Emaileface
Emaileface
Emaileface
C167
E-BOOK
ISBN: 978-85-61066-50-5
ISBN: 978-85-61066-50-5
Sumário
Prefácio
Introdução
O que é a perspectiva evolucionista?
Quem é o pai do email?
O Facebook vai substituir o email?
Como este livro está organizado
3. Evolução
O que evolui: funcionalidades
Inovação: mudança responsável pela
evolução
Relações evolutivas: influências entre
sistemas
Evolução dos meios de conversação
4. Seleção
Seleção social
Fatores que promovem o sucesso ou o
fracasso dos sistemas
5. Ecossistema
Medindo e comparando a popularidade dos
sistemas
Leis que regem as relações entre os sistemas
de conversação
... outras leis?
6. História
Email (correio eletrônico)
Lista de Discussão
Fórum de Discussão
Mensageiro Instantâneo
Bate-papo (chat)
SMS (torpedo) e Mensagens em Grupo
Blog e Microblog
Videoconferência e Videochamada
Audiochamada (conversa telefônica) e
Audioconferência
Conclusão
Perspectiva para (re)interpretação
Outras contribuições
...fim?
Referências
Autores
Prefácio
Sociedade em rede
CETIC.br <http://www.cetic.br>
Gênero textual
Audioconferência
Meio de conversação síncrona em grupo pequeno com transmissão de
áudio.
Exemplos: UberConference, FreeConferenceCall
Bate-papo (chat)
Meio de conversação síncrona para a discussão em turma (ou grupo
pequeno) em que todos trocam mensagens textuais curtas.
Exemplos: mIRC, Bate-papo UOL
Blog
Meio de conversação assíncrona em que um autor divulga mensagens
de texto elaboradas para serem comentadas por todos.
Exemplos: WordPress, Blogger
Fórum de Discussão
Meio de conversação assíncrona para a discussão entre muitos
interlocutores que trocam mensagens de texto elaboradas, organizadas
em tópicos.
Exemplos: phpBB, vBulletin
Lista de Discussão
Meio de conversação assíncrona para a discussão entre muitos
interlocutores que enviam mensagens de texto elaboradas, organizadas
em lista.
Exemplos: Google Groups, Yahoo Groups
Mensagens em Grupo
Meio de conversação assíncrona para a discussão em grupos pequenos
(ou turmas) em que todos trocam mensagens de texto curtas.
Exemplos: WhatsApp, Conversa em Grupo no Facebook
Microblog
Meio de conversação assíncrona em que o autor divulga mensagens de
texto curtas para serem comentadas por todos.
Exemplos: Twitter, Tumblr
SMS (torpedo)
Meio de conversação assíncrona entre dois interlocutores que trocam
mensagens de texto curtas.
Exemplos: WhatsApp, Handcent
Videochamada
Meio de conversação síncrona entre dois interlocutores com
transmissão de áudio e vídeo.
Exemplos: Skype, FaceTime
Videoconferência
Meio de conversação síncrona em grupo pequeno com a transmissão de
áudio e vídeo.
Exemplos: Skype, Hangouts
Sincronia da conversação
Forma de linguagem
Microblog
Meio de conversação assíncrona em que o autor divulga mensagens de
texto curtas para serem comentadas por todos.
A taxonomia apresentada neste capítulo é útil em diferentes
cenários. Apoia a caracterização e a compreensão dos
diferentes meios de conversação. Auxilia a projetar as
funcionalidades do serviço de conversação para que seja
implementado um determinado meio de conversação num novo
sistema. Também é útil para sugerir meios de conversação
ainda não estabelecidos culturalmente – por exemplo, pelo
diagrama constata-se que a forma de linguagem em vídeo
ainda não se estabeleceu como um importante meio de
conversação assíncrona, embora o YouTube já possibilite o
envio de um vídeo como resposta a outro. Vários ramos do
diagrama ainda não se diferenciaram – cada diferenciação é
uma oportunidade para explorar meios ainda não usuais de
conversação.
Esclarecendo algumas confusões
Os meios de conversação que foram aqui identificados,
caracterizados e diferenciados pela taxonomia elaborada,
constituem o nosso ponto de partida para analisar a evolução
desses meios. Há, contudo, algumas questões que precisamos
discutir antes de encerrar o capítulo. Uma delas é que às vezes
é confuso reconhecer e classificar os serviços de conversação
de um sistema, com exemplificam alguns serviços do Facebook.
