Proteção de Depositos Inflamaveis Por SPK

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Proteção de depósitos

de líquidos inflamáveis
e combustíveis com
sistema de sprinklers
5º PRÊMIO INSTITUTO SPRINKLER BRASIL
VENCEDOR

Proteção de depósitos
de líquidos inflamáveis
e combustíveis com
sistema de sprinklers

Samuel de Andrade
Copyright © 2018 by Instituto Sprinkler Brasil

Diagramação e Capa
Rosalis Designer

Revisor Ortográfico
Carolina Machado (Revisão pra quê?)
Apresentação

Desde sua criação, o Instituto Sprinkler Brasil entende que o


trabalho de disseminar a tecnologia de sprinklers no país passa
obrigatoriamente pela educação. O prêmio Instituto Sprinkler
Brasil, que agora chega a sua 5ª. edição, foi instituído com o pro-
pósito de incentivar a pesquisa e premiar a produção de textos
técnicos de qualidade, permitindo que pela primeira vez tenhamos
uma biblioteca básica sobre o uso de sprinklers que possa ser uti-
lizada para a educação de nossos profissionais. Assim como acon-
tece com os trabalhos vencedores de edições anteriores do Prêmio,
este será colocado à disposição do público sem custo.
O trabalho vencedor deste ano, escrito por Samuel de Andrade,
oficial do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, trata da
proteção de áreas de armazenamento de líquidos inflamáveis uti-
lizando sistemas de sprinklers. A pesquisa de Samuel de Andrade
busca esclarecer pontos fundamentais sobre a proteção de depó-
sitos de líquidos inflamáveis contidos na Norma brasileira ABNT
NBR 17505, Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combus-
tíveis, ao mesmo tempo que traz uma introdução sobre aspectos
básicos da tecnologia de sprinklers para aqueles que estão se ini-
ciando no tema.
Esperamos que a presente obra seja mais uma contribuição do
Instituto Sprinkler Brasil para aprimorar a formação de nossos
profissionais, tornando cada vez mais técnica a área de proteção
contra incêndios no país.

Marcelo Olivieri de Lima


Diretor Geral do Instituto Sprinkler Brasil
Agradecimentos

O sucesso de qualquer trabalho não pode ser atribuído a um


único fator, mas a uma sequência de passos que levaram ao fim
desejado. Por conseguinte, gostaria de agradecer a muitas pes-
soas que contribuíram para que eu pudesse obter êxito na elabo-
ração deste.
Primeiramente e acima de todos, gostaria de agradecer a Deus
pelos muitos dons que me deu. Agradeço à minha família, que ao
longo dos anos me ensinou o caminho dos estudos e do trabalho e
me deu uma base ética e moral.
Agradeço aos meus mestres dos bancos escolares, que me
deram o conhecimento teórico necessário para o entendimento da
engenharia de segurança contra incêndio. Agradeço, também, aos
colegas do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São
Paulo, instituição da qual orgulhosamente faço parte, pelos conhe-
cimentos transmitidos, pela orientação e pelas oportunidades de
aprendizado.
Agradeço, por fim, à minha esposa pelo apoio incondicional
a todos os meus projetos de vida, pelo carinho e paciência, bem
como pelos momentos de convivência cedidos para elaboração
deste trabalho.
“A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma
vez possuído.” (CONFÚCIO)
Resumo

Este trabalho inicia-se com um descritivo básico das proprieda-


des químicas e físicas dos líquidos inflamáveis que influenciam na
propagação do incêndio e no dimensionamento dos sistemas que
devem fazer a proteção contra incêndio. Características como densi-
dade, polaridade, viscosidade, pontos de fulgor e outras serão deta-
lhadas para que o leitor tenha uma base para o entendimento das
etapas seguintes. Posteriormente, o trabalho dedica-se a esclarecer
as diversas possibilidades normativas de classificação dos líquidos
inflamáveis, bem como a detalhar a evolução histórica dessas nor-
mas até o momento presente, voltando-se para a legislação nacional
atual. No capítulo 8, o trabalho descreve as diversas possibilidades
de armazenamento previstas na legislação, esmiuçando as caracte-
rísticas das embalagens permitidas e dos arranjos possíveis, des-
tacando em especial os aspectos que interferem no funcionamento
do sistema de chuveiros automáticos nesses locais. Munido dessa
base de conhecimento, o leitor encontrará no capítulo 9 um resumo
dos conceitos básicos e componentes do sistema envolvidos em um
sistema de chuveiros automáticos (sprinklers) com água, de modo
a capacitá-lo a entender os critérios de dimensionamento que são
detalhados no capítulo 10, o qual, por sua vez, descreve os proces-
sos matemáticos envolvidos no cálculo de um sistema de chuveiros
automáticos do tipo água-espuma. Por fim, no capítulo 11, o traba-
lho abordará as peculiaridades de um sistema de chuveiros auto-
máticos do tipo água-espuma para armazenamento fracionado de
líquidos inflamáveis e combustíveis, elencando os pontos em que
esse tipo de sistema diverge de um sistema convencional com água.
Palavras-chave: Chuveiros automáticos. Cálculo. Espuma. Armazena-
mento. Fracionado.
Abstract

This work begins with a basic description of the chemical and


physical properties of the flammable liquids, that will influence
the propagation of the fire, and consequently in the design of the
systems that must make the protection against fire. Characteristics
such as density, polarity, viscosity, flash points and others will be
detailed so that the base has a basis for understanding the following
steps. Subsequently, the work is dedicated to clarifying the various
normative possibilities of classification for flammable liquids, as
well as to detail the historical evolution of these standards until
the present moment, turning to the current national legislation. In
chapter 8, the work describes the various storage possibilities foreseen
in the legislation, scrutinizing the characteristics of the permitted
packages, and the possible arrangements, highlighting, in particular,
the aspects that interfere in the functioning of the automatic shower
system in these places. With this knowledge base, the reader will find
in chapter 9, a summary of the basic concepts and system components
involved in a standard sprinkler system. In order to enable them, to
understand the sizing criteria detailed in chapter 10, which describes
the mathematical processes involved in calculating a system of
sprinkler system for flammable liquids. Finally, in chapter 9, the
work will address the peculiarities of a sprinkler system for this type
of foam water for fractional storage of flammable and combustible
liquids, listing the points in which this type of system diverges from
a conventional system.

Keywords: Sprinklers. Calculation. Foam. Storage. Fractionated.


Sumário

1 _ INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2 _ OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3 _ ENTENDENDO OS LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Características de um incêndio Classe B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Ponto de fulgor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Ponto de ebulição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 Ponto de ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.5 Polaridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.7 Densidade do líquido e dos vapores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.8 Classificação dos líquidos inflamáveis e combustíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4 _ BREVE HISTÓRICO DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO PARA


LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS FRACIONADOS NO BRASIL. . . . . . . . . . . . 47
5 _ LEGISLAÇÃO ATUALMENTE APLICÁVEL À PROTEÇÃO CONTRA
INCÊNDIO PARA LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS FRACIONADOS . . . . . . . 53
6 _ REQUISITOS ESPECÍFICOS DE ACONDICIONAMENTO DOS
LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6.1 Recipientes aceitáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6.2 Arranjos aceitáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.2.1 Páletes vazios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.2.2 Armazenamento em pilhas sólidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.2.3 Armazenamento em paletizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.2.4 Armazenamento em estantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
6.2.5 Armazenamento em estrutura porta-pálete. . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.2.6 Diferenças entre área controlável, sala de armazenamento,
armazém de uso geral e um armazém de líquidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.2.7 Áreas comerciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.2.8 Propagação do fogo em uma estrutura porta-pálete . . . . . . . . . . . 89
6.2.9 Mercadoria encapsulada e cartonada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.2.10 Classificação dos plásticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.4 Linhas de mangueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.5 Contenção e drenagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
7 _ COMPONENTES E REQUISITOS DE UM SISTEMA DE CHUVEIROS
AUTOMÁTICOS PARA LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.1 Chuveiros automáticos (sprinkler). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.1.1 Fator K (coeficiente de escoamento). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7.1.2 Tipo e velocidade de acionamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7.1.3 Tipos de chuveiros automáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.1.4 Temperatura de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
7.1.5 Posição de instalação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
7.1.6 Identificação do sprinkler. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
7.1.7 Área máxima de cobertura do bico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
7.1.8 Chuveiros sobressalentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
7.1.9 Proteção contra impactos para sprinklers. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
7.2 Válvulas de governo e alarme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
7.3 Reservatório de incêndio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
7.4 Bombas de incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
7.6 Alturas de teto e de armazenagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
7.7 Chuveiros intraprateleiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
8 _ DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE CHUVEIROS
AUTOMÁTICOS COM ÁGUA PARA LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS. . . . . 133
8.1 Limitações normativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
8.2 Quando proteger. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
8.3 Distância entre ramais e entre chuveiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
8.3.1 Área máxima de cobertura de um chuveiro automático . . . . . . . . 138
8.4 Métodos de cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
8.4.1 Método da densidade área (CMDA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8.4.1.1 Área de operação do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
8.4.2 Método dos chuveiros de aplicação específica (CMSA) . . . . . . . 149
8.4.3 Método ESFR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
8.4.4 Chuveiros intraprateleiras (in-rack) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
8.5 Roteiro de dimensionamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
8.5.1 Classificação do(s) líquido(s) que será(ão)
armazenado(s) no local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
8.5.2 Seleção do arranjo de armazenamento dos líquidos . . . . . . . . . . 154
8.5.3 Consulta aos fluxogramas das figuras A.2 a A.4
da NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
8.5.4 Consulta ao item 24.3.2 e subitens da NBR 17505, parte 4. . . . 162
8.5.5 Consulta às tabelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
8.5.6 Definição dos limites de altura de armazenamento
e de altura de telhado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
8.5.7 Verificação da metodologia de cálculo determinada pela tabela.164
8.5.8 Verificar a necessidade de chuveiros intraprateleiras . . . . . . . . 164
8.5.9 Determinação do leiaute dos chuveiros intraprateleiras . . . . . . 164
8.5.10 Consulta aos esquemas de projeto, se necessário. . . . . . . . . . . 165
8.5.11 Definição do tipo de sistema a ser adotado . . . . . . . . . . . . . . . 165
8.5.12 Definição dos parâmetros de cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
8.5.13 Desenho da rede. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
8.5.14 Definição da necessidade de contenção para o sistema . . . . . . . 166
8.5.15 Desenho das contenções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
8.5.16 Cálculo hidráulico do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
9 _ COMPONENTES E REQUISITOS ESPECÍFICOS DE UM SISTEMA
DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS ÁGUA-ESPUMA. . . . . . . . . . . . . . . . 167
9.1 Tipos de sistemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
9.2 Espuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
9.3 Líquidos geradores de espuma (LGE) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
9.4 Tanques de armazenamento de LGE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
9.5 Dosadores de LGE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
9.6 Filtro de LGE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
9.7 Tipos de chuveiros automáticos para sistemas água-espuma . . . . . . . . . . . . 184
9.8 Recalque. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
9.9 Critérios de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
9.9.1 Densidade de aplicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
9.9.2 Líquido gerador de espuma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
9.9.3 Linhas de mangueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
9.9.4 Duração da descarga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
9.9.5 Área de aplicação do sistema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
9.9.6 Acionamento dos sistemas de dilúvio e pré-ação
de espuma e água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
9.9.7 Cálculos hidráulicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Lista de Figuras

Figura 1. Polaridade da molécula de água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


Figura 2. Gráfico de viscosidade dos líquidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 3. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.2 da NBR 17505, parte 4 �� 41
Figura 4. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.3 da NBR 17505, parte 4 �� 42
Figura 5. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505, parte 4 �� 43
Figura 6. Inconsistência do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505, parte 4. . . . 44
Figura 7. Trecho adaptado do fluxograma da figura 16.4.1(c) da NFPA 30. . . . . . 44
Figura 8. Símbolo das Nações Unidas para embalagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 9. Armazenamento de tambores em pilha sólida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 10. Armazenamento de tambores paletizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 11. Exemplo de estante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 12. Exemplo de estante back-to-back. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 13. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes
de fila única e duplas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 14. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete
de filas múltiplas drive-in rack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 15. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete múltipla móvel ���� 78
Figura 16. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete
de filas múltiplas automatizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 17. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes
cantilever simples e duplas móveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 18. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes
cantilever simples e duplas fixas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 19. Exemplo de estrutura porta-páletes portátil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Figura 20. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes
com prateleiras sólidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Figura 21. Exemplo de armazenamento de mercadorias encapsuladas . . . . . . . . . 92
Figura 22. Vista em planta do controle de líquidos em armazéns. . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 23. Arranjo típico de drenos de piso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 24. Inconsistência no fluxograma da figura A.5 da NBR 17505, parte 4. . 100
Figura 25. Trecho do fluxograma da figura 16.8.1 da NFPA 30. . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 26. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático padrão
pendente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 27. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático
estilo antigo pendente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 28. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático
padrão up right . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 29. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático
estilo antigo up right. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 30. Exemplo de aspersor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 31. Diâmetro das bolhas de ar no interior dos bulbos
termossensíveis conforme faixa de temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Figura 32. Diferença entre defletor up right e pendente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Figura 33. Exemplo de identificação de um chuveiro automático. . . . . . . . . . . . . 115
Figura 34. Armário com chuveiros sobressalentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Figura 35. Rede de chuveiros automáticos aberta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Figura 36. Rede de chuveiros automáticos em anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Figura 37. Rede de chuveiros automáticos tipo fechada em grelha . . . . . . . . . . . 125
Figura 38. Representação esquemática de uma estrutura porta-pálete
de filas duplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Figura 39. Exemplo de leiaute de chuveiros automáticos para uma
estrutura porta-páletes de fileira dupla. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Figura 40. Representação didática da figura A.7 da NBR 17505, parte 4. . . . . . . 129
Figura 41. Vista tridimensional do exemplo da Figura 39. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Figura 42. Exemplo de dimensionamento incorreto de área de operação
pelo método da densidade área em rede de distribuição aberta . . . . . . . . . . . . . . 145
Figura 43. Exemplo de dimensionamento correto de área de operação
pelo método da densidade área em rede de distribuição aberta . . . . . . . . . . . . . . 146
Figura 44. Exemplo de dimensionamento de área de operação pelo
método da densidade área em rede de distribuição aberta com chuveiros
e ramais espaçados irregularmente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Figura 45. Exemplo de verificação de área mais desfavorável para rede
de distribuição em grid . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Figura 46. Divergências do fluxograma da figura A.2 da NBR 17505, parte 4,
em relação à figura 16.4.1(a) da NFPA 30 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
Figura 47. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(a) da NFPA 30
em relação à figura A.2 da NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Figura 48. Divergências do fluxograma da figura A.3 da NBR 17505,
parte 4, em relação à figura 16.4.1(b) da NFPA 30. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Figura 49. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(b) da NFPA 30
em relação à figura A.3 da NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Figura 50. Divergências do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505,
parte 4, em relação à figura 16.4.1(c) da NFPA 30. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
Figura 51. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(c) da NFPA 30
em relação à figura A.4 da NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Figura 52. Exemplo de esquema de dosagem de LGE com bomba
de concentrado com pressão controlada por válvula balanceadora. . . . . . . . . . . . 176
Figura 53. Exemplo de esquema de dosagem de LGE com tanque
diafragma com controle de descarga por placa de orifício. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
Figura 54. Exemplo de esquema completo de sistema de dilúvio
com dosagem de espuma por tanque com bexiga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
Figura 55. Exemplo de sistema de dosagem de LGE com bomba
de concentrado e válvula de balanceamento na linha de retorno. . . . . . . . . . . . . 179
Figura 56. Exemplo de sistema de dosagem de LGE por meio de
sistema de bombeamento com controle de descarga por placa de orifício . . . . . . 180
Figura 57. Exemplo de sistema de injeção de espuma com motor
hidráulico que varia a quantidade de LGE conforme vazão de água. . . . . . . . . . . 181
Figura 58. Exemplo de esquema de dosadores tipo around-the-pump. . . . . . . . . 182
Figura 59. Exemplo de edutor em linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
Figura 60. Exemplo de chuveiro automático água-espuma aspirado . . . . . . . . . . 184
Figura 61. Exemplo de pulverizador água-espuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Lista de Tabelas

Tabela 1. Classificação dos líquidos inflamáveis e combustíveis . . . . . . . . . . . . . . . 39


Tabela 2. Resumo das classificações de líquidos inflamáveis
e combustíveis previstas na NFPA 13 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Tabela 3. Capacidade máxima de armazenamento conforme ITCB 27/2004. . . . . 50
Tabela 4. Capacidade máxima de armazenamento conforme
errata da ITCB 27/2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Tabela 5. Comparativo entre as legislações de proteção contra incêndio
dos estados da Federação quanto a chuveiros automáticos para áreas
de armazenamento de líquidos inflamáveis fracionados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Tabela 6. Quantidades máximas para armazéns de líquidos sem
sistema de proteção automática pela NBR 17505, parte 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Tabela 7. Limites de armazenamento com as proteções previstas
na tabela 6M-2 do Decreto Estadual 56.819/2011 do estado de São Paulo. . . . . . . 61
Tabela 8. Capacidades máximas permitidas por recipientes, recipientes
intermediários para granel (IBC) e tanques portáteis, conforme ITCB 25/2011 �� 64
Tabela 9. Capacidades máximas permitidas para recipientes,
recipientes intermediários para granel (IBC) e tanques portáteis,
conforme NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 10. Quantidade máxima permitida de líquidos inflamáveis
e combustíveis por área controlável de armazenamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Tabela 11. Resumo dos limites de armazenamento do item 20.4
da NBR 17505, parte 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Tabela 12. Relação de fatores K da NBR 17505, parte 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Tabela 13. Exemplo de exigência de temperatura pela NBR 17505, parte 4 . . . . 111
Tabela 14. Exemplo de exigência de faixa de temperatura
pela NBR 17505, parte 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Tabela 15. Área máxima de cobertura e afastamento entre chuveiros
automáticos para locais com armazenamento de líquidos
inflamáveis e combustíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Tabela 16. Variação da vazão (Q) em função da pressão (P)
para os fatores K mais comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Tabela 17. Exemplo de exigência por área densidade da NBR 17505, parte 4. . . 142
1 _ Introdução

As tecnologias de construção e de estocagem estão constante-


mente se adaptando e evoluindo; os sistemas de proteção contra
incêndio vêm acompanhando essa mudança ao longo dos anos.
Até alguns anos atrás seriam inimagináveis galpões com estru-
turas porta-páletes de páletes com 20 metros de altura, mas este
tipo de depósito já é uma realidade, pois as necessidades econômi-
cas impõem tais avanços. Assim, as normas de referência para chu-
veiros automáticos vêm se alterando para buscar meios de proteger
os novos arranjos de armazenamento e as novas mercadorias.
Os líquidos inflamáveis, por sua peculiaridade, estão pre-
sentes cada vez mais nos diversos armazéns, quer na sua forma
líquida básica, quer na forma de aerossol, exigindo que as prote-
ções sejam direcionadas para tais riscos especiais, dado que as
proteções adotadas para os materiais convencionais como tecidos,
algodão, madeiras e outros não se aplicam adequadamente aos
líquidos inflamáveis.
Porém, o que ocorre no Brasil são projetos para sistemas de chu-
veiros automáticos que em muitos casos ainda ignoram a presença
destes riscos especiais no armazenamento, levando à instalação de
sistemas que por vezes não atenderão aos objetivos desejados.
Tais falhas em geral ocorrem por falta de conhecimento téc-
nico de parte dos profissionais atuantes no mercado brasileiro,
visto que não há disponível ainda no Brasil uma gama de traba-
lhos escritos com tais conhecimentos, bem como não há centros de
ensino para difusão desse tipo de conhecimento.
Del Carlo, Almiron e Pereira (2008, p. 225) destacam também a
falta de laboratórios capacitados para a verificação do desempenho

27
dos dispositivos e equipamentos como um dos fatores que necessi-
tam evoluir no tocante à segurança contra incêndio como um todo,
incluindo itens que serão discutidos aqui neste trabalho.
Assim, o presente texto vem contribuir para minimizar este
problema, compilando conceitos e os relacionando com a sua apli-
cação específica ao armazenamento de líquidos inflamáveis fracio-
nados.

28
2 _ Objetivos

O uso do sistema de chuveiros automáticos no armazenamento


de líquidos inflamáveis e combustíveis requer cuidados específicos
em relação ao armazenamento de produtos sólidos, sendo raros os
trabalhos escritos sobre o tema no Brasil. Logo, este estudo visa
identificar os conceitos e requisitos normativos peculiares ao sis-
tema de chuveiros automáticos voltados aos incêndios em armaze-
namento fracionado de líquidos inflamáveis e combustíveis, desde
a sua concepção até o cálculo hidráulico do sistema.
O trabalho está pautado na definição das peculiaridades do
armazenamento de líquidos inflamáveis, os quais possuem carac-
terística de queima distinta dos materiais sólidos e exigem cuida-
dos específicos para proteção, desde a escolha adequada do arranjo
de armazenamento e da embalagem, passando pela contenção do
produto vazado durante o incêndio até a drenagem da água e dos
resíduos oriundos da extinção.
Por outro lado, este trabalho não se destina a descrever todos
os componentes de um sistema de chuveiros automáticos conven-
cional para combate a incêndios das classes abrangidas pela NBR
10897 e pela NFPA 13, sendo explanados apenas os pontos necessá-
rios ao entendimento do trabalho, em especial aqueles nos quais a
aplicação dos chuveiros automáticos para os líquidos inflamáveis e
combustíveis divergem da proteção das demais classes de produtos.
Para entender os requisitos específicos definidos nas normas,
primeiramente, é necessário descrever as características de um
incêndio em líquidos inflamáveis ou combustíveis, tais como o
comportamento do fogo, a liberação de gases inflamáveis e a dinâ-
mica dos fluidos gerados pelo incêndio.

29
Para atingir a finalidade do trabalho, buscou-se embasamento
em normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT) e pela National Fire Protection Association (NFPA),
bem como em documentos técnicos emitidos pelos Corpos de
Bombeiros dos diversos estados do Brasil, indicando os requisi-
tos comuns e as dificuldades que os profissionais de engenharia e
bombeiros militares podem encontrar no projeto, na instalação e
na aprovação dos sistemas de chuveiros automáticos para prote-
ção dos líquidos inflamáveis.

30
3 _ Entendendo os Líquidos Inflamáveis

Para que se possa entender as razões que levam às diferenças


entre a proteção de chuveiros automáticos para líquidos inflamá-
veis do sistema de chuveiros automáticos convencional, inicial-
mente, deve-se compreender o comportamento do fogo oriundo
desse tipo de material, suas peculiaridades e propriedades.
Desta forma, este capítulo aborda as principais características
dos líquidos inflamáveis para que o leitor tenha um embasamento
teórico que lhe permita interpretar as legislações e conceitos que
serão descritos nos capítulos seguintes.

3.1 Características de um incêndio Classe B

Internacionalmente, classifica-se o fogo conforme a natureza do


material combustível que está queimando. Cada classe de incêndio
apresenta características próprias que exigirão técnicas de combate
distintas para sua extinção, sendo o fogo em líquidos inflamáveis
enquadrado em uma categoria específica denominada “classe B”.
Segundo Del Carlo, Almiron e Pereira (2008, p. 225), o fogo
classe A é aquele que atinge “materiais combustíveis sólidos, tais
como: madeira, tecidos, papéis, borrachas, plásticos termoestáveis
e outras fibras orgânicas, que queimam em superfície e profun-
didade, deixando resíduos”. O aquecimento dos materiais sólidos
provoca a pirólise dos materiais com a consequente liberação de
gases inflamáveis, os quais se incendeiam, podendo o fogo pene-
trar pela porosidade do material e atingir partes internas. O com-
bate a esse tipo de incêndio é feito em geral com o uso de água ou

31
espumas especiais para a classe. Os sistemas de chuveiros auto-
máticos em geral são dimensionados para controle e/ou extinção
desta classe de incêndio.
Os incêndios em líquidos combustíveis e inflamáveis, por sua
vez, segundo Del Carlo, Almiron e Pereira (2008, p. 225) são classi-
ficados como incêndios de classe B, cuja principal característica é a
queima em superfície. Neste caso, os líquidos inflamáveis, a deter-
minadas temperaturas, liberam gases que ao se incendiarem pro-
movem fogo na área de contato do líquido com o ar (comburente).
Para extinção deste tipo de incêndio, temos que buscar a redu-
ção da liberação dos gases ou da disponibilidade do oxigênio, atu-
ando por abafamento com uso de espumas ou pós químicos que
cubram a superfície do líquido que está queimando. Uma outra
técnica de combate é a nebulização de água por um sistema deno-
minado nas NFPA como water spray, termo o qual foi adaptado nas
normas nacionais como nebulização. A eliminação do comburente
do local também pode ser obtida pela substituição dele por outro
gás inerte como o CO2, todavia esta técnica acaba se restringindo
a pequenos espaços onde o confinamento da área é mais simples.
Os chuveiros automáticos para líquidos inflamáveis são um
dos tipos de sistemas possíveis para o combate a incêndio em
líquidos inflamáveis e poderão utilizar água, espuma mecânica
ou uma sequência de ambos, visando ao resfriamento do líquido
incendiado e dos recipientes vizinhos, bem como ao abafamento do
fogo pela nebulização de água ou cobertura com espuma.

3.2 Ponto de fulgor

A NBR 17505-1 define ponto de fulgor como:

Menor temperatura corrigida para uma pressão barométrica


de 101,3 kPa (760 mmHg), na qual a aplicação de uma fonte de
ignição faz com que os vapores da amostra se inflamem, porém,

32
não mantendo a combustão, sob condições específicas de ensaio.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Em outras palavras, trata-se da temperatura a partir da qual


a quantidade de vapores liberada já seria suficiente para iniciar a
queima, sendo um conceito indispensável para definição da classifi-
cação do líquido inflamável e definição dos parâmetros de proteção.
Alguns líquidos apresentam ponto de fulgor inferior à tempe-
ratura média ambiente e até mesmo abaixo de zero, sendo con-
siderados muito inflamáveis, pois, se não estiverem contidos em
recipientes herméticos, podem liberar vapores que ao encontrar
qualquer fonte de calor podem gerar o início do incêndio.
Outros líquidos, por sua vez, possuem ponto de fulgor tão ele-
vado que, mesmo que o recipiente seja aberto e exposto à atmos-
fera, não liberará nenhum vapor, não havendo risco de incêndio,
exceto se houver fonte de calor suficiente para elevar a tempera-
tura de todo o recipiente até o ponto de fulgor.
Para elaboração do projeto de segurança contra incêndio, pode
ser consultada a Ficha de Informação de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ), na qual, no item 8, sobre propriedades quími-
cas, deve constar o ponto de fulgor do produto químico.
Esta temperatura é definida por teste laboratorial. Existem
diversas normas que tratam de metodologias para determinação
do ponto de fulgor de líquidos, podendo variar conforme o líquido
armazenado e a forma de armazenamento. Alguns exemplos des-
tas legislações são:

• NBR 5842: Determinação do ponto de fulgor em tintas, ver-


nizes e resinas – Método do vaso fechado;
• NBR 11341: Derivados de petróleo – Determinação dos
pontos de fulgor e de combustão em vaso aberto Cleveland;
• NBR 15565: Cera de carnaúba – Determinação do ponto de
fulgor e ponto de combustão;

33
• NBR 5765: Asfaltos diluídos — Determinação do ponto de
fulgor — Vaso aberto Tag;
• NBR 14598: Produtos de petróleo — Determinação do ponto
de fulgor pelo aparelho de vaso fechado Pensky-Martens;
• NBR 7974: Produtos de petróleo – Determinação do ponto
de fulgor pelo vaso fechado Tag;
• ASTM D92: Standard Test Method for Flash and Fire
Points by Cleveland Open Cup Tester;
• ASTM D56: Standard Test Method for Flash Point by Tag
Closed Cup Tester; e
• ASTM D93: Standard Test Methods for Flash Point by Pen-
sky-Martens Closed Cup Tester.

