Arborização Urbana para Atração de Aves
Arborização Urbana para Atração de Aves
Arborização Urbana para Atração de Aves
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8#q=plantio+urbano+atrai+aves
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Para exemplificar, costumo comparar uma floresta a uma TV, que é feita
de centenas de peças, cada qual especificamente criada para uma
função. Mas o que acontece quando jogamos esta TV no chão? Se todas
as peças continuam ali, por que a TV para de funcionar? Bem, como
sabemos, para que um aparelho funcione, cada peça deve estar
precisamente conectada em um local específico.
Exatamente como a TV, florestas, ou qualquer outro bioma, são
compostos por centenas de espécies que não apenas ocupam um
mesmo lugar, mas estão conectadas, interagindo entre si. É o que
nós, cientistas, chamamos de interações ecológicas.
Estas interações são resultado de milhares de anos de seleção
natural. Elas são os fios invisíveis que conectam todas as partes
do ecossistema e tornam possível o funcionamento de uma floresta. A
força destas interações é tão poderosa que, em muitos casos, impulsiona
a evolução e leva ao surgimento de novas espécies.
Entre as incontáveis interações presentes na natureza, uma sempre foi
alvo da admiração de naturalistas e cientistas. Na verdade, ela é tão
importante para o entendimento do funcionamento de ecossistemas
tropicais, que inspirou alguns estudos científicos clássicos em ecologia.
Em 1971, David Snow, renomado pesquisador do Museu Britânico de
História Natural, publicou na revista Ibis os resultados de uma pesquisa
tão genial que, até hoje, é leitura obrigatória para ecólogos de todo o
mundo. O estudo Evolutionary aspects of fruit-eating by
birds (Aspectos Evolutivos da Alimentação das Aves por Frutos, em
tradução livre) foi um dos primeiros a investigar as consequências
evolutivas das interações entre aves e plantas abrindo caminho para
gerações de cientistas interessados no tema.
Desde então o conhecimento científico sobre o tema quadruplicou e, hoje
sabemos que, não é mera coincidência que algumas árvores que
produzem os frutos mais apreciados por algumas aves, são também
aquelas que nascem naturalmente em praças e canteiros, como é o caso
das pitangueiras. Isto ocorre por que muitas espécies de árvores e de
aves evoluíram lado a lado, se tornando especializados uns nos outros.
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Enquanto as árvores fornecem alimento e moradia, as aves, em
contrapartida, polinizam suas flores e espalham suas sementes, e todos
se beneficiam dessa aliança que já dura milhões de anos. De fato, há
cerca de 50 milhões de anos, o extinto Septentrogon madseni, parente
distante dos Trogons atuais e, uma das primeiras espécies de aves
frugívoras (que se alimentam de frutos), já voava pelos céus do planeta
Terra.
A maioria das aves brasileiras possui relação tão íntima com as árvores
que, em alguns casos como o do Palmito-juçara, nativo da Mata
Atlântica, o desaparecimento de espécies de aves de grande porte – que
não apenas agem na dispersão de suas sementes como também
selecionam os frutos maiores – pode causar, em poucas décadas,
mudanças drásticas na biodiversidade e no equilíbrio do ecossistema..
Mesmo em áreas urbanas, árvores e aves são parceiros inseparáveis,
por isso, a arborização urbana é essencial para a vida das aves em
nossas cidades. Assim, quanto mais árvores plantarmos, mais aves
habitarão praças e avenidas.
Sem falar que as árvores são extremamente benéficas também para a
nossa saúde: absorvem o gás carbônico (CO2) e liberam oxigênio,
melhorando a qualidade e a umidade do ar, além de reduzir o barulho e
regular a temperatura, funcionando como um ar condicionado natural.
Que tal atrair mais aves para a sua região?
Para ajudá-lo, fiz uma pequena lista de espécies de árvores brasileiras
que produzem flores e frutos muito apreciados pelas aves. Mas peço que
não se esqueça de que, cada árvore, possui características próprias que
as tornam mais ou menos adequadas para o plantio em uma ou outra
área, além disso prefira espécies que são nativas do bioma em que
sua cidade está inserida. Por isso, pesquise um pouco mais sobre cada
árvore antes de fazer sua escolha.
11 ÁRVORES CUJAS FLORES ATRAEM AVES
– Paineira-rosa (Ceiba speciosa)
– Chuva-de-ouro (Cassia ferrugínea)
– Diadema (Sttiffia chrysantha)
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– Embiraçu (Pseudobombax grandiflorum)
– Ingá-feijão (Inga marginata)
– Quaresmeira (Tibouchina granulosa)
– Eritrina (Erythrina falcata)
– Mulungu (Erythrina mulungu)
– Mulungu-do-litoral (Erythrina speciosa)
– Eritrina (Erythrina verna) e
– todas as espécies de Ipê nativos do Brasil.
65 ÁRVORES CUJOS FRUTOS ATRAEM AVES
– Aroeira-brava (Lithraea molleoides)
– Abiu (Pouteria spp.)
– Abricó-de-praia (Labramia bojeri)
– Açaízeiro (Euterpe oleracea)
– Acuri (Scheelea phalerata)
– Araçá (Psidium cattleianum)
– Araticum (Annona coriacea)
– Bacaba (Oenocarpus bacaba)
– Boleiro (Alchornea iricurana)
– Buriti (Mauritia flexuosa)
– Cajuaçu (Anacardium giganteum)
– Canela-amarela (Nectandra lanceolata)
– Canjerana (Cabralea canjerana)
– Cambuí (Myrcia selloi)
– Capororoca (Myrsine coriacea e Myrsine ferrugiena)
– Cambuí (Myrciaria tenella)
– Canela-amarela (Nectandra lanceolata)
– Canelinha (Nectandra megapotamica)
– Canela-preta (Ocotea sanctaecatharinae)
– Candiúba (Trema micrantha)
– Calicarpa (Callicarpa reevesii)
– Cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata)
– Chal-Chal (Allophylus edulis)
– Chichá (Sterculia chicha)
– Embaúba (Cecropia pachystachya)
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– Embaúba-prateada (Cecropia hololeuca)
– Embaúba-vermelha (Cecropia glaziovii)
– Fedegoso (Senna macranthera)
– Figueira (Ficus guaranitica)
– Fruta-do-sabiá (Acnistus arborescens)
– Guabiroba (Campomaneisa xanthocarpa)
– Grandiúva-d’anta (Psychotria nuda)
– Guaçatonga (Casearia sylvestris)
– Guaburiti (Pinia rivularis)
– Grumixama (Eugenia brasiliensis)
– Jabuticaba (Myrciaria cauliflora)
– Jacatirão (Miconia cinnamomifolia)
– Jatobá (Hymenaea spp.)
