Plenária Ética Simulada CRF
Plenária Ética Simulada CRF
Plenária Ética Simulada CRF
Narrador: Felipe
Mãe: Vittória
Criança e advogado: Arthur
Delegado: Cleverson
Médica: Mariana
Socorristas: Renan, Cleverson
Agente Visa: Jorge
Farmacêutica: Ingrid
Técnico: Ruan
Presidente do CRF: Carlos Renan
Relator do processo: Jorge Henrique
Comissão de Ética: Rick Manoel
Advogado de Defesa: Arthur
Conselho de Ética: Isaac, Vittória, Cleverson
NARRADOR:
CENA 1 (CONSULTA)
Personagens: MÃE, FILHO E MÉDICA
A mãe chega com seu filho na farmácia fórmulaX, o filho pode estar com a farda
da escola.
(FARMACÊUTICA) Sim, 90 capsulas cloni... nossa mais que letra horrível, acho
que deve ser 0,3 mg. Tudo bem pode aguardar aí um pouquinho que já vamos
manipular.
Mãe e filho sentam, farmacêutica recebe uma ligação e depois vai em direção
ao técnico dizendo que precisará sair. Ela então passa a tarefa de manipulação
para o técnico em farmácia.
(FARMACÊUTICA) Ruan tenho uma tarefa pra você, manipule esses compostos
aqui, tá tudo na receita, é só cloridrato de clonidina com algum excipiente que
quiser, vou ter que levar minha mãe na quimioterapia dela.
(TÉCNICO) Tá certo!
(TÉCNICO) Nossa mas que receita doida, isso é um 3? (Ele ergue a receita
contra a luz depois anota alguma coisa).
(TÉCNICO) Tem alguma coisa de errado nessa balança não tá certa, mas como
é que eu regulo?
(TÉCNICO) Não tem manual, (pensa um pouco). Deve ser assim. (ele mexe ne
alguns botões e depois começa a pesar.
(MÃE) Obrigada!
VITTORIA: -- Eai Drª. O que aconteceu, diz que meu filho tá bem!
MARIANA: O seu filho teve uma parada cardiorrespiratória, a equipe fez de tudo
para reanima-lo, porém ele não reagiu, infelizmente veio a falecer.
MARIANA: A senhora precisa me dizer o estado dele, ele tinha alguma doença
cardíaca?
VITTORIA: – Então o que teve de errado? Fiz tudo certo, só pode ter um erro
nessa porcaria! Maldito remédio.
MARIANA: Bom Dona Vittoria, eu estou aqui com o laudo da equipe nefrológica,
ele revela concentrações enormes de clonidina no organismo de seu filho, isso
causou uma queda drástica da pressão arterial, causando a parada cardíaca
dele. Tudo revela que a ingestão do medicamento em grandes quantidades que
causou a morte. Porém eu só recomendei a administração oral de uma pequena
dose.
VITTORIA: - Mas como! Eu fiz como a senhora me pediu, até mandei manipular
o medicamento para adequar a dose!
MARIANA: - Ok! Nesse caso o erro pode estar na manipulação, ligue para a
polícia e faça o boletim de ocorrência ok?
CENA 4 (DELEGACIA)
Personagens: Delegado, Agente FIOCRUZ
(Telefone toca, neste momento Cleverson e Isaac já estão posicionados)
(DELEGADO) Alô
(DELEGADO) Sim, Isaac, Obrigado! Mande o estudo para mim o quanto antes,
estarei te mandando meu fax, depois checo na minha escrivaninha.
O técnico Ruan vai até a farmacêutica que está conferindo o estoque de insumos
(VIGILANTE) Pra falar a verdade só uma vez, na data que cada um entrou
.
Cena começa com o presidente do CRF em sua mesa, ele faz um telefonema
para o presidente da comissão.
(Pres. COMISSÃO) Ok! Irei me reunir com a comissão de ética para ouir as
testemunhas do inquérito e no prazo de 20 dias emitirei o parecer
(PRES. CRF) Boa tarde a todos presentes! Eu Carlos Renan da Silva Borges,
Presidente do Conselho Regional de Farmácia da Bahia com as atribuições que
me cabem como presidente dessa plenária e considerando os art. 5 e 6 da
Resolução 418 de 2004, dou início ao julgamento da movimentação do processo
ético-disciplinar número 056324 de 2019 da farmacêutica Ingrid Guimarães da
Costa. A minha direita está a Secretária Sr. Mariana Rabelo e a comissão de
ética constituída pelo relator Jorge Henrique e Dr. Rick Manoel. A minha
esquerda estão presentes a farmacêutica indiciada Ingrid Guimarães e seu
advogado Dr. Arthur, logo após no meu Conselho de Ética Sr° Isaac Pereira, o
Sr° Cleverson Emanuel e a Srª Vittória Gabrielly
Além disso segundo relatos da mãe do menino medicamento foi entregue pelo
técnico que não lhe deu orientações como posologia. Os relatos de outra
testemunha não identificada e ouvida anteriormente relatou que realizou o
pedido de uma manipulação fitoterápica pela farmácia, porém este não fez efeito
em seu organismo, alegou posteriormente ter procurado outra farmácia e pedido
a mesma fórmula só que desta vez alcançando êxito em seu tratamento.
