Congruências Quadráticas
Congruências Quadráticas
Congruências Quadráticas
Congruências Quadráticas,
Reciprocidade e Aplicações em
Sala de Aula †
por
sob orientação
Agosto/2013
João Pessoa - PB
†
O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de
- Ao Prof. Dr. Bruno Henrique Carvalho Ribeiro não somente pela orientação ex-
tremamente competente, mas, principalmente, pela prova inesquecível de dedicação,
incentivo e de incansável disposição em todas as etapas deste trabalho.
- À Profa. Dra. Miriam da Silva Pereira e ao Prof. Dr. José Anderson Valença
Cardoso pelas excepcionais contribuições para a evolução deste trabalho.
- Ao Rvmo. Pe. Marisaldo Barbosa de Lima pelo incentivo e oração nos mo-
mentos de tribulação.
v
Abstract
vi
Sumário
1 Congruências Quadráticas 1
1.1 Resíduos Quadráticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Símbolo de Legendre e o Critério de Euler . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Lema de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2
1.4 O Símbolo de Legendre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
p
vii
Notações
≡ Congruente
6≡ Incongruente
| Divide
- Não Divide
(a, p) Máximo Divisor Comum de a e p
# Cardinalidade
Z Conjunto dos Números Inteiros
Zp Anel dos inteiros módulo p
a
Símbolo de Legendre para Reciprocidade Quadrática
p
bac Menor inteiro menor do que ou igual a a
hai
Símbolo de Jacobi
n
viii
Introdução
A Matemática é a rainha das Ciências, e a Teoria dos Números é a rainha da
Matemática. (Carl Friedrich Gauss)
ix
Introdução
x
Introdução
xi
Introdução
xii
Capítulo 1
Congruências Quadráticas
Com isso, para encontrarmos solução para (1.1) é suciente descobrir a solução
de equações na forma
1
Congruências Quadráticas Capítulo 1
x2 ≡ a (mod p) (1.3)
Solução: Como (8, 23) = 1 e p = 23 é primo ímpar temos que (4· 8, 23) =
(32, 23) = 1, no qual ao multiplicarmos a congruência em questão e completar qua-
drados obtemos (16x + 5)2 + 32 − 25 ≡ 0 (mod 23) ⇒ (16x + 5)2 ≡ 16 (mod 23).
Com isso, encontramos 16x + 5 ≡ ± 4 (mod 23) onde ao resolvermos a congruência
linear 16x ≡ −1 (mod 23) temos x ≡ 10 (mod 23), enquanto que a partir da con-
gruência linear x ≡ −9 (mod 23) obteremos x ≡ 21 (mod 23). Dessa maneira, 10 e
21 são as únicas soluções incongruentes de 8x2 + 5x + 1 ≡ 0 (mod 23).
Então, caso a congruência (1.3) apresente solução terá exatamente duas soluções
incongruentes. Isso é exatamente o que vamos provar no teorema seguinte.
2
Congruências Quadráticas Capítulo 1
Solução: Como 3 é um primo ímpar e 1 não é divisível por 3 poderá existir, pelo
Teorema 1.1, apenas duas soluções incongruentes módulo 3. Assim, observemos
que x1 = 2 satisfaz a congruência e −x1 = −2 também satisfaz essa congruência.
Portanto, x1 = 2 não é congruente a −x1 = −2 módulo 3 o que implicará em as
outras soluções são congruentes à x1 = 2 ou à x1 = −2 módulo 3, por existir apenas
duas soluções incongruentes módulo 3 para a congruência em questão. Com isso,
fazendo s uma solução diferente de x1 e −x1 obtemos s ≡ 2 (mod 3) ou s ≡ −2
(mod 3). Enm, todas as soluções serão dadas por s = 3k + 2 ou s = 3k − 2, para
k ∈ Z.
Denição 1.1 O conjunto dos inteiros {r1 , r2 ,r3 ,..., rv } é um sistema completo
de resíduos modulo p se:
Como 42 ≡ 6 (mod 10), então 6 é resíduo quadrado quadrático módulo 10, assim
como 122 ≡ 1 (mod 13) e assim 1 é resíduo quadrático módulo 13. Agora, consi-
deremos o primo 17 vamos obter os números que são resíduos quadráticos módulo
17. Para tanto, é suciente considerar os quadrados dos números 1, 2, 3, 4, . . . , 16
pelo fato destes números formarem um sistema reduzido de resíduos módulo 17.
Portanto,
3
Congruências Quadráticas Capítulo 1
4
Congruências Quadráticas Capítulo 1
amente (−2)2 também será congruente a esse número r. Uma vez que −2 ≡ p − 2
(mod p), pelo teorema 1.1, vericamos que 2 e p − 2 são as únicas soluções incon-
gruentes de x2 ≡ r (mod p) dentre os números 1, 2, 3,..., p − 1. Agora, ao tomarmos
32 que será congruente a algum número s diferente de 1 e de r percebe−se que
(−3)2 também será congruente a esse número s e como −3 ≡ p − 3 (mod p) , pelo
Teorema 1.1, tem−se que 3 e p − 3 são as únicas soluções incongruentes de x2 ≡ s
(mod p) dentre os números 1, 2, 3, . . . , p − 1 e assim observemos que temos 1,r e s
como resíduos quadráticos das respectivas congruências:
p−1
em que cada par é solução para uma dentre as congruências x2 ≡ ai (mod p),
2
p−1 p−1
relacionadas exatamente a dos números 1, 2, 3,. . . , p − 1 e, portanto os
2 2
p−1 p−1
números a'i s são os resíduos quadráticos e os restantes não são resíduos
2 2
quadráticos.
Solução:
12 ≡ 1 (mod 7)
22 ≡ 4 (mod 7)
32 ≡ 2 (mod 7)
42 ≡ 2 (mod 7)
5
Congruências Quadráticas Capítulo 1
52 ≡ 4 (mod 7)
62 ≡ 1 (mod 7)
Assim, os números que são resíduos quadráticos são 1,4 e 2, enquanto os números
que não que são resíduos quadráticos são 3,5 e 6.
