Aula de Direito Aplicado A Gestão - Cópia
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Aula 1
Penamentos.
Não se pode admitir um empresário que desconheça a existencia do direito do consumidor e a
extensão de suas resposabilidades em face desse conjunto de normas; ou um administrador público
que desconheça o que seja o estado e quais as suas finalidades constantes de um texto legal, a
Constituição Federal de 1988; Não se pode admitir um cidadão que desconheça ser titular a vida, á
liberdade, a saúde, entre outros que, não sem razão, são considerados fundamentais ao estado de nossa
civilização. Finalmente, não se pode admitir um gestor que descnheça as implicações do sistema
tributário, ou um eleitor a quem seja estranho o direito ao voto universal e secreto – e isso para
ficarmos apenas com alguns exemplos.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
• Compreender o estudo do Direito aplicado à Gestão com uma visão geral dos diversos ramos
de Direito.
Conteúdo Programático
Esta unidade está dividida em:
• Aula 1 - Introdução e fontes do Direito
• Aula 2 - Os ramos do Direito e a Gestão
• Aula 3 - O Estado Democrático de Direito no Brasil
Rota de Aprendizagem
A Rota de Aprendizagem apresenta as ações que devem ser realizadas nesta unidade. Utilize a Rota
de Aprendizagem para planejar e gerir, com eficiência, as suas ações e o seu tempo de estudo. Isso
facilitará a construção do seu conhecimento e aumentará a possibilidade de que você tenha um bom
desempenho nas avaliações. Clique aqui para acessar a Rota de Aprendizagem.
Mapa do império Romano por volta de 117. A lei romana, junto com a língua latina, foram os dois principais elementos
de coesão cultural do império.
Vê-se, portanto, que o Direito não se limita – ou não poderia limitar-se – à criação de uma lei ou à
assinatura de um contrato. Da mesma forma, não é produto exclusivo da vontade de um legislador
ou mesmo de uma coletividade em especial, nem mesmo do ato de uma autoridade de qualquer um
dos Poderes constituídos.
Ele é mais, muito mais do que isso. Representa as nossas aspirações e anseios, nosso senso moral e
ético, nossos sentimentos e nossas expectativas enquanto sociedade e demonstra não apenas o
amadurecimento de nossa democracia como o próprio grau civilizatório a que chegamos.
Nasce, portanto, de fontes comuns a todos os povos, em qualquer de seus momentos históricos. São
fontes do Direito: a lei, a jurisprudência e a doutrina (de caráter mais específico), mas também a
analogia e a equidade, os usos e costumes do povo. Vamos, agora, analisar cada um deles.
A Lei
É talvez, atualmente, a fonte do Direito por definição e excelência (ao menos certamente será
aquela mais visível, pela própria publicidade que lhe é inerente) em nossa
sociedade e representa o resultado final do processo de elaboração legislativa.
No sistema de tripartição dos Poderes em que vivemos – com os Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário dotados de atribuições e competências
diversas, todas elas definidas no texto constitucional – a tarefa da elaboração
das leis toca exclusivamehte ao Poder Legislativo e, portanto, apenas a ele cabe
legislar, vale dizer, votar e promulgar as leis. É certo que os projetos de lei
podem partir dos demais Poderes ou mesmo da própria iniciativa popular, mas o
seu trânsito pelo Poder Legislativo não pode ser suprimido, sob pena da violação de um dos
fundamentos de nosso Estado e, assim, da nulidade ou inexistência do ato praticado.
As leis obedecem a uma hierarquia, sendo a mais importante delas e a mais fundamental
a Constituição Federal, na qual estão dispostos os fundamentos da Nação e seus
elementos mais essenciais. A Constituição é fruto de um Poder específico, a que se
denomina Poder Constituinte, e tem por finalidade apenas a sua elaboração, dissolvendo-
se tão logo termine. Este Poder não tem qualquer restrição, em virtude da natureza do
texto que lhe compete elaborar, no que se distingue dos demais Poderes, ditos
Constituídos – justamente pela sua previsão no texto constitucional.
Sessão final de trabalho da Assembleia Constituinte, em 2 de setembro de 1988, após o encerramento da votação, com
aprovação do texto final da nova Constituição do país. Fonte: Agência Brasil.
Temos que o momento inicial de validade e obrigatoriedade de uma lei, como anteriormente
pudemos comentar, é o momento de sua promulgação, que se dá via de regra com a publicidade de
sua divulgação pela imprensa oficial; vimos, ainda, que a lei pode passar a surtir seus efeitos após
um prazo por ela própria estabelecido, denominado vacância da lei.