3.3 Ponto de ebulição

O ponto de ebulição é a temperatura na qual um líquido vence


a pressão atmosférica, passando para o estado gasoso. Essa tem-
peratura pode variar conforme diversos fatores.
A altitude é um dos fatores que interferem no ponto de ebuli-
ção; quanto maior a altitude, menor é a pressão atmosférica, por-
tanto, menor é o ponto de ebulição.
A polaridade da substância também influencia no ponto de ebu-
lição. Para substâncias apolares, quanto maior o peso molecular,
maior será o ponto de ebulição. Para substâncias de peso mole-
cular próximo, a ramificação abaixa o ponto de ebulição, sendo
que, a mais polar apresenta maior ponto de ebulição. Substâncias
que estabelecem ligações de hidrogênio (pontes de hidrogênio) têm
ponto de ebulição extremamente elevado.

34
3.4 Ponto de ignição

O ponto de ignição também é conhecido como temperatura


de autoignição ou ponto de autoignição, podendo ser conceituado
como a temperatura mínima em que a combustão ocorre sem a
necessidade de uma chama ou faísca externa, bastando o contato
do comburente com os vapores do produto.

3.5 Polaridade

A polaridade dos líquidos inflamáveis é uma das características


que interferem no dimensionamento dos sistemas de proteção con-
tra incêndio. Uma substância é chamada polar quando, devido ao
tipo de ligação molecular, as suas moléculas possuem carga elétrica.
A água é um exemplo de substância polar, pois a eletronega-
tividade diferente entre os átomos de oxigênio e hidrogênio que
compõem a ligação covalente que forma este líquido faz com que
as moléculas tenham cargas elétricas diferentes nos seus polos.

Figura 1. Polaridade da molécula de água

Fonte: Site Alunos Online

Os líquidos inflamáveis polares, em geral, são miscíveis em


água. Como a espuma mecânica é composta de no mínimo 94%
de água, os líquidos polares destroem-na. Para reduzir os efeitos
da degradação, a norma determina a adoção de taxas maiores de

35
aplicação de espuma, porcentagens maiores de concentrado, tem-
pos maiores de aplicação de espuma e tipos de concentrado dife-
renciado, os quais serão detalhados nos capítulos seguintes.

3.6 Viscosidade

Viscosidade é a propriedade física que caracteriza a resistência


de um fluido ao escoamento, a uma dada temperatura.
Esta propriedade dos líquidos decorre de seu atrito interno.
Nos fluidos líquidos, este atrito interno origina-se das forças de
atração entre moléculas relativamente próximas. Com o aumento
da temperatura, a energia cinética média das moléculas torna-se
maior e consequentemente o intervalo de tempo médio no qual as
moléculas passam próximas umas das outras torna-se menor.
Assim, as forças intermoleculares tornam-se menos efetivas, e
a viscosidade diminui com o aumento da temperatura. Por este
motivo, um óleo lubrificante torna-se menos viscoso com o aumento
da temperatura.
A NBR 17505, parte 4, dá tratamento especial aos líquidos con-
siderados viscosos, sendo que esta os define como:

Líquido que se torne gelatinoso, espesso ou se solidifique quando


aquecido, ou cuja viscosidade à temperatura ambiente versus
percentual contido de líquidos de classe I, classe II ou classe
III encontre-se na porção sombreada da figura A.1 (vide figura
2 deste trabalho). (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013)

36
Figura 2. Gráfico de viscosidade dos líquidos

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (adaptada pelo autor).

Segundo a NBR, os líquidos viscosos poderão ser protegidos


considerando os critérios para líquidos classe IIIB da própria NBR
ou para plásticos grupo A da NFPA 13.

3.7 Densidade do líquido e dos vapores

A densidade de um líquido é determinada pelo coeficiente de


sua massa pelo seu volume. Trata-se de uma propriedade impor-
tante para entender-se o comportamento dos líquidos inflamáveis
e dos seus vapores em um incêndio e na sua contenção.

37
Os líquidos inflamáveis apolares, tais como a maioria dos
hidrocarbonetos, têm densidade inferior à da água. Por serem
imiscíveis em água, estes líquidos permanecem na parte superior
em uma mistura. Por conseguinte, em eventual transbordamento
de um recipiente no qual estão contidos, o líquido inflamável dei-
xará o recipiente primeiro. Outro efeito desta característica é
que a aplicação de água direta terá pouco efeito sobre as chamas,
devendo ser nebulizada sobre a área desejada.
Por este motivo, as espumas mecânicas, cuja densidade é ainda
menor que a dos líquidos inflamáveis e combustíveis, mostram-se
mais eficientes na extinção de incêndios com líquidos inflamáveis,
espalhando-se pela superfície dos líquidos em chamas.

3.8 Classificação dos líquidos inflamáveis e


combustíveis

Existem diversas formas de classificar os líquidos inflamáveis


e combustíveis, sendo este um ponto de dúvida frequente entre os
projetistas, pois muitos acabam misturando conceitos de normas
distintas ao executar tal tarefa.
A proteção por chuveiros automáticos para líquidos inflamáveis
e combustíveis está baseada principalmente na NBR 17505, parte
4, e NFPA 30, as quais adotam critério de classificação baseado no
ponto de fulgor e de ebulição dos líquidos, conforme demonstrado
na tabela 1.

38
Tabela 1. Classificação dos líquidos inflamáveis e combustíveis
Líquidos Ponto de fulgor (PF) Ponto de Ebulição (PE)
Inflamáveis
Classe I PF < 37,8° e PV < 2068,6 mmHg -
Classe I-A PF < 22,8°C PE < 37,8°C
Classe I-B PF < 22,8°C PE < 37,8°C
Classe I-C 22,8°C ≤ PF < 37,8°C -
Combustíveis
Classe II 37,8°C ≤ PF < 60°C -
Classe III-A 60°C ≤ PF < 93°C -
Classe III-B PF ≥ 93°C -
Nota: PV é a pressão de vapor
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Com base nesta classificação, observa-se que os líquidos da


classe IA apresentam ponto de fulgor inferior a 22,8 °C e ponto de
ebulição inferior a 37,8 °C, sendo, portanto, produtos com um risco
alto em virtude da sua elevada inflamabilidade, razão pela qual as
normas de chuveiros automáticos a não são aplicáveis a tal classe
de incêndio.
No caso de armazenamentos de líquidos classe IA, outros sis-
temas de proteção distintos do sistema de chuveiros automáticos
devem ser adotados, em especial a compartimentação horizontal
por paredes corta-fogo e segregação dos líquidos em quantidades
limitadas.
Por sua vez, os líquidos de classe IIIB têm ponto de fulgor
muito elevado, sendo o risco de incêndio neste tipo de produto
muito pequeno e, por isso, são dispensados da maioria das prote-
ções contra incêndio exigíveis para as demais classes de líquidos.
Cabe ressaltar, todavia, que tais produtos, quando armazenados
com líquidos de ponto de fulgor menores, podem configurar um
fator complicador do combate ao incêndio.
Quando os líquidos classe IIIB se encontram em chamas, temos
um líquido queimando em temperatura superior ao ponto de ebu-
lição da água. Neste caso a aplicação direta de água ou espuma

39
sobre o produto resultará no fenômeno conhecido como espumação
(sloop over), que é a evaporação instantânea da água ao tocar a
superfície do líquido em chamas. Tal fenômeno resultará em um
grande volume de vapor que carregará partículas do líquido em
chamas para fora da área incendiada inicial, espalhando o incên-
dio e trazendo grande risco às equipes que combatem as chamas.
Para evitar tais efeitos, convém segregar as classes de líquidos
inflamáveis de modo que os produtos classe IIIB não sejam arma-
zenados junto a produtos com pontos de fulgor menores, bem como
evitar que líquidos de classe IA sejam armazenados com outras
classes, inviabilizando a adoção de parâmetros de proteção por
chuveiros automáticos.
Ainda quanto à classificação dos líquidos, os fluxogramas das
figuras A.2, A.3 e A.4 da NBR 17505, parte 4, equiparam os líqui-
dos inflamáveis às classes de produtos sólidos descritas em outras
normas. Algumas combinações de classe de produtos, tipos de reci-
pientes, viscosidade dos líquidos e outros podem resultar na equi-
paração dos líquidos com as classes I ou III para materiais sólidos
conforme NFPA 13, ou como plástico grupo A não expandido, con-
forme a mesma norma, o que pode ser observado nas figuras 3, 4
e 5 abaixo.

40
Figura 3. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.2 da NBR 17505,
parte 4

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

41
Figura 4. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.3 da NBR 17505,
parte 4

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

42
Figura 5. Trecho adaptado do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505,
parte 4

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Contudo, especial cuidado deve ser tomado ao se utilizar o flu-


xograma da figura A.4, pois há na NBR uma divergência em rela-
ção a NFPA 30, de onde o fluxograma foi extraído, de modo que
falta um trecho do referido fluxograma, bem como há uma seta
invertida, conforme pode ser observado comparando as figuras 6
e 7 deste trabalho.

43
Figura 6. Inconsistência do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505,
parte 4

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Figura 7. Trecho adaptado do fluxograma da figura 16.4.1(c) da NFPA 30

Fonte: NFPA.

44
Em consonância com as tabelas descritas, a própria NFPA 13
na sua versão mais recente traz nas tabelas de classificação de
mercadorias alguns líquidos combustíveis e inflamáveis que serão
protegidos diretamente por esta e não pelos critérios da NFPA 30.
Tais quesitos ainda não foram contemplados na Instrução Técnica
do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo nº 24 de
2011 (ITCB 24/2011); porém, a tabela 2, que segue, é um compi-
lado de tais classificações.

Tabela 2. Resumo das classificações de líquidos inflamáveis e


combustíveis previstas na NFPA 13
Aerossóis - Nível 1 Classe III
Isqueiros de butano embalados com plástico Plástico grupo A
bolha e acartonado. não expandido
Líquidos com até 20% de álcool (ex.: bebidas
alcoólicas, extratos aromatizantes) em reci-
Plástico grupo A
pientes plásticos com parede de espessura de
não expandido
mais de 6 mm e com mais de 20 litros de vo-
lume.
Líquidos com até 20% de álcool (ex.: bebidas
Líquidos alcoólicas, extratos aromatizantes) em reci- Classe I
inflamáveis e pientes de metal, vidro ou cerâmica.
combustíveis
Líquidos com até 20% de álcool (ex.: bebidas
alcoólicas, extratos aromatizantes) em reci-
Classe II
pientes plásticos com parede de espessura de
até 6 mm e com mais de 20 litros de volume.
Líquidos com até 20% de álcool (ex.: bebidas
alcoólicas, extratos aromatizantes) em garrafas Classe I
plásticas ou jarras de até 20 litros.
Líquidos com até 20% de álcool (ex.: bebidas
alcoólicas, extratos aromatizantes) em reci- Classe II
pientes de madeira.
Fonte: o autor.

Todos os demais tipos de líquidos não enquadrados nas exce-


ções descritas devem ser classificados e protegidos pelos critérios
da NBR 17505, parte 4.

45
4 _ BREVE HISTÓRICO DA PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO PARA
LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
FRACIONADOS NO BRASIL

A primeira legislação nacional que tratou da segurança contra


incêndio para líquidos inflamáveis fracionados foi a Norma Brasi-
leira (NB) 98 de 1966; esta remetia a proteção contra incêndio ao
Instituto de Resseguros do Brasil e aos Corpos de Bombeiros locais.
Neste período a NFPA 30 já mencionava critérios para arma-
zenamento e proteção de líquidos inflamáveis fracionados e era
comumente utilizada na ausência de parâmetros nacionais, pre-
vendo inclusive critérios para proteção por chuveiros automáticos.
Em 1971 foi publicada a NB 216, a qual denominava o armaze-
namento fracionado como “armazéns de produtos acondicionados”,
limitando-se a descrever contenção para vazamentos, ventilações
e a exigir que a quantidade de extintores deveria ser suficiente
para a quantidade de produto armazenada.
A NBR 7505 foi então publicada em 1972, com revisões subse-
quentes em 1975, 1984 e 1995, sendo que nestas não havia uma
parte específica para líquidos inflamáveis fracionados. Já em 2000,
a NBR 7505 foi dividida em partes, sendo que, no escopo inicial,
a parte 3 deveria prever as proteções para produtos fracionados,
todavia esta não chegou a ser publicada.
A ABNT publicou em 2006 a NBR 17505, cuja parte 4 tratava do
armazenamento fracionado de líquidos inflamáveis e baseava-se na
NFPA 30. Por fim, esta norma foi revisada e substituída pela NBR
17505 em sua versão de 2013, com erratas publicadas em 2014,

47
sendo este o principal parâmetro nacional de proteção por chuvei-
ros automáticos atualmente.
Quanto às normas estaduais publicadas pelos Corpos de
Bombeiros Militares, a norma do estado de São Paulo é pioneira
no assunto líquidos inflamáveis fracionados. Ela foi e ainda é
usada como base para as normas da maioria dos demais Corpos
de Bombeiros; portanto, será a base de nossa análise temporal
neste trabalho.
No estado de São Paulo, a primeira norma de segurança contra
incêndio mais abrangente foi o Decreto Estadual 20.811/1983, o
qual mencionava no item 4.4.5 o “Armazém de produtos acondicio-
nados”, dentro do item referente a líquidos inflamáveis, e definia
no item 6.3.3 as proteções exigidas, todavia não mencionava a exi-
gência de chuveiros automáticos para combate a incêndio nessas
ocupações.
No estado de São Paulo, desde o Decreto Estadual 38.069/1993,
a legislação apresenta alguns parâmetros para proteção con-
tra incêndio de líquidos inflamáveis e combustíveis fracionados.
Nesta primeira legislação, os líquidos eram protegidos por siste-
mas de espuma e resfriamento por linhas manuais, extintores,
sinalizações, entre outros. Porém, não era prevista a proteção des-
ses locais por sistemas de chuveiros automáticos. Este sistema
era exigido apenas para os casos em que a área construída ultra-
passava 10.000 m², ou seja, do mesmo modo como depósitos de
materiais sólidos.
Em abril de 2002, entrou em vigor o Decreto Estadual
46.076/2001 e as instruções técnicas respectivas. As instruções
foram posteriormente revisadas e republicadas em 2004. A ITCB
24/2004, que tratava de sistema de proteção por resfriamento, exi-
gia a proteção por resfriamento para áreas de acondicionamento
de líquidos inflamáveis em recipientes transportáveis apenas por
linhas manuais, não mencionando chuveiros automáticos ou asper-
sores. Por outro lado, a ITCB 25/2004, que tratava de sistema de
proteção por espuma mecânica, incluía trechos contraditórios, por

48
exemplo, no item 6.1.1.3 mencionava-se que “esta seção não trata
dos sistemas de chuveiros de espuma/água, sistema de neblina de
espuma/água ou sistemas de espuma de alta expansão”; porém,
em outros itens seguintes, mencionava chuveiros e aspersores.
Nestes itens em que os sistemas de chuveiros e aspersores eram
mencionados, contudo, não estavam listados todos os parâmetros
normativos necessários ao dimensionamento do sistema e não se
referenciavam outras normas que definissem tais parâmetros.
Ainda na vigência do Decreto Estadual 46076/2001, na ITCB
27/2004, que tratava do armazenamento de líquidos inflamáveis
e combustíveis, o item 5.4.1 previa a adoção do sistema de chuvei-
ros automáticos como meio para redução em até 50% de algumas
distâncias de segurança em determinada área. Já a ITCB 09/2004
previa que a adoção de chuveiros automáticos para áreas com
armazenamento de inflamáveis fracionados, classificada como
M-2, ampliava a área máxima de compartimentação de 1.000 m²
para 2.000 m².
Um dos grandes problemas no cumprimento da Instrução
Técnica 27/2004 era o limite máximo de armazenamento, o qual
deveria seguir a tabela 8 da referida norma (vide tabela 3 deste
trabalho). Tal tabela era extremamente restritiva; porém, pela
interpretação dela, poderíamos concluir que, com a adoção de
aspersores ou equivalentes (chuveiros automáticos), os limites
poderiam ser ampliados, contudo para limites ainda muito restri-
tos e aquém da necessidade de muitos estabelecimentos.

49
Tabela 3. Capacidade máxima de armazenamento conforme ITCB
27/2004
COM ASPERSORES OU EQUIVALENTES SEM PROTEÇÃO
CLAS- MÁXIMO POR PILHA MÁXIMO POR PILHA
SE DE
LÍQUIDO NÍVEL DE Largura das Largura das
INFLA- ARMAZE- Lar- Passagens Passagens
MÁVEL E NAGEM Total Altura Total Largura Altura
gura Princi- Late- Princi- Late-
COMBUS- Litros m Litros m m
m pais rais pais rais
TÍVEL
m m m m

Nível de
IA solo e 10.000 2,44 1,83 2,40 1,50 2.500 1,22 0,91 2,40 2,10
IB superiores
IC
Porões PROIBIDO PROIBIDO

Nível de
solo e 20.000 2,44 1,83 2,40 1,20 5.000 1,22 0,91 2,40 1,50
II superiores

Porões PROIBIDO PROIBIDO

Nível de
III-A solo e 42.000 3,63 2,73 2,40 1,20 10.000 2,44 3,63 2,40 1,20
III-B superiores

Porões 21.000 2,44 1,83 2,40 1,20

Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Uma errata, publicada no diário oficial de 9 de março de 2005,


alterou a tabela 8 da ITCB 27/2004 e adotou o mesmo volume
ampliado para áreas com ou sem proteção por chuveiros automá-
ticos e aspersores para líquidos inflamáveis, bastando prever as
proteções exigidas no Decreto Estadual 46.076/2001, conforme
pode ser observado na tabela 4. Porém, mais uma vez o limite de
armazenamento continuou muito pequeno.

50
TABELA 4. Capacidade máxima de armazenamento conforme errata da
ITCB 27/2004
Arranjo de recipientes
Com as proteções previstas na tabela 6-M2 do Decreto
Estadual nº 46.076/01
CLASSE DE MÁXIMO POR PILHA
LÍQUIDO NÍVEL DE
INFLAMÁVEL E ARMAZENAGEM Largura das Passagens
COMBUSTÍVEL Total Largura Altura
Litros m m Principais Laterais
m m

IA Nível de solo e
10.000 2,44 1,83 2,40 1,50
IB superiores
IC Porões PROIBIDO

Nível de solo e
20.000 2,44 1,83 2,40 1,20
II superiores

Porões PROIBIDO

Nível de solo e
III-A 42.000 3,63 2,73 2,40 1,20
superiores
III-B
Porões 21.000 2,44 1,83 2,40 1,20

Nota: - Os números das colunas de total em litros representam o número de litros que
podem ser armazenados por pilha. Para os recipientes menores deve-se dividir o valor
máximo permitido dividido pelo seu volume.
- Os números nas colunas de largura e altura, representam as larguras e as alturas da
pilha.
Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Em 2011, entrou em vigor o Decreto Estadual 56.819, no qual


as proteções para líquidos inflamáveis foram mais bem detalha-
das e organizadas nas instruções técnicas, sendo que o armaze-
namento de líquidos inflamáveis e combustíveis fracionados e
suas proteções ganharam uma parte própria na ITCB 25/2011.
Nesta última versão da norma estadual, os limites de armaze-
namento foram ampliados para volumes superiores aos adotados
pela antiga ITCB 27/2004, porém menores que a necessidade do
mercado. O sistema de chuveiros automáticos foi adotado como
uma forma de ampliar a área máxima de compartimentação de
1.000 m² para 2.000 m², mas não alterando o limite total de arma-
zenamento previsto na tabela B.5 da referida norma.
Uma grande inovação da ITCB 25/2011 no tocante aos chu-
veiros automáticos para líquidos inflamáveis foi que esta adotou
expressamente a NBR 17.505/2006 como o parâmetro normativo
para dimensionamento do sistema. Porém, devido à restrição

51
volumétrica imposta pela ITCB 25/2011, esta norma inclui pon-
tos contraditórios, pois, para a NBR 17505, parte 4, a adoção de
chuveiros automáticos elimina a limitação de volume estabelecida
para áreas sem chuveiros automáticos, fato este que não ocorre na
norma estadual.
Uma melhor análise das características atuais da legislação
contra incêndio para chuveiros automáticos em área com líquidos
inflamáveis será feita no próximo capítulo.

52
5 _ LEGISLAÇÃO ATUALMENTE
APLICÁVEL À PROTEÇÃO CONTRA
INCÊNDIO PARA LÍQUIDOS
INFLAMÁVEIS FRACIONADOS

Diversas normas nacionais e internacionais apresentam


parâmetros mínimos de proteções de armazenamentos de líqui-
dos inflamáveis e/ou combustíveis fracionados. No Brasil a NBR
17505, parte 4, é a principal referência para definição de proteções
contra incêndio para líquidos inflamáveis e combustíveis fraciona-
dos; porém, ela não foi adotada na íntegra por todos os Corpos de
Bombeiros estaduais.
Alguns Corpos de Bombeiros estaduais utilizam normas pró-
prias, baseadas na própria NBR 17505 e em NFPA, sendo que o
Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo segue a mais completa
entre todas essas legislações estaduais, ou seja, a ITCB 25/2011.
Tal norma serviu de base para outros estados da Federação que
hoje utilizam normas idênticas para tratar do mesmo assunto.
Na tabela 5 pode ser encontrado um quadro comparativo entre
os diversos estados da Federação que permite distinguir quais cri-
térios adotados em cada um deles.

53
Tabela 5. Comparativo entre as legislações de proteção contra incêndio
dos estados da Federação quanto a chuveiros automáticos para áreas de
armazenamento de líquidos inflamáveis fracionados
LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS À PROTEÇÃO
ESTADO POR CHUVEIROS AUTOMÁTICOS PARA LÍ- OBS.:
QUIDOS INFLAMÁVEIS FRACIONADOS

Lei 1137/1994, porém não há previsão de siste-


ACRE xxx
mas específicos para líquidos inflamáveis.

Decreto Estadual 55.175/2017 e Portaria


ALAGOAS 178/2013. Adota normas ABNT (17505) art. 69 NBR 17505
da Portaria nº 178/2013.

LEI 871/2004, NT 01/2005, NT 02/2005. Adota


AMAPÁ NBR 17505
normas ABNT (17505) art. 15 da Lei 871/2004.

Segundo site oficial adota as normas do CBP-


MESP.
AMAZONAS NBR 17505
(https://dstcbmam.wordpress.com/ consultado
em 16 de dezembro de 2017)

Decreto Estadual 16302/2015, LEI 12929/2013.


O Decreto Estadual 16302/2015 remete à IT-
BAHIA xxx
CBMBA 25, porém esta norma não foi publica-
da.

Decreto Estadual 28.085/2006 e Lei


13556/2004. O Dec. Est. 28.085/2006 prevê os
sistemas de resfriamento, espuma e chuveiros
automáticos, dizendo que serão regulamenta-
CEARÁ xxx
dos por norma especifica. A NT 01 prevê a ocu-
pação armazenamento de líquidos inflamáveis
e combustíveis, remetendo esta última a uma
norma especifica a qual não foi publicada.

Decreto Estadual 21361/2000, NT 01/2002 e


NT 02/2009. Apesar de o Dec. Est. 21361/2000
definir como proteção os sistemas de espuma,
resfriamento e chuveiros automáticos, não foi
DISTRITO FEDERAL localizada NT que detalhe as exigências es- NBR 17505
pecíficas para líquidos inflamáveis. Todavia,
o art. 15 do referido Decreto Estadual diz que
na ausência de norma adota-se a ABNT (NBR
17505).

Decreto Estadual 2423-R/2009 e NT 02/2013.


A tabela 2 M.3 da NT 02/2013 determina que
ESPÍRITO SANTO NBR 17505
para as proteções de resfriamento e espuma
adote-se a NBR 17505.

54
Lei 15802/2006. Norma Técnica 25/2014. Ado-
GOIÁS1 ta a NBR 17505 para os chuveiros automáticos NBR 17505
para líquidos inflamáveis.

Lei 6546/1995 e NT 03/1997. Adotada NBR


MARANHÃO 17505, conforme art. 149, XIII, “e” art. 96 da lei NBR 17505
6546/1995.

Lei 10.402/2016 e Portaria 027/DSCIP/2017.


Foi adotada a Instrução Técnica 22 do Corpo
de Bombeiros de Minas Gerais, porém esta
norma não especifica a norma a ser adotada
MATO GROSSO NBR 17505
para os chuveiros automáticos. No estado de
Minas Gerais, a NBR 17.505 foi adotada por
outras normas, mas no estado do Mato Grosso
não se referenciam outras normas.

Lei 4.335/2013. Norma Técnica 25/2013. Adota


MATO GROSSO DO
a NBR 17505 para os chuveiros automáticos NBR 17505
SUL1
para líquidos inflamáveis.

Decreto Estadual 44.746/2008 e Lei


MINAS GERAIS 14.130/2001. Adota a NBR 17505, conforme NBR 17505
tabela 18 da ITCB 01/2017 e Circular 16/2014.

Decreto Estadual 357/2007. Adotada NBR


PARÁ 17505 conforme art. 19, § 1º do Dec. Est. NBR 17505
357/2007.

Lei 9.625/2011. O § 1º do art. 6º da Lei


PARAÍBA 9625/2011 diz que na ausência de norma “po- xxx
derá” ser adotada norma ABNT.

CSCIP – Portaria 002/2011 e Norma de Proce-


dimento nº 25. Para chuveiros de água NFPA
NFPA 11, 15,
15, conforme item 13.4.6 da NT 25/2011, parte
PARANÁ1 16 e 30 e
3. Para chuveiros de espuma NBR 17505:2006,
NBR 17505.
NFPA 11, 16 ou 30, conforme item 13.3.9 da NT
25/2011, parte 3.

Decreto Estadual 19.644/1997 (Coscipe-1996).


Adotada a NBR 17505 conforme parágrafo úni-
PERNAMBUCO NBR 17505
co do art. 132 e § 2º do art. 45 do Dec. Est.
19.644/1997.

A legislação constante no site oficial é cópia in-


tegral da legislação do CBPMESP, logo adota
a NBR 17505.
PIAUÍ1 NBR 17505
(http://www.cbm.pi.gov.br/it.php consultado em
24 de dezembro de 2017).

55
Decreto Lei 247/1975 e Decreto Estadual
897/1976.
RIO DE JANEIRO NBR 17505
No art. 129, XIII, “e” cc art. 76 do Decreto Esta-
dual 897/1976 prevê-se que chuveiros automá-
ticos serão projetados conforme NBR.

RIO GRANDE DO Lei 601/2017. Adota a NBR 17505 conforme


NBR 17505
NORTE art. 3º e Portaria 191/2013.

Lei 14376/2013, Decreto Estadual 51803/2014


e Resolução Técnica Transitória. Adota a NBR
RIO GRANDE DO SUL NBR 17505
17505 conforme item 4.10 da Resolução técni-
ca de transição.

Lei 3924/2016, Decreto Estadual 21425/2016


e ITCB 25/2017. Adota a NBR 17505 para os
RONDÔNIA 1
NBR 17505
chuveiros automáticos para líquidos inflamá-
veis.

Lei 82/2004, NTCB 24, NTCB 25 e NTCB 27.


Porém, não há definição de norma especifica
RORAIMA 2
xxx
para os chuveiros automáticos para líquidos
fracionados.

Lei 16157/2013, Decreto Estadual 1957/2013 e


SANTA CATARINA IN 20/2014. Adota complementarmente a NBR NBR 17505
17505, conforme art. da 52 IN 20/2014.

Decreto Estadual 56.819/2011 e ITCB 25/2011.


SÃO PAULO Adota a NBR 17505 para os chuveiros automá- NBR 17505
ticos para líquidos inflamáveis.

Lei 8151/2016. Não identificada norma adota-


SERGIPE da. O art. 24 da lei 8151/2016 diz que “pode- xxx
rão” ser usadas normas ABNT.

Lei 1.787/2007, NT 19/2010, NT 20/2010 e NT


22/2010. Porém, não há definição de norma
TOCANTINS 2
xxx
específica para os chuveiros automáticos para
líquidos fracionados.

1) Estados que adotaram norma semelhante a versão atual da Instrução Técnica nº 25/2011
do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
2) Estados que adotaram normas semelhantes a versão de 2004 das Instruções Técnicas
do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Fonte: o autor.

Observe, porém, que este trabalho se refere sempre à NBR


17505 e à ITCB 25/2011 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
do Estado de São Paulo quando menciona as normas estaduais,
por ser a mais completa entre os Corpos de Bombeiros Militares.