Teorema 1.3 A congruência x2 ≡ −1 (mod p), para p primo, tem solução se, e
somente se, p = 2 ou p ≡ 1 (mod 4).
(p − 1)
resultando no fato de ser par temos:
2
(p − 1)
= 2k ⇒ p − 1 = 4k ⇒ p = 4k + 1, k ∈ Z e, então p ≡ 1 (mod 4).
2
(⇐) Agora, é preciso encontrar uma solução para a congruência x2 ≡ −1 (mod p)
no momento em que p ≡ 1 (mod 4), onde p é um número primo ímpar que, através
do Teorema de Wilson, (Anexo B), podemos organizá−los como sendo
p−1 p+1
( 1 ·2 · 3 · · · j · · · )( · · · (p − j ) · · · (p − 2)(p − 1)) ≡ −1 (mod p).
2 2
O produto (p − 1)! está dividido em duas partes, cada uma com a mesma quan-
(p − 1)
tidade de fatores, ou seja, cada uma tem fatores que ao reescrever este
2
produto formando pares, cada fator j na primeira parte equivalerá ao fator (p − j )
na segunda parte podendo, pelo Teorema de Wilson, (Anexo B), ser escrito como:
6
Congruências Quadráticas Capítulo 1
(p−1)/2
j(p − j) ≡ −1 (mod p).
Y
j=1
2
(p−1)/2 (p−1)/2
j (mod p).
Y Y
−1 ≡ −j 2 ≡ (−1)(p−1)/2
j=1 j=1
(p − 1)
Mas, sendo p ≡ 1 (mod 4), então p é da forma 4k + 1, com k ∈ Z, e como
2
é par teremos
(p−1)/2
Y p−1
x= j= !,
j=1
2
7
Congruências Quadráticas Capítulo 1
1 se p - a e a é um resíduo quadrático de p;
a
= 0 se p | a;
p
−1 se p - a e a não é um resíduo quadrático de p.
É possível observar que na denição acima considera−se p ímpar uma vez que
qualquer número inteiro é um quadrado módulo 2. O próximo resultado, descoberto
por Euler possibilita o cálculo do Símbolo de Legendre.
a
o que comprova o teorema para o caso em que = 1.
p
a
Agora, mostremos para o caso em que = −1, ou seja, a não é um resíduo
p
quadrático de p e se s é um dos inteiros de {1,2,3,· · ·,p − 1} podemos admitir que,
pela Teoria das Congruências Lineares, existe uma solução s0 de sx ≡ a (mod p),
com s0 também no conjunto {1,2,3, · · ·,p
− 1}. Mas, s e s0 devem ser distintos para
a
evitarmos que s2 ≡ a (mod p), já que = −1. Então, os inteiros entre a e p − 1
p
8
Congruências Quadráticas Capítulo 1
(p − 1)
podem ser divididos em pares, s e s0 , onde ss0 ≡ a (mod p) nos levará às
2
congruências
s1 s01 ≡ a (mod p)
s2 s0 2 ≡ a (mod p)
.. ..
. .
s (p−1) s0(p−1) ≡ a (mod p).
2 2
(p−1)
s1 · s0 2 · s2 · s0 2 · . . . · s (p−1) · s0 (p−1) ≡ a 2 (mod p)
2 2
se referindo
ao Critério de Euler quando a não é um resíduo quadrático, ou seja,
a
= −1.
p
7
3
= 35 = 33 · 32 ≡ 5(−2) ≡ 1 (mod 11).
(11−1)
=3 2
11
9
Congruências Quadráticas Capítulo 1
a b
1. se a ≡ b (mod p), então = ;
p p
a2
2. = 1 se p - a;
p
ab a b
3. = se p - a e p - b.
p p p
1 se p ≡ 1 (mod 4)
−1
=
(p−1)
4. = (−1)
−1 se p ≡ 3 (mod 4)
2
p
Mas como
=a
(p−1) (p−1) (p−1)
(ab) 2 2 b 2
concluindo que
ab a b
=a (mod p).
(p−1) (p−1) (p−1)
= (ab) 2 2 b 2 ≡
p p p
Já a propriedade 4 possibilita
investigar todos os primos para os quais
− 1 são
−1 −1
resíduos quadráticos, onde ≡ (−1) 2 (mod p) signicando que seria
(p−1)
p p
10
Congruências Quadráticas Capítulo 1
(p − 1) (p − 1)
igual a 1 quando for par e igual a −1, quando for ímpar. Então,
2 2
se p é um primo ímpar, existem apenas duas possibilidades para p em termos de
congruência módulo 4 ou p ≡ 1 (mod 4) ou p ≡ 3 (mod 4) e se p ≡ 1 (mod 4)
(p − 1)
teremos p − 1 divisível por 4 e será par. Agora, se p ≡ 3 (mod 4), existe k
2
tal que p − 3 = p − 1 − 2 = 4k e, desse modo p −1 = 4k
+ 2 = 2(2k + 1) implicando
(p − 1) −1
em ímpar. Então, para p ≡ 1 (mod 4), = 1 e, para p ≡ 3 (mod 4),
2 p
−1
= −1.
p
Assim, através da propriedade 3 do Teorema 1.5, [21] revela que o produto de
dois resíduos quadráticos é um resíduo quadrático, que o produto de dois números
que não são resíduos quadráticos é um resíduo quadrático e que o produto de um que
não é resíduo quadrático por um que é resíduo quadrático não é resíduo quadrático.
11
Congruências Quadráticas Capítulo 1
b ∈ {1, 2, · · · , p−1
2
} pois, caso contrário, teríamos p|ab, o que é uma contradição por
b < p e p - a. Com isso os elementos de (1.4) serão incongruentes dois a dois módulo
p, pois se ab ≡ ac (mod p), para b, c ∈ 1, 2, . . . , 2 obtemos p | (b − c)a, mas se
p−1
formada por resíduos positivos módulo p, em que os inteiros rk são menores que
(p − 1) (p − 1)
e os inteiros st maiores que .