– Jerivá (Syagrus romanzoffiana)
– Licuri (Syagrus coronata)
– Licurana (Hyeronima alchorneoides)
– Macaúba (Acrocomia aculeata)
– Macucurana (Hirtella hebeclada)
– Mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum)
– Manduvi (Sterculia apetala)
– Marinheiro (Licania Kunthiana)
– Mataíba (Matayba elaegnoides)
– Murici (Byrsonima crassifolia)
– Miconia (Miconia prasina)
– Palmito-juçara (Euterpe edulis)
– Pau-de-corvo (Citronella paniculata)
– Pau-formiga (Triplaris americana)
– Pau-magro (Cupania oblongifolia)
– Pau-rosa (Aniba rosaeodora)
– Pau-de-viola (Citharexylum myrianthum)
– Pitanga-vermelha (Eugenia uniflora)
– Pixirica (Leandra cardiophylla)
– Porangaba (Cordia ecalyculata)
– Quixabeira (Sideroxylon obtusifolium)
– Sapotizeiro (Manilkara achras / Achras zapota)
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– Sete-capotes (Britoa sellowiana),
– Tapiá (Crateva tapia)
– Tapiriba (Tapirira guianensis)
– Tamanqueira (Aegiphila sellowiana)
– Uvaia (Eugenia pyriformis)
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Arborização urbana para alimentar e atrair as aves
http://frutadosabia.com.br/arborizacao-urbana-para-alimentar-ou-atrair-
as-aves/
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ARBORIZAÇÃO URBANA: IMPORTÂNCIA E ASPECTOS
JURÍDICOS
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Outros ainda afirmam que falta de permeabilidade em vista das calçadas,
descaracteriza esta forma de arborização como área verde.
Realmente se analisarmos apenas pelas suas finalidades principais, são
distintas, mas se analisarmos do ponto de vista ambiental, podemos
concluir que as árvores existentes ao logo das vias públicas não podem
ser excluídas do complexo de áreas verdes da cidade, pois apesar de
estarem dispostas de forma linear ou paralela, constituem-se muitas
vezes em uma “massa verde contínua”, propiciando praticamente os
mesmos efeitos das áreas consideradas como verdes das praças e
parques.
Ademais, normalmente estas árvores estão protegidas pela legislação
municipal contra cortes, de forma que sua localização acaba sendo
perene, fortalecendo o entendimento de que compõem efetivamente a
“massa verde urbana”.
Além disso, este tipo de arborização tem a finalidade de propiciar um
equilíbrio ambiental entre as áreas construídas e o ambiente natural
alterado. Para nós toda a vegetação existente na cidade deve ser
considerada como área verde, inclusive as árvores de porte que estão
nos quintais, ou seja em áreas particulares. Não são áreas verdes da
cidade? Evidente que são, pois também estão sob fiscalização do Poder
Público, por força do contexto jurídico atual que as protege. Em suma,
toda vegetação ou árvore isolada, quer seja ela pública ou particular, ou
de qualquer forma de disposição que exista na cidade, constitui a “massa
verde urbana”, por conseqüência a sua área verde.
Aliás, há divergências até quanto a forma de se obter o índice área
verde/habitante, pois alguns utilizam em seus cálculos somente as áreas
públicas, enquanto outros toda a “massa verde” da cidade. Para nós,
deve-se considerar as áreas verdes particulares (quintais e jardins), que
muitas vezes são visivelmente maiores que as públicas. Assim, quando
falamos em áreas verdes, estamos englobando também as áreas onde
houve processo de arborização público ou particular, sem exceção.
Atualmente, as áreas verdes ou espaços verdes são essenciais a
qualquer planejamento urbano, tanto que na carta de Atenas há
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recomendação para sua criação em bairros residenciais, bem como
essas áreas devem ser definidas claramente que são para recreação,
escolas, parques infantis, para jogos de adolescentes e outros, sempre
para uso comunitário.
Além das destinações citadas, as áreas verdes têm outras funções
importantes tais como: higiênica, paisagística, estética, plástica, de
valorização da qualidade de vida local, de valorização econômica das
propriedades ao entorno etc. Em termos de Direito Urbanístico o art. 22
da Lei 6766/79- Lei do Parcelamento do Solo- impõe para o registro de
parcelamento a constituição e integração ao domínio público das vias de
comunicação, praças e os espaços livres. Nestes últimos estão incluídas
as áreas verdes. Pelo art. 23 da citada lei, os espaços livres- entre eles
as áreas verdes, como dito- passam a integrar o domínio público do
município e em muitos deles as leis de parcelamento do solo determinam
que nos projetos de loteamento sejam destinadas percentuais do imóvel
a áreas verdes.
Assim, os espaços verdes ou áreas verdes, incluindo-se aí as árvores
que ladeiam as vias públicas fruto da arborização urbana, também por
serem seus acessórios que devem acompanhar o principal, são bens
públicos de uso comum do povo, nos termos do art. 66 do Código Civil,
estando à disposição da coletividade, o que implica na obrigação
municipal de gestão, devendo o poder público local cuidar destes bens
públicos de forma a manter a sua condição de utilização.
A arborização é essencial a qualquer planejamento urbano e tem funções
importantíssimas como: propiciar sombra, purificar o ar, atrair aves,
diminuir a poluição sonora, constituir fator estético e paisagístico, diminuir
o impacto das chuvas, contribuir para o balanço hídrico, valorizar a
qualidade de vida local, assim como economicamente as propriedades
ao entorno.
Além disso é fator educacional. Funções estas também presentes nos
parques e praças. Ademais, por se constituírem em muitos casos em
redutos de espécies da fauna e flora local, até com espécies ameaçadas
de extinção, as árvores e áreas verdes urbanas tornam-se espaços
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territoriais importantíssimos em termos preservacionistas, o que aumenta
ainda mais sua importância para a coletividade, agregando-se aí também
o fator ecológico.
Estas funções e características reforçam seu caráter de bem difuso, ou
seja de todos, afinal o meio ambiente sadio é um direito de todo cidadão
(art.225, Constituição Federal).