Importa agora sabermos quando a lei deixa de surtir os seus efeitos. Ou seja, quando a lei deixa de
ser oponível, quando deixa de integrar o sistema de Direito.
Em regra, as leis possuem duração indeterminada. Pressupõe-se que deixarão de surtir seus efeitos
apenas quando foram revogadas (o que pode se dar expressa ou tacitamente), e isso deriva da
necessidade de estabilidade e segurança nas relações sociais, que não existiriam se as leis fossem
sempre concebidas com prazos de validade previamente determinados.
Esse fato demonstra a relevância do Poder Legislativo e a seriedade de sua função: as leis não
podem ser criadas senão sob o pressuposto de corresponderem ao estágio civilizatório atingido pela
sociedade cuja vida regulamentam, e este não é percebido por prazo determinado, nem tem data
prefixada para modificação – e por isso mesmo a promulgação de leis casuísticas, que apenas
atendam a interesses imediatos, principalmente quando de titularidade limitada a certos segmentos
sociais, não é a melhor técnica de elaboração legislativa, já que a sociedade não evolui na
velocidade dessas demandas, ainda quando legítimas.
É claro que excepcionalmente a lei pode determinar um prazo
ao cabo do qual cesará sua vigência, mas essa não é e nem
poderia ser a regra. Essencialmente a lei é revogada quando
uma lei posterior de mesma hierarquia a revogue ou disponha
de forma diversa sobre a mesma matéria; por isso geralmente
no último dispositivo ou artigo de qualquer texto legal
encontramos uma determinação que atende a uma fórmula
genérica, segundo a qual “esta lei revoga todas as disposições
em contrário”, importando em que, na data de sua entrada em
vigor, deixarão de surtir efeitos aquelas normas expressamente revogadas.
Mas nem sempre há essa disposição literal, sendo também usual e de igualmente boa técnica
legislativa a revogação tácita, que se dá nas hipóteses em que, mesmo não dispondo expressamente
a revogação de leis anteriores, a lei nova regulamenta inteiramente a relação que era objeto também
da lei anterior.
Por exemplo: a nova lei de locação de imóveis, mesmo que não o afirme textualmente, revogará a
lei anterior que trate desta mesma matéria, já que, evidentemente, não podem subsistir dois sistemas
legais distintos e contraditórios regulamentando uma mesma hipótese social.
A irretroatividade da lei – ou seja, o fato de uma lei não poder viger sobre atos ou negócios
praticados antes de sua vigência – é a regra para a sua eficácia, admitindo-se excepcioná-la apenas
quando isso se der em benefício do réu, como, por exemplo, na retroatividade da lei penal quando
se deixa de considerar criminosa a conduta praticada – e isso se fundamenta no próprio interesse
social, já que não teria qualquer finalidade manter encarcerado, por exemplo, aquele que tenha
cometido um ato que deixe de ser considerado criminoso em momento posterior ao seu julgamento.
Assim como é importante analisarmos a aplicação da lei no tempo, não menos importante será o
conhecimento de sua validade em dimensão espacial. Vimos anteriormente que nosso Estado possui
três esferas de administração pública – as esferas federal, estadual e municipal – representadas
respectivamente pela União, pelos estados e municípios; vimos também que em todas essas esferas
há Poderes Legislativos com competência determinada e exclusiva sobre as suas respectivas
dimensões territoriais.
Essa é a mais clara hipótese dessa nossa análise: a própria divisão administrativa do Estado
brasileiro já sinaliza para a eficácia da lei no espaço quando determina existirem Legislativos nas
esferas federal, estadual e municipal, o que pressupõe logicamente a possibilidade de existirem leis
que vigorarão nos limites dos respectivos estados e municípios, ou que sejam aplicáveis em todo o
território nacional, conforme sejam leis estaduais, municipais ou federais.
Nosso País é uma República Federativa em que determinadas matérias, por sua relevância, são de
competência legislativa apenas federal, ou da União, como, por exemplo, as normas penais; outras
serão de competência dos estados e, finalmente, outras ainda serão de competência municipal,
segundo dispõe o próprio texto da Constituição Federal – e são exemplos matérias tributárias, em
que se determina que alguns tributos terão sua legislação definida e serão arrecadados pela União
(como o imposto sobre a renda), outros pelos estados (como o imposto sobre a propriedade de
veículos automotores, ou IPVA) e outros, ainda, pelos municípios (como o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Urbana, ou IPTU).