2 2
Sendo
{r1 , r2 , . . . , ri , p−s1 , p−s2 . . . , p−sj } (1.6)
(p − 1)
st + rk ≡ ab + ac ≡ (b + c)a ≡ 0 (mod p), b, c ≤ .
2
Por hipótese, p - a e então
(p − 1) (p − 1)
p | (b + c) ≤ + = p − 1.
2 2
Isto é impossível, pois os elementos de (1.6) são incongruentes módulo p dois a dois.
Note−se que (1.6) tem p − 1 elementos positivos e menores que p. Isto implica que
(p − 1)
os elementos de (1.6) são forçosamente os elementos 1, 2, . . . , .
2
Multiplicando todos os elementos de (1.6) obtemos
j i
p−1
!(mod p).
Y Y
(p − sk ) · rt ≡
k=1 t=1
2
12
Congruências Quadráticas Capítulo 1
j i
p−1
! (mod p),
Y Y
r
(−1) (sk ) · rt ≡
k=1 t=1
2
e como cada elemento de (1.5) é congruente módulo p com algum elemento de (1.4),
a congruência anterior é equivalente a
p−1 p−1
(−1) !a ! (mod p).
(p−1)
r 2 ≡
2 2
a a
≡ a 2 (mod p), (Critério de Euler), conclui− se que
(p−1)
= (−1)r .
p p
Podemos vericar que dentre estes resíduos, que são 1,3,5,6,8,10,13 e 15, apenas
17
cinco, 1,3,5,6 e 8, são menores do que , e consequentemente ao tomarmos os
2
que são maiores, ou seja,10,13 e 15 e ao considerarmos os números 17−10, 17−13 e
17−15, obtemos 7,4 e 2, respectivamente que associando com 1,3,5,6 e 8 constituem
todos os números de 1 a 8.
13
Congruências Quadráticas Capítulo 1
(p − 1)
representa o número de resíduos positivos de 1· a, 2 · a, 3· a, · · · , · a que são
2
maiores que p. Partindo de caso particular r = 5 tem−se
5
= (−1)5 = −1
17
5
=5 ≡ 58 ≡ 52 · 52 · 52 · 52 ≡ 8 · 8 · 8 · 8 ≡ 16 ≡ −1 (mod 17).
(17−1)
2
17
2
1.4 O Símbolo de Legendre
p
2
Nesta seção, vamos determinar uma fórmula válida para .
p
p−1 p−1
2 ! =2 2 = 2 · 4 · . . . · (p − 1).
(p−1) (p−1)
2 1· 2· 3· . . . ·
2 2
2
Agora, consideremos, pelo Critério de Euler, que = 2 2 (mod p) e, portanto
(p−1)
(p − 1)
∗ Se é par.
2
p−1
2 2 ! = 2 · 4 · . . . · (p − 1)
(p−1)
14
Congruências Quadráticas Capítulo 1
p−1 p+3
(2 · . . . · ) ( · . . . · (p − 3) · (p − 1))
= | {z 2 } | 2 {z }
p−1 p−1
f atores f atores
4 4
p−1 p−3
≡ 2· . . . · ( ) · ((− )· . . . · (−3)· (−1)) (mod p)
2 2
p−1 p−3 (p−1)
≡ (2· . . . · )· (1· 3 · . . . · )(−1) 4 (mod p)
2 2
p−1
≡ (−1) 4 ! (mod p).
(p−1)
(p − 1)
∗ Se é ímpar.
2
p−1
2 ! = 2 · 4 · 6 · . . . · (p − 1)
(p−1)
2
2
p−3 p+1
(2· . . . · ) ( ·. . . · (p − 3)· (p − 1))
2 } | 2
= | {z {z }
p−3 p+1
f atores f atores
4 4
p−3 p−1
≡ (2· . . . · )· ((− )· . . . · (− 3) · (− 1)) (mod p)
2 2
p−3 p−1 (p−1)
≡ (2· . . . · )· (1· 3 · . . . · )(−1) 4 (mod p)
2 2
p−1
≡ (−1) 4 ! (mod p).
(p−1)
2
Logo,
p−1 p−1 (p − 1)
2 ! ≡ (−1) 4 ! (mod p) se é par
(p−1) (p−1)
2
2 2 2
p−1 p−1 (p − 1)
2 ! ≡ (−1) 4 ! (mod p) se é ímpar.
(p−1) (p−1)
2
2 2 2
p−1
Ao cancelarmos ! nas congruências acima, temos
2
(p − 1)
(p−1)
(−1) (p−1)
4 (mod p) se é par
2 2 = 2
(p − 1)
(−1) (p−1) (mod p) se é ímpar
4
2
15
Congruências Quadráticas Capítulo 1
(p − 1) (p − 1)
2 porque e são pares
(p−1)
p ≡ 1 (mod 8) ⇒ = 1
2
2 4
p ≡ 3 (mod 8) ⇒ 2 (p−1) (p − 1) (p + 1)
= −1 porque e são ímpares
2
2 (p−1)
2 4
=2 2 = (p − 1) (p − 1)
p
p ≡ 5 (mod 8) ⇒ 2 2 = −1 porque
(p−1)
é par e é ímpar
2 4
p ≡ 7 (mod 8) ⇒ 2 (p−1) (p − 1) (p + 1)
= 1 porque é ímpar e é par.
2
2 4
16
Capítulo 2
Lei de Reciprocidade Quadrática
onde
0
a 2a pa (p − 1)
M= + + ··· + e p0 = .
p p p 2
17
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
a
a=p + r1
p
2a
2a = p + r2
p
3a
3a = p + r3
p
..
