Resumo O Local Da Cultura
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Início: “Vício”, Rupi Kaur.
Homi Bhabha nasceu em 01 de novembro de 1949 em Mumbai (Índia). É
diretor do Centro de Humanidades Mahindra da Universidade de Harvard.
É um dos principais nomes do chamado pensamento pós-colonial.
O pensamento pós-colonial, tendo como nomes mais importantes, dentre
outros, Bhabha, Said, Spivak, Chakrabarty, etc. O pensamento pós-
colonial é fortemente influenciado “pelos estudos pós-estruturais, pós-
modernos, desconstrutivistas, culturais e subalternos indianos”. No
pensamento pós-colonial, “as questões sobre identidade – agora em
termos de mais outra “diferença” – foram trabalhadas de forma mais ou
menos críticas, considerando a intensificação das fraturas
subalternizadas de classe, gênero e raça ou a valorização da diáspora e
do hibridismo criativos resultados do encontro colonial”.
A fixidez, como signo da diferença cultural histórica/racial no discurso do
colonialismo, e um modo de representaçao paradoxal: conota rigidez e
ordem imutavel como tambem desordem, degeneração e repetiçao
demoníaca.
Do mesmo modo, o estereótipo, que é sua principal estratégia discursiva,
é uma forma de conhecimento e identificação que vacila entre o que está
sempre "no lugar", já conhecido, e algo que deve ser ansiosamente
repetido.
O resultado disso é um processo de ambivalência. Ambivalência que
descreve a mistura complexa de atração e repulsão que caracteriza a
relação entre colonizador e colonizado. A ambivalência sugere que
cumplicidade e resistência existem em uma relação flutuante no contexto
colonial.
É a força da ambivalência que dá ao estereótipo colonial sua validade: ela
garante sua repetibilidade em conjunturas históricas e discursivas
mutantes.
Reconhecer o estereótipo como um modo ambivalente de conhecimento
e poder exige uma reação teórica e política que desafia os modos
deterministas ou funcionalistas de conceber a relação entre o discurso e
a política.
Para compreender a produtividade do poder colonial é crucial construir o
seu regime de verdade e não submeter suas representações a um
julgamento normatizante.
A construção do sujeito colonial no discurso, e o exercício do poder
colonial através do discurso, exige uma articulação das formas da
diferença – raciais e sexuais. Essa articulação torna-se crucial se
considerarmos que o corpo está sempre (simultaneamente) inscrito tanto
na economia do prazer e do desejo quanto na economia do discurso, da
dominação e do poder. Biopolítica!
Os epítetos raciais ou sexuais passam a ser vistos como determinações
múltiplas, entrecruzadas, polimorfas e perversas, sempre exigindo um
cálculo específico e estratégico de seus efeitos. Este é o momento do
discurso colonial.
O discurso colonial como aparato de poder se apoia do reconhecimento
e repúdio de diferenças raciais/culturais/históricas. Ele cria espaço para
“povos sujeitos” através da produção de conhecimentos em termos dos
quais se exerce vigilância e se estimula uma forma complexa de
prazer/desprazer.
Busca de legitimação para suas estratégias através da produção de
conhecimentos do colonizador e do colonizado que são estereotipados
mas avaliados antiteticamente.
O objetivo do discurso colonial é apresentar o colonizado como uma
população de tipos degenerados com base na origem racial de modo a
justificar a conquista e estabelecer sistemas de administração e instrução.
Discurso colonial como uma ferramenta de governamentalidade que, ao
delimitar uma “nação sujeita”, apropria, dirige e domina suas várias
esferas de atividade.
O mito da origem histórica (pureza racial, prioridade cultural), produzido
em relação com o estereótipo colonial tem a função de “normalizar” as
crenças múltiplas e os sujeitos divididos que constituem o discurso
colonial como consequência de seu processo de recusa.
O fetichismo, como a recusa da diferença, é aquela cena repetitiva em
torno da castração. O reconhecimento da diferença sexual é recusado
pela fixação em um objeto que mascara aquela diferença e restaura uma
presença original.
O fetiche ou estereótipo dá acesso a uma identidade baseada tanto na
dominação e no prazer quanto na ansiedade e na defesa, pois é uma
forma de crença múltipla e contraditória em seu reconhecimento da
diferença e recusa da mesma.
O estereótipo, então, como ponto primário de subjetificação no discurso
colonial, tanto para o colonizador quanto para o colonizado, é a cena de
uma fantasia e defesa semelhantes – o desejo de uma originalidade que
é de novo ameaçada pelas diferenças de raça, cor e cultura.
