DistorcoesCognitivasPacientes PDF
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
UBERLÂNDIA
2015
UBERLÂNDIA
2015
CDU: 159.9
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Banca Examinadora
Uberlândia,
__________________________________________________________
Profª. Drª. Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Orientadora (UFU)
__________________________________________________________
Examinador (UFU)
__________________________________________________________
Profª. Drª. Neide Aparecida Micelli Domingos
Examinador (FAMERP)
__________________________________________________________
Profª. Drª. Carmem Beatriz Neufeld
(Examinador Suplente)
UBERLÂNDIA
2015
Programa de Pós-graduação em Psicologia – Mestrado
Avenida Maranhão, s/nº, Bairro Jardim Umuarama - 38.408-144 - Uberlândia – MG
+55 – 34 – 3225 8516 ou +55 – 34 – 3225 8512 pgpsi@fapsi.ufu.br http://www.pgpsi.ufu.br
Dedico este trabalho a todos que se permitem perceber as adversidades da vida com
outros olhos.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela graça da vida e pelas oportunidades de crescimento nos encontros com
pessoas especiais.
Aos meus amados pais, José Carlos e Ivone, por todos os ensinamentos, apoio,
A minha irmã Dalila, pela amizade sempre tão cultivada, companheirismo e carinho,
importantes desse percurso. Sou muito grata por ter você ao meu lado!
Aos meus tios, avós, primos e aos meus amigos, agradeço pela torcida de sempre,
vezes nos surpreende e instiga nossa sabedoria para lidar com caminhos até então não
trilhados.
UFU, pelo exemplo e atenção, em especial ao Prof. Esp. Armando Vieira, com quem
aprendi, em conversas nos corredores do IPUFU, a me preparar para esta longa jornada
percalços do caminho.
ajudaram na construção desta pesquisa, além de ser fonte de inspiração para o olhar
da Psicologia.
A todas as novas amizades feitas neste mestrado e a equipe do Laboratório de
Agradeço pela disposição ao diálogo, sempre cuidadosa e solícita, e àqueles que foram
amiga, companheira dessa jornada, Jéssica, que, com sua linda filha Lala, me ensinou
que mesmo com muitas coisas a fazer, é possível superar desafios e encontrar sorriso e
Gratidão a todos vocês que estiveram comigo, de perto ou de longe, torcendo por
(Mário Quintana)
RESUMO
Tabela 5. Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases com distorções
cognitivas avaliadas pela amostra total de especialistas em TCC............................ 108
Tabela 6. Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases com distorções
cognitivas avaliadas pela subamostra de especialistas em TCC com atuacão em
Psicologia Hospitalar .............................................................................................. 109
Tabela 8. Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases contendo
crenças neutralizadoras para distorções cognitivas avaliadas pela amostra total de
especialistas em TCC .............................................................................................. 111
Tabela 9. Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases contendo
crenças neutralizadoras para distorções cognitivas avaliadas pela subamostra de
especialistas em TCC com atuação em Psicologia Hospitalar ................................ 112
SUMÁRIO
Introdução ……………………………………………………………………….. 13
Introdução
circunstâncias, doenças crônicas como o câncer podem muitas vezes estar associadas a
vida do paciente, bem como sobre suas relações interpessoais. A adequação de métodos
compreensivos para estes casos é, certamente, uma meta importante de trabalho para
Lopes, 2008).
