Livro
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2019
1 Edição
a
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.a Vanusa Rossi Richter
R535p
ISBN 978-85-515-0311-9
CDD 641.815
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico! Nesta primeira unidade da disciplina de Panificação,
vamos compartilhar a história da evolução da panificação até a atualidade.
Abordamos aspectos relevantes dos fundamentos da panificação, a partir de
relatos de uma sequência de acontecimentos, que influenciaram a arte de
fazer o pão. O principal fator é explanar como o pão esteve presente dentro
do contexto histórico de várias civilizações.
Mas, de modo geral, todas essas etapas deste livro serão de enorme
valia para o seu desenvolvimento como chef de cozinha ou padeiro.
III
Acreditamos que são dois os fatores que influenciam na construção
do seu conhecimento. O primeiro está relacionado com a dupla ênfase
na teoria aliada à prática; e o segundo, que não basta apresentar uma
coletânea de fórmulas ou fichas técnicas para o aluno, assim, como não é
suficiente apenas, apresentar as fundamentações teóricas. Ambos devem
ser interligados de maneira clara. Deste modo que, ao preparar um pão
específico, você compreenderá o que está fazendo, por que está fazendo
daquela maneira, e o que fazer para obter os melhores resultados no decorrer
da prática. Ao mesmo tempo você vai perceber que a cada preparação
desenvolvida, seu conhecimento em relação aos princípios básicos será
reforçado. O conhecimento se reforça a partir do novo conhecimento.
Desejo a você uma boa viagem no mundo do pão! Uma ótima leitura!
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO....................................................................... 1
VII
3.2 GORDURAS (LIPÍDIOS).................................................................................................................. 48
3.2.1 Óleos vegetais e margarinas vegetais também são muito usados em pães.................... 49
3.3 OVOS.................................................................................................................................................. 50
3.4 LEITE ................................................................................................................................................. 52
3.5 OUTRAS FARINHAS E AMIDOS ................................................................................................. 52
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 55
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 59
VIII
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 108
IX
2.2 CUCA ALEMÃ . ............................................................................................................................. 164
2.3 SONHOS E DOUGHNUT.............................................................................................................. 165
2.4 ROSCA DE COCO ......................................................................................................................... 166
2.5 ENSAIMADAS . ............................................................................................................................. 167
3 FÓRMULAS DE PÃES DOCES CLÁSSICOS INTERNACIONAIS ........................................ 169
3.1 BRIOCHE ........................................................................................................................................ 170
3.2 PANETONE .................................................................................................................................... 171
3.3 STOLLEN ........................................................................................................................................ 172
3.4 SAVARIN / BABA AU RHUM .................................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 179
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 205
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao longo de cada um deles
você encontrara informações importantes na construção do conhecimento
da disciplina de Panificação, a ao final de cada tópico, o resumo e as
autoatividades estão disponíveis pra fixar ainda mais o conteúdo.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! O pão agrada às pessoas em vários aspectos. Ele estimula
os nossos sentidos. Pode ser pelo seu aroma, ou pela sua textura crocante, além de
ser um alimento delicioso, tem uma história muito interessante por trás desse filão.
Dentro deste tópico, vamos percorrer uma linha do tempo, que nos levará
ao cenário de hoje. Nosso país é jovem comparado a países europeus, e aberto a
profissionais na área da panificação. Desejamos a você, acadêmico, uma ótima leitura!
3
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <http://ajudaescolar.weebly.com/uploads/1/1/1/7/11173366/6829865_orig.jpg>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
4
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FONTE: <http://www.agronegocios.eu/userfiles/image/dropzone/blogs/20170612104338-
cereal-trigo.jpg>. Acesso em: 27 nov. 2018.
Cultivar a terra e tirar dela os alimentos foi uma das descobertas mais
importantes do homem pré-histórico. Vários alimentos, como o arroz, a cevada,
o trigo, o milho, entre outros, começaram a ser cultivados durante o período
neolítico. Foi nesse período também, que surgiram os condimentos. O sal remonta
a 3000 a.C. (LEAL, 1998).
5
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
Mas o trigo tornou-se o rei dos cereais usados para fazer pão, e ainda
hoje aqui assim continua a ser. Desde que surgiu nunca foi destronado.
Não sabemos, contudo, quando se deu esse aparecimento. E só
a pouco se julga saber, com probabilidade elevada, qual a paisagem
que terá sido a pátria originária do trigo silvestre, antes ainda dele
renunciar a sua ligação com vento e de selar o pacto com a mão do
homem (JACOB, 2003, p. 47).
6
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
Foi na Idade Antiga que o pão começou a ser preparado pelo povo
egípcio, que também foi inventor da padaria artística, produzindo pães das mais
variadas formas. Esse período também foi marcado por grandes povos e grandes
banquetes. Faziam-se enormes banquetes para comemorações de vitórias em
guerras e comemorações da família real (LEAL,1998).
FONTE: <https://antigoegito.org/wp-content/uploads/2010/11/agricultorestumbademenna-
300x197.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2018.
7
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
[…] se, porém, a massa fermentada foi feita inicialmente com a cerveja,
os egípcios fariam facilmente a associação entre fermentação de grãos
para produzir cerveja e fermentação de grãos para fazer crescer o
pão. A teoria da cerveja é mais comum e possivelmente mais realista,
já que continuou sendo o método mais popular para produzir pães
fermentados no Egito.
Na segunda teoria, de maneira quase que miraculosa, algum egípcio
ou uma mulher egípcia, por distração, deixou uma vasilha com um mingau de
cereais esquecido num canto por alguns dias. Foi quando se observou, que aquela
papa se expandia aos poucos, como se, estranhamente, vibrasse. Aqui, podemos
chamá-la de massa. A massa levada ao forno cresceu, e tornou-se maior ainda.
O volume adquirido não passava de ar aprisionado entre os alvéolos, conferindo
sabores e textura delicada, o que a tornava muito mais atraente ao paladar na
hora de comê-lo. Agora sim, descobriram o pão! Os egípcios passaram a dominar
a tecnologia de transformar a natureza em alimento. Assim, nasceu o costume de
assar o pão. A primeira indústria de alimentos do mundo (POLLAN, 2014).
8
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
9
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
10
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
11
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
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TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FONTE: <https://abrilguiadoestudante.files.wordpress.com/2016/07/screenshot_2613.png>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
13
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
14
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FONTE: <http://www.laifi.com/usuario/55127/laifi/69130319_55127_93112705_7386.jpg>.
Acesso em: 11 fev. 2019.
A Revolução Francesa foi marcada pela falta do trigo para o povo. Período
em que havia a importância aos exércitos serem bem alimentados. Napoleão, por
exemplo, alimentava suas tropas com "um pão fabricado com duas partes de trigo e
uma de centeio", seu cavalo se alimentava do pão hoje conhecido por pumpernickel.
Enquanto o restante da população francesa comia uma mistura de farelo de trigo
que não matava a fome. As mulheres se uniram em protesto à frente do Palácio
de Versalhes e à Convenção de Paris para exigir das autoridades o essencial para
suprir a fome que continuava ceifando vidas, mesmo depois de tomada de Bastilha.
Conseguiram, em 1793, fazer valer uma lei, mesmo que por pouco tempo, que
distribuía o pão gratuitamente e assim diminuíram os gritos nas ruas: "Queremos
pão!" O mesmo apelo de qualquer família faminta, nos dias de hoje (JACOB, 2003).
15
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-bjXlpkjL37M/TzugM5PjLSI/AAAAAAAAECs/30JAp33n2EY/
s1600/Bundesarchiv_Bild_146-2005-0098,_Ostfront,_Mehl-_und_Brotvorr%C3%A4te.jpga>.
Acesso em: 20 fev. 2019.
16
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
17
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <https://imgc.allpostersimages.com/img/print/posters/david-hughes-baguettes-in-the-
window-of-the-paul-bread-shop-lille-flanders-nord-france_a-G-2658780-4990619.jpg>.
Acesso em: 22 jan. 2019.
18
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FONTE: <https://tse1.mm.bing.net/th?id=OIP.
LmaNyYZq6ug0IxEUHJKGSQHaE8&pid=Api&w=640&h=427&rs=1&p=>. Acesso em: 9 mar. 2019.
19
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <https://www.opetroleo.com.br/wp-content/uploads/2016/07/padeiro.jpg>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
20
TÓPICO 1 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
NOTA
E
IMPORTANT
FONTE: <https://veja.abril.com.br/ciencia/padaria-de-3-500-anos-e-encontrada-no-egito/>.
Acesso em: 28 nov. 2018.
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O pão tem sua história contada, através dos milênios. Mais precisamente, há
cerca de seis mil anos antes de Cristo. Desde momentos de fome da humanidade,
a ascensão e queda das nações, a Revolução Industrial, a religião e as guerras, a
influência da panificação tem sido imensa e muito presente em todas as épocas.
22
• As padarias se estabeleceram no Brasil através do trabalho dos imigrantes. A
padaria mais antiga do país, fundada em 1872 e funciona até os dias de hoje, na
cidade de São Paulo.
• Suas funções em nível inicial, são como aprendiz ou auxiliar, que desempenham
as funções de fazer o mise-en-place, organizar a praça e auxiliar no trabalho de
modelagens.
23
AUTOATIVIDADE
24
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Você, em algum momento da vida, já deve ter tido
contato com a farinha derivada do grão de trigo, e se perguntado, que mágica
acontece para esse pozinho tão fino se transformar em pão!
25
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
Casca
Endosperma
Gérmen
26
TÓPICO 2 | O TRIGO: DO GRÃO À FARINHA
NOTA
27
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <https://image.jimcdn.com/app/cms/image/transf/none/path/sbb582526ca61d4e5/
image/i1a60dc2541dd53fb/version/1453304804/image.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019.
28
TÓPICO 2 | O TRIGO: DO GRÃO À FARINHA
29
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
NOTA
E
IMPORTANT
30
TÓPICO 2 | O TRIGO: DO GRÃO À FARINHA
Gliadina Glutenina
NOTA
O glúten tem a capacidade de absorver até 200% do seu peso inicial em água.
31
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
Você sabe por que estamos sempre nos deparando com essa informação
nos rótulos dos alimentos?
As pessoas que desenvolvem tal doença devem abolir para toda vida
alimentos que contêm o trigo, como pães, massas bolos, bolachas e também
cervejas. Só podem consumir produtos à base de amidos de milho, farinha, arroz,
fubá, polvilho e féculas de batata e de mandioca.
32
TÓPICO 2 | O TRIGO: DO GRÃO À FARINHA
adequadas para doces e bolos na confeitaria, mas também, podem ser usadas
para a panificação. Já as farinhas ditas fortes têm o teor de proteínas acima de 9%,
o que não é comum nas marcas nacionais. Mas isso não quer dizer que não seja
possível fazer um bom pão caseiro com matéria-prima nacional.
FONTE: O autor
33
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: O autor
DICAS
34
TÓPICO 2 | O TRIGO: DO GRÃO À FARINHA
E
IMPORTANT
Ariádine Morgan
35
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <lhttps://www.cpt.com.br/noticias/melhoradores-fazem-toda-a-diferenca-na-
producao-de-pães>. Acesso em: 13 jan. 2019.
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
• O trigo é o cereal mais consumido no mundo, e ocupa cerca de dois terços da extensão
de terra cultivável do planeta. No Brasil, o trigo em grão, pode ter procedência
nacional ou ser importado. O cultivo do trigo nacional foi retomado apenas na
década de 1920. Hoje, a região Sul concentra 90% da produção, com destaque para
o estado do Paraná. Também há cultivos no Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e
até no Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal). A concentração
no Sul se deve ao fato de a cultura do trigo necessitar de temperaturas baixas, para
que o grão acumule quantidades de proteínas formadoras do glúten.
37
• A doença celíaca é uma afecção causada em pessoas com predisposição genética
por intolerância à gliadina, substância contida no glúten. Essa substância causa
uma reação autoimune que age no intestino delgado, deixando-o atrofiado.
O celíaco pode apresentar alterações endocrinológicas, neurológicas e até
psiquiátricas, entre outras alterações.
38
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Globominas e proteínas.
b) ( ) Glutenina e albuminas.
c) ( ) Gliadinas e albuminas.
d) ( ) Gliadinas e gluteninas.
39
40
UNIDADE 1
TÓPICO 3
INGREDIENTES DA PANIFICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Os ingredientes para se fazer um bom pão não são
muitos, mas existem os imprescindíveis. Por exemplo, sem farinha em suas
variações, água e sal, não temos como tirar um pão!
No tópico que segue, você vai conhecer um pouco mais sobre esses
ingredientes fundamentais para fazer um pão, e conhecer também, aqueles que
têm a função de deixá-los ainda mais enriquecidos de sabor, aromas e nutrientes,
além de uma textura mais macia e delicada.
41
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
2.1 TRIGO
Como estudamos no tópico anterior, a farinha é responsável pela união dos
demais ingredientes, na maioria dos pães e massas fermentadas. É o ingrediente
principal na produção de massas, construtor de estrutura primária. Seus principais
componentes são as proteínas e o amido. Os amidos dão corpo ao miolo do pão,
além de maciez, ele interfere na coloração do pão. O glúten está relacionado à
função de proporcionar elasticidade, resistência à tensão e extensibilidade durante
a fermentação da massa. “O glúten e proteína estão intimamente relacionados, mas
não são sinônimos. As proteínas interagem umas com as outras quando misturadas
com a água, formando o glúten” (CANELLA-RAWLS, 2012, p. 91).
2.2 ÁGUA
A água é tão importante quanto a farinha na produção do pão. A quantidade
pode variar entre 55% a 65%. Há massas super-hidratadas que requerem até 100 por
cento de água calculado sobre a quantidade de farinha; também dependerá do modo
como o pão será feito: artesanal (sem a utilização de equipamento para modelagem)
ou industrial (com equipamentos de modelagem). A água tem como função:
42
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
• Água dura: contém uma grande quantidade de sais minerais que fortalecem
o entrelaçamento molecular do glúten. Mas vale lembrar que a água mineral é
conseguida em nascentes, razão pela qual a grande maioria das padarias não
possui condições de fazer uso dela. Em caso de se usar água de poços ou nascentes
são necessários laudos frequentes sobre a potabilidade dela, exigida pela Anvisa.
• Água mole: água doce apresenta pequena quantidade de sais minerais e provoca
o amolecimento do glúten, tornando a massa pegajosa. Nessa situação é preciso
aumentar a quantidade de sal. Água mole é a que recebemos pelos encanamentos
nas grandes cidades, que a maioria das padarias utiliza na linha de produção.
NOTA
43
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
2.3 FERMENTO
O fermento é muito usado na confeitaria e na panificação. Tem como objetivo
inflar as massas, produzir volume, e deixar os pães e bolos com textura macia. São
várias as leveduras que combinadas podem fazer a expansão da massa. Para
começar a falar de fermento biológico, é preciso falar antes das leveduras. Elas são
seres unicelulares, presentes na natureza em todos os lugares, mais frequentemente
encontrados onde há açúcares disponíveis. A levedura na produção de cerveja, era
utilizada como fermento na panificação até metade do século XIX. A mudança veio
a partir de 1850, quando Louis Pasteur constatou que o fermento é um organismo
vivo, e responsável pela degradação do açúcar em álcool e gás carbônico.
FONTE: <http://farm6.static.flickr.com/5173/5408733452_ce42ae3eab.jpg>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
44
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
2.4 SAL
O sal de cozinha (cloreto de sódio) é um dos ingredientes indispensáveis
para se obter um pão. O papel do sal vai muito além de saborizar a massa. Ele
reforça a ação do glúten, atua como como fortalecedor da gliadina, que confere
elasticidade à massa. Com a quantidade certa de sal, as fibras ficam muito mais
elásticas. O sal age no controle do tempo de fermentação (porque inibe a ação do
fermento), como branqueador do miolo, e ainda como conservante.
• Amolecimento da massa.
• Achatamento da massa no período de descanso.
• Fermentação excessiva.
• Redução do volume do pão.
• Falta de coloração na casca.
3 INGREDIENTES ENRIQUECEDORES
Sabor, textura, aromas e apresentação de um pão de qualidade, sempre
estão relacionadas à sua composição. Podemos ter um pão francês com farinha,
água, fermento e sal. E aqui temos um pão francês básico.
3.1 AÇÚCAR
É fundamental conhecer como o açúcar age nas massas e como se relaciona
com os outros ingredientes de uma receita. O termo açúcares é utilizado para
qualquer composto químico do grupo dos carboidratos que forneça sabor de
doçura, seja solúvel em água e possa se cristalizar. Os açúcares são carboidratos
que ocorrem naturalmente em frutas e vegetais; mas também podem ser
encontrados em produtos de origem animal (ribose, lactose e galactose). O açúcar
comum ou sacarose, é um carboidrato, extraído da cana-de-açúcar em países de
clima tropical, e da beterraba em países de clima mais frio. A adição de açúcares
à massa facilita a adaptação das leveduras ao processo de fermentação e cumpre
as seguintes funções na panificação:
46
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FONTE: <http://s2.glbimg.com/0Pj6NKRdftD7EUJ1-gqWxDsNV1s=/e.glbimg.com/og/ed/f/
original/2015/09/09/acucar.jpg>. Acesso em: 18 nov. 2019.
47
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
NOTA
NOTA
49
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
E
IMPORTANT
3.3 OVOS
Assim como o leite, o ovo não é um ingrediente fundamental, pois
conseguimos fazer um bom pão sem leite e sem ovo. Mesmo assim, os ovos são
usados em grande escala em produtos de panificação, pois quando utilizado, o
ovo confere maciez à massa, melhora a cor do pão e aumenta o seu valor nutritivo.
Mas, antes de quebrar os ovos, temos que levar em consideração alguns aspectos.
50
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
FIGURA 19 – OVOS
FONTE: <https://www.opas.org.br/wp-content/uploads/2016/02/ovos-696x465.jpg>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
NOTA
51
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
NOTA
3.4 LEITE
O leite enriquece a massa do pão em vários aspectos; por aumentar o valor
nutritivo, por dar maior estabilidade à massa e melhorar o aroma e sabor. O leite
também interfere na textura e coloração da casca, devido à presença de açúcares
na sua composição, o que mantém a qualidade do produto depois de assado.
Os pães feitos com água tendem a ser mais crocantes, como os pães de
massa seca (pães sem adição de açúcares ou gorduras). O leite entra na composição
do pão para trazer maciez, mais miolo, farelo suave e a casca fina. Geralmente, o
leite é utilizado em pães de massas macias, ou, por exemplo, nos pães doces de
sanduíche, no pão de forma, e de cachorro quente.
52
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
53
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
• Farinha de cevada também possui glúten, por isso é contraindicada para celíacos.
Também é usada na fabricação de cervejas. Como na utilização da farinha de
trigo integral, parte da farinha de trigo branca é substituída pela de cevada,
que pode ser encontrada nas versões crua ou torrada. Ela dá ao pão um sabor
mais adocicado. Por ser maltada, e por causa da presença de açúcar, estimula a
fermentação, e confere uma coloração caramelada, que é muito rica em proteínas,
como o fósforo, potássio e cálcio. É um dos grãos mais antigos a ser cultivado, e
representa a quinta maior safra de plantio no mundo (BORGO, 2014).
54
TÓPICO 3 | A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO PÃO AO LONGO DO TEMPO
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
55
UNIDADE 1 | O PÃO E A ARTE DA PANIFICAÇÃO
[...]
FONTE: ANVISA, Guia de boas práticas nutricionais: pão francês. Brasília: Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, 2012, p. 6-10. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/389979/
Guia+de+Boas+Pr%C3%A1ticas+Nutricionais+para+P%C3%A3o+Franc%C3%AAs/a389f51c-7e4c-
4496-a1dd-33de55a48ae1>. Acesso em: 17 fev. 2019.
56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:
• Além dos ingredientes básicos, os pães também podem conter outros ingredientes,
como ovos, açúcar, leite, gordura e grãos. Para efeito expositivo, os autores os
classificam como ingredientes enriquecedores, que aumentam o valor nutricional
do alimento, mas, interferem nas reações dos ingredientes entre si, alterando a
textura, aparência, e enriquecendo o sabor e o aroma do produto final.
57
útil) do pão quando inserida na massa. Os ovos são usados em grande escala
em produtos de panificação, pois quando utilizados, os ovos conferem maciez
à massa, melhoram a cor do pão, e aumentam o seu valor nutritivo. O leite,
enriquece a massa do pão em vários aspectos, por aumentar o valor nutritivo,
dar maior estabilidade à massa e melhorar o aroma, e o sabor. O leite também
interfere na textura e coloração da casca, devido à presença de açúcares na sua
composição, o que mantém a qualidade do produto depois de assado.
58
AUTOATIVIDADE
( 1 ) Gorduras.
( 3 ) Sal.
( 2 ) Água.
59
60
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Após passarmos pela linha do tempo da história da
panificação, e conhecermos as características e funções importantes dos principais
ingredientes do nosso saboroso pão na Unidade 1; agora, na Unidade 2, vamos
compreender as técnicas de misturas e fermentação, e quais são os equipamentos
mais usados, para aproveitarmos ao máximo o que esses ingredientes tão
especiais, dentro da panificação, têm a oferecer.
Claro, que além dessas etapas, vamos nos deparar com inúmeras receitas
e cálculos. Matemática, que nos trará autonomia para trabalhar com diferentes
quantidades e proporções de ingredientes. Mas, de modo geral, todas as etapas
são de enorme valia para o seu desenvolvimento como padeiro.
2 ETAPAS DA PANIFICAÇÃO
Caro acadêmico! O processo de padronização é um instrumento que garante
a qualidade das produções feitas na padaria, ou até mesmo, em casa. Como a
maioria dos pães são feitos a partir de ingredientes simples e poucos ingredientes,
como a farinha, fermento, água e sal, fica fácil entender a importância da precisão
das proporções e o cuidado nas técnicas aplicadas durante o desenvolvimento e
elaboração das receitas.
63
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <https://debgikovate.files.wordpress.com/2011/09/dsc09956.jpg?w=150&h=112>.
Acesso em: 15 mar. 2019.
64
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
2.2 MISTURA
Tem como objetivo, a distribuição homogênea e uniforme dos ingredientes.
A mistura otimiza o desenvolvimento do glúten, o que aumenta a elasticidade da
massa, permitindo a retenção dos gases durante a fermentação. A mistura eficiente
dos ingredientes é um fator importante em qualquer massa, pois influencia na
viscosidade, no grau de incorporação de ar, e outras características de qualidade
na massa. Considera-se que a mistura se constitui em quatro etapas, começando
pela farinha, adicionando os ingredientes secos, o fermento, e, por último, a água.
FONTE: <https://p2.trrsf.com/image/fget/cf/620/0/images.terra.com/2018/10/22/por-que-
colocar-c3a1gua-quente-no-bolo.jpg>. Acesso em: 13 mar. 2019.
2.3 DIVISÃO
Etapa em que se corta o montante da massa, em porções de acordo com
o peso de cada pão, e dando formato redondo, ou baleando à massa. Nesse
procedimento de boleamento, uma película se forma em volta da massa por causa
do estiramento do glúten exterior em uma camada lisa, que atuará contendo o gás
dentro nas massas durante o descanso.
65
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
2.4 MODELAGEM
Nesta etapa, nós temos como intuito induzir a massa fermentada a atingir
sua forma final, sejam pães de forma, tranças, baquetes e outros (KALANTY, 2012).
A sequência de modelagem começa na etapa anterior, na divisão. É quando a
massa é dividida e modelada em formato de bola e depois de repousada, levemente
fermentada, damos o formato final do pão. No processo de modelagem, nós damos à
massa o formato que se deseja. Pode ser feito de maneira manual ou mecânica, através
da modeladora mecânica. Na modeladora, o pão é prensado para desgaseificação, e
em seguida, é laminado, alongado e enrolado conforme a regulagem.
FONTE: <https://imagemdosabor.files.wordpress.com/2009/08/pao-doce-modelagem1.
jpg?w=620>. Acesso em: 13 mar. 2019.
66
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
2.6 ACABAMENTO
Assim que o pão atingir a fermentação final, você vai dar o seu toque
pessoal no pão, ou seguir a padronização de cortes clássicos de alguns pães.
O corte acaba sendo uma espécie de identificador do pão. A função da incisão
não é apenas estética, ela direciona a saída dos gases e vapores durante a cocção
(CAMARGO, 2013).
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NP_853204-MLB26616510108_012018-Q.jpg>.
Acesso em: 12 mar. 2019.
67
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
68
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://melepimenta.com/wp-content/uploads/2019/02/Receita-pao-integral-cerveja-
Baixa-5.jpg>. Acesso em: 9 mar. 2019.
DICAS
69
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
70
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
A biga é uma massa de textura firme, feita a partir de água (40% a 42%),
farinha de trigo, e ativada a 1% de fermento biológico comercial, descansada pelo
período de 18 a 20 horas. A massa esponja ou levain é uma mistura mais líquida (se
comparada à biga), e necessita de repouso, período em que desenvolve a maturação
do glúten, proliferação de fungos, e formação de substâncias ácidas e voláteis.
71
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <https://blog.refrisol.com.br/wp-content/uploads/2018/05/203355-descubra-os-tipos-
de-amassadeiras-e-qual-e-ideal-para-voce-999x640.jpg>. Acesso em: 20 jan. 2019.
O segredo estava no fato da massa não oxidar durante a mistura, e ainda ter
uma extensão de fermentação alcoólica lenta e complexa. Com o uso da tecnologia e
misturas mecanizadas, as massas produzidas pelo método direto, levam em média
duas horas para fermentar. O resultado são pães com miolo menos resistente,
aroma menos desenvolvido, e textura diferenciada (CANELLA-RAWLS, 2012).
72
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://lh3.googleusercontent.com/-fKiVhqDlIGM/VU66DMInSoI/AAAAAAABNgQ/_
sQKMPKsbtE/s869/p%C3%A3o%20de%20torresmo%204.png>. Acesso em: 1 jan. 2019.
73
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
4 FERMENTAÇÃO E PRÉ-FERMENTOS
A fase de fermentação é a etapa mais importante na produção de um pão;
não podemos ignorar essa verdade. A qualidade de um pão, depende de uma série
de fatores que acontecem na fermentação, como ambiente, temperatura, hidratação
de massa, desenvolvimento do glúten, entre outros. Mesmo quando se trata de
uma massa simples, de uma primeira fermentação simples e curta, ou então, de
uma massa com o uso de pré-fermentos e fermento natural, é muito importante
que você, caro acadêmico, ou profissional de panificação, tenha conhecimento das
alterações bioquímicas e físicas que acontecem durante essa etapa tão crucial, que
vai definir a qualidade e os resultados positivos nas suas fornadas.
4.1 ORIGEM DO FERMENTO
O uso do fermento começou no Antigo Egito, há mais de 6 mil anos.
Todavia, a fermentação do pão não ficou só no Egito. Como já estudamos na
Unidade 1, existia na Idade Antiga uma diversidade de fermentos, de acordo com
a diversidade cultural ao redor do mundo. Vários métodos de fermentação foram
desenvolvidos, de acordo com os recursos de cada região.
74
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
DICAS
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UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
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TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://cdn.shopify.com/s/files/1/1037/5954/files/levain_large.jpg?v=1524282768>.
Acesso em: 3 de fev. 2019.
77
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
78
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
Os pães produzidos com esse fermento são geralmente mais pesados, com
a casca mais espessa e apresentam sabor e aroma diferenciados, com um pouco
de acidez. Segundo o Manual prático de panificação Senac (2018):
79
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
QUADRO 1 - LEVAIN
Iogurte natural 90 g
Açúcar 10 g
Água 50 ml
total do peso 250 g
Modo de preparo:
FONTE: <https://paorustico.files.wordpress.com/2014/05/masa-madre.jpg?w=407>.
Acesso em: 10 jan. 2019.
80
TÓPICO 1 | PASSOS BÁSICOS NA PRODUÇÃO DO PÃO
NOTA
Fermentação Natural
O primeiro pão fermentado teria sido descoberto por acaso. Se uma massa (sem
qualquer fermento adicionado) for deixada ao ar, ela irá levedar. Em função das condições
de temperatura e umidade, o tempo necessário para a fermentação natural pode variar de
entre 4 a 8 horas, mas a massa acabará por levedar. Se antes de cozer a massa se retirar
uma porção da massa levedada, obtém-se o fermento para a próxima fornada. A esta
forma de fermentação chama-se fermentação natural ou massa velha.
O pão fermentado com massa velha fica com um sabor e aroma característicos,
às vezes com um ligeiro travo ácido ou avinagrado. Em Portugal ainda se produz muito
pão de massa velha. O pão alentejano e muitas broas minhotas são exemplos disso. Nas
grandes superfícies comerciais e nas casas de produtos naturais/saudáveis também se
encontra pão de massa velha ou fermento natural. A fermentação é o segredo do pão.
O pão levedado foi inventado no Egito onde a cerca de 6 mil anos seria descoberta a
fermentação. O ar contém uma quantidade enorme de microrganismos, nomeadamente
esporos de fungos de levedura (Saccharomyces cerevisiae), que encontram nas massas
de pão as condições adequadas para se alimentar do amido da farinha. Em consequência
da ação desses microrganismos, o amido divide-se em anidrido carbónico (CO2) e
álcool. As bolhas do gás carbônico não conseguem escapar através da superfície e fazem
inchar (crescer) a massa, tornando-a fofa. Durante a cozedura, ácido carbônico e álcool
conseguem escapar, mas o seu efeito fica na porosidade, sabor e aroma do pão.
81
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
Essas fermentações incontroláveis vão na maioria das vezes produzir gás carbônico
e alguns ácidos, sendo os mais comuns o acético e o lático. Depois de um certo tempo de
incubação, esta massa infectada por micro-organismos tem condições de servir de fermento,
ou seja, de agente de crescimento para outras massas. Chamados também de Levain,
hoje existem vários métodos de produção de fermento natural e todos eles têm um uso
apropriado. Podem ser feitos à base de frutas, mel, garapa, farelo de trigo ou centeio, maçãs,
uvas, iogurte, cerveja etc. A utilização do fermento natural se dá em casos muito específicos,
pois normalmente agrega um sabor ácido incomparável ao produto. A Sourdough de São
Francisco tem sabor especial devido à bactéria local chamada de Lactobacillus sanfrancisco.
O segredo para manter o levain ou fermento natural, é alimentá-lo com farinha fresca
e água, fornecendo os nutrientes e açúcares necessários para que a flora microbiológica tenha
condições de se reproduzir e se manter viva. Retiramos parte do fermento para utilização e
completamos com farinha e água na mesma proporção da massa retirada. A isto damos o
nome de reforma do fermento natural. O fermento natural não é muito adequado às condições
de trabalho da vida moderna. Além de delicado e sensível, pede um tempo de fermentação
maior, o dobro do tempo de quando utilizamos fermento biológico.
FONTE: <https://rogerioshimura.wordpress.com/tag/como-fazer-o-fermento-natural/>.
Acesso em: 12 fev.
82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você aprendeu que:
• Assim que o pão atingir a fermentação final, você vai dar o seu toque pessoal,
denominado de acabamento, ou seguir a padronização de cortes clássicos de
alguns pães. O corte acaba sendo uma espécie de identificador do pão. A função
da incisão não é apenas estética, ela direciona a saída dos gases e vapores
durante a cocção. Esses cortes aliviam a pressão na crosta do pão, enquanto ele
cresce no forno e cria um efeito visual.
83
• A cocção ou assamento é a etapa de término de elaboração da massa, no final
da fermentação. No instante em que o pão é colocado para assar, até completar
a cocção ao sair no forno.
84
AUTOATIVIDADE
85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico!
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UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
2.1 HISTÓRIA
Os Estados Unidos, por volta da Primeira Guerra Mundial, tiveram um
considerável avanço no setor de panificação, com o surgimento dos primeiros
fornos comerciais automáticos. Os equipamentos, como a divisora automática,
cilindros, sistemas de fermentação dos pães, empacotamento, proporcionavam
uma produção mais rápida e melhores condições de conservação e distribuição.
Somente no século XIX, foi que surgiram as primeiras padarias equipadas com
fornos ao estilo francês no Brasil. Até a década 1960, o pão era produzido quase
que artesanalmente. Os donos eram na maioria franceses, alemães ou italianos.
Esses imigrantes trouxeram além de equipamentos, os ingredientes, os métodos
e as técnicas industriais de produção de pães (BOSISIO, 2004).
2.2 BALANÇAS
A precisão é o segredo de um pão bem feito. A balança, é a peça chave
na mise-en-place em padarias, como já dizia Galileu em 1610: “Conte o que for
contável, meça o que for mensurável, e torne mensurável aquilo que não for”
(WILSON, 2014, p. 140) . A melhor maneira de mensurar na panificação é pesar
tudo, tanto líquidos como sólidos; inclusive farináceos devem ser pesados.
FONTE: <http://www.balancanet.com.br/images/balanca-para-padaria-01.jpg>.
Acesso em: 20 fev. 2019.
88
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
FONTE: <https://img.estadao.com.br/thumbs/640/resources/jpg/5/0/1498672884305.jpg>.
Acesso em: 10 nov. 2019.
89
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
a) Amassadeira espiral
• Devido ao seu desenho, a amassadeira espiral mistura e sova a massa com mais
eficiência que a batedeira planetária; ela sova a massa com maior intensidade e
em menor tempo, o que diminui as chances de aquecer a massa.
• O desenho da cuba e do batedor permitem a produção de uma quantidade muito
maior de massa, em comparação com a batedeira planetária. A amassadeira é
mais resistente e robusta que a batedeira planetária, exigindo menos reparos.
• Amassadeira de cuba fixa: como a definição deixa claro, a cuba não pode
ser removida do equipamento. A massa deve ser retirada manualmente
depois de pronta.
• Amassadeira de cubo removível: a cuba dessas amassadeiras pode
ser removida e transportada sobre um carrinho. São muito usadas em
estabelecimentos com um grande volume de produção. Para agilizar a
produção existe outra cuba com ingredientes que pode ser acoplada à
amassadeira, para dar continuidade a outra massa.
• Amassadeira de cuba reclinável: nesse equipamento, um mecanismo torna
possível reclinar a cuba, para que a massa pronta seja transferida para formas
ou outros recipientes.
90
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
FONTE: <http://superfecta.com.br/sites/default/files/upload/produtos/fotodecapa/
MASSEIRA%20FOTO%20INICIAL.jpg>. Acesso em: 13 mar. 2019.
b) Amassadeiras rápidas
c) Amassadeiras semirrápidas
2.5 CILINDROS
Como já comentamos nos tópicos acima, os cilindros complementam o
trabalho das amassadeiras, fazendo a sova para desenvolver melhor o glúten.
Embora alguns modelos dispensem o seu uso, às vezes, os padeiros optam por
ele em alguns tipos de pães, ou por causa da variação das farinhas. O cilindro é
formado por dois rolos, que giram no mesmo sentido, e regulagem de distância,
com o intuito de comprimir a massa. Possuem sistema de segurança, com parada
de emergência e grade de proteção, que distanciam os dedos do manipulador
(MANUAL PRÁTICO DE PANIFICAÇÃO SENAC, 2018).
91
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <http://www.kalanga.com.br/assets/uploads/uploads/p1030774.jpg>.
Acesso em: 12 jan. 2019.
2.6 DIVISORAS
Facilitam o direcionamento das massas. Existem as divisoras manuais e
elétricas. As divisoras cortam porções previamente pesadas de massa, em porções
iguais. Possuem uma alavanca de corte acoplada a um mecanismo hidráulico ou
mecânico de elevação. Por exemplo, uma divisora pode cortar um pedaço de
massa de 1,5 kg em 30 pedaços, de 50 g cada, para fazer o pão francês. Depois de
divididos, os pedaços de massa são boleados manualmente. Devido à necessidade
de bolear a massa, surgiu o modelo de divisoras boleadoras: ela divide a massa
assim como a divisora comum, mas em seguida, faz o boleamento automático das
porções da massa, acelerando a velocidade do processo (GISSLEN, 2011).
FONTE: <https://image.made-in-china.com/43f34j10mFfaEUjHslpr/Baking-Machine-Bakery-
Equipmen.jpg>. Acesso em: 12 jan. 2019.
92
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
2.7 MODELADORAS
Depois que a massa passa pela divisora, ela é boleada e modelada. Modeladoras
enrolam pães, como o pão francês, a bisnaga e o baguete automaticamente,
eliminando o trabalho manual. A massa passa por dois rolos de feltro, que giram
em sentido contrário, e que enrolam ao passar pelos rolos (GISSLEN, 2011).
FIGURA 15 - MODELADORA
FONTE: <http://hypo.com.br/wp-content/uploads/2015/10/modeladora.jpg>.
Acesso em: 20 fev. 2019.
2.8 LAMINADORAS
A laminadora é um grande cilindro que abre porções de massa em uma
lâmina de espessura uniforme. Há vários modelos, mas todos possuem dois
cilindros paralelos ajustáveis. Para abrir uma lâmina fina de massa, é necessário
passá-la várias vezes pela máquina, e ajustar a distância dos rolos a cada passagem.
O operador diminui o espaço entre os cilindros até atingir a espessura desejada. É
muito usada para abrir massa de pastel, macarrão e massa folhada.
93
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <http://www.ramalhos.com/getimage.php?file=galeria%2F12020811140285.
jpg&x=335&y=392&min=1&crop=1>. Acesso em: 16 mar. 2019.
DICAS
94
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
3 FORNOS
Os fornos são a peça central de qualquer padaria e confeitaria, já que são
essenciais para a cocção de pães, bolos, biscoitos e tortas. Os primeiros fornos no
Brasil eram feitos de alvenaria e movidos a lenha. Hoje, nas padarias, os fornos
mais comuns são os elétricos e os a gás. Mas ambos necessitam de energia elétrica,
já que têm painéis eletrônicos.
Em padarias de pequeno, médio ou grande porte, estes são alguns dos critérios
a serem levados em conta: capacidade (tamanho do forno), tempo de aquecimento,
facilidade em operar (controlar a temperatura e o vapor), de fácil manutenção, assim
como, a distribuição de calor interno, e não propagar muito calor ao ambiente externo
(MANUAL PRÁTICO DE PANIFICAÇÃO SENAC, 2018).
a) Fornos a lenha
b) Forno de lastro
É o tipo de forno mais indicado para assar pães rústicos, como o italiano
e a baguete. A programação da temperatura, vai depender do tipo massa: quanto
mais açúcar, menor a temperatura. Para massas pobres, o valor padrão fica em
torno de 210°C no forno de lastro, e 170°C nos fornos de convecção ou turbo. Essa
diferença, se dá devido à ventoinha transferir o calor mais rapidamente por todo
o forno (KALANTY, 2012).
95
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
FONTE: <http://www.ramalhos.com/getimage.php?file=galeria%2F12050705381472.
jpg&x=335&y=392&min=1&crop=1>. Acesso em: 16 mar. 2019.
d) Forno rotativo
3.1 VAPORIZAÇÃO
Temos que destacar aqui, o papel do vapor na cocção dos pães; que consiste
em injetar vapor de água na câmara do forno, para que a massa direcione o seu
crescimento pelo corte feito momentos antes do forneamento. O vapor, proporciona
uma crosta crocante, e brilho característico das massas secas, como o pão francês,
baguetes, e o pão italiano. Por exemplo, sem vapor, a crosta secaria e ficaria espessa.
Fornos mais antigos de alvenaria, tinham como dispositivo de vapor, uma torneira
que era aberta por alguns minutos no lastro quente, gerando vapor, e logo era fechada.
96
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
Hoje, nos atuais fornos, a injetora de vapor joga uma pequenas quantidades
de água por um tempo que pode variar entre 6 a 10 segundos. Alguns fornos têm um
comando, um botão que é acionado pelo padeiro, pelo tempo que ele determinar,
ou a massa precisar. Outros, têm um timer que regula o tempo pré-determinado. O
vapor é acionado na primeira etapa de forneamento. A válvula de saída de ar quente
permanece fechada em torno de 15 minutos, mantendo a umidade durante a cocção,
que será liberada na segunda etapa, quando a válvula é aberta e o forneamento é feito
a calor seco, para que o pão seque e forme a crosta (SUAS, 2013).
NOTA
3.2 FATIADORAS
Equipamento que corta em fatias os pães, tipo pães de sanduíches ou de
fôrmas, filões ou bolas. Os pães podem variar de 4 a 5 de cada vez. Eles entram
pela parte superior e descem por uma rampa até as lâminas, saindo fatiados na
parte inferior da rampa.
O pão já deve estar bem frio para ser fatiado e as lâminas precisam estar
afiadas para facilitar a operação, evitando que os pães amassem, rasguem ou
grudem nas lâminas (GISSLEN, 2011).
97
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
b) Assadeiras e Formas
98
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
Forma de pão Forma de torta Forma de torta aberta Aro para torta
FONTE: <http://www.novasdicas.com.br/wp-content/uploads/2016/06/f%C3%B4rmas-
assadeiras-tabuleiros-1.png>. Acesso em: 15 mar. 2019.
c) Bicos de Confeitar
d) Escova de Farinha
e) Espátulas (Raspadores)
Podem ser de plástico e de metal e são usadas para cortar, porcionar e raspar
a massa. Os raspadores de tigelas também são flexíveis e se moldam ao contorno
dos recipientes, também usados para incorporar os ingredientes da massa.
FONTE: <https://www.dhresource.com/600x600/f2/albu/g10/M00/72/0B/
rBVaWVwDzUKAaH8XAAEcxJedQ3w063.jpg>. Acesso em: 15 mar. 2019
99
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
O estilete é usado para fazer o corte da pestana no pão francês, por exemplo;
na finalização de pães, e na criação de algum efeito decorativo específico. É um
utensílio descartável, pois as lâminas perdem o fio conforme o uso.
g) Filme Plástico
h) Peneira
i) Pincel
É utilizado para aplicar ovo inteiro batido, gema, clara e gordura sobre os
pães, na etapa de acabamento. Também usamos pincel para untar as formas com
gordura, para os pães não grudarem.
j) Ralador
k) Régua
100
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
É utilizado para produtos que grudem muito ou pães recheados. Pode ser
substituído por papel-manteiga.
ATENCAO
Marcos Pickina
29 de maio de 2018
101
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
Quem faz pães artesanais em casa pode até se contentar com um produto instável
e diferente a cada fornada, mas, no ambiente profissional, é muito importante ter um padrão
de qualidade, pois os clientes esperam encontrar um produto consistente todos os dias.
Existem inúmeras formas de fazer pães, então é natural que cada estabelecimento
consiga criar uma variação do alimento com uma assinatura única. Contudo, para manter
essa especialidade única todos os dias é preciso estabelecer regras e padrões e lutar contra
as inúmeras variáveis. Uma das mais importantes: o forno.
1 A importância de um bom forno para padaria
Quem já trabalha com panificação sabe que assar pães é um processo complexo,
que demanda paciência, bons ingredientes, um conhecimento apurado da técnica e,
especialmente, equipamentos especializados.
O forno de casa é bem versátil e assa vários tipos de alimento com facilidade. Mas
não é a melhor ferramenta para o trabalho quando o assunto é panificação. Para pães, o
equipamento indicado são os fornos de lastro.
Isso não quer dizer que um forno que não seja de lastro não é capaz de assar
um bom pão, mas significa que as diferenças de resultados entre este equipamento e os
outros serão imensas.
Além disso, o forno para padaria precisa atender a outras demandas especiais.
A primeira delas é o volume. Existem fornos de lastro de todo tipo de tamanho: para
escolher, é preciso conhecer melhor a demanda do estabelecimento. Fornos maiores
podem economizar tempo e produzir fornadas maiores. Como o pão é um tipo de
alimento perecível, e, normalmente, os clientes querem sempre o comprar quentinho, é
preciso saber se existe vazão para o produto. Caso a padaria não venda muito ao longo do
dia, pode valer mais a pena investir em um modelo menor para fazer várias fornadas.
Além disso, o forno para padaria deve ser robusto e confiável. O equipamento
terá uso constante e será exigido dele estabilidade ao longo do dia, por isso, é preciso que
seja resistente e prático e que exija pouca manutenção.
102
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
Forno de lastro
Fornos de lastro estão cada dia mais modernos e os melhores modelos disponíveis
têm iluminação nas câmaras, temporizadores, controle de temperatura diferentes para o
teto e o lastro e painéis de comando em LCD, sem esquecer do sistema automático de
injeção de vapor.
Se, por alguma razão, o cenário mudar e for preciso investir mais, pode-se adquirir
um forno de lastro como equipamento complementar.
Os fornos rotativos operam tanto na forma elétrica como com gás e também possuem
sistema de injeção de vapor.
103
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
Forno turbo
A vantagem do forno turbo é que não é necessário esperar muito tempo para o
preaquecimento e, com isso, é possível começar a assar bem rápido. O sistema do forno
turbo também permite uma boa distribuição do calor e resultados uniformes e os modelos
atuais já possuem sistema de injeção de vapor automático.
Um forno turbo não é tão robusto quanto o forno de lastro ou o rotativo, mas
geralmente é uma solução prática e bem eficiente para padarias que operem com uma
variedade alta de produtos de confeitaria, pães e um volume de saída relativamente
pequeno. Os fornos turbos são, ainda, indicados para assamento de croissants, macarons e
confeitaria em geral.
Como já dito, o forno de lastro sempre será aquele que proporcionará os melhores
resultados para o assamento de pães. Eles controlam melhor a umidade e a fonte de calor,
o que é especialmente positivo quando se fala de pães rústicos e de fermentação natural,
que são ainda mais “exigentes” que o tradicional pão francês.
A opção pelo forno elétrico estará intimamente ligada à variação das temperaturas
ao longo do dia ou se as fornadas forem inconstantes ou sob demanda. Na forma elétrica,
cada câmara poderá ser acionada de forma independente e na temperatura desejada.
Detalhe importante: a legislação exige que fornos a gás tenham chaminés externas.
Se essa condição for inviável na sala de forno da padaria, a escolha será, obrigatoriamente,
pelo modelo elétrico.
104
TÓPICO 2 | EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
Aliás, vale a pena desmitificar algo sobre o forno a gás, que dizem ser
mais econômico do que o elétrico. Isso não é verdade porque, além de serem mais
seguros, como o elétrico é mais rápido, ele precisa de menos tempo para a cocção e,
quando se leva em conta a produtividade, ele acaba rendendo mais com menos.
Os fornos turbos também podem fazer parte do maquinário de uma padaria que já
tem outros tipos de forno, pois ele é interessante para finalizar preparos e assar outros produtos.
De modo sucinto, esses são os tipos de fornos para padaria. Com a presença
no mercado brasileiro de equipamentos europeus, existem, hoje, diversas opções em
tamanho e versatilidade de uso que focam objetivamente em excelência de resultados
e economia de energia. A tomada de decisão exige a combinação de inúmeros fatores
e prioridades. Sugere-se, sempre que possível, verificar o forno da marca escolhida em
operação real, assim como o diálogo com especialistas da área para auxiliar na escolha.
FONTE: <https://www.massamadreblog.com.br/know-how/info-tecnicas/fornos-para-
padaria/>. Acesso em: 12 fev. 2019.
105
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu que:
106
◦ Fornos: nas padarias, os fornos mais comuns são os elétricos e os a gás. A
maioria dos fornos usados em padarias, possui um dispositivo para a liberação
de vapor durante parte do forneamento, pois são equipados com injetores de
vapor. Temos uma ampla gama de opções de fornos no mercado. Tudo vai
depender da quantidade de pães que serão produzidos.
◦ Fatiadoras: equipamento que corta em fatias iguais os pães tipo pães de
sanduíches ou de formas, filões ou bolas.
◦ Vaporização: o vapor d´água desempenha um papel importante durante a
cocção do pão, fundamental nos pães de massas secas, pobres em gordura e
açúcar. O vapor d’água, é o responsável por deixar a casca do pão brilhante e
mais fina. Ele favorece a dilatação do gás carbônico, e que expande a massa,
conferindo volume ao pão, levando à formação da casca fina.
◦ Utensílios: muitos já conhecidos na cozinha, também são usados na panificação.
107
AUTOATIVIDADE
( ) Divisora.
( ) Masseira.
( ) Fatiadora.
( ) Forno.
( ) Câmera de fermentação.
108
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos aprender a matemática por trás de um pão bem
feito! Isso mesmo, quando se pergunta a um padeiro, quanto de água vai para
fazer uma baguete, não espere uma conta pronta! Provavelmente vai responder
em percentual. Vamos descobrir como calcular o rendimento de uma receita, e
aprender a calcular quanto de trigo vai precisar para atender a uma encomenda.
Nas nossas aulas, você vai conhecer os métodos usados para elaborar as
fórmulas descritas mais à frente. Processo esse, que deve ser medido e controlado,
caso contrário, nunca se chegará a patamares de qualidade e consistência desejáveis.
109
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
Ingredientes Peso
farinha de trigo 100 Kg
água 60 Kg
manteiga 6 Kg
açúcar 2 Kg
sal 1 Kg
fermento biológico fresco 3 Kg
melhorador 0,5 Kg
TOTAL 168,5 kg
FONTE: Adaptado de: Manual Prático de Panificação Senac (2018)
110
TÓPICO 3 | CÁLCULOS EM ELABORAÇÃO DE PÃES
Dessa forma, na indústria de pães acima citada como exemplo, fica muito
mais fácil calcular receitas maiores ou menores usando percentual.
111
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
A farinha que serve como base para o cálculo dos demais ingredientes,
será sempre 100%. Se forem usados mais tipos de farinha na fórmula, a soma
das farinhas deve ser 100%. Então, compare os valores transcritos com a fórmula
acima, e certifique-se de que compreendeu os resultados dos demais ingredientes.
ATENCAO
112
TÓPICO 3 | CÁLCULOS EM ELABORAÇÃO DE PÃES
No caso do pão francês, vamos calcular que cada pão pesa em média 60 g,
então, o peso total da receita será dividido pelo peso de 60 g.
16.850 ÷ 60 = 280.83
Vamos lá! Meu pedido pode ser como exemplo, uma encomenda de 200
unidades de pãozinho francês, para isso, teremos que calcular 60 gramas (peso de
cada pão cru) multiplicado por 200 unidades.
60 x 200 = 12.000 g
113
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
168.5 % = x
12.000 = 100%
114
TÓPICO 3 | CÁLCULOS EM ELABORAÇÃO DE PÃES
ATENCAO
DICAS
115
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
116
TÓPICO 3 | CÁLCULOS EM ELABORAÇÃO DE PÃES
LEITURA COMPLEMENTAR
Calvel viu isso como uma grave degradação do pão francês tradicional e
procurou trazer de volta os maravilhosos pães que conhecera em sua juventude.
Esta mistura intensiva fez com que a massa amadurecesse mais rapidamente,
o que significava menos tempo de fermentação. Infelizmente, a redução da
fermentação resultou em pão com menos sabor e outros atributos de qualidade.
O que é autólise?
117
UNIDADE 2 | A CIÊNCIA POR TRÁS DA PANIFICAÇÃO
118
TÓPICO 3 | CÁLCULOS EM ELABORAÇÃO DE PÃES
119
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:
• O percentual usado pelo padeiro pode lhe ajudar em cálculos que permitem
flexibilizar receitas, ajustando a necessidade de qualquer situação ou mercado
em que pretenda atuar.
120
AUTOATIVIDADE
2 Levando um conta que a receita de pão francês leva em média 2 por cento
de sal, quantos gramas de sal vou precisar para fazer uma receita tomando
como base 8 kg de trigo?
100x = 8.000 x 2
100x = 16.000
X = 16.000 ÷ 100
X = 160
121
122
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao longo de cada um deles,
você encontrará informações importantes, o resumo e autoatividades
para fixar o conteúdo.
123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! São dois os fatores que influenciam na construção do
conhecimento. O primeiro está relacionado com a dupla ênfase na teoria aliada
à prática; e o segundo, que não basta apresentar uma coletânea de fórmulas
ou fichas técnicas para o aluno sem as bases das técnicas. Assim como não é
suficiente, apenas, apresentar as fundamentações teóricas. Ambos devem ser
interligados de maneira clara. Deste modo que, ao preparar um pão específico,
você compreenderá o que está fazendo, porque está fazendo daquela maneira, e o
que fazer para obter os melhores resultados. Ao mesmo tempo, a cada preparação
desenvolvida, seu conhecimento em relação aos princípios básicos será reforçado.
O conhecimento se reforça a partir do novo conhecimento e a prática.
125
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Dependendo do tipo de farinha, ou seja, dela ser mais fraca ou mais forte,
pode acontecer de reter mais ou menos água. Ao testar a fórmula pela primeira vez,
é melhor reter um pouco da água para o caso de a farinha usada ter baixa absorção.
Se for necessário, a água pode ser adicionada para obter a consistência desejada.
DICAS
Uma boa opção é fazer uso da técnica de autólise: misturar uma parte da
farinha com água, conforme a fórmula já descrita, e deixar descansando por alguns minutos,
cerca de 20 minutos já é o suficiente para começar a acontecer a hidratação das proteínas.
Mais do que 15% de gordura sólida deve ser adicionada quando o glúten
estiver quase completamente desenvolvido. Esse método vai garantir uma
estrutura de massa firme, capaz de suportar uma grande quantidade de gordura.
DICAS
126
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
FONTE: <https://sandramorais.files.wordpress.com/2011/10/dsc04200.jpg>.
Acesso em: 10 abr. 2019.
127
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
128
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
NOTA
FONTE: <http://www.marildafajardo.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Teste_Glten_3_blog_
MarildaFajardo_farinha_po1.png>. Acesso em: 19 abr. 2019.
Mesmo que não seja possível discutir sobre cada ingrediente adicionado
à massa, em cada estágio, as observações acima sobre ingredientes básicos
podem ajudar, como também, o cuidado com a temperatura da massa para a
preservação da elasticidade.
129
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FIGURA 4 – BAGUETES
DICAS
130
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
3.1 PÃO FRANCÊS
É o clássico e ícone das massas secas. Tanto o pão francês quanto a baguete,
devem ser feitos apenas com massas magras, que produzirão uma casca crocante.
Não é recomendado fazer pães de massa rica no formato de baguete, ou pão
francês, e comercializá-los como tal (SUAS, 2012).
A massa básica do pão francês, também é base de outros pães feitos nas nossas
padarias no País afora, como o pão de trigo, pão sovado, pão bundinha, petrópolis,
entre outros. O diferencial está no formato e na finalização. O pão francês exige uma
maior demanda de equipamentos dentro de uma padaria, por isso, é muito raro se
ouvir falar em pão francês com apelativo de artesanal (GISSLEN, 2011).
A massa do pão francês passa pela masseira, cilindro, divisora,
modeladora, armário fermentador ou climatizadora antes de entrar no forno
turbo ou de lastro. Você pode acompanhar os equipamentos necessários, na
tabela que segue abaixo da fórmula.
131
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Modo de preparo:
1- Faça autólise com parte da farinha e água.
2- Adicione o restante dos ingredientes na masseira.
3- Deixe bater até ficar lisa; teste ao esticar um pedaço da massa sem rompê-la; deverá obter uma
membrana bem fina sem romper (ponto de véu).
4- Depois de lisa, faça uma bola de 2kg e deixe descansar coberta na bancada, ou coloque em um
bowl; deixe fermentar por 15 minutos.
5- Divida a massa em 30 porções de 60g e passe na modeladora formando os pãezinhos. Coloque
nas esteiras de pão francês untadas.
6- Deixe fermentar até duplicar de volume.
7- Faça um corte no comprimento do pão com estilete.
8- Asse a 200°C por 20 minutos, com jatos de vapor nos 10 segundos iniciais.
Método de preparo em produção comercial
Mistura:
380 rpm: 4 min
Tempo aproximado de mistura (método direto: sem
160 rpm: 12 min
cilindragem).
Divisão:
Separação dos blocos. divisora (de 30 repartições)
2.000 g
Primeira fermentação:
Descanso dos blocos (protegido c/plástico ou
15 – 25 min
ambiente fechado).
Modelagem:
Divisão. peso final das peças
Enrola na modeladora. divididas 67 g.
Segunda fermentação:
Tempo de Crescimento (ambiente com 28-35ºC e 80 a
85% de umidade). 1 - 2 horas
Aquecimento do forno:
Temperatura do Forno.
180 – 220 ºC
Assamento:
Tempo de Forno.
15 - 30 min
FONTE: A autora
3.2 BAGUETE
A baguete é um dos símbolos de gastronomia da França e, especialmente, de
Paris; apesar da panificação francesa contar com uma imensa variedade de outros pães.
132
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
Conta a história, que a baguete tem sua origem nos tempos de Napoleão. Já
que antes do imperador, os pães eram redondos, para manter a maciez do miolo
e a conservação. Esta forma havia sido inventada pelos padeiros de Napoleão,
a fim de facilitar a logística dos pães transportados pelos soldados, porém, a
baguete que conhecemos hoje, ganhou o formato atual apenas durante os anos de
1920; porque o formato alongado exigia menos tempo de preparação e tempo de
forno, do que os pães tradicionais, como o pão de campanha, por exemplo. Outra
versão é que a baguete teria surgido em decorrência de uma lei, que proibia os
padeiros de trabalharem antes das 4 horas da manhã, o que não deixava tempo
para preparar os pães redondos, que eram os pães tradicionais da época.
QUADRO 2 - BAGUETE
Sal 10 g
Levain 200 g
133
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://www.kazachique.com.br/b2c/loja/1952/produto/127274/panificacao-artesanal-
-novo!/>. Acesso em: 21 abr. 2019.
134
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
Os pães de massas secas são feitos a partir das técnicas mais simples, com os
ingredientes básicos, como o trigo, a água, sal e fermento. O trigo é um dos ingredientes
mais importantes da cozinha italiana. Diante disso, é claro que a Itália está entre as
nações com a mais tradicional e extensa cultura de panificação do mundo!
Quase todas as regiões da Itália têm seus pães específicos: pão ciabatta,
italiano, focaccia, além da famosa, mundialmente, a pizza. Em todo o país, o
costume de consumir o pão em praticamente todas as refeições é unanimidade,
e ele é sempre acompanhamento essencial para “limpar o prato”, raspando o
molho no final do jantar ou almoço.
135
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Sal 10 g
Açúcar 5 g
Água 300 g
Levain 250 g
Modo de preparo manual:
4.2 PÃO CIABATTA
O nome vem do Italiano “chinelo”, levando em conta o formato retangular
achatado. Esse pão branco firme e alveolado é um dos mais populares da Itália.
Ele pode ser consumido em todas as refeições, e é a base das famosas bruschettas
italianas. Por tradição, as ciabattas não recebem o corte de finalização, o que dá
características peculiares aos pãezinhos, abrindo pestanas irregulares (MANUAL
PRÁTICO DE PANIFICAÇÃO SENAC, 2018).
136
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
Água 300 g
Suco de limão 25 g
Fermento biológico 20 g
Levain 100 g
Sal 10 g
Açúcar 15 g
137
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
4.3 FOCACCIA
Focaccia é uma massa de origem italiana (Gênova), achatada e macia; em
geral, coberta com sal grosso, azeite e alecrim. Na Itália, é consumida tanto no
desjejum, como aperitivo ou antepasto. A massa pode ser adaptada com molho
pesto, azeitonas, nozes e tomates. Também existe na França a variação da focaccia,
que chamam de fougasse; é um pão chato, típico das regiões francesas de Provence.
Tem formato de uma grande folha vazada e tem a mesma fórmula da focaccia.
FIGURA 8 - FOCACCIA
FONTE: <https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/culinaria/tudogostoso/focaccia-confira-a-
receita-deliciosa,ba721237e2ee4528ad628243a13e313a93130sj8.html>. Acesso em: 21 abr. 2019.
QUADRO 5 – FOCACCIA
138
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
4.4 PÃO DE CAMPANHA
Bastante rústico, esse pão de campanha é um clássico da panificação
francesa; existem controvérsias quanto à origem do nome deste pão; no entanto, as
fórmulas são muito parecidas. Elas têm em comum, métodos artesanais, como a
fermentação natural. O diferencial fica por conta de uma mistura de farinha de
trigo branca e integral, podendo conter também farinha de centeio. Seu formato é
longo e grosso ou arredondado.
FONTE: <https://www.izapadariaartesanal.com.br/product-page/p%C3%A3o-de-campanha>.
Acesso em: 21 abr. 2019.
139
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Água* 450 g
Sal 12 g
Fermento biológico 30 g
Óleo de nozes 15 g
Melhorador 5 g
Nozes 50 g
Modo de preparo manual:
1- Dissolva o fermento e o levain em uma parte de água e junte o óleo.
2- Num bowl misture os ingredientes secos; faça uma cova, adicione a mistura
do fermento e a água aos poucos, até chegar ao ponto massa firme.
3- Trabalhe a massa até que fique elástica.
4- Faça uma bola, cubra e deixe descansar até que dobre de volume.
5- Separe em duas partes e coloque na forma previamente polvilhada com farinha.
6- Cubra e deixe fermentar novamente até dobrar o volume.
7- Corte as pestanas.
8- Asse a 180°C por aproximadamente 30 minutos com vapor.
FONTE: Adaptado de: Hadjiandreou (2012)
4.5 BRETZEL
As pretiolas, como eram conhecidas nas regiões vinícolas da França e da
Itália, subiram os Alpes Suíços e cruzaram a Alemanha, onde se tornaram Bretzeln
ou Bretzel. Aliás, na Alemanha e Suíça, você vai encontrar os Bretzels em todos os
lugares. Em cada esquina ele é oferecido quentinho, com sal grosso, gergelim,
entre outras sementes polvilhadas sobre ele.
140
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
FIGURA 10 - BRETZEL
QUADRO 7 - BRETZEL
141
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
4.6 BAGELS
Originários na Europa Oriental. É uma variação do Pretzel alemão, que
veio para os Estados Unidos pelas mãos dos judeus. Ao desembarcar em Nova
York, logo virou o pão dos nova-iorquinos. Servido com salmão defumado e cream
cheese. Muito comum encontrar um sanduíche de bagels em Viena ainda hoje. É
dito que o nome Bagels faz referência a palavra austríaca beugel, que quer dizer
estribo, em referência ao rei de Polônia e ao estribo de seu cavalo (MANUAL
PRÁTICO DE PANIFICAÇÃO SENAC, 2018).
FIGURA 11 - BAGELS
QUADRO 8 - BAGELS
142
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
143
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Água* 300 g
Azeite de oliva 20 g
Sal 12 g
144
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
FONTE: <https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/culinaria/tudogostoso/naan-confira-a-receita-
superfacil-do-pao-indiano,bbdb05f1d73ebc9aeb43246156be3182813e2zvr.html>.
Acesso em: 21 abr. 2019.
145
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Sal 10 g
5.4 TORTILHA
Tortilhas são democráticas típicas da culinária mexicana; são muito
consumidas em forma de wraps. Quando feitas com farinha de milho, são perfeitas
para servir como chips cortados em fatias e fritos. Também são preparadas inteiras,
e servidas como os tostados tacos.
146
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
QUADRO 12 - TORTILHA
Pães de massas macias são pães magros, de casca fina e mole; que na sua
fórmula têm uma proporção de açúcar e gordura em percentuais baixos, entre
5% a 10%. Entre eles estão os pães integrais, pães de hambúrger, pães caseiros,
massas para pães recheados como tortano, pão de leite, balloons, pão de batata,
entre outros (GISSLEN, 2011).
6.1 PÃO INTEGRAL
A dificuldade em refinar farinhas nos primórdios, fez com que os grãos
de trigo fossem simplesmente moídos por inteiro. Esse período da história fez do
pão integral um dos primeiros pães a ser consumido pela humanidade. Rico em
fibras e minerais, não desenvolve tanto o glúten como um pão de farinha branca,
por isso, apresenta um volume bem menor (KALANTY, 2012).
147
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://super.abril.com.br/saude/comer-pao-integral-e-mais-saudavel-depende-da-
pessoa/>. Acesso em: 27 abr. 2019.
148
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
149
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-tendencias/almanaque/noticia/2012/05/
pao-ganha-toque-germanico-3757912.html>. Acesso em: 27 abr. 2019
150
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
Açúcar 50 g
Manteiga 50 g
Água 300 ml
Sal 15 g
Reforçador 5 g
151
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Açúcar 65 g
Manteiga 65 g
Água 300 ml
Sal 15 g
Reforçador 5 g
Açúcar 15 g
Azeite de oliva 25 g
Água 275 ml
Sal 10 g
Ingredientes de cobertura
Azeite de oliva 20 g
Azeitonas Q.B.
Modo de preparo artesanal:
1- Dissolva o fermento biológico com água (50ml) e o azeite de oliva.
2- Coloque os ingredientes secos da massa em um bowl, acrescentando a água
aos poucos até dar o ponto de massa firme e elástica.
3- Faça uma bola, deixe a massa crescer na bancada por 20 minutos.
4- Divida a massa em porções; duas porções 450 gramas. Boleie e deixe
descansar por 10 minutos; achate as massas para retirar o ar, e em superfície
enfarinhada abra a massa com rolo.
5- Retire o excesso de farinha com a escova; dobre as laterais da massa formando
uma contenção para o recheio.
6- Disponha as massas sobre formas em formato de pizza, untada. Deixe
fermentar até dobrar de volume.
7- Coloque o molho sobre a massa, acrescente mozarela ralada, as fatias de
tomate, azeitonas, e regue com azeite de oliva.
8- Asse a 280°C em forno de lastro por aproximadamente 10 minutos.
FONTE: Adaptado e Shimura (2014)
153
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
154
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
FONTE: <http://www.pizzamaniacos.com.br/2016/08/tortano-o-tradicional-pao-de-linguica.html>.
Acesso em: 27 abr. 2019.
Azeite de oliva 10 g
155
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Açúcar 20 g
Sal 5 g
Recheio
E
IMPORTANT
156
TÓPICO 1 | PÃES DE MASSAS MAGRAS, MASSAS MACIAS E PÃES ÉTNICOS
FONTE: <http://opaododia.blogspot.com/2014/05/pao-rustico-frances-pain-de-campagne.
html >. Acesso em: 25 fev. 2019.
157
RESUMO DO TÓPICO 1
158
• Os pães étnicos achatados são os pães mais simples de se preparar, pois levam
ingredientes básicos como trigo, água e sal; alguns não precisam nem mesmo
de fermento. Os primeiros pães das civilizações antigas eram achatados, duros,
secos, assados de maneira rápida em tandors, ou em chapas adaptadas. Existem
as inovações como wraps muito comuns com diversos recheios: os pitas com
humos, os rotis integrais e às mexicanas quesadillas. Nesse tipo de pão, pode ser
acrescentado muito sabor, e ótimas oportunidades de recheios, para montar
inúmeras versões de sanduíches.
• Pães de massas macias são assim classificados por estar em meio termo no que
diz respeito a massas secas, que já estudamos, e massas enriquecidas, que são
as massas ricas com alto teor de açúcar e gordura. Pães de massas macias são
pães magros de casca fina e molinha, que na sua fórmula têm uma proporção
de açúcar e gordura, com percentuais baixos, entre 5% a 10%. Entre eles estão os
pães integrais, pães de hambúrger, pães caseiros, massas para pães recheados
como tortano, pão de leite, balloons, pão de batata entre outros.
159
AUTOATIVIDADE
160
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 2, da última unidade do Livro Didático, vamos abordar as
fórmulas das massas ricas. Conforme já comentado na unidade anterior, massas
ricas ou enriquecidas são aquelas com proporção maior de gordura, açúcar e ovos.
As massas apresentam interior de textura macia, de coloração mais amarelada,
devido à presença dos agentes enriquecedores, principalmente por causa dos ovos;
e a parte externa, com brilho, é mais escura se comparada a pães de massa seca.
Neste tópico, vamos incluir receitas de pães doces, pães doces recheados,
coberturas, verdadeiros clássicos internacionais, que você com certeza, já conhece
ou ouviu falar. Caso tenha dúvidas nos métodos básicos de mistura, ordem
dos ingredientes na masseira, e outros procedimentos de elaboração de massas
levedadas, revise o tópico anterior.
161
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
162
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Finalização farofa
Manteiga 150 g
Farinha de trigo 250 g
Açúcar 250 g
Finalização cerejas
Creme confeiteiro 300 g
Cerejas 30 g
Modo de preparo (método indireto):
Primeira parte:
Misture os ingredientes da massa esponja e deixe fermentar até dobrar o volume.
Segunda parte:
1- Misture os ingredientes secos na massa esponja; coloque a água até dar ponto na massa; por
último, incorpore a manteiga gelada.
2- Deixe descansar por 20 minutos.
3- Divida em porções de 80 gramas, boleie, e deixe descansar.
4- Achate as bolinhas da massa, modele-as, enrolando em formato de pequenos rolos.
5- Acomode em assadeira untada, respeitando o espaço para a massa fermentar. Deixe fermentar
por 1 hora, até dobrar o volume.
6- Pincele o ovo batido com água e cubra com a farofa.
7- Asse a 160°C por 35 minutos aproximadamente.
Farofa: Misture todos os ingredientes com a ponta dos dedos, criando grânulos.
FONTE: A autora
163
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://gshow.globo.com/RP23C/Plug/receitas/faca-em-casa-a-cuca-alema-de-missal.
ghtml>. Acesso em: 27 abr. 2019.
164
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Stroesel (farofa)
Manteiga 75 g
Farinha de trigo 125 g
Açúcar 125 g
Sal Pitada g
Modo de preparo:
Em um bowl, dissolva o fermento numa parte do leite morno, acrescente a manteiga, os ovos
ligeiramente batidos, o sal, o açúcar e mexa bem.
1- Adicione aos poucos a farinha, e o restante do leite, e se necessário, acrescente um pouco de
água, até obter uma massa pegajosa.
2- Trabalhe a massa até ficar lisa, sem grumos e elástica.
3- Tampe o bowl, e deixe crescer até dobrar de volume. Transfira a massa em uma forma retangular
20 x 30 untada somente no fundo; deixe crescer por mais 30 minutos. Cubra-a delicadamente
com as bananas cortadas em rodelas; acrescente açúcar, canela, e por último a farofa.
4- Farofa: Misture todos os ingredientes e mexa bem até ficar quebradiça, formando grânulos.
5- Asse por aproximadamente 35 minutos em forno aquecido a 200°C.
FONTE: A autora
2.3 SONHOS E DOUGHNUT
Os sonhos brasileiros são, na verdade, a versão americana do doughnut,
cortado com vazador, deixando o formato de rosca. São simples de fazer e muito
apreciados. Podem ser pré-assados ou diretamente fritos depois de fermentados;
uma boa dica é deixá-los encascar (secar a massa) antes de fritar, para não
deformar as bolinhas. Depois de fritos é só passar no açúcar e rechear com creme
confeiteiro, doce de leite, goiabada ou nata batida.
QUADRO 24 - SONHOS
165
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Modo de preparo:
1- Misture os ingredientes da massa esponja e deixe fermentar por 20 minutos em local aquecido.
2- Junte os ingredientes secos em um bowl, faça uma cova e incorpore a massa esponja, o ovo
batido com a água, e por último a manteiga.
3- Trabalhe a massa até ficar lisa e homogênea. Faça uma bola e deixe fermentar 10 minutos.
4- Divida em porções de 50 gramas, boleie e deixe descansar por 10 minutos na bancada coberto
com plástico.
5- Se necessário boleie novamente.
6- Pré-asse por 10 minutos a 150°C.
7- Frite em imersão a 160°C até dourar.
8- Deixe escorrer em papel toalha, passe no açúcar e canela.
2.4 ROSCA DE COCO
As roscas têm esse nome, pelo formato rústico e desajeitado; nada mais são
do que um pão doce recheado. Podemos usar a massa para fazer uma infinidade
de variações. Aqui segue a de coco com creme confeiteiro; podemos usar frutas
cristalizadas com uvas passas e gotas de chocolate com avelãs, sendo essas as mais
conhecidas. Você pode fazer sua versão de rosca; teste a receita e arrisque a sua versão.
FONTE: <https://www.tudogostoso.com.br/receita/120774-rosca-de-coco-pao-doce.html>.
Acesso em: 27 abr. 2019.
166
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Sal 10 g
Manteiga 25 g
Água* 100 g
Extrato de baunilha Q.B. g
Recheio
Creme confeiteiro 300 g
Coco fino 150 g
Finalizar
Gemas manteiga para finalizar 3 Unidades
Modo de preparo:
1- Dilua o fermento em uma parte da água, e misture 20g de farinha; reserve.
2- Junte os ingredientes secos em um bowl, faça uma cova e incorpore os ovos batidos, o fermento
dissolvido e o restante da água.
3- Trabalhe a massa até ficar lisa e homogênea.
4- Incorpore a manteiga na massa com cuidado, para não rasgar a massa. Deixe fermentar.
5- Em superfície enfarinhada abra a massa com um rolo em formato de retângulo, com 2cm de
espessura.
6- Com o saco de confeitar, coloque o creme confeiteiro frio sobre o retângulo da massa.
7- Distribua sobre o creme confeiteiro com coco fino.
8- Feche a massa formando um rolo comprido.
9- Corte em pequenos pedaços de 8cm aproximadamente e disponha na forma de pudim um
rolinho do lado do outro.
10- Deixe descansar até aumentar o volume.
11- Pincele com gemas.
12- Asse a 170°C por aproximadamente 40 minutos.
13- Cubra com açúcar confeiteiro.
2.5 ENSAIMADAS
Típicas das ilhas de Mallorca, lugar que por tradição, se consomem
amêndoas, frutos secos como damascos e figos, que são a base para deliciosos
recheios. Sob influência da gastronomia espanhola, várias padarias se dedicam a
produzir as famosas e tradicionais ensaimadas, que ainda hoje, como nos primórdios,
eram assados em fornos a lenha; a sensação da pequena ilha. Vamos fazer uma das
versões mais conhecidas dessa iguaria no Brasil: a recheada com doce de leite.
167
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FIGURA 19 - ENSAIMADAS
FONTE: <https://www.hotelaya.com/en/blog-private/ensaimada-de-mallorca>.
Acesso em: 27 abr. 2019.
QUADRO 26 - ENSAIMADAS
168
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Modo de preparo:
1- Dilua o fermento em uma parte do leite, e misture 30g de farinha; reserve.
2- Junte os ingredientes secos em um bowl, faça uma cova e incorpore os ovos batidos, o fermento
dissolvido, o leite e a água.
3- Trabalhe a massa até ficar homogênea e bem elástica.
4- Coloque a manteiga na massa aos poucos. Divida em pequenos blocos de 80 gramas e boleie;
deixe fermentar.
5- Abra as bolinhas com um rolo em formato 10 x 5, em superfície enfarinhada.
6- Pincele por dentro com ovo batido e um pouco de sal.
7- Com o saco de confeitar, coloque o doce de leite e espalhe com uma colher.
8- Feche o rolinho formando um rocambole.
9- Forme um caracol e disponha na forma retangular, um rolinho do lado do outro.
10- Deixe descansar por 45 minutos.
11- Pincele com gemas.
12- Asse a 160°C por aproximadamente 40 minutos, com 5 segundos de vapor.
13- Polvilhe com açúcar confeiteiro assim que sair do forno.
FONTE: A autora
Conta-se que foi criado em Brie, na França; lugar famoso por seus queijos
e manteigas. Publicações mais recentes afirmam ser originário da Normandia, e
que o brioche de se deriva da palavra broyer que significa libra (medida de peso).
Em diversas regiões da Normandia, são reconhecidas pela inigualável qualidade
da manteiga. Motivo pelo qual, os franceses provocam dizendo, que caso seja de
origem normanda, não se deve pela tradição do repertório boulangere daquela
região, e sim, pela qualidade da manteiga.
169
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FIGURA 20 - BRIOCHE
FONTE: <https://www.kazachique.com.br/b2c/loja/1952/produto/117045/especial-paes-
franceses--novo!-/>. Acesso em: 27 de abr. 2019.
3.1 BRIOCHE
QUADRO 27 - BRIOCHE
170
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Modo de preparo:
1- Dilua o fermento em uma parte água (100g) e junte 150g de farinha, o levain, misture tudo e
deixe fermentando (massa esponja).
2- Junte os ingredientes secos em um bowl, faça uma cova e incorpore os ovos batidos com a
água, a massa esponja e misture bem.
3- Trabalhe a massa um pouco até ficar homogênea.
4- Coloque a manteiga na massa aos poucos, com cuidado para não a rasgar, enquanto a incorpora.
Assim que estiver lisa, deixe fermentar por 10 minutos.
5- Boleie a massa, passe para um recipiente e cubra com filme plástico; deixe fermentar por 30
minutos.
6- Assim que a massa aumentar seu volume, coloque sobre uma superfície enfarinhada, pressione
com as mãos para retirar os gases e divida em porções de 80 gramas, e 10 gramas; boleie a
massa e deixe fermentar por 10 minutos; se necessário boleie novamente.
7- Coloque a massa maior na forma de brioche, pressionando com o dedo no meio da bolinha
formando um anel, e com o pequeno pedaço de massa pressione cobrindo o vão, formando
assim o brioche parisiense.
8- Deixe fermentar por mais 30 a 45 minutos.
9- Pincele com gemas batidas com um pouco de água.
10- Asse a 160°C, aproximadamente 30 minutos.
3.2 PANETONE
Pão recheado de passas e frutas cristalizadas, chamado originalmente de
panatton — contração de panetto (pão pequeno); surgiu na Itália no século XV. Tão
rica quanto sua receita são as versões sobre sua origem. Vamos citar uma, que
conta a história de Ughetto, filho de um dos ricos escudeiros de Ludovico Sforza,
Duque de Milão. Apaixonado por Adalgisa, moça humilde, filha do padeiro,
Ughetto resolveu se disfarçar de ajudante de padeiro para se aproximar da moça,
e quem sabe, ajudar o pai de Adalgisa a enriquecer, e quebrar a resistência da
família ao romance. O jovem aprendeu a arte, e inventou um pão recheado de
passas e frutas, moldado em formato de cúpula da igreja. A iguaria agradou o
paladar da clientela; a padaria prosperou, Toni enriqueceu, e Ughetto e Adalgisa
puderam se casar, e serem felizes para sempre.
171
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
QUADRO 28 - PANETONE
3.3 STOLLEN
O Stollen apareceu pela primeira vez em Dresden, na Alemanha em
torno de 1400; pão recheado com uvas passas, frutas cristalizadas, castanhas, o
clássico Stollen ainda tem como recheio um marzipã de amêndoas no interior,
simbolizando Cristo bebê entre as mantas (SUAS, 2012).
172
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
FIGURA 21 - STOLLEN
FONTE: <http://desafiosgastronomicos.blogspot.com/2013/11/desafio-stollen-uma-tradicao-do-
natal.html>. Acesso em: 27 abr. 2019.
QUADRO 29 - STOLLEN
173
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Manteiga 150 g
Uvas passas brancas e pretas 100 g
Rum 50 g
Frutas cristalizadas 80 g
Finalizar
Açúcar de confeiteiro para polvilhar 1 Kg
Marzipã
Farinha de amêndoas 120 g
Açúcar impalpável 100 g
Clara de ovo 15 g
Suco de limão 5 g
Essência de amêndoas 5 g
Amaretto 5 g
Modo de preparo:
1- Coloque as uvas-passas do recheio em uma tigela, despeje o rum e deixe hidratar; reserve.
2- Dissolva o fermento no leite morno.
3- Em um bowl coloque a farinha, acrescente o açúcar, o extrato de baunilha, o sal, a mistura de
especiarias, as raspas, os ovos e o fermento diluído no leite.
4- Misture todos os ingredientes e depois trabalhe a massa até ficar homogênea.
5- Em seguida, incorpore a manteiga aos poucos. Cuidado para não rasgar a massa enquanto
incorpora a manteiga. Coloque as frutas na massa.
6- Deixe descansar 20 minutos.
Para o marzipã:
Peneire o açúcar impalpável com a farinha de amêndoas; junte a clara, o suco de limão, a essência
de amêndoas e o amaretto; misture bem até dar ponto de liga para enrolar; enrole em formato de
bastão, envolva no plástico filme e leve à geladeira.
Montagem:
1- Sobre uma superfície enfarinhada, abra a massa com um rolo, em formato retangular e espalhe
as frutas cristalizadas, e as uvas-passas hidratadas. No centro, coloque o bastão de marzipã.
2- Modele o Stollen, conforme demonstração em aula. Coloque em forma untada e deixe crescer.
3- Asse a 160 °C aproximadamente 40 minutos.
4- Depois de 30-35 minutos, verifique o cozimento, caso já esteja muito dourado, cubra com papel
alumínio. Depois de assado, coloque sobre uma grade para esfriar completamente e polvilhe
uma farta camada de açúcar de confeiteiro
174
TÓPICO 2 | MASSAS RICAS LEVEDADAS
Prepare a calda:
1- Retire a casca do limão; corte-o ao meio, esprema o suco e reserve; aqueça a água com o açúcar
na panela até dissolver, junte a casca do limão e deixe ferver em fogo baixo por mais 5 minutos,
retire do fogo, junte o suco do limão e a metade do rum à calda.
2- Coloque o bolo frio dentro da calda morna.
3- Passe o bolo para um prato, regue com o restante do rum; decore o centro do bolo com chantilly
batido e frutas frescas.
175
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
E
IMPORTANT
Na cidade do Leste alemão já virou tradição: assar um enorme bolo (Stollen), cuja
massa pesa quatro toneladas, para festejar o dia de São Nicolau.
Para quem nunca viu ou provou um Stollen, aqui vai uma descrição aproximada:
no formato, ele mais parece um rocambole do que um bolo. Sua massa é fermentada e
contém manteiga. Mas o que dá um toque especial são as frutas secas ou cristalizadas
e o marzipã ou massa pão. Alguns contêm também nozes, avelãs e amêndoas.
Consta que o primeiro Stollen teria sido preparado e servido na corte da Saxônia
por volta de 1400. Mas nessa época, a massa era muito diferente e continha somente
farinha de trigo, aveia e água. Quem entende de culinária sabe, pela lista de ingredientes,
que não podia passar de um pão seco e duro, pois nem leite levava.
Isso vigorou até o ano de 1647, e o uso da manteiga só foi permitido após a
intervenção do conde Ernesto da Saxônia e de seu irmão Albrecht junto ao papa. E, assim
mesmo, em troca de donativos para a construção da Catedral de Freiberg, também na
Saxônia. Dali em diante muita coisa mudou na fabricação e no sabor do Stollen, culminando
no século passado com a junção de frutas e nozes.
176
RESUMO DO TÓPICO 2
• As fórmulas das massas ricas, pães doces recheados, coberturas e brioches são
bases para muitos pães doces, clássicos internacionais. Aqui frisamos o que
são as massas ricas ou enriquecidas. São aquelas com proporção maiores de
gordura, açúcar e ovos; apresentam interior de textura macia, de coloração mais
amarelada, devido à presença dos agentes enriquecedores, e principalmente,
por causa dos ovos, a parte externa fica com brilho.
• As massas doces são as massas básicas para muitas preparações nas padarias; é
usada para elaborar dezenas de produtos. A massa de pão doce pode conter até
25% de açúcar e 25% gordura; existem casos de brioches absorverem até 50 %
de gordura. Por esse motivo, se torna uma massa pegajosa, que exige cuidados
na hora da manipulação.
177
• Os panetones são saborizados com passas e frutas cristalizadas, tem formato
de cúpula de igreja e são de origem Italiana. O Stollen é um pão de massas
amanteigadas, também com uvas passas, frutas cristalizadas e castanhas. O
clássico Stollen ainda é recheado com um marzipã de amêndoas no interior,
simbolizando Cristo bebê entre a manta. Originalmente, como preparação
natalina alemã, o Stollen é até digno de motivo de um festival em Dresden, com
direito à destaque no Guinnes Book.
178
AUTOATIVIDADE
2 Como podemos classificar massas enriquecidas, por que quais são definidas
dessa forma.
179
180
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 3 vamos abordar a parte da panificação que se encontra com
a confeitaria e a combinação de patisserie com a panificação, e apresentar os pães
rápidos. Os pães rápidos, como o nome já diz, são preparações que não exigem
muito tempo, e requerem maior agilidade dos que são produzidos com massas
fermentadas. Solução perfeita para os estabelecimentos que querem servir
produtos frescos, com toque artesanal, mas não têm tempo ou a mão de obra
necessária para o preparo de massas levedadas.
181
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FONTE: <https://thominyvelines.wordpress.com/2014/04/20/boulangerie-patisserie-
viennoiserie/>. Acesso em: 27 abr. 2019.
182
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
a) Farinha de Trigo
Tanto ovos inteiros como gemas, podem ser usados os pasteurizados, assim
como, os in natura, que são ricos em carotenoides e gordura, e atuam como agente
amaciante, auxiliam na manutenção da umidade e criam uma textura macia, delicada,
com cor e sabor, além de serem microbiologicamente mais seguros (SUAS, 2012).
c) Sal
183
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
d) Açúcar
e) Fermento
f) Gordura
184
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
185
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Após cada volta, faça uma marca com a ponta dos dedos, próximo a uma
das pontas da massa – uma marca após a primeira volta, duas após a segunda e
três após a terceira volta. Isso ajudará a controlar o número de voltas quando você
estiver preparando várias receitas ao mesmo tempo, ou quando houver mais de
uma pessoa trabalhando com a massa.
3.2 CROISSANT
A palavra croissant, em francês, significa crescente ou meia, em referência
ao seu formato: uma massa levedada folhada, modelada em um triângulo com as
extremidades enroladas para dentro. Proceda como na modelagem do croissant
sem recheio, mas se preferir rechear, coloque uma pequena quantidade do recheio
desejado na base do triângulo antes de começar a enrolar.
A técnica usada para enrolar petits pains au chocolat é uma das variações da
massa de croissant. Ela pode ser usada também para criar produtos com recheios
diversos, feitos com a mesma massa. Embora esses produtos recebam, às vezes,
a denominação genérica de “folhado”, nem sempre são preparados com a massa
laminada. Às vezes, as padarias abrem no rolo massas com pouca ou reduzida
fermentação, e enrolam várias vezes com recheio, dando o aspecto de camadas.
186
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
QUADRO 31 - CROISSANT
187
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
FIGURA 23 - DANISH
QUADRO 32 - DANISH
188
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
Sal 10 g
Gordura para laminar 200 g
Finalizar
Ovo batido com água 50 g
Modo de preparo:
1- Dissolva o fermento em parte da água e misture 200 gramas de trigo; forme uma massa e deixe
descansar por 20 minutos.
2- Em um recipiente misture a farinha, o sal e o açúcar; faça uma cova e acrescente o ovo batido,
a mistura do fermento dissolvido incorporando os sólidos aos líquidos; adicione água aos
poucos até obter uma massa firme e macia.
3- Amasse até formar uma massa lisa. Cubra a massa e deixe descansar por 30 minutos na
geladeira.
4- Abra a massa com rolo em uma superfície enfarinhada; abra em formato de retângulo e
preencha 2/3 da mesma com a margarina para folhar.
