e do uso de preservativo (masculino ou feminino) nas
relações sexuais;
Encaminhar a gestante para Unidade de Referência.
Continuar o acompanhamento da gestante encaminhada, com atenção para a adesão às
recomendações/prescrições.
Obs.: para informações detalhadas, consultar o Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para Prevenção da
Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites, do Ministério da Saúde (2015).
1. Síndrome de úlcera genital: presença de lesão ulcerada em região anogenital, de causa não traumática,
única ou múltipla, podendo ser precedida por lesões vesiculosas. Além da sífilis primária, pode se tratar de
cancro mole e herpes genital principalmente. A causa mais comum é o herpes genital, com lesões ulceradas
rasas e dolorosas, precedidas de vesículas. Sua manifestação clínica no momento do parto contra-indica parto
vaginal.
162
Herpes: o tratamento das lesões herpéticas, no decorrer da gestação, deve ser feito nos casos de primo-
infecção ou em recorrências, para reduzir duração do episódio. - aciclovir 400 mg, VO, de 8/8h, durante
sete a dez dias. Também se indica supressão viral para reduzir a transmissão do vírus no momento do
parto, prescrevendo-se aciclovir 400 mg, VO, de 8/8h, a partir das 36 semanas até o parto. Indica-se
cesariana apenas se houver lesões ativas no momento do parto ou se tiver tido lesão ativa há menos
de 7 dias;
Sífilis primária: Sífilis primária: penicilina benzatina, duas aplicações de 2.400.000UI IM, com intervalo
de uma semana (dose total de 4.800.000 UI)
Cancro mole: produz úlceras em espelho, dolorosas, diferentemente das úlceras da sífilis. Trata-se com
azitromicina 500mg, 2cp em dose única ou ceftriaxona, 250 mg, IM, dose única - orientação do PCDT
de Infecções Sexualmente Transmissíveis
Donovanose: Se úlcera de mais de 4 semanas, tratar donovanose e realizar biópsia – azitromicina
500mg, 2cp DU por semana, por 3 semanas.
Tratamento da gestante:
Qualquer um dos tratamentos tópicos pode ser usado para candidíase em gestantes, dando-se
preferência aos derivados imidazólicos como o miconazol, o isoconazol, o tioconazol e o clotrimazol,
por um período de sete dias. Não deve ser usado tratamento oral. Para vaginose bacteriana e
tricomoníase, está indicado o uso de metronidazol 250mg, 2cp, 2x/d, 7 dias. Nos casos de tricomoníase,
o parceiro também deve ser tratado. Clindamicina 300mg, 2x/dia, por 7 dias pode ser utilizada se for
tratar somente vaginose bacteriana na gestante.
3. Síndrome de corrimento cervical: difícil diagnóstico clínico na gestante. Caracteriza-se pela presença de
corrimento mucopurulento proveniente do orifício externo do colo do útero, acompanhado ou não por hiperemia,
ectopia ou colpite. As causas mais comuns são infecção por clamídia e gonococo.
164
Condiloma acuminado: caracterizado por lesões verrucosas, isoladas ou agrupadas, úmidas ou secas e
queratinizadas, geralmente localizadas na vulva, períneo e região perianal. Podem ser subclínicas e afetar
o colo uterino. Alguns subtipos do HPV são mais fortemente associados a neoplasia cervical (subtipos 16,
18, 31 e 35). Na gestação, as lesões condilomatosas poderão atingir grandes proporções, pelo aumento
da vascularização ou pelas alterações hormonais e imunológicas que ocorrem nesse período. Não há
evidência de benefícios da operação cesariana pelo risco, muito baixo, de transmissão do HPV para o
recém-nascido. Quando o tamanho e a localização das lesões estão causando obstrução do canal de parto,
ou quando o parto vaginal possa ocasionar sangramento excessivo, a operação cesariana está indicada.
Gestantes com condilomatose deverão ser seguidas com citologia oncológica após o parto.
165
Tratamento da gestante:
Como as lesões durante a gestação podem proliferar e tornar- se friáveis, indica-se sua remoção em
fases precoces da gestação, se for possível. Deve se evitar intervenção com grande perda de substância
por cauterização (elétrica, térmica) extensa ou exerése no final do 3º trimestre.
É importante orientar o uso de preservativo e avaliação do parceiro sexual, com suspensão de atividade
sexual durante o tratamento.
1. Helmintíases: são infecções ou infestações, sintomáticas ou inaparentes, causadas por vermes que passam
a habitar o trato intestinal, geralmente limitando-se a essa localização em sua fase adulta. Na fase larvária, os
helmintos podem ser encontrados no tubo digestivo e em outros órgãos, de acordo com seu ciclo biológico e
com determinadas circunstâncias (imunodepressão).
2. Protozooses: causadas por protozoários que passam a habitar o trato intestinal, permanecendo a ele
limitados, ou eventualmente invadindo outros órgãos. Alguns protozoários não são considerados patogênicos
para o tubo digestivo: Entamoeba coli, Iodamoeba buetschlii, Chilomastix mesnili, Endolimax nana,
Trichomonas hominis. Não necessitam, portanto, de nenhum tipo de tratamento específico.
Amebíase: protozoose causada pela Entamoeba histolytica. Pode apresentar-se nas formas intestinal
e extraintestinal. A grande maioria dos acometidos apresenta a doença benigna, manifestando-se sob
a forma intestinal diarréica.
Giardíase: as manifestações clínicas estão presentes em 50% das vezes ou mais, relacionando-se,
possivelmente, com a participação de fatores predisponentes, como alterações da flora intestinal e
desnutrição. A manifestação mais comum é a diarréia, às vezes acompanhada de desconforto
abdominal ou dor em cólica, flatulência, náuseas e vômitos. Na giardíase não se observam, de modo
geral, manifestações sistêmicas e não ocorrem alterações do hemograma, inclusive, eosinofilia.
A oclusão total ou parcial de uma veia por um trombo, com reação inflamatória primária ou secundária
de sua parede, caracteriza-se como trombose venosa, sendo mais comum nos membros inferiores e como
consequência de varizes, da imobilização prolongada no leito, da obesidade e/ou de compressão da
musculatura da panturrilha. Podem existir antecedentes de trombose. Por estar pouco aderido à parede do
vaso, existe uma grande chance desse trombo se fragmentar e chegar ao coração ou pulmão,
causando embolia pulmonar.
Recomendar à gestante:
Repousar pelo menos 20 minutos, várias vezes ao dia, com as pernas elevadas.
168
Não usar roupas muito justas e, se possível, utilizar meia-calça elástica para gestante; pode-se indicar
meias de média compressão, com tamanho sugerido a partir da aferição da circunferência da panturrilha.
A suspeita diagnóstica é feita por meio da história clínica de dor na panturrilha ou na coxa, aumento da
temperatura local, edema, dificuldade de deambulação, empastamento de panturrilha (sinal da bandeira) e/ou
dor à dorsoflexão do pé (sinal de Homans). Na suspeita dessa condição, a mulher deve ser encaminhada ao
centro de referência para confirmação do diagnóstico e tratamento.
9.15 – Epilepsia
Epilepsia inclui um grupo de doenças que têm em comum crises convulsivas que ocorrem na ausência
de condições tóxico-metabólicas ou febris. A prevalência da epilepsia é muito variável, estimando-se que 0,5%
das gestantes apresentam essa condição. Em apenas cerca de um terço desses casos, o fator causal ou
desencadeante consegue ser identificado.
A epilepsia é afetada pelos hormônios sexuais, o que pode gerar complicações para a saúde reprodutiva
da mulher, especialmente durante a gestação. Existe uma ação pró-convulsivante do estrógeno e
anticonvulsivante da progesterona.Os estrógenos aumentam a excitabilidade e diminuem o limiar para
desencadeamento de crises. A progesterona, por sua vez, diminui a excitabilidade e aumenta esse limiar.
As repercussões da gravidez sobre a epilepsia são contraditórias. Trabalhos que mostram melhora das
crises a atribuem à maior adesão ao tratamento e à maior regularidade no uso da medicação pelas gestantes.
Outros trabalhos mostram que entre 17% e 37% das mulheres grávidas com epilepsia têm aumento da
frequência das crises, em especial no 3o trimestre. Isso se deveria às alterações sistêmicas próprias da
gravidez, como ganho de peso, alterações hormonais e aumento do volume plasmático, que levam a alterações
na absorção das drogas, aumento do metabolismo e outras alterações fisiológicas que culminam com
diminuição do seu nível sérico. Outro fator que comumente levaria ao aumento da frequência de crises é a
suspensão da droga pela própria gestante ou pelo profissional de saúde, por medo de efeitos deletérios ao feto.