Aliás, por se tratar de uma atividade de ordem pública imprescindível ao
bem estar da população, nos termos dos arts.30,VIII, 183 e 183 da
Constituição Federal e do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), cabe ao
Poder Público municipal em sua política de desenvolvimento urbano,
entre outras atribuições, criar, preservar e proteger as áreas verdes da
cidade, mediante leis específica, bem como regulamentar o sistema de
arborização. Disciplinar a poda das árvores e criar viveiros municipais de
mudas, estão entre as providências específicas neste sentido, sem
contar na importância de normas sobre o tema no plano diretor, por
exemplo.
Além disso, a legislação urbanística municipal pode e deve incentivar ao
particular a conservação de áreas verdes em sua propriedade, assim
como incentivar a sua criação e manutenção, possibilitando inclusive
desconto no IPTU ao proprietário que constitui ou mantém áreas verdes
no seu imóvel, como já ocorrem em algumas cidades. Oportuno lembrar
ainda Hely Lopes Meirelles quando diz que entre as atribuições
urbanísticas estão as composições estéticas e as paisagísticas da cidade
(Direito Municipal Brasileiro. Malheiros. 9ª edição. 1997. pg382), nas
quais se inclui perfeitamente a arborização.
Por sua vez, quem destrói ou danifica, lesa ou maltrata, por qualquer
modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em
propriedades privadas alheias, comete crime ambiental penalizado nos
termos do art.49, da Lei 9.605/98.
Portanto, pela condição jurídica de bem comum do povo as áreas verdes
naturais ou arborizadas podem e devem ser protegidas legalmente pela
coletividade através das associações de bairro por meio da ação civil
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pública (Lei 7347/85), ou pelo Ministério Público, ou ainda pelo cidadão
através da ação popular (Lei 4717/65).
Afinal, por sua importância sócio-ambiental representam valores
inestimáveis aos cidadãos, bem como às empresas que nada mais são
do que a extensão de nossas atividades e conseqüentemente de nossos
anseios e bem estar.
ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS
Criador do Programa Ambiental: A Última Arca de Noé
(www.aultimaarcadenoe.com.br)
——
Obs. contéudo do artigo publicado em A Tribuna de Santos/ SP.
16.11.01; Gazeta Mercantil (Legal & Juris.)- 28.11.01; Revista
Jurídica- Bahia- novembro/ 2001; Revista Meio Ambiente Industrial-
SP- nov./dez. 2001; Correio Braziliense- Direito & Justiça- 04.03.02
etc.
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Brasil
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A ARBORIZAÇÃO URBANA COMO COMPLEMENTO DE
FONTES ALIMENTARES PARA AS AVES
RESUMO
16
PALAVRAS-CHAVE
TEXTO COMPLETO:
PDF PDF
REFERÊNCIAS
DOI: http://dx.doi.org/10.4025/arqmudi.v17i1.23270
17
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/23270
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OBSERVAÇÃO DE AVES EM ÁREAS URBANAS. RELATO DE
UMA EXPERIÊNCIA
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Aves urbanas
O Brasil abriga
1.833 espécies de aves, cerca de 20% do total mundial. Este número, no
entanto, continua crescendo, já que são constantes as descobertas
novas espécies nas diversas regiões do país, até nos arredores de
grandes cidades como São Paulo e Curitiba. O número de variedades de
pássaros habitando a região metropolitana de São Paulo (RMSP) gira em
torno de 400, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da
cidade de São Paulo. Somente na área do Parque do Ibirapuera, já foram
observados 159 tipos de aves, cujo número aumenta em direção à Serra
da Cantareira, na região Norte da cidade, e do parque Capivarí-Mono, no
extremo sul da cidade, nos contrafortes da Serra do Mar.
Muitos dos habitantes antigos das cidades da região têm a impressão de
que as espécies e o número de aves urbanas, as aves sinantropicas (que
sendo selvagens se beneficiam da presença humana), vêm crescendo ao
longo das últimas décadas. Mais plantio de árvores frutíferas e floríferas,
aumento das áreas verdes e praças, conscientização em relação à
proteção das aves (as crianças nem conhecem mais os estilingues e as
arapucas); são alguns dos motivos que parecem ter atraído mais
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pássaros para áreas urbanas da RMSP. Tal interpretação é defendida
pelo engenheiro e ornitólogo brasileiro Johan Dalgas Frisch, um dos
maiores estudiosos das aves brasileiras.
Impressão ou não, o fato é que quanto maior o número de aves urbanas
em nossas cidades, tanto melhor. Os pássaros, além dos seus cantos e
de suas belas cores, prestam-nos serviços ambientais como o controle
biológico de pragas (insetos, pequenos vertebrados), a polinização de
flores e a disseminação de sementes. As aves também são um indicador
ambiental; quanto maior a presença e a variedade de pássaros, melhor a
qualidade do ambiente. Por isso é importante que os habitantes e os
administradores municipais façam o plantio de árvores frutíferas e
floríferas, atraindo grande número e tipos de aves para os ambientes
urbanos.
As aves mais comuns na RMSP são o pardal e o pombo doméstico
(ambas as espécies trazidas da Europa durante os primeiros anos de
colonização), o sabiá da terra, sabiá laranjeira, tico-tico, saíra, sanhaço,
bem-te-vi, cambacicas, beija-flor, coleirinha, corruíra, periquito, joão de
barro, pica-pau anão, coruja buraqueira, entre outros. Para aqueles que
querem alimentar as aves urbanas, especialistas recomendam
recipientes colocados em árvores ou lugares abertos, contendo frutas
como mamão, laranja, banana, tangerina, maçã, pêra, carambola; e
sementes como o girassol, painço, quirera de milho e alpiste.
As cidades brasileiras, em geral, ainda têm grandes deficiências de
infraestrutura, urbanismo e meio ambiente. Córregos poluídos por
esgotos, loteamentos semiclandestinos sem arruamento e construídos
em áreas de risco, falta de parques e arborização nas ruas; são
problemas comuns a todos os municípios, há muitas décadas. Para
modernizar o país é preciso que novas gerações de vereadores e
prefeitos, devidamente preparados, tomem a si a tarefa de melhorar o
padrão de habitabilidade de todos os bairros de nossas cidades,
distribuindo democraticamente os benefícios do desenvolvimento
econômico e tecnológico. Quando esta época chegar, será talvez o
número e as espécies de aves urbanas que se avistam em cada rua, um
dos fatores que definirá o padrão de desenvolvimento de cada município.
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*Ricardo Ernesto Rose é consultor em inteligência de mercado,
desenvolve atividades de marketing, transferência tecnológica e
consultoria comercial na área da sustentabilidade. Jornalista, autor, com
especialização em gestão ambiental e sociologia. Graduado e pós-
graduado em filosofia. Coordenou o lançamento de diversas publicações
sobre os setores de meio ambiente e energia e escreve regularmente
para sites, jornais e revistas. É editor do blog “Da natureza e da
cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com.br) e autor dos
livros “Como está a questão ambiental – 100 artigos sobre a relação
do meio ambiente com a economia e o clima”, “Os recursos e a
cidade” e “A religião e o riso e outros textos de filosofia e
sociologia”. Contatos através do site www.ricardorose.com.br
http://www.debatesculturais.com.br/aves-urbanas/
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As aves são animais muito interessantes e que atraem pela beleza. Dentre elas estão os pássaros, que além da
beleza encantam pelo seu canto característico e único que cada um produz.
Por gostar de ouvir o canto dos pássaros e admirar sua beleza é que as pessoas costumam criá-los em gaiolas,
cultivar plantas ou fornecer alimentos que possam atraí-los. Desta forma, a natureza parece estar mais próxima,
trazendo uma sensação de paz e tranqüilidade, proporcionando bem-estar.
Havendo disponibilidade de espaço, uma opção muito interessante para atrair os pássaros é cultivar plantas
ornamentais e plantar espécies vegetais arbóreas que possam fornecer alimento, abrigo e local para o ninho. Um
local arborizado proporciona muitos benefícios ecológicos, dentre eles a instalação de fauna urbana.
A conservação de áreas verdes, principalmente dos remanescentes florestais urbanos é uma estratégia valiosa para a
conservação, tanto de espécies vegetais quanto de espécies animais. Ao longo de milhões de anos de convívio, a
relação entre animais e plantas com flores foi se estabelecendo de forma harmônica, adaptando hábitos e
necessidades mútuas. A perpetuação da espécie vegetal depende principalmente da polinização de flores e
dispersão de frutos e sementes.
Cada pássaro tem características e preferências próprias que devem ser observadas no momento da escolha das
espécies vegetais que se pretende plantar para atraí-los. As espécies vegetais devem ser compatíveis ao local,
devendo ser observado o tamanho que a planta alcançará quando adulta.
Por haver maior espaço, é possível plantar grande variedade de plantas ornamentais e principalmente árvores em
lugares mais abertos como parques, praças e canteiros ajardinados. A plasticidade paisagística, com o florescimento
contínuo das plantas durante todas as estações do ano, favorece a diversidade da avifauna. Pelo potencial
ornamental, muitas palmeiras são utilizadas em parques, nos canteiros centrais de avenidas e no paisagismo em
geral, atraindo muitos pássaros que apreciam seus frutos.
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O coqueiro-jerivá (Syagrus romanzoffiana) atrai, principalmente, os
periquitos.
Alguns pássaros visitam as flores regularmente para se alimentar de néctar (nectarívoros), partes florais (fitófagos) e
insetos que vivem nas flores (insetívoros). Quando se alimentam do néctar de alguma flor, mantém contato com o
pólen em alguma parte do corpo, geralmente a cabeça, e logo após o contato com outra flor atuam como
polinizadores. Outros se alimentarem de frutos (frugívoros), sementes e grãos (granívoros) e atuam como
dispersores, após a defecação ou seleção do alimento.
Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas.
Frutos doces e coloridos são os mais convidativos. Os pássaros onívoros, como o pardal, são os que possuem dieta
variada a partir de diversos tipos de alimentos, tanto vegetal como animal.
Muitos pássaros brasileiros são considerados como domésticos, sendo comum encontrá-los em ambientes urbanos
ou antropizados, entre eles estão: sabiá, sanhaço, tico-tico, canário-da-terra, beija-flor, pardal, rolinha, bem-te-vi,
bigodinho, caboclinho, trinca-ferro, azulão, pintassilgo, entre outros.
Atrair os pássaros com alimentos é uma prática muito comum. O beija-flor é um dos pássaros que mais são atraídos
nos centros urbanos; as pessoas costumam manter bebedouros com água açucarada, pendurados em árvores ou
ganchos. Mas é preciso ter cuidado, pois caso a água não seja trocada diariamente e fermentar, poderá causar sua
morte. Alguns pássaros como os sanhaços são atraídos com frutas como mamão e banana.
Algumas aves respondem à ação antrópica e buscam novas áreas para colonizar. Outras se adaptam à cidade ou
permanecem em habitats pouco alterados. Em certas épocas do ano, as aves migratórias usam áreas urbanas para
se acasalar ou, simplesmente, para descansar antes de seguir sua trajetória. Espécies típicas de campos secos ou
brejosos e de borda da mata ocupam na cidade as áreas semelhantes aos seus ambientes naturais.
Por causa do alto grau de tolerância e capacidade de aproveitar eficientemente os diferentes recursos oferecidos
pelo ambiente é que o sabiá-laranjeira e o sanhaço são chamados de pássaros generalistas.
Numa grande metrópole como o Município de São Paulo, que apresenta um mosaico de ambientes é possível
encontrar variedade de pássaros, desde espécies tipicamente urbanas até espécies que necessitam de matas
preservadas como o Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde), Tangara seledon (sete-cores), Thraupis
ornata (sanhaço-de-encontro-amarelo) e Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-vermelha). Já as áreas abertas e os
campos antropizados da cidade são habitados porVanellus chilensis (quero-quero), Crotophaga ani (anu-
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preto), Speotyto cunicularia (buraqueira),Colaptes campestris (pica-pau-do-campo), Paroaria
dominicana (cardeal), Volatina jacarina (tiziu), etc.
Alguns fatores podem impedir a visita dos pássaros às plantas, como barulhos e ruídos, animais próximos que
possam afugentá-los, tipo de habitat e, principalmente, a ausência de determinada espécie de pássaro naquele
ambiente. Uma relação de plantas que atraem os pássaros é simplesmente sugestiva, não significando
necessariamente que sejam atraídos.
Uma pequena lista foi elaborada contendo nome de pássaros e suas características e preferências alimentares para
poder auxiliar as pessoas interessadas na preservação e manutenção dos pássaros em seu entorno.
Alguns pássaros e plantas são comuns em várias regiões, porém outros são endêmicos. Em função dos valores
culturais e regionais o nome comum das espécies pode variar muito e causar erros de identificação. Por isso torna-se
interessante e importante observar o nome científico que reconhece a espécie em qualquer lugar do planeta,
independente da língua oficial do local.
ARAÇÁS: Estas aves são atraídas pelos frutos da pitangueira (Eugenia uniflora).
ARARAS: voam diariamente muitos quilômetros na busca de frutos, principalmente de diversas palmeiras.
Para o ninho, escavam os estipes dos buritis (Mauritia flexuosa).
ARARA AZUL- Anodorhynchus hyacinthinus, tem preferência pelas castanhas retiradas de cocos da palmeira
acuri (Scheelea phalerata) e bocaiúva (Acrocomia sp). Quase todos os ninhos são escavados nos estipes do manduvi
(espécie de árvore gigante e frágil, quase sempre completamente oca, cujos galhos se quebram com facilidade, mas
onde as araras nidificam predominantemente).
ARARA-AZUL-DE-LEAR- Anodorhynchus leari, é encontrada em áreas de canyons e rochedos. Sua principal fonte
alimentar provém de sementes das palmeiras conhecidas por licuri (Syagrus coronata e S. picrophylla).
ARARA-AZUL-GRANDE- habita áreas de buritizais em matas ciliares e cerrados adjacentes, alimentando-se também
de sementes de acuri e bocaiúva.
ARARAJUBAS: Aratinga guarouba - apreciam sementes e frutos oleosos, principalmente da palmeira buriti.
AZULÃO: Passerina brissonii - habita bordas de matas e florestas ralas; é onívoro, consumindo sementes de
capim, pequenas frutas silvestres e vários insetos.
BEIJA-FLORES: são atraídos por flores coloridas, geralmente tubulosas, e produtoras de néctar, seu principal
alimento, porém completam sua dieta comendo insetos em flores ou em vôos rápidos. Seu bico arrojado
permite beber diretamente do nectário floral sem precisar pousar. Entre todas as espécies de beija-flores do
Brasil o tesourão é o mais comum. As flores mais visitadas por eles são das seguintes espécies vegetais:
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Heliconia sp - (caetês, bananeiras, tracoá, arbusto que possui
inflorescências grandes e atrativas).
Hibiscus
rosa-
Sanchezia
nobilis - (sanquésia).
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Thunbergia mysorensis - (sapatinho-de-judia, trepadeira com numerosas flores
amarelas).
BICO-DE-LACRE: Estrilda astrid - restrito aos ambientes urbanos ou antropizados se alimenta das sementes
do capim colonião africano, o que condiciona sua distribuição.
CABOCLINHO: Sporophila palustris - é o menor pássaro canoro brasileiro. Habita várzeas à procura de
sementes de capim verde, entre outros, especialmente o capim de flor amarela e o colonião.
CAMBACICA: Coereba flaveola - visitante de parques e jardins, disputa o alimento das flores com o beija-
flor. Diferencia-se no modo de obter o néctar, agarrando-se à corola das flores e com o bico curvo e
pontiagudo perfura o cálice, atingindo assim os nectários. Completa sua dieta alimentando-se de
artrópodes.
CANÁRIO BELGA: São pássaros granívoros e, portanto, as sementes representam a parte mais importante de sua
dieta.
CANÁRIO DA TERRA: Sicalis flaveola - o pássaro canoro mais popular do Brasil, come de tudo,
principalmente sementes, podendo ser alpiste, painço amarelo, linhaça e se adapta com facilidade a
qualquer tipo de ambiente.
CARDEAL: Paroaria coronata - encontrado em campo aberto com árvores altas, capões de mato e beira de rios.
Onívoros, sua dieta é composta de grande variedade de sementes, insetos e frutinhas, mas em época de reprodução,
seu regime alimentar passa a ser exclusivamente insetívoro, que se prolonga por mais alguns dias após o nascimento
dos filhotes.
COLEIRINHA/COLEIRO: Sporophila caerulescens - habita áreas antrópicas (pomares, pastos, praças das
cidades), brejos, capoeiras e restingas, sendo encontrado empoleirado em arbustos ou agarrados em talos
das inflorescências de gramíneas, alimentando-se de sementes do capim ou que estão no chão.
CURIÓ: Oryzoborus angolensis - de origem tupi, seu nome significa "amigo do homem". Dispõe de bico
forte, curto de cor preta, capaz de quebrar as sementes mais duras, especialmente semente do capim
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navalha, base de sua alimentação, completando sua dieta com insetos. Habita normalmente áreas nas proximidades
de lagos, várzeas e rios.
GATURAMOS: Tanagra violacea Linnaeus - também conhecido pelos nomes de Tietê e Bonito, sua dieta é
composta por frutas (laranjas, goiabas e bananas) e insetos. Apreciam os frutos da planta erva-de-
passarinho, que são facilmente encontradas nas copas dos ipês, árvores comuns no cerrado e também nos
centros urbanos.
GATURAMOS-VERDADEIROS: Euphonia violacea - hábil imitador do canto de outras aves como do gavião (Buteo
magnirostris), do sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), da andorinha-serradora(Stelgidopteryx rufficollis) e o
pardal (Passer domesticus). Basicamente, sua dieta restringe-se a frutos de epífitas, parasitas, bromeliáceas e
cactáceas, embora possa incluir alguns artrópodes na sua alimentação.
JOÃO DE BARRO: Furnarius rufus - utiliza habilmente o barro misturado com fibras vegetais, capim, pêlos e
estrume para construir sua casa no alto dos postes de iluminação e dos galhos de árvores em regiões
urbanas e campestres. É na vegetação baixa, onde pode caminhar, que ele busca insetos, larvas e
artrópodos em geral para compor sua dieta.
PAPAGAIOS: seu bico forte e encurvado para baixo é apropriado para quebras sementes duras e coquinhos.
Frutos, sementes, brotos, flores e, eventualmente, insetos que estão nas frutas fazem parte de sua dieta na
natureza. ·
PAPAGAIO-CHORÃO: Amazona pretrei, ave típica do sul do Brasil, aprecia o pinhão, semente da araucária (Araucaria
angustifólia).
PARDAL: Passer domesticus - encontrado facilmente em áreas urbanas, pode construir seu ninho no oco de alguma
árvore, no beiral de telhado ou outra saliência. Sua dieta variada consiste em sementes, insetos, frutas e restos
alimentares como migalhas de pão.
PÁSSARO-PRETO: Gnorimopsar chopi - dieta composta por sementes, frutos de pessegueiro, ameixeira, romãzeira,
mangueira, pitangueira, uvaia, goiabeira, jabuticabeira, araçazeiro, amoreira e figueira, incluindo principalmente
cocos do buriti.
PICA-PAU: com bico forte e apropriado para lascar o tronco das árvores à procura de alimento,
normalmente come larvas de insetos e alguns insetos, mas prefere besouros.
· Uma espécie de pica-pau do gênero Celeus, de pelagem amarelada com pontos pretos visita as flores
vermelhas da árvore conhecida como anani (Symphonia globulifera), cujo tronco solta um látex de um amarelo
intenso, para procurar por insetos.
PINTASSILGO: Carduelis magellanica icterica - é o mais comum. Com seu canto longo e repicado estimula o canto de
todos os outros pássaros ao seu redor. É encontrado em ambientes variados como brejos, capoeiras, pastos,
pomares, florestas ralas, pinheirais. Sua dieta consiste de vários tipos de sementes de capim, de assa-peixe, dente-
de-leão, além de apreciar as flores dos eucaliptos e os insetos que vivem nos pinheirais. Em proximidade de áreas
urbanas aprecia sementes e pequenos frutos secos, de revestimento duro, além de frutas encontradas em pomares.
POMBOS: Columba livia - o pombo-doméstico, comum de ser encontrado na cidade, é uma ave mansa que
vive em parques, praças e principalmente em beirais de telhados residenciais ou comerciais, onde nidificam.
Sua alimentação é variada, aproveitando todos os recursos que o ambiente oferece. As pessoas costumam
atraí-los com sementes de milho e migalhas de pão. Apreciam também os frutos maduros de chumbinho (Ligustrum
japonicum), planta muito utilizada na arborização urbana. Devido a grande oferta de alimento, a população tem
crescido muito, ocasionando transtornos como sujeiras provenientes de suas fezes que podem transmitir muitas
doenças.
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QUERO-QUERO: Vanellus chilensis - pode ser encontrado próximo das áreas urbanas, fazendo seu ninho
camuflado no chão de gramados, utilizando folhas secas, não hesitando em atacar quem por perto passar.
Alimenta-se de insetos e outros artrópodes capturados no solo.
ROLINHA: Columbina talpacoti - habita áreas com plantações, campos abertos e os centros urbanos, onde é
muito comum. Constrói o ninho em arbustos utilizando gravetos. Sementes de gramíneas e de pequeninos
frutos apanhados do chão fazem parte de sua dieta. Em ambientes urbanos sua alimentação é variada,
nutrindo-se de sementes e outros alimentos encontrados à disposição naquele ambiente.
SABIÁ-LARANJEIRA: Turdus rufiventris - seu canto longo e melodioso semelhante ao som de flauta, serviu de
inspiração a alguns poetas. É encontrado tanto no campo quanto na cidade. Por estar muito próximo ao
homem, sua popularidade o tornou símbolo representativo da fauna ornitológica brasileira e foi
considerado popularmente a Ave Nacional do Brasil através de decreto federal. É muito comum encontrá-lo
andando pelo chão capturando invertebrados, mas sua dieta consiste basicamente em frutos de
pitangueiras (Eugenia uniflora), figueiras-benjamim (Ficus microcarpa), palmeiras como o jerivá (Syagrus
romanzoffianus)e a seafórtia (Archontophoenix cunninghamiana) e amoreiras (Morus nigra). Ele costuma visitar
comedouros para comer frutas (mamão, banana, laranja) e pão que são ofertados pelo homem.
SAÍRAS: - O canto da maioria das saíras é inexpressivo e podem ser encontradas principalmente em árvores
floridas ou ricamente frutificadas.
SAÍRA-AMARELA: Tangara cayana - habita matas abertas e ciliares, áreas cultivadas, parques e jardins,
freqüentando árvores com frutos maduros, como a aroeira-vermelha(Schinus terebinthifolia) e
magnólias (Magnolia spp) e completa sua dieta com insetos cupins e vespas.
SAÍRA-SETE-CORES: Tangara seledon - ameaçada de extinção como espécie vulnerável é uma ave lindíssima
por ser multicolorida. Costuma fazer seu ninho em bromélias que podem estar no tronco de palmeiras como,
por exemplo, a da palmeira-imperial, cujos frutos são apreciados.
SANHAÇO-CINZA: Thraupis sayaca - pode ser encontrado em áreas rurais e nas cidades, especialmente em bairros
bem arborizados. Utiliza buracos de árvores para fazer o ninho, especialmente os de coqueiros. Freqüenta
principalmente árvores frutíferas como pessegueiro, pitangueira, ameixeira, romãzeira e comedouros onde são
oferecidas frutas como mamão, banana, laranja entre outras. Aprecia os frutos de figueiras (Ficus carica, F.
microcarpa, F. elastica), amoreira (Morus nigra) e embaúba (Cecropia sp.) e come as pétalas de ipê-
amarelo (Tabebuia sp.). Alimenta-se ainda de néctar de flores de eucalipto (Eucalyptus sp.) e mulungu (Erythrina).
TICO-TICO: Zonotrichia Capensis - seu nome veio do pio: "tic...tic. Habita paisagens abertas, campos de
cultura, fazendas e jardins. Conhecido como irrequieto, devido ao modo como captura alimento no solo por
meio de pequenos. Sua dieta é composta de sementes, muitas vezes, extremamente amargas e de insetos. É
considerado útil ao homem por alimentar-se de larvas daninhas encontradas em hortas e ao Chopim (Molothurs
bonariensis) a quem serve de ama seca.
Referências bibliográficas: Lorenzi, H.; Souza, H. M. 2001. Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e
trepadeiras. 3ª edição Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 1088p.
Raven, P. H.; Evert, R. F.; Eichorn, S. E. Biologia vegetal. 6ª edição Rio de Janeiro: Guanabara Koogan., 2001. 906p.
Rogrigues R.M. e Coutinho L.M. 1993. Interações entre plantas insetos e outros seres. Ed. Cultrix, vol.2, 400p. Sick, H.
(1997) Ornitologia brasileira. 2a. edição revista e ampliada por José Fernando Pacheco. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
Endereços eletrônicos (acessos: 13/02/2005)
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/servicos/herbario/001
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/fauna_flora/fauna/0001
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/aves_no_campus/aves_ordens.html
http://www.faunacps.cnpm.embrapa.br/ave/ave.html
Fonte: http://birdmania.sites.uol.com.br
http://www.jardimdeflores.com.br/paisagismo/a34plantaspassaros.htm
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Aves nas Cidades / Aves e Cidades
Bebedouros com água e açúcar, potes com frutas e sementes, casinhas para ninho. Estratégias para atrair
passarinhos fazem parte do dia-a-dia de muitos habitantes de grandes cidades. Em anos recentes, apreciadores de
aves têm notado um aumento em número e diversidade de aves urbanas. Mas será que esse aumento reflete a
realidade?
A impressão, ainda não confirmada por estudos científicos, vem tanto de leigos como de especialistas. "Lá em
casa há um número surpreendente de pássaros no quintal. Sempre achei que estivesse relacionado à presença da
jabuticabeira que anda muito produtiva", diz a urbanista Regina Meyer, da Universidade de São Paulo (USP).
Pedro Develey, ornitólogo (especialista em aves) e autor do guia de campo Aves da Grande São Paulo (2004),
concorda que há uma impressão geral de que houve um aumento das aves na cidade mas acredita ser difícil
avaliar a realidade, já que não existiu um monitoramento anterior: "Os principais trabalhos sobre aves urbanas
começaram mais recentemente, cerca de 15 anos atrás", diz. Na sua opinião, o que mudou foi percepção das
pessoas. "A constante presença de notícias na mídia em geral teve uma grande contribuição nessa maior
valorização e percepção das pessoas em relação às aves", sugere. O bom índice de vendas de seu guia de campo,
cerca de 4,5 mil exemplares desde o lançamento em 2004, ilustra o interesse do público em relação às aves.
A impressão de aumento populacional é confirmada por Elizabeth Höfling, ornitóloga do Instituto de Biociências
da USP e autora do livro Aves no campus, que reúne informações sobre as aves presentes no campus da USP.
Elizabeth conta que a primeira edição, de 1993, lista 130 espécies de aves. Na terceira, de 1999, o número cresceu
para 146 espécies. A quarta edição está sendo finalizada pela autora, e contará com 156 aves diferentes. Segundo
a pesquisadora, agora se vê a pomba-de-bando (Zenaida auriculata) que antes não era vista, e o papagaio-
verdadeiro (Amazona aestiva) era mais raro do que agora. Porém, ela avisa que as diferenças entre os
levantamentos sucessivos não refletem somente um aumento real no número de espécies, pois quanto mais
longo o tempo de observação, mais se descobre sobre um ambiente. A ornitóloga, porém, acredita que houve de
fato um aumento no tamanho das populações nas cidades, embora falte um trabalho de censo.
CIDADES MAIS HOSPITALEIRAS? Qual seria a causa de um aumento na população de aves das cidades? Elizabeth
acredita que o elemento mais decisivo é o "fim do estilingue". Ela conta que durante a sua infância era comum
crianças capturarem aves. Hoje em dia, a ornitóloga acredita que houve uma mudança cultural, que se deve em
grande parte à veiculação de campanhas de proteção aos animais através dos meios de comunicação.
Há quem diga que a redução das áreas de floresta ao redor das cidades forçou as aves a mudarem-se para as áreas
urbanas, mas de acordo com especialista não é isto que ocorre. "As aves que se vê nas cidades são principalmente
aquelas de áreas abertas", diz. Develey concorda, mas acredita que as aves que vivem em áreas verdes ao redor
de áreas urbanas podem aventurar-se pela cidade, mesmo que ocasionalmente. "Elas não se estabelecem, voltam
para as áreas de mata nos entornos para se reproduzir", explica.
Por outro lado, o aumento de áreas verdes dentro das cidades poderia causar um aumento na população de aves.
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Mas áreas verdes não bastam. Elizabeth Höfling adverte que isso só ocorre se for instaurada a cadeia alimentar
completa. Por exemplo, árvores floridas atraem insetos que são essenciais para certas aves. A urbanista Regina
Meyer diz que hoje em dia há mais áreas verdes associadas a certos tipos de habitação. "Há uma quantidade
muito grande de condomínios fechados em São Paulo", diz. Esses condomínios incluem áreas verdes, que embora
de baixa qualidade em termos paisagísticos, segundo Meyer, talvez reúnam os atributos necessários às aves. O
ornitólogo Develey acredita que um bairro bem arborizado proporciona mais abrigo e alimentação do que áreas
de pasto, por exemplo.
O FUTURO DA CONSERVAÇÃO Apesar de uma conscientização ecológica mais presente nos meios de comunicação,
o mundo está cada vez mais carente em áreas verdes. É preciso que haja um movimento generalizado na direção
de se instituir mais parques, arborizar as cidades de forma a possibilitar a sobrevivência de uma maior diversidade
de organismos. Uma nova disciplina para tratar do embate entre humanos e os demais seres vivos foi proposta
por Michael Rosenzweig, da Universidade do Arizona (EUA), a "ecologia da reconciliação". Em seu polêmico livro
Win-win ecology (Oxford USA Trade, 2003), Rosenzweig argumenta que o conservacionismo tradicional já não é
suficiente, visto que humanos ocuparam boa parte da Terra — e não pretendem desocupá-la. É preciso, então,
encontrar estratégias para permitir que as exigências da vida humana sejam compatíveis com as necessidades
ecológicas de outras espécies. Como? A resposta varia conforme características locais. O ecólogo Marco Pizo, da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), sugere utilizar o conhecimento existente para planejar áreas de
lazer. "Nas grandes cidades, além de aumentarmos as áreas verdes, poderíamos, por exemplo, usar plantas que
fornecem recursos alimentares para as aves e prover locais de nidificação para elas", propõe. Por enquanto, na
falta de estratégias mais abrangentes, o jeito é continuar com nossas pequenas contribuições à vida das aves.
Aves na cidade
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O processo de urbanização transforma profundamente os ambientes naturais, criando uma paisagem variável, à
medida em que se intensifica o adensamento das construções. Povoamentos pequenos podem ainda preservar
muitas áreas com cobertura vegetal, nos quintais e jardins das casas e nas vias públicas. A pequena extensão da
área construída, e o mosaico de áreas vegetadas permite um contato estreito com as comunidades de aves do
entorno e da região. Algumas espécies já podem mostrar uma afinidade com este espaço alterado, demonstrando
sua tendência sinantrópica (etimologicamente = amigo do homem). Alguns fatores responsáveis por esta atração
podem ser apontados. A maior disponibilidade de locais para ninhos, como cavidades artificiais, pode atrair aves
que se utilizam destes lugares, como a corruíra, Troglodytes musculus. A ocorrência nestes espaços de uma
concentração maior de espécies vegetais atrativas para aves por seus frutos e flores, muitas destas exóticas, como
diversas plantadas em pomares, podem atrair espécies de frugívoros e nectarívoros, como o sabiá-laranjeira,
Turdus rufiventris, e o beija-flor-rabo-de-tesoura, Eupetomena macroura. Também a tendência moderna de fazer
a arborização urbana de vias públicas com espécies de importância biológica para a fauna é um fator a ser
considerado. Restos de alimentos humanos podem ser aproveitados também por diversas espécies, notadamente
pelo pardal, Passer domesticus, mas também por outras como o bentevi, Pitangus sulphuratus. A disponibilidade
aumentada de ratos, próximo de habitações humanas, pode atrair predadores como o gavião-peneira, Elanus
leucurus, ou o falcão, Falco sparverius. Práticas de atração de aves, com a colocação de fontes de água, alimentos,
bebedouros para beija-flores e caixas para ninhos, podem também ser fatores responsáveis pelo adensamento
populacional de algumas espécies nos ambientes urbanos. Por outro lado diversas espécies tendem a
desaparecer, especialmente aquelas dependentes de hábitats específicos ou especialistas em seus hábitos
alimentares e reprodutivos. A presença de muitas destas no ambiente urbano dependerá de quanto o processo de
transformação do ambiente natural permitir a manutenção de áreas remanescentes destes ambientes ou mesmo
áreas relativamente urbanizadas que funcionem como "arremedos" destes ambientes naturais.
Com o adensamento do processo de urbanização, verticalização das construções e progressiva redução dos
espaços verdes, processo chamado por alguns de "desertificação antrópica" ou "savanização" do ambiente,
reduzem-se as possibilidade de ocorrência das espécies.
Algumas questões conceituais precisam ser esclarecidas. A expressão "aves urbanas" frequentemente usada para
referir-se às espécies encontradas nas cidades é um termo impróprio, pois indica espécies próprias do ambiente
urbano, da mesma forma que "aves da mata" ou "aves campestres" indicam espécies típicas destes ambientes.
Entretanto, a única espécie típica do ambiente urbano por excelência em nosso meio é o pardal, Passer
domesticus, espécie exótica aqui introduzida. Sem considerar o pombo-doméstico, Columba livia. Por outro lado é
indiscutível que diversas outras espécies de aves parecem ter uma afinidade tal com o ambiente urbano que
permite que nestes espaços tenham densidades populacionais maiores que nos próprios ambientes naturais, de
onde são originárias. Esta diferença ou gradiente nas densidades populacionais pode ser medida, indicando
diversos graus de sinantropia e com base nisto podem ser nomeadas as diversas situações:
A cidade simula, grosso modo, uma savana, ou seja, espaços abertos campestres ponteados com vegetação
arbórea dispersa. Desta forma, as espécies mais prováveis de se encontrarem nela são as próprias deste tipo de
ambiente. Estudos realizados em fragmentos florestais de diversos tamanhos mostraram a sucessão de
desaparecimento de espécies de aves. Estas são então as menos prováveis de serem vistas nas cidades. Podem
desta forma serem usadas como "bioindicadores" do processo de transformação ambiental.
A disponibilidade de alimento é um dos fatores principais da distribuição das espécies. Na cidade, a
impermeabilização do solo e redução dos espaços verdes leva à redução da produção de insetos e
consequentemente das aves insetívoras. Por outro lado, o plantio seletivo de espécies vegetais frutíferas, tanto
em pomares como na arborização de vias públicas, prática que tem sido adotada modernamente, favorece as
espécies frugívoras. Uma análise técnica disto pode ser feita por meio das chamadas guildas, que são grupos de
espécies que têm hábitos alimentares parecidos, também no que é comido como na forma de obtenção destes
alimentos. Nesta análise percebe-se que as guildas mais favorecidas no ambiente urbano são as de aves que têm
regimes alimentares onívoros, ou seja, que se valem de diversos tipos de alimentos. Também os frugívoros.
Insetívoros exclusivos tendem a desaparecer. Alguns de pequeno porte, que se alimentam de pequenos insetos
nas ramagens das árvores podem permanecer mesmo em pequenas praças e ruas arborizadas, como o risadinha,
Camptostoma obsoletum e o teque-teque, Todirostrum cinereum. O acúmulo de detritos urbanos em muitos
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pontos da cidade podem manter grandes populações do urubu, Coragyps atratus. Aves piscívoras podem ser vistas
com alguma facilidade, sempre próximo aos lagos piscosos.
As cidades são lugares também onde muitas espécies exóticas à região podem ser soltas ou escaparem do
cativeiro, colonizando-a. O Parque Ibirapuera em São Paulo é um bom exemplo, tendo se instalado ali uma
população do cardeal, Paroaria dominicana. Há reportagens antigas de jornais que relatam a prática de
autoridades soltarem ali aves comemorando o Dia das Aves, e entre estas são citadas os "cardeais". Da mesma
forma um pequeno grupo da maracanã-nobre, Dyopsittaca nobilis, procedente de apreensão de cativeiro, foi solto
e hoje parece está em franco crescimento, já tendo sido vistas em variadas áreas verdes da cidade de São Paulo.
Mesmo espécies raras e consideradas ameaçadas de extinção ocasionalmente são vistas em áreas verdes urbanas.
É possível que estas espécies se valham destas áreas em suas rotas migratórias ou deslocamentos e esta função
das áreas verdes urbanas precisa ainda ser melhor estudada.
AUDUBON
Common Birds in Decline
AUDUBON
Every Backyard Is Important
NATIONAL WILDLIFE FEDERATION
Garden for Wildlife
PROJECT FEEDERWATCH
Birds and Bird Feeding
SAVE BIOGEMS
Saving Our Greatest Bird Nursery
MACAULAY LIBRARY
Animal Sound & Video Catalog
http://bioterra.blogspot.com.br/2007/07/aves-e-cidades.html
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