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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DE JACAREPAGUA DA COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE
JANEIRO – RJ.

ELIETH MARTINS DA SILVA, brasileira, solteiro, do lar, portadora da Carteira de


Identidade nº 06.745.577-47, expedida em 17/07/2018 pelo DETRAN/RJ, inscrita no
CPF sob o nº 800.041.217-91, residente e domiciliada na Rua Elvira da Fonseca nº 130,
casa 09, Tanque, CEP: 22733-150, Rio de Janeiro – RJ, através de sua advogada infra-
assinado, com escritório na Av. Geremário Dantas, nº 34, sala 309, Tanque, CEP:
22735-015, Rio de Janeiro – RJ e endereço eletrônico neucimello@gmail.com, local
onde recebe notificações e intimações, vem a presença de Vossa Excelência, propor a
presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E DE RELAÇÃO


CONTRATUAL COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS CUMULADO COM PEDIDO DE LIMINAR EM TUTELA ANTECIPADA

em face de TELEFONICA BRASIL S. A. (VIVO) , inscrita no CNPJ - MF sob o nº


02558157/0014-87, com endereço na Av. Ayrton Senna, nº 2.200, Barra da Tijuca,
CEP: 22775-003, Rio de Janeiro – RJ, com endereço eletrônico: www.vivo.com.br, na
pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Preliminarmente, diante da Lei 1060/50, a Autora faz jus a GRATUIDADE DE


JUSTIÇA, pois a mesma não possui rendimentos suficientes para custear as despesas
processuais e honorários advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família.

I – Dos fatos

A Autora foi consumidora dos serviços da Ré através da linha telefônica móvel de nº


021 9764-6661;

Em dado momento, sua situação financeira apertou e ficou inadimplente, mas pagou
todo o débito e pediu o cancelamento da linha telefônica móvel, mesmo assim,
continuaram cobrando o que a Autora já havia pago e sempre alegando que a mesma
embora com a linha cancelada, continuava devendo;

Quando foi em 2017 voltaram a cobrar através de fatura os meses de janeiro/17 R$


35,95 (trinta e cinco reais e noventa e cinco centavos) e fevereiro/17 R$ 36,85 (trinta e
seis reais e oitenta e cinco centavos),(docs. anexos), a Autora pagou e mais uma vez
pediu que não cobrassem mais pois, a linha já estava cancelada há muito tempo;
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Após, recebeu outra fatura com vencimento contra prestação, cobrando os meses de
junho a setembro/17, totalizando R$ 137,96,(cento e trinta e sete reais e noventa e seis
centavos), já com ameaças de inclusão de seu nome nos cadastros restritivos do SPC e
SERASA, mais uma vez a Autora pagou, MESMO COM A LINHA JÁ CANCELADA,
ficou com medo de ficar com o nome “sujo” (doc. anexo);

Quando foi no ano de 2018, a Autora recebeu outra correspondência no valor de R$


110,37 (cento e dez reais e trinta e sete centavos), com vencimento para 15/02/18 e já
apavorada, pois paga a mesma coisa várias vezes mesmo já sem ter a linha há muito
tempo, se dirigiu até a loja da Ré e a atendente confirmou que já haviam cancelado a
linha havia muito tempo (doc. anexo);

Pasme Excelência! A Autora mais uma vez recebeu outra correspondência para
pagamento do que já vem pagando por várias vezes, JÁ FOI PAGO, com vencimento
para 22/12/2018, no valor de R$ 117,27 (cento e dezessete reais e vinte e sete centavos);
o que mais uma vez pagou conforme documento e recibo anexos, sentindo-se
ameaçada com as ameaças constantes de inclusão do seu nome nos cadastros restritivos
e por entender que esta situação nunca terá fim a não ser através das vias judiciais;

A Autora já pagou o mesmo débito diversas vezes com sua linha cancelada pela própria
empresa Ré, que insiste em fazer cobranças absurdas que deixam a Autora apavorada e
em situação vexatória e humilhante, causando um enorme sofrimento, pois não mais
tem vinculo com a Ré, o que pretende é o cancelamento destas cobranças e os danos
causados pela Ré a sua pessoa;