A frequência das convulsões no período pré-gestacional pode estar relacionada à frequência das crises
também na gestação. As mulheres que provavelmente apresentarão menos crises durante a gravidez são
aquelas que, mesmo utilizando esquema anticonvulsivante adequado, não apresentaram convulsões nos
últimos meses que antecederam a gestação.
Tem-se associado inúmeras complicações durante a gestação, o parto e o puerpério de mulheres com
epilepsia em uso de anticonvulsivantes: abortamentos espontâneos, morte perinatal, prematuridade, anomalias
congênitas e anormalidades de crescimento fetal e desenvolvimento em taxas maiores que as da população
169
geral. No entanto, ainda não está esclarecido se esses efeitos são secundários às crises convulsivas ou às
drogas utilizadas para o seu controle. A convulsão materna isolada raramente se associa ao óbito fetal. No
entanto, crises epilépticas de repetição incrementam em duas vezes o risco de óbito materno e de 50% o óbito
fetal. De modo geral, pode-se assumir que o risco de malformações fetais dobra quando comparado à
população geral. A monoterapia tem menor associação com alterações fetais. As malformações mais
frequentes são o lábio leporino e palato fendido. A fenitoína associa-se com hipertelorismo e hipoplasia digital
e o ácido valpróico tem associação de 2% a 3% com defeitos de fechamento do tubo neural.
Não existem evidências de que crises parciais simples ou complexas, crises de ausência ou mioclônicas
tenham efeito adverso na gestação ou no feto. No entanto, as crises generalizadas tônico-clônicas podem levar
a acidentes graves e, potencialmente, hipóxia materna e fetal. Portanto, nessas situações, está recomendado
o tratamento medicamentoso com drogas antiepilépticas (DAE), conforme as recomendações abaixo.
1. Discutir com a mulher os possíveis riscos da gestação para ela mesma e para o feto, além dos potenciais
efeitos teratogênicos das DAE. Essa orientação deve ser dada antes da gestação para evitar a ansiedade da
gestante e possível interrupção da medicação por falta de informação adequada;
2. Uso de ácido fólico na dosagem de 5 mg ao dia. O ideal é que a paciente inicie o uso de ácido fólico pelo
menos 3 meses antes da gestação.
3. Em pacientes sem crises há mais de 2 anos, discutir a suspensão da droga na periconcepção e primeiro
trimestre.
4. Uso preferencial de DAE em monoterapia e em doses fracionadas. Não alterar o regime terapêutico durante
a gestação, a não ser sob orientação de especialista.
5. Não existe uma droga ideal para ser usada durante a gestação. De maneira geral, as drogas atualmente
mais utilizadas e com efeitos melhor conhecidos durante a gestação são a carbamazepina, o clonazepam, a
oxcarbazepina, o fenobarbital e a fenitoína. Nenhuma DAE apresenta perfil de teratogenicidade específico. A
exceção é para o uso de valproato, que tem sido associado com risco de 1% a 2% de espinha bífida, mas seu
uso em combinação com a carbamazepina parece diminuir esse risco (única ocasião em que a politerapia com
DAE diminui os efeitos teratogênicos).
6. A dosagem será sempre individualizada, na dependência da frequência das crises. A dose máxima de
carbamazepina é de 1200mg.
Acompanhamento pré-natal:
É importante enfatizar que a droga anticonvulsivante não deve ser suspensa só porque a mulher
engravidou, ou porque tenha apresentado crises convulsivas mesmo com o uso da droga. Nessa
condição, é recomendável referir a gestante para a avaliação de especialista para adequar o tratamento,
aumentando a dosagem da droga, trocando-a ou associando.
As gestantes epilépticas que já utilizam carbamazepina e apresentam novas crises, podem ter a
dosagem da droga aumentada pelo profissional da atenção antes do encaminhamento para centro de
referência, desde que a dose habitual não esteja ultrapassando o limite de segurança (1.200mg).
Obs: um primeiro episódio de convulsão em gestante, particularmente após a vigésima semana deve sugerir a
possibilidade de eclâmpsia mesmo sem a presença de nível pressórico moderado ou grave.
Amamentação
O diagnóstico é basicamente clínico. A anamnese informa sobre perda líquida, em grande quantidade
(molha roupas), súbita e habitualmente indolor. O exame físico está dentro dos padrões de normalidade e o
171
exame obstétrico mostra volume uterino adequado para a idade gestacional referida, útero normotônico, partes
fetais mais facilmente palpáveis e batimentos cardíacos fetais presentes.
A presença de líquido em fundo de saco vaginal, as paredes vaginais limpas e a visualização de saída
de líquido amniótico pelo orifício do colo, espontaneamente ou após esforço materno, indicam a confirmação
diagnóstica. Essas informações podem ser facilmente obtidas por meio de exame vaginal com espéculo. Os
casos suspeitos ou confirmados de amniorrexe prematura não devem ser submetidos ao exame de toque
vaginal, porque isso aumenta o risco de infecções amnióticas, perinatais e puerperais.
Como, entretanto, nem sempre esses dados são obtidos, utilizam-se também outros métodos para
diagnóstico, como, por exemplo:
Prova de cristalização: consiste em colher material do fundo de saco vaginal e próximo do orifício do
colo sobre uma lâmina. Após a secagem do material coletado, a observação ao microscópio permite
confirmar a presença de líquido amniótico no conteúdo vaginal se ocorrer cristalização na forma de
folhas de samambaia. Entretanto, são comuns os resultados falso-negativos, sobretudo quando
decorrido maior tempo entre a rotura de membranas e o exame.
Verificação de pH do conteúdo vaginal: a indicação direta ou indireta de valores mais elevados de pH
(> 6) sugere o diagnóstico de amniorrexe, embora várias situações estejam relacionadas com resultados
falso-positivos e negativos.
Exame de ultrassonografia com a medida do índice de líquido amniótico (ILA): a estimativa de medida
de ILA abaixo do limite inferior para a respectiva idade gestacional em uma curva de valores normais é
útil para corroborar o diagnóstico.
Prova do forro: colocar um forro vaginal e solicitar que a paciente caminhe por cerca de 30-60 minutos
e então verificar se o forro encontra-se com úmido, confirmando o diagnóstico.
Conduta
O elemento fundamental para a conduta nos casos de ruptura prematura de membranas é a idade
gestacional. Nas gestações a termo, o profissional de saúde da unidade básica deverá encaminhar a gestante
para o hospital ou maternidade designado para o atendimento ao parto. Nas gestações pré-termo, com maior
risco de complicações maternas e perinatais, as mulheres devem ser imediatamente referidas para a
maternidade de referência para gestações de risco, onde procedimentos propedêuticos e terapêuticos
adicionais serão providenciados.
modificações cervicais. É importante lembrar que existem contrações uterinas durante a gestação,
denominadas de Braxton-Hicks, que são diferentes daquelas do trabalho de parto, pela ausência de ritmo e
regularidade. O trabalho de parto é definido pela presença de duas a três contrações uterinas a cada dez
minutos, com ritmo e frequência regulares, acompanhadas de modificações cervicais caracterizadas pela
dilatação maior ou igual a 2 cm e/ou esvaecimento maior que 50%.
Há menor risco de morte fetal assim como menor morbimortalidade infantil nos nascimentos compreendidos
entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias nesse período. Assim, deve-se evitar o nascimento antes de 39
semanas sempre que possível, ressaltando que, se houver início de parto espontâneo, ruptura das membranas
amnióticas ou indicação médica de interrupção da gestação antes do período especificado acima, os
nascimentos não devem ser postergados.
Condutas:
Na presença de contrações uterinas rítmicas e regulares, com idade gestacional < 37 semanas, sem
modificação cervical em avaliação seriada, caracteriza-se o falso trabalho de parto prematuro. Esses
casos necessitam apenas de repouso e orientações. Se as contrações persistirem, deverá ser
encaminhada para hospital de referência.
Na presença de contrações uterinas acompanhadas de modificação colo, esvaecimento ou dilatação,
encaminhar para hospital de referência.
O antecedente de prematuridade é o principal fator de risco para recorrência. O TPP com frequência é
relacionado a infecções vaginais (principalmente a vaginose bacteriana) e urinárias. Em situações de
parto prematuro anterior, recomenda-se o rastreamento dessas afecções (ver Rotina Laboratorial). A
bacterioscopia da secreção vaginal é uma avaliação de perfil bacteriológico do conteúdo vaginal por
critério de Nugent (Nugent > 7 = vaginose bacteriana). Quando realizada, idealmente antes das 20
semanas de gestação, pode apresentar benefícios para a prevenção da prematuridade. Se a
bacterioscopia for indisponível, pode-se realizar um diagnóstico presumido, através do exame
especular, pela positividade de pelo menos 3 dos 4 critérios de Amsel: 1) corrimento branco-
acinzentado; 2) medida do pH > 4.5 com fita apropriada aplicada a 2-3 cm do intróito vaginal, na parede
lateral da vagina; 3) Liberação de aminas com odor de peixe no teste com hidróxido de potássio a 10%
173
adicionado a uma amostra do conteúdo vaginal; 4) Visualização de clue cells (células alvo) à
microscopia.
