Massao Ohno - SITE 1
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GRÁFICA•16 ACÁCIO ASSUNÇÃO•17 JOÃO SUZUKI•18 CYRO DEL NERO•18 WESLEY DUKE LEE•19 TIDE
JOÃO RICARDO PENTEADO•43 LILIA APARECIDA PEREIRA DA SILVA•44 EUNICE ARRUDA•45 PAULO
MARCOS DEL GRECO•47 EDUARDO ALVES DA COSTA•48 LEA MARIA DE BARROS MOTT•50 CARLOS
FELIPE MOISÉS•50 JOCY DE OLIVEIRA•54 AUGUSTO BOAL•55 CELSO LUIZ PAULINI•56 ISTVÁN
PIVA•63 MAMEDE COELHO•68 DECIO BAR•68 SERGIO LIMA•70 CLAUDIO WILLER•73 RUBENS
FARIA•84 CARLOS VOGT•86 RODRIGO DE HARO•88 PÉRICLES PRADE•88 III OUTROS DOS
ANOS 1960•92 JULITA SCARANO•95 MARIA JOSÉ GIGLIO•95 MANUELA LIGETI•98 CASSIANO
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dezenas de títulos, sendo estimadas cerca de mil obras por ele editadas. Para
conhecer sua produção o recurso era sair à procura de livros usados, que foram
aumentando minha coleção.
Nesse meio tempo sobreveio a morte de Massao em 11 de junho de 2010. Al-
guns dias depois, amigos e familiares se reuniram no Centro Cultural São Paulo
para a celebração de seu legado e amizade. Um encontro de lembranças e emo-
ção com música, leituras de poemas e depoimentos. A homenagem foi encer-
rada com uma dança ritual do butô Toshi Tanaka.
Saindo da cerimônia, tomou-me a sensação de que se inscrevera o epitáfio
oficial, a partir do qual o esquecimento, aos poucos, iria apagar seu nome e sua
obra. Ocorreu-me que naquela área, onde se construiu o Centro Cultural, na
Rua Vergueiro, localizava-se a primeira oficina do editor, e pensei numa forma
de preservação. Encaminhei ao então Secretário Municipal de Cultura, Carlos
Augusto Calil, sugestão mencionando esse vínculo simbólico e propondo que se
formasse junto à Biblioteca do Centro Cultural o Acervo Massao Ohno. Tendo
os títulos existentes nas Bibliotecas Municipais como reserva inicial, seria au-
mentado com aquisições e doações de amigos e autores editados por ele, que
certamente atenderiam ao convite. Argumentei que dessa forma se alcançaria
um conjunto importante para pesquisa de literatura e do design gráfico na se-
gunda metade do século xx representados em suas edições.
SUA REALIZAção
O Secretário respondeu prontamente, encaminhando minha sugestão para a
Biblioteca Mário de Andrade (bma), que, na rede municipal, tem o escopo de
formação e guarda de acervos. Perdia-se a simbologia geográfica, mas ganhava
a causa. Já nos primeiros contatos, a diretora da bma Maria Cristina Barbosa
de Almeida e o supervisor de acervo Wiliam Okubo mostraram sintonia e en-
tusiasmo com a proposta, programando o lançamento da coleção em um encon-
tro em 20 de setembro de 2010.
Ao evento, que aconteceu no hall principal da bma, compareceram fami-
liares, amigos e colaboradores de editor. Prestaram depoimentos autores por
ele publicados, como Clovis Beznos, João Ricardo Penteado, Eunice Arruda,
Carlos Felipe Moisés, Leila Echaime, Claudio Willer e Paulo Ludmer. Com
projeção de algumas imagens, lembrei seus colaboradores na autoria de capas
e ilustrações. O ato foi encerrado com a exibição de algumas sequências do
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Notícia de lançamento do Projeto Massao Ohno
no Portal da Prefeitura Municipal de São Paulo.
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documetário sobre Massao que vinha sendo preparado por Paola Prestes. Ao
mesmo tempo, na entrada da Biblioteca Circulante foram expostas algumas
obras por ele editadas, consideradas raras, e, na sala de atendimento, as dispo-
níveis para empréstimo.
Estava, assim, constituída oficialmente a coleção, à qual aportei meu
acervo, e que também recebeu importantes doações de Marjorie, sua mulher,
de sua filha Beatriz, de familiares de João Suzuki, além de autores editados.