.
p0 a
0
pa=p + rp0
p
em que r1 , r2 , ..., rp0 são, respectivamente, os restos da divisão por p dos números
a, 2a, 3a,. . .,p0 a. Ao somarmos, membro a membro, as p0 igualdades acima obtemos
0
0 a 2a pa
(1 + 2 + 3 + ... + p )a = p ( + + ··· + ) +r1 + r2 + ... + rp0
p p p
(p2 − 1)
a = pM + B + C . (2.1)
8
Mas, como os números b1 , b2 , . . . , bh , p − c1 , p − c2 , . . . , p − ck são, a menos da
ordem, os números 1, 2, 3, . . . , p0 pode−se escrever que
(p2 − 1)
1 + 2 + . . . + p0 = = b1 + b2 + . . . + bh + rp − (c1 + c2 + . . . + ck )
8
e consequentemente
(p2 − 1)
=−B + rp + C. (2.2)
8
Ao subtrairmos, membro a membro, as equações (2.1) e (2.2) obtemos para
M ≥r
(p2 − 1)
(a − 1) = p(M − r) + 2B (2.3)
8
18
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
e, para r > M
(p2 − 1)
(a − 1) = p(r − M ) + 2B. (2.4)
8
(p2 − 1)
Dessa maneira, como a e p são ímpares, por hipótese, o termo (a − 1)
8
será par o que resultará em p(M − r) também será par pelo fato desta diferença
ser par por serem ambos pares ou ambos ímpares. Logo, o Lema de Gauss permite
escrever que
a
= (−1)M
p
p2 − 1
≡ − pr (mod 2).
8
p2 − 1
Logo, r será par ou ímpar de acordo com é par ou ímpar, respectivamente
8
2 p2 −1
e assim, pelo Lema de Gauss, = (−1)M = (−1) 8 .
p
Solução: Caso essa equação diofantina possua alguma solução 5 será resíduo
quadrático módulo 13, e então
19
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
5 10 15 20 25 30
M= + + + + + = 5.
13 13 13 13 13 13
Portanto,
5
= (−1)M = (−1)5 = −1,
13
q p
20
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
q
Figura 2.1: y = x
p
(p − 1)
que o fato de os números 1,2,. . ., serem todos primos com p acarreta em essa
2
reta não possuir nenhum dos pontos interiores contados acima e, por consequência
q
esta reta, y = x, intercepta as retas x = k, paralelas ao eixo y , nos pontos de
p
kq
coordenadas (k, ).
p
kq
Como não é inteiro e 1 ≤ k ≤ p − 1 obtemos que o número de pontos de
p
q
coordenadas naturais sobre a reta x = k, acima do eixo x e abaixo da reta y = x
p
kq
é representado por e, dessa maneira a quantidade de pontos de coordenadas
p
naturais no interior do triângulo ABC é dado por
21
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
q 2q 3q p−1 q
M= + + +··· + · .
p p p 2 p
De
forma
análoga, as interseções das retas y = k, paralelas ao eixo x, com a reta
q
y= x resulta que o número de pontos de coordenadas naturais no interior do
p
triângulo ACD é igual a
p 2p 3p q−1 p
N= + + +··· + · .
q q q 2 q
q p
22
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
q−1 q−1
Cpq = {x ∈ Z | 1 ≤ x≤ e− ≤ px ≤ 0 (mod q)}
2 2
p−1 p−1
Cqp = {y ∈ Z | 1 ≤ y ≤ e− ≤ qy ≤ 0 (mod p)}
2 2
23
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
M = # Cpq
N = #Cqp
p q
= (−1)M +N
q p
p−1 q−1
e, assim mostraremos que M + N e · apresentam a mesma paridade.
2 2
q−1
Para cada x ∈ Cpq existe um e apenas um y ∈ Z de modo que − ≤ px−qy <
2
p
0 e, simultaneamente 0 < y < . Ao observar que p é ímpar, temos
2
1 1 1
Cpq = {(x, y) ∈ Z2 | 0 < x < q e 0 < y < p e − q < px − qy < 0}.
2 2 2
De forma análoga,
1 1 1
Cqp = {(x, y) ∈ Z2 | 0 < x < q e 0 < y < p e − p < qy − px < 0}.
2 2 2
Caso,
1 1
R = {(x, y) ∈ Z2 | 0 < x < q e 0 < y < p},
2 2
obtemos
p−1 q−1
#R = · e #R = (M + N )
2 2
representando o número de pares (x, y) ∈ R de forma que
1 1
− q < px − qy < 0 ou − p < qy − px < 0,
2 2
sendo estas condições denitivas na construção de dois conjuntos disjuntos equipo-
tentes pelo fato de
24
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
1
(x, y) 7→ (q + 1, p + 1) − (x0 , y 0 )
2
p−1 q−1
denir uma bijeção entre ambas e portanto valida a condição de M +N e ·
2 2
tem a mesma paridade.
(q − 1)
em que N = |S| e S = {(x, y) ∈ P × Q | 0 < qx − py ≤ − }.
2
Logo,
p q
= (−1)K
q p
(p − 1) (q − 1)
onde K = M + N = |T |, e T = {(x, y) ∈ P × Q | − ≤ qx − py ≤ − }
2 2
porque qx − py nunca assume o valor 0. Então, k = |G| − |E| − |F | onde G = P × Q
e
(p − 1)
E = {(x, y) ∈ G | qx − py < − };
2
(q − 1)
F = {(x, y) ∈ G | qx − py > − }.
2
p−1 q−1
Como |G| = · , mostremos que |E| = |F |. Mas Ω : G → G é denida
2 2
25
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
(p + 1) (q + 1)
por Ω (x, y) = − x, −y o que representa uma bijeção entre E e
2 2
F.