Na suspeita de infecção urinária, solicitar Urina tipo I e urocultura. O tratamento destas condições
diminui o risco de prematuridade.
Ainda, caso a gestante possua antecedente positivo para parto prematuro e apresente, na atual
gravidez, colo encurtado, deverá ser encaminhada ao alto risco para avaliação de cerclagem.
A incidência de pós-datismo é em torno de 5%. O diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o
estabelecimento precoce da idade gestacional, que pode estar falseado na presença de irregularidades
menstruais, uso de anticoncepcionais hormonais, lactação, etc. Nessas situações, o exame ultrassonográfico
precoce é recurso eficaz para estabelecimento da idade gestacional.
Conduta
Por volta da 40ª semana de idade gestacional, ou antes disso, se houver diminuição da movimentação
fetal, encaminhar a gestante para centro de referência para outros testes de vitalidade fetal. Nesses casos, os
profissionais do centro de referência devem orientar adequadamente a gestante e a unidade básica de saúde
responsável pelo pré-natal, segundo recomendações do manual técnico Gestação de Alto Risco. A paciente
174
deverá ser encaminhada com 41 semanas de gestação para indução do parto ou parto, segundo as
características do caso.
É importante enfatizar que, embora seguida pelo centro de referência para avaliação de vitalidade,
nenhuma gestante deve receber alta do pré-natal da unidade básica antes de internação para o parto.
A morbimortalidade perinatal é maior que a habitual e aumenta em proporção direta ao número de fetos.
É devida, principalmente, à prematuridade e à restrição de crescimento fetal, por vezs seletiva, além de
malformações fetais, alterações placentárias e de cordão umbilical. A morbidade materna também está
aumentada pela maior incidência de hiperêmese, trabalho de parto prematuro, síndromes hipertensivas,
anemia, quadros hemorrágicos no parto, polidrâmnio, apresentações anômalas etc.
Conduta
As gestações gemelares dicoriônicas e diamnióticas não complicadas por outras comorbidades podem
ser acompanhadas em pré-natal de baixo risco, nas unidades básicas de saúde, desde que o profissional esteja
ciente dos riscos potenciais e tenha facilidade de encaminhamento para unidade ou hospital que preste
assistência à gestação de alto risco. Os casos diagnosticados como monocoriônicos devem ser seguidos em
um centro de atenção à gestação de alto risco pela maior frequência de complicações e pela maior necessidade
175
da interrupção mais precoce da gestação. As gestações trigemelares ou com maior número de fetos, devem
sempre ser seguidas em centros de atenção ao alto risco.
Cabe ao profissional de saúde estar alerta para todas as condições de risco e realizar consultas mais
frequentes. Esse acompanhamento consiste na preocupação com alimentação, controle de anemia materna
(mais comum, se comparada com a gestante com feto único), orientação de diminuição de esforços físicos em
demasia e repouso relativo devido à distensão uterina, bem como na monitorização dos fetos por meio de
ultrassonografia no 1º, 2º e mensal no 3º trimestre e cardiotocografia semanal a partir das 28-30 semanas.
Nas situações de trabalho de parto prematuro ou alterações cervicais que levem a suspeitar de um risco
maior de prematuridade, a utilização profilática de corticóide para acelerar a maturidade pulmonar dos fetos
está recomendada. A ultrassonografia de rotina para medida de colo uterino em gestações gemelares, o uso
rotineiro de progesterona, circlagem, pessário cervical, repouso ou tocolíticos (em gestantes assintomáticas)
não demonstraram prevenir nascimentos prematuros.
Via de parto
O parto de gemelares deve ser sempre hospitalar e com acesso a analgesia e atendimento de urgência.
Não há evidências suficientes que suportem a indicação de cesárea eletiva para todas as gestações gemelares.
A via de parto depende da apresentação fetal, da idade gestacional, da amniocidade e da presença ou ausência
de outras indicações formais de cesárea. Se ambos os fetos forem cefálicos ou se o primeiro feto for cefálico,
poderá ser realizado o parto vaginal. No caso de trigemelares, a recomendação é realizar parto cesárea.
Os agravos mais significativos desencadeados pela gravidez na adolescência recaem na esfera social
pela dificuldade de inserção destas jovens no sistema educacional, o que as impede de desenvolver projeto de
vida que antes haviam planejado. Isso colabora para a continuidade do ciclo de pobreza, com todas as más
consequências para a qualidade de vida dessas jovens. Os homens adolescentes também carregam o ônus de
uma gravidez precoce uma vez que assumem a paternidade sem estrutura econômica, e às vezes emocional,
para cuidar e educar um filho, o que deve ser contemplado na atenção à saúde reprodutiva.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Título dos Direitos Fundamentais, Capítulo l,
do Direito à Vida e à Saúde, art. 7º, dispõe o seguinte: "a criança e o adolescente tem direito à proteção à vida
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio, harmonioso e em condições dignas de existência". O art. 8º assegura no SUS o atendimento pré e
perinatal, determinando: acompanhamento para a gestante, vinculação entre serviços e profissionais que fazem
o pré-natal e os que realizarão o parto das adolescentes. O atendimento humanizado e de qualidade no pré-
natal, no parto e no puerpério é fundamental para diminuir esses agravos. É importante, ainda, a inclusão de
medidas de prevenção e promoção da saúde, em vez da assistência estritamente biológica e curativa.
Principalmente, é importante que a adolescente seja informada de seus direitos, como o de ter acompanhante
de sua escolha durante toda a gestação e durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto (ECA e Lei
nº11.108).
As ações relacionadas à saúde sexual e reprodutiva devem ser iniciadas antes da gravidez,
influenciando no processo de decisão sobre anticoncepção e gravidez, com a valorização do desenvolvimento
da autoestima, da autonomia, do acesso à informação e a serviços de qualidade que ofereçam promoção e
assistência geral nesse campo e acesso contínuo à atenção em planejamento familiar, com escolha livre e
informada. Para isso, é necessária a implementação de políticas intersetoriais que enfoquem e garantam o
acesso a atividades produtivas, educativas e recreativas, visando a ocupação do tempo livre, contemplando os
diferentes estilos de vida, a diversidade cultural e a abordagem das relações de gênero, etnia e classe social,
eixos norteadores do processo de trabalho com adolescentes. As políticas de promoção e atenção à saúde dos
adolescentes devem incluir estratégias diferenciadas que privilegiem os grupos mais vulneráveis e promovam
o bem-estar e desenvolvimento saudável para todos.
A atenção básica pode conduzir a assistência pré-natal da adolescente que não for caracterizada de
alto risco.No entanto, os profissionais envolvidos no processo devem aprimorar um perfil de atendimento que
englobe uma visão ampla de atenção, na qual aspectos nutricionais, psicológicos e sociais sejam valorizados.
O diálogo é um instrumento relevante. Para que a adolescente comunique os eventuais questionamentos e
angústias, é preciso que a consulta proporcione tempo para que ela fale, exigindo do(a) assistente uma postura
de ouvinte ativo(a) e interessado(a). As ações educativas podem ser específicas e podem começar na consulta,
incluindo temas importantes como pré-concepção, planejamento familiar e amamentação.
A individualidade do adolescente deve ser preservada no acolhimento oferecido para essa jovem.
O adolescente deve ser reconhecido como indivíduo em evolução e necessita de atendimento
diferenciado que a identifique como de avaliar seu problema e ter o direito de fazer opções.
A participação da família deve ser encorajada, com limites claros para esse envolvimento.
PRINCÍPIOS ÉTICOS
Uma das estratégias para que adolescentes e jovens procurem os serviços é torná-los reservados e
confiáveis, assim como caracterizá-los por atendimento que dê apoio, sem emitir juízo de valor. É importante
que os profissionais de saúde assegurem serviços que ofereçam:
A viabilização desses princípios no atendimento de adolescentes colabora para melhor relação entre
paciente e profissional, ampliam a capacidade de encaminhamento das ações necessárias e favorecem a
possibilidade de retorno de adolescentes e jovens aos serviços. Também asseguram o direito de serem
reconhecidos como sujeitos capazes de tomarem decisões de forma responsável.
O direito à saúde constitui direito humano fundamental; é um direito tutelar que exclui qualquer
outra norma que se mostre prejudicial ao bem juridicamente tutelado. O Estatuto da Criança e do Adolescente,
que consolida os direitos básicos da população infanto-juvenil, em seu art. 3º, claramente dispõe a doutrina da
proteção integral, determinando a natureza tutelar dos direitos ali elencados, que predominarão sobre qualquer
outro que possa prejudicá-lo.