56
Este trabalho fará, ainda, referência a outras normas que obri-
gatoriamente deverão ser consultadas para formar o arcabouço
completo de legislações necessárias ao dimensionamento do sis-
tema de chuveiros automáticos para líquidos inflamáveis.
A NFPA 13 é uma dessas normas que serão citadas ao longo do
trabalho e trata dos padrões de instalação para chuveiros automá-
ticos. Ela foi a norma utilizada como base para elaboração da NBR
10897, a qual trata do mesmo assunto. Todavia, a NFPA 13 é mais
abrangente que a NBR 10897, logo, usaremos um escalonamento
das normas, aplicando a NFPA 13 nos casos omissos na NBR 10897.
A NFPA 30 é outra norma que será citada neste trabalho, pois
foi a base para elaboração da NBR 17505, parte 4; porém, também
será aplicada de forma subsidiária na omissão da norma brasi-
leira ou para o correto entendimento do seu texto.
No tocante às normas nacionais mais específicas ao assunto líqui-
dos inflamáveis, ao comparar a abrangência da NBR 17505, parte
4, e a da ITCB 25/2011, nota-se que ambas se aplicam aos mesmos
casos. Segue transcrição do item 1.1 da NBR 17505, parte 4:

a) tambores ou outros recipientes que não excedam 450 L em


suas capacidades individuais;
b) tanques portáteis que não excedam 3.000 L em sua capaci-
dade individual;
c) recipientes intermediários para granel que não excedam
3.000 L em suas capacidades individuais. (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Da mesma forma, tanto a ITCB 25/2011 quanto a NBR 17505


não se aplicam aos mesmos casos. Segue transcrição do item 1.5
da NBR 17505, parte 4:

a) recipientes, recipientes intermediários para granel (IBC) e


tanques portáteis que estejam sendo utilizados em áreas de
processo, conforme descrito na ABNT NBR 17505-5;
b) líquido sem tanques de combustível de veículos a motor,
aeronaves, barcos, motores portáteis ou estacionários;

57
c) bebidas, quando embaladas em recipientes individuais, cuja
capacidade individual não ultrapasse 5 L;
d) remédios, alimentos, cosméticos e outros produtos de con-
sumo que contenham no máximo 50% em volume de líquidos
miscíveis em água, desde que a solução resultante não seja
inflamável ou combustível, quando embalados em recipientes
individuais que não excedam 5 L de capacidade;
e) líquidos que não tenham ponto de ignição, quando ensaiados
pela ABNT NBR 11341, ou norma equivalente para produtos
químicos, até seu ponto de ebulição ou até uma temperatura
em que a amostra usada no ensaio apresente uma mudança
evidente de estado físico;
f) líquidos com um ponto de fulgor superior a 35 °C em uma
solução ou dispersão miscível em água, com um conteúdo de
sólidos inertes (não combustíveis) e de água de mais de 80% em
peso, que não mantenham combustão;
g) bebidas destiladas e vinhos em barris ou pipas, de madeira.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Outro comparativo entre a norma brasileira e as normas esta-


duais mostra que a maioria das legislações estaduais adota o cri-
tério de definir de forma direta as proteções contra incêndio e os
critérios de dimensionamento para cada tipo de sistema adotado,
oferecendo poucas opções para definição das proteções mais ade-
quadas. A NBR 17505, por outro lado, por ter sido baseada na
NFPA, estabelece um critério de transferência da responsabili-
dade ao projetista, sendo que as medidas de proteção descritas
nesta são um mínimo sujeito a uma análise de risco para avalia-
ção da necessidade de ampliação.
Todavia, o ponto de maior divergência entre a ITCB 25/2011
e a NBR 17505, parte 4, encontra-se na quantidade permitida de
armazenamento de produtos. A ITCB 25/2011 apresenta a tabela
B.5 da parte 3 como o limite máximo permitido para armazena-
mento. Para esta norma, a adoção do sistema de chuveiros auto-
máticos destina-se a ampliar a área máxima de compartimenta-
ção para depósitos de líquidos inflamáveis fracionados (ocupação
M-2) de 1.000 m² para 2.000 m², conforme a ITCB 09/2011, bem

58
como dobrar os limites armazenados em cada pilha ou estante,
porém sem alterar o volume máximo do compartimento. Por outro
lado, a NBR 17505, parte 4, na tabela A.9, define limites de prote-
ção semelhantes aos da ITCB 25/2011, contudo apenas para casos
em que o sistema de chuveiros automáticos não é instalado. Para
os casos em que há chuveiros automáticos, não há limites fixos
de volume, limitando neste caso apenas o arranjo de armazena-
mento, recipientes permitidos, entre outros.
Observe, também, as tabelas 6 e 7 a seguir, que transcrevem
os limites de volume de armazenamento em ambas as normas sem
chuveiros automáticos.

59
Tabela 6. Quantidades máximas para armazéns de líquidos sem sis-
tema de proteção automática pela NBR 17505, parte 4
Armazenamento em recipien- Armazenamento em tanque Armazenamento em IBC de
tes/tambores portátil e em IBC metálicos plástico rígido e compostos
Altura Quan- Quan- Altura Quan- Quan- Al- Quantida- Quan-
Clas- máxi- tidade tidade máxi- tidade tidade tura de má- tidade
se de ma da máxima total ma da máxima total má- xima por total
líqui- pilha por pilha máximaa pilha por pilha máximaa xima pilha ou máximaa
dos m ou por L m ou por L da por seção L
seção seção pilha suporte
suporte suporte m L
L L
IA 2,2 2 500 2 500 NP NP NP NP NP NP
IB 2,2 5 200 5 200 2,5 7 500 7 500 NP NP NP
IC 2,2 10 400 10 400 2,5 15 000 15 000 NP NP NP
II 3,4 15 600 31 200 2,5 20 800 41 600 2,5 15 600 31 200
IIIA 4,9 52 000 104 000 2,5 83 000 166 500 2,5 52 000 104 000
IIIB 5,3 52 000 208 000 2,5 83 000 333 000 2,5 52 000 208 000
NP – Não permitido.
a
Aplica-se apenas às edificações isoladas ou edificações adjacentes a outros estabelecimentos que não
sejam para armazenamento.
NOTA Para calcular a quantidade máxima total permitida para cada classe individual de líquidos presen-
tes no armazém, proceder como a seguir, iniciando-se com a classe mais baixa de líquidos presentes e
procedendo em ordem decrescente de risco:
a) computar a proporção das quantidades de classe presentes em relação à quantidade máxima permiti-
da por pilha e expressar a razão como uma porcentagem;
b) adicionar as porcentagens como computadas, de forma a totalizar o percentual armazenado;
c) o total não pode exceder 100 %.
Por exemplo: 3 796 L de um líquido de classe IB em recipientes representa 73 % da quantidade
máxima permitida, de acordo com esta tabela. Como o percentual total não pode exceder 100 %, o
armazenamento de qualquer outra classe de líquido fica limitado a 27 % da quantidade máxima permitida
para aquela classe. Assim, o líquido de classe IA ficaria limitado a 675 L, correspondente a 27 % de 2
500 L, e líquido de classe II seria limitado a 4 212 L, que é 27 % de 15 600 L. De outra forma, se a relação
de líquidos de classe IB for reduzida para 70 % (3 640 L), a relação de líquidos de classe IA pode ser
aumentada para 30 % da quantidade máxima permitida, que seria de 750 L.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

60
Tabela 7. Limites de armazenamento com as proteções previstas na
tabela 6M-2 do Decreto Estadual 56.819/2011 do estado de São Paulo
Classe de líquido
Piso de Em pilhas ou Em salas (L) (conforme
combustível e Em prateleiras
armazenamento paletizado (L) item 15 desta Parte da IT)
inflamável

Piso de solo 20.000 40.000 2.500

IA Pisos superiores 10.000 20.000 1.500

Porões PROIBIDO

Piso de solo 30.000 60.000 5.000


I-B
Pisos superiores 20.000 40.000 2.500
I-C
Porões PROIBIDO

Piso de solo 60.000 80.000 10.000

II Pisos superiores 40.000 60.000 5.000

Porões PROIBIDO

Piso de solo 168.000 200.000 20.000


III-A
Pisos superiores 84.000 150.000 10.000
III-B
Porões 42.000 80.000 5.000

Nota: quantidades maiores podem ser armazenadas em uma mesma edificação, desde que cada área
compartimentada respeite o limite de armazenamento previsto nesta tabela.

Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Note que, para alguns limites, a ITCB 25/2011 permite o arma-


zenamento sem chuveiros (visto que estes só são exigidos para
aumento da compartimentação ou para dobrar volume das pilhas),
enquanto a NBR 17505 impõe limites bem mais baixos a partir
dos quais é obrigatória a instalação de chuveiros automáticos.
Outra diferença é que a NBR 17505 permite a aplicação de um
critério de proporcionalidade entre os produtos quando presen-
tes mais de uma classe de produto em um mesmo local, conforme
pode ser observado na nota da tabela A.9 da referida norma (vide
tabela 6 deste trabalho), enquanto a ITCB 25/2011 determina que
o volume máximo armazenado seja equivalente ao limite do pro-
duto da classe de maior risco previsto na tabela B.5.

61
6 _ REQUISITOS ESPECÍFICOS DE
ACONDICIONAMENTO DOS
LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
E COMBUSTÍVEIS

Antes de mais nada é importante entender que, conforme


afirma Berto (1998, p. 6), as medidas de segurança devem ser
compreendidas de forma sistêmica ou de forma global, e a não
observância dos requisitos de um sistema pode interferir no fun-
cionamento dos demais sistemas.
Para o funcionamento adequado de um sistema de chuveiros,
uma série de critérios de armazenamento devem ser observados,
visto que os parâmetros normativos de áreas de atuação, pressões,
densidades e outros foram baseados em testes que simulam as
referidas condições. Então, a aplicação de determinado critério de
proteção a uma configuração de armazenamento distinta daquela
à qual se destina pode reduzir ou inibir a sua eficiência.
Portanto, este capítulo tem por finalidade fornecer ao leitor o
entendimento básico dos parâmetros normativos a fim de orien-
tá-lo quando do projeto, execução ou comissionamento de um sis-
tema de chuveiros automáticos para líquidos inflamáveis.

6.1 Recipientes aceitáveis

Para que se possa definir uma perfeita proteção por chuvei-


ros automáticos, deve-se compreender as definições de recipientes
previstas na NBR 17505.
63
O item 5 da NBR 17505 bem como o item 11.7 da ITCB 25/2011
definem critérios mínimos para construção das embalagens onde
serão armazenados os líquidos inflamáveis e combustíveis, tais
como o volume máximo, o material construtivo, a presença de vál-
vulas de segurança, entre outros.
Quanto maior for o risco de incêndio dos produtos, maiores são
as exigências dos recipientes que os armazenam e menores são os
volumes permitidos, podendo esses valores diferir de uma norma
para outra, conforme pode ser observado nas tabelas 8 e 9:

Tabela 8. Capacidades máximas permitidas por recipientes, recipientes


intermediários para granel (IBC) e tanques portáteis, conforme ITCB
25/2011
Volume de líquidos inflamáveis Volume de líquidos
(L) combustíveis (L)
Tipo de embalagem de líquidos
Classe Classe
Classe I-C Classe II Classe III
I-A I-B
Vidro 0,5 1 5 5 20
Recipientes metálicos ou de plástico
5 150 450 450 450
(bombonas) aprovados
Recipiente de segurança (latão de
10 20 20 20 20
segurança)
Tambores metálicos - conforme
especificação de transporte (1A1 ou 450 450 450 450 450
1A2)
Tanques portáteis metálicos e IBC -
3000 3000 3000 3000 3000
conforme especificação de transporte
IBC de plástico rígido (31H1 ou 31H2) e Não
3000 3000 3000 3000
IBC compostos para líquidos (31HZ1) permitido
IBC de plástico composto com internos Não Não Não Não Não
flexíveis (31HZ2, 13H, 13L e 13M) permitido permitido permitido permitido permitido
Não Não Não Não Não
Sacos dentro de caixas
permitido permitido permitido permitido permitido
Polietileno (1H1) - conforme
5 20* 20* 450 450
especificação de transporte
Não Não Não
Tambor de fibra (2A, 3A, 3BH, 3BL e 4A) 450 450
permitido permitido permitido
*Para líquidos miscíveis em água de classe I-B e classe I-C, o tamanho máximo permitido para
recipiente de plástico é 250 L, se estocado.

Fonte: Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

64
Tabela 9. Capacidades máximas permitidas para recipientes, recipien-
tes intermediários para granel (IBC) e tanques portáteis, conforme
NBR 17505, parte 4
Volume de líquidos
Volume de líquidos inflamáveis (L)
Tipo de embalagem de líquidos combustíveis (L)
Classe IA Classe IB Classe IC Classe II Classe IIIAc
Vidro 0,5 1 5 5 20
Recipientes metálicos (outros que
não tambores) ou de plástico/ 5 20 20 20 20
bombonas aprovados
Recipiente de segurança (latão de
10 20 20 20 20
segurança)
Tambores metálicos (conforme
especificação de transporte) (1A1 450 450 450 450 450
/ 1A2)
Tanques portáteis metálicos e
IBC (conforme especificação de 3 000 3 000 3 000 3 000 3 000
transporte)
IBC de plástico rígido (31H1 ou
31H2) e IBC compostos para NP a NP a NP a 3 000 d 3 000 d
líquidos (31HZ1)
IBC de plástico composto com
NP a NP a NP a NP a NP a
internos flexíveis (31HZ2)
Sacos dentro de caixas NP a NP a NP a NP a NP a
Polietileno (1H1 e 1H2) (conforme
5 20b 20b 450 450
especificação de transporte)
Tambor de fibra (2A, 3A, 3BH, 3BL
NPa NPa NPa 450 450
ou 4A)
a
Não permitido.
b
Para líquidos miscíveis em água, de classe IB e de classe IC, o tamanho máximo permitido para
recipiente de plástico é 250 L, se estocado e protegido de acordo com a tabela A.1.
c
Para esta tabela, líquidos de classe IIIB não têm limitação de volume do recipiente para
armazenamento.
d
Para os líquidos de classe II, devem ser utilizados IBC de plástico rígido que seja antiestático e
condutivo, para evitar o acúmulo de cargas eletrostáticas nas paredes externas e o escoamento dessas
cargas no líquido, possibilitando operar em áreas classificadas como Zona 1 e 2. Para líquidos de classe
IIIA, podem ser utilizados IBC não condutivos, desde que a temperatura do líquido não esteja acima ou
próximo de 9 °C de seu ponto de fulgor e que não estejam presentes, no ambiente, vapores inflamáveis.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Com base nessas tabelas, podemos observar que a NBR 17505 é


mais restritiva no tocante aos recipientes permitidos para o arma-
zenamento do que a ITCB 25/2011, quando considerados recipien-
tes metálicos (outros que não tambores) ou de plástico aprovados
para as classes de líquidos IB até IIIA e IBCs para as classes de
líquidos IB e IC.

65
Os líquidos classe IIIB não possuem volumes máximos de reci-
pientes segundo a NBR 17505, enquanto a ITCB 25/2011 trata as
classes IIIA e IIIB de forma semelhante.
Além disso, a ITCB 25/2011 restringe-se a definir os volumes
dos recipientes, não determinando os demais critérios construti-
vos a serem adotados para esses recipientes. Por sua vez, a NBR
17505 é mais detalhada e traz critérios inclusive para construção
das válvulas de alívio e outros.
A observância dos critérios construtivos dos recipientes é
imprescindível para o dimensionamento dos sistemas de chuvei-
ros automáticos, pois os parâmetros destes são definidos por testes
laboratoriais realizados considerando o armazenamento nos tipos
de recipientes descritos nas normas. Conforme já descrito, deve-se
entender a proteção contra incêndio de forma sistêmica, sendo o
recipiente neste caso um dos componentes da engrenagem, sem o
qual o sistema todo pode estar comprometido.
Por consequência, quando as normas técnicas dos Corpos de
Bombeiros dos diversos estados remetem a proteção por chuvei-
ros automáticos à NBR 17505, é crucial que o projetista observe
os limites desta, pois são os requisitos que foram testados para a
proteção por chuveiros automáticos definidos pela NBR. O mesmo
vale para os casos em que o projetista adota a NFPA 30 como parâ-
metro de proteção.
Todavia, no Brasil se encontram projetos em que o engenheiro
se vale de partes de diferentes normas, utilizando aquelas que
mais lhe convêm, não observando que a proteção trazida por meio
de cada norma é um conjunto, visto que a adoção de recipientes
com características diferentes daquelas definidas pela norma não
garante a eficiência do sistema.
Ainda em relação às tabelas 8 e 9, os códigos expressos na
coluna “tipo de embalagem de líquidos”, tais como 31H1 e 1H1,
representam a classificação do material para o órgão responsá-
vel por transporte de produtos perigosos das Nações Unidas. Essa
classificação é aceita internacionalmente, e o Brasil é signatário

66
das convenções que a definiram. Tais recipientes trazem a identi-
ficação a seguir:

Figura 8. Símbolo das Nações Unidas para embalagens

Fonte: Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

Outrossim, quando as tabelas se referem a “conforme especi-


ficação de transporte”, deve-se observar a Resolução da Agência
Nacional de Transporte Terrestre 5.232, de 14 de dezembro de
2016, que trata da norma nacional que disciplina o assunto. Com-
plementam a resolução da ANTT outras resoluções da própria
agência, bem como portarias do Inmetro, que esclarecem procedi-
mentos de aprovação das embalagens.
Como os critérios de proteção da NBR 17505 são baseados em
configurações específicas, o projetista tem de observar todas as
características normativas. Assim, como exemplo, quando adotado
o sistema de proteção por chuveiros automáticos para recipientes
do tipo com alívio de pressão, com capacidade entre 25 l e 450 l,
devem ser adotados os seguintes cuidados, conforme item 24.1.6
da NBR 17505, parte 4:

a) o mecanismo de alívio de pressão deve ser garantido pelo


fabricante;
b) o mecanismo não pode ser pintado e os selos, se utilizados,
devem ser feitos de material termoplástico;
c) para recipientes metálicos com capacidade superior a 25 L, o
mecanismo de alívio de pressão deve ser do tipo desobstruído ou
um mecanismo de alívio de pressão adicional deve ser previsto.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS)

67
Adicionalmente, no caso de recipientes intermediários para
granel (IBCs) não metálicos e rígidos protegidos conforme as tabe-
las A.21 e A.22 da NBR 17505, parte 4, os fabricantes das embala-
gens devem garantir que tenham um desempenho aceitável para
armazenamento interno.
Os requisitos volumétricos da NBR 17505, parte 4, podem
ainda ser limitados ou ampliados pelos diversos itens da própria
norma nos diversos cenários e arranjos de armazenamento possí-
veis. Exemplo desta limitação é o item 5.3.1 da NBR que segue:

5.3.1 Líquidos miscíveis em água de classe IB e classe IC


podem ser armazenados em recipientes de plástico de até 230
L de capacidade, se armazenados e protegidos de acordo com
o item 24.3.2.7. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS)

Observe que a tabela A.1 (tabela 9 deste trabalho) da norma


brasileira estabelece limites menores para alguns casos de arma-
zenamento dos líquidos classe IB e IC em recipientes de plástico,
porém o item 5.3.1 restringe esses limites para o caso específico
de líquidos miscíveis em água. Outros casos semelhantes ocorrem
na NBR.
Uma ressalva cabe em relação ao item 5.3.1 da NBR, mencio-
nado no parágrafo anterior, em relação à nota “b” da tabela A.1
(tabela 9 deste trabalho), pois esta remete a ela própria enquanto
o correto seria remeter ao mesmo item 24.3.2.7 previsto no texto
do item 5.3.1.
Contudo, no Brasil, o engenheiro que desenvolve o trabalho
encontrará grande dificuldade de obter informações precisas sobre
os recipientes nos quais os líquidos inflamáveis estão armazena-
dos, dado que dificilmente os catálogos dos produtos trazem todas
as informações.
Não obstante, o usuário do sistema e detentor do armazém de
líquidos inflamáveis deverá ser muito bem orientado quanto às
limitações do projeto e normativas às quais estará sujeito, para

68
que após a instalação não sejam armazenados produtos em emba-
lagens fora dos limites previstos no dimensionamento.
Tal item deve, ainda, ser objeto de atenção por parte do serviço
de vistoria e aprovação dos Corpos de Bombeiros estaduais a fim
de que se garanta um correto funcionamento e se evitem danos a
pessoas e patrimônio.

6.2 Arranjos aceitáveis

O arranjo dos produtos é a forma de acondicionamento destes


no espaço físico em que estarão armazenados. Tal característica
do armazenamento é crucial para definição da proteção contra
incêndio, pois interfere diretamente na forma como o fogo se pro-
paga pela estrutura e na forma como o agente extintor atuará.
Os líquidos inflamáveis e combustíveis podem ser armazena-
dos nos seguintes arranjos:
• pilhas sólidas;
• paletizados;
• estantes; e
• estruturas porta-páletes (racks).
Tais arranjos podem ser elaborados em diversas áreas; a
NBR 17505, parte 4, traz os seguintes locais de armazenamento
distintos:
• áreas controláveis;
• cubículos (containers);
• armários;
• áreas comerciais;
• armazéns em geral; e
• armazéns de líquidos.
A NBR 17505, parte 4, por tratar-se de uma norma específica
que complementa a NFPA 13 no que tange ao armazenamento de

69
líquidos inflamáveis, não importou da NFPA 13 todos os concei-
tos atinentes aos diversos arranjos. Nem as NBR 10897 e 13792,
nem a ITCB 24/2011 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do
Estado de São Paulo importaram tais conceitos. Logo, para a con-
ceituação desses itens, é obrigatória a consulta à NFPA 13.

6.2.1 Páletes vazios

A presença de páletes vazios em áreas de armazenamento é


comum, devido à logística natural dos empreendimentos. Por esse
motivo, as normas que regem os sistemas de chuveiros automáti-
cos trazem seções específicas para este tipo de material.
Na NBR 17505, parte 4, há seção destinada a páletes vazios ou
fora de uso. Estes devem atender às exigências da ITCB 24/2011
(no estado de São Paulo ou nos estados que adotam a norma) ou
na NFPA 13. Porém, caso o armazenamento de páletes for neces-
sário no interior de uma edificação que armazene líquidos, este
deve ser limitado a pilhas com no máximo 230 m² e com altura
máxima de armazenamento de 2 m, bem como deve estar a no
mínimo 2,4 m de distância do estoque de líquidos, independente-
mente das demais regras da ITCB 24/2011 ou da NFPA 13.

6.2.2 Armazenamento em pilhas sólidas

As pilhas sólidas constituem um armazenamento contínuo de


mercadorias empilhadas umas sobre as outras, conforme descrito
no item 3.9.2.7 da NFPA 13. Este armazenamento caracteriza-se
pela pouca circulação interna de ar, dificultando a propagação do
incêndio em seu interior; portanto, a norma exige critérios de pro-
teção mais brandos que os adotados para os demais arranjos, con-
forme exemplo na figura 9.
Na NBR 17505, as pilhas sólidas são, em geral, englobadas
pelo conceito de “empilhadas”, “empilhamento” ou simplesmente
“pilhas”, tais como nos títulos de algumas tabelas da seção 24.

70
Figura 9. Armazenamento de tambores em pilha sólida

Fonte: Polk Bookoo.

O armazenamento em pilhas sólidas sem chuveiros automá-


ticos deve apresentar dimensões mantenham corredores entre
pilhas de no mínimo 1,2 m; quando protegido por chuveiros, os
corredores devem ter no mínimo 1,8 m. Em ambos os casos os
corredores principais deverão ter no mínimo 2,4 m de largura e
qualquer recipiente no interior das pilhas sólidas deve estar a não
mais de 6 m de distância de um destes corredores principais.
Para os líquidos de classe IIIB, a distância entre pilhas sólidas
desprotegidas (sem chuveiros automáticos) pode ser reduzida de
1,2 m para 0,6 m, desde que ocorram reduções proporcionais na
altura máxima de armazenamento e na quantidade máxima por
pilha de acordo com a tabela A.9. da NBR 17505, parte 4.
O armazenamento empilhado limita a capacidade dos reci-
pientes. Por exemplo, aqueles com capacidade maior que 120 l
que contenham líquidos de classe I ou de classe II não podem ser

71
empilhados, exceto se protegidos de acordo com o item 24 da NBR
17505, parte 4.

6.2.3 Armazenamento em paletizado

O armazenamento paletizado consiste em um armazenamento


de mercadorias em páletes ou outros dispositivos de armazena-
mento que formam espaços horizontais entre níveis de armaze-
namento. Portanto, permite a movimentação lateral do ar, calor e
fumaça, sendo mais propícia a propagação do fogo em seu interior
que no armazenamento em pilhas sólidas, conforme exemplo da
figura 10.

Figura 10. Armazenamento de tambores paletizados

Fonte: Nuroil Trading.

Assim como o armazenamento em pilhas sólidas, o armaze-


namento paletizado sem chuveiros automáticos deve ter dimen-
sões que mantenham corredores entre estantes de no mínimo 1,2
m. Já aqueles protegidos por chuveiros devem ter corredores de no
mínimo 1,8 m. Em ambos os casos, os corredores principais deverão
ter no mínimo 2,4 m de largura e qualquer recipiente no interior

72
dessas estantes deve estar a não mais de 6 m de distância de um
dos corredores principais.

6.2.4 Armazenamento em estantes

Estantes, conforme NFPA 13, consistem em estruturas meno-


res ou iguais a 750 mm de profundidade separadas por corredo-
res de no mínimo 750 mm de largura. Durante a leitura da NBR
17505 e NFPA 30, deve-se ter cuidado especial com o termo “prate-
leira”, pois ele também é usado para denominar a parte horizontal
da estrutura porta-pálete onde é colocada a mercadoria. Porém,
quando as normas se referem à estrutura porta-pálete, o título
da tabela ou do item refere-se à estrutura porta-pálete (rack), e
não às estantes, sendo que neste segundo caso deve ser entendido
como o conceito acima. Veja exemplo de estante na figura 11.

Figura 11. Exemplo de estante

Fonte: Efacil.

73
Também se enquadram no conceito de estante aquelas descri-
tas pela NFPA 13 como back-to-back. São duas estantes sólidas ou
perfuradas de até 750 mm de profundidade cada, não excedendo
uma profundidade total 1,5 m, separadas por uma barreira vertical
longitudinal sem espaço de combustão longitudinal e com altura
de armazenamento máxima de 4,6 m.

Figura 12. Exemplo de estante back-to-back

Fonte: Alibaba.

6.2.5 Armazenamento em estrutura porta-pálete

Conforme NFPA 13, uma estrutura porta-pálete, também


conhecida pelo nome em inglês rack, é qualquer combinação de
membros verticais, horizontais e diagonais que ofereçam suporte
a materiais armazenados. Portanto, trata-se de um conceito amplo
que, devido às necessidades do mercado, acaba tendo uma grande
variedade de modelos.
Por consequência, uma estrutura porta-pálete pode ter prate-
leiras sólidas, com ripas ou sarrafos, ou ser aberta. As estruturas

74
podem ser fixas, portáteis ou móveis. A colocação do material pode
ser manual ou feita usando-se empilhadeiras. A colocação do
material pode ainda ser automática, usando-se sistemas de arma-
zenamento e remoção da mercadoria controlados por máquinas.
Elas são construídas em geral em aço e suas dimensões podem
variar muito. Suas filas podem ser simples, duplas ou múltiplas,
com ou sem prateleiras sólidas. A mercadoria-padrão utilizada na
maioria dos armazenamentos no Brasil tem dimensões de 1 m x
1,2 m (um pálete); contudo, a NBR 17505 e a NFPA 30 adotam
dimensões de 1,5 m x 1,5 m para um pálete.
Seguem alguns dos muitos exemplos de estruturas porta-pále-
tes que podem ser encontradas:
• Estrutura porta-páletes simples são aquelas que não têm
espaço de combustão longitudinal e têm profundidade
de até 1,8 m, com corredores com uma largura de 1,1 m.
Uma exceção é quando uma estrutura porta-pálete de fila
única com uma profundidade de até 1,8 m está localizada a
menos de 600 mm de uma parede, sendo este considerado
um espaço de condução longitudinal, e a estrutura deve ser
tratada como estrutura porta-pálete de filas duplas. Veja
exemplo na figura 13.
• Estrutura porta-pálete de filas duplas é aquela que tem
duas posições de paletes de profundidade. Os páletes são
suportados por barras paralelas ao corredor. Qualquer
número de páletes pode ser suportado por um par de bar-
ras. São estruturas menores ou iguais a 300 mm de pro-
fundidade ou estruturas de uma única linha, colocados de
costas para trás, com uma profundidade agregada de até

75
300 mm, com corredores com uma largura de até 1,8 m.
Veja exemplo na figura 13.