26
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
q
e assim A ≡ (−1) (mod p).
q−1
2
p
· n2 ) 6= ±1 (mod d).
q p
Ao combinarmos os Lemas 2.1 e 2.2 conclui−se que (−1) = (−1) 2
q−1 p−1
2
p q
se, e somente se, p ≡ q ≡ 1 (mod 4). O teorema agora segue pela consideração dos 4
casos: (p, q) ≡ (1, 1), (1, −1), (−1, 1), (−1, −1) (mod 4) ou através de fórmulas uma
vez que p ≡ q ≡ 1 (mod 4) se, e somente se, (−1) 2 2 = −1. Logo,
p+1 q+1
p q p−1 q−1 p+1 q+1
= −(−1) 2 (−1) 2 (−1) = (−1) 2 2 .
q p
Contudo,
p−1 q−1 pq − p − q + 1 pq + p + q + 1 p + q
= = −
2 2 4 4 2
p+1 q+1 p−1 q−1
= − + +1
2 2 2 2
p+1 q+1 p−1 q−1
= + + + 1 (mod 2)
2 2 2 2
27
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
o que resultará em
Solução: Como 991 é um número primo e que 402 = 2 · 3 · 67, teremos que
2
=1 (991 ≡ −1 (mod 8))
991
3 991
=− (991 ≡ −3 (mod 4))
991 3
1
=− (991 ≡ −1 (mod 3))
3
= − 1.
67 991
=− (991 ≡ 67 ≡ 3 (mod 4))
991 67
−14
=− (991 ≡ −14 (mod 67))
67
−1 2 7
=− (−14 = (−1)· 2 · 7)
67 67 67
67
= −(−1) ·(−1)· (− ) (67 ≡ 3 (mod 8) e 7 ≡ 3 (mod 4))
7
4
= (67 ≡ 4 (mod 7))
7
= 1.
402 2 3 67
Portanto, = = 1· (−1)· 1 = −1.
991 991 991 991
1 se p ≡ 1 (mod 4)
(
−1
= (Propriedade 3 do Teorema 1.5)
p −1 se p ≡ 3 (mod 4)
28
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
1 se p ≡ ± 1 (mod 8)
(
2
= (Teorema 1.6)
p −1 se p ≡ ± 3 (mod 8)
nos permite acrescentar mais alguns resultados parecidos para os seguntes Símbolos
de Legendre.
1 se p ≡ ± 1 (mod 12)
(
3
=
p −1 se p ≡ ± 5 (mod 12)
1 se p ≡ 1 (mod 4)
(
(−1)
p−1
2 =
−1 se p ≡ 2 (mod 4)
Assim,
1 se p ≡ 1 ou p ≡ 11 (mod 12)
(
3
=
p −1 se p ≡ 5 ou p ≡ 7 (mod 12)
5
Exemplo 2.4 Calcule , onde p é um número primo maior do que 5.
p
29
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
5 p p
.
p−1
= (−1)2 2 =
p 5 5
Teorema 2.3 Para todo primo p existem inteiros a, b e c, não todos nulos, tais
que se verica a seguinte congruência:
a2 + b2 + c2 ≡ 0 (mod p).
30
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
Solução:
31
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
2
3 3 3 3
= 2 = · = (−1)2 (−1) = −1;
539 7 .11 7 11
81 81 81 196 81
= = · ·
385 5.7.11 5 7 11
2 2
1 4 4 1 2 2
= · · = · · = 1.
5 7 11 5 7 11
a
Em [21], Santos ressalta que o símbolode Legendre nos informa sobre a
p
existência hde isoluções para a congruência x2 ≡ a (mod p), enquanto que o Símbolo
a
de Jacobi não fornece nenhuma informação a respeito da existência de soluções
n
para a congruência x2 ≡ a (mod n). Caso n seja primo o Símbolo de Jacobi será
idêntico ao Símbolo de Legendre. Agora, se p é um fator primo de n e se x2 ≡
a (mod n) possui solução concluímos que a congruência x ≡ a (mod p) também
2
a
terá solução, ou seja, = 1. Portanto,
p
hai ei
a
= 1.
Qk
= i=1
n pi
hai
Exemplo 2.6 Sendo a = 2 e n = 35 , mostre a existência de = 1 pode
n
ocorrer sem que a congruência x2 ≡ a (mod n) apresente solução.
Solução: Seja
2 2 2 2
= = · = (−1)(−1) = 1.
35 5.7 5 7
Teorema 2.4 Sejam a e n inteiros positivos ímpares e primos entre si. Pelas
propriedades do Símbolo de Legendre e pela denição de Jacobi, seguem as seguintes
propriedades:
32
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
hai
b
(1) Se a ≡ b (mod n), então = ;
n n
a2
(2) = 1;
n
hai b ab
(3) = ;
n n n
h a ihai h a i
(4) = ;
m n mn
−1
(5) = (−1) 2 ;
n−1
n
2 p2 −1
(6) = (−1) 8 ;
n
h n i hmi
(7) . (Lei de Reciprocidade Quadrática)
n−1 m−1
= (−1) 2 2
m n
Demostração: As propriedades (1) a (3) são consequências imediatas da de-
nição do Símbolo de Jacobi e do fato destas propriedades se aplicarem ao Símbolo
de Legendre. Já a propriedade (4) segue da denição do Símbolo de Jacobi em que
se m = p1 , · · · , pj e n = q1 , · · · , qk representam as decomposições em fatores primos
de m e n permitindo que os primos pi e qj possam aparecer repetidos. Portanto,
h a ihai h
a a a a a a i
= ··· ··· = = .
m n p1 pj q1 qk p1 · · · pj q1 · · · qk mn
33
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
(x − 1)(y − 1) xy − x − y + 1 xy − 1 − x + 1 − y + 1
0≡ ≡ ≡ (mod 2)
2 2 2
x−1 y−1 xy − 1
provando dessa maneira + ≡ (mod 2).
2 2 2
Em contrapartida, (x − 1) e (x + 1) são pares e consequentemente x2 −1 =
(x−1)(x+1) possui pelo menos dois fatores 2 e, por analogia, para y 2 −1 podemos ad-
(x2 − 1)(y 2 − 1)
mitir que (x2 −1)(y 2 −1) tem pelo menos 4 fatores 2 o resultará em
8
ser par e
(x2 − 1)(y 2 − 1) x2 y 2 − x2 − y 2 + 1 x2 y 2 − 1 − x2 + 1 − y 2 + 1
0≡ ≡ ≡ (mod 2)
8 8 8
x2 − 1 y 2 − 1 x2 y 2 − 1
provando dessa maneira que + ≡ (mod 2).