Essa realidade nem sempre é isenta de conflitos, sendo comum se falar de “guerras fiscais” ou de
“barreiras fiscais”, por exemplo, que nada mais representam senão o aspecto visível da aplicação
das leis no espaço: quer entre países (como nos casos das lutas de alíquotas tributárias de
exportação ou importação conforme determinado país proteja os interesses de seus produtores ou
fabricantes, por exemplo), quer entre estados e municípios, como já pudemos observar em diversos
momentos.
Na verdade, a eficácia espacial da lei é de vital importância para qualquer administrador público,
porque importa até mesmo no planejamento de políticas para determinados segmentos sociais ou
para estratégias de crescimento.
Tamanha pode ser a relevância dessas disputas que não raro somos informados de disputas entre
países em organizações multinacionais como a Organização Internacional do Comércio, sobre
determinadas políticas que atingem os interesses de seus parceiros comerciais.
A Jurisprudência
A Doutrina
Juntamente com a Lei e a Jurisprudência, temos a Doutrina como uma das fontes clássicas do
Direito.
Compõem a Doutrina os tratados, livros, artigos e demais obras intelectuais dos estudiosos do
Direito, também chamados juristas, que representam as diversas visões científicas sobre as matérias
que envolvam noções humanas, sociais e jurídicas.
Mecanismos Interpretativos
A analogia
A analogia se mostra uma fonte do Direito como um mecanismo de integração em que se aplica um
exemplo para constituir um raciocínio, vale dizer, entende-se que a solução de determinado
problema deve ser empregada para solucionar outro problema que lhe seja semelhante.
Dessa forma, o processo analógico não representa senão um mecanismo para solução de um caso
concreto para o qual não existe uma norma jurídica preexistente. Todavia, não se deve empregar o
raciocínio analógico na hipótese em que a norma que se pretenda aplicar possua natureza
eminentemente restritiva de direitos, como, por exemplo, a matéria da legislação criminal, em que o
resultado poderá ser a restrição à liberdade, por exemplo.
A equidade
Finalmente, os usos e costumes de um povo são fontes do Direito na medida em que demonstram o
seu estado civilizatório, e os princípios considerados intrinsecamente relevantes para o exercício da
vida em coletividade, mesmo quando não estejam previstos em qualquer norma legal ou código de
conduta – talvez até mesmo pela desnecessidade dessa previsão formal, em razão do
estabelecimento de seu uso.
O Direito não se compõe unicamente pelas leis, resultantes do processo de elaboração legislativa.
Outras fontes criam o Direito, regulamentando a convivência em sociedade. Essas fontes também
geram Direito na medida em que criam normas de comportamento que passam a compor as regras
de convivência em sociedade. Um exemplo são os usos e costumes do povo, que criam normas não
escritas respeitadas socialmente como parte do Sistema Jurídico, embora não estejam,
necessariamente, elencadas no direito positivo ou nos textos legais. Assim, é certo que a vida social
não se regerá unicamente pelas leis, decretos e demais normas escritas e codificadas, mas sim
também por uma grande diversidade de fatores que se alteram na composição do corpo social.
Vídeo da Unidade
Para se aprofundar sobre os ramos do Direito e suas interseções na atividade
empresarial, assista ao vídeo da unidade.
Se preferir, faça o download do áudio (mp3 compactado) deste vídeo clicando aqui.
Definição do Direito
Como já vimos, o Direito – numa acepção restrita, considerado apenas como o conjunto de normas
positivadas – tem origem nas leis, que são atos oficiais promulgados pelo Poder Legislativo –
resultado da elaboração do processo legislativo – e que atendem a requisitos como a publicidade, a
forma, a obediência ao texto constitucional, além de possuírem uma hierarquia, compondo um
sistema estruturado sob certa composição prevista constitucionalmente.
Também aprendemos que compõem o Direito, em sentido
amplo, ou numa acepção mais inclusiva (e ampliando a visão
para tratá-lo como um sistema), outras fontes que o constituem,
juntamente com as leis, todavia sem sua rigidez e sem a
necessidade de obediência às suas formalidades, ritos e normas
procedimentais, que são a analogia, a equidade, os usos e
costumes e, finalmente, são fontes de Direito, ainda, o conjunto
das decisões dos Tribunais (a Jurisprudência) e os
entendimentos expostos nas obras dos estudiosos, ou a
doutrina.