No Facebook, um mensageiro instantâneo é implementado na
janela que se abre quando queremos conversar com um amigo
online; essa mesma interface gráfica também é usada para
deixar recados para o amigo caso ele não esteja online,
caracterizando-se num serviço de SMS. Ainda nesta mesma
janela, podem ser adicionados outros amigos na conversa,
caracterizando-se num serviço de mensagens em grupo; e se
todos os amigos adicionados à conversa estiverem online,
comporta-se como um bate-papo. O registro da conversa que
se realiza nessa janela é acessado pelo serviço Mensagens, que
se caracteriza num serviço de email. Ao enviar para um amigo
uma mensagem de email pelo serviço Mensagens, e se este
amigo estiver online, a mensagem é apresentada na janela do
serviço de mensageiro instantâneo, oferecendo para os
interlocutores a interface para a conversa síncrona. Para o
Facebook, o importante é o usuário estabelecer conversas com
seus amigos de sua rede social, não importando muito por qual
serviço. O usuário usa uma ou outra interface, e o Facebook
executa o serviço que for adequado dependendo do contexto
conversacional – a interface permanece a mesma, mas o serviço
muda se o amigo estiver online ou offline, se a conversa for
com um único amigo ou com vários. A dificuldade para
reconhecer os serviços de conversação do Facebook se deve,
em parte, pela necessidade de diferenciar o serviço da
interface. Seria mais fácil reconhecer que são serviços
diferentes se cada serviço apresentasse uma interface distinta,
mas não é este o caso. O que queremos alertar, com essa
discussão, é a dissociação entre o serviço de conversação e a
interface gráfica: há casos em que um mesmo serviço é
acessado por diferentes interfaces, e uma mesma interface dá
acesso a diferentes serviços. Isso não invalida nossa concepção
de que a unidade de análise e classificação é o serviço de
conversação implementado num sistema, ainda que seja
necessário reconhecer que numa mesma interface estejam
implementados dois ou mais serviços de conversação.
Darwinismo x Lamarckismo
Plataforma computacional
Seleção natural
Lei de Metcalfe
Marketing
Competição
Ecossistema
Especiação
Lista de Discussão
Fórum de Discussão
Mensageiro Instantâneo
Bate-papo (chat)
Blog e Microblog
Videochamada e Videoconferência
Audiochamada (conversa telefônica) e Audioconferência
Email (correio eletrônico)
O email é um meio de conversação assíncrona entre dois (ou
poucos) interlocutores que trocam mensagens de texto
elaboradas. Foi desenvolvido a partir da metáfora da troca de
cartas realizada pelo correio postal; os desenvolvedores até
pediram permissão ao Serviço Postal dos Estados Unidos para
utilizar o termo "mail". A própria forma de redigir as
mensagens de email também foi influenciada pela cultura de
redação das cartas, pois muito frequentemente numa
mensagem de email se faz a saudação ao remetente e, ao
terminar a mensagem, se despede e assina como usualmente
se faz numa carta tradicional.
Correio Postal
Eudora (1988)
LISTSERV (1986)
Em busca de uma solução para melhorar as condições
de acesso de estudantes de universidades francesas a
equipamentos mais modernos, Eric Thomas conseguiu
acesso a um sistema do BITNIC, o centro de
informações da rede acadêmica BITNET. O BITNIC tinha
desenvolvido um programa para implementar listas de
email. Para se inscrever na lista era preciso enviar uma
mensagem para INFO@BITNIC e aguardar que o
responsável inserisse o endereço eletrônico do
requerente em um arquivo com o endereço de todos os
inscritos. Mesmo após a inscrição, era necessária a ação
do responsável para enviar uma cópia de cada
mensagem que recebeu para os demais membros da
lista. A denominação LISTSERV era referente à conta a
partir da qual as mensagens eram enviadas para os
membros.
EMISARI (1971)
CONFER (1975)
BBS (1978)
Além dos BBS, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980,
muitos desenvolvedores buscavam soluções de sistemas para a
comunicação entre diversas redes, principalmente após o
advento da internet. Uma dessas soluções foi a USENET,
lançada em 1979.