Figura 13. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes de


fila única e duplas

Fonte: Mecalux.

• Estruturas porta-páletes múltiplas são aquelas que têm


mais do que duas posições de paletes de profundidade,
medidas a partir do corredor. Essas estruturas incluem
aquelas nas quais empilhadeiras podem adentrar por um
lado (drive-in rack), aquelas nas quais as empilhadeiras
podem atravessar de um lado para outro (drive-through
racks), aquelas com inclinações que permitem o material
ser colocado de um lado e retirado por outro (flow-through
racks), estruturas portáteis dispostas da mesma maneira e
estruturas porta-páletes de fila única ou dupla, convencio-
nais ou automáticos com corredores menores que 1,1 m de
largura. Vide exemplo nas figuras 14, 15 e 16.

76
Figura 14. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete de
filas múltiplas drive-in rack

Fonte: Romstor Projects.

• Estruturas porta-páletes móveis são aquelas colocadas em


trilhos fixos que podem ser movidos para frente e para trás
somente em um plano horizontal bidimensional de modo
que um corredor móvel é criado, permitindo a carga e des-
carga de uma prateleira, depois é movido para o outro lado
do corredor para encostar em outra estrutura porta-pálete.
Devem ser tratadas para fins de proteção como estruturas
porta-páletes múltiplas. Veja exemplo na figura 15.

77
Figura 15. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete
múltipla móvel

Fonte: Mecalux.

• Estruturas porta-páletes de armazenamento automático


são aquelas nas quais a mercadoria é suportada por dois
trilhos perpendiculares ao corredor e levadas à posição de
armazenamento por sistema automático. Estas estruturas
podem ser simples, duplas ou múltiplas. Veja exemplo na
figura 16.

78
Figura 16. Exemplo de armazenamento em estrutura porta-pálete de
filas múltiplas automatizada

Fonte: Bowen Group.

• Estruturas porta-páletes cantilever são aquelas nas


quais a carga é suportada em braços que se estendem
horizontalmente a partir de colunas. A carga pode descansar
nos braços ou nas prateleiras apoiadas pelos braços. Estas
estruturas podem ser simples ou duplas e, caso adotado o
sistema móvel, poderá ser múltipla também. Veja exemplo
nas figuras 17 e 18.

79
Figura 17. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes
cantilever simples e duplas móveis

Fonte: Mecalux.

Figura 18. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes


cantilever simples e duplas fixas

Fonte: Mecalux.
80
• Estrutura porta-páletes portáteis são aquelas que não
são fixadas no local e podem ser organizadas em qualquer
número de configurações, podendo ser armazenadas como
estruturas simples, duplas ou múltiplas. Veja exemplo na
figura 19.

Figura 19. Exemplo de estrutura porta-páletes portátil

Fonte: Heavy Duty Pallet Racking.

Independentemente do tipo de estrutura porta-pálete adotado,


quando o armazenamento se der sem chuveiros automáticos, os
corredores entre as estruturas devem ser de no mínimo 1,2 m; no
entanto, aqueles protegidos por chuveiros devem ter corredores
de no mínimo 1,8 m, exceto se previsto de forma diferente no item
24 da NBR 17505, parte 4. Quando não for descrito o contrário no
mesmo item da NBR, adotadas estruturas porta-páletes de fila
única, os corredores não podem ter mais de 1,4 m de largura e, no
caso de estruturas porta-páletes de filas duplas, não podem ter
mais que 2,8 m de largura.

81
6.2.6 Diferenças entre área controlável, sala de
armazenamento, armazém de uso geral e um armazém de
líquidos

A NBR 17505, parte 4, repete constantemente os termos


“área controlável”, “sala de armazenamento”, “armazém de uso
geral” e “armazém de líquidos”, sendo muito importante para a
compreensão da norma o correto entendimento dos conceitos de
cada um deles.
A área controlável é a unidade básica do armazenamento de
líquidos inflamáveis, tendo um conceito amplo, conforme item 3.4
da NBR 17505, parte 1:

Edificação ou parte de uma edificação onde líquidos inflamáveis


ou combustíveis possam ser armazenados, envasados, utiliza-
dos ou manuseados em quantidades que não excedam as quan-
tidades máximas permitidas. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Por ser um conceito amplo, ela é a medida básica do limite de


armazenamento em muitos casos, sendo usada como parâmetro
para diversas ocupações, tais como hotéis, hospitais, laboratórios,
entre outros, cuja ocupação não seja a comercialização ou o arma-
zenamento de líquidos, mas que necessitem operacionalmente
armazenar pequenas quantidades de produtos, conforme tabela
A.2 da NBR 17505, parte 4 (vide tabela 10 deste trabalho).

82
Tabela 10. Quantidade máxima permitida de líquidos inflamáveis e
combustíveis por área controlável de armazenamento
Classes de líquidos Quantidade L Notas
IA 115 1e2
Líquidos inflamáveis IB e IC 460 1e2
IA, IB e IC combinados 460 1, 2 e 3
II 460 1e2
Líquidos combustíveis IIIA 1265 1e2
IIIB 50600 1, 2 e 4
NOTA 1 As quantidades podem ser aumentadas em 100% onde o armazenamen-
to for em gabinetes (armário de segurança) aprovados ou em latões de seguran-
ça, de acordo com a legislação aplicável. Onde a Nota 2 também for aplicada,
o aumento permitido para ambas as notas pode ser aplicado cumulativamente.
NOTA 2 As quantidades podem ser aumentadas em 100% se o armazenamento
for em edificações equipadas com um sistema de chuveiros automáticos insta-
lados de acordo com a ABNT NBR 10897 ou NFPA 13. Se a Nota 1 também for
aplicada, o aumento para ambas as notas pode ser aplicado cumulativamente.
NOTA 3 A quantidade armazenada de líquidos de classe IA não pode ultrapassar
115 l.
NOTA 4 As quantidades armazenadas são ilimitadas em uma edificação equipa-
da com um sistema de chuveiros automáticos instalados de acordo com a ABNT
NBR 10897 ou NFPA 13 e projetada de acordo com os critérios de proteção
contidos na Seção 24.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Para armazenamento de volumes maiores que o de uma área


controlável, devem ser adotadas salas de armazenamento de
líquidos. Para entendimento do conceito desta, temos que enten-
der uma divergência ocorrida na adaptação da NFPA 30 para a
NBR 17505. A NFPA 30 chama estes locais de liquid storage room;
a NBR 17505 adaptou tal termo para “sala de armazenamento
de líquidos”; contudo, comparando o conceito da NFPA com o da
NFPA, observa-se que no item 3.37 da parte 1 da NBR o termo
foi adaptado para “espaço interno”. Assim, o conceito trazido pelo
item 3.37 da NBR é:

83
Espaço totalmente fechado dentro de uma edificação, em que
as paredes não faceiem com o ambiente externo da edificação,
que seja utilizado no armazenamento de líquidos inflamáveis e
combustíveis em recipientes, recipientes intermediários para
granel e tanques portáteis, cuja área útil não exceda 45 m2.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Portanto, tanto o termo “sala de armazenamento interno”


encontrado na parte 4 da NBR 17505 como o termo “espaço
interno”, encontrado na parte 1, referem-se ao termo liquid storage
room encontrado na NFPA 30.
A sala de armazenamento tem limites de armazenamento, con-
forme tabela A.8 da NBR, os quais são superiores aos de uma área
controlável, servindo de alterativa também para armazenamento
de produtos em armazéns gerais.
Adicionalmente a NBR 17505, parte 1, conceitua no item 3.8 o
termo “armazém geral” como:

Edificação separada, isolada ou parte de uma edificação usada


somente para operações classificadas como ocupação de “arma-
zenamento de baixo risco” ou armazém geral, de acordo com o
código de obras. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013)

Todavia, o conceito “armazenamento de baixo risco” não existe


na norma, bem como ao mencionar o termo “código de obras” o
leitor pode compreender que este se trata de um código de obras
convencional do município onde o empreendimento se localiza.
Assim, para sanar as referidas dúvidas, deve ser consultada a
norma-base, NFPA 30, a qual conceitua “armazém de propósitos
gerais” como:

Uma construção separada, isolada ou parte de um prédio usado


apenas para operações de armazenagem e ocupação classi-
ficada como “armazenamento de baixo risco” ou “armazena-
mento de risco normal” pelo código de construção e pela NFPA
101, Código de Segurança de Vida (grifos do autor). (Tradução
da NFPA, 2016)

84
Observe que o conceito trazido pela NFPA 30 abrange uma ocu-
pação classificada como “armazenamento de risco normal”, e não
somente um “armazenamento de baixo risco”, como trazido pela
NBR 17505. O conceito da norma americana especifica que os termos
“baixo risco” e “risco normal” devem ser os definidos pela NFPA 101;
já a NBR 17505 menciona o código de obras, porém não há um código
de obras único no Brasil, porque em geral estes são municipais e não
trazem menção à classificação do risco de incêndio. Por consequência,
se o projetista tentar seguir o conceito da norma nacional, pode ter
dificuldade de entender o que vem a ser um armazém geral.
Utilizar as normas dos Corpos de Bombeiros estaduais poderia
ser a alternativa mais próxima para classificar riscos na norma-
tização brasileira, visto que em geral essas normas usam como
parâmetro para classificar o risco de incêndio a carga incêndio
dos materiais armazenados. Porém, a NFPA 101 tem um conceito
mais amplo, que leva em consideração não somente a carga incên-
dio média do ambiente, mas também o risco relativo de início do
fogo, os riscos da fumaça ou gases gerados e o risco de explosão ou
outra ocorrência potencialmente ameaçadora à vida e à segurança
dos ocupantes do edifício ou da estrutura.
A classificação também não é feita apenas consultando tabe-
las, mas por uma análise de risco realizada por um profissional
habilitado e pelo proprietário do empreendimento, sendo depois
submetida a autoridade competente, em fase prévia ao projeto.
Tais procedimentos são inviáveis no Brasil devido à estrutura dos
Corpos de Bombeiros.
Segundo a NFPA 101, os conteúdos de baixo risco de uma
edificação são aqueles de baixa combustibilidade que não podem
resultar em incêndios autopropagativos e os conteúdos de risco
normal de uma edificação são aqueles que provavelmente quei-
marão com rapidez moderada ou para libertar um volume consi-
derável de fumaça.
A NFPA classifica ainda o conteúdo de alto risco de uma edifi-
cação como aqueles susceptíveis a queimar com extrema rapidez

85
ou cujas explosões são prováveis. Portanto, esse tipo de conteúdo
não se enquadra na definição de armazéns gerais utilizada na
NFPA 30.
Quanto ao conceito de “armazém para líquidos”, o item 3.9 da
NBR 17505, parte 1, apresenta um texto muito semelhante àquele
definido na NFPA 30, ou seja:

Uma edificação separada, isolada ou anexa, usada para opera-


ções de armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
cuja extensão da parede externa tenha no mínimo 25% do perí-
metro do edifício. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013)

Uma das principais distinções entre um armazém de uso geral


e um armazém de líquidos é que o primeiro trabalha com uma
variedade de produtos combustíveis, sendo que parte pode ser de
líquidos inflamáveis ou combustíveis, enquanto o último trabalha
com líquidos quase que exclusivamente. As exigências de proteção
que regem cada tipo podem variar significativamente.
A diferença das limitações volumétricas entre os dois tipos de
armazéns é uma das maiores diferenças entre as exigências nor-
mativas. Os armazéns de uso geral observam regras específicas e
devem seguir limites específicos de armazenamento descritos na
tabela A.2 ou no item 20.4 da NBR 17505, parte 4. A tabela 11
resume os limites descritos no item 20.4 da NBR 17505, parte 4.

86
Tabela 11. Resumo dos limites de armazenamento do item 20.4 da NBR
17505, parte 4

Volume Altura máxima


Classe de Volume total Altura máxima
máximo do da estrutura
líquidos máximo da pilha
recipiente porta-pálete

IA xxx xxx xxx xxx


IB 5l 2500 l 2,2 m xxx
IC 5l 2500 l 2,2 m xxx
II 20 l 5200 l 3,3 m xxx
IIIA 250 l 10400 l 3,3 m 3,3 m
IIIB 1000 l 52000 l 4,5 m 4,5 m
Fonte: o autor.

Observe que há um escalonamento entre a tabela A.2 (tabela


10 deste trabalho) e o item 20.4 da NBR. Então, um armazém de
uso geral cujo volume armazenado de líquidos inflamáveis e com-
bustíveis seja de até o limite da tabela A.2 poderá não ter chuvei-
ros automáticos, sendo que, possuindo tal sistema poderá dobrar
este volume, conforme nota 2 da tabela. Por outro lado, o arma-
zém geral que ultrapasse o volume da tabela A.2 obrigatoriamente
deverá contar com sistema de chuveiros automáticos, conforme
NFPA 13 (para alturas de até 6 m para produtos sólidos combustí-
veis em geral) ou conforme item 24 da NBR 17505, parte 4, sendo
que mesmo com chuveiros automáticos deverá cumprir limite de
estocagem conforme a tabela 11 deste trabalho (item 20.4 da NBR
17505, parte 4).
Para os armazéns de líquidos, os limites volumétricos são
maiores, havendo dois parâmetros. Se os volumes de armazena-
mentos estiverem dentro do limite da tabela A.9 (tabela 6 deste
trabalho) o armazém de líquidos estará dispensado do sistema de
chuveiros automáticos. No entanto, se tiver sistema de chuveiros
automáticos, não haverá limites de armazenamento.
É importante dizer que, apesar de o armazém de líquidos se
destinar ao armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis,

87
não é proibido que este tenha quantidades limitadas de materiais
combustíveis comuns, todavia os materiais diferentes daqueles
utilizados para embalar líquidos devem estar separados do
armazenamento dos líquidos por uma distância mínima de 2,4 m
horizontalmente, por corredores ou por estruturas porta-páletes
vazias, e devem estar protegidos de acordo com o item 24 da NBR
17505, parte 4.
Resumidamente, por exemplo, tomando um depósito de uma
transportadora qualquer que armazene produtos em geral e líqui-
dos combustíveis e inflamáveis, temos as seguintes opções:
• Não prever chuveiros automáticos e armazenar o limite
permitido para uma área controlável, conforme tabela A.2
da NBR 17505, parte 4.
• Prever sistema de chuveiros automáticos, conforme NFPA
13 ou item 24 da NBR 17505, parte 4, e ampliar o limite
de produtos armazenados para o previsto no item 20.4 da
mesma norma (tabela 11 deste trabalho).
• Criar uma sala de armazenamento interno e armazenar o
limite previsto na tabela A.8 da NBR 17505, parte 4.
• Criar um armazém de líquidos separado ou anexo ao arma-
zém dos demais produtos e sem chuveiros automáticos,
obedecendo os limites de armazenamento da tabela A.9 da
NBR 17505, parte 4.
• Criar um armazém de líquidos separado ou anexo ao arma-
zém dos demais produtos e com chuveiros automáticos con-
forme item 24 da NBR 17505, parte 4, sem limite máximo
de armazenamento.

6.2.7 Áreas comerciais

As áreas comerciais aparecem em uma seção própria na NBR


17505, não se enquadrando nos casos previstos no item anterior
deste capítulo do trabalho. Elas se diferenciam em especial por

88
haver uma tabela exclusiva com limites de armazenamento, não
se aplicando a tabela A.9 da NBR 17505, parte 4, mas sim a tabela
A.7 da mesma norma.
A tabela A.7 define limites diferenciados de armazenamento
também para áreas comerciais com chuveiros automáticos (pro-
teção automática, conforme denominado pela tabela A.7). Esta
tabela faz distinção inclusive entre as áreas protegidas con-
forme a NBR 10897 e NFPA 13 daquelas protegidas conforme
a NFPA 30.
Essa diferenciação poderia levar o leitor a entender que peque-
nas quantidades de líquidos poderiam ser protegidas pela NBR
10897 ou NFPA 13, mas na verdade esta opção somente será ado-
tada quando assim for permitido pelo item 24 da NBR 17505,
parte 4. Pois, mesmo que haja intenção do projetista em adotar as
normas gerais para chuveiros automáticos, estas não têm parâ-
metros adequados para os líquidos inflamáveis.

6.2.8 Propagação do fogo em uma estrutura porta-pálete

A propagação do fogo em uma estrutura porta-pálete depende


do leiaute adotado, da mercadoria armazenada e da constituição
da prateleira. Essas configurações interferem na propagação do
fogo na medida em que alteram os espaços de combustão exis-
tentes no interior da estrutura porta-pálete, os quais podem ser
horizontais ou transversais.
Espaço de combustão longitudinal é aquele entre as pratelei-
ras de armazenamento, perpendicular à direção do carregamento.
Por sua vez, o espaço de combustão transversal é aquele entre as
filas de armazenamento paralelo à direção do carregamento.
A área da superfície horizontal de uma prateleira em uma
estrutura porta-pálete é aquela definida pelo corredor perimetral
ou pelos espaços de combustão de 150 mm em todos os quatro
lados, ou pela colocação de cargas que bloqueiam as aberturas que
de outra forma serviriam para a propagação das chamas.

89
A mercadoria é armazenada na estrutura porta-pálete sobre
as prateleiras as quais podem apresentar diversas configurações,
sendo as mais comuns as prateleiras abertas, prateleiras sólidas e
prateleiras com sarrafos ou ripas.
Para que uma prateleira seja considerada sólida (ver exemplo
da figura 20), ela pode ser fixa no lugar, constituída de sarrafos,
malha de arame, ou outro tipo de material, desde que localizada
dentro da área de prateleira com menos de 50% de abertura livre.
A área de uma prateleira sólida é definida pelo corredor perimetral
ou espaço de combustão em todos os quatro lados ou pela colocação
de cargas que bloqueiam as aberturas que, de outra forma, servi-
riam como espaços de combustão necessários. As prateleiras com
uma área igual ou inferior a 1,9 m² são definidas como estruturas
porta-páletes abertas. Prateleiras de malha de arame, sarrafos
ou outros materiais com mais de 50% em área aberta e onde os
espaços de combustão são mantidos são definidos como estruturas
porta-páletes abertas.

Figura 20. Exemplo de armazenamento em estruturas porta-páletes


com prateleiras sólidas

Fonte: International Storage Solutions.

Por sua vez, barreira horizontal é um obstáculo fixado na posi-


ção horizontal que cobre toda a área da estrutura porta-pálete,

90
incluindo todos os espaços de combustão em determinada altura,
para evitar a propagação do fogo vertical.

6.2.9 Mercadoria encapsulada e cartonada

O encapsulamento e o cartonamento, formas de embalar a


mercadoria que interferem na propagação do incêndio e no com-
bate às chamas, serão definidos neste item.
O encapsulamento, conforme a NFPA 13, é um método de emba-
lagem que consiste em produtos combustíveis embalados indivi-
dualmente em folhas de plástico e armazenados expostos em uma
carga de páletes. Pode também consistir em uma folha de plástico
que envolve completamente os lados e o topo de uma carga de
páletes contendo uma mercadoria combustível, uma embalagem
combustível, um grupo de produtos combustíveis ou embalagens
combustíveis (ver exemplo da figura 21).
Observe que o conceito exige que a folha plástica cubra o topo
da mercadoria, sendo que a folha plástica que cobre o topo da mer-
cadoria não pode ter mais de 50% de área aberta.

91
Figura 21. Exemplo de armazenamento de mercadorias encapsuladas

Fonte: NFPA.

Por outro lado, uma mercadoria será considerada cartonada


quando estiver embalada por papelão ondulado ou cartão envol-
vendo completamente a mercadoria.

6.2.10 Classificação dos plásticos

O objetivo deste trabalho não inclui entender a proteção dos


plásticos; porém por diversas vezes a NBR 17505, parte 4, deter-
mina que alguns líquidos em situações específicas sejam protegi-
dos com plásticos. Assim, cabe aqui uma breve revisão dos concei-
tos dos plásticos mencionados.
Segundo o item 3.9.1.12 da NFPA 13, define que:

3.9.1.12 Plástico expandido (espuma ou celular). Aqueles plás-


ticos, cuja densidade é reduzida pela presença de numerosas

92
cavidades pequenas (células), interligadas ou não, dispersas
através de sua massa. (Tradução da NFPA, 2016)

Por sua vez, o item 3.9.1.12 da NFPA 13 define que:

3.9.1.13 Mercadorias de plástico Grupo A exposto. Esses plás-


ticos não estão em embalagens ou revestimentos que absorvem
água ou retardam consideravelmente o risco de queima da mer-
cadoria. (O papel enrolado ou encapsulado, ou ambos, devem
ser considerados expostos). (Tradução da NFPA, 2016)

Ciente desses conceitos, os casos em que a norma determina a


proteção utilizando critérios semelhantes aos dos plásticos grupo
A são os que seguem:
• os líquidos viscosos armazenados em recipientes não metá-
licos;
• os líquidos não viscosos de classe I, não miscíveis em água,
em recipientes não metálicos menores que 28 gramas,
embalados em camada dupla de papelão; e
• os líquidos miscíveis em água, em recipientes não metáli-
cos maiores que 5 l, com concentração maior que 20% e ≤
50%, não estocados em estruturas porta-páletes.
Para esses casos, após a consulta da NBR 17505, parte 4, o
projetista será remetido para a NFPA 13, devendo observar os
parâmetros de cálculo exigidos para os plásticos grupo A naquela
legislação, inclusive as características de arranjo.
Armazenamento protegido
Por vezes, a NBR 17505, parte 4, e a NFPA 30 mencionam o
termo “armazenamento protegido”; para essas normas, o termo
significa que o local tem um sistema de chuveiros automáticos
dimensionados conforme as partes específicas dessas legislações,
ou seja, a seção 24 para a NBR 17505, parte 4, ou o capítulo 16
para a NFPA 30.

93
Ambas mencionam que outros meios alternativos de prote-
ção aprovados pelo Corpo de Bombeiros local podem ser aceitos
como armazenamento protegido; porém, na legislação do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, não há opções em substituição
ao chuveiro automático, e os demais que não adotam a norma do
estado de São Paulo remetem diretamente à NBR 17505 e não
têm normas específicas que apresentem opções.
O conceito de armazenamento protegido aplica-se a todas as
tabelas e partes dessas normas, mas alguns outros pontos devem
ser observados para que o armazenamento seja considerado pro-
tegido:
• Os recipientes IBCs rígidos e não metálicos devem ser
submetidos a um ensaio de fogo que demonstre seu
desempenho aceitável para a condição de armazenamento
interno com chuveiros automáticos e devem ser
adequadamente identificados com a marcação da
homologação do ensaio. Porém, este pré-requisito específico
é dificilmente observado no mercado brasileiro.
• Caso usado um recipiente de sobre-embalagem, este deve
ser fabricado com material compatível com o produto que
esteja armazenado no recipiente original, levando em con-
sideração que recipiente de sobre-embalagem é um reci-
piente utilizado para acondicionar outro danificado ou com
vazamento.
O volume de produtos acondicionados nos armazéns de líqui-
dos protegidos é ilimitado e, para a maioria dos casos, a NBR per-
mite o armazenamento desprotegido, porém limitando os volumes
permitidos.
Para locais diversos dos armazéns de líquidos, a NBR adota
outros critérios quando protegidos ou não; por exemplo: os líqui-
dos das classes II e IIIA somente poderão ser armazenados em
porões ou subsolos quando protegidos.

94
6.4 Linhas de mangueira

“Linhas de mangueira” ou “conexões de mangueira” são ter-


mos usados pela NBR 17505, parte 4, para designar o sistema de
hidrantes prediais.
Os sistemas de hidrantes são um ponto de divergência entre
a NBR 17505 e outras normas estaduais de prevenção contra
incêndio, pois em geral nas normas estaduais já existem tabelas
próprias para dimensionar os sistemas de hidrantes prediais, e a
NBR traz outro critério no item 10.2.6.
Para a norma brasileira, deve ser prevista uma vazão de no
mínimo 1900 lpm por um período mínimo de duas horas para ali-
mentação do sistema de hidrantes, o que supera na maioria dos casos
os sistemas de hidrantes previstos nas normas estaduais, resultando
em uma reserva de incêndio de 228 m³ para todos os casos.
Este autor recomenda que seja feita uma compatibilização do
projeto a ambas as normas, adotando-se sempre o critério mais
rigoroso de vazão, pressão e reserva de incêndio entre estas, de
modo que o sistema esteja correto sob a ótica de qualquer órgão
fiscalizador ou homologador.

6.5 Contenção e drenagem

Os líquidos possuem a característica de adaptar sua forma


ao recipiente que os contém. Logo, em caso de um possível vaza-
mento, o líquido se espalhará por toda a superfície da área que o
contém, salvo se meios de contenção o impeçam.
Porém, o líquido inflamável e a água utilizada no combate a
um possível foco de incêndio, mesmo contidos, caso não drenados
para uma área segura, poderão constituir risco às demais estrutu-
ras e aos bens, devendo o projeto buscar formas de drená-los para
o exterior da edificação.

95
Tais meios de contenção e drenagem podem ser obtidos de
diversas maneiras, sendo as principais formas definidas pela NBR
17505:

a) soleiras, guias, rampas ou lombadas não combustíveis e


estanques, com altura adequada e com drenagem para o exte-
rior;
b) soleiras, guias, rampas ou lombadas não combustíveis e
estanques, com altura adequada e com drenagem para caixas
internas;
c) pisos com caimento;
d) canaletas abertas ou com grades ou pisos com caimento
conectados a um sistema de drenagem;
e) aberturas nas paredes que descarreguem para um local
seguro ou para um sistema de drenagem. (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

A ITCB 25/2011, por sua vez, apresenta um único meio de con-


tenção permitido, que é a construção de canaletas circundando a
área de depósito, com profundidade mínima de 0,15 m e largura
de no mínimo 0,2 m, de forma a conduzir o produto extravasado
para bacia de contenção exterior à edificação.
Porém, independentemente da forma de contenção adotada,
esta deve trabalhar em conjunto com o sistema de chuveiros auto-
máticos. Para tanto, a área máxima delimitada pelo sistema de
contenção deve ser idêntica à área de cálculo do sistema de chu-
veiros automáticos.
Do contrário, o incêndio poderá espalhar-se para uma área
superior à área de atuação do sistema de chuveiro automático,
fazendo com que um número superior de bicos de chuveiros auto-
máticos seja acionado e, consequentemente, superando a capaci-
dade da bomba de incêndio e do reservatório de incêndio, tornando
o sistema ineficiente. Essa característica pode ser bem observada
nas figuras que seguem:

96
Figura 22. Vista em planta do controle de líquidos em armazéns

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

97
Figura 23. Arranjo típico de drenos de piso

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Observe que, caso adotado o sistema de contenção definido


pela ITCB 25/2011 em uma área com chuveiros automáticos, a
área de operação deste sistema deverá ser estendida até os limites
da área de armazenamento, acompanhando desta forma o dese-
nho das canaletas, tornando o sistema muito mais robusto e por
vezes inviável.

98
Acrescenta-se que a contenção não é exigida para todas as ocu-
pações onde houver líquidos inflamáveis nas quais for prevista
proteção por chuveiros automáticos, pois a NBR 17505-4 prevê
algumas exceções para as quais será dispensada. Essas situações
são descritas na figura A.5 da referida norma, a qual consiste em
um fluxograma que direciona para a necessidade ou não da con-
tenção.
Neste caso, um cuidado especial tem que ser tomado em rela-
ção à referida figura, pois há um equívoco na adaptação feita a
partir da figura 16.8.1 da NFPA 30. Na NBR há uma questão com
os seguintes dizeres: “todos os líquidos estão armazenados em
recipientes como definidos em 3.4”. Enquanto a tradução do texto
da NFPA seria: “Todos os líquidos são resinas de poliéster insatu-
radas como definido em 16.2.4?” (Are all liquids UPRs as defined in
16.2.4?). Observe a divergência nas figuras 24 e 25 que seguem.

99
Figura 24. Inconsistência no fluxograma da figura A.5 da NBR 17505,
parte 4

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

100
Figura 25. Trecho do fluxograma da figura 16.8.1 da NFPA 30

Fonte: NFPA.