O estereótipo não é uma simplificação porque é uma falsa representação
de uma dada realidade. É uma simplificação porque é uma forma presa,
fixa, de representação que, ao negar o jogo da diferença, constitui um
problema para a representação do sujeito em significações de relações
psíquicas e sociais.
O que se nega ao sujeito colonial, tanto o colonizador quanto o
colonizado, é aquela forma de negação que dá acesso ao reconhecimento
da diferença. É aquela possibilidade de diferença e circulação que
liberaria o significante de pele/cultura das fixações de tipologia racial, da
analítica do sangue, das ideologias de dominação racial e cultural ou da
degeneração.
No ato da recusa e da fixação, o sujeito colonial é remetido de volta ao
narcisismo do imaginário e sua identificação de um ego ideal que é branco
e inteiro.
O imaginário é a transformação que acontece no sujeito durante a fase
formativa do espelho, quando ele assume uma imagem distinta que
permite a ele postular uma série de equivalências, semelhanças,
identidades, entre os objetos do mundo a seu redor.
Narcisismo e agressividade como as duas formas de identificação que
constituem a estratégia dominante do poder colonial exercida em relação
ao estereótipo, que, como uma forma de crença múltipla e contraditória,
reconhece a diferença e simultaneamente a recusa ou mascara.
Construção do discurso colonial – metáfora, metonímia e as formas de
identificação narcísica e agressiva disponíveis para o imaginário.
Os sujeitos do discurso são construídos dentro de um aparato de poder
que contém, nos dois sentidos da palavra, um “outro” saber – um saber
que é retido e fetichista e circula através do discurso colonial como uma
forma limitada de alteridade, no caso, o estereótipo.
Citação do Fanon na p. 121.
A pele, como o significante chave da diferença cultural e racial no
estereótipo, é o mais visível dos fetiches, reconhecido como
conhecimento geral em uma série de discursos culturais, políticos e
históricos e representa um papel público no drama racial que é encenado
todos os dias nas sociedades coloniais.
O estereótipo também pode ser visto como aquela forma particular,
“fixada”, do sujeito colonial que facilita as relações coloniais e estabelece
uma forma discursiva de oposição racial e cultural em termos da qual é
exercido o poder colonial.
O reconhecimento é projetado como conhecimento primário, efeito
espontâneo da evidência do visível, pois é ocultado seu processo de
construção e sua repetição é executada à exaustão.
A diferença do objeto da discriminação é ao mesmo tempo visível e
natural – cor como signo politico/cultural de inferioridade ou degeneração,
a pele como sua identidade natural.
O papel da identificação fetichista na construção de saberes
discriminatórios que dependem da “presença da diferença” é fornecer um
processo de cisão e crença múltipla/contraditória no ponto da enunciação
e subjetificação. Cisão crucial do ego. Desmoronamento do esquema
corporal.
Na identificação da relação imaginária há sempre o outro alienante
(espelho) que devolve crucialmente sua imagem ao sujeito. O ato de
reconhecimento e recusa da diferença é sempre perturbado pela questão
de sua re-apresentação ou construção.
Pelo fato do estereótipo ser um “objeto impossível”, os esforços dos
“saberes oficiais” do colonialismo estão imbricados no ponto de sua
produção de sentido e poder com a fantasia que dramatiza o desejo
impossível de uma origem pura, não diferenciada.
O ato de estereotipar não é o estabelecimento de uma falsa imagem que
se torna o bode expiatório de práticas discriminatórias.
O estereótipo é, ao mesmo tempo, um substituto e uma sombra. Ao
aceder às fantasias mais selvagens do colonizador, o Outro estereotipado
revela algo da “fantasia” (enquanto desejo ou defesa) daquela posição de
dominação.
A fantasia colonial é ambivalente na medida que, por um lado, propõe
uma teleologia – sob certas condições de dominação e controle, o nativo
é progressivamente reformável. Por outro, a fantasia “mostra” a
separação, tornando-a mais visível. É essa visibilidade que, ao negar ao
colonizado a capacidade de se autogovernar, os modos de civilidade
ocidentais conferem autoridade à versão e missão oficiais do poder
colonial.
Algumas das práticas oriundas do discurso colonial reconhecem a
diferença de raça, cultura e história como sendo elaboradas por saberes
estereotípicos, teorias raciais, experiência colonial administrativa e, sobre
essa base, institucionaliza uma série de ideologias políticas e culturais
que são preconceituosas, discriminatórias, vestigiais, e, o que é crucial,
reconhecidas como tal. Ao conhecer a população nativa nesses termos,
formas discriminatórias e autoritárias de controle político são
consideradas apropriadas.
Conclusão.