Nesta aula vamos analisar como se organiza e estrutura o Direito em seus planos positivos, ou seja,
como se dividem, dentro do chamado Sistema Jurídico – que é o conjunto de todo o Direito de um
determinado povo, seja oriundo de qualquer das suas fontes –, os diversos conjuntos de normas
jurídicas que regem a vida dos cidadãos e os negócios das empresas.
Seu conhecimento é fundamental porque, em primeiro lugar, o cidadão deve conhecer seus direitos
e deveres e isso pressupõe o conhecimento das estruturas políticas e sociais do Estado em que vive,
e isso pressupõe o domínio das estruturas judiciárias; e, depois, porque não se admite que uma
empresa vá interagir negocialmente desconhecendo as estruturas de decisão nas diversas matérias
de sua ação e abrangência empresariais.
A mais importante das normas jurídicas de qualquer Estado é a
Constituição. Como sua própria denominação sugere, é o texto
fundamental do ordenamento jurídico, político, econômico e social
de um País e, de todos os Diplomas Legais (ou textos legais) de
qualquer ordenamento organizado, sempre será o primeiro e mais
importante. Todos os demais derivam dele e todos devem respeitar a
sua orientação e o sistema por ele seguido.
A Constituição é promulgada por um Poder especialmente reunido
para sua elaboração, um Poder diverso de todos os demais – ou seja,
um Poder diverso dos Poderes já analisados, Executivo, Legislativo
e Judiciário.
O deputado Ulysses Guimarães mostra a Constituição brasileira, promulgada em 1988. Fonte: Agência Brasil
Apenas para contextualizar, é na Constituição Federal que:
• se encontram definidas a forma e o sistema de governo do Brasil – uma República
Presidencialista;
• se encontra a disposição acerca da própria existência dos três Poderes (por isso mesmo
ditos Poderes Constituídos) e a sua divisão em Executivo, Legislativo e Judiciário;
• estão delimitadas as suas estruturas e competências.
Não existindo qualquer limite para o Poder Constituinte, ele poderia, por exemplo, ter determinado
que o Brasil se tornaria uma Monarquia, ou ter adotado o regime parlamentarista; poderia ter criado
um “quarto Poder” do Estado – na verdade a nossa primeira Constituição, a Constituição Imperial,
de 1824, estabelecia um Poder além dos três hoje existentes, o Poder Moderador, exercido
exclusivamente pelo Imperador (o Poder Moderador foi abolido de nossos textos constitucionais
com o advento da República e consequentemente deixou de ser previsto em nossa segunda
Constituição, de 1891), poderia, enfim, ter estabelecido que os estados se tornariam territórios – o
inverso foi realizado, os antigos territórios tornaram-se estados.
Como podemos perceber, sintomaticamente, as consecutivas alterações de regime e de sistema de
governo que ao longo de nossa História sucederam foram seguidas pela promulgação de novas
Constituições. Foi assim quando da proclamação da República; foi assim após a Revolução de
1930, que encerrou o ciclo político hoje denominado República Velha, por exemplo.
Já vivemos sob a égide das seguintes Constituições:
1824
Constituição Imperial.
1891
Primeira Constituição Republicana.
1934
Promulgada após a Revolução de 30 e a Revolução constitucionalista de 1932.
1937
Que implantou o Estado Novo.
1946
Promulgada com a queda do Estado Novo, coincidentemente após o final da II Guerra
Mundial e a derrota dos regimes totalitários na Europa.
1967
Buscou institucionalizar e legalizar o regime militar.
1988
Atual Constituição Federal, promulgada ao final do ciclo dos governos militares.
Enfim, a Constituição Federal é, como já visto, um Diploma Jurídico de natureza ímpar, é a norma
fundamental do Estado, dispõe sobre as estruturas sociais, econômicas, políticas e jurídicas e,
portanto, também determina a natureza e a orientação de todos os demais textos legais.
Assim, o Poder Constituinte não obedece a qualquer sistema jurídico ou a qualquer ordenamento;
ele o faz. Todo e qualquer dispositivo de lei ou Diploma Legal que eventualmente contenha
disposição contrária ao texto constitucional estará imediatamente revogado quando ela entrar em
vigor, assim como todo e qualquer dispositivo ou Diploma Legal superveniente ao texto
constitucional lhe deve obediência e, naturalmente, não poderá contrariá-lo.
