3 - Luz e Som PDF
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O som propaga-se bem na água, o que torna possível a sua utilização para detecção de
objectos no oceano (ecosondas) e para transmissão de informação (ex.: o “cantar” das
baleias). A velocidade de propagação do som na água é inferior à da luz, mas dado que
esta só consegue viajar curtas distâncias através da água, a sua importância no meio
marinho fica muito reduzida em relação à importância que ela desempenha na
atmosfera.
Luz
A luz é uma forma de radiação electromagnética cuja velocidade de propagação é:
Vácuo - 3x108m.s-1
Água do mar - 2,2x108m.s-1
No oceano a luz desempenha um papel importante em dois contextos:
- Visão
- Fotossíntese
À medida que a luz viaja na água, a sua intensidade decresce exponencialmente com
distância à fonte. Esta diminuição exponencial de intensidade da luz denomina-se
Atenuação e deve-se a dois motivos.
Causas de atenuação:
Absorção – conversão de energia electromagnética em outros tipos de energia,
normalmente calor ou energia química (ex.: fotossíntese);
- elementos que absorvem a luz no meio marinho:
seston - algas (fitoplancton) que usam a luz para fotossíntese
- partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão
- compostos orgânicos dissolvidos
- própria água
Quando a luz visível (0,4 – 0,8m) do sol penetra no oceano, ela é absorvida, consoante
um aumento da temperatura à superfície do oceano. A luz solar que atinge os oceanos,
é a fonte mais importante de fornecimento de calor dos oceanos.
Só quando o fundo é suficientemente baixo para ficar dentro dos limites da zona
eufótica é que existem plantas bênticas. De outro modo, as plantas marinhas no
oceano têm de ser flutuantes, i.e. planctónicas.
Zs = F Zs – profundidade de Secchi
C+K C – coeficiente de atenuação da luz dirigida
K – coeficiente de atenuação difusa da luz não-dirigida
(coeficiente de extinção)
F – factor que depende:
a) reflectividade do disco;
b) reflectividade do fundo (água) contra o qual se
observa o disco;
c) percepção de contraste do observador.
O disco de Secchi pode ser utilizado para estimar o valor do coeficiente de atenuação
difusa K utilizado para estudos de produção primária fotossintética no oceano.
K x Zs constante
1,4 K x Zs 1,7 e assume-se K x Zs = 1,5
Zs = V / 0,7
Ze = 3V / 0,7 Ze = 4,3V
Cor
A luz azul-verde (450 – 500 nm) é a que penetra mais no oceano. Cerca de 35% da luz
deste comprimento de onda que incide na superfície do oceano atinge os 10 m de
profundidade.
Em águas costeiras com elevada turbidez, a luz que penetra mais é a amarela – verde
(500 – 550 nm), mas só cerca de 2% da luz deste comprimento de onda que incide na
superfície do oceano atinge os 10 m de profundidade.
Muitas algas contêm pigmentos que absorvem energia luminosa a comprimentos de
onda maiores e que transferem esta energia para o sistema da clorofila. Por esta
razão, a banda de comprimentos de onda dos 400 nm (violeta escuro) aos 700 nm
(vermelho escuro) é descrita como radiação fotossinteticamente activa (PAR). No
entanto, a maioria dos organismos fotossintéticos usam comprimentos de onda na
região azul-verde (450 – 500 nm) que coincidentemente (mas não por acaso) são
aqueles que melhor se propagam nas águas do oceano aberto (águas límpidas).
Turbidez Profundidade Cor do mar e Factores predominantes p/
máxima de comprim. de onda a cor do mar
visibilidade (m) predominante
Água límpida 50 – 60 Azul escuro Absorção pela água.