Art. 17 – O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e
do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Diante das implicações legais que possam surgir nos casos de maior complexidade, recomenda-se que
o serviço de saúde busque articulação e integração com o Conselho Tutelar da região – órgão responsável na
sociedade por zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente – e com a Promotoria da Infância
e Juventude, de forma a possibilitar a participação de seus integrantes na condução das questões excepcionais,
de modo harmônico com os princípios éticos que regem esse atendimento.
Considerando que a revelação de determinados fatos aos responsáveis legais podem acarretar
consequências danosas para a saúde do jovem e a perda da confiança na relação com a equipe, o Código de
Ética Médica não adotou o critério etário, mas o do desenvolvimento intelectual, determinando expressamente
o respeito à opinião da criança e do adolescente, bem como a manutenção do sigilo profissional, desde que o
assistido tenha capacidade de avaliar o problema e conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo.
Códigos de ética profissional e o próprio Código Penal seguem o mesmo entendimento e determinam de forma
expressa o sigilo profissional independentemente da idade do(a) paciente, prevendo sua quebra apenas nos
179
casos de risco de vida ou outros riscos relevantes para a própria pessoa ou para terceiros, como distúrbios
psíquicos do(a) paciente que o(a) façam rejeitar tratamento, ou risco de suicídio ou homicídio.
É vedado ao médico:
Art. 103 – Revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou
responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por
seus próprios meios para solucioná-los, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente.
Código Penal
É vedado ao médico:
Art. 107 – Deixar de orientar seus auxiliares e de zelar para que respeitem o segredo profissional a que estão
obrigados.
Adolescentes e jovens devem ter a garantia de que as informações obtidas no atendimento não serão
repassadas aos seus pais e/ou responsáveis, bem como aos seus pares, sem a sua concordância explícita.
Entretanto, devem ser informados das situações que requeiram a quebra de sigilo, ou seja, quando houver risco
de vida ou outros riscos relevantes tanto para o(a) paciente quanto para terceiros, a exemplo de situações de
abuso sexual, ideação suicida, informação de homicídios e outros.
Recomenda-se, portanto:
Que a equipe médica busque sempre encorajar o adolescente a envolver a família no acompanhamento
dos seus problemas, já que os pais ou responsáveis tem a obrigação legal de proteger e orientar seus
filhos ou tutelados;
Que a quebra do sigilo, sempre que possível, seja decidida pela equipe de saúde juntamente com o
adolescente e fundamentada no benefício real para a pessoa assistida, e não como uma forma de “livrar-
se do problema”.
180
No entanto, a maior parte dos casos de violência contra a mulher ainda não é notificada ou registrada.
Diversas propostas de intervenção vêm sendo implantadas com a finalidade de reconhecer e manejar a
questão. Uma delas é perguntar diretamente a todas as usuárias dos serviços de saúde se enfrentam ou
sofreram algum tipo de violência.
A violência exerce grande impacto para a saúde da gestante, com consequências que podem também
comprometer a gestação e o recém-nascido e pode ser mais comum do que a pré-eclâmpsia, o diabetes
gestacional ou a placenta prévia. O ciclo gravídico-puerperal não confere proteção para a mulher; a maioria das
mulheres que sofre violência antes de engravidar continua a sofrê-la durante a gravidez e boa parte delas, após
o parto. Portanto, a assistência pré-natal é um momento privilegiado para identificar as mulheres que sofrem
violência e, muitas vezes, a única oportunidade de interromper o seu ciclo. O atendimento apropriado para
grávidas que sofrem violência física, sexual ou psicológica representa uma de muitas medidas a serem
adotadas para enfrentar o fenômeno da violência. A presença de lesões, sua distribuição e características
morfológicas devem servir como suspeita para o ato violento; deve-se suspeitar também de espancamento
quando houver equimoses múltiplas na cabeça e/ou pescoço e em diversas partes do corpo. O agressor pode
apresentar diversas atitudes, inclusive participar do atendimento à vítima e agir com proteção acentuada.
Grávidas que sofrem violência sexual não realizam o pré-natal ou postergam seu início e apresentam
maior risco relativo de infecções vaginais e cervicais, de ganho de peso insuficiente, de trabalho de parto
prematuro, de baixo peso ao nascer e de infecção do trato urinário. Além disso, a grávida que sofre violência
desenvolve quadro de estresse emocional constante que se associa com baixa autoestima, isolamento, uso
excessivo ou abusivo de cigarro, álcool ou drogas e suicídio.
Para a verificação de situações de abuso ou violência, devem ser ativamente observados os seguintes
indicadores-sentinela:
O atendimento inicial na unidade básica de saúde da grávida que sofreu violência deve contemplar
anamnese que permita a avaliação da situação do contexto no qual ocorreu, avaliar se seria violência aguda
ou crônica, se a mulher foi vítima de violência doméstica, sexual ou psicológica, bem como se há risco de
revitimização, para que se possa oferecer orientações e proceder ao encaminhamento mais adequado. Além
disso, deve-se realizar exame físico minucioso e, se necessário, encaminhá-la ao serviço de urgência, para
procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos. Nos casos de violência sexual, sempre que for possível, deve-
se proceder à obtenção de material seminal do agressor, utilizando-se da recomendação técnica detalhada
mais adiante. Após a avaliação preliminar, a paciente deverá ser encaminhada imediatamente para o centro de
referência para esses agravos, bem como ser orientada sobre as ações jurídicas do caso, a profilaxia de DST
e sobre o acompanhamento multiprofissional: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outras
especialidades que forem necessárias. Todas as ações devem ser cuidadosamente registradas.
Entre as principais medidas a serem adotadas no atendimento a mulheres que apresentam gravidez
decorrente de violência sexual ou que sofreram violência sexual durante a gravidez incluem-se o cuidado com
as IST. Parte importante das IST decorrentes da violência sexual pode ser evitada. Gonorréia, sífilis, clamidíase,
tricomoníase e cancro mole podem ser prevenidos com o uso de medicamentos eficazes. Embora não seja
possível estabelecer com exatidão o tempo limite para a introdução da profilaxia das IST não virais, é certo que
melhores resultados são obtidos quanto mais precocemente se inicia a medida, principalmente dentro das
primeiras 72 horas após a violência sexual. A profilaxia das infecções de transmissão sexual não virais em
grávidas que sofrem violência visa os agentes mais prevalentes e de repercussão clínica relevante. Está
indicada nas situações de exposição possível a estes agentes, independentemente da presença ou gravidade
das lesões e idade da mulher.
Algumas premissas:
A gravidez, em qualquer idade gestacional, não contraindica a profilaxia para as IST não virais.
O uso metronidazol e suas alternativas (tinidazol e secnidazol) é facultativo ou pode ser
postergado em casos em que houver prescrição de profilaxia antirretroviral (interação
medicamentosa) e em casos de intolerância gastrintestinal conhecida ao medicamento. Além
disso, deve ser evitado no primeiro trimestre gestacional.
O tianfenicol e as quinolonas (como a ofloxacina) são contraindicados na gestação.
O uso concomitante de diversos medicamentos pode colaborar com a redução de efeitos
colaterais e da baixa adesão ao esquema profilático.
QUADRO 10.1 – PROFILAXIA DAS IST NÃO VIRAIS PARA GRÁVIDAS VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIA SEXUAL
Profilaxia da sífilis
Penicilina G benzatina 2.400.000 UI IM duas doses, uma por
semana (dose total 4.800.000 UI)
Profilaxia da gonorréia
Ceftriaxona 500 mg IM dose única
Profilaxia da tricomoníase
Metronidazol 2g VO dose única
Hepatite B
A imunoprofilaxia para a hepatite B está indicada em casos de violência sexual em que ocorrer
exposição da gestante ao sêmen, sangue ou outros fluidos corporais do agressor. Gestantes imunizadas para
hepatite B, com esquema vacinal completo, não necessitam de reforço ou do uso de imunoglobulina hiperimune
para hepatite B (IGHAHB). Aquelas não imunizadas ou com esquema vacinal incompleto devem receber uma
dose da vacina, devendo completar o esquema posteriormente (1 e 6 meses), além da imunoglobulina. A vacina
para hepatite B deve ser aplicada em deltóide, não na região glútea, onde tem menor imunogenicidade. A dose
da vacina em microgramas ou mililitros varia de acordo com o fabricante, devendo-se seguir as orientações da
bula e as normas do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
As evidências científicas indicam que o uso de IGHAHB é eficaz quando o agressor tem sabidamente
hepatite B aguda. Devido à dificuldade de se comprovar o fato nas circunstâncias de violência sexual, optou-se
pela recomendação de utilização de IGHAHB em todas as mulheres em situação de violência sexual não
imunizadas ou com esquema incompleto. Assim, as grávidas em situação de violência sexual também devem
receber, além da vacina, dose única de imunoglobulina hiperimune para hepatite B (IGHAHB), 0,06 mL/kg, IM,
dose única, em extremidade diferente da vacina e se a dose da vacina ultrapassar 5mL, deve-se dividir a
aplicação em duas áreas corporais diferentes. A IGHAHB pode ser administrada até, no máximo, 14 dias após
a violência sexual, embora se recomende o uso nas primeiras 48 horas.
Importante:
a) Não deverão receber a imunoprofilaxia para hepatite B casos de violência sexual em que a grávida apresente
exposição crônica e repetida com mesmo agressor, situação frequente em casos de violência sexual doméstica.
A sorologia deve ser realizada para descartar/confirmar infecção prévia.
183
b) Não deverão receber a imunoprofilaxia para hepatite B grávidas cujo agressor seja sabidamente vacinado,
ou quando ocorrer uso de preservativo masculino ou feminino, durante todo o crime sexual.
Nas situações em que o estado sorológico do agressor não pode ser conhecido em tempo hábil, a profilaxia
do HIV deve ser indicada quando ocorrer penetração vaginal e/ou anal, associada ou não ao coito oral. Essa
condição corresponde à maioria dos casos de violência sexual atendidos pelos serviços de saúde. . Em
situações de violência sexual com sexo oral exclusivo, não existem evidências para assegurar a indicação
profilática dos antirretrovirais, até o momento, mesmo com ejaculação dentro da cavidade oral. Nesses casos,
riscos e benefícios devem ser cuidadosamente ponderados e a decisão deve ser individualizada.
Não devem receber a profilaxia para o HIV casos de violência sexual em que a mulher, criança ou
adolescente apresente exposição crônica e repetida ao mesmo agressor.
Não deverá ser realizada a profilaxia para o HIV quando ocorrer uso de preservativo masculino ou
feminino, sem rompimento, durante todo o crime sexual.
Algumas situações excepcionais merecem atenção. A realização do teste anti-HIV no agressor deve ser
feita sempre que possível, mesmo após o início da quimioprofilaxia, com o objetivo de suspender a medicação
antirretroviral se o resultado for negativo. Também o uso de teste rápido pode ser indicado para a tomada de
decisão terapêutica, quando a condição sorológica do agressor é desconhecida, mas ele é identificável e
existindo tempo para sua avaliação em menos de 72 horas da violência.
Nos casos em que o agressor é sabidamente HIV positivo e está em tratamento com uso de
antirretrovirais, a decisão do tipo de combinação de medicamentos para profilaxia deverá ser individualizada,
idealmente sob orientação de um infectologista. Nesses casos, recomenda-se o uso dos esquemas habituais
para profilaxia pós-exposição (PeP) com Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Atazanavir/ritonavir (ATV/r),
com uso de um comprimido combinado TDF/3TC e um comprimido adicional de ATV/r por dia, o que aumenta
a adesão, com duração de 28 dias. O caso deve ser encaminhado a um infectologista.
A prescrição da quimioprofilaxia pós-exposição sexual ao HIV exige avaliação cuidadosa quanto ao tipo
e grau de risco do ato violento, bem como o tempo decorrido até a chegada da pessoa agredida ao serviço de
referência após o crime. A decisão final deve considerar a motivação e o desejo da mulher de se submeter ao
tratamento. A profilaxia do HIV, com o uso de antirretrovirais, deve ser iniciada no menor prazo possível, até 72
horas após a violência sexual. Os medicamentos devem ser mantidos, sem interrupção, por 4 semanas
consecutivas. O esquema de primeira escolha deve combinar três drogas, pela reconhecida maior eficácia na
redução da carga viral plasmática.
184
A coleta imediata de sangue e de amostra do conteúdo vaginal, realizada na admissão da gestante que
sofre violência sexual, é necessária para estabelecer a eventual presença de IST ou HIV prévios à violência
sexual. A realização de teste anti-HIV nos serviços de emergência deve ser feita após o aconselhamento e
consentimento verbal da gestante.
A gestante vítima de violência deve ser acompanhada com exames de laboratório para diagnóstico precoce de
infecções adquiridas (ver Qadro 10.2).
*Deve se coletar amostra para investigação do gonococo, clamídia e HPV, quando houver disponibilidade
e suporte laboratorial.
Traumatismos físicos
Poucas mulheres em situação de violência sexual sofrem traumas físicos severos. Gestantes que sofrem
abuso sexual são menos atingidas por danos físicos quando comparadas com as demais mulheres. No entanto,
os danos físicos influem negativamente nos resultados perinatais, com maior risco de prematuridade e de baixo
peso ao nascer. Embora a mulher em situação de violência sexual possa sofrer uma diversidade de danos
físicos, os hematomas e as lacerações genitais são os mais frequentes. Nas lesões vulvoperineais superficiais
e sem sangramento, deve-se proceder apenas com antissepsia local. Havendo sangramento, indica-se a sutura
com fios delicados e absorvíveis, com agulhas não traumáticas, sendo recomendável a profilaxia para o tétano.
Na presença de hematomas, a aplicação precoce local de bolsa de gelo pode ser suficiente. Quando instáveis,
os hematomas podem necessitar de drenagem cirúrgica.
185
Entre as consequências da violência sexual, a gravidez destaca-se pela complexidade das reações
psicológicas, sociais e biológicas que determina. Geralmente, é encarada como segunda violência, intolerável
para a maioria das mulheres. De acordo com o art. 128, inciso II do Código Penal, o abortamento é permitido
quando a gravidez resulta de estupro. No entanto, a maioria das mulheres ainda não tem acesso a serviços de
saúde que concordem em realizar o abortamento. Na identificação desses casos durante a assistência pré-
natal, é necessário que a mulher seja esclarecida sobre seus direitos e suas opções. Deve ser informada das
possibilidades de interromper a gestação até 20 semanas de idade gestacional, de manter a gestação ou da
doação da criança após o nascimento. Para cada opção, os serviços de saúde devem estar capacitados para
atender a mulher dentro de suas necessidades ou referenciá-la a serviços especializados. Para mais
informações, recomenda-se consultar a norma técnica Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes.
Recomendações finais
A violência contra a mulher é condição intersetorial e interdisciplinar, com importante interface com
questões policiais e judiciais. Embora não seja possível neste capítulo abranger todos os aspectos envolvidos,
algumas informações são críticas para os profissionais de saúde que atendem a gestante em situação de
violência física e sexual:
da Juventude, sem prejuízo de outras medidas legais, conforme art. 13 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Essa medida é de extremo valor para oferecer a necessária e apropriada proteção
para crianças e adolescentes, incluindo-se as gestantes com idade inferior a 18 anos.
A palavra da gestante que busca os serviços de saúde afirmando ter sofrido violência deve ter
credibilidade, ética e legalmente, devendo ser recebida como presunção de veracidade. O objetivo do
serviço de saúde é garantir o exercício do direito à saúde, e não se deve confundir seus procedimentos
com aqueles reservados à polícia ou à Justiça.
O boletim de ocorrência (BO) registra a violência para o conhecimento da autoridade policial, que
determina a instauração do inquérito e investigação. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) é
documento elaborado para fazer prova criminal. A exigência de apresentação desses documentos para
atendimento nos serviços de saúde é incorreta e ilegal. Embora sejam de indiscutível importância, a
assistência à saúde da gestante é prioritária. Não há impedimento legal ou ético para que o profissional
de saúde preste a assistência que avaliar como necessária.
Após o atendimento médico, se a mulher tiver condições, poderá ir à delegacia para lavrar o BO, prestar
depoimento ou submeter-se a exame pelos peritos do IML. Se por alguma razão não for mais possível
a realização dos exames periciais diretamente pelo IML, os podem acessar o prontuário ou solicitar os
achados de valor médico legal coletados no serviço. Assim, os dados sobre a violência sofrida e suas
circunstâncias, bem como os achados do exame físico e as medidas instituídas, devem ser
cuidadosamente descritos e registrados em prontuário.
A grávida em situação de violência que recorre aos serviços de saúde encontra- se, geralmente,
fragilizada e vulnerável. É comum que manifeste muitos sentimentos, como humilhação, vergonha, culpa, medo
ou depressão. É fundamental que o profissional de saúde trate a mulher com respeito e dignidade. Não se
deve, em nenhum momento, colocar a veracidade da sua história em questão ou as circunstâncias em que
tenha acontecido, por mais incomuns que possam parecer. Deve-se manter postura o mais neutra possível,
evitando julgamentos e manifestações de valores pessoais. Além disso, é necessário respeitar as
características emocionais e a situação de fragilidade, especialmente no momento do exame clínico. Os
profissionais de saúde devem estar preparados para o manejo clínico e psicológico das gestantes em situação
de violência. Negligenciar esses aspectos, particularmente os emocionais, pode resultar na revitimização da
mulher, lamentavelmente produzida pelos serviços de saúde.
187
Algumas questões são frequentes como dúvidas entre as gestantes e algumas delas serão abordadas
neste capítulo.
O ganho de peso excessivo pode ser decorrente da retenção hídrica na pré-eclâmpsia e preceder o
aumento da pressão arterial, devendo ser identificado como “sinal de alerta”. É importante que a unidade de
saúde esteja articulada com um serviço de nutrição e dietética que possa acompanhar gestantes que
apresentem anormalidades no seu estado nutricional
É necessário avaliar cada gestante, considerando o peso pré-gestacional, idade e grau de atividade
física. Recomenda-se um aumento de 300kcal/dia para suprir as necessidades calóricas diárias de uma
gestante. O valor energético total mínimo para uma grávida com peso normal deve ser 35kcal/kg. Para conhecer
o histórico alimentar da gestante, pode-se solicitar que a mesma anote os alimentos que ingeriu nos últimos
três dias, com os respectivos horários, incluindo líquidos, servindo como base de orientação (recordatório
alimentar).
É necessário orientar para uma nutrição sem restrições, bem balaceada em proteínas, carboidratos e
gorduras. Deve-se evitar leite e derivados não pausteurizados, carne, frango, ovos e peixe crus ou pouco
cozidos e frutas e vegetais não-lavados. Pode-se administrar aspartame (dose máxima de 50mg/kg/dia),
respeitando-se a contra-inidicação para portadoras de fenilcetonúria), a sacarina, o acesulfane K (dose máxima
de 313 mg/dia) e a sucralose (dose máxima de 1,6mg/kg/peso/dia).
altamente motivadas para melhorar comportamentos não saudáveis e têm visitas freqüentes com os
profissionais de saúde, o que facilita aconselhamento, apoio e supervisão.
Esses benefícios não são completamente independentes. Por exemplo, as mulheres com sobrepeso
e obesidade que perdem peso significativo antes do nascimento através do exercício e da dieta e evitam o
ganho excessivo de peso gestacional podem reduzir a probabilidade de desenvolverem diabetes gestacional e
comorbidades relacionadas com diabetes e obesidade, como macrossomia, pré-eclâmpsia e cesárea.
O exercício físico na gestação deve ter intensidade moderada por 30 minutos, associado aos cuidados
com dieta equilibrada, hidratação, utilização de roupas e calçados adequados além de temperatura ambiente
amena, ou seja, evitar as caminhadas nos períodos de maior incidência do sol. O princípio FITT (do inglês -
frequency, intensity, time, type) recomenda exercício regular três a cinco vezes por semana, numa intensidade
que permita conversar começando com 15 minutos e terminando em 30 minutos, movendo grandes grupos
musculares (caminhadas, exercícios na água, bicicleta), além de exercícios de alongamento e perineais. Deve-
se evitar que a gestante fique de pé, sem se movimentar durante longos períodos de tempo e/ou em decúbito
dorsal e recomenda-se evitar atividades com risco de trauma abdominal, entorse dos membros inferiores e
perda de equilíbrio.
É recomendada avaliação médica antes de iniciar a atividade física na gestação, que não é o melhor
período para iniciar exercícios aeróbicos em mulheres sedentárias ou intensificar treinamento.
11.3. Sexualidade
Não há razão para contra-indicar a atividade sexual na gestação, orientando-se, no entanto, abstinência
nos casos de amniorrexe prematura, trabalho de parto prematuro, insuficiência istmo-cervical, colo uterino
encurtado e síndromes hemorrágicas. O uso de preservativo deve ser recomendado em função do risco
associado com a aquisição de doenças que podem ser transmitidas pela relação sexual, incluindo-se o vírus
zika, além de sífilis, HIV e hepatite, por exemplo.
A equipe assistencial deve dar espaço para a grávida falar sobre a sexualidade do casal, pois as
alterações físicas, funcionais e psicológicas podem ser vivenciadas pelos casais como experiências marcadas
por questionamentos.É relevante valorizar-se as queixas, num diálogo empático, sem preconceito,
desmistificando crenças infundadas e diminuindo a ansiedade.
11.4. Trabalho
A atividade laboral pode continuar nas gestações de baixo risco até o momento do parto, devendo-se
avaliar as condições de trabalho, particularmente possibilidade de acidentes, exposição a calor, trabalho
noturno e longos períodos em pé ou realizando atividades físicas extenuantes. Nestas situações, deve-se
190
recomendar mudança de função. Nos casos de complicações da gestação, cada situação deve ser analisada
com cuidado. Algumas informações legais serão comentadas em capítulo próprio.
Produtos repelentes de uso tópico devidamente registrados na ANVISA podem ser utilizados por
gestantes. Neles se incluem n,n-dietil-meta-toluamida (DEET), além de hydroxyethyl isobutyl piperidine
carboxylate (Icaridin ou Picaridin) e ethyl butylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535), além de óleos
essenciais, como Citronela. Entretanto, deve-se levar em as recomendações de uso da rotulagem (tabela 1).
Orienta-se aplicação 2 a 3 vezes ao dia apenas sobre a pele exposta e nas roupas (não aplicar em região
coberta pela roupa), não utilizar sobre feridas ou mucosas, evitando-se dormir com o repelente no corpo. Estes
repelentes protegem durante 2 a 10 horas. Quando aplicados, devem sempre ser o último produto a ser passado
na pele, depois dos filtros solares, hidratantes ou maquiagem. Evitar contato com olhos, nariz e boca.
191
Fonte:
Repelentes ambientais e inseticidas também podem ser utilizados em ambientes frequentados por
gestantes, desde que devidamente registrados na ANVISA. A segurança para a utilização desses produtos
precauções descritas nos rótulos dos produtos. Os produtos comumente utilizados no combate e/ou no
controle da população do mosquito Aedes aegypti são: inseticidas, indicados para matar os mosquitos
adultos, possuem substâncias ativas que matam os mosquitos e componentes complementares como
os mosquitos do ambiente (encontrados na forma de espirais, líquidos e pastilhas utilizadas, por exemplo,
em aparelhos elétricos). Os repelentes utilizados em aparelhos elétricos ou espirais não devem ser
utilizados em locais com pouca ventilação nem na presença de pessoas asmáticas ou com alergias
respiratórias. Podem ser utilizados em qualquer ambiente da casa desde que estejam, no mínimo, a dois
metros de distância das pessoas. Os inseticidas “naturais” à base de citronela, andiroba e óleo de cravo,
entre outros, não possuem comprovação de eficácia nem a aprovação pela ANVISA. Além disso, a Tiamina
ou Vitamina B não apresenta eficácia comprovada como repelente e esta indicação de uso não é aprovada.
192
Para evitar focos de mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, combater a dengue, a chikungunya
todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito, como, por exemplo,
os pratinhos dos vasos de plantas, que podem ser enchidos com areia.
12.1 Na gravidez
A visão da equipe que atende a mulher no ciclo grávido-puerperal não pode se restringir a aspectos
biomédicos. Para que essa atenção seja adequada, é relevante que a mulher seja avaliada considerando o
ambiente em que vive, sua história social e as transformações emocionais que experimenta. A adequada
relação entre todos os indivíduos envolvidos (cliente, família, cuidadores) é uma dimensão necessária que gera
segurança, propicia uma ação individualizada e cria vínculo. É necessário promover um clima de acolhida,
baseado em confiança e empatia com respeito à experiência pessoal da gestante. A mulher vive uma fase de
transformação psíquica e, neste momento, muitos sintomas físicos podem se manifestar secundariamente a
conflitos e dificuldades sociais e/ou emocionais não resolvidas. Os profissionais devem oferecer oportunidade
para que a mulher expresse as suas queixas e dúvidas, evitando direcionamento rígido. Deve-se valorizar a
capacidade de escutar, evitando excesso ou insuficiência de informação e linguagem excessivamente técnica,
que inibam a comunicação ativa da mulher com a equipe de saúde.
A primeira consulta geralmente ocorre quando a mulher já elaborou algumas reações quanto ao seu
estado gravídico. Neste momento, já deve ter tomado decisões, como dar continuidade à gestação. Isso
não previne que inseguranças estejam presentes. Não é incomum haver uma demanda emocional
importante a ser acolhida. Frequentemente, a mulher busca confirmação de aspectos como diagnóstico
de gravidez; saúde fetal; ser assegurada de que tem boas condições de saúde para gestar; amparo para
suas dúvidas e ansiedades e apoio para a “jornada” da gravidez que se inicia.
