A Controvérsia Trinitariana
A Controvérsia Trinitariana
A Controvérsia Trinitariana
A DOUTRINA DA TRINDADE
PANO DE FUNDO HISTÓRICO
- Tertuliano: Foi o primeiro a declarar abertamente a tri-personalidade de Deus e a manter a unidade substancial
das três pessoas, contudo, não chegou a exprimir de forma clara a doutrina da Trindade.
O Monarquianismo e os Ebionitas
Cristo tinha homoousios e não homousios, porém, era co-substancial com o pai; não era uma pessoa distinta
da trindade.
O Jesus humano recebeu um poder impessoal
Unidade de pessoa e substância
Jesus e o Espírito Santo seriam apenas atributos impessoais da deidade
Mantinham a ideia da deidade de Cristo, porém ensinavam que Deus se manifesta ora como o Filho, ora
como o Espírito Santo e ora como o Pai
A CONTROVÉRSIA TRINITARIANA
Ário e o arianismo
Seus ensinos:
Só existe um ser (Deus) não-gerado, não originado, sem qualquer começo de existência
O Logos era imanente de Deus e se encarnou
Foi gerado (criado) pelo pai
Não era eterno nem possuía essência divina
- Àrio foi combatido pelo seu Bispo, Alexandre, e, depois pelo arqui-diácono de Alexandria, o grande Atanásio.
Os ensinos de Atanásio
“Atanásio salientava bem a unidade de Deus e insistia em verbalizar a doutrina da Trindade de um modo
que não pusesse em perigo essa unidade. Se o Pai e o Filho são da mesma essência divina, por outro lado não há
divisão ou separação no Ser essencial de Deus, e assim é errôneo falar de um Theos Deuteros. No entanto, ao
frisar a unidade de Deus, também reconhecia três hipóstases distintas, três substâncias em Deus. Ele se recusava a
crer no Filho criado antes do tempo que Ário postulava, e defendia a existência independente e eternamente
pessoal do Filho. Ao mesmo tempo, ele lembrava que as três hipóstases em Deus não podem ser tidas como
separadas sob hipótese alguma, pois isso levaria ao politeísmo. Segundo ele dizia, tanto a unidade de Deus
como as distinções em Seu Ser poderiam ser melhor expressas pelos termos “unidade de essência”. Isso exprime,
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de forma clara e inequívoca, a ideia de que o Filho é da mesma substância que o Pai, embora também subentenda
que os dois podem diferir noutros aspectos, como, por exemplo, na subsistência pessoal. Tal como Orígenes, ele
ensinava que o Filho fora gerado por geração, mas, diferente daquele, descrevia essa geração como um ato interno
e, por conseguinte, necessário e eterno, da parte de Deus, e não como ato que simplesmente dependia de Sua
soberana vontade.
O CONCÍLIO DE NICÉIA
O Concílio de Nicéia foi convocado em 325 d.C. para solucionar a disputa. A questão era nítida, conforme
se verá em breve narrativa. Os arianos repudiavam a ideia de uma geração não-temporal, eterna, ao passo que
Atanásio assim afirmava. Os arianos asseveravam que o Filho fora criado do não-existente, enquanto que Atanásio
sustentava que Ele fora gerado da essência do Pai. Os arianos mantinham que o Filho não era da mesma substância
do Pai, mas Atanásio dizia ser Ele homoousios com o Pai.
Partidos do Concílio:
Arianos
Atanásio
Eusébio de Cesareia
Eusébio tendia em favor de ário, pois se opunha a ideia de que o Filho é da mesma substância que o pai
(homoousios). O partido de Eusébio propôs o termo homoiousios, ou seja, “substância similar”.
Em meio a uma acirrada contenda, o Imperador Constantino deu a vitória ao partido de Atanásio.
“Cremos em um Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador das coisas visíveis e invisíveis. E em um Senhor Jesus
Cristo, gerado, não criado, sendo da mesma substância (homoousios) com o Pai”.
Foi uma declaração inequívoca. Não se poderia torcer o vocábulo homoousios para que significasse outra
coisa qualquer do que o fato de que a essência do Filho é idêntica à do Pai. Situava o Filho no mesmo nível com
o Pai, como um Ser não criado, e reconhecia-O como autotheos.
Consequências
c) Mudança da maré
A obra dos três grandes pais capadócios, pois, “Consistiu em esclarecer, definir e defender a doutrina
trinitária” e em “sistematizar a fé da igreja e fazer dela uma exposição com maior clareza lógica possível” de modo
que as heresias pudessem ser desmascaradas e a igreja inteira pudesse compreender e aceitar a fé e se unir em
torno dela.
Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis
Creio na Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos
mortos; E a vida do mundo que há de vir. Amém.
Os teólogos ocidentais geralmente diziam que o Espírito Santo procedia tanto do Pai quanto do Filho; e no
sínodo de Toledo, no ano de 589 d.C., foi adicionado o famoso “filioque” ao símbolo constantinopolitano.
No Oriente, a formulação final da doutrina foi dada por João Damasceno. Segundo ele, há apenas uma
essência divina, mas três pessoas ou hipóstases. Devem elas ser reputadas como realidades no Ser divino, embora
não relacionadas umas às outras como o estão três homens. São um em todos os aspectos, menos em seu modo
de existência. O Pais Se caracterizaria por “não-geração”, o Filho por “geração”, e o Espírito Santo por
“procedência”. O relacionamento entre as Pessoas é descrito como “interpenetração mútua” ou “circumincessão”,
sem co-mistura. Apesar de rejeitar de modo absoluto a ideia de subordinação, ainda assim João Damasceno referia-
se ao Pai como a fonte da Deidade, apresentando o Espírito como procedente do Pai, através do Logos. Ora, isso
constitui uma relíquia do subordinacionismo grego. O Oriente jamais aceitou o “filioque”, acrescentado quando
do sínodo de Toledo. Foi a rocha contra a qual se partiram em dois o Oriente e o Ocidente.
A concepção ocidental da Trindade chegou à sua declaração final na grande obra de Agostinho, De
Trinitate. Ele também ressaltou a unidade de essência e a trindade de Pessoas. Cada uma dessas três Pessoas possui
a essência inteira, e nessa proporção é idêntica a cada uma das outras duas Pessoas. Não se assemelham a três
pessoas humanas, cada uma das quais possui somente uma parte da natureza humana genérica. Outrossim, uma
nunca está e nunca pode estar sem a outra; a relação de dependência entre elas é mútua. A essência divina pertence
a cada uma delas de conformidade com um diferente ponto de vista, como gerador, gerado, ou existente por meio
de inspiração. Entre as três hipóstases há uma relação de mútua interpenetração e interhabitação. O vocábulo
“pessoa” não satisfaz a Agostinho como designação do relacionamento em que existem os três entre si. Contudo,
ele continua a empregá-lo, conforme diz, “não a fim de expressá-lo (o relacionamento), porém a fim de não ficar
calado”. Nessa concepção da Trindade o Espírito Santo é naturalmente concebido como quem procede, não
somente do Pai, e sim também do Filho.