às comorbidades envolvidas.
da saúde pelos fatores cognitivos que impactam sobre aspectos psicossociais da saúde;
psicológica relacionada ao câncer (Antoni et al., 2001; Antoni, et al., 2006; Brothers,
Yang, Strunk & Andersen, 2011; Foley, Baillie, Huxter, Price & Sinclair, 2010;
14
Hamilton & Malcarne, 2004; Lopes, Santos & Lopes, 2008; Lourenção, Junior & Luiz,
2010; Moorey, 2005; Piet, Würtzen & Zachariae, 2012; Rimes, Salkovskis, Jones &
Lucassen, 2006; Silva, Aquino & Santos, 2008; Tomich & Helgeson, 2006; Carlson et
al., 2004). Outros estudos também têm se concentrado nos efeitos do tratamento
Matthiessen, 2007; Given et al., 2004; Hopko et al., 2008; Sheard & Maguire, 1999;
(Lopes et al., 2008). Fatores cognitivos também são considerados, mesmo quando se
está lidando com a recidiva do câncer ou quando sente muita dor, ainda é possível
ao novo evento é esperada, porém pode vir a dificultar o ajustamento adaptativo quando
consolidação da psicologia cognitiva moderna se fez mais evidente (Lima, 2003; Lopes,
Lopes & Teixeira, 2004). Pesquisas acerca de como o ser humano pensa, interpreta e
evento similar. Isso põe em destaque o papel mediacional da cognição (J. Beck, 2013;
crenças vinculados a experiências no decorrer da vida (Beck, Rush, Shaw & Emery,
1979/1997 citado por Lopes et al., 2008). O modelo cognitivo de Beck (J. Beck, 2013)
acordo com o que se pensa sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro, a chamada tríade
cognitiva.
Aaron Beck define três níveis de crenças que compõem o modelo cognitivo do
registradas nossas ideias mais profundas sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o
futuro. Estas ideias, em geral, são globais, absolutas, rígidas e de difícil acesso verbal.
a situação), leitura mental (acreditar saber o que o outro pensa), rotulação (concluir por
uma mesma situação (Knapp & Beck, 2008). As distorções atingem seu limiar de
ativação quando esquemas disfuncionais são ativados. Estes esquemas funcionam como
pensamento (Beck, 1971 citado por Knapp & Beck, 2008). Tais modelagens provocam
crenças pode ser uma estratégia escolhida para enfrentar as dificuldades, sem,
originalmente chamada coping cards, proposta por J. Beck (1995). Segundo a autora, ao
envolvidos e respostas mais adaptadas, com base em crenças neutralizadoras para estes
mecanismos de ansiedade (Rimes et al., 2006). A tênue linha que separa pensamentos
considerada. Para Lopes et al., (2008) “Tanto os pensamentos negativos realistas quanto
dos efeitos dos mesmos durante o câncer. As pesquisas mencionadas parecem convergir
saúde pelo estudo dos fatores cognitivos como variáveis importantes entre aspectos
psicossociais e saúde física, possivelmente porque se percebe cada vez mais a influência
tecidos. Dessa forma, câncer é o termo usado para denominar um conjunto de mais de
100 tipos diferentes de doenças que têm como característica “(...) o crescimento
invadir destrutivamente outros tecidos, num rápido crescimento, podendo atingir outras
partes do corpo por meio de metástase (INCA, 2013). Há ainda outros tipos de tumores
que não são facilmente diagnosticados como benignos ou malignos, sendo, dessa forma,
2008).
Cancer [Iarc]) da Organização Mundial da Saúde (OMS), até o ano de 2012 foram
registrados 14,1 milhões de novos casos de câncer e 8,2 milhões de óbitos por câncer no
21
de pulmão, com 1,6 milhões de casos novos e 1,4 milhões de óbitos em 2008. Em
segundo, o câncer de mama, com 1,4 milhões de casos novos e 458 mil óbitos,
ocupando a quinta colocação em mortalidade por câncer. Logo após, o câncer de cólon e
do reto, com incidência de 1,2 milhões de casos e 680 mil óbitos, o câncer de estômago,
com 990 mil casos e 738 mil óbitos, o câncer de próstata e o de fígado, com incidência
de 748 mil casos e 685 mil óbitos (Instituto Nacional de Câncer [INCA], 2010).