(PRES. CRF) Passo a palavra para o Doutor Rick Manoel do comitê de ética.
(RICK) Bom dia a todos! De acordo com o que foi apresentado pelo relator,
podemos observar que a farmacêutica deixou já em primeira instância de cumprir
com suas obrigações previstas no Código de Ética, no artigo 12 que diz sobre
os deveres do farmacêutico, ela infringe especificamente o seu incisos: III - exercer
a profissão farmacêutica respeitando os atos, as diretrizes, as normas técnicas e a legislação
vigentes; já que ela não possui a documentação e alguns dos requisitos sanitários
mínimos para a realização de suas atividades magistrais; infringe o inciso: VIII -
assumir, com responsabilidade social, ética, sanitária, ambiental e educativa, sua função na
determinação de padrões desejáveis em todo o âmbito profissional e inciso: XI - selecionar
e supervisionar, nos limites da lei, os colaboradores para atuarem no auxílio ao exercício das
suas atividades, ela infringe as duas leis anteriormente citadas quando deixa de
cumprir com seu papel ético e educativo não realizando o treinamento de seu
pessoal, ao mesmo tempo que o inciso V, artigo 14 do Código de ética diz que é
proibido - deixar de prestar assistência técnica efetiva ao estabelecimento com o qual
mantém vínculo profissional, ou permitir a utilização do seu nome por qualquer
estabelecimento ou instituição onde não exerça pessoal e efetivamente sua função;
É certo que a farmacêutica não é a única culpada mas é ela que responde pelas
infrações técnicas da farmácia, tudo isso contribuiu para o dano físico grave de
uma pessoa levando-a infelizmente à morte sem falar o dano moral e psicológico
da mãe do garoto e por isso senhores, a indiciada deverá responder as sanções
disciplinares cabíveis.
(PRES. CRF) Agradeço a comissão de ética, Agora passo a palavra para a
farmacêutica indiciada que terá 10 minutos para se retratar
(ADVOGADO) Bom de acordo como minha cliente retratou ela não estava
presente, como diz o Art. 13 do Código Penal: O resultado, de que depende a
existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Como a minha cliente não
estava presente, por motivos inteiramente justificáveis já que foi visitar a mãe, a
causalidade não se dá a ela. Ainda o Art. 22 diz: Se o fato é cometido sob coação
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem, Dessa forma as infrações
técnicas não estavam ao seu alcance pelo fato da minha cliente estar a serviço
de seu chefe que ainda dificultou sua atuação não contratando outro
farmacêutico e se opondo as recomendações da mesma, o poder de retira-la do
cargo a colocou em uma posição de impedimento já que não queria perder a
fonte de renda tão importante para seu sustento, inclusive para o tratamento do
câncer da mãe. Nisso tudo pode ser visto uma situação de necessidade da
farmacêutica em se manter no cargo devido aos altos custos com o tratamento
oncológico e o artigo 23 do Código Penal diz que não há ilicitude quando o
agente pratica o fato: I - em estado de necessidade, II - em legítima defesa,III - em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
(PRES. CRF) Amparado pelo inciso I Art. 13 da Resolução 418 eu peço por
gentileza para a indiciada se retirar temporariamente do recinto por favor
(acenando para a secretária)
(PRES. CRF) Neste momento eu convoco Ruan Prado Técnico que realizou a
manipulação causadora da morte do jovem, para dar seu depoimento sobre o
caso, peço a um voluntário do conselho de ética para que grave o depoimento
da testemunha, ato também previsto no inciso III Art. 13 da resolução 418 do
CFF.