Caso seja seguido o texto atualmente em vigor na NBR 17505-


4, o leitor poderia ter um entendimento de que a norma está se
referindo ao recipiente, e não ao produto em si. Neste caso a con-
sulta à NFPA 30 nos mostra o correto entendimento do texto nor-
mativo que se refere a resinas de poliéster insaturadas.
O volume da contenção adotada para o armazenamento de
líquidos inflamáveis e combustíveis é outro ponto em que há diver-
gência, agora entre a ITCB 25/2011 e a NBR 17505, parte 4.

101
Pela norma estadual, a contenção deve ter o volume equivalente
à maior pilha ou estante existente no local de armazenamento,
sendo obrigatória a colocação da contenção em local externo.
Por sua vez, a NBR 17505, parte 4, trabalha com os conceitos
de contenção e drenagem, sendo que estes devem conter o volume
vazado e adicionalmente o volume consumido pelo sistema de
combate a incêndio (chuveiros automáticos e linhas manuais). A
diferença torna a contenção pela norma nacional muito mais com-
plexa; porém, no caso de adoção do sistema de chuveiros automá-
ticos, como a ITCB 25/2011 remete à NBR 17505, este deve ser o
sistema previsto. Caso contrário, poderá haver transbordamento
da contenção interna e o fogo poderá se espalhar para uma área
superior à área de atuação do sistema de chuveiros automáticos,
tornando-o ineficiente.

102
7 _ COMPONENTES E REQUISITOS
DE UM SISTEMA DE CHUVEIROS
AUTOMÁTICOS PARA LÍQUIDOS
INFLAMÁVEIS

Segundo Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008, p. 238), o


sistema de chuveiros automáticos é um sistema fixo de combate
a incêndio e caracteriza-se por entrar em operação automatica-
mente, quando ativado por um foco de incêndio, liberando água
em uma densidade adequada ao risco do local que visa proteger
do fogo e de forma rápida para extingui-lo ou controlá-lo em seu
estágio inicial.
Este capítulo tem por finalidade abordar os componentes bási-
cos de um sistema de chuveiros automáticos, bem como revisar os
conceitos básicos envolvidos no dimensionamento de um sistema
de chuveiros automáticos, sem contudo aprofundar-se no assunto,
pois entende-se que o leitor deste trabalho já conhece o básico de
um sistema de chuveiros automáticos convencional.
Os componentes de um sistema de chuveiros automáticos para
áreas de armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis
em recipientes e tanques IBC não se difere dos sistemas para
materiais sólidos. Os requisitos gerais para seu uso estão previs-
tos na NBR 10897 e, para os pontos em que esta for omissa, deve
ser consultada a NFPA 13. Tais normas trazem os conceitos bási-
cos aplicáveis a chuveiros automáticos, bem como seus requisitos
de instalação, manutenção, entre outros.
Ademais, a NBR 17505, parte 4, traz os requisitos particulares
do sistema de chuveiros automáticos para áreas de armazenamento

103
de líquidos inflamáveis e combustíveis em recipientes e tanques
IBC, tais como tipos próprios de bicos de chuveiros automáticos
para cada caso, densidades de aplicação, alturas de armazena-
mento e de telhado, entre outros. Deste modo, ao dimensionar os
sistemas de chuveiros automáticos para áreas de armazenamento
de líquidos inflamáveis e combustíveis, o projetista deve buscar os
parâmetros na NBR 17505 e complementá-los com as regras gerais
da NBR 10897 e posteriormente com as da NFPA 13, se necessário.
Para tanto, uma revisão básica das exigências envolvidas no
dimensionamento de um sistema de chuveiros automáticos deve
ser feita, conforme será visto nos itens que seguem.

7.1 Chuveiros automáticos (sprinkler)

A NBR 10897 e a NFPA 13 preveem a utilização de inúmeros


tipos de sprinklers possíveis; no entanto, neste item nos concentra-
remos apenas naqueles que podem ser utilizados nos sistemas de
chuveiros automáticos para áreas de armazenamento de líquidos
inflamáveis e combustíveis.
Para isso, analisaremos as nuances aplicáveis aos sprinklers
descritos na NBR 17505 nos itens que seguem.

7.1.1 Fator K (coeficiente de escoamento)

O Fator K é um dos componentes da equação universal obtida


pela aplicação dos conceitos de escoamento de fluidos por Ber-
noulli em um orifício, a qual consiste em:

Onde:
Q = vazão em lpm ou gpm
K = coeficiente de escoamento em lpm/bar1/2 ou gpm/psi1/2
P = pressão em bar ou psi

104
O coeficiente de escoamento varia conforme o diâmetro do ori-
fício e determina qual é a vazão de cada chuveiro automático em
função da pressão no orifício de saída da água. À medida que a
pressão ou o fator K adotados no sistema são maiores, maior será
a vazão do sprinkler, devendo o projetista trabalhar com tais parâ-
metros para atingir os requisitos do sistema desejado.
Conforme Wollentarski Júnior (2015), como a pressão na rede
não é infinita, quanto maior a vazão exigida, maior deve ser o
fator K adotado.
A NBR 17505 em geral define um tipo de fator K próprio para
cada caso singular ou determina um valor mínimo acima do qual o
projetista tem liberdade para adotar o fator K que melhor atenda
às suas necessidades de projeto. Os principais valores de fator K
mencionados na NBR 17505 são descritos na tabela A.12 (tabela
12 deste trabalho):

Tabela 12. Relação de fatores K da NBR 17505, parte 4


Unidade inglesa Sistema internacional
gpm/psi1/2 lpm/bar1/2
5,6 80
8,0 115
11,2 160
14,0 200
25,0 360
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (adaptada pelo autor).

Porém, não há nada que limite a utilização de outros sprinklers


com valores de fator K diferentes da tabela, tal como os chuveiros
ESFR fator K 22,4 (320), desde que certificados para uso nesse
tipo de ocupação.

7.1.2 Tipo e velocidade de acionamento

Os chuveiros automáticos contêm elementos termossensíveis


responsáveis pelo acionamento. Tais elementos partem ou fundem-

105
-se devido ao aumento da temperatura, liberando a passagem de
água pelo orifício, e podem ser por bulbo ou metálico.
No caso de sistemas do tipo dilúvio, os chuveiros automáticos
são abertos, ou seja, não há elemento termossensível bloqueando
a passagem de água. Neste caso o acionamento ocorre por meio de
sistema de detecção de incêndio ou manualmente.
Os chuveiros automáticos têm diferentes graus de sensibili-
dade térmica chamados pela NFPA 13 de RTI (response time index),
que garantem um acionamento mais ou menos precoce. A norma
americana classifica a sensibilidade em:
• Chuveiros de resposta-padrão (standard response – SR): são
aqueles cujo RTI é maior que 80(ms)1/2.
• Chuveiros de resposta especial: são aqueles cujo RTI está
entre 80(ms)1/2 e 50(ms)1/2.
• Chuveiros de resposta rápida (quick ou fast response – QR):
são aqueles cujo RTI é menor que 50(ms)1/2.
A NBR 17505 comumente usa as abreviaturas QR e SR para
designar a velocidade de acionamento dos chuveiros em suas tabe-
las. Em alguns casos é obrigatório o uso de chuveiros resposta
rápida; em outros, é obrigatório o uso de chuveiros de resposta-pa-
drão e, por vezes, a escolha fica a cargo do projetista.

7.1.3 Tipos de chuveiros automáticos

A NFPA 13 classifica os sprinklers também quanto ao formato


do jato de água formado, como:
• Estilo antigo ou chuveiros automáticos convencionais (old-
-style/conventional sprinkler): conforme Oliveira, Gonçalves
e Guimarães (2008, p. 247), o defletor permite que uma
parte da água seja projetada contra o teto e o restante
para baixo, tomando uma forma aproximadamente esfé-
rica. Pode-se, também, conceituá-los como aqueles chuvei-
ros automáticos desenvolvidos antes dos automáticos tipo

106
spray (standard spray). Estes sprinklers direcionam a água
para cima para atingir o teto, antes de cair, direcionando
entre 40 e 60% da água em um sentido descendente. Atual-
mente são aceitos pela NFPA 13 apenas para usos específi-
cos e por algumas normas europeias. Veja as figuras 27 e 29.
• Chuveiros automáticos tipo spray (standard spray sprinkler):
segundo Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008, p. 247),
apresentam defletor que projeta a água seja para baixo,
com pequeníssima ou nenhuma quantidade dirigida contra
o teto. A descarga da água é abaixo do plano do defletor e a
forma de distribuição do jato é semiesférica, que é dirigido
totalmente sobre o foco do incêndio. Veja as figuras 26 e 28.

Figura 26. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático


padrão pendente

Fonte: o autor.

107
Figura 27. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático
estilo antigo pendente

Fonte: o autor

Figura 28. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático


padrão up right

Fonte: o autor.

Figura 29. Diagrama de descarga de água por chuveiro automático


estilo antigo up right

Fonte: o autor.

108
Os chuveiros standard spray, por sua vez, têm alguns tipos pró-
prios, sendo eles:
• Modelo de controle densidade área (control mode density/
area – CMDA): trata-se de um tipo de chuveiro standard
spray que utiliza o método densidade/área para controle de
incêndios em áreas de armazenamento.
• Modelo de controle para aplicação específica (control mode
specific application – CMSA): chuveiro que atua no modo
de controle e caracteriza-se por produzir gotas grandes
de água, sendo testado e aprovado para uso em áreas de
incêndios de alta intensidade.
• Chuveiros de resposta e supressão rápidas (early suppres-
sion fast response – ESFR): chuveiro que atua no modo de
supressão e se caracteriza pelo coeficiente de descarga
K entre 201 e 363. Classifica-se como sendo de resposta
rápida e distribui água em grande quantidade de forma
especificada, sobre uma área limitada, de modo a propor-
cionar rápida extinção do fogo, quando instalado apropria-
damente. Porém, sua capacidade de supressão das chamas
só é confiável se utilizado dentro dos parâmetros restritos
para os quais foi testado.

A norma prevê, ainda, os aspersores (nozzels): estes são um


tipo de chuveiro que direciona o jato de água para uma direção e
em um ângulo desejados, geralmente usado para resfriamento de
estruturas ou equipamentos. Podem ter, mas em geral não têm
bulbo, e são utilizados em sistemas de dilúvio, conforme exemplo
da figura 30.

109
Figura 30. Exemplo de aspersor

Fonte: National Fire & Safety.

7.1.4 Temperatura de operação

Em geral a definição de temperatura de um bico de sprinkler


para as ocupações protegidas conforme a NBR 10897 e NFPA 13
deve ser feita pela avaliação da temperatura esperada do telhado
da edificação nos dias mais quentes do ano, podendo variar de
acordo com a arquitetura da edificação e com o material do telhado,
podendo ser feita inclusive com um termômetro.
Independentemente da temperatura adotada, o sprinkler deve
estar identificado conforme tabela 6.2.5.1 da NFPA 13 com cores
que representam a faixa de temperatura na qual ele será acio-
nado. A identificação é feita pela cor do bulbo, dos braços, do defle-
tor ou do elemento termo sensível.
Para alguns casos a NBR 17505 determina uma temperatura
característica, como por exemplo na tabela 13:

110
Tabela 13. Exemplo de exigência de temperatura pela NBR 17505,
parte 4

Proteção por chuveiro de


Tipo e Altura Proteção por chuveiros de teto
níveis intermediários
capa- máxi- Altura
cidade ma de máxima
do reci- armaze- do teto Chuveiros Projeto Chuveiros Notas
Leiaute
piente namento
m Densi- Vazão
Res-
L m Res- dade Área L/min
Tipo Tipo pos-
posta L/min/ m²
ta
m2

Recipiente do tipo sem alívio de pressão – Líquidos da classe IB, IC, II ou IIIA

K≥ QR K = 80
4,8 9,0 24,4 180 QR 114 A 1e2
160 141 °C ou 115
≤4 SR ou
K≥ K = 80
6,0 9,0 QR 24,4 180 QR 114 B 1e2
160 ou 115
141 °C
SR ou
K≥ K = 80
≤19 7,5 9,0 QR 12,2 270 QR 114 C 1
115 ou 115
141 °C
QR
>19 e K≥ SR 141 K = 80
7,5 9,0 16,3 270 ou 114 E 1
≤ 230 160 °C ou 115
SR

Fonte: trecho da tabela A.13 da NBR 17505, parte 4.

Conforme Wollentarski Júnior (2015) destaca, apesar de


algumas tabelas especificarem uma temperatura própria, os
sprinklers são certificados para faixas de temperaturas que
englobam a temperatura desejada.
Em outros casos, a NBR 17505 determina uma faixa de tem-
peratura, como alta ou intermediária, como por exemplo na tabela
14, a qual segue:

111
Tabela 14. Exemplo de exigência de faixa de temperatura pela NBR
17505, parte 4
Proteção por chuveiros de teto
Altura
Altura máxima de
máxima Chuveiros Projeto
c armazenamento Notas
do teto
m Densidade
m Tipo Resposta Área m²
L/min/m²

Uma altura K≥ SR alta tem-


3 000 9,0 18,3 270 1,2 e 3
(sem empilhamento) 160 peratura
Duas alturas K≥ SR alta tem-
3 000 9,0 24,4 270 1,2 e 3
(com empilhamento) 160 peratura
NOTA 1 Proteção por chuveiros automáticos de espuma pode ser utilizada em substituição à proteção
por chuveiros automáticos de água, desde que sejam adotados os mesmos critérios de projeto.
NOTA 2 IBC rígidos e não metálicos que tenham sido submetidos a um ensaio-padrão de fogo, que
tenham demonstrado desempenho satisfatório e que sejam identificados como ensaiados e aprovados,
de acordo com a norma brasileira aplicável ou UL 2368.
NOTA 3 A pressão de operação dos chuveiros automáticos deve ser no mínimo de 207 kPa (2 kg/cm²).

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Por fim, em algumas situações, a NBR 17505 determina que


seja utilizado o sprinkler conforme a temperatura ambiente, sendo
que neste caso cabe ao projetista avaliar qual é a temperatura
adequada para cada caso.
Na prática, a temperatura de ruptura dos bulbos dos sprinklers
está vinculada ao diâmetro das bolhas de ar no seu interior; assim,
quanto maior a bolha, maior será a temperatura de acionamento.
Isto se deve ao fato de o ar ser compressível; portanto, quanto
maior a bolha, maior a capacidade de absorção da dilatação do
fluido e maior a temperatura necessária para romper o bulbo.

112
Figura 31. Diâmetro das bolhas de ar no interior dos bulbos termossen-
síveis conforme faixa de temperatura

Fonte: Hidrovar.

7.1.5 Posição de instalação

Os chuveiros automáticos podem ser instalados em diferentes


posições e o defletor de cada um apresenta um desenho diferen-
ciado, o que permite direcionar o cone de água para o solo, con-
forme a posição de instalação. As principais posições de instalação
de interesse para este trabalho são:
• Pendente (pendent): defletor fica voltado para baixo, e a
água é direcionada para este para que se espalhe formando
o cone.
• Em pé (up right): defletor fica voltado para cima, e a água
é direcionada para ele de modo que o jato é desviado pelo
defletor para que desça em direção ao solo.

113
Figura 32. Diferença entre defletor up right e pendente

Fonte: Barreto Extintores

Para os chuveiros automáticos standard spray de velocidade de


acionamento rápida e padrão, a NBR 17505 na maioria dos casos
não define uma posição específica de instalação, podendo ser ado-
tada posição pendente ou em pé, a critério do projetista.
Porém, para alguns casos de aplicação de chuveiros automáti-
cos padrões e tipo ESFR, a norma brasileira determina uma posi-
ção específica, a qual o projetista obrigatoriamente deve adotar.

7.1.6 Identificação do sprinkler

De acordo com Wollentarski Júnior (2015), os sprinklers são


identificados por um código chamado SIN, o qual é formado
por letras e números informando fabricante, fator K, tempera-
tura, entre outros dados. Antes da instalação dos chuveiros e no
momento das inspeções é crucial que seja verificado se o equipa-
mento instalado está seguindo os parâmetros definidos em projeto.

114
Figura 33. Exemplo de identificação de um chuveiro automático

Fonte: Underwriters Laboratories.

7.1.7 Área máxima de cobertura do bico

Os sprinklers têm uma área máxima de cobertura definida em


norma e garantida pelos fabricantes. A área de cobertura definida
pelo fabricante pode ser encontrada nos catálogos e não pode ser
inferior ao exigido pela norma para o caso em que será utilizado.
A área máxima de cobertura consiste na distância máxima
que o cone de água de um determinado sprinkler pode atingir sem
que haja obstáculos físicos que o limite. A NBR 10897 e a NFPA
13 diferenciam os sprinklers entre os de cobertura padrão ou de
cobertura estendida. Tais normas definem esses chuveiros com
base nas tabelas de alcance a que eles devem atender, sendo que
um chuveiro de cobertura padrão deve atender às áreas máximas
dos itens 8.6 e 8.7 da NFPA 13 e um chuveiro de cobertura esten-
dida deve atender aos itens 8.8 e 8.9 da mesma norma.
A NBR 17505, parte 4, define a área máxima de cobertura dos
chuveiros automáticos em função da classe do material para os
quais estes serão utilizados. Os sprinklers utilizados para pro-
teção de líquidos inflamáveis e combustíveis classes I, II e IIIA

115
terão área máxima de cobertura de até 9,3 m³. Por outro lado,
os sprinklers aplicados para proteger líquidos combustíveis classe
IIIB poderão ter área máxima de cobertura de até 11 m².
Para cálculo da área de cobertura de um chuveiro automático
em um projeto específico, veja o item 8.3.1 deste trabalho.

7.1.8 Chuveiros sobressalentes

Segundo Armani (2016 p. 214), devido à importância de fun-


cionamento permanente do sistema de chuveiros automáticos e à
cobertura de toda a área protegida pelo sistema, não se pode admi-
tir que, no caso de um eventual dano mecânico em um chuveiro
ou ainda na ocorrência de um incêndio, o sistema fique parcial ou
totalmente inoperante devido à falta de chuveiros sobressalentes.
Uma edificação com sistema de chuveiros automáticos deve
manter um número mínimo de chuveiros sobressalentes em esto-
que para que, em um eventual acionamento ou dano, o sistema
possa ser rapidamente colocado em condições de uso novamente.
O número de chuveiros que deve ser mantido em estoque
varia conforme a quantidade de chuveiros instalados, devendo
ser observado o item 6.2.9.5 da NFPA 13. Em nenhum caso pode
haver menos de seis bicos reservas.
Nos casos em que há mais de um tipo de chuveiro instalado o
ideal é que haja, no mínimo, dois bicos de cada tipo (temperatura,
cobertura, entre outros), totalizando o número exigido pela norma.

116
Figura 34. Armário com chuveiros sobressalentes

Fonte: Armani (2016, p. 214).

7.1.9 Proteção contra impactos para sprinklers

O equipamento de proteção para chuveiros automáticos é uma


estrutura metálica instalada ao redor do bico para evitar que seja
danificado em casos de impacto. Tal equipamento é comumente ins-
talado em estruturas porta-páletes; porém, seu uso não é obrigató-
rio, devendo o projetista avaliar os riscos de cada local para defini-
ção do seu uso ou não. De acordo com Wollentarski Júnior (2015),
na maioria dos porta-páletes o equipamento não é necessário, pois
a posição de instalação do bico impede o dano pelo impacto.
Todavia, sempre que o projetista optar pelo uso dos proteto-
res, estes devem ser listados para esta finalidade, evitando-se

117
adaptações que podem interferir no funcionamento dos chuvei-
ros automáticos.

7.2 Válvulas de governo e alarme

A válvula de governo e alarme, também conhecida pela sigla


VGA, é na verdade um conjunto de diversos componentes cujo
objetivo é bloquear o fluxo de água para determinada área de
cobertura do sistema de chuveiros automáticos e ativar o alarme
de acionamento do sistema.
Conforme Oliveira, Gonçalves e Guimarães (2008, p. 245),
VGA é uma válvula de retenção com uma série de orifícios ros-
cados para a ligação de componentes de controle e alarme. Cada
uma destas válvulas controla determinada área máxima do sis-
tema, conforme definido pela NBR 10897 ou pela NFPA 13.
O leitor observará que a NBR 17505 não define nenhuma
exigência singular para as VGA em relação ao armazenamento
de líquidos inflamáveis e combustíveis, devendo ser observados
os requisitos gerais da NBR 10897 e da NFPA 13, previstos para
áreas de depósito. Portanto, a área máxima do sistema aplica-se
também aos sistemas dimensionados com base na NBR 17505 ou
na NFPA 16, que, por tratar-se de áreas naturalmente de risco
elevado, devem ter instalada uma VGA para cada 3.700 m² (ou
3.720 m² pela NFPA 13), ressalvadas exceções previstas na norma
para riscos mistos.

7.3 Reservatório de incêndio

A NBR 17505, parte 4, adota a terminologia suprimento de


água para definir a quantidade de água necessária para manter a
vazão requerida pelo sistema pelo tempo mínimo de duas horas.

118
Observe que neste ponto há grande diferença entre os sistemas
convencionais de chuveiros automáticos previstos para materiais
classe I a IV pela NFPA 13, na qual o tempo de operação do sis-
tema, em geral, fica em torno de uma hora.
A NBR 17505, parte 4, não limita o tipo de fonte de suprimento
de água; portanto, devem ser adotados os critérios da NFPA 13 e
NBR 10897, podendo ser aceitos reservatórios elevados, reserva-
tórios no nível do solo, semienterrados ou enterrados, piscinas,
açudes, represas, rios, lagos, mar ou outra fonte que atenda aos
requisitos estabelecidos pela norma.

7.4 Bombas de incêndio

A vazão e pressão de um sistema de chuveiros automáticos


devem ser garantidas. Tal garantia pode ser fornecida por um
reservatório elevado cuja coluna de água medida do nível de capi-
tação da água neste seja suficiente para manter a pressão e a
vazão mínimas. Porém, o mais comum é que a vazão e a pressão
sejam garantidas por um sistema de bombeamento, normalmente
composto por uma bomba principal e uma bomba jockey.
Tanto a NBR 17505, parte 4, como a NFPA 30 não trazem
características especiais para o sistema de bombeamento em seus
textos. Conforme já descrito, essas normas são específicas sobre
um tipo de uso para os chuveiros automáticos, devendo na sua
omissão serem observados os requisitos gerais da NBR 10897 ou
da NFPA 13, a qual, por sua vez, remete à NFPA 20.
No estado de São Paulo, a ITCB 25/2011, parte 1, a qual se
aplica a todas as partes da referida instrução técnica, exige que
locais que armazenem mais de 120 m³ de líquidos inflamáveis e
combustíveis contem com uma bomba reserva, com as mesmas
características de pressão e vazão da bomba principal, com fonte
alternativa de energia. Assim, sistemas de chuveiros automáticos

119
para líquidos inflamáveis neste estado, e nos demais que o adotam
como base, devem observar essa exigência.
Algumas seguradoras também exigem este tipo de sistema
reserva independentemente da previsão normativa, sendo comum
encontrar sistemas de bombeamento para chuveiros automáti-
cos dimensionados tanto pela NFPA 13 como pela NFPA 30, com
bomba principal, reserva e jockey.
Tipo de rede de distribuição
A norma NFPA 13, bem como a NBR 10897, classificam os sis-
temas de chuveiros automáticos quanto à presença de água na
rede e quanto ao sistema de acionamento em:
a) Sistema de tubulação molhada: trata-se de um sistema na
qual a tubulação fica pressurizada com água e ligada a uma
fonte de suprimento de água de modo que o rompimento de um
elemento termossensível de um ou mais chuveiros automáticos
aciona o sistema.
b) Sistema de tubulação seca: a tubulação fica cheia de água pres-
surizada apenas do ponto de suprimento de água até a vál-
vula de governo da rede, sendo que a partir deste ponto toda a
tubulação onde os chuveiros automáticos estão conectados e a
rede que os alimenta fica cheia de ar comprimido ou nitrogê-
nio. A válvula de governo é mantida fechada pela pressão do
gás na tubulação, que é maior que a da água. Quando o ele-
mento termossensível de um ou mais chuveiros automáticos se
rompe pela ação do calor, a pressão do ar diminui e a válvula
de governo abre-se, liberando a passagem da água, que pressu-
riza a rede e é descarregada pelos bicos que foram acionados.
c) Sistema de ação prévia: a configuração deste sistema é muito
semelhante à do sistema de tubulação seca; porém, paralelo ao
sistema de chuveiros automáticos, há um sistema de detecção
de incêndio, o qual é responsável pela abertura da válvula de
governo. Quando o sistema de detecção é acionado, uma vál-
vula libera a entrada da água e a pressurização da rede. Assim,

120
a tubulação onde os chuveiros estão conectados passa a estar
pressurizada com água e, em caso de rompimento de um ou
mais chuveiros automáticos, a água é descarregada pelos bicos
abertos.
d) Sistema dilúvio: neste tipo de sistema, os chuveiros automáti-
cos não têm elemento termossensível, ficando abertos. Conse-
quentemente a tubulação permanece vazia a partir da válvula
de dilúvio. A rede permanece pressurizada com água no trecho
entre o suprimento de água e a válvula dilúvio. Paralelamente
deve ser instalado um sistema de detecção de incêndio respon-
sável pelo acionamento do sistema; quando este entra em ope-
ração, a água é descarregada por todos os chuveiros ligados à
tubulação a partir da válvula dilúvio que for acionada. O aciona-
mento pode, ainda, ser manual, permanecendo a rede pressuri-
zada com água no trecho entre o suprimento de água e a válvula
dilúvio até o acionamento da válvula por um operador.
Esta mesma classificação é mencionada por Oliveira, Gonçal-
ves e Guimarães (2008 p. 240), Armani (2006, p. 39), Paula (2014,
p. 39) e Wollentarski Júnior (2015, p. 69), sendo ponto pacífico na
literatura.
A NBR 30, no item 16.4.2, descreve que os sistemas de chu-
veiros automáticos por água ou por água-espuma para líquidos
inflamáveis podem ser do tipo tudo molhado, pré-ação ou dilúvio,
sendo vedado, portanto, o uso de sistemas do tipo tubo seco.
Mais uma vez, cabem aqui algumas ressalvas no tocante à
NBR 17505. No item 24.2.2, a referida norma brasileira prevê:

24.2.2 Os sistemas de proteção contra incêndio por chuvei-


ros automáticos de espuma devem ser dos tipos tubo úmido,
dilúvio ou de pré-ação. (grifo do autor) (ASSOCIAÇÃO BRASI-
LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Observe que este item não menciona os sistemas de chuveiros


automáticos com uso do agente extintor água; pelo contrário, o

121
item prevê apenas o sistema de chuveiros automáticos com uso de
espuma. De outro modo, o item 16.4.2 da NFPA 30, que foi a base
para o mesmo item da norma brasileira, prevê o termo “sistemas
de proteção contra incêndio por chuveiros automáticos e por água-
-espuma”, conforme segue:

16.4.2 Sistemas de proteção contra incêndio por chuveiros auto-


máticos e por água-espuma devem ser sistemas tubo molhado,
dilúvio ou pré-ação. (Tradução da NFPA, 2015, grifo do autor)

Assim, se o projetista utilizar o texto da NBR 17505, parte 4,


ele pode entender que é possível a utilização de um sistema de
chuveiros automáticos com água do tipo tubo seco para proteção
de líquidos inflamáveis, o que não é verdade.
Uma segunda ressalva é que a NFPA 30, como já dito, é uma
norma específica sobre chuveiros automáticos, porém os requisitos
gerais da NFPA 13 são aplicáveis a esta, a menos que ela preveja
expressamente uma exceção. Assim, salienta-se que a NFPA 13, no
item 8.4.6.1, limita o uso dos chuveiros automáticos do tipo ESFR
apenas às redes de tubo molhado, sendo que a NFPA 30 não traz
expressamente nenhuma afirmação em contrário, portanto a regra
vale também para seu uso na proteção de líquidos inflamáveis.
Um sistema de chuveiros automáticos também é classificado,
segundo Brentano (2011, p. 238-240), quanto à distribuição da
rede, podendo ser:

122
a) Rede aberta (também conhecido como “espinha de peixe”): tra-
ta-se de uma rede em que há uma ou mais prumadas gerais,
as quais derivam para tubulações subgerais e ramais de diâ-
metros decrescentes, porém sem formar anéis de tubulação,
havendo um único percurso para a água. Tal configuração de
rede apresenta perda de carga elevada e, para a maioria dos
casos de armazenamento, torna-se inviável. Segundo Armani
(2016, p. 41) trata-se de um sistema que, paulatinamente, tem
sido substituído por outros em que haja menor perda de carga.