As estimativas para o Brasil indicam a ocorrência aproximada de 576 mil novos casos
de câncer nos anos de 2014 e 2015 (INCA, 2014), de acordo com dados do RCBP –
Registros de Câncer de Base Populacional – com maior incidência para o câncer de pele
do tipo não melanoma (182 mil casos), seguido pelo câncer de próstata (69 mil), câncer
de mama feminino (57 mil), cólon e reto (33 mil) pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e
população masculina apresenta maiores indicadores, com estimativa de 204 mil novos
apontam que os tipos mais incidentes de câncer entre os homens serão os cânceres de
próstata, pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade oral; enquanto para as mulheres os
tipos mais incidentes serão os cânceres de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e
conjunto com a redução da mortalidade infantil e das mortes por doenças infecciosas
22
serão registrados, bem como 13,2 milhões de mortes por câncer (INCA, 2014).
Estes dados mostram como o câncer, mesmo descrito de várias formas ao longo da
história humana, configura hoje um fenômeno de saúde pública mundial. No Brasil, isso
como prioridade em todas as regiões, por meio de abordagens múltiplas, como: a) ações
tratamento tradicional. Apesar de ser uma doença crônica grave, o câncer não
morte decorre do fato de o câncer estar entre as doenças que mais matam no Brasil,
perdendo apenas para as patologias cardiorrespiratórias. O fato é que este risco decorre,
2008).
Neste sentido, o câncer surge por condições multifatoriais, podendo ser externas
ao longo de anos, por meio de várias etapas em que os fatores internos e externos agem
morte por doenças), uma vez que a incidência de doenças infectocontagiosas vem
e imunológico, assim como o impacto desses sobre a saúde (Bauer, 2004). Ao longo da
história humana esses mecanismos foram estudados sob diversas teorias que
desenvolvimento das doenças (Reiche, Nunes & Morimoto, 2005). Os recentes avanços
dos estudos nas áreas da biologia, psicologia e neuropsiquiatria, têm revelado o papel
relação corpo e mente (Armaiz-Pena et al., 2009; Bauer, 2004; McDonald, O’Connell &
Lutgendorf, 2013; Reiche, Nunes & Morimoto, 2005; Thornton & Andersen, 2006).
Sabe-se hoje que esta rede complexa de interações é formada por uma comunicação
modulado pelo SNC (Reiche et al., 2005; Bauer, 2004). A comunicação entre estes três
sistemas – sistema nervoso central (SNC), sistema endócrino e sistema imune – ocorre
por meio de mensageiros químicos secretados pelas células nervosas, células de órgãos
forma, o impacto das emoções sobre o sistema imunológico pode vir a fragilizar nossa
defesa natural contra doenças infecciosas ou tumores malignos (Hass & Schauenstein,
Estas emoções, em geral, estão ligadas a algum agente estressor, o qual pode ser
pensamentos, ou ativado por mecanismos físicos, como por exemplo, correr em uma
maratona (Bauer, 2004). Várias teorias sugerem que a resposta ao estresse psicológico é
cognitiva, ou seja, o evento deve ser percebido pelo sujeito como estressante para que
seja eliciado algum tipo de resposta (Thornton & Andersen, 2006). Segundo o modelo
estímulo. Estas duas avaliações implicam no tipo, direção e intensidade das emoções
vergonha, desgosto. Além disso, estas avaliações podem variar conforme diferenças
com outros estressores por um longo período de tempo, sendo este o tipo mais deletério
al., 2013; Reiche et al., 2005; Thornton & Andersen, 2006) tanto sob a perspectiva dos
26
estímulos estressores quanto da percepção destes estímulos pelo indivíduo (Thornton &
Andersen, 2006).
al., 2001).