- 0,477m Difusão selectiva
(molecular)
Turbidez 25 Azul – verde Absorção pela água e pela
média - 0,488m “subst. Amarelas”
Turbidez 5 – 10 Verde – amarelo “substância amarela”
elevada - 0,51m
Turbidez 5 Cor da própria matéria em
muito elevada suspenção
Som
Apesar de ser possível considerar que tanto a luz como o som se deslocam como ondas,
eles são fundamentalmente diferentes. A luz é uma forma de energia lectromagnética.
Como já se disse a sua velocidade de propagação é máxima no vazio e normalmente
diminui à medida que aumenta a densidade do meio.
O som, ou energia acústica, envolve a vibração do meio através do qual, se propaga,
deslocando-se melhor através dos sólidos e líquidos, menos bem através dos gases e
não se propaga no vazio. Ao contrário da luz, o som tem inúmeras aplicações em
oceanografia:
- detecção e localização de cardumes e de submarinos
- determinação da batimetria do fundo do mar
- comunicações submarinas
- sistemas de posicionamento
- controlo das redes de pesca
- correntómetros acústicos
- dispositivos acústicos de libertação para amarrações
- etc.
λ - Comprimento de onda
γ - Amplitude
h - Altura (2γ)
T – Período (tempo entre duas cristas)
f = 1/T - frequência (nº de ciclos/s)
As ondas sonoras são caracterizadas pela sua amplitude (intensidade ou altura do som)
e pela frequência (f) ou comprimento de onda (). A velocidade de propagação é:
C = f.
Os comprimentos de onda do som com interesse em oceanografia vão de 50m a 1mm
que, se a velocidade média do som na água do mar por 1500ms-1 corresponde a
frequências entre 30Hz e 1,5MHz.
Água do mar a
Freq. Intermédias dissociação do MgSO4 e do complexo B(OH)3
Freq. Baixas
(centenas de Hz) inomogenidades (variações de temperatura e
salinidade) na coluna de água
Velocidade do som no Oceano
1/2
S= módulo axial elasticidade ou compressibilidade
densidade do meio
Tanto o módulo axial como a densidade dependem da pressão, da temperatura e da
salinidade.
Aumentando a temperatura da água do mar, diminui a densidade. Nas camadas
superficiais do oceano, um aumento de 1ºC na temperatura leva a um aumento de c de
cerca de 3ms-1.
Uma onda acústica viajando verticalmente no oceano não é grandemente afectada pela
refracção porque viaja essencialmente em ângulo recto (perpendicularmente)
relativamente às interfaces entre camadas de diferentes densidades. Uma onda
deslocando-se horizontalmente encontra estas interfaces com ângulos pequenos,
sendo assim consideravelmente refractada.
Para um perfil vertical da velocidade do som em que esta aumenta até um valor
máximo e depois diminui (perfil típico da velocidade do som na camada de mistura),
uma fonte de som junto a este máximo origina ondas de som que são refractadas para
a superfície (e depois reflectidas nesta) e para o fundo, originando uma zona de
sombra na qual as ondas sonoras não se propagam.
GLORIA sidescan sonar mosaic for Pseudo-color encoded NOS gridded GLORIA sidescan sonar mosaic after
the area SeaBeam bathymetry it has been color coded with the
SeaBeam bathymetry image to reflect
depth.
Tomografia Acústica
O principal objectivo desta técnica extremamente sofisticada é a identificação e
monitorização do movimento dos sistemas de Vórtices de mesoescala (mesoscale
eddies). Os vórtices de mesoescala são o correspondente oceânico das depressões e
anticiclones atmosféricos, mas têm uma dimensão 10x mais pequena. Os eddies de
mesoescala têm dimensões na ordem dos 100Km diâmetro e escalas temporais (tempos
de vida) na ordem dos vários meses.
O método baseia-se no facto de que cada vórtice tem uma temperatura (e salinidade)
diferente da água que está à sua volta – há vórtices quentes (anticiclónicos) e vórtices
frios (ciclónicos). A velocidade do som entre uma fonte acústica e o receptor varia se
um vórtice passe entre eles.