8 8 8
Vamos supor que m = p1 , · · · , pj e n = q1 , · · · , qk são decomposições em fatores
primos de m e n em que os primos pj e qk podem aparecer repetidos. Então,
−1 −1 −1 −1 qh −1
= (−1) h=1 2 = (−1) 2 .
Pj n−1
= = ···
n n q1 qj
Qj
Pela congruência (2.7) obtemos ( h=1 qh )−1
(mod 2).
Pj qh −1
h=1 2 = 2
2
De forma similar, é possível demonstrar, pela congruência (2.8), que =
n
p2 −1
(−1) sendo possível constatar que, para
8 h xo, a congruência (2.7) resultará em
Pk qi −1 ph −1 (Qki=1 qi )−1
(mod 2). Então, pelas propriedades
Pk ph −1 qi −1
i=1 2 2
≡ ph2−1
i=1 2 ≡ 2 2
3 e 4 podemos escrever
h a i h n i Q
qi
ph
qi ph
j Qk Qj Qk Qj Qk
= h=1 i=1 h=1 i=1 = h=1 i=1
n a ph qi ph qi
Qj Qk ph −1 qi −1 Pj Pk ph −1 qi −1
= h=1 i=1 (−1)
2 2 = (−1) h=1 i=1 2 2
34
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
ph −1 n−1
= (−1)
Pj m−1 n−1
h=1 2 2 = (−1) 2 2 .
13
181 991 991
= (−1)
181−1 991−1
2 2 =
991 181
181
86 2 43
= =
181 181 181
1812 −1 43 43
= (−1) 8 =−
81 81
181 181
= − (−1) 2 2
43−1 181−1
=−
43 43
2
9 3
=− =− = −1.
43 43
35
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
2
Demostração: Sendo = −1, Teorema 2.7, podemos escrever, pelo Critério
p
de Euler, que 2 2 ≡ − 1 (mod p). Assim, a congruência s4 = a 2 a2 ≡
(p−1) (p−1)
5 = 625 ≡ 16 (mod 29). Mas também 162 = 256 ≡ 24 ≡ −5 (mod 29) que ao
4
Uma aplicação bastante útil é o cálculo de raízes quadradas onde, através da tecla
de raiz quadrada, a maioria das calculadoras manuais a informam de maneira ins-
√
tantânea como, por exemplo, podemos observar que 29 ≈ 5,38516480. No entanto,
36
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
√
o resultado de 29 em Z71 é impossível de se obter na maiorias das calculadoras e
assim quando expressamos que 7 é raiz quadrada de 49 queremos armar que 7 é
raiz da equação x2 − 49 = 0 sendo que 49 tem duas raízes quadradas diferentes: +7
e −7.
A raiz positiva apresenta um tratamento preferencial, pois quando pesquisamos
as raízes quadradas de 29 mentalizamos que x ∈ Z71 e o resultado apresentado
pela calculadora não nos ajuda em nada. Podemos, então, utilizar a Lei de Re-
ciprocidade Quadrática para solucionar esse problema uma vez que existe apenas
71 elementos distintos em Z71 e por meio do Teorema 2.5 podemos enm decla-
rar as raízes quadradas de 29 em Z71 , ou seja,obter as soluções dacongruência
29 71 71
x2 ≡ 29 (mod 71). De modo inicial, temos
29−1 71−1
= (−1) 2 2 = =
71
29
29
13 13−1 29−1 29 29 3 3−1 13−1 13 13
= (−1) 2 2 = = = (−1) 2 2 = =1
29 13 13 13 3 3
e como 71 ≡ 3 (mod 4) obtemos como solução particular x0 = 29 4 = 2918 ≡
(71+1)
10 (mod 71). Logo, as soluções são dadas por x0 = 10 (mod 71) e −x0 = −10 ≡
61 (mod 71).
Essa aplicação é válida para Zp em que p é primo, mas também podemos obter a
√
raiz quadrada para um certo n de forma que n = pq . Então, para encontrar 500 em
Z589 é preciso visualizar que n = 589 = 19 · 31 onde podemos escrever as seguintes
congruências x2 ≡ 500 (mod 19), ou seja, x2 ≡ 6 (mod 19) e x2 ≡ 500 (mod 31),
isto é, x2 ≡ 4 (mod 31). O fato de termos, pelo
teorema
1.11, 19 ≡ 3 (mod 4) e
6 4
31 ≡ 3 (mod 4) nos permite concluir que =1e = 1. Portanto,
19 31
Com essa redução, caso x seja uma raiz quadrada de 500 em Z589 também
será uma raiz quadrada de 500 em Z19 e em Z31 de maneira que x satisfaça x ≡
5, 14 (mod 19) e x ≡ 2, 29 (mod 31) o que resulta nos quatro problemas a resolver:
37
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
Para solucionar esses quatro problemas será preciso fazer uso do Teorema do
Resto Chinês, (Anexo B). Com isso, é posível vericar de imediado a presença de
quatro raízes quadradas de 500 em Z589 , ou seja, ao resolver cada sistema de con-
gruência por esse teorema obtemos as quatro raízes quadradas de 500, em Z589 ,
como sendo 157,556,33 e 432, nessa ordem. Agora, de forma semelhante, vamos
√
determinar todos os valores de 17985 em Z34751 em que n = 34751 = 19· 31· 59.