2004).
potencialmente malignas (Armaiz-Pena et al., 2009). Uma vez que a comunicação entre
o sistema nervoso central (SNC), o sistema endócrino e o sistema imunológico tem sua
contra tumores, pois funciona como uma barreira para a disseminação metastática das
células tumorais presentes no sangue. Entretanto, ainda não está claro na literatura se a
McnCain et al., 2005). Assim como o estresse crônico, a depressão clínica pode ser um
fator agravante para o risco de doenças como o câncer, dado que a depressão maior está
associada a déficits na atividade NK. Entretanto, ainda não há estudos que confirmem a
tumores cancerígenos (Armaiz-Pena et al., 2009; Reiche et al., 2005; Teng, Humes &
(Armaiz-Pena et al., 2009; Bauer, 2004; Pennix et al., 2013; Teng et al., 2005).
alimentação com maior valor energético, mais gordura e açúcar ou ainda a redução
conforme o gênero: o uso de álcool para lidar com o estresse geralmente é maior entre
mais propensos a lidar com o estresse por meio de evitação ou fuga estão mais
suscetíveis ao alcoolismo; e o apoio social: pessoas com alto apoio social fazem menor
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uso de álcool durante períodos de estresse. A combinação destes fatores com efeitos
negativas, uma vez que pessoas estressadas apresentam sono insatisfatório, diminuem a
saudáveis, e têm maior propensão ao uso de drogas e álcool (Thornton & Andersen,
2006).
desgaste chamado na literatura atual como carga alostática, afetando o que teóricos da
área chamam de alostase – a procura dos sistemas corporais pela estabilidade através da
provocar o câncer de boca, assim como o câncer de fígado. Além disso, o alcoolismo
câncer de pele, a ingestão de carne vermelha superior à ingestão de carne branca está
fígado (vírus Hepatite B e C), e vários tipos de cânceres quando o sistema imunológico
(Prado, 2014). A obesidade em mulheres após a menopausa também tem sido associada
podem sofrer menos impacto destes fatores, enquanto os tumores associados a DNA
vírus, como o HPV, EBV, vírus da hepatite B e C (HBV e HCV) sofrem mais
(gene que leva a formação de tumores malignos ou benignos) (Steel et al., 2004, citado
em que cada uma das etapas sequenciais reflete as mudanças genéticas que estimulam a
limitar o tempo de vida de cada célula. O tumor, por sua vez, cresce de maneira maligna
ser combinados conforme o estágio do tumor (INCA, 2014). Todas essas formas de
fase inicial, as chances de controle e cura do câncer são aumentadas. Assim, a cirurgia
2008).
(INCA, 2008).
em períodos de cinco dias consecutivos, com pausas de dois dias para recuperar os
tumores sólidos com ou sem metástases regionais ou em outras partes do corpo (INCA,
2008).
maioria delas atua de maneira não específica, atingindo tanto células malignas quanto
vitais, à medida que age indistintamente sobre o tumor e tecidos normais com
32
proliferação rápida, como por exemplo, o sistema hematopoiético e as mucosas. Isso faz
com que seja necessário interromper o tratamento esporadicamente para que o paciente
intensa. Dessa forma, a quimioterapia busca reduzir o tamanho das células cancerígenas,
uma vez que as células, quando em divisão celular aumentada, são mais suscetíveis à
ação dos quimioterápicos (INCA, 2008). A quimioterapia pode ser usada com finalidade
combinação pode aumentar o risco de efeitos tóxicos sobre a região tratada pela
manifestam-se por reações agudas, que surgem até três meses após o tratamento, ou
33
ainda, por reações crônicas, que geralmente ocorrem após estes três meses ou anos após
aqueles com respostas rápidas, como pele, mucosa, tecido hemocitopoiético, tecido
linfóide, aparelho digestivo, ovário e certos tumores. Os tecidos com respostas mais
lentas normalmente são internos, como tecidos ósseo, conjuntivo, muscular e nervoso
(INCA, 2008).
Por ser uma doença de causas multifatoriais, o câncer é descrito na história humana
de maneira ora temerosa, ora esperançosa, uma vez que o avanço tecnológico do
neste processo.
34
sendo construído por meio das faculdades da mente humana. Tal conhecimento
seletiva e a memória, compõe a cognição, uma vez que o aparato cognitivo interage
MacLeod & Matthews, 1997, citados por Leahy et al., 2010). A cognição configurou
advinda da terapia centrada no cliente, de Carl Rogers (Knapp & Beck, 2008).