Reconheça que a ambivalência com relação à gravidez é um sentimento normal. Toda gestante quer e
não quer estar grávida, daí a necessidade de compreender essa circunstância, sem julgamentos;
Acolha as dúvidas da gestante quanto à sua capacidade de gerar um bebê saudável, de vir a ser mãe
e desempenhar esse papel de forma adequada;
Compreenda a vulnerabilidade psíquica da gestante para acolhê-la, sem banalizar suas queixas;
193
Perceba que a gestante pode estar buscando figura de apoio e o profissional será constantemente
procurado, às vezes por dúvidas que possam ser insignificantes para ele, mas ameaçadoras para ela;
Considere que os exames de imagem podem ser aproveitados para promover um “encontro da mãe
com o seu filho”. Lembre-se que os exames podem ter interpretações distintas para os profissionais de
saúde e para a mulher;
Proporcione espaço na consulta para a participação do parceiro, para que ele possa, também, se
envolver no processo gravídico-puerperal ativamente, promovendo o equilíbrio nas mudanças ocorridas
com a chegada de um novo membro à família.
No primeiro trimestre:
No segundo trimestre:
Introspecção e passividade;
Impacto da percepção dos movimentos fetais;
Adequação às transformações orgânicas, às mudanças corporais;
Alteração de desejo e desempenho sexual.
No terceiro trimestre:
194
12.2 No puerpério
É importante que a equipe de saúde esteja próxima e acessível, na unidade de saúde e/ou em visitas
familiares. Os profissionais devem compreender que o puerpério é um período em que os sentimentos gerados
pela necessidade de ajuste ao filho real, as transformações corporais e a mudança na configuração familiar
exigem muito esforço psíquico da mulher. Isso requer cuidadosa atenção dos familiares e cuidadores. Para dar
acolhida a estes aspectos, é indispensável que a equipe multiprofissional:
Promova o contato precoce após o parto e o alojamento conjunto no pós-parto imediato, pois, ao
propiciar o contato próximo entre a mãe e recém-nascido, estará promovendo o vínculo, incentivando o
aleitamento materno e auxiliando a mulher a se sentir segura para assumir os cuidados.
Dê atenção a sintomas, evitando a tendência de justificar todas as queixas como problemas
relacionados ao curso habitual do período;
Valorize o diálogo e as informações dos acompanhantes, desenvolvendo uma postura de apoio e crítica
habilidosa;
Reconheça que a dúvida pode representar uma busca legítima de apoio;
Promova o vínculo familiar;
Estimule o auto-cuidado, agende e garanta comparecimento à consulta de revisão após o parto, após
45-60 dias. Em caso de óbito fetal ou neonatal nos primeiros 30 dias, o retorno deve ser em 30 dias e o
acompanhamento domiciliar para apoio é indispensável aos 7 e 15 dias pós-parto.
Há um ajuste entre a imagem do filho ideal, construída durante a gestação e o filho real, apresentado à
mulher após o parto;
Surge o desafio da relação entre a mãe e seu filho, baseada num padrão de comunicação não verbal,
O ciúme, que pode ser gerado em outros filhos a partir da reorganização do núcleo familiar, representa
uma intensa exigência na busca de equilíbrio nas relações e no cotidiano do núcleo familiar;
A mulher geralmente tem as suas necessidades preteridas em privilégio do recém-nascido, o que pode
gerar ansiedades, incluindo a idealização do melhor cuidado;
A convivência com a criança é uma situação nova, o que é particularmente desafiador quando o
puerpério tem um curso anormal, ou quando o recém-nascido é prematuro, malformado ou apresentar
alguma doença;
195
É importante que a equipe de saúde esteja preparada para reconhecer as alterações emocionais do
puerpério e que saiba diferenciar as alterações transitórias daquelas potencialmente mais graves, para que
possa orientar a mulher e seus familiares para a conduta mais adequada. São elas:
- Tristeza materna, blues puerperal ou baby blues: manifestação mais freqüente, acometendo de 50 a 70% das
puérperas. É definido como estado depressivo mais brando, transitório, que aparece em geral no terceiro dia
do pós-parto e tem duração aproximada de duas semanas. Caracteriza-se por fragilidade, hiperemotividade,
alterações do humor, falta deconfiança em si própria, sentimentos de incapacidade;
– depressão pós-parto: menos freqüente, manifestando-se em 10 a 15% das puérperas. Os sintomas incluem
perturbação do apetite, do sono, decréscimo de energia, sentimento de desvalia ou culpa excessiva,
pensamentos recorrentes de morte e ideação suicida, sentimento de inadequação e rejeição ao bebê;
- psicose puerperal: manifestação mais rara, ocorre entre 1,1 e 4 para cada 1.000 nascimentos, mais comum
em mulheres com distúrbios psiquiátricos prévios. O início é abrupto, os sintomas surgem até 2 ou 3 semanas
pós-parto, quando a puérpera já se encontra fora da maternidade. Os sintomas incluem quadro alucinatório
delirante, grave e agudo; delírios que envolvem seus filhos; estado confusional; comportamento desorganizado.
Há risco para a própria mulher e para o bebê e é necessário que se proceda a encaminhamento para
especialista em saúde mental.
Ser identificado pelo nome e sobrenome, com indicação nos seus documentos de unidades, do nome
que prefere ser chamado, evitando-se qualquer outra forma de atendimento.
Os profissionais que se responsabilizam por sua atenção devem ser identificados, por elementos e fácil
percepção, como crachás.
O paciente e os familiares têm o direito de receber informações objetivas, compreensíveis e respeitosas
quanto ao seu estado de saúde.
Possuir um prontuário multiprofissional atualizado, devendo ser arquivado por 20 anos após o último
contato, com registros legíveis sobre a sua história clínica, e que contenha a identificação do
responsável por cada preenchimento, que pode ser acessado pelo paciente ou terceiro por ele
autorizado e cópia em caso de transferência de cuidados (resolução CFM Nº 1.639/2002, art. 4).
O direito ao acompanhamento por pessoa de sua livre escolha nas consultas, exames e internações,
incluindo o acompanhamento pré-natal, e em todas as situações previstas em lei. Também há garantias
legais para a presença do acompanhante durante o trabalho de parto, no momento do parto e no pós-
parto imediato (Lei Federal 11.108/2005, art.19-J).
Entrega de laudo médico, quando solicitado.
Consentir ou recusar-se, depois de adequada informação, a se submeter a procedimentos, atestando
de forma livre e esclarecida, idealmente na presença de testemunha, desde que isso não represente
risco à saúde pública, sem imputação de qualquer natureza.
Ter liberdade de procurar parecer de outro especialista sobre procedimentos recomendados em
qualquer fase do tratamento.
Ter disponibilidade do usuário de informar aos setores responsáveis as suas sugestões e reclamações,
com sigilo e privacidade.
As prescrições devem conter: o nome genérico da substância prescrita, indicação de dosagem e
posologia, texto legível sem códigos ou abreviaturas, com o nome e o número do registro no órgão de
controle e regulamentação da profissão do profissional responsável pela prescrição, local e data.
A mulher, ao descobrir a sua gravidez, deve informar a empresa onde trabalha, no menor tempo
possível (entregando cópia de exame laboratorial ou relatório médico com esse diagnóstico). A empresa é
proibida de demiti-la, sem justa causa. Se a demissão foi imotivada, a gestante tem o direito de reintegração
no seu emprego, se ocorrer no período de estabilidade; se estiver fora desse período, a garantia restringe-se
aos salários e direitos adicionais correspondentes ao expediente de estabilidade. O Tribunal Superior do
Trabalho (Súmula 24) não afasta o direito ao recebimento de indenização da estabilidade pela alegação de
desconhecimento do estado gravídico, quando da decisão pela demissão.
Quando as condições de saúde exigirem ou houver risco à gravidez, é garantido à gestante mudança
de função, tendo o direito de retorno após a gestação e parto (art. 392, par. 4º, I CLT). É facultado à gestante
197
romper qualquer contrato de trabalho se for constado, mediante atestado médico, que a atividade laboral pode
ser prejudicial à sua saúde (art. 394 da CLT).
13.3. Licença-maternidade
A licença à grávida, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias está garantida no
artigo 7º, inciso XVIII da Constituição Federal. Pode iniciar-se a partir do 28º dia antes do parto, pela CLT. Se
o parto for antecipado ou a licença for iniciada pós-parto, o período de gozo é integral (art. 392, CLT).
A Lei que amplia a licença maternidade para 180 dias foi sancionado em 09 de setembro de 2008. A
adesão ao programa é facultativa por empresas privadas e, se realizada, confere à empresa o direito de deduzir
do imposto de renda o valor correspondente à remuneração dos 60 (sessenta) dias da licença-maternidade.
Em caso de óbito fetal, aplica-se o direito a licença-maternidade como no caso de nascimento de feto vivo. Nos
casos de aborto, a lei contempla o direito a repouso remunerado de duas semanas e retorno à função que
ocupava antes.
13.5. Amamentação
A mulher que esteja amamentando, tem o direito a dois descansos especiais remunerados, de 30
minutos cada, durante a jornada de trabalho, até que o seu filho complete seis meses de vida. Se houver um
número elevado de funcionárias, tem direito a creche no período de amamentação no local de trabalho ou pago
pelo empregador.
198
14 Bibliografia consultada
Abenhaim HA, Azoulay L, Kramer MS, Leduc L. Incidence and risk factors of amniotic fluid embolisms: a population-
based study on 3 million births in the United States. Am J Obstet Gynecol 2008; 199:49.e1.
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204
Anexos
Anexo 1 – Ficha de Acompanhamento Pré Natal
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
ANTECEDENTES DESSA GRAVIDEZ: (CONDIÇÕES EM QUE ENGRAVIDOU, SINTOMAS, INTERNAÇÕES, USO DE MEDICAMENTOS, HÁBITOS,
VÍCIOS, PESO, DIETA, EXERCÍCIOS, VACINAS, CONDIÇÕES DE HABITAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL,...
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
ANTECEDENTES PESSOAIS PRÉ-GESTACIONAIS (INTERNAÇÕES, TRANSFUSÕES, HÁBITOS, VÍCIOS, PESO HABITUAL, DIETA, EXERCÍCIOS,
DOENÇAS PRÉVIAS, VACINAS PRÉVIAS, ...)
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
ANTECEDENTES FAMILIARES
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS
Menarca:__________ DUM:__________ DPP:___/___/______ DUM Confirmada por USG < 20 sem.: Sim Não Ciclos regulares: Sim Não
Método contraceptivo:_________________________________
DADOS RELEVANTES DO EXAME FÍSICO (GERAL E TOCOGINECOLÓGICO) PESO____ Altura:____________ IMC 1ª consulta:_____________
EVOLUÇÃO (ATUALIZAR COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E OBSTÉTRICAS) – se espaço insuficiente, utilizar outra ficha
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________
206
EXAMES COMPLEMENTARES
EXAMES DATA / RESULTADO DATA / RESULTADO EXAMES DATA / RESULTADO DATA / RESULTADO
Hemograma ____/____/________ ____/____/________ Tipagem sanguínea ____/____/________
+ RH
Anti-HIV ____/____/________ ____/____/________ Coombs indireto ____/____/________ ____/____/________
Não se aplica [ ]
Glicemia de jejum ____/____/________ ____/____/________ Urina-I ____/____/________
Outros:___________________________________________________________________________________________________________________________________
DADOS DO PARTO
Início Trabalho de Parto: Espontâneo Induzido Via: Vaginal Fórcipe Cesariana, indicação:____________________________________________________
Idade gestacional:_____________
Morte fetal: Não Sim Complicações no trabalho de parto ou parto: Não Sim ______________________________________________
Acompanhante: Sim Não:__________________ Técnicas para aliviar a dor? Massagem Chuveiro ou banheira Analgesia peridural (nas costas)
RECÉM-NASCIDO
Sexo: Feminino Masculino APGAR: 1’_____ 5’_____ Reanimação: Sim Não Peso:__________gr. Adequação do peso: Adequado Pequeno Grande
Mal-formação: Não Sim Evolução neonatal: Normal Anormal:_______________________________________________________________________________
PUERPÉRIO
Dificuldades no aleitamento: Não Sim:_______________________
Visitas pós-parto
1. Data:___/___/______ Queixa:_____________________________________________ Conduta:____________________________________ Retorno:___/___/______
Mucosas: Coradas Descoradas Mamas: Normais Alteradas Abdome:____________ mm II: ____________ Puerpério normal: Sim Não
2. Data:___/___/______ Queixa:_____________________________________________ Conduta:____________________________________ Retorno:___/___/______
Mucosas: Coradas Descoradas Mamas: Normais Alteradas Abdome:____________ mm II: ____________ Puerpério normal: Sim Não
Método anticoncepcional iniciado: Condom Oral com progestágeno Oral combinado Anel vaginal Injetável mensal (E+P)
Injetável trimestral (P) DIU cobre SIU-P Implante sub-dérmico Ligadura tubárea Outros. ___________________ Data de início: ____/____/____
208
Encaminhamento
UNIDADE DE REFERÊNCIA:________________________________________________________
Endereço:________________________________________ Telefone:__________________
Contato feito com:______________________________________________________________
Diagnósticos:__________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Resumo de história clínica:_______________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Principais exames complementares:________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Tratamentos realizados:_________________________________________________________
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Contato:______________________________________________________________________
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ANALGÉSICOS, Sais de ouro. Fenilbutazona, indometacina, dextropropoxifeno. Doses elevadas/uso Ácidos mefenâmico e flufenâmico. Diclofenaco. Piroxicam. Naproxeno,
ANTITÉRMICOS, ANTIINFLA- prolongado: morfina, codeína, petidina, salicilatos. cetoprofeno, ibuprofeno, colchicina. Paracetamol, dipirona. Uso de curta
MATÓRIOS E OPIÁCEOS duração: morfina, codeína, petidina, salicilatos.
ANTIBIÓTICOS E Doxaciclina Clindamicina, cloranfenicol, imipenem. Sulfametoxazol, sulfonamidas, Penicilinas, ampicilina, amoxicilina, carbenicilina, oxacilina, cefalosporinas,
ANTIINFECCIOSOS nitrofuranto na, ácido nalidíxico. Quinolonas: evitar ciprofloxacin, preferir aminoglicosídeos, aztreonam, teicoplanina, vancomicina, eritromicina,
norfloxacin. Antivirais. Escabicidas: lindano e monossulfiran. Antimicóticos: azitromicina, claritromicina, lincomicina, tetraciclinas, rifampicina,
cetoconazol, itraconazol, terconazol, isoconazol. Metronidazol, tinidazol, tuberculostásticos. Antivirais: aciclovir, idoxuridine. Escabicidas: exceto
furazolidona. Antimaláricos. Pirimetamina. Clofazimina, dapsona. lindano e monossulfiran. Antimicóticos: miconazol, nistatina, fluconazol,
clortrimazol, anfotericina B, griseofulvina. Anti-helmínticos.
Antiesquistossomóticos. Pentamina, antimoniato de meglumina.
MEDICAMENTOS QUE Anfetaminas, cocaína, Antidepressivos: amitriptilina, imipramina, lítio, moclobemida, fluoxetina, Benzodiazepínicos: oxazepam e lorazepam. Anticonvulsivantes:
ATUAM NO SISTEMA heroína, LSD, maprotilina, paroxetina. Anticonvulsivantes: fenobarbital, butabarbital, carbamazepina, ácido valpróico. Clomipramina.
NERVOSO CENTRAL maconha. primidona, difenilhidantoína, etosuximida, clonazepam. Antipsicóticos:
haloperidol, droperidol, pimozida, sulpirida, clorpromazina, levopromazina,
flufenazina, periciazina, tioridazina, pipotiazina. Derivados da ergotamina
(antienxaqueca). Antiparkinsonianos.
HORMÔNIOS Tamoxifen. Hipoglicemiantes orais. Propiltiuracil, carbamizol, metimazol. Corticosteróides: Adrenalina, insulina, tiroxina. Anticoncepcionais: progesterona
E ANTAGONISTAS Andrógenos. doses elevadas/uso prolongado. Ocitocina, ergonovina (microdosagem), espermaticidas, DIU com progestogênio.
Bromocriptina, Corticosteróides: uso de curta duração.
cabergolina.
Misoprostol.
Mifepristone.
Estrógenos: doses
elevadas.
MISCALÊNIA Amiodarona.Antineoplásicos: Omeprazol, lansoprazol, pantoprazol. Teofilina, aminofilina. Iodetos, Antiácidos. Cimetidina, ranitidina, famotidina, cisaprida, metoclopramida,
citotóxicos/imunossupressores. lodopovidona. Antitussígenos. bromoprida, alisaprida, domperidona. Anti-histamínicos: preferir
Substânciasradiotivas.Fenindiona. Nafazolina, oximetazolina, fenilefrina. Carisoprodol. loratadina. Descongestionantes. Mucolíticos: exceto iodetos.
Clonidina. Pizotifeno. Reserpina. Bebidas alcoólicas. Nicotina. Broncodilatadores orais e inalados. Heparina, warfarin, dicumarol.
Betabloqueadores: preferir propanolol, labetolol. Digitálicos. Bloqueadores
de canais de cálcio: nifedipina, verapamil. Anti-hipertensivos: metildopa,
captopril, hidralazina. Diuréticos. Lidocaína. Laxativos. Vitaminas.
Imunoglobulinas. Vacinas.
Podem ser uados em doses ocasionais e/ou habituais, contudo
Suspender a amamentação temporária ou definitivamente. monitorar a criança para efeitos colaterais. Uso potencialmente seguro em doses habituais.
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- Hall de entrada
- Sala de curativos.
- Sala de medicação.
- Farmácia.
Mesa
Cadeiras (também para o acompanhante)
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