USENET (1979)
ytalk (1990)
Zephyr (1986)
PowWow (1994)
AIM (1995)
ICQ (1996)
PLANET (1973)
Talkomatic (1973)
Nos anos 1960 e 1970, assim como ocorreu com outros meios
de conversação, os sistemas que implementavam o bate-papo
eram de uso restrito a redes de computadores particulares. Um
sistema lançado para uso público e comercial foi o CompuServe
CB Simulator, desenvolvido pela CompuServe em 1980.
talkers
Bate-papo gráfico
WordPress (2003)
Twitter (2006)
Com o microblog ocorreu algo que não era possível nos demais
meios de conversação: espalhar uma notícia de forma rápida
para uma multidão. Antes essa capacidade era restrita aos
meios de comunicação de massa, como televisão e rádio. Nos
fóruns há a conversa com muitas pessoas, mas era restrita à
comunidade ou grupo. No bate-papo, a mensagem fica perdida
no meio da conversa, de recuperação difícil, assim como em
outros meios síncronos. No email, o tempo para replicar a
notícia para muitas pessoas pode ser muito longo e no blog,
mesmo com a capacidade de divulgação para multidões, essa
ocorre de forma mais lenta, necessitando que os leitores
visitem a página do site e compartilhem a publicação. No
microblog, o processo de replicação de uma notícia foi
otimizado de tal forma que o usuário tem a capacidade de
conversar com multidões, sem a intermediação de um canal de
televisão ou emissora de rádio.
Videoconferência e Videochamada
A videoconferência é um meio de conversação síncrona em
grupo pequeno com a transmissão de áudio e vídeo. Os
sistemas de videoconferência são utilizados principalmente em
reuniões remotas entre empresas ou equipes de uma mesma
empresa, eliminando a necessidade de viagens e otimizando o
tempo de trabalho.
A videochamada é um meio de conversação síncrona com
transmissão de áudio e vídeo restrita a dois interlocutores.
Os sistemas populares que contribuíram com funcionalidades
inovadoras que influenciaram o desenvolvimento dos sistemas
contemporâneos que implementam esses meios de
conversação, estão representados na linha do tempo sobre a
evolução da videoconferência e da videochamada, apresentada
a seguir.
O desenvolvimento da videoconferência e da videochamada
realizadas através da computação está relacionado a diversos
experimentos com telefonia combinada com vídeo realizados
ao longo do século XX. O conceito de um telefone combinado
ao uso de vídeo foi proposto poucos anos após o lançamento
do telefone, no final do século XIX, sendo logo mencionado em
revistas populares e de ficção científica. Durante o século XX,
diversos filmes, livros e até mesmo desenhos animados
mostravam formas de comunicação interpessoal por vídeo. O
próprio Graham Bell, que patenteou a invenção do telefone,
previu que um dia o homem poderia se comunicar por telefone
visualizando a imagem do seu interlocutor. Entretanto essas
ideias só puderam ser testadas após experiências que
resultaram nos primeiros aparelhos de televisão, durante os
anos 1920 e 1930. Mesmo assim, até os anos 1980 a
transmissão era analógica.
Picturephone (1964)
Webcam (1991)
CU-SeeMe (1992)
VoIP (1973)
Skype (2003)
O Skype, lançado em 2003, fornece suporte a diversas
formas de comunicação a partir do download e
instalação do programa e abertura de uma conta, que
provê uma identificação pessoal e um número de
telefone que pode ser acessado independente da
localização do usuário, seja por um computador ou
celular. Dentre os meios de conversação disponíveis
neste sistema estão: audiochamada, audioconferência,
videoconferência e mensageiro instantâneo.
Gizmo5 (2006)
Mariano Pimentel
Doutor em Informática pela PUC-Rio (2006). É professor adjunto da
UNIRIO, lotado no Departamento de Informática Aplicada. Atua nos
cursos de Doutorado e Mestrado em Informática, Bacharelado de
Sistemas de Informação e Licenciatura em Pedagogia. Sua pesquisa
concentra-se na área de Sistemas de Informação, investigando os
temas de pesquisa: Conversação Mediada por Computação, Sistemas
Colaborativos, Aprendizagem Colaborativa. Co-organizou o livro
Sistemas Colaborativos, que ganhou o Prêmio Jabuti em 2012 na
categoria Tecnologia e Informática.
Hugo Fuks
Ph.D. em Computação pelo Imperial College London (1991).
Atualmente é o diretor do Departamento de Informática da PUC-Rio.
Sua pesquisa concentra-se na área de Sistemas Colaborativos, do qual
foi um dos pioneiros na Ciência da Computação brasileira. Seus
principais temas de pesquisa são: Aprendizagem Colaborativa,
Conversação Mediada por Computação, e desde 2012, Beauty
Technology, Computação Vestível e Interfaces Tangíveis. Co-organizou
o livro Sistemas Colaborativos, que ganhou o Prêmio Jabuti em 2012 na
categoria Tecnologia e Informática.