História Da Música 4
História Da Música 4
História Da Música 4
Unidade 4
Teoria da música, dos modos e
notação musical (parte 1)
• Platão e
Nicomachus:
autoridades em
música
Os teóricos e seus tratados
Os teóricos dos dez primeiros séculos da era cristã, asseguraram, mediante
compilações sucessivas, a perenidade da ciência helênica. Não houve nenhuma
evolução ou continuidade, em matéria de teoria musical, entre a Antiguidade e a
Idade Média.
É importante observar que os teóricos da Idade Média, no ocidente e no oriente, como
os da Antiguidade, não se referiam em suas reflexões e racionalizações à experiência
auditiva e nem às correspondências visuais. A falta de notação que durou muitas
gerações, transmitiu sucessivamente uma ciência, uma ars, um humanismo, que é
uma linha que une a nossa cultura à Grécia clássica. Os teóricos deste período foram:
• Boécio foi o autor do tratado em cinco volumes De institutione musica que é uma
súmula dos conhecimentos teóricos herdados dos gregos. Esta obra serviu de
referência constante aos teóricos da Idade Média, desde os séculos VIII-IX até o
século XV italiano e o século XVI francês.
Agostinho de Hipona
Boécio
(S. Agostinho)
Humana
A que determina a união
Prática
do corpo e das partes
A música natural,
racionais e irracionais da
executada pelo músico
alma, o microcosmos
prático – visto como um
artesão
Instrumentalis
Produzida pelos
instrumentos ou voz
Teórica humana, música audível
A ciência do musicus,
aquele que domina o
saber teórico, que leva à
Mundana
filosofia, serva da
As relações numéricas
teologia.
fixas observáveis no
movimento dos planetas
– a harmonia do
macrocosmos
Os modos gregorianos
3 - Nota final ou tônica, nota conclusiva das diferentes partes da melodia, que
adquire importância quando não se emprega o tom de recitação.
Formação dos modos
• Não obstante, quando o emprego dos tropos suscitou uma rica floração de
melodias novas, no momento em que Carlos Magno (s. VIII) fazia da unidade
do culto uma inquietude particularmente imperiosa, se pensou em ajudar à
memória dos cantores colocando sobre as sílabas do texto, signos que
sugerissem o caráter da melodia. Foram então criados os neumas.
• A etimologia da palavra neuma é incerta. A mais frequentemente aceita se
refere ao grego neuma = signo de cabeça. Porém outro termo grego, pneuma
= sopro, alento, designava no século IX os largos exercícios de vocalização
(chamadas também de jubili) sobre a vogal final de uma frase ou de certas
palavras, como alleluia. Alguns eruditos pensam que a neuma latina derivava
de uma assimilação destas duas palavras gregas, confundidas em um só grafia.
Porém, melhor poderia referir-se à palavra síria neimo (som, voz, canto),
utilizada por S. Efrem no século IV.
• A palavra nota ou nótula só apareceria a partir do século XI como sinônimo de
neuma.
Aleluia – De profundis (7º modo) – Monges da Abadia Saint-Pierre de
Solesmes
• No princípio, o sistema foi somente uma ajuda para a memória, já que exigia
um conhecimento anterior da melodia sugerida. A princípio, indecifráveis para
nós, os neumas alinhados não podem ajudar-nos hoje a estabelecer hipóteses.
2 - Até que surge a ideia de serem utilizadas letras para designar certos sons,
segundo o princípio herdado dos gregos e de Boécio (s. VI, tratado De
institutione musica), porém consideravelmente simplificado (tal como se utiliza
na Inglaterra e na Alemanha): A (lá) B (si) C (dó) D (ré) E (mi) F (fá) G (sol). O
emprego do H na Alemanha para o si natural e do B que passa a ser utilizado
para o si bemol resulta de uma confusão entre o B quadro e o H gótico.
Resonare Exaltar a
fibris pleno pulmão
Mira As maravilhas
gestorum
• Palavra formada dos nomes das notas sol mi, que representam as notas
extremas de um hexacorde. Método citado nos tratados entre os séculos XIII e
meados do século XVI (Zarlino).
• A oitava formada pela reunião dos dois hexacordes foi situada no século XI na
prática do ensino do canto pelo hexacorde, enquanto que as sete primeiras
letras do alfabeto continuavam representando, ao repetir-se de oitava em
oitava, a sucessão diatônica, se imaginou dar nomes a cada um dos sons do
hexacorde, fazendo coincidir os mesmos nomes com o semitom (mi fá), cada vez
que este se encontrava na passagem de um hexacorde a outro. Para o hexacorde
foram empregadas várias séries de sílabas, porém, de todos, somente
prevaleceu no uso aquela que havia sido escolhida por Guido d’Arezzo para seu
método de ensino.
No sistema dos sete hexacordes se distinguiam três formas diferentes:
O hexacorde natural, que começava com um C da escala geral (dó atual), sendo
o semitom mi fá já situado no hexacorde;
A lá mi ré
C sol ut (dó) fá
F fá ut (dó)
G sol ré ut (dó)
• A expressão b mollis ou b quadratum depois da nota inicial não indicava que o seu
som seria alterado mas o da terça, assim: Gb significava modo de sol com sib.
• Para o solfejo moderno, em oitavas, a partir de meados do século XVI, muitas
discussões e propostas foram apresentadas para que se chegasse ao si. Alguns
autores dizem que o si se originou das iniciais de Sancti Ioannes, do último verso
do hino utilizado por Guido d’Arezzo. No sistema alemão passou a h para o si
natural, b para si bemol, facilitando o solfejo por oitavas.
Notação por letras - solmização
Mão guidoniana
Formas de ler as alturas - solmização
• Nos manuscritos que chegaram até nós, os primeiros neumas identificáveis
aparecem na segunda metade do século IX (Manuscrito 12 do mosteiro de
Saint-Gall, utilizados em peças pouco correntes ou difíceis, ou novas
composições), porém, provavelmente, se foram utilizados desde os finais do
século VIII.
• Derivavam dos signos de acentuação da linguagem, cuja invenção se atribui a
Aristófanes de Bizâncio (m. c.180 a.C.):
o acento agudo ( / ) significava a elevação da voz,
o acento grave ( \ ) significava a descida da voz,
o acento circunflexo (^) significava uma dupla inflexão (dois sons) de cima para
baixo
o anticircunflexo (v) significava uma dupla inflexão (dois sons) de baixo para
cima.
• Os dois signos fundamentais da notação neumática são a virga, que indica um
som mais agudo que o precedente, e o punctum, que indica um som mais
grave. Reunidos em grupos de 2 ou 3, estes signos servem para formar todos
os demais.
Século X
Século IX-X
Século X-XI
Século XI-XII – introdução de
uma linha com ponta seca
(sem tinta)
Ponta seca