Visando ampliá-la, foi elaborado, por meio da Associação de Amigos e Patro-
nos da Biblioteca Mário de Andrade, o projeto “Massao Ohno – Arte em Todas
as Páginas”, com os objetivos de localizar obras publicadas pelo editor ainda
não existentes na coleção, realizar identificação das ilustrações nas obras da
coleção, digitalizar obras consideradas mais relevantes, restaurar obras que
se encontrassem deterioradas, elaborar publicação digital e desenvolver pá-
gina especial da Biblioteca na internet para divulgação da pesquisa, elaborar
publicação impressa com o material da coleção, organizar exposição das obras
mais relevantes, e gerar contrapartidas que expressassem a importância da
ilustração como expressão artística e também na edição de livros, e que pro-
movessem interesse na área e seu estudo, como oficinas de ilustração e ciclo
de palestras com especialistas.
Embora nem todos esses objetivos tenham sido alcançados, por depende-
rem de recursos não previstos no orçamento da bma, o principal foi concre-
tizado: a catalogação e restauração dos livros recebidos e encaminhamento
de duplicatas para outras bibliotecas do sistema municipal. Hoje leitores e
pesquisadores têm disponíveis na bma cerca de seiscentas obras publicadas
por Massao Ohno, muitas delas consideradas raras, e outras, preciosidades
editoriais. A memória de seu trabalho, seu pioneirismo em inovações gráficas
estão resguardados; e suas escolhas, especialmente no gênero poesia da se-
gunda metade do século xx, ganharam um centro de referência. Seria muito
desejável que esse conjunto de informações pudesse ser acessado pelas novas
mídias, conforme previa o projeto.
EStE REGIStRo
A relação de obras apresentada no final desse trabalho chega a número maior de
publicações, mostrando que o acervo da bma, já bastante significativo, pode ser
aumentado com novas buscas e aquisições.
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A documentação iconográfica selecionada de quase
duas centenas de títulos representa um recorte dessa
enorme produção.
Privilegia obras editadas entre 1960 e 1964, anos em
que Massao concentrava em sua oficina o inteiro pro-
cesso, do desenho à impressão, e coincide com o surgi-
mento dos poetas da chamada Geração 60. Grande parte
deles teve seu livro de estreia lançado por Massao, e vol-
tou para edição de outras obras. Alguns deles viriam a en-
contrá-lo nas décadas seguintes.
A seleção documenta também outros autores e outros
gêneros acolhidos por Massao nesse período. Entre os au-
tores (no caso, autoras), Hilda Hilst e Renata Pallottini,
Primeiro logotipo usado
com as quais iria manter uma longa convivência. por Massao Ohno para a
Constaram ainda de seu catálogo inicial da editora pe- Coleção dos Novíssimos.
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que passaram por diversos endereços. Continuavam a
chegar muitas solicitações, a maioria de novos autores
atraídos por sua legenda, apesar de todos os riscos que
lhe imputavam.
Não eram mais os tempos heroicos da Rua Vergueiro.
O resultado final de seu trabalho dependia agora de nego-
ciação e escolha de uma empresa gráfica. Havia prazos e
compromissos a serem cumpridos. A distribuição e venda
nas livrarias ganharam maior racionalidade. Para enfrentar
esses esquemas burocráticos, Massao contou com coedito-
res. Em mais longo tempo, estiveram ao seu lado Roswitha
Segundo logotipo usado Kempf e Maria Lydia Pires e Albuquerque. Outras parcerias
por Massao Ohno.
garantiram suporte financeiro, especialmente com entida-
des públicas ou privadas, como a Aliança Cultural Brasil-Ja-
pão. Mas ele não abria mão de acompanhar a finalização do
livro. Jiro Takahashi relata a sedutora habilidade em coop-
tar funcionários das gráficas no atendimento de seus proje-
tos, nem sempre os mais práticos e convencionais.
A PRodUção GRÁFICA
As capas e alguns documentos aqui reproduzidos ilustram
diferentes momentos da carreira de Massao: a fase inicial,
que vai até 1964; o período que dedicou à atividade cine-
matográfica, com poucas edições; o retorno em 1976 na
Feira de Poesia e Arte; a associação com a editora Civili-
zação Brasileira e sua aproximação dos autores do Rio de
Janeiro; e a fase final nos anos 1990.
Dentro dessas etapas, agrupamos obras por autores, a
partir de sua primeira edição com Massao. O empenho em
acessar e registrar de forma abrangente a produção dos
anos 1960 toma em conta que as edições desse período
sintonizam manifestações transformadoras do teatro, da
música, do cinema e da literatura, incluindo-se, nesse úl-
timo nicho, a poesia de vanguarda e a dos novos poetas,
Símbolo que identifica muitas
edições de Massao Ohno. depois chamados Geração 60, que fizeram de Massao seu
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