Portanto, quando tratamos de nosso Ordenamento Jurídico, de nosso Sistema de Direito, em
primeiro lugar e com natureza especial, única e própria, teremos a Constituição Federal, a quem
todos os demais se subordinam e de quem todos derivam.
Todavia, estruturado pelo texto constitucional temos um arcabouço jurídico que contém blocos ou
sistemas peculiares, que são assim definidos pela natureza das suas respectivas matérias ou pela
natureza dos direitos que regulamentam.
Classificação do Direito
Antes mesmo da análise dos ramos do Direito brasileiro, importante destacar que dividimos o
sistema jurídico em ampla análise em:
Direito Nacional : Aquele composto pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Direito Internacional : Aquele composto pelos Tratados e Convenções internacionais de que o
Brasil seja signatário – quer sejam bilaterais ou multilaterais.
É relevante mencionarmos, ainda, que uma vez chancelados os Tratados, Convenções ou Acordos
Internacionais, suas normas passam a viger no Brasil não somente quanto às relações entre os
cidadãos de nosso Estado com estrangeiros em planos internacionais, mas, ainda, dependendo de
sua natureza, tornam-se imperativas de conduta em nosso território, regendo relações entre cidadãos
brasileiros.
Como, por exemplo, aquelas normas que determinam a inserção de dispositivos de inspiração
internacional em nossos Diplomas Legais, versando sobre temas de natureza específica.
Em planos de Direito Internacional, teremos ainda a subdivisão abaixo:
Direito Internacional Público : Regulamenta as relações entre indivíduos e países.
Por exemplo, uma questão referente à imigração de um estrangeiro para nosso País.
Direito Internacional Privado : Trata das relações entre os indivíduos em seus diversos sistemas
jurídicos.
Por exemplo, divórcio de indivíduos ora residentes no Brasil, mas que contraíram matrimônio no
estrangeiro (partilha dos bens etc.)
Dessa forma, o gestor de uma empresa dedicada ao comércio internacional, à exportação ou à
importação deverá ter conhecimento de normas de Direito Internacional, além daquelas que
regulamentem os negócios de sua expertise, já que diferentes países terão diferentes legislações e
emprestarão tratamentos diversos às mesmas matérias, pelo que o administrador vai se defrontar
com diferentes hipóteses de incidência e alíquotas tributárias, diferentes normas penais, diferentes
normas trabalhistas, diferentes normas contratuais, de direito do consumidor ou de responsabilidade
civil, por exemplo, na atuação internacional.
Porém, ainda quando a sua atuação circunscreve-se ao nosso território, deixa de ser complexo o
panorama a ser conhecido: em planos nacionais – ou na competência interna – também dividimos
os sistemas de Direito em blocos, não apenas para facilitar a sua compreensão e análise, mas
também para permitir a própria especialização de seus agentes e operadores.
A primeira das divisões distingue dois grandes blocos de estruturas jurídicas: os sistemas de Direito
Público e de Direito Privado. Essa distinção se faz em virtude da natureza das relações que rege
cada um desses sistemas e dos Diplomas Legais que os compõem.
Direito Público : Matérias que digam respeito a direitos considerados indisponíveis, como, por
exemplo, os direitos à vida e à liberdade (são direitos que, pela sua própria natureza, não podem
sofrer limitação, ainda que voluntária e ainda que pretendida pelo seu titular).
Direito Privado : Matérias que versem sobre direitos que possam ser objeto de transação pelos
cidadãos, ou seja, direitos disponíveis, como por exemplo, e via de regra, as relações patrimoniais.
Como exemplos temos o Direito Penal, como ramo do Direito Público – porque cuida de direitos
absolutamente indisponíveis, como a liberdade, e o Direito Civil, em regra, como um ramo do
Direito Privado, porque dispõe sobre direitos patrimoniais, essencialmente disponíveis (sem essa
disponibilidade a própria circulação de riquezas na sociedade ficaria comprometida, com prejuízo
das atividades comerciais e econômicas).
Dissemos que o Direito Civil será um Direito Privado em regra porque atualmente o Direito Civil
abrange várias matérias que se constituem em direitos indisponíveis, tais como os Direitos da
Personalidade, e versam sobre a vida, a integridade física, a moral, o direito à intimidade e à vida
privada, o direito ao nome, entre outros de idêntica natureza, claramente essenciais não apenas às
pessoas, mas a toda a sociedade.
Apenas para contextualizarmos, o direito civil versará sobre direitos essencialmente disponíveis,
como aqueles referentes à compra e venda, em que qualquer das partes (comprador ou vendedor)
pode, livremente, dispor de seu patrimônio e realizar o negócio na forma e pelo valor que bem
entenda e também sobre direitos absolutamente indisponíveis, como, por exemplo, os direitos da
personalidade, de onde podemos destacar o direito às partes do corpo, que encerra uma regra até
mesmo lógica segundo a qual o cidadão não poderá dispor de seus órgãos ou membros, exceto nas
hipóteses de doação post mortem de órgãos e tecidos, e, ainda assim, na forma determinada por
legislação específica e sob o estrito controle do Poder Público (que é a garantia de que esse tipo de
relação não se tornará negocial, porque seria abominável o estabelecimento de um comércio de
órgãos).
Os ramos do Direito Público se caracterizam, em primeiro lugar, pela presença do Estado; em sua
posição estática (como legislador, ou ordenador abstrato da sociedade, por exemplo), no Direito
Constitucional positivo, ou em sua posição dinâmica (em sua função de administrador dos
interesses e planejador social, em que efetivamente atua, regulamentando, gerindo e organizando a
sociedade, por exemplo), no Direito Administrativo – que vincula a Administração Pública – ou no
Direito Tributário – no qual o Estado age como balizador das relações econômicas, como
distribuidor das riquezas em sociedade; como atua, ainda, na solução dos conflitos (em sua função
de Estado – Juiz, por exemplo), no Direito Processual, ou em sua função de organização social, por
exemplo, no Direito Penal.
Como pudemos ver, no Direito Público, o interesse do Estado é imediato
– ou seja, ele se posiciona como parte na própria relação jurídica com o
cidadão (como, por exemplo, no Direito Tributário, em que, além de
criar o tributo e determinar a sua alíquota, o Poder Público ainda realiza
a arrecadação), ou como responsável pela aplicação das normas (como,
por exemplo, quando o Estado administra a Justiça, funcionando como
Estado – Juiz), na hipótese do Direito Processual de qualquer natureza
(Penal, Civil, Administrativo ou Tributário), ou quando atua planejando
as políticas públicas ou aplicando-as.
Dizemos que o interesse do Estado, nos ramos do Direito Público, é imediato porque em nosso
modelo civilizatório ele é a fonte e a garantia da administração das relações sociais, não sendo
admissível aos cidadãos o exercício das próprias razões, pelo que a composição de conflitos de
interesses deve passar pela apreciação do Poder Público, que detém o monopólio da aplicação da
Justiça e, via de consequência, o monopólio da utilização da violência, lhe tocando – com
exclusividade – o exercício do Poder de Polícia e a administração da Justiça.
Sabemos que a violação de um contrato gera consequências patrimoniais para aquele que lhe deu
causa, assim como sabemos que o inadimplemento gera o efeito da imposição de multa pela mora
ou o próprio desfazimento do negócio com culpa de um dos contratantes – o que pode gerar a
obrigação de indenizar; todavia, ainda que saibamos exatamente que tais condutas levam à
constituição de direitos em favor de um dos contratantes, ele não poderá exercer esses direitos ou
satisfazer essas pretensões por seus próprios meios, devendo requerer ao Estado – Juiz a tutela de
suas pretensões, que é exatamente o que fazemos quando ingressamos com uma ação junto ao Poder
Judiciário (que, como já vimos, é um dos Poderes Constituídos do Estado).
O cidadão que compra um bem e não o recebe na data aprazada não se torna sujeito do direito de ir
à loja do vendedor e apanhá-lo por força própria. O exercício das próprias razões pelos cidadãos
levaria à anarquia e ao império da força, que representam a própria negação do Direito e do Estado
em última análise.
ATUAÇÃO DO ESTADO
• Posição Estática – Legislador, ordena a sociedade abstratamente – Direito
Constitucional
• Posição Dinâmica – Executivo, administrador da sociedade, gestor – Direito
Administrativo
• Posição Dinâmica – Executivo, organiza as finanças públicas – Direito Tributário
• Estado – Juiz – Composição dos litígios em sociedade – Direito Processual
• Estado organizador social – Prevenção da criminalidade – Direito Penal
É evidente que esta divisão não esgota as possibilidades da matéria, muito menos é isenta de
divergências. Por exemplo, a natureza do Direito do Trabalho é fonte de acalorados debates,
havendo correntes que o inserem entre os Direitos Públicos (a que nos filiamos) e outras que o
inserem entre os Direitos Privados.