(TESTEMUNHA) Bom dia, me chamo Ruan, como o presidente falou foi eu quem
manipulei a fórmula. Foi manipulada errada, concordo, já respondi pela minha
falta de responsabilidade na justiça, mas quero dizer que a receita foi entregue
pra mim sem nenhuma orientação, e ainda estava muito difícil de entender, além
disso quando fui realizar a pesagem a balança analítica estava desregulada, não
sabia que horas a Ingrid voltava e a mãe estava com pressa pra levar o filho na
escola, então eu tentei regular. A Ingrid até já tinha me ensinado mas fazia muito
tempo e a balança não costuma desregular, não achei nenhum manual no local
então fiz a regulagem mesmo sem saber direito. Acabou que ouve uma diferença
decimal e a pesagem errada acabou interferindo na concentração final. (pausa)
Então, meu relacionamento com a Ingrid sempre foi bom, ela é uma pessoa
ótima trata os clientes e as pessoas super bem, só que ela não me explicava
algumas coisas e acabava ficando realmente com muitas dúvidas. Só isso que
tenho a falar.
Ruan volta ao seu lugar. O presidente acena para secretária e ela se dirige até
a porta para chamar a farmacêutica. As duas retornam e o julgamento continua
(RICK) Bom, as colocações feitas até agora pelas partes da defesa não têm
nenhum fundamento para nós da comissão de ética, visto que o doutor Arthur
não está levando em consideração que o julgamento criminal já passou, agora
estamos tratando da conduta ético-disciplinar dela como farmacêutica, nós como
membros do CRF de acordo com a lei 3820 de 60 que cria o Conselho Regional
e Federal de Fármacia diz no seu Art. 28 que - O poder de punir disciplinarmente
compete, com exclusividade, ao Conselho Regional em que o faltoso estiver inscrito ao
tempo do fato punível em que incorreu. Para assim doutor Artur, combater os atos
danosos a saúde da população que tornam cada vez mais se cometidas a
profissão farmacêutica mal valorizada perante a sociedade e os outros
profissionais da saúde.
Além disso o fato do proprietário, chefe dela, não ter colaborado para a mesma
tomar as ações cabíveis sobre a regularização das atividades de manipulação
não justifica da mesma ter se submetido a cometer atos de infração disciplinar já
que a o Art. 9 da resolução 417 diz que - Em seu trabalho, o farmacêutico não pode
se deixar explorar por terceiros, seja com objetivo de lucro, seja com finalidade política
ou religiosa. O Código de Ética também aborda essa questão: inciso XVII – É
proibido - aceitar a interferência de leigos em seus trabalhos e em suas decisões de
natureza profissional, Inciso XXVII – É proibido - submeter-se a fins meramente
mercantilistas que venham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo da
sua atividade profissional. Com tudo como não considerar que a indiciada
realmente é responsável pelos atos que fez e deixou de fazer?
(RICK) O fato Doutor Arthur, é que não se pode deixar que coisas pessoais
interfiram no ato profissional, refutando sua ideia, que diferença faz se ela deixa
de fazer suas obrigações profissionais pra não por em risco a mãe, quando isso
fez com que acontece realmente o fato, outra mãe neste momento lamenta a
morte do filho. Outras pessoas ainda poderiam morrer se erros como esses ainda
continuassem acontecendo e tudo isso por causa de um único interesse pessoal
de não perder o emprego e por em risco o tratamento da mãe? Será que não
existia outro meio de ganhar dinheiro? E agora adiantou de que? já que a
farmacêutica foi julgada pela justiça comum, o estabelecimento ao qual
trabalhava foi interditado até se adequar as normas e ela está prestes ser
impedida por um tempo de exercer a profissão além ter a chance de também
receber multa? Agora sim vai ser difícil arrumar algum emprego na sua com esse
processo no seu histórico. Realmente é triste e até me comovo com a situação
toda, mas se ela tivesse realmente cumprido com tudo previsto no código de
ética esta situação poderia ter sido evitada, tudo seria bem mais fácil para todos
os envolvidos.
(PRES. CRF) Bom depois de tudo posto em pauta vamos ter uma pausa o comitê
de ética fechar seu parecer sobre as sanções disciplinares vocês tem 10
minutos.
Os membros da comissão falam entre si, depois de uns cochichos dá-se
prosseguimento à plenária.
(ISAAC) Eu também penso da mesma forma, acho que mesmo ela precisando
do emprego, a falta do cumprimento de suas atribuições causou a morte de uma
pessoa e assim tem que ser responsabilizada disciplinarmente por isso portanto
eu também concordo com a proposta.
(PRES. CRF) Como pode-se observar temos duas sanções a primeira proposto
pela Comissão de Ética; suspenção de 9 meses, multa no valor de 6 mil reais
além de advertência e a segunda proposta pela Conselheira Vittória que foi a de
suspensão de 9 meses, multa no valor de 4 mil reais e advertência. Quem for a
favor da proposta um levanta a mão direita
(Isaac levanta a mão)