2008).
comportamentais geram mudanças cognitivas (Knapp et al., 2004; Knapp & Beck,
começar essas mudanças pelos pensamentos, uma vez que a alteração destes impacta em
interpretações, as quais constituem a tríade cognitiva – ideias sobre si, sobre o outro e
sobre o mundo. Neste sentido, crenças nucleares são formadas a partir de experiências
longo da vida. Compõem o primeiro nível de crenças (as crenças centrais) – o mais
profundo – decorrendo daí seu caráter rígido com forte tendência a supergeneralização
ainda mais a pessoa doente, bem como sua visão de si, do outro e do mundo.
sempre são articulados entre si. O terceiro nível de cognição (o mais superficial) é o
nível dos pensamentos conscientes, simultaneamente a eles (J. Beck, 2013). São
mesmo que haja evidências objetivas que mostrem o contrário. A tendência geral destes
atribuir significados (Bahls & Navolar, 2004; Beck & Alford, 2000). Neste sentido, os
A teoria cognitiva beckiana propõe que os esquemas são formados pela tríade
(Beck & Alford, 2000). Para Young, Klosko e Weishaar (2008), os esquemas
às experiências.
uma vez que os episódios depressivos tendem a surgir e desaparecer na mesma medida
isso denominou vulnerabilidade cognitiva (Kovacs & Beck, 1978, citado por Leahy, et
al. 2010). Tais traços latentes são encontrados nos esquemas. Em pessoas deprimidas
38
negativos e rígidos no que se refere à tríade cognitiva (Kovacs & Beck, 1978).
tais esquemas (Segal e Ingram, 1994 citado por Leahy et al. 2010) de modo que tanto o
estressores que atuam de maneira diferente em cada um, mesmo quando apresentarem
predisposição interpretativa pode ser amenizada por meio de terapia (Leahy et al.,
2010).
disfuncionais são ativados por fatores externos ou internos. Isto porque, de certa forma,
comum, uma vez que diferentes formas de conceber a realidade estão associadas a
Alguns exemplos desta especificidade são descritos por Knapp et al. (2004) sob a
É comum observar sintomas destes transtornos no câncer, uma vez que diversas
a pessoa depressiva apresenta uma visão negativa abrangente de si mesma, dos outros e
do futuro (Beck, 1967; Knapp et al., 2004). Na experiência do câncer o teor negativo em
relatos de pacientes oncológicos muitas vezes pode ser uma representação condizente
com uma situação depressiva, uma vez que o diagnóstico e tratamento da doença trazem
negativa da doença, associada ainda hoje à sentença de morte, percorre seu imaginário
como: “Eu não consigo enfrentar” e “Eu sou um fracasso”, comuns entre pacientes
si, com forte autocrítica. Outras crenças negativas relacionadas ao mundo e aos outros
com câncer muitas vezes tende a concentrar seu foco de atenção em evidências para
seus pensamentos negativos. Isso possivelmente ocorre quando a redução do seu humor
incide sobre as cognições de maneira cada vez mais distorcida, levando-o a conclusões
uma vez que se caracterizam, respectivamente, por medo de perigo físico ou mental
sintomas específicos para a doença alvo de preocupação (Knapp et al., 2004; Torres &
Crepaldi, 2002).
distúrbios do sono e a fadiga (Knapp et al., 2004; Fischer & Wedel, 2012; Carlson, et
críticos condições latentes para que se manifestem, como o medo da morte, insegurança
41
Moorey, 2005). Por vezes, as pressuposições rígidas, absolutas e globais com pouca ou
Outro fator diferencial é o não preenchimento dos critérios para um outro diagnóstico,
para o tratamento psicoterápico das comorbidades envolvidas, uma vez que o transtorno
al. (2004), pessoas com este tipo de transtorno apresentam um perfil cognitivo de
Fawcett, 1992, citado por Chachamovich, Stefanello, Botega & Turecki, 2009).
cada cinco pacientes sofre de sintomas depressivos (18,3% compreende os critérios para
maior probabilidade de risco suicida entre os deprimidos e aqueles com sintomas de dor
Outro estudo, realizado na Suíça entre os anos de 1991 e 2006, analisou o risco de
Mesmo realizadas em países distintos, estas duas pesquisas parecem corroborar com
câncer.