Nos posicionamos com os primeiros, entendendo tratar-se de um ramo do Direito Público, porque,
em nosso sistema, as relações entre patrões e empregados, ou as relações laborais, não se revestem
apenas de características privadas, já que a própria rescisão do contrato de trabalho pressupõe a
interveniência do Estado ou de um sindicato, por exemplo.
IMPORTANTE !
Critérios para divisão entre direito público e direito privado
Para o fim de analisar e caracterizar a divisão entre direito público e direito privado, importa
estabelecer uma série de critérios objetivos para compreender a relação jurídica em questão.
Destacam-se os seguintes critérios:
• Quanto ao conteúdo da relação jurídica: importa para esse critério verificar qual é o
interesse predominante na relação jurídica. De maneira geral, se o interesse tutelado se
referir ao particular, o domínio será do direito privado; caso seja o interesse público,
será pertencente ao domínio do direito público.
• Quanto ao tipo da relação jurídica: será considerada uma relação jurídica de direito
privado quando ocorre uma relação de coordenação dos sujeitos, isto é, quando as
partes se encontram em situação de igualdade. Caso contrário, caso seja uma relação
de imposição, na qual uma das partes pode sujeitar a outra a sua vontade, será
pertencente ao direito público.
Mas nem sempre o Estado terá interesse imediato no resultado das relações entre os indivíduos, e é
claro que nem sempre será uma das partes nessas relações. Os ramos do Direito em que os
interesses se revestem dessa característica – não serem de interesse imediato ou objetivo do Estado
– se denominam ramos de Direito Privado, sendo exemplos o Direito Civil e o Direito Empresarial.
Para aprofundar o conhecimento dessa matéria estude os tópicos 8 a 10 do livro
Introdução do Direito, de Clareci Mezzomo, constante da bibliografia de apoio.
Barreiras alfandegárias são barreiras comerciais estabelecidas pelos governos com o objetivo
de controlar o intercâmbio internacional de mercadorias. É a forma mais comum de proteger
o mercado interno. Essas barreiras são medidas e instrumentos com finalidades políticas e
comerciais, normalmente utilizadas para estimular setores econômicos específicos internos de
cada país, que impedem o livre comércio. Podem ser praticadas na forma de tarifas, cotas e
licenças de importação, incluindo qualquer lei, regulamento, política, medida ou prática
governamental que imponha restrições ao comércio exterior.
Fonte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Barreira_alfandeg%C3%A1ria
Atividade
Os ramos do Direito Público se caracterizam, em primeiro lugar, pela presença do
Estado; em sua posição estática (como legislador, ou ordenador abstrato da
sociedade, por exemplo) ou em sua posição dinâmica (em sua função de
administrador dos interesses e planejador social, em que efetivamente atua,
regulamentando, gerindo e organizando a sociedade, por exemplo), – em que o
Estado age como balizador das relações econômicas, como distribuidor das riquezas
em sociedade; quando atua na solução dos conflitos (em sua função de Estado – juiz,
por exemplo), ou em sua função de organização social.
Partindo dessas definições, é correto afirmar que o Direito Tributário é um ramo do
Direito Público porque é um ramo do Direito em que o Estado atua:
A Em sua posição estática.
B Em sua posição dinâmica.
C Na solução dos conflitos.
D Como organizador social.
E Como legislador.
Aula 3
Percebemos, portanto, que segundo a Constituição Federal de 1988 o Brasil é uma República
Federativa, composta pela união indissolúvel dos estados, municípios e Distrito Federal. Vale dizer:
somos uma República formada pela Federação de entes públicos que chamamos estados,
municípios e o Distrito Federal. Além do regime de governo esse dispositivo determina a
indissolubilidade da União, determina a proibição do seu desmembramento, bem como da saída –
voluntária ou não – de qualquer dos estados ou municípios.
Também determina que nos constituímos em um Estado Democrático de Direito, portanto, nosso
Estado pressupõe a participação popular na determinação das políticas e da gestão públicas e a
supremacia da lei, que vincula não apenas os atos dos cidadãos como, principalmente, os atos da
administração pública, do governo.
Os fundamentos de nosso Estado estão delineados nos incisos do dispositivo ora sob análise,
prendendo-se à soberania, à cidadania, à dignidade da pessoa humana, ao pluralismo político e aos
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Passemos à análise de cada um deles em planos
teóricos.
Soberania
Foi Jean Bodin o primeiro teórico a elaborar um conceito de soberania,
referindo-se a ela como à entidade que não conhece superior na ordem externa
nem igual na ordem interna, não admitindo subordinação a qualquer outra
externamente, na seara internacional, tampouco admitindo um poder idêntico
internamente, na seara nacional.
Portanto, a condição de um Estado independente, que não se mostra uma colônia
de qualquer outro Estado e também não admite a existência de poder que rivalize
com o seu em sede nacional ou em planos internos.
Sua definição, tecida para sustentar a Monarquia francesa, foi posteriormente aperfeiçoada no
Iluminismo, tendo o centro do Poder e da autoridade migrado da pessoa do Rei para a soberania
popular, ou, exatamente como estabelece o parágrafo único do artigo 1º ora sob análise, a
manifestação soberana da vontade do povo (de quem emana todo Poder e em nome de quem todo
Poder deve ser exercido).
É fato que o conceito de soberania vem se alterando ao longo da História, e isso se verifica mesmo
em razão das mudanças de regimes, de Estados e de governos; porém as características da não
subordinação a qualquer Poder externo e da não equiparação a qualquer Poder interno se mantêm,
posto serem verdadeiramente essenciais para a formação do Estado.
Significa dizer que, para ser soberano, um Estado não pode se subordinar a nenhum outro na
comunidade internacional; mesmo sendo eventualmente menos rico ou poderoso que outros
Estados, não pode haver relação de subordinação que o transforme em um território ou em uma
colônia, porque nessas hipóteses simplesmente inexiste a soberania.
Em esfera interna, é soberano o Estado quando mantém o poder sobre todo o seu território, não
havendo quem lhe anteponha autoridade de igual calibre. Por isso não se admite que se mantenham
poderes paralelos dentro do território de um Estado – e daí a gravidade da existência, dentro de
qualquer Estado, de locais em que a sua autoridade não é respeitada, ou em que seus poderes
constituídos não podem ser impostos a todos os cidadãos.
Já vimos que dentre as atribuições exclusivas do Estado se encontram a administração da Justiça e a
administração da violência; qualquer usurpação desses monopólios impõe a perda da soberania e,
em consequência, a própria destruição do Estado.
Cidadania
Pluralismo
Por pluralismo político entende-se o direito de que são titulares todos os
Partidos Políticos à participação no processo eleitoral, ainda que sejam
pequenos, ainda que não disponham de poder econômico, todos os
partidos constituídos legalmente têm direito de participação de eleições
cujas regras tenham sido preconcebidas, participando do poder político,
votando e sendo votados.
É fundamental na medida em que, representando o reconhecimento da
diversidade, impede a concentração do poder nas mãos de poucos
partidos, permitindo, ainda, que novos partidos se organizem e participem do processo
político – eleitoral em igualdade ideal de condições.
Atividade
A dignidade da pessoa humana impõe o reconhecimento de cada ser humano como um fim em si
mesmo – o que deve ser respeitado e protegido pelo Estado Democrático de Direito, de que será,
sempre, um princípio constitutivo.
No Brasil podemos afirmar que a dignidade da pessoa humana:
Resumo da Unidade
Concluindo, vimos que o Direito existe desde que o ser humano passou a viver em sociedade,
comportamento que entendemos lhe ser um estado natural; assim, a existência do direito enquanto
norma de conduta acompanha a própria existência da sociedade humana, já que não poderia existir
sem as inter-relações sociais.
Representando o estado civilizatório de um povo em um determinado momento histórico, político,
social e econômico, o Direito não se compreende apenas na legislação escrita, mas advém de
diversas outras fontes, todas igualmente relevantes, que são, por exemplo, a doutrina, a
jurisprudência, os usos e costumes, a analogia e a equidade.
Em nosso sistema, temos que o Estado Democrático de Direito tem como pressuposto o respeito à
Lei – aí entendida em sentido amplo, como conjunto de normas e de regras –, bem como na divisão
dos Poderes Constituídos (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), que se relacionam de forma
independente e harmônica entre si, atuando segundo as suas finalidades competências
constitucionalmente estabelecidas.
Tem sua origem primária no texto da Constituição Federal, de onde advém todas as demais normas
legais; essas normas serão de competência das respectivas esferas de administração pública,
portanto federais, estaduais e municipais, e sua abrangência será determinada no tempo e no espaço.