5- Dobre o terço da massa sem manteiga em direção ao centro.
6- Dobre também o outro terço de massa em direção ao centro.
7- Gire a massa 90° sobre a bancada; esse passo é necessário cada vez que a massa for aberta,
de modo que fique esticada em todas as direções, não apenas em uma. Além disso, sempre
coloque o lado mais irregular da massa virado para cima antes de abrir, assim ele ficará
escondido quando a dobra for feita. Abra a massa em um retângulo comprido.
8- Dobre a massa em três, começando pela terceira parte do lado de cima.
9- Depois dobre o outro terço sobre o primeiro. Isso completa a primeira volta (a incorporação
da manteiga não conta como volta). Deixe a massa descansar na geladeira por 30 minutos,
para que o glúten relaxe. Repita o procedimento de abrir e dobrar a massa mais duas vezes,
completando três voltas.
10- Abra a massa em um espessura de no máximo 0,5cm. Corte em quadrados de 13cm. Coloque
o recheio desejado no centro. Pincele ligeiramente os quatro cantos com água para que fique
mais fácil uni-los.
11- Dobre dois cantos opostos em direção ao meio. Pressione bem para unir as pontas (se preferir,
asse os danishes nesse formato).
12- Dobre os outros dois cantos da mesma forma e, mais uma vez, pressione bem para selar.
13- Depois de crescidos, pincele com o ovo batido e leve para assar em forno pré-aquecido a
180°C por aproximadamente 35 minutos.
Variação cata-vento de damasco:
189
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
• Massas macias, mas com consistências de amassar. Em geral, são abertos com
rolo e cortadas no formato desejado.
• Massas pastosas e semilíquidas, moles o bastante para serem despejadas, ou um
pouco mais consistentes, próprias para moldar com a colher diretamente na forma.
ATENCAO
Massas rápidas deste tipo devem ser misturadas o mínimo possível — apenas
até que os ingredientes secos estejam umedecidos. Isso, aliado à presença de gordura e
açúcar, faz com que o glúten não se desenvolva muito. Misturar em demasia uma massa
de muffin, por exemplo, fará com que o produto fique não apenas duro, mas também com
um formato irregular e bolhas grandes e alongadas no miolo. Em inglês, dá-se o nome de
tunneling a esse fenômeno.
a) Método Biscuit
190
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
b) Método Muffin
c) Método Cremoso
191
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
4.2 BISCUIT
QUADRO 33 - BISCUIT
192
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
193
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes secos previamente peneirados.
Na batedeira misture os ingredientes líquidos, acrescentando os secos e batendo
na primeira velocidade; bata por um minuto até incorporar os ingredientes.
Adicione os blueberries congelados e misture somente até incorporar a massa.
Com o auxílio de um boleador de sorvete, porcione a massa e disponha em
forma de muffins untada e polvilhada com açúcar.
Asse a 180 °C cerca de 25 minutos ou até que fiquem levemente dourados.
FONTE: Adaptado de Gisslen (2011)
4.4 SCONES
FIGURA 25 - SCONES
QUADRO 35 - SCONES
Nome de preparação: Scones
Ingredientes Quantidade Unidade
Farinha de trigo 500 g
Açúcar 100 g
Fermento químico 30 g
bicarbonato de sódio 3 g
Manteiga 135 g
Ovos 45 g
Queijo cottage 180 g
Uvas passas 280 g
194
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
Leite 200 g
Modo de preparo:
1- Misture todos os ingredientes secos previamente peneirados.
2- Faça uma cova no centro dos ingredientes secos, coloque a gordura cortada em cubos em
temperatura fria.
3- Bata no processador o cottage com os ovos até incorporar. Junte o leite, adicione os ingredientes
secos, misture até a massa começar a soltar das laterais.
4- Junte as uvas passas e mexa até misturar.
5- A massa é bastante pegajosa e deve descansar na geladeira por no mínimo 20 minutos antes
de ser aberto no rolo.
6- Abra a massa com rolo em superfície enfarinhada. Com cortador redondo de biscoito faça os
recortes na massa. Ou
7- (Se preferir molde os scones com boleador de sorvete, disponha em uma forma e achate com
as mãos).
8- Disponha os scones em formato retangular untada ou forrada com papel manteiga.
9- Pincele com clara de ovo batida com pouco d'água; pulverize com açúcar.
10- Asse à 180°C cerca de 25 minutos, ou até que fiquem levemente dourados nas laterais e na
base.
Variação:
Para variação de sabores dos scones utilize essência de nozes ou essência de baunilha.
Para produções salgadas diminua 5% do açúcar em relação ao peso da farinha e adicione queijo ralado,
bacon, ervas, especiarias a gosto.
FONTE: <https://www.bettycrocker.com/recipes/ultimate-chocolate-chip-cookies/77c14e03-
d8b0-4844-846d-f19304f61c57>. Acesso em: 28 abr. 2019.
195
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
4.6 PÃO DE QUEIJO
QUADRO 37 – PÃO DE QUEIJO
FONTE: A autora
196
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
FONTE: <https://saboresdavida.net.br/pao-de-banana-com-nozes-banana-bread/>.
Acesso em: 28 abr. 2019.
FONTE: A autora
197
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
O PÃO NOSSO
Bee Wilson
Não era apenas a subsistência — era uma questão sagrada, além de ser um
assunto de Estado. A hóstia da comunhão era sagrada, mas também era sagrado
o pão branco do cotidiano. Considerava-se que virar um pão de cima para baixo
dava azar e representava um quase sacrilégio. Antes de comer, era costume fazer o
sinal da cruz sobre o pão, usando uma faca. Nos anos 1780, a Enciclopédia Metódica
observou que "a maioria das pessoas" na França "acredita que morrerá de fome
se não houver pão" – mesmo havendo outros alimentos disponíveis. Para Steven
Laurence Kaplan, autor de Good bread is back – A contemporary history of french bread,
the way it is made and the people who make it [O bom pão está de volta — Uma história
contemporânea do pão francês, como ele é feito e as pessoas que o fazem, 368 págs.
US$ 27,95, R$ 53], a "tirania do pão" unia os franceses. Kaplan, que provavelmente
sabe mais sobre o pão francês do que qualquer outra pessoa viva, talvez não
atribua importância suficiente ao modo pelo qual a abordagem dos franceses aos
carboidratos diferia daquela de seus vizinhos.
198
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
ano. Com tantas calorias doces sendo consumidas, o pão deixou de ser tão vital,
especialmente porque boa parte do pão britânico passou a ser adulterada por
alume, uma substância química adstringente com a qual era possível produzir
pães brancos porosos com farinha de trigo de má qualidade. Na França, porém, o
pão continuou a ser relativamente puro e essencial.
Viver sem pão era impensável. Ter "perdido o gosto pelo pão" era
considerado sinônimo de ter perdido a disposição de viver. No final do século 19,
o francês médio ainda consumia quase um quilo de pão por dia. E o termo "pão",
para os franceses, tinha conotações extremamente precisas e rígidas, indicando
um produto de crosta bem-formada e migalhas alveoladas, amassado a partir de
farinha de trigo branca e produzido por um processo lento e árduo de fermentar
e assar. Os padeiros do século 18 viviam sujeitos a ameaças que vinham de todos
os lados: de seus fregueses, que, dependentes dos padeiros para sua subsistência,
com frequência os tratavam com rancor e desconfiança injustificados; dos moleiros,
aos quais os padeiros viam como ladrões e vigaristas que lhes roubavam uma parte
do trigo que lhes enviavam para moer em farinha; do Estado, que regulamentava
rigidamente o preço e o peso dos pães, às vezes impondo aos padeiros padrões
impossíveis de respeitar (como por exemplo, a exigência de que todos os pães
tivessem um peso determinado, deixando de levar em conta que uma massa do
mesmo peso pode resultar em pães de pesos diferentes); e de seus concorrentes,
pois, por mais difícil e infeliz que fosse a vida de quem se dedicava a produzir pão,
eles ainda queriam vender o maior volume possível.
Nostalgia
Kaplan reconhece que a saudade dos franceses pelo "bom pão do passado"
frequentemente não passa de um exercício de nostalgia. Essa espécie de sonhar
e ansiar por pão pode, na realidade, ser contraproducente. Foi exatamente esse
tipo de nostalgia que levou a baguete do pós-guerra a ser tão aviltada. "Durante a
Segunda Guerra Mundial, o único pão disponível ao cidadão francês comum era
um pão escuro (pain bis) pesado, grosseiro e grudento, de qualidade duvidosa e
nem um pouco apetitoso. A nostalgia resultante pelo pão de trigo branco levou ao
desenvolvimento, após a guerra, de um novo método pelo qual era produzido pão
muito branco e volumoso, leve e atraente, mas "desnaturado" e, essencialmente,
sem gosto". "É esse, em essência, o pão que a maioria dos franceses continua a
comer até hoje", diz Kaplan em seu livro.
199
UNIDADE 3 | AS TÉCNICAS E FÓRMULAS DE PRODUÇÃO DO PÃO
Essa nova baguete mais branca que o branco era um simulacro grosseiro
do velho pão branco do pré-guerra; mas isso não impediu os consumidores de o
comprar; eles tinham esquecido o sabor do pão de qualidade. Tão gratos ficaram
por não mais precisar consumir o "pão da privação" do tempo da guerra que,
num primeiro momento, não se importaram com o miolo excessivamente inchado
desses novos pães, com o fato de as crostas não terem substância e com o fato de
os pães ficarem velhos depois de menos de um dia. Muitos fatores determinam o
pão francês perfeito, e Kaplan os apresenta em grande detalhe: a farinha de trigo
empregada, os ritmos gentis do amassar, a moldagem da massa crua (pâton), sua
assadura no momento em que a massa se encontra "no pico de sua exaltação",
conforme a frase usada no século 18. Mas nada era tão importante quanto a
maneira como o pão era "fermentado" a partir de uma cultura de levedo.
200
TÓPICO 3 | VIENNOISERIES, FOLHADOS, PÃES RÁPIDOS E BOLOS
O bom pão está de volta, como diz o título de Kaplan. No final, a atração
simbólica do pão mostrou ser irresistível para os franceses. O Estado, por tanto
tempo visto pelos padeiros como força opressora, acabou vindo resgatá-los. Por
uma lei de 1998, tornou-se ilegal fixar uma placa de boulangerie (padaria) exceto nos
lugares em que profissionais "se envolveram pessoalmente em amassar a massa
do pão, em sua fermentação e moldagem". Em nenhuma fase da produção os
produtos poderiam ser congelados. A lei serviu de incentivo tremendo aos padeiros
artesanais. Enquanto isso, a partir de meados dos anos 90, uma nova geração de
padeiros passou a conferir nova dignidade a sua profissão. Sua inspiração foi Lionel
Poilâne (1945-2002), que nunca deixou de fazer pão com integridade, praticando o
que chamava de "retro inovação", desenvolvendo novas técnicas para a produção
segundo tradições antigas. O pão que virou a marca registrada de Poilâne é o
miche, um pão-bola feito com levedo. Os novos retro inovadores, como Eric Kayser
e Dominique Saibron, padeiros que têm padarias na rua Monge, no Quartier Latin,
contribuíram para reinventar a baguete, criando versões de crescimento lento sem
aditivos, usando misturadores industriais, em velocidade lenta.
Por mais que se possa sentir saudade do pão do século XVIII, o pão
produzido por Kayser e seus contemporâneos é melhor. Aliás, é provavelmente
o melhor pão que a França já saboreou, porque é feito por homens e mulheres
pensantes que não se sacrificaram à tirania da massa. Como conclui Kaplan:
"Em última análise, vale a pena recordar que o bom pão depende sobretudo da
qualidade dos homens e mulheres que o produzem".
FONTE: WILSON, Bee. O Pão nosso. Folha de São Paulo, São Paulo, 15 jun. 2007. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1507200714.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019.
201
RESUMO DO TÓPICO 3
202
• A massa se tornou sensação no país, e logo se espalhou pelas vizinhanças.
Nos demais países, a massa recém descoberta era denominada como danish,
mas na Dinamarca, manteve sua referência às origens vienenses, mas nos
dias de hoje, os danishes são conhecidos no mundo todo, pela variedade de
sabores e formas apresentadas.
• Os pães rápidos, como o nome já diz, são preparações que não exigem muito
tempo, e requerem maior agilidade dos que são produzidos com massas
fermentadas. Solução perfeita para os estabelecimentos que querem servir
produtos frescos, com toque de artesanal, mas não têm tempo ou a mão de
obra necessária para o preparo de massas levedadas.
203
AUTOATIVIDADE
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