Questões - Módulo III - Seminário I
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MÓDULO III
SEMINÁRIO I – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL
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CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7. ed. rev. São Paulo : Noeses, 2018,
p. 927.
2. Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a quem compete
o ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que momento o contribuinte
(recorrente) pode juntar aos autos do processo administrativo provas documentais?
Diante do que dispõem os arts. 9º e 10 do CPC/15, apresentadas novas provas pelo
contribuinte o julgador administrativo deverá dar oportunidade ao Fisco pra se
manifestar a respeito antes de afetar o processo para julgamento? (Vide anexo I, II e
III).
A legislação tributária, (e.g. aquela prescrita no art. 29, do Decreto 70.235/72 e arts.
35, 36 e 63, do Decreto 7.574/11) estabelece que, no âmbito do procedimento administrativo
tributário, a atividade probatória caberá de modo concorrente a todos os atores integrantes da
dita relação jurídica — órgão julgador e partes — estando, em cada caso, submetida a regime
jurídico próprio.
Acerca do limite temporal para apresentação de provas no processo administrativo —
malgrado a clareza da intenção manifestada pelo legislador no art. 16, § 4º, do Decreto
70.235/72, reforçada no art. 57, § 4º, do Decreto 7.574/11, no sentido de dever-se apresentar
prova documental no momento da impugnação do ato administrativo, sob pena de preclusão
—, subsiste considerável dissenso doutrinário e jurisprudencial sobre o assunto.
Propõe Andréa Medrado Darzé, em seu artigo Preclusão da prova no processo
administrativo tributário: um falso problema, a possibilidade de se categorizar em quatro
grupos os posicionamentos atinentes ao referido tema: (i) aqueles que defendem a
possibilidade de juntada das provas até a decisão em primeira instância; (ii) que entendem
cabível a produção probatória em qualquer fase do julgamento; (iii) que consideram
admissível a entrega de provas em momento posterior a apresentação da impugnação quando
se tratar de ―prova robusta‖; (iv) que sustentam a aplicação plena e irrestrita dos dispositivos
legais acima aventados.
Acresce observar que a legislação tributária não veda a apreciação de provas
apresentadas em momento posterior à impugnação, mas sim estabelece parâmetros técnicos
mínimos, que conferem segurança jurídica e celeridade ao procedimento administrativo,
excepcionando aquelas situações capituladas nos incisos I, II e III, do § 4º, do art. 16, do
Decreto 70.235/72.
Além disso, tendo em vista a dicção do art. 29, do Decreto 70.235/72 c/c arts. 35, 36 e
63 do Decreto 7.574/11, constata-se que caberá à autoridade julgadora, em consonância com o
princípio da oficialidade e atuando em estrita observância ao direito posto, formar livremente
sua convicção, devendo considerar, em razão da iniciativa probatória que lhe cabe
concorrentemente, a prova necessária extemporaneamente coligida aos autos.
A dinâmica procedimental administrativa em relação às provas novas, — agregando os
vetores axiológicos que irradiam dos princípios da cooperação e do contraditório substancial,
insertos nos arts. 6º, 9º e 10, do CPC — tem sido, como se pode observar nas decisões do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, no sentido de garantir-se às partes,
Fisco e Contribuinte, um debate extenso acerca das questões postas no processo. Em razão
disso, apresentadas novas provas pelo contribuinte, cabe à autoridade julgadora, a fim de
aproximar-se da verdade material (ou verdade jurídica) perseguida no procedimento
administrativo tributário, oportunizar ao fisco sua manifestação.
Conforme Instrução Normativa nº 1.571, editada pela Receita Federal do Brasil no ano
de 2015, tornou-se encargo das instituições financeiras o envio de informações acerca das
movimentações financeiras realizadas por seus clientes e correntistas — que visa, em última
análise, à fiscalização das declarações entregues pelas referidas instituições e aquelas
respeitantes aos contribuintes.
Trata-se essa declaração, denominada e-Financeira, de instrumento substitutivo à
declaração de informação sobre movimentações financeiras – DIMOF, com a diferença de que
para o primeiro deverão ser comunicadas todas as movimentações financeiras realizadas pelos
clientes/contribuintes, enquanto que para o segundo bastava o fornecimento do respectivo
saldo anual.
Embora o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 2859, tenha se
posicionado no sentido de considerar devido o acesso da Administração Pública à relação de
bens, renda e patrimônio de determinados indivíduos, mencionando, inclusive, a assunção de
compromisso pelo Brasil, perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e Intercâmbio
2
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 1.597.129. Recorrente: Companhia Paranaense de
Energia — COPEL. Recorrido: Fazenda Nacional. Relator: Ministro Herman Benjamin. Brasília, Distrito
Federal, 26 ago., 2016. Lex: Pesquisa de Jurisprudência do STF. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=61141732&num_r
egistro=201600971141&data=20160826&tipo=51&formato=PDF>. Acesso em: 16 ago., 2019.
de Informações para Fins Tributários, persiste a discussão doutrinária acerca da
constitucionalidade da medida, eis que esta malferiria o direito à inviolabilidade da intimidade
e da vida privada, expresso na Carta Magna, excepcionado apenas diante na hipótese de
autorização judicial.
Outro argumento suscitado pelo STF, quando do julgamento do RE nº 601.314, para
afastar o argumento de inconstitucionalidade na espécie, está inserto no art. 6º, da Lei
Complementar 105/01, que não ofenderia ―[...] o direito ao sigilo bancário, pois realiza a
igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem
como estabelece requisitos objetivos e o traslado do dever de sigilo [...]‖, do âmbito bancário
para o fiscal.
Apesar de tais argumentos, prevalece doutrinariamente o entendimento de que as
informações transmitidas ao Fisco através da e-financeira, fere o direito ao sigilo e que esta
equivaleria, a rigor, à obtenção de extratos bancários pela RFB sem autorização judicial.
Como de pode depreender da análise do art. 4º, § 12, incisos I e II, da Lei
13.254/2016, a declaração voluntária de recursos, bens ou direitos de origem lícita efetuada
para fins de aproveitamento no programa instituído sob o nome de Regime de Regularização
Cambial e Tributária está protegida pelo sigilo fiscal.
Prescrevem os incisos I e II, do dito dispositivo legal, que a declaração de
regularização prevista no caput desse mesmo dispositivo não poderá ser utilizada, por
qualquer modo, ―[...] como único indício ou elemento para efeitos de expediente
investigatório ou procedimento criminal [...]‖ ou mesmo para ―[...] fundamentar, direta ou
indiretamente, qualquer procedimento administrativo de natureza tributária ou cambiária em
relação aos recursos dela constantes.‖
Além disso, conforme art. 31 da Instrução Normativa nº 1.627/2016, editada pela
Receita Federal do Brasil, ―[...] a divulgação ou a publicidade das informações presentes no
RERCT implicarão efeito equivalente À quebra de sigilo fiscal, sujeitando o responsável às
penas previstas na Lei Complementar nº 105 [...], e no art. 325 do [...] Código Penal.‖