II – Do Direito

Diante dos fatos anteriormente explicitados, percebe-se claramente a configuração do


ato ilícito, pois, a Ré agiu de má fé em efetuar as mesmas cobranças à Autora por
diversas vezes mesmo com a linha já cancelada;

Todos estes atos e omissões da Ré acabaram por gerar danos à Autora. Esta conduta nos
remete ao seu enquadramento em uma previsão legal qual seja, artigo 186 do Código
Civil de 2002.
“Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”

Assim, clara a negligência e imprudência da Ré as quais geraram danos à Autora,


demonstrado, portanto, nexo causal entre as atitudes negativas da Ré e o dano causado,
a uma porque teve que pagar por diversas vezes o mesmo débito em tom de ameaça de
inclusão do seu nome nos cadastros restritivos, a duas por toda a via crucis que passou
para tentar resolver o caso administrativamente junto à Ré e a três pela responsabilidade
objetiva, já que não teve o mínimo cuidado, dado o porte de sua instituição, em verificar
os documentos apresentados e pagos pela Autora no momento das reclamações, ora
contestadas;

III – Da Responsabilidade Objetiva da Ré


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Como se pode constatar, é notória a responsabilidade objetiva da Ré, uma vez que
ocorreu uma falha substancial na prestação do serviço de cobrança e repetição de
indébito e, por tratar-se de uma relação consumerista, a ser regida, portanto, pelas
normas do Código de Defesa do Consumidor, cabe imputar às instituições fornecedoras
de serviço tal tipo de responsabilidade;

Portanto, permitindo a concessionária dos serviços de telefonia a repetição do indébito,


sem a verificação quanto à veracidade dos documentos apresentados como pagamentos,
ou como no caso em concreto, sem ter a precaução de, posteriormente, confirmar tais
pagamentos e manter erroneamente as cobranças do que já fora pago, esta deverá
assumir as consequências dessa forma de cobrança e as consequências que se inserem
nos riscos de sua atuação;

O artigo 14 do instituto supra referido embasa tal afirmação como se pode observar:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e risco...”

Dessa forma, fica evidente o dever de indenizar da Ré, pois de acordo com o exposto
anteriormente, restou comprovada a existência do ato ilícito, e segundo os ditames do
artigo 927 do Código Civil de 2002, temos que:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

Ainda, acerca da responsabilidade objetiva, quando não evidenciada qualquer


excludente de causalidade, mostra-se irrelevante a averiguação de culpa daquele que
assumiu os riscos da atividade empresarial, devendo tão somente o consumidor
comprovar a ocorrência do dano, bem como o nexo causal com a conduta adotada pelo
fornecedor do serviço;

IV – Do Dano Moral

Segundo a doutrina, o dano moral configura-se quando ocorre lesão a um bem que
esteja na esfera extrapatrimonial de um indivíduo, e a reparação do mesmo tem o
objetivo de possibilitar ao lesado uma satisfação compensatória pelo ato sofrido,
atenuando, em parte, as consequências da lesão;

Tem-se que, diante das circunstâncias evidenciadas anteriormente, é irrefragável que a


Autora sofreu um dano moral, pois se sentiu e ainda se sente constrangida por todo
abalo por ver seu nome com eminência e indevidamente prestes a ser incluso nos
cadastros restritivos, o que a obrigou a pagar varias vezes o mesmo débito, e ainda por
ser prestadora de serviços, teme o risco de uma inexorável negativação, já que a Ré,
inclusive fez o cancelamento da linha, não fornece mais o serviço, mas continua e
provavelmente, vai continuar a proceder pelas cobranças indevidas;

Em relação ao dano efetivamente causado, podemos recorrer à legislação pátria a fim de


embasarmos a causa de pedir em relação ao dano moral, na presente ação, tendo em
vista o art. º, inciso X, da Constituição Federal, que dispõe:
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“Art. 5º... X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação...”