Isto implicará nas seguintes congruências:
x2 ≡ 17895 (mod 19) ⇒ x2 ≡ 11 (mod 19);
x2 ≡ 17895 (mod 31) ⇒ x2 ≡ 5 (mod 31);
x2 ≡ 17895 (mod 59) ⇒ x2 ≡ 49 (mod 59).
o que equivale dizer que como x é uma raiz quadrada de 17985 em Z34751 também será
uma raiz quadrada de 17985 em Z19 , em Z31 e em Z59 . Nesse caso, x coresponderá
a x ≡ 7, 12 (mod 19), x ≡ 25, 6 (mod 31), e x ≡ 7, 52 (mod 59) decorrendo em oito
problemas a resolver:
x ≡ 12 (mod 19) x ≡ 12 (mod 19)
x ≡ 25 (mod 31) (i) x ≡ 6 (mod 31) (ii)
x ≡ 7 (mod 59) x ≡ 52 (mod 59)
38
Lei de Reciprocidade Quadrática Capítulo 2
Então, para resolvermos esses oito problemas também será preciso fazer uso
do Teorema do Resto Chinês, (Anexo B). Observa−se de imediado a existência
de oito raízes quadradas de 17985 em Z34751 , isto é, solucionando cada sistema
de congruência por esse teorema é possível especicar as oito raízes quadradas de
17985,em Z34751 como sendo 19772, 16808, 28018, 8562, 17943, 6733, 26189 e 14979,
respectivamente. No entanto, é possível obter, de forma semelhante, raízes cúbicas
e biquadradas módulo n.
Dessa maneira, para determinarmos a raiz quadrada módulo n devemos usar a
fatoração, o cálculo da raiz quadrada em Zp e o Teorema do Resto Chinês, (Anexo B).
Já em uma visão computacional a fatoração é a etapa mais complicada enquanto que
as outras fases são desenvolvidas de forma eciente pelo computador. Portanto, o
processo de obtenção das raízes quadradas de números em Zn torna−se viável quando
n é um inteiro da forma n = pq com p e q primos de modo que p ≡ q ≡ 3 (mod 4).
Mas, se p e q forem primos com 100 algarismos a etapa da fatoração torna o processo
totalmente impraticável.
39
Capítulo 3
Aplicações em Sala de Aula
40
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
do Ensino Médio para que possa realizar um ensino de Matemática mais dinâmico
e que os educandos participem ativamente de sua aprendizagem.
Atividade
(i) Encontre os restos da divisão de 102 por 7, 892 por 11 e 1252 por 19.
(ii) Agora, se escrevermos 102 ≡ 2 (mod 7), 892 ≡ 1 (mod 11) e 1252 ≡
7 (mod 19). Qual seria a semelhança com o item anterior?
(iii) Podemos obter o conjunto dos possíveis restos de cada divisão do item (i)?
(iv) Mas, se agora escrevermos x2 ≡ a (mod m). Qual será a compreensão?
(v) Qual regularidade podemos observar do item (v)?
(vi) Agora, podemos explicar o porquê de 42 ≡ 3 (mod 13) e 92 ≡ 3 (mod 13)
apresentar como resultado o mesmo resíduo quadrático, ou seja, o valor de 3 como
resposta?
(vii) Já com todos esses conhecimentos abordados, pode−se vericar os casos
em que há solução para a congruência x2 ≡ a (mod 7)?
Objetivo Geral
∗ Desenvolver a linguagem de congruência e a noção de resíduos quadráticos,
no Ensino Médio, como forma de contribuir para a expansão dos conhecimentos
matemáticos dos educandos.
Objetivos Especícos
∗ Obter o resto de uma divisão, envolvendo potências quadradas, em que iden-
ticaremos o conjunto dos possíveis restos;
∗ Associar que a congruência x2 ≡ a (mod n) descreve uma nova possibilidade
de escrita em que a é o resto da divisão de x2 por n;
∗ Conceituar a congruência x2 ≡ a (mod n);
∗ Detectar as regularidades no sistema reduzido de resíduos quadrados;
∗ Vericar se a congruência x2 ≡ a (mod n) possui ou não solução, ou seja, se é
ou não resíduo quadrático.
Público−Alvo e Materiais
Esta atividade possui como público alvo os discentes do Ensino Médio onde
41
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
Com a divisão exata, o resultado é evidente. Mas, caso a divisão não seja exata,
deveremos reetir nas possibilidades de valores (inteiros) para o resto. Então, se
dividirmos qualquer número (inteiro) por 2 tem−se os seguintes restos: zero (divisão
exata) ou 1. Isto, porque se o resto (r) for um número maior ou igual a 2 (r ≥ 2)
podemos continuar com a divisão. Assim, o conjunto dos possíveis restos da divisão
por 2 será r(2) = 0, 1.
Já quando dividirmos qualquer número (inteiro) por 3 poderemos ter os seguintes
42
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
restos: zero (a divisão é exata), 1 ou 2. Por essa mesma razão, se o resto for maior ou
igual a 3 (r > 3) podemos continuar com a divisão. Então, o conjunto dos possíveis
restos da divisão por 3 será: r(3) = 0, 1, 2.
E a partir destes resultados podemos conjecturar n como um inteiro não−nulo,
em que o conjunto dos possíveis restos de uma divisão por n será: r(n) = {0, 1, 2, 3,
. . . , n − 1}. Dessa maneira, o aluno conseguirá perceber que a divisão por 7 possui
como restos possíveis o conjunto r(7) = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}, a divisão por 11 terá
r(11) = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} e por 19 o conjunto r(19) = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, . . . ,
16, 17, 18}.
(iv) Os estudantes já poderão ter a consciência que se trata de um valor x2 , com
x ∈ Z, que ao ser dividido por m obteremos o resto a. No entanto, a será a classe
residual de m, ou seja, r(a) = {0, 1, 2, 3, 4, . . . , n − 1}.
(v) O aluno já sabe que r(13) = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12} e portanto
terá elevar ao quadrado cada resto e, em seguida efetuar a divisão por 13. Logo,
43
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
13 ≡ 1 (mod 7) 43 ≡ 1 (mod 7)
23 ≡ 1 (mod 7) 53 ≡ −1 (mod 7)
33 ≡ −1 (mod 7) 63 ≡ −1 (mod 7)
44
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
45
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
Objetivo Geral
∗ Compreender a Criptograa, particularmente o Método de Rabin, como uma
estratégia capaz de transformar uma mensagem de sua forma original para outra
ilegível.
Objetivos Especícos
∗ Constatar que, na Criptograa, apenas o destinatário conhece a informação
enviada, mantendo a sua segurança;
∗ Criptografar uma mensagem pelo Método de Rabin;
∗ Vericar que quem calcula o valor a é o remetente e envia para o destinatário,
enquanto que o invasor também consegue ver a;
∗ Denir Sistema Binário e Sistema Decimal;
∗ Transformar um valor numérico em base binária para base decimal e vice−versa;
∗ Representar a congruência x2 ≡ a (mod n) como um x ∈ Z em que a será o
resto da divisão de x2 por n.
46
Aplicações em Sala de Aula Capítulo 3
Público−Alvo e Materiais
Esta atividade contempla os números primos, as operações com números inteiros:
adição, multiplicação, divisão e potenciação, sistema base 2 e decimal. Também foi
desenvolvida para educando do Ensino Médio, envolvendo materiais como papel,
lápis, borracha, calculadora e computador.
Comentários
É possível que o alunado tenha alguma diculdade de identicar um número
primo e de operar com os números inteiros o que vai exigir do professor aperfeiçoar
estes conhecimentos matemáticos para, em seguida investir no sistema binário e
no decimal. Dessa maneira, deverá perceber, pela tabela 3.1, que M corresponde
ao m = 22. Ele ao escrever 22 na representação binário obterá 0· 20 + 1· 21 +
1· 22 + 0· 23 + 1· 24 , ou seja, (10110)2 . Como m = (10110)2 , deveremos repetir os
quatro últimos dígitos o que resultará em m = (101100110)2 e, consequentemente
m? será equivalente a 358 na forma decimal, ou seja, m = (358)10 pois 358 =
28 + 26 + 25 + 22 + 21 . Portanto, Amanda ao elevar ao quadrado m e dividir 128164
por n = 7697 descobre como resto 5012, isto é, a = 5012, que corresponde ao valor
enviado a Bernardo em que é conveniente ressaltar que Cássio, o invasor, conhece n
e a. O mesmo não podemos dizer dos primos p e q que são do conhecimento apenas
de Bernardo. De maneira análoga poderemos obter todas as letras do vocábulo em
questão.
47
Apêndice A
Coletânea: Provas da Lei de
Reciprocidade Quadrática
48
Apêndice A Apêndice
49
Apêndice A Apêndice
50
Apêndice A Apêndice
51
Apêndice A Apêndice
52
Apêndice A Apêndice
53
Apêndice A Apêndice
54
Apêndice A Apêndice
55
Apêndice B
Pequeno Teorema de Fermat,
Teorema de Wilson e Teorema do
Resto Chinês
56
Apêndice B Apêndice
1)a. Sabendo que, pelo fato de que p não divide a, (a, p) = 1 e, portanto nenhum
dos números deste conjunto é divisível por p. Além disso, dois quaisquer deles são
incongruentes módulo p, pois se fosse
ra ≡ sa (mod p), 1 ≤ r < s ≤ p − 1
ou seja,
Mas, como p é primo e p não divide (p − 1)!, ou seja, ((p − 1)!, p) = 1, podemos
cancelar o fator comum (p-1)!, o que resulta na congruência de Fermat:
57
Apêndice B Apêndice
Solução: O inteiro 17 é primo e 17 não divide 3. Então, 317−1 = 316 em que não
é necessário calcular o número muito grande 316 , pois teremos
33 = 27 ≡ 10 (mod 17)
o que resultará em
Então,
O leitor pode encontrar em [22] outras provas distintas para o Pequeno Teorema
de Fermat.
(2 − 1)! = 1! = 1 ≡ −1 (mod 2)
(3 − 1)! = 2! = 2 ≡ −1 (mod 3).
58
Apêndice B Apêndice
Solução:
59
Apêndice B Apêndice
a1 x ≡ c1 (mod m1 )
a2 x ≡ c2 (mod m2 )
a3 x ≡ c3 (mod m3 )
..
.
ar x ≡ cr (mod mr )
Exemplo: Três satélites passarão sobre o Rio de Janeiro esta noite. O primeiro
à 1 hora da madrugada, o segundo às 4 horas e o terceiro às 8 horas da manhã.
60
Apêndice B Apêndice
Cada satélite tem um período diferente. O primeiro leva 13 horas para completar
uma volta em torno da Terra, o segundo 15 horas e o terceiro 19 horas. Determine
quantas horas decorrerão, a partir da meia−noite, até que os três satélites passem
ao mesmo tempo sobre o Rio.
Para saber qual o horário exato de passagem dos três satélites, devemos encontrar
o valor de x que satisfaça as três equações simultaneamente. Isto é, precisamos
resolver o sistema
x ≡ 1 (mod 13)
x ≡ 4 (mod 15)
x ≡ 8 (mod 19)
Os módulos 13,15 e 19 das congruências do sistema dado são primos entre si dois a
dois, de maneira que o sistema tem uma única solução módulo m = 13· 15· 19 = 3705.
Então,
m m m
M1 = = 285, M2 = = 247 , M3 = = 195.
13 115 19
As congruências lineares
285x ≡ 1 (mod 13) ⇒ 12x ≡ 1 (mod 13)
247x ≡ 1 (mod 15) ⇒ 7x ≡ 1 (mod 15)
195x ≡ 1 (mod 19) ⇒ 5x ≡ 1 (mod 19)
Como 22504 ≡ 274 (mod 3705), segue−se que X ≡ 274 (mod 3705) é a única
solução do sistema de congruências lineares dado.
61
Referências Bibliográcas
[5] FILHO, Edgar de Alencar. Teoria Elementar dos Números. 3. ed. São Paulo:
Nobel, 1992.
[8] KIM, S.Y. An Elementary Proof of the Quadratic Reciprocity Law Amer. Math.
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