Figura 35. Rede de chuveiros automáticos aberta

Fonte: o autor.

123
b) Anel: neste tipo de rede, a tubulação subgeral é instalada em
formato de um anel que circunda a área a ser protegida e os
ramais são ligados a esta rede por uma de suas extremidades.
Brentano (2011, p. 239), entende que a perda de carga neste
sistema não chega a ser significativa.

Figura 36. Rede de chuveiros automáticos em anel

Fonte: o autor.

124
c) Grelha (na NFPA 13 é chamada de grid): todos os ramais são
ligados a uma subgeral em cada extremidade de modo que a
demanda de água é dividida entre estas, reduzindo, portanto,
a perda de carga na distribuição da água, permitindo redução
do diâmetro das tubulações e de potência da bomba.

Figura 37. Rede de chuveiros automáticos tipo fechada em grelha

Fonte: o autor.

7.6 Alturas de teto e de armazenagem

Ao longo dos anos, as dimensões dos armazéns vêm aumen-


tando, e os sistemas de chuveiros automáticos têm buscado acom-
panhar essa evolução. Tal mudança depende de investimento no
desenvolvimento da tecnologia e dos testes laboratoriais para
demonstração da eficiência. Os testes utilizam diversos arranjos
variando a altura máxima de armazenagem e a altura do telhado.

125
Nem todos os arranjos oferecem parâmetros de proteção para
todas as alturas de telhado e armazenamento desejados.
A altura do telhado em geral é medida do piso do armazém
ao ponto mais alto do telhado, porém a NFPA 13 traz diversas
considerações sobre essa medida em relação à inclinação e à topo-
grafia do telhado, que pode apresentar saliências ou entrâncias
com dimensões que interferem consideravelmente no acúmulo da
fumaça e, portanto, na operação do sistema.
A altura de armazenamento é medida do piso até o topo da
mercadoria acondicionada no local. Do mesmo modo a NFPA 13
descreve diversas condições específicas quanto a diferentes mate-
riais armazenados em um mesmo local, ou em diferentes arranjos
que devem ser considerados não somente para líquidos inflamá-
veis e combustíveis, como para os demais materiais sólidos.
As especificidades na definição das alturas não serão aborda-
das neste trabalho, mas poderão ser encontradas na norma ame-
ricana e, em alguns casos, na NBR 10897.

7.7 Chuveiros intraprateleiras

Em muitos casos, a NFPA 13, NFPA 30 e a NBR 17505 exigem


a proteção do armazenamento por chuveiros intraprateleiras. No
caso do armazenamento de líquidos inflamáveis, esse tipo de sis-
tema está presente na maioria os leiautes de proteção possíveis.
Os chuveiros intraprateleiras consistem em sprinklers instala-
dos em níveis determinados da estrutura porta-pálete, nos vãos
transversais e verticais, bem como nas faces da estrutura, visando
reduzir a propagação interna das chamas e pelas faces da estru-
tura porta-pálete.
Os termos “vão transversal” e “vão longitudinal” estão inti-
mamente ligados ao dimensionamento dos chuveiros automáti-
cos internos. Tais espaços são definidos na Figura 38. , respecti-

126
vamente, pelas medidas “T” e “L”, as quais representam os dois
espaços mencionados.

Figura 38. Representação esquemática de uma estrutura porta-pálete


de filas duplas

A = profundidade da mercadoria H = profundidade da estrutura porta-


B = largura da mercadoria -pálete

E = Altura do armazenamento L = Vão longitudinal

F = mercadoria T = Vão transversal


Fonte: NFPA (adaptada pelo autor).

Os espaços servem de passagem para o calor e fumaça através


dos níveis da estrutura porta-pálete, sendo a posição adequada de
instalação dos chuveiros automáticos internos, para que rompam.

127
Outra dificuldade da maioria dos projetistas é a definição do
leiaute de distribuição dos chuveiros intraprateleiras, devido ao
não entendimento das figuras trazidas pelas normas que exigem
tais sistemas. Assim, na sequência entre a Figura 39. e a Figura
40. foi transcrita e adaptada a figura A.7 da NBR 17505, parte 4,
para melhor entendimento da lógica de representação dos chuvei-
ros automáticos.

Figura 39. Exemplo de leiaute de chuveiros automáticos para uma


estrutura porta-páletes de fileira dupla

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

128
Figura 40. Representação didática da figura A.7 da NBR 17505, parte 4

Fonte: o autor.

129
Figura 41. Vista tridimensional do exemplo da Figura 39.

Fonte: o autor.

130
Observe que a figura da NBR 17505, parte 4, mostra uma
vista lateral do armazenamento (vista em elevação) e uma vista
superior (vista em planta), as quais devem ser unidas para mon-
tar uma ideia do leiaute tridimensional dos chuveiros. As figuras
representam apenas uma fração do armazenamento, podendo ser
replicadas inúmeras vezes para formar o armazenamento dese-
jado, observando apenas os limites de volume por pilha, estante
ou porta-pálete descritos nas demais partes da mesma norma.
A NBR 17505, parte 4, no item 24.3.1.3, determina outros
requisitos para o posicionamento dos chuveiros intraprateleiras.
Quanto a estes requisitos, destacamos a letra “f”, que diverge da
NFPA 30 e pode causar confusão. A letra “f” do item 24.3.1.3 da
NBR 17505, parte 4, determina:

f) devem ser mantidos espaços longitudinais e transversais com


detectores de gases de combustão de no mínimo 150 mm entre
cada seção de estrutura porta-páletes (grifo do autor). (Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas, 2013)

O subitem “(6)” do item 16.5.1.3 da NFPA 30, por sua vez,


determina que:

Deve ser mantido um espaço longitudinal e transversal de não


menos que 150 mm entre cada estrutura porta-pálete de mercado-
ria. (Tradução da NFPA, 2015)

A leitura da NBR 17505, parte 4, pode levar o leitor a entender


que seria exigível um sistema de detecção de incêndio no inte-
rior da estrutura porta-pálete, porém esse tipo de sistema não é
mencionado em outros pontos da norma, levando a crer que houve
apenas uma divergência na redação do item.

131
8 _ DIMENSIONAMENTO DE UM
SISTEMA DE CHUVEIROS
AUTOMÁTICOS COM ÁGUA PARA
LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

Munido dos conceitos gerais e requisitos atinentes a um sis-


tema de chuveiros automáticos para líquidos inflamáveis, con-
forme descrito nos capítulos anteriores, o leitor poderá encontrar
neste capítulo uma explanação sobre a metodologia de cálculo
envolvida no dimensionamento do sistema e um breve roteiro a
ser seguido neste processo de engenharia.

8.1 Limitações normativas

Como já relatado neste trabalho, as normas que apresentam


critérios para proteção por chuveiros automáticos foram baseadas
em testes laboratoriais e em extrapolações e interpolações mate-
máticas destes resultados, de modo a definir parâmetros mínimos
a serem atendidos para que se garanta a segurança em determi-
nada situação.
Todavia, conforme o HANDBOOK DA NFPA 13 (2016), nem
todos os testes laboratoriais e arranjos testados mostraram, ao
longo dos anos, resultados que possibilitassem adotar critérios
fixos para alguns arranjos e produtos específicos, caso em que
devem ser feitas análises de risco exclusivas e testes que se ajus-
tem à situação de armazenamento pretendida, com adoção por
vezes de sistemas diferentes dos chuveiros automáticos.

133
Para os sistemas de chuveiros automáticos próprios para líqui-
dos inflamáveis, da mesma forma, os parâmetros foram baseados,
também, em testes laboratoriais em diversas escalas e em extra-
polação e interpolação matemática dos resultados, porém o HAN-
DBOOK DA NFPA 30 (2007) esclarece logo no seu escopo que os
parâmetros encontrados naquela norma são os mínimos para a pro-
teção para líquidos inflamáveis, devendo o projetista analisar todos
os riscos envolvidos no armazenamento de determinado produto.
Como exemplo dessa limitação, podem ser citados os líquidos
que reagem com água, os líquidos que têm combustão espontânea,
a toxicidade ou outros riscos especiais que podem ser observados
em diversos produtos químicos.
Da mesma forma, não é possível a utilização dos parâmetros
normativos aliados a suposições não previstas na norma, tais como
o aumento da altura de um telhado com correspondente aumento
de área de operação ou densidade percentualmente equivalente.
Tais alterações devem encontrar amparo técnico em testes labora-
toriais e estudos detalhados que garantam a eficiência do sistema.
Neste sentido a NFPA 13, no item 12.1.3.2, proíbe extrapolação de
alturas para chuveiros ESFR.
As principais limitações apresentadas pela NBR 17505, parte
4, são aquelas em relação a volumes de recipientes, material cons-
trutivo dos recipientes, arranjos, altura de armazenamento e altu-
ras de telhados. Observa-se, por exemplo, que, para a maioria dos
arranjos, a limitação de altura do telhado é de 9 m, havendo ape-
nas alguns casos com alturas maiores.
As limitações são mais aparentes quando determinada empresa
pretende adaptar um galpão de locação convencional ou armazém
de uso geral para o armazenamento de líquidos, pois os depósi-
tos usados para armazenamento de produtos sólidos, em geral,
possuem mais de 9 m de pé direito e piso construído com reforço
interno que impede cortes para construção das canaletas de con-
tenção. Assim, o ideal seria que armazéns de líquidos inflamáveis
fossem concebidos desde o início com tal finalidade.

134
8.2 Quando proteger

Basicamente a adoção do sistema de chuveiros automáticos é


exigida pela NBR 17505, parte 4:
• Quando o volume de produtos ultrapassa o limite máximo
de armazenamento previsto na tabela A.9 (tabela 6 deste
trabalho) para armazéns de líquidos.
• Para aumento do volume máximo permitido em uma área
controlável conforme tabela A.2 (tabela 10 deste trabalho).
• Para ampliar o limite de armazenagem para áreas comer-
ciais conforme tabela A.7.
• Para ampliar o limite de armazenamento para salas inter-
nas, conforme tabela A.8.
• Por exigência das normas estaduais dos Corpos de Bom-
beiros. No estado de São Paulo a ITCB 25/2011 adota o
sistema de chuveiros automáticos não para ampliação do
volume máximo a ser armazenado, mas para ampliação
da área máxima de compartimentação e o volume máximo
armazenado em cada pilha.

8.3 Distância entre ramais e entre chuveiros

Todas as normas que tratam de sistemas de chuveiros automá-


ticos determinam espaçamentos máximos e mínimos entre os chu-
veiros automáticos em um mesmo ramal e em ramais diferentes.
A NBR 17505, parte 4, apresenta essas medidas apenas para
alguns casos de chuveiros intraprateleiras, determinando que
para os chuveiros de teto sejam observadas as normas gerais defi-
nidas na norma brasileira aplicável, ou, na sua ausência, na NFPA
13, considerando, porém, as seguintes limitações de área máxima
de cobertura de cada chuveiro automático no item 24.3.1.4:

135
a) líquidos de classe I, II e IIIA: 9,3 m2 por chuveiro;
b) líquidos de classe IIIB: 11 m2 por chuveiro. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

A NFPA 13 define diversos requisitos para a distância de afas-


tamento e área máxima de cobertura dos chuveiros automáticos,
inclusive considerando as obstruções a cobertura dos chuveiros,
os quais devem ser consultados antes do dimensionamento do sis-
tema. Todavia, considerando as limitações da NBR 17505, parte 4,
este autor apresenta a tabela 15. que resume e ilustra a cobertura
e os afastamentos para chuveiros automáticos para depósitos, não
dispensando a consulta a NFPA 13 para melhor dimensionamento.

136
Tabela 15. Área máxima de cobertura e afastamento entre chuveiros
automáticos para locais com armazenamento de líquidos inflamáveis e
combustíveis
Área máxima Distância
Densidade
Classe do Tipo de Altura do de cobertura máxima
Tipo de aplica-
líquido ar- chuveiros telhado por chuveiros entre bicos
de construção ção (lpm/
mazenado automáticos (m) automáticos ou ramais
m²)
(m2)* (m)

Standard ≥ 10,2 9,3 3,7


up right e Todas Todas
pendente <10,2 9,3 3,7

Não combus-
tível desobs- 9,3 3,7
truída

Não combus-
9,3 3,7
ESFR tível obstruída até 9,1 Todas
Combustível
9,3 3,7
desobstruída

I, II e IIIA Combustível Não apli-


Não aplicável
obstruída cável

Não combus-
tível desobs- 9,3 3,0
truída

Não combus-
acima de 9,3 3,0
ESFR tível obstruída Todas
9,1
Combustível
9,3 3,0
desobstruída

Combustível Não apli-


Não aplicável
obstruída cável

137
Área máxima Distância
Densidade
Classe do Tipo de Altura do de cobertura máxima
Tipo de aplica-
líquido ar- chuveiros telhado por chuveiros entre bicos
de construção ção (lpm/
mazenado automáticos (m) automáticos ou ramais
m²)
(m2)* (m)
Standard ≥ 10,2 9,3 4,6
up right e Todas Todas
pendente <10,2 11 4,6

Não combus-
tível desobs- 9,3 3,7
truída

Não combus-
9,3 3,7
ESFR tível obstruída até 9,1 Todas
Combustível
9,3 3,7
desobstruída

IIIB Combustível Não apli-


Não aplicável
obstruída cável

Não combus-
tível desobs- 9,3 3,0
truída

Não combus-
acima de 9,3 3,0
ESFR tível obstruída Todas
9,1
Combustível
9,3 3,0
desobstruída

Combustível Não apli-


Não aplicável
obstruída cável

Fonte: NFPA (traduzida e adaptada pelo autor).

8.3.1 Área máxima de cobertura de um chuveiro automático

Conforme Paula (2014 p. 53), a área máxima de cobertura dos


chuveiros automáticos em um projeto é definida pela multiplica-
ção da distância máxima entre os chuveiros automáticos em um
mesmo ramal pela distância máxima entre chuveiros em ramais
adjacentes, conforme segue:

(Equação 2) a = S . L
Onde:
a = área de cobertura de um chuveiro automático em m².

138
S = distância máxima entre os chuveiros automáticos em um
mesmo ramal, ou duas vezes a distância do último chuveiro auto-
mático do ramal para a parede, o que for maior; e
L = distância máxima entre os chuveiros automáticos em ramais
diferentes ou duas vezes a distância do chuveiro automático do
ramal para a parede, o que for maior.

8.4 Métodos de cálculo

Independentemente do material que está sendo armazenado


no depósito, a NFPA 13 define quatro possíveis métodos de cálculo
que poderão também ser utilizados nos cálculos realizados com os
parâmetros da NBR 17505, da NFPA 30 e da NFPA 16. Os méto-
dos são:
• método da densidade área (CMDA);
• método dos chuveiros de aplicação específica (CMSA);
• método ESFR; e
• chuveiros intraprateleiras (in-rack).
Os três primeiros métodos citados (CMDA, CMSA e ESFR)
podem ser utilizados para qualquer tipo de rede de distribuição de
água, ou seja, aberta, anel e grid, ficando a escolha da rede a cargo
do projetista.
Por vezes a edificação abrange áreas de riscos distintos e pode
ser necessária a adoção de mais de uma dessas metodologias em
um mesmo projeto. Em outros casos, mesmo com uma variedade
de riscos, pode ser adotado um único método, mas com parâmetros
distintos para cada um dos riscos. Porém, o importante é que o
projetista desenvolva os cálculos para a área mais desfavorável de
cada um dos riscos distintos, pois algumas vezes a maior demanda
do sistema não está vinculada a parâmetros facilmente identificá-
veis, podendo uma área mais próxima da bomba de incêndio exigir
maior pressão que uma mais distante, ou um risco protegido com

139
chuveiros automáticos com fator K menor exigir maior pressão
que outro protegido com fator K maior.

8.4.1 Método da densidade área (CMDA)

O método da densidade área consiste na aplicação de determi-


nada densidade volumétrica de água (lpm/m² ou gpm/ft² ou mm/
min/m²) em uma área específica (m² ou ft²). Usualmente a norma
apresenta gráficos que relacionam esses fatores e nos quais o
projetista pode obter os valores relacionados de densidade e área
para um risco desejado. Assim, para determinado risco, o proje-
tista pode optar por quaisquer pares de densidade e área que cor-
respondam a um ponto da curva desenhada para aquele risco.
A NBR 17505, parte 4, apresenta esses valores previamente
definidos para cada arranjo em tabelas. Assim o projetista tem
pouca liberdade de variação dos valores.
Munido dos valores de densidade e área, o projetista selecio-
nará um fator K de um chuveiro automático spray que melhor
atenda a este par de requisitos. Para a seleção, o projetista ado-
tará a fórmula que correlaciona vazão, pressão e fator K, já des-
crita no item 7.1.1 deste trabalho.
Inicialmente o projetista terá de calcular a vazão mínima de
cada bico. Portanto, utilizando a maior área de operação de um
chuveiro automático, ele fará o seguinte cálculo:
(Equação 2) Q = D . A
Onde:
Q = vazão em lpm
D = densidade de aplicação do sistema em lpm/m²
A = maior área máxima de operação de um chuveiro automático
Após este cálculo, poderá ser obtido o fator K mínimo exigido.
Tanto a NBR 10897 quanto a NFPA 13 determinam que a pressão
em um bico de chuveiro automático não pode ser inferior a apro-
ximadamente 0,5 bar e não pode ser superior aproximadamente a
12 bar. Porém, valores de pressão mais baixos são mais desejáveis,
140
pois torna-se inviável o bombeamento de uma grande vazão de água
a pressões elevadas para alimentação do sistema. Observe a tabela:

Tabela 16. Variação da vazão (Q) em função da pressão (P) para os fato-
res K mais comuns
Fator K
lpm/
(bar)1/2 80 115 160 200 240 280 320 360 400
gpm/
(psi)1/2 5.6 8.0 11.2 14.0 16.8 19.6 22.4 25.2 28.0
Pressão
Vazão (Q)
(P)

bar lpm

0,5 56,57 81,32 113,14 141,42 169,71 197,99 226,27 254,56 282,84

1,0 80,00 115,00 160,00 200,00 240,00 280,00 320,00 360,00 400,00

1,5 97,98 140,85 195,96 244,95 293,94 342,93 391,92 440,91 489,90

2,0 113,14 162,63 226,27 282,84 339,41 395,98 452,55 509,12 565,69

2,5 126,49 181,83 252,98 316,23 379,47 442,72 505,96 569,21 632,46

3,0 138,56 199,19 277,13 346,41 415,69 484,97 554,26 623,54 692,82

3,5 149,67 215,15 299,33 374,17 449,00 523,83 598,67 673,50 748,33

4,0 160,00 230,00 320,00 400,00 480,00 560,00 640,00 720,00 800,00

4,5 169,71 243,95 339,41 424,26 509,12 593,97 678,82 763,68 848,53

5,0 178,89 257,15 357,77 447,21 536,66 626,10 715,54 804,98 894,43

5,5 187,62 269,70 375,23 469,04 562,85 656,66 750,47 844,27 938,08

6,0 195,96 281,69 391,92 489,90 587,88 685,86 783,84 881,82 979,80

6,5 203,96 293,19 407,92 509,90 611,88 713,86 815,84 917,82 1019,80

7,0 211,66 304,26 423,32 529,15 634,98 740,81 846,64 952,47 1058,30

7,5 219,09 314,94 438,18 547,72 657,27 766,81 876,36 985,90 1095,45

8,0 226,27 325,27 452,55 565,69 678,82 791,96 905,10 1018,23 1131,37

8,5 233,24 335,28 466,48 583,10 699,71 816,33 932,95 1049,57 1166,19

9,0 240,00 345,00 480,00 600,00 720,00 840,00 960,00 1080,00 1200,00

9,5 246,58 354,45 493,15 616,44 739,73 863,02 986,31 1109,59 1232,88

10,0 252,98 363,66 505,96 632,46 758,95 885,44 1011,93 1138,42 1264,91

10,5 259,23 372,64 518,46 648,07 777,69 907,30 1036,92 1166,53 1296,15

11,0 265,33 381,41 530,66 663,32 795,99 928,65 1061,32 1193,98 1326,65

11,5 271,29 389,98 542,59 678,23 813,88 949,53 1085,17 1220,82 1356,47

12,0 277,13 398,37 554,26 692,82 831,38 969,95 1108,51 1247,08 1385,64

Fonte: o autor.

141
Adotando como exemplo a tabela A.15 da NBR 17505, parte
4, parcialmente representada na tabela 17, imagine que a área
de operação de cada chuveiro automático adotada seja de 9 m²;
considerando que a tabela exige uma densidade de 12,2 lpm/m²
na referida área, a vazão será de 109,8 lpm (conforme equação
3). Observe na tabela 16 deste trabalho que todos os chuveiros
automáticos com fator K acima de 115 podem atender à referida
vazão. O chuveiro automático de fator K 115 necessitará de no
mínimo 0,89 bar para atingir a vazão desejada enquanto um chu-
veiro automático com fator K 80 necessitará de 1,89 bar.

Tabela 17. Exemplo de exigência por área densidade da NBR 17505,


parte 4
Proteção para chuveiros de
Tipo e Altura Proteção por chuveiros de teto
Altura níveis intermediários
capa- máxi-
má-
cidade ma de Chuveiros Projeto Chuveiros Vazão
xima
do arma- Notas
do Densi- Leiau-
reci- zena-
teto Res- dade Res- te
pien-te mento Tipo Área Tipo L/min
m posta L/min/ posta
L m

K=
SR ou
K≥ 80 QR ou 1, 2
≤ 19 7,5 9,0 QR 12,2 180 114 C
115 ou SR e4
141 °C
115

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Para este caso, a norma limita o fator K mínimo em 115. Logo,


o projetista no exemplo poderia adotar qualquer valor de fator K
acima de 115, porém valores maiores resultarão numa vazão total
do sistema muito maior que a requerida se adotado o fator K de
115, visto que já na pressão mínima de 0,5 bar as demais opções
de chuveiros ultrapassarão a vazão mínima requerida.
Quanto à área de operação, a NBR 17505 apresenta um valor
fixo nas tabelas; porém, em alguns casos, há opções de redução ou
ampliação das áreas em virtude de mudanças de arranjo ou outras
características do projeto que podem ser adotadas pelo projetista.
Independentemente de qual seja o valor da área de operação do
sistema adotado, a maior dificuldade em relação a este parâmetro é

142
a sua localização, devendo esta ser definida no ponto mais remoto
hidraulicamente do sistema.
Note que este ponto não necessariamente coincide com o local
mais distante da bomba de incêndio, razão pela qual se tornam
imprescindíveis cálculos adicionais quando o desenho de rede, tipos
de bicos, metodologia de cálculo, desníveis ou outros fatores diferi-
rem entre as diversas áreas protegidas por chuveiros automáticos.

8.4.1.1 Área de operação do sistema

A área de operação é um retângulo com o lado maior paralelo


aos ramais com comprimento de 1,2 vezes a raiz quadrada da área
de operação, ou seja:

(Equação 4) L = 1,2
Onde:
L = comprimento do lado maior da área de operação em m
A = área de operação em m²
Com o valor disponível do comprimento do lado maior da área
de operação, o próximo passo é definir a quantidade mínima de
chuveiros automáticos que serão incluídos nesta área de cálculo,
dividindo a área de operação do sistema pela área de cobertura
de um chuveiro automático (vide item 8.3.1 deste trabalho), logo:

_A
(Equação 5) N = a

Onde:
N = número de chuveiros automáticos na área de cálculo
A = área de operação do sistema de chuveiros automáticos em m²
a = área de cobertura de um chuveiro automático em m²
A seguir, deve-se localizar a área de operação do sistema na rede de
distribuição do sistema de chuveiros automáticos. Para tanto, deve ser loca-
lizada a área mais remota hidraulicamente da bomba de incêndio, posicio-
nando a linha representativa do lado maior, paralela ao ramal desejado. Essa

143
tarefa pode ser difícil, pois nem sempre o ponto mais remoto hidraulica-
mente é o mais distante da bomba de incêndio, e por vezes haverá necessi-
dade de repetir o processo de cálculo para mais de uma área, a fim de se ter
certeza do local exato.
Interferem na perda de carga e consequentemente na localização da área
de cálculo os desníveis, o diâmetro das tubulações, a quantidade e o tipo de
conexões, a vazão requerida da aplicação, entre outros fatores.
O número de chuveiros automáticos do ramal paralelo ao lado maior
será definido dividindo o comprimento do lado maior pela distância máxima
dos chuveiros neste ramal, ou seja:


(Equação 6) n =
_L
d

Onde:
n = número de chuveiros automáticos no ramal paralelo ao lado
maior da área de operação
d = distância máxima entre os chuveiros automáticos no ramal
paralelo ao lado maior da área de operação em m
L = comprimento do lado maior da área de operação em m
Os valores obtidos nas equações equação 5 e equação 6 serão
sempre arredondados para cima. Quando a distância entre chu-
veiros na área de cálculo for irregular, podem ser necessários ajus-
tes no número de chuveiros no ramal e na área de cálculo para
se garantir que a área mínima de aplicação e a dimensão do lado
maior desta sejam atingidas.
Na sequência o projetista incluirá sucessivamente um segundo
ramal paralelo ao lado maior, um terceiro e outros, se necessário,
até que se complete o número mínimo de chuveiros automáticos
na área de cálculo. Os chuveiros automáticos incluídos na área de
cálculo podem estar em ambos os lados de uma subgeral.
Como exemplo de aplicação dessas equações, se adotada a área
de operação de 180 m² trazida na tabela 17 e aplicada a equação
4 será obtido um comprimento mínimo de 16,1 m para o maior
lado da área de operação. Caso seja adotada uma distância entre
144
chuveiros e entre ramais de 3 m, a área de cobertura dos chuvei-
ros será de 9 m² e, aplicando as equações equação 5 e equação
6 deverá haver 20 chuveiros na área de operação e 6 chuveiros
no ramal paralelo ao lado maior da área de operação. Todavia,
observe a área de operação descrita na figura 42 e tente verificar
o que há de errado.

Figura 42. Exemplo de dimensionamento incorreto de área de operação


pelo método da densidade área em rede de distribuição aberta

Fonte: o autor.

Note que a área formada pela figura atende a todos os parâ-


metros descritos nas equações: o lado maior tem mais de 16,1 m,
há 6 chuveiros automáticos no ramal paralelo ao lado maior e há
20 chuveiros automáticos na área de cálculo. Porém, se calculada
a área de operação obtida, ela é de 166,75 m², ou seja, inferior ao
mínimo exigido pela norma, que é 180 m². Por que isso ocorre?
Note que, para os chuveiros automáticos “A”, “I” e “Q” que estão
junto à parede e para o ramal ao longo do lado maior da área de

145
operação, a distância deles para a parede é de 1 m. Com isso, a
área de operação dos chuveiros é inferior aos 9 m² que usamos no
cálculo. Nesses casos devemos compensar a diferença acrescen-
tando chuveiros adicionais até que obtenhamos o mínimo de 180
m² exigidos, conforme pode ser visto na figura 43.

Figura 43. Exemplo de dimensionamento correto de área de operação


pelo método da densidade área em rede de distribuição aberta

Fonte: o autor.

No exemplo da figura 43, foram acrescidos os chuveiros “Y” e


“Z” na área de cálculo, resultando em uma área real de 183,5 m²,
agora superior à área de operação requerida pela norma.
Observe que, quando a distância é variável entre os chuveiros
automáticos no ramal paralelo ao lado maior da área de opera-
ção, pode ocorrer que os cálculos mencionados resultem em núme-
ros de chuveiros automáticos inferiores ao comprimento do lado
maior. Portanto, nesses casos o projetista deve acrescentar chu-
veiros automáticos adicionais até que o lado maior ultrapasse o

146
comprimento mínimo calculado, conforme pode ser observado na
figura 44.

Figura 44. Exemplo de dimensionamento de área de operação pelo


método da densidade área em rede de distribuição aberta com chuveiros
e ramais espaçados irregularmente

Fonte: o autor.

No exemplo da figura 43, o número final de chuveiros automá-


ticos na área de cálculo foi de 22, enquanto na área de cálculo do
sistema de chuveiros automáticos irregular da figura 44 o número
ficou em 31. Neste segundo caso, a área de operação obtida foi de
180,25 m². Um olhar rápido poderia levar o leitor a acreditar que o
segundo exemplo apresentaria uma menor vazão final do sistema,
porém temos de lembrar que a vazão dos bicos deve considerar a
área de operação do chuveiro mais desfavorável, que não mudou
de um caso para outro, ou seja, 9 m² (3 m x 3 m). Portanto, a vazão
mínima do bico mais desfavorável conforme a equação 3 será de
109,8 lpm e o sistema total demandará no mínimo 2.415,6 lpm

147
(22 x 109,8 lpm) no primeiro caso e 3.403,8 (31 x 109,8 lpm) no
segundo caso.
Em redes de distribuição do tipo grid, a localização da área de
operação pode ser mais difícil, pois não há como se definir as dire-
ções dos fluxos de água em cada trecho, devendo ser feitos cálculos
adicionais para as posições que incluam um chuveiro imediata-
mente lateral à primeira área adotada, a fim de se confirmar que a
área adotada é efetivamente a mais desfavorável. Como exemplo,
observe a figura 45, na qual a linha em azul seria a área de ope-
ração para o cálculo inicial e as linhas em verde seriam as áreas
de operação para os cálculos adicionais. Caso alguns dos cálculos
adicionais demonstre ser mais desfavorável que o primeiro, novos
cálculos devem ser feitos alternando para outros chuveiros adja-
centes no mesmo sentido até que se obtenha um resultado mais
favorável.

Figura 45. Exemplo de verificação de área mais desfavorável para rede


de distribuição em grid

Fonte: o autor.

148
Alguns sistemas computacionais disponíveis no mercado já
fazem sozinhos as estimativas de possíveis áreas de operação
adjacentes, auxiliando na definição da área mais desfavorável
hidraulicamente de uma rede de distribuição em grid.

8.4.2 Método dos chuveiros de aplicação específica (CMSA)

A NBR 17505, parte 4, não apresenta nenhuma tabela ou


arranjo em que seja possível a metodologia de cálculo CMSA;
todavia, como para alguns arranjos esta norma remete à proteção
da NFPA 13, este item trará uma breve explanação sobre a meto-
dologia.
A metodologia de cálculo CMSA é muito semelhante à CMDA;
porém, enquanto neste último método a norma oferece um par de
valores formado pela densidade mínima de aplicação e pela área
mínima de operação, na primeira a norma define três parâmetros:
pressão mínima, fator K e número mínimo de bicos na área de
operação.
Assim, o projetista deve, a partir da área de cobertura ado-
tada para cada chuveiro automático, definir a área de operação
mínima, conforme segue:

(Equação 7) A = N . a
Onde:
N = número de chuveiros automáticos na área de cálculo
A = área de operação do sistema de chuveiros automáticos em m²
a = área de operação de um chuveiro automático em m²
Com o valor da área de operação do sistema de chuveiros, do
fator K e da pressão mínima, o projetista passa a ter os mesmos
dados que teria na metodologia CMDA e, portanto, pode seguir os
passos já relatados no item 8.4.1 para desenhar a área de cálculo
e definir a vazão mínima do bico mais remoto hidraulicamente.

149
8.4.3 Método ESFR

Na metodologia ESFR, a norma fornece ao projetista três parâ-


metros, sendo eles o fator K do chuveiro ESFR, a pressão mínima
de operação e o número de chuveiros mínimos a serem adotados
na área de cálculo.
O desenho da área de operação do sistema é muito mais sim-
ples neste caso, pois a norma já define o número de bicos a ser
considerado em cada ramal e quantos ramais adotar. O número
mínimo de chuveiros na área de cálculo, na maioria dos casos, é de
12 bicos, sendo quatro em cada ramal, de três ramais diferentes
na posição mais desfavorável hidraulicamente em relação à fonte
de abastecimento da rede.
A NFPA 13 e a ITCB 24/2011 apresentam tabelas que oferecem
opções ao projetista para diversos pares de fator K e pressão. A
NBR 17505, parte 4, apresenta apenas a tabela A.20, que utiliza
o parâmetro ESFR de proteção, determinando o uso de fator K
200 ou maior, com a pressão mínima de 3,4 bar em qualquer caso,
resultando em uma vazão mínima de 370 lpm no chuveiro mais
desfavorável caso utilizado o fator K 200.
A tabela A.20 da NBR 17505, parte 4, deve ser aplicada para
produtos paletizados ou em estruturas porta-páletes de fila única
e duplas, conforme item 24.3.2.8, devendo o leitor ter certo cui-
dado com o título da tabela, que não é claro quanto a tal uso.

8.4.4 Chuveiros intraprateleiras (in-rack)

Os chuveiros automáticos internos são adotados apenas em


alguns casos de armazenamentos em estruturas porta-páletes e
não obedecem a nenhuma das metodologias de cálculos anterio-
res, por isso em geral as normas determinam uma das seguintes
combinações de parâmetros para dimensionamento:
• número mínimo de chuveiros a serem considerados no
cálculo, pressão mínima no chuveiro mais desfavorável e
leiaute de distribuição dos chuveiros; ou
150
• número mínimo de chuveiros a serem considerados no cál-
culo, vazão mínima no chuveiro mais desfavorável e leiaute
de distribuição dos chuveiros.
Em alguns casos, as normas apresentam também o parâmetro
fator K mínimo para dimensionamento. Contudo, independente-
mente dos parâmetros apresentados, a fórmula básica que deve
ser utilizada para escolha dos demais dados faltantes é a equação
1 deste trabalho, descrita no item 7.1.1, por meio da qual podemos
relacionar o fator K, a pressão e a vazão.
A posição dos chuveiros intraprateleiras a serem calculados é
descrita no próprio texto da norma, variando em quantidade por
linhas de distribuição. Um esclarecimento detalhado sobre a lei-
tura dos esquemas de distribuição de chuveiros intraprateleiras
pode ser encontrado no item 7.7 deste trabalho.

8.5 Roteiro de dimensionamento

Um ponto relevante a se recordar é que a NBR 17505, parte 4,


ao tratar de chuveiros automáticos, deve ser vista como comple-
mento da NFPA 13 e da NBR 10897, dado que os critérios gerais
de dimensionamento são dados por estas normas e apenas os cri-
térios específicos pela primeira.
Assim, parâmetros como distâncias para obstruções, distâncias
para o teto e para o armazenamento, tipos de teto, entre outras deze-
nas de conceitos, devem ser obtidos na NFPA 13 e na NBR 10897.
Mais uma vez reforçamos que nem todos os arranjos são pos-
síveis para todos os tipos de líquidos inflamáveis, devendo o pro-
jetista adotar aqueles cujos parâmetros de proteção são definidos
pela NBR 17505, parte 4.
Esta norma brasileira trabalha com fluxogramas, itens, tabe-
las esquemas e figuras para fornecer todos os dados necessários
ao dimensionamento do projeto. Como foi uma adaptação feita
com base na NFPA 30, ela segue uma lógica usada pela norma

151
americana, a qual é repetitiva e redundante, pois, por exemplo,
diversas informações previstas nos itens são repetidas em notas
nas tabelas e em outros itens.
Este autor recomenda que o projetista opte por começar pelos
fluxogramas das figuras A.2 a A.4, pois eles incorporam em suas
questões as exigências dos itens da NBR 17505 e da NFPA 13,
alguns não presentes na NBR, ocorrendo casos em que a proteção
não será feita sequer com base na norma brasileira, mas sim com
base na norma americana.
Para os casos em que a consulta aos fluxogramas defina uma
tabela da NBR 17505, parte 4, a ser seguida, este autor sugere que
o projetista verifique o item 24.3.2 e subitens da norma brasileira
a fim de se a tabela encontrada atende aos critérios desejados.
Para os casos em que a consulta aos fluxogramas defina a adoção
de critérios da NFPA 13, o projetista deve obter os parâmetros de
proteção na norma americana.
Passando para a tabela selecionada, esta pode fazer referência
a esquemas previstos no item 24.4 e subitens ou leiautes de chu-
veiros intraprateleiras previstos no item 24.3.1.10 e subitens, bem
como nas figuras A.15 a A.19, todos da NBR 17505, parte 4.
Assim, compilando as informações trazidas por estas normas,
este autor sugere os seguintes passos para o dimensionamento
de um sistema de chuveiros automáticos para armazenamento de
líquidos inflamáveis:
1. classificação do(s) líquido(s) que será(ão) armazenado(s) no
local;
2. seleção do(s) arranjo(s) de armazenamento do(s) mate-
rial(is);
3. consulta aos fluxogramas das figuras A.2 a A.4 da NBR
17505, parte 4;
4. consulta ao item 24.3.2 e subitens da NBR 17505, parte 4;
5. consulta à tabela determinada nos dois passos anteriores;
6. definição dos limites volumétricos, da altura de armazena-
mento e de altura de telhado;
152
7. verificação da metodologia de cálculo determinada pela
tabela;
8. verificação da necessidade de chuveiros intraprateleiras;
9. consulta aos esquemas de projeto, se necessário;
10. caso necessário, definição do o leiaute dos chuveiros intra-
prateleiras;
11. definição do tipo de sistema a ser adotado (tubo molhado,
ação prévia ou dilúvio, água ou água-espuma);
12. definição dos parâmetros de cálculo (espaçamento mínimo
e máximo, pressão mínima e máxima, área de cobertura
mínima e máxima dos chuveiros, área de operação, fator K,
tipo de bico, entre outros);
13. desenho da rede;
14. definição da necessidade de contenção para o sistema;
15. desenho das contenções; e
16. cálculo hidráulico do sistema.

8.5.1 Classificação do(s) líquido(s) que será(ão) armazena-


do(s) no local

Este autor recomenda um levantamento prévio de todas as pro-


priedades químicas dos líquidos armazenados que possam inter-
ferir no dimensionamento do sistema, em especial ponto de ful-
gor, ponto de ebulição, viscosidade, miscibilidade em água, entre
outros. Com os dados em mãos, classifique os produtos, conforme
descrito no item 3.8 deste trabalho.
No momento da classificação, verifique também o tipo de reci-
piente de armazenamento pretendido, quer no tocante ao material
construtivo do recipiente, quer em relação ao volume ou ao tipo do
recipiente. Caso haja possibilidade de variação do recipiente por
parte do usuário do depósito, a fim de otimizar o volume armaze-
nado ou reduzir exigências de proteção, este autor sugere que o
projetista simule várias hipóteses de recipientes e procure encon-
trar aquele que seja mais adequado ao cliente.

153
O autor sugere, também, que seja montada uma tabela com
todas as propriedades químicas relevantes dos líquidos armaze-
nados e incluída no projeto para facilitar conferência na análise
do Corpo de Bombeiros ou de outro órgão de inspeção, ou mesmo
auditorias futuras. Essa tabela pode auxiliar o usuário do arma-
zém quanto aos limites de uso do local.

8.5.2 Seleção do arranjo de armazenamento dos líquidos

Há necessidade de que o projetista defina um primeiro arranjo


pretendido de armazenamento, pois os fluxogramas e as tabelas
são baseados em arranjos por estantes, empilhamento, paletiza-
dos ou estruturas porta-páletes.
Todavia, por vezes, após os passos 4, 5 ou 6, o projetista pode
observar que, devido ao arranjo escolhido, haverá necessidade de
proteção por chuveiros intraprateleiras ou redução da altura preten-
dida inicialmente, ou mesmo restrição de volumes; neste caso, pode
ser escolhido um novo arranjo e reiniciar-se a partir do passo 2.

8.5.3 Consulta aos fluxogramas das figuras A.2 a A.4 da


NBR 17505, parte 4
Esta etapa do processo requer cuidados especiais em relação à
NBR 17505, pois há uma série de divergências entre os fluxogra-
mas adaptados para a norma brasileira e os fluxogramas originais
da NFPA 30, podendo ocorrer entendimento errôneo ou dificuldade
de entendimento caso tais divergências não fiquem claras ao leitor.
Para tanto, exibiremos nas figuras de 45 a 52 um comparativo
entre os fluxogramas da NBR 17505, parte 4, e da NFPA 30, indi-
cando em vermelho os pontos em que divergem.
Note que em alguns pontos dos fluxogramas nos quais a NFPA
30 mostra afirmações no interior de retângulos, a NBR 17505, parte
4, traz questões com apenas uma opção de resposta. Este autor
entende que o correto seria como está na NFPA, pois a figura utili-
zada para questões em um fluxograma é o losango. Além do mais,
no ponto do fluxograma em que os retângulos estão colocados, não

154
há mais alternativas para serem seguidas, visto que o projetista já
respondeu às questões anteriores que esgotam o assunto.
Como exemplo, o fluxograma da figura A.4 da NBR 17505,
parte 4 (figura 49 deste trabalho), mostra a frase: “a concentração
do líquido é > 20% mas ≤ 50%”. Esta frase é usada como questão
e não como afirmativa, divergindo da figura 16.4.1(c) da NFPA
30 (figura 50 deste trabalho). O correto seria o uso de uma afir-
mativa, pois já há uma questão anterior no fluxograma sobre a
possibilidade de o líquido ter concentração “>50%” e outra questão
sobre a possibilidade de o líquido ter concentração “≤20%”, então
não haveria mais alternativas, cabendo, portanto, uma frase afir-
mativa, e não uma interrogativa.
Uma outra divergência encontrada entre as normas está na
figura A.3 da NBR 17505, parte 4 (figura 48 deste trabalho). Após
a questão “o líquido é de classe IIIB?”, a norma brasileira oferece
duas tabelas como opção de proteção, A.21 e A.22, enquanto a figura
16.4.1(b) da NFPA 30 (figura 49 deste trabalho) prevê três opções de
tabelas para proteção, 16.5.2.5, 16,5.2.9 e 16.5.2.10. Assim, observe
que na NBR 17505, parte 4, não foi apresentada a opção de prote-
ção pela tabela A.17, a qual corresponde à tabela 16.5.2.5 da NFPA
30. Poderia até ser cogitado que se tratou de exclusão proposital
pela norma brasileira, mas o item 24.3.2.5 da NBR determina que
a tabela é aplicável ao caso, contradizendo o fluxograma.
No fluxograma da figura A.4 da NBR 17505, parte 4 (figura
50 deste trabalho), nas opções oferecidas após a questão “o reci-
piente tem capacidade > 20 l?”. Uma das alternativas diz “Prote-
ger usando critérios de líquidos classe III como descrito na NFPA
13”, todavia a NFPA 13 não prevê critérios para líquidos classe III,
então o correto seria afirmar “Proteger usando critérios de merca-
dorias classe III como descrito na NFPA 13”, da mesma forma que
ocorre na figura 16.4.1(c) da NFPA 30 (figura 51 deste trabalho).
Por fim, ainda quanto à figura A.4 da NBR 17505, parte 4, este
trabalho, no item 3.8, descreve outra divergência desta em relação
à figura 16.4.1(c) da NFPA 30.

155
Figura 46. Divergências do fluxograma da figura A.2 da NBR 17505,
parte 4, em relação à figura 16.4.1(a) da NFPA 30

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (adaptada pelo autor).

156
Figura 47. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(a) da NFPA 30
em relação à figura A.2 da NBR 17505, parte 4

Fonte: NFPA (adaptada pelo autor).

157
Figura 48. Divergências do fluxograma da figura A.3 da NBR 17505,
parte 4, em relação à figura 16.4.1(b) da NFPA 30

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (adaptada pelo autor).

158
Figura 49. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(b) da NFPA 30
em relação à figura A.3 da NBR 17505, parte 4

Fonte: NFPA (adaptada pelo autor).

159
Figura 50. Divergências do fluxograma da figura A.4 da NBR 17505,
parte 4, em relação à figura 16.4.1(c) da NFPA 30

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (adaptada pelo autor).

160
Figura 51. Divergências do fluxograma da figura 16.4.1(c) da NFPA 30
em relação à figura A.4 da NBR 17505, parte 4

Fonte: NFPA (adaptada pelo autor).

161
8.5.4 Consulta ao item 24.3.2 e subitens da NBR 17505,
parte 4

O item 24.3.2 da NBR 17505, parte 4, repete as mesmas orien-


tações dos fluxogramas das figuras A.2 a A.5 da mesma norma,
servindo de parâmetro para confirmação das informações previs-
tas no fluxograma, porém ambos têm dados adicionais em relação
um ao outro.
Logo, os fluxogramas e os itens são complementares, pois os
primeiros incorporam proteções previstas na NFPA 13, as quais
não estão previstas nos itens. Já os itens em alguns casos preveem
larguras de corredores e tipos de alívio dos recipientes não con-
templados pelos fluxogramas.
Como exemplo, adote um líquido classe I, miscível em água,
com mais de 50% de produto na solução de água, armazenado em
um recipiente de plástico e em estruturas porta-páletes. Iniciando
a análise pelo fluxograma da figura A.3 da NBR 17505, parte 4, o
leitor será enviado para o fluxograma da figura A.4 e finalmente
será indicada a proteção pela tabela A.19 ou A.22.
Consulte, na sequência, os itens 24.3.2.7 e 24.3.2.10 da NBR
17505, parte 4:

24.3.2.7 A Tabela A.19 deve ser aplicada nos seguintes casos:


a) proteção por chuveiros automáticos;
b) armazenamento em estruturas porta-páletes de fileira sim-
ples ou dupla;
c) líquidos miscíveis em água com concentrações de componen-
tes inflamáveis ou combustíveis maiores que 50% em volume;
d) recipientes plásticos;
e) embalados ou não em embalagens externas de papelão;
f) corredores com largura mínima de 2,5 m.

24.3.2.10 A Tabela A.22 deve ser aplicada nos seguintes casos:
a) proteção por chuveiros automáticos;
b) armazenamento em estruturas porta-páletes de fileira sim-
ples ou dupla;

162
c) líquidos não miscíveis de classe II e de classe III e líquidos
miscíveis de classe II e de classe III;
d) recipientes intermediários para granel rígidos e não metá-
licos aprovados. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013)

Observe que o item 24.3.2.7 determina que a tabela A.19 pode


ser usada para o líquido de classe I, enquanto o item 24.3.2.10
impede o uso da tabela A.22 para este fim. Logo, restará a opção
apenas da tabela A.19. Note que o item 24.3.2.7 determina, ainda,
a adoção de corredores de no mínimo 2,5 m, podendo ser em estru-
turas porta-páletes de fila única ou duplos. Observe que essas
informações não estão previstas no fluxograma, havendo necessi-
dade de consulta ao item para complementá-las.

8.5.5 Consulta às tabelas

As tabelas da NBR 17505, parte 4, indicarão praticamente


todos os parâmetros necessários para o cálculo do sistema de chu-
veiros automáticos. Elas são a principal fonte de dados para a
complementação das informações já definidas nas etapas anterio-
res do processo de dimensionamento.
O projetista deve observar que os parâmetros da tabela seguem
limites de capacidade dos recipientes, devendo o projetista verifi-
car os limites permitidos e avaliar se atendem às necessidades da
empresa. Caso os limites previstos na tabela não sejam adequados
à necessidade, o projetista deve retornar aos passos anteriores do
dimensionamento variando o arranjo de armazenamento e o tipo
de embalagem.

8.5.6 Definição dos limites de altura de armazenamento e de


altura de telhado

Ainda nas tabelas e após definida a capacidade dos recipien-


tes, o projetista verificará qual é o limite permitido de altura do
telhado e o limite permitido de altura de armazenamento.

163
Note que por vezes a altura disponível do telhado será incom-
patível com a altura permitida pela norma. Nesses casos as alter-
nativas serão o rebaixamento do teto com forro ou retornar às
etapas anteriores do dimensionamento buscando outros tipos de
embalagens e arranjos que permitam a altura de telhado dese-
jada, se possível.
Caso seja adotada a solução de rebaixamento do teto com ins-
talação de forro, deve ser observada a NFPA 13, que especifica o
tipo de forro permitido e, em alguns casos, exige sprinklers na área
entre o forro e o telhado.

8.5.7 Verificação da metodologia de cálculo determinada


pela tabela

Continuando na tabela, o projetista encontrará implícita nesta


a metodologia de cálculo que deve ser adotada. Para melhor eluci-
dação do assunto, o leitor deve consultar o item 8.4 deste trabalho.

8.5.8 Verificar a necessidade de chuveiros intraprateleiras

Para a maioria dos casos, a NBR 17505, parte 4, exige prote-


ção por chuveiros intraprateleiras. Para estas situações, a norma
determina a consulta a leiautes de distribuição dos chuveiros e/ou
esquemas de projetos.

8.5.9 Determinação do leiaute dos chuveiros intraprateleiras

Nos casos em que há necessidade de chuveiros intraprate-


leiras, a tabela poderá indicar um leiaute definido por letras em
ordem alfabética de “A” a “I”. As letras indicadas na tabela são
encontradas no item 24.3.1.10 da NBR 17505, parte 4, sendo que
aquelas de “A” a “G” descrevem a distribuição dos chuveiros textu-
almente e aquelas de “H” até “I” remetem a figuras que descrevem
o leiaute por imagens.

164
Para melhor entendimento da distribuição dos chuveiros intra-
prateleiras, veja o item 7.7 deste trabalho.

8.5.10 Consulta aos esquemas de projeto, se necessário

Por fim, em alguns casos a tabela fornecerá também um


esquema de projeto. Estes esquemas complementam os parâme-
tros não determinados pelas tabelas, tais como posicionamento
das barreiras horizontais.

8.5.11 Definição do tipo de sistema a ser adotado

Para verificação do tipo de sistema permitido e do modelo de


distribuição da rede, leia o item 7.5 deste trabalho.

8.5.12 Definição dos parâmetros de cálculo

Nesta etapa do processo de dimensionamento do sistema, o


projetista compilará todas as informações obtidas em fluxogramas
das figuras, itens, tabelas, leiautes e esquemas para definir todos
os parâmetros de dimensionamento necessários, conforme a meto-
dologia de cálculo adotada.
Será, ainda, necessária a complementação de dados por meio
de consulta à NFPA 13 ou NBR 10897, obtendo informações como
distância máxima entre bicos, distância para obstruções, entre
outras não previstas na NBR 17505, parte 4.

8.5.13 Desenho da rede

Com os parâmetros de distribuição dos chuveiros automáticos


em mãos, pode ser desenhada a rede de distribuição e posiciona-
dos os chuveiros automáticos, observando os espaçamentos entre
chuveiros e entre ramais.
Os diâmetros das tubulações devem ser dimensionados de
forma a obter o melhor desempenho hidráulico dentro dos limites

165
de pressão máximos e mínimos permitidos para o sistema, não
sendo objetivo deste trabalho descrever os conceitos hidráulicos
necessários a este dimensionamento.

8.5.14 Definição da necessidade de contenção para o sistema

A definição quanto à necessidade ou não de adoção de um sis-


tema de contenção e drenagem é feita por meio do fluxograma da
figura A.5 da NBR 17505, parte 4. Um detalhamento desta prote-
ção pode ser encontrado no item 6.5.

8.5.15 Desenho das contenções

Para os casos em que for definida a necessidade de adoção de


um sistema de contenção e drenagem, este sistema deve observar
as prescrições da NBR 17505, parte 4, as quais estão detalhadas
no item 6.5 deste trabalho.

8.5.16 Cálculo hidráulico do sistema

O cálculo hidráulico do sistema é a última etapa do processo


de dimensionamento, podendo ser executado manualmente, por
planilhas de cálculos ou por softwares específicos.
Este autor recomenda que sejam adotados softwares específicos
devido à precisão deles em relação às demais opções. Contudo,
lembre-se de que alguns softwares dispõem de ferramentas de
ajuda quanto à classificação do risco e distribuição dos chuveiros
que, em geral, são baseadas nas normas gerais da NFPA 13 ou
da NBR 10897. Assim, deve ser feita uma análise dos resultados
apresentados por essas ferramentas, as quais, se não configura-
das adequadamente, podem gerar resultados diversos do exigido
para os líquidos inflamáveis.

166
9 _ COMPONENTES E REQUISITOS
ESPECÍFICOS DE UM SISTEMA
DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS
ÁGUA-ESPUMA

O sistema de chuveiros automáticos água-espuma é uma varia-


ção do sistema de chuveiros convencional apenas com água; logo,
este segue os conceitos básicos já descritos nos capítulos anterio-
res deste trabalho, porém existem algumas peculiaridades que
serão esmiuçadas neste capítulo.
O item 22.2 da NFPA 13 determina que para ocupação com
líquidos inflamáveis e combustíveis sejam consultados os parâ-
metros da NFPA 30. Esta, por sua vez, no item 16.4.2.2, deter-
mina que para sistemas de chuveiros automáticos água-espuma
sejam adotados os critérios de instalação e projeto da NFPA 16.
Na mesma linha, a NBR 17505, parte 4, manteve o texto origi-
nal e determina também a adoção dos critérios da NFPA 16 como
padrão para este tipo de sistema de chuveiros automáticos.
Observe que a NFPA 16 estabelece apenas padrões para pro-
jeto e instalação de chuveiros automáticos com espuma de baixa
expansão; já para projetos de instalação com espuma de média
e alta expansão, deve ser adotada a NFPA 11. Contudo, os siste-
mas desenhados com base na NFPA 11 não são previstos na NBR
17505-4 para armazenamento de líquidos inflamáveis fracionados.
Os sistemas de média e alta expansão são abordados na NFPA
13 como opção para o armazenamento de materiais que classi-
fica como sendo de classe II, III ou IV. Por conseguinte, como já
descrito neste trabalho, a NFPA 30 remete por vezes à proteção

167
por chuveiros automáticos com base na NFPA 13, podendo neste
caso ser aplicados sistemas de média e alta expansão com base
na NFPA 11.
No tocante aos critérios para os sistemas de baixa expansão da
NFPA 16, esta norma não define os casos em que devem ser insta-
lados sistemas de água-espuma, visto que para tal finalidade deve
ser observada a NFPA 30.
Estes sistemas projetados conforme a NFPA 16, por utilizarem
uma combinação de agentes extintores (água e espuma), podem
ser aplicados seletivamente para materiais de classe A e B. Nestas
situações, o sistema de chuveiros automáticos de água-espuma
tem por finalidade a extinção dos incêndios, a prevenção de incên-
dios ou o controle e a proteção contra exposição.
A prevenção mencionada ocorre com a aplicação da espuma
sobre derramamentos de produtos em áreas de processo ou arma-
zenamento de líquidos inflamáveis, impedindo ou reduzindo a for-
mação de atmosfera propícia ao início de um incêndio. O mesmo
princípio aplica-se quando a espuma é usada para controle e pro-
teção de exposição, sendo o sistema acionado para deposição da
espuma sobre o produto que se quer proteger, reduzindo a incidên-
cia de calor oriundo de um incêndio próximo.
Para atender às finalidades descritas, o sistema de chuveiros
automáticos de água-espuma deve operar com espuma durante o
período de tempo e a densidade de aplicação para o qual foi dese-
nhado e prosseguir após este período aplicando água até que seja
desativado manualmente ou vice-versa.

9.1 Tipos de sistemas

Os tipos de sistemas permitidos para o uso com água-es-


puma são semelhantes aos descritos para o sistema de chuveiros
automáticos convencionais (apenas água). Todavia, o sistema de
chuveiros automáticos água-espuma conta com uma reserva de

168
concentrado de espuma (líquido gerador de espuma – LGE) inter-
ligada ao sistema por meio de um equipamento dosador que injeta
o concentrado na linha de água, gerando uma solução de espuma
com a porcentagem desejada de LGE, seguindo tal solução para os
equipamentos de descarga, onde ocorrem o batimento da solução
com o ar e a geração de espuma.
A NFPA 16 prevê ainda um tipo de sistema denominado sis-
tema de pulverização de água-espuma, o qual difere do sistema
de dilúvio pela existência de um tipo de bico especial, denominado
pulverizador de água-espuma. Tal sistema é instalado paralela-
mente a um sistema de chuveiro automático de água-espuma.
Quanto ao sistema de tubo molhado, a NFPA 16 prevê uma
variação possível denominada sistema pré-preparado (pre-primed
system), o qual consiste em um sistema do tipo tubo molhado no
qual a tubulação fica pressurizada com uma solução de água e
líquido gerador de espuma.
Todos esses tipos de sistemas são projetados para aplicação de
espuma por tempo determinado, após o qual eles aplicarão água,
podendo, ainda, ser usada a aplicação de água e posteriormente
de espuma.

9.2 Espuma

A espuma pode ser entendida como um aglomerado de bolhas


formado pelo batimento de água, LGE e ar, com menor densidade
do que os líquidos inflamáveis e a água.
A mistura prévia homogênea de água e LGE em porções prede-
finidas é conhecida como solução de espuma, sendo este o líquido
presente na tubulação entre o equipamento de dosagem do LGE e
o ponto de descarga da espuma.
Independentemente do tipo de LGE utilizado na formação da
espuma, devido à grande parte de água em sua composição, esta
não pode ser aplicada sobre materiais que reagem com água ou
169
materiais elétricos, tampouco oferece eficiência para o combate a
incêndios em gases comprimidos.
A taxa de expansão da espuma pode variar conforme a quan-
tidade de ar presente na solução de espuma, sendo classificada
como segue:
• Baixa expansão: taxa de expansão da espuma em relação à
solução de espuma de até 1:20.
• Média expansão: taxa de expansão da espuma em relação à
solução de espuma maior que 1:20 e até 1:200.
• Alta expansão: taxa de expansão da espuma em relação à
solução de espuma superior a 1:200 e até 1:1000.
As taxas de expansão dependem de um conjunto entre um
LGE adequado e um equipamento que promova a injeção de ar
suficiente na solução de espuma que permita a sua expansão.
Em geral, ao definir a quantidade de espuma a ser aplicada em
uma área é utilizada a densidade de água-espuma ou a taxa de apli-
cação. Estes conceitos referem-se a uma vazão aplicada a uma área
(lpm/m² ou gpm/ft²), não considerando neste caso a taxa de expansão
da espuma, mas sim a quantidade de solução de espuma utilizada.
As NBRs 12615 e 15511 são as normas que regulamentam
a fabricação e o uso de LGE de baixa expansão no Brasil, não
havendo norma nacional para espumas de média e alta expansão.
Para esses casos, a referência mais aceita é a NFPA 11, citada pela
NFPA 13 e pela ITCB 24/2011.
Para o caso dos chuveiros automáticos de água-espuma, a
norma utilizada é a NFPA 16, a qual trata apenas da aplicação de
espumas de baixa expansão.

170
9.3 Líquidos geradores de espuma (LGE)

Os LGE ou concentrados de espuma (foam concentrate) são


agentes espumantes líquidos concentrados utilizados com água e
ar para formação da espuma.
Conforme NFPA 16, eles são classificados como:
• LGE sintético: concentrado com base em agentes espu-
mantes que não sejam proteínas hidrolisadas e incluindo
concentrados de espuma de formação de película aquosa
(AFFF), concentrados de espuma de expansão média e alta
e outros concentrados de espuma sintética.
• LGE proteico: concentrado constituído principalmente em
produtos de um hidrolisado de proteínas, além de aditivos
e inibidores estabilizadores para proteger contra o conge-
lamento, para prevenir a corrosão de equipamentos e reci-
pientes, resistir à decomposição bacteriana, controlar a vis-
cosidade e assegurar a prontidão para uso em condições de
emergência.
• LGE formador de filme aquoso (AFFF): concentrado à base
de surfactantes fluorados mais estabilizadores de espuma
e geralmente diluído com água a uma solução de 1%, 3%
ou 6%.
• LGE de flúor-proteína: concentrado muito semelhante ao
de espuma de proteína, mas com um aditivo surfactante
fluorado sintético.
• LGE de flúor-proteína formadora de filme (FFFP): concen-
trado que usa surfactantes fluorados para produzir uma
película aquosa fluida para a supressão de vapores de com-
bustível de hidrocarbonetos.
• LGE resistente a álcool: concentrado utilizado para com-
bater incêndios em materiais solúveis em água e outros
combustíveis destrutivos para espumas regulares, AFFF

171
ou FFFP, bem como para incêndios envolvendo hidrocar-
bonetos.
• LGE média e alta expansão: concentrado, geralmente deri-
vado de surfactantes de hidrocarbonetos, que pode ser
usado em equipamentos especialmente projetados para
produzir espumas com proporções de volume de espuma de
solução de 20:1 para aproximadamente 1000:1.
• Outros LGE sintéticos: concentrados à base de agentes ten-
soativos de hidrocarbonetos e listados como agente umec-
tante, agente espumante ou ambos.
Os LGE usados em sistemas de chuveiros automáticos devem
ser listados pelo fabricante para uso com os dispositivos de des-
carga e dosadores para os quais o sistema for projetado, da mesma
forma o LGE usado para reposição do suprimento deve ser do
mesmo tipo e listado.
Deve ser observado, também, que não se devem armazenar
diferentes tipos e marcas de LGE misturados em um único reser-
vatório. Da mesma forma, não se devem dosar LGE diferentes
misturados, salvo se os fabricantes garantirem as compatibilida-
des. Todavia, podem ser aplicadas espumas geradas apartir de
concentrados FFFP e AFFF simultaneamente em um mesmo fogo.
Adicionalmente, a quantidade de LGE disponível para o sis-
tema deve ser suficiente para garantir a vazão e o tempo requeri-
dos pela NFPA 16, sendo que no caso de sistemas pré-preparados
a quantidade de LGE na rede será adicional ao volume requerido.
A empresa deverá, ainda, ter meios para repor a quantidade de
LGE em um período máximo de 24 horas após eventual uso. Tal
exigência pode ser suprida adotando um estoque com o dobro da
quantidade requerida ou se filiando a um plano de auxílio mútuo
entre empresas que garanta tal reposição.
Deve ser feita uma análise cuidadosa quanto à filiação a um
plano de auxílio mútuo (PAM) para garantia da reposição do LGE,
pois as empresas participantes do plano devem dispor de um

172
tipo e marca de LGE compatível com o sistema a ser utilizado e
em quantidade suficiente para reposição no prazo de 24 horas,
estando estas condições descritas em contrato do PAM para que
seja realmente garantida a reposição requerida.
Ocorre que em muitos casos as empresas utilizam o PAM como
fonte para reposição do LGE em suas plantas, mas os materiais
listados no contrato entre as partes não são compatíveis em quan-
tidade e tipo com o LGE necessário para reposição.

9.4 Tanques de armazenamento de LGE

Os tanques de armazenamento de LGE devem ter capacidade


de no mínimo 100% do volume requerido para operação do sis-
tema. Tal volume será obtido multiplicando-se a vazão requerida
do sistema pelo tempo de operação. Este cálculo será detalhado no
item 9.9 deste trabalho.
Os tanques de armazenamento do líquido gerador de espuma
devem ser localizados de forma a estarem protegidos da incidên-
cia direta de raios solares e de variações térmicas fora dos limi-
tes permitidos pelos fabricantes. O volume do tanque deve, ainda,
considerar um volume adicional que comporte as possíveis taxas
de expansão do LGE armazenado.
A conexão de sucção do reservatório deve estar localizada em
uma posição que impeça a captação de possíveis sedimentos no
fundo do reservatório e adicionalmente o volume contido neste
depósito de sedimentos não pode ser considerado no cálculo do
volume do tanque.
A posição da conexão de sucção de LGE e do tanque de armaze-
namento deve ser escolhida de tal modo que, descontadas as per-
das de carga na tubulação, seja garantida uma pressão positiva na
entrada do equipamento de dosagem de espuma.
Por fim, os tanques de armazenamento devem conter os seguin-
tes equipamentos:
173
• abertura para inspeção da superfície interna do tanque;
• conexões para sucção, alívio e linhas de teste do sistema;
• aparelhos de visão protegidos ou outros dispositivos de
nível de líquido; e
• conexões de enchimento e drenagem.

9.5 Dosadores de LGE

Dosagem de LGE ou proporção é a introdução contínua de LGE


na linha de água em uma porcentagem predefinida para formação
de uma solução de espuma.
Diversos tipos de equipamentos podem ser adotados para
a dosagem de LGE em sistemas de chuveiros automáticos com
espuma, sendo a principal característica exigida a possibilidade
de dosagem em vazões variáveis.
Conforme a NBR 17505, item 24.3.6.1.2:

Sistemas de chuveiros de espuma devem ser fornecidos com


uma solução de espuma em uma concentração mínima reque-
rida para a atuação mínima de quatro chuveiros. (ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013)

Então, a faixa de vazão do dosador deve ser suficiente para aten-


der a um mínimo de quatro chuveiros automáticos e a um máximo
de chuveiros equivalente à área de cálculo definida em norma.
Além da característica citada, o sistema de dosagem deve
garantir as seguintes condições de operação:
• A vazão de descarga real do sistema calculada (conside-
rando o desempenho real de todos os componentes do sis-
tema) na porcentagem de espuma apropriada para a condi-
ção hidraulicamente mais desfavorável.
• A vazão de descarga real do sistema calculada (considerando
o desempenho real de todos os componentes do sistema) na

174
porcentagem de espuma apropriada para a condição hidrau-
licamente mais favorável.
• Ser compatível com as pressões disponíveis de água nas
condições mais favoráveis e menos favoráveis.
Observe que, para que estas condições sejam garantidas no
momento do dimensionamento do sistema, devem ser feitos cálcu-
los hidráulicos do ponto mais favorável hidraulicamente e do mais
desfavorável hidraulicamente, conforme rendimento da bomba de
incêndio e dos demais equipamentos adotados. Os cálculos devem
considerar ainda a situação de todos os sprinklers da área de cál-
culo operando e de somente quatro sprinklers operando, tanto no
ponto mais favorável como no mais desfavorável hidraulicamente,
devendo o sistema de dosagem ser capaz de atender a todas essas
condições de operação.
A NFPA 16 define que a injeção de LGE na tubulação de água
pode ser feita preferencialmente pelos métodos de pressão balan-
ceada ou por pressão positiva. Para tanto, a norma americana
descreve que o método de injeção por pressão balanceada devem
ser um dos seguintes:

175
• Um sistema de dosagem por pressão balanceada que utiliza
uma bomba de concentrado de espuma descarregando por
meio de um orifício de medição para um controlador de dose-
amento com as pressões do LGE e da água mantidas auto-
maticamente como iguais por meio do uso de uma válvula de
balanceamento de pressão.

Figura 52. Exemplo de esquema de dosagem de LGE com bomba de


concentrado com pressão controlada por válvula balanceadora

Fonte: o autor (adaptada da NFPA 16).

176
• Um sistema de dosagem por pressão balanceada utilizando
um tanque diafragma ou bexiga para separar a água e o
LGE que controla a descarga por meio da diferença de pres-
são entre o LGE e a água bem como descarrega o LGE por
um orifício de medição para um controlador de dosagem.

Figura 53. Exemplo de esquema de dosagem de LGE com tanque dia-


fragma com controle de descarga por placa de orifício

Fonte: o autor (adaptada da NFPA 16).

177
Figura 54. Exemplo de esquema completo de sistema de dilúvio com
dosagem de espuma por tanque com bexiga

1 – Válvula de dilúvio 7 – Pressostato 13 – Proporcionador de espuma

2 – Válvula de isolamento 8 – Gongo hidráulico 14 – Tanque com bexiga de LGE

3 – Válvula de suprimento 9 – Painel de controle 15 – LGE

4 – Central de comando ma-nual 10 - Aspersores 16 – Válvula esférica hidráulica

5 – Válvula de parada 11 – Detectores de calor ou fu-maça

6 – Válvula dreno 12 – Válvula solenoide

Fonte: Enggyiclopédia (adaptada pelo autor).

178
• Um sistema de dosagem de pressão balanceada que uti-
liza uma bomba de concentrado de espuma ou um tanque
de bexiga, enquanto um dispositivo regulador de pressão
colocado na linha de retorno da bomba deve manter a pres-
são constante na linha de alimentação de LGE em todas as
vazões de projeto. A pressão constante deve ser superior à
pressão máxima da água em todas as condições de operação.

Figura 55. Exemplo de sistema de dosagem de LGE com bomba de con-


centrado e válvula de balanceamento na linha de retorno

Fonte: o autor (adaptado da NFPA 16).

179
• Um sistema que utilize uma bomba de LGE descarregando,
por meio de um orifício de medição para a linha de água
com a pressão de LGE no lado, a montante do orifício exce-
dendo a pressão da água por um valor de projeto específico.

Figura 56. Exemplo de sistema de dosagem de LGE por meio de sis-


tema de bombeamento com controle de descarga por placa de orifício

Fonte: o autor (adaptada da NFPA 16).

180
Além dos métodos por pressão balanceada, é permitida a dosa-
gem de LGE pelos seguintes métodos:
• Sistemas de injeção espuma por pressão positiva que uti-
lizem uma bomba de LGE acoplada a um motor de acio-
namento que varie a quantidade de LGE para combinar
com as vazões de água, mantendo a porcentagem correta
de LGE na linha.

Figura 57. Exemplo de sistema de injeção de espuma com motor


hidráulico que varia a quantidade de LGE conforme vazão de água

Fonte: Kidde.

181
• Sistemas de dosadores tipo around-the-pump, os quais con-
sistem em um edutor instalado em uma linha de derivação
entre a descarga e a sucção de uma bomba de água. Uma
pequena porção da descarga da bomba flui por este edutor
e dosa a quantidade necessária de LGE, descarregando a
mistura na sucção da bomba. A capacidade variável pode
ser regulada pelo uso de uma válvula de medição contro-
lada manualmente.

Figura 58. Exemplo de esquema de dosadores tipo around-the-pump

Fonte: o autor (adaptado da NFPA 16).

182
• Sistema de dosagem com edutores em linha, também conhe-
cidos como entre linhas, proporcionadores de linhas ou indu-
tores. Os edutores trabalham utilizando uma diferença de
pressão causada pelo efeito venturi, arrastando a água para
a linha de água. Têm a grande vantagem de ser mais bara-
tos economicamente, porém trabalham com faixas de vazão
quase fixas e têm uma perda de carga muito elevada, de
cerca de 35% da pressão de entrada. No caso de sistemas
com chuveiros automáticos, este equipamento também não
atende aos critérios descritos anteriormente e somente pode
ser utilizado para sistemas do tipo dilúvio, no qual a pressão
e vazão requerida para operação é sempre a mesma.

Figura 59. Exemplo de edutor em linha

Fonte: Bucka.

9.6 Filtro de LGE

O sistema de chuveiros automáticos água-espuma deve obri-


gatoriamente contar com sistema de filtros para o LGE de modo a
evitar que partículas obstruam orifícios de descarga ou dosagem
do sistema.
Deste modo, devem ser instalados filtros nas linhas de concen-
trado a montante das bombas de LGE e em posição de fácil acesso
e limpeza. Tais equipamentos devem ser dimensionados com furos
de diâmetro mínimo de 3,2 mm e de diâmetro máximo inferior ao
menor orifício existente no sistema e que possa ser obstruído.

183
Todavia, não é recomendado o uso de filtros em sistemas dosa-
dores com tanques de bexiga, pois podem interferir no processo de
dosagem.

9.7 Tipos de chuveiros automáticos para sistemas


água-espuma

A NFPA 16, adotada pela NBR 17505 para sistemas de chu-


veiros automáticos de água-espuma, define que os dispositivos de
descarga devem ser listados para a finalidade à qual se destina e
determina que podem ser dos seguintes tipos:
• chuveiros automáticos de água-espuma;
• chuveiros automáticos padrões;
• pulverizador de água-espuma, e
• aspersores de água-espuma.
Figura 60. Exemplo de chuveiro automático água-espuma aspirado

Fonte: Ansul.

184
Figura 61. Exemplo de pulverizador água-espuma

Fontes: Firesho e NFPA, respectivamente.

Os chuveiros automáticos para uso com espuma podem ser do


tipo aspirados ou não aspirados. Os sistemas do tipo dilúvio exi-
gem que os bicos sejam aspirados, exceto quando o fabricante do
dispositivo padrão autorize seu uso para sistemas com espuma.
Por sua vez, os chuveiros automáticos para sistemas do tipo
molhado, pré-ação ou tubos secos devem possuir chuveiros auto-
máticos não aspirados.
Ainda para os sistemas do tipo molhado, pré-ação ou tubos
secos, os bicos devem observar as seguintes temperaturas de ope-
ração, conforme item 7.3.7.4 da NFPA 16:

(A) Os chuveiros automáticos devem estar entre 121 °C a 149


°C, onde estão localizados no telhado ou no forro.
(B) Os chuveiros automáticos que estiverem localizados em um
nível intermediário devem ter temperatura entre 57 °C a 77 °C,
a menos que as condições ambientais exijam uma classificação
mais alta. (Traduzido pelo autor de NFPA, 2015)

185
9.8 Recalque

A NFPA 16 define que os registros de recalque para os sistemas


de chuveiros automáticos de água-espuma sejam duplos com cone-
xões roscadas de 65 mm, porém abre uma exceção para os locais
onde o padrão de conexão usado pelo Corpo de Bombeiros local
seja diferente.
Assim, como os Corpos de Bombeiros brasileiros utilizam o
padrão storz de conexão; este sistema pode ser adotado sem con-
trariar a NFPA.
Independentemente da conexão adotada, devem ser avaliados
alguns pontos que podem prejudicar o funcionamento do sistema,
tais como: sobrepressão de componentes do sistema, desbalancea-
mento do equipamento de dosagem, diluição de solução de espuma
proporcionada e perturbação de dispositivos acessórios do sistema
(pressostatos, válvulas de controle hidráulico e pressões e fluxos
que excedem o design do sistema de espuma).
Para minimizar estes efeitos de um recalque inadequado no
sistema, na tampa da conexão devem ser incluídos dizeres que
alertem quanto à pressão máxima de trabalho da rede, podendo,
ainda, ser instalado um sistema de controle de pressão na linha
do recalque.

9.9 Critérios de projeto

Da mesma forma como em um sistema de chuveiros automá-


ticos por água calculados pela metodologia CMDA, os sistemas de
chuveiros automáticos água-espuma necessitam dos parâmetros
área de operação e densidade para cálculo.
Contudo, a NFPA 16 faz algumas ressalvas que devem ser
observadas para o correto dimensionamento, as quais este item se
destina a esmiuçar.

186
9.9.1 Densidade de aplicação

A densidade de descarga do projeto para os armazenamentos


de líquidos inflamáveis será obtida na NBR 17505, parte 4. As
tabelas A.15 e A16 da norma brasileira são próprias para o uso
em sistemas de chuveiros automáticos com espuma; porém, o item
24.2.2.2 da mesma norma permite o uso das demais tabelas da
NBR para sistemas com espuma.
Quanto à densidade de aplicação, a NFPA 16 prevê que os sis-
temas de chuveiros automáticos terão densidade mínima de 6,5
mm/m², salvo se o padrão de ocupação determinar maior densi-
dade. No caso, quando a norma americana fala em padrão de ocu-
pação, o leitor deve entender que existem diversas NFPA elabora-
das para ocupações específicas que referenciam a NFPA 16. Um
exemplo deste é a NFPA 30, que serviu de base a NBR 17505,
parte 4, tratando especificamente do armazenamento fracionado
de líquidos inflamáveis. Portanto, no caso de líquidos inflamáveis,
o valor a ser adotado para densidade é o previsto nas tabelas da
NBR 17505, parte 4, e, caso seja inferior a 6,5 mm/m², adota-se
este último.

9.9.2 Líquido gerador de espuma

Como já descrito no item 9.3, existem diversos tipos de LGE,


devendo o projetista adotar um concentrado compatível com o pro-
duto que será armazenado no local.
A NFPA 16 ressalva que os fabricantes do LGE e dos equipa-
mentos de aplicação e dosagem devem ser consultados quanto às
características de seus produtos, os quais podem ter limitações
para uso nas situações pretendidas.
Infelizmente, no Brasil, os fabricantes oferencem poucos dados
técnicos para permitir uma análise aprofundada por parte do pro-
jetista, porque muitos equipamentos não possuem dados quanto
às perdas de carga e aos limites de alcance e uso.

187
9.9.3 Linhas de mangueira

Diferentemente da NBR 17505, parte 4, que exige a soma de


uma vazão mínima de 1.900 litros para os sistemas de linhas
manuais, a NFPA 16 permite que sejam somados apenas 946 lpm
no ponto em que elas serão consideradas.
Mais uma vez, este item não se aplica ao armazenamento de
inflamáveis, pois, sendo a NBR 17505, parte 4, uma norma mais
específica que a NFPA 16 para o caso, deve ser usado o valor da
primeira em detrimento do apresentado na segunda.

9.9.4 Duração da descarga

A descarga de espuma deve ser feita por no mínimo 15 minutos,


conforme determinado no item 24.3.1.6.1 da NBR 17505, parte 4,
não havendo conflito com a NFPA 16, que, apesar de prever um
tempo mínimo de 10 minutos no item 7.3.3.1, apresenta ressalva
nos casos em que as normas de ocupação específica preveem outros
tempos, como ocorre para os líquidos inflamáveis.
Este tempo de 15 minutos, contudo, pode ser reduzido em até
30% caso a densidade de aplicação real seja superior ao mínimo
exigido. Por exemplo, suponha que a proteção mínima seja de 24,3
mm/m² e durante o desenvolvimento do projeto seja adotado um
equipamento que aplique uma densidade de 29,16 mm/m², ou seja,
20% maior que o mínimo. Logo, poderá ser reduzido também em
20% o tempo de aplicação, adotando-se 12 minutos de aplicação.
O contrário não é verdadeiro, pois a densidade de aplicação
não poderá ser reduzida abaixo do mínimo mesmo se aplicado um
tempo maior.

9.9.5 Área de aplicação do sistema

A área de aplicação do sistema é mais um dos parâmetros em


que deverão prevalecer os valores previstos na NBR 17505, parte
4, em detrimento do exigido pela NFPA 16. Esta última norma

188
determina uma área mínima de aplicação de 465 m², enquanto
a NBR determina áreas na grande maioria das vezes bem infe-
riores.
Apesar de estranho, observe que a NFPA 16 exige uma densi-
dade mínima de aplicação muito menor que a NBR 17505, parte
4, para a maioria dos casos. Portanto, a redução de área é compen-
sada pelo aumento da densidade, gerando vazões semelhantes ou
maiores que as da NFPA.

9.9.6 Acionamento dos sistemas de dilúvio e pré-ação de


espuma e água

Os sistemas de dilúvio e pré-ação são acionados por um sistema


paralelo de detecção, o qual, quando acionado, deverá comandar
a abertura das válvulas de dilúvio e simultaneamente as demais
válvulas de controle do sistema, em especial a válvula de liberação
do concentrado de espuma. Adicionalmente, deve haver um dispo-
sitivo manual que acione o sistema, em caso de possível falha na
automação.

9.9.7 Cálculos hidráulicos

Este autor acredita que o cálculo hidráulico é o ponto mais sen-


sível no projeto do sistema de chuveiros automáticos por espuma,
pois o projetista terá de observar perdas de cargas nos trechos da
dosagem de LGE, bem como observar que o concentrado possui
características diferentes da água, devendo ser aplicada rotina de
cálculo diferenciada.
O LGE apresenta viscosidade e densidade diferentes em relação
à água; logo, para o trecho de tubulação onde houver a circulação
de concentrado puro, deve ser utilizada a equação de Darcy-Weis-
bach, e não a equação de Hazen-Williams. Esta última equação
foi desenvolvida pela simplificação da primeira e se aplica apenas
a cálculo de perda de carga em tubulações transportando água

189
pura. A equação de Darcy-Weisbach exige o cálculo do número de
Reynold e, portanto, a obtenção das especificações reais do pro-
duto junto ao fabricante do LGE.
Neste ponto o projetista deve encontrar dificuldade, pois mui-
tos catálogos oferecidos no mercado nacional não oferecem tais
informações, havendo necessidade de contato individualizado com
o fabricante. Já o Diagrama de Moody, necessário aos cálculos des-
ses trechos de tubulação, podem ser obtidos na própria NFPA 16,
facilitando o trabalho de dimensionamento.
Para as demais tubulações transportando água ou solução de
espuma, pode ser utilizada a equação de Hazen-Williams para
efeito de cálculo. A solução de espuma, apesar de ser uma mistura
de água e LGE, apresenta baixa concentração de LGE e, portanto,
entende-se que as alterações provocadas nos resultados de perdas
de carga são ínfimas.
O equilíbrio hidráulico deve ser outro objetivo do projeto, pois,
dependendo do modelo de proporcionador adotado, as perdas de
carga podem ser elevadas, devendo as pressões nos diversos tre-
chos ser equilibradas de modo a se obter um resultado realista.
Muitos projetos negligenciam o equilíbrio hidráulico e acabam
resultando em densidade de aplicação e dosagens de espuma
diversas do desejado.
Dimensionar os rendimentos reais dos equipamentos obtidos
junto ao fabricante será a base para o trabalho. Estes devem ser
resumidos em equações que representem seu rendimento e possam
ser utilizadas nos softwares de cálculos ou planilhas eletrônicas.
Para os casos de sistemas do tipo tubo úmido, tubo seco e pré-
-ação, devem ser realizados no mínimo dois cálculos hidráulicos
para se definir que o sistema de proporcionamento atende aos dois
extremos de funcionamento, conforme o item 7.4.2.2 da NFPA 16:

(1) Fluxo e pressão de demanda calculada real com base na con-


dição mais hidraulicamente exigente, equilibrada com o abas-
tecimento de água disponível.

190
(2) Fluxo e pressão da demanda real calculada com base na
menor área de projeto hidraulicamente exigente, equilibrada
para o abastecimento de água disponível. (Traduzido pelo autor
de NFPA, 2015)

Para o caso de armazenamento de líquidos inflamáveis, quando


a norma menciona o termo “menor área de projeto hidraulicamente
exigente”, deve ser entendido o funcionamento mínimo de quatro
chuveiros localizados na área mais remota hidraulicamente.
Este autor acrescenta que o projetista deve avaliar o impacto
do aumento da pressão nos pontos mais favoráveis hidraulica-
mente para verificar se o sistema de dosagem escolhido atenderá
às faixas de pressão presentes nestes locais, conforme já descrito
nos itens anteriores deste trabalho.

191
CONCLUSÃO

No transcorrer deste trabalho, o leitor pôde observar que um


sistema de chuveiros automáticos para proteção de líquidos infla-
máveis e combustíveis apresenta inúmeras peculiaridades em
relação ao sistema de chuveiros automáticos projetado para prote-
ção de mercadorias em geral, os quais, se não observados, poderão
levar à concepção de um sistema inadequado.
Foi possível verificar que há uma gama de normas que devem
ser consultadas em conjunto para permitir um dimensionamento
apropriado do sistema de chuveiros automáticos para líquidos
inflamáveis, o qual nada mais é que uma forma específica dos sis-
temas convencionais.
Em relação às referidas normas, foram descritas as divergên-
cias e incompatibilidades existentes e possíveis fontes de consulta
que permitem ao projetista encontrar a solução técnica mais com-
patível com os diversos casos práticos.
Por fim, este autor espera que este trabalho ajude o leitor no
seu aprendizado e sugere a leitura dos trabalhos indicados pelo Ins-
tituto Sprinkler Brasil como fonte de conhecimento complementar
sobre os parâmetros gerais de dimensionamento, manutenção, ins-
talação e inspeção dos sistemas de chuveiros automáticos.

193
REFERÊNCIAS

ACRE. Lei nº 1.137, de 29 de julho de 1994. Rio Branco: 1994. Disponível em:
<http://www.al.ac.leg.br/leis/wp-content/uploads/2014/09/Lei1137.pdf>. Acesso
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ALAGOAS. Decreto Estadual nº 55.175, de 5 de setembro 2017. Maceió: 2017.


Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=350207>. Acesso
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______. Portaria do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de


Alagoas nº 178, de 12 de junho de 2013. Maceió: 2017. Disponível em: <https://
www.legisweb.com.br/legislacao/?id=350207>. Acesso em: 18 dez. 2017.

AMAPÁ. Corpo de Bombeiros Militar. Portaria nº 002/05/CAT-CBMAP, 13 de


janeiro de 2005. Macapá: 2005. Disponível em: <http://www2.cbm.ap.gov.br/
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janeiro de 2005. Macapá: 2005. Disponível em: <http://www2.cbm.ap.gov.br/
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______. Lei nº 871, de 22 de dezembro de 2004. Macapá: 2004. Disponível em:


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