O Código de Defesa do Consumidor também ampara o consumidor que se viu lesionado


por um fornecedor de serviços, com a justa reparação dos danos morais e patrimoniais
causados por falha no vínculo de prestação de serviço, como se pode constatar em seu
artigo 6º, que no inciso VI explicita tal proteção:

“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor... VI – a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos...”

Com relação ao dano moral, ficou igualmente provado que a Ré com sua conduta
negligente violou diretamente direito sagrado da Autora, o de ter sua paz interior e
exterior inabalada por situações com o qual não concorreu e que lhe causa imenso
sofrimento;

V – Da Jurisprudência

Diante do caso concreto, acima relatado, percebe-se que grande parte de nossa
jurisprudência tem convergido para a mesma solução nos casos em que as
concessionárias de telefonia móvel, agem negligentemente na abertura, venda e
cobrança de linhas, vindo posteriormente violar os direitos de pessoas integras que não
possuem nenhuma relação com a instituição.

VI – Da Liminar Para Suspensão Da Cobrança E Ainda Obstar Negativação Do Nome


Da Autora Junto Aos Órgãos De Proteção Ao Crédito.

Do Dano Irreparável

O perigo de dano irreparável está presente neste episódio, adquirindo status de


notoriedade pelo fato de que se a Autora continuar submetida às práticas abusivas da
Ré, agravadas pelas cobranças indevidas dos valores já adimplidos, a inevitabilidade de
que a cobrança continue nos meses posteriores ao contestado na presente ação, e ainda
que seu nome seja encaminhado aos órgãos de proteção ao crédito, fatos que vem
perturbando em demasia a consumidora e sua família;

O retardamento da prestação jurisdicional equivalerá à sua negação, e ainda a


inexorável negativação de seu nome, sendo assim, a liminar de suspensão da cobrança
dos pagamentos já efetuados e óbice para negativação do nome da Autora, é imperiosa
para a preservação dos interesses da Autora, sem que esta fique submetida ao arbítrio da
Ré.

Da Verossimilhança Das Alegações

A verossimilhança das alegações está materializada pelo despropósito da Ré, com as


indevidas cobranças do que já fora pago, por diversas vezes, virar ad eternum em uma
linha que há muito já fora cancelada.

VII – Dos Pedidos


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Isto posto, requer a Vossa Excelência:

a) Concessão de liminar em antecipação dos efeitos da tutela para que: 1 – Seja


cancelada a linha em questão e suspensas quaisquer emissões de cobranças em nome da
Autora, relativas a mesma linha contratos ora em discussão; 2 – Retirada do nome da
Autora dos órgãos de proteção ao crédito, e caso isto ainda não tenha ocorrido, que seja
obstada a negativação de seu nome; 3 – Caso descumpridas as alíneas a ou b, ou ambas,
pleiteia a aplicação de multa a ser arbitrada por este MM. Juízo para que a Ré cumpra
com o determinado.

b) Conceder nos termos do art. 6º, VIII do CDC, a inversão do ônus da prova em favor
do Autor;

c) Determinar a citação da empresa Ré, na pessoa de seu representante legal para,


querendo, comparecerem a Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento e
apresentar resposta no momento devido, sob pena de arcarem com os efeitos inerentes a
revelia, devendo tal advertência constar expressamente no mandado citatório, evitando-
se eventual nulidade;

d) Condenar a empresa Ré a repetição de indébito, devolvendo a Autora toda cobrança


indevida em dobro o que importa em R$ 876,80 (oitocentos e setenta e seis reais e
oitenta centavos), a titulo de dano material;

e) Condenar a Ré a pagar a Autora a título de dano moral por todo constrangimento e


percalços que vem sofrendo a quantia equivalente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou a
ser arbitrado por Juízo;

f) Seja concedido os benefícios da gratuidade de justiça, formulado em sede de


preliminar;

Requer para provar o alegado a utilização de todos os meios de prova em direito


admitidas, em especial documental, testemunhal, depoimento pessoal do representante
da Ré, sob pena de confissão.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.876,80 (dez mil oitocentos e setenta e seis reais e oitenta
centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 29 de abril de 2019.

NEUCI SÁ DE MELLO
OABRJ: 77564

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