[OCCWG], 1997 citado por Knapp et al., 2004). Embora existam poucos relatos sobre o
compulsivo no câncer.
O modelo cognitivo desde suas primeiras formulações até os estudos mais recentes
tem funcionado como uma integração da pesquisa à prática nas Terapias de base
Cognitivo-Comportamental
que interferem nas interpretações que fazemos das experiências (Knapp et. al, 2004).
APA, 2002). A temática foi estudada primeiramente por Albert Ellis (Ellis, 1959), ao
falácia (Fearnside & Holther, 1959 citado por McMullin, 2005). Outros autores, como
Gardner (1957, 1981, 1991), Randi (1989, 1995), Carl Sagan (1995), Sprague de Camp
(McMullin, 2005).
podendo levar a pessoa a conclusões inválidas sobre si, sobre os outros ou sobre o
mundo (J. Beck, 2013). Comumente isto incide em erros na atribuição de significados
com as publicações de Gardner, Fearnside e Holther, Taylor, Albert Ellis e Carl Sagan
psicoeducativas.
formados no início da vida. Entretanto, tal fato não leva a ativação dos mesmos apenas
Mesmo que não seja originado por algum trauma na infância, qualquer esquema
esquemas.
mecanismos básicos para manter o esquema, em conjunto com os padrões de vida auto-
47
errônea das experiências, a partir de uma visão distorcida, acaba por reforçar o esquema,
esta temática foi aprimorada para o uso terapêutico do construto. A categorização das
Distorções Cognitivas segundo estes três autores pode ser vista na Tabela 1.
agrupadas como distintas – por exemplo, filtro mental ou abstração seletiva e visão em
túnel – passaram a ser agrupadas num mesmo conjunto por Knapp et al. (2004), uma
vez que são mais observadas como concordantes do que discordantes. Por outro lado, há
ainda categorias que constam em um dos modelos, mas não são consideradas em outros,
inferência arbitrária (concluir por meio de um raciocínio falho ou sem provas suficientes
para isso), proposta por Teixeira (2004), supergeneralização (tirar conclusão negativa
(perceber num evento específico um padrão universal), proposta por Knapp et al. (2004)
trabalho colaborativo entre paciente e terapeuta. É durante este aprendizado que se torna
paciente atentar-se-á para a ocorrência de cada uma delas em seu cotidiano, podendo,
assim, examinar as evidências que convergem para a validade ou não de seu conteúdo
depressivo. Segundo Knapp et al. (2004), o modelo cognitivo supõe que os sintomas da
sem, entretanto, negar a importância predominante dos fatores biológicos. Este modelo
tendenciosas dos eventos, que têm por base um viés de interpretação negativa. Tal viés,
distorção; por sua vez, este humor potencializa a ativação de percepções negativamente
tornam cada vez mais negativos e o humor, mais depressivo, em um movimento espiral
DeWolf (2006). Uma vez que o ser humano é suscetível ao processamento distorcido da
mesmo quando não houver algum tipo de transtorno subjacente. Freeman e DeWolf
(2006) teorizam que um fator condicionante para isso é o limiar de estresse, o qual
funciona como uma variável que leva o indivíduo a sucumbir a uma ou mais distorções
pode ser entendida, para Freeman e DeWolf (2006), segundo fatores de vulnerabilidade,
como a fome, a raiva, o abuso de drogas, a solidão, a fadiga, a dor, doenças, perdas
casamento, etc).
Pesquisas têm apontado que situações adversas como o câncer impactam sobre o
limiar de estresse individual, levando a transtornos emocionais que podem ter seus
momentos de crise, uma vez que, além de se deparar com uma sensação de ameaça
50
a qual afeta principalmente a auto-estima da mulher, com impactos sobre sua imagem
corporal, sexualidade e funcionamento psicossocial (Neme & Lipp, 2010), são mantidas
1997; Levy et al., 1990, citados por Antoni et al., 2009). A quimioterapia pode deixar o
o efeito deles, a pessoa pode incorrer em mais erros de pensamento. Outro agravante é
que nem sempre é possível perceber nossos pensamentos de maneira exata, e ainda, o
regras ensinadas nas relações iniciais e nucleares (família, escola, religião e amigos),
51
sobre o mundo desde a sua infância. Estas crenças são denominadas crenças centrais e
são entendidas como compreensões tão fundamentais que nem sempre se consegue
É possível que durante boa parte da vida as crenças centrais sejam mantidas
relativamente positivas, como em crenças do tipo “Eu sou amável”; “Eu sou digno”.
Todavia, crenças centrais negativas podem ser ativadas durante situações de aflição
desamparo”. Quando uma pessoa percebe o mundo por meio deste paradigma, é
provável que acredite ser perigoso discordar dos outros e que seja importante procurar
ser apreciado por estas pessoas. São estes paradigmas individuais que explicam a maior
indivíduo cresce acreditando que seu paradigma é a própria realidade, e não a sua
tentando extrair sentido do ambiente. Isso leva a formação das crenças intermediárias,
diversas situações. Esta visão influencia, por sua vez, a maneira como o indivíduo
específicos, num nível mais superficial de cognição. Todos estes níveis são articulados
52
para que o sujeito funcione de forma adaptativa ao ambiente (J. Beck, 2013).
fortalecida pelos pensamentos, os quais, em essência, são produtos das crenças. Isso
sujeito, por mais inadequados que se mostrem na avaliação de seu conteúdo (J. Beck,
círculo vicioso da preocupação. O indivíduo neste estado tende a pensar que: se algo
sua preocupar-se com isso; não se deve aceitar quaisquer incertezas, é preciso ter
certeza absoluta; pensamentos negativos devem ser tratados como se fossem realmente
verdade; qualquer coisa ruim que venha a acontecer é reflexo de si mesmo; o fracasso é
imediatamente e tudo deve ser tratado como emergência. As pesquisas sobre o assunto
trazem uma compreensão sobre a forma como a preocupação funciona. Muitas vezes, as
processo adaptativo, porém, a repetição com desconforto persistente pode ser sinal de
preocupação excessiva (Cook et al., 2014). A cada fase crítica do tratamento oncológico
o paciente, quando propenso aos fatores de vulnerabilidade descritos, pode vir a ter seu
intensidade (Leahy, 2007). Isto porque a pessoa com TAG encontra-se constantemente
sucessivas. Uma vez neste ciclo, é comum a pessoa se sentir incomodada e preocupada
com a frequência e intensidade com que se preocupa. Por outro lado, de maneira geral,
problema vivenciado ou imaginado; não se pode deixar escapar nada nem ser pego de
surpresa; preocupar-se comprova a ideia de ser uma pessoa responsável (Leahy, 2007).
adversas que surgem. Contudo, uma avaliação mais exploratória revela o que há por
detrás dos pensamentos superficiais recorrentes, isto é, o que poderia estar distorcido
um evento crítico de vida como o câncer pode, neste sentido, estar embasado em
além de autocensura, ambas expressas muitas vezes sob a forma de raiva dirigida a si ou
Por meio da preocupação o sujeito pensa poder evitar que coisas piores aconteçam,
de modo a proporcionar certa adaptação a uma realidade vista por ele como incerta, fora
evitação da incerteza, ela gera uma “correlação ilusória” de que quando se preocupa e
coisas ruins não acontecem, a preocupação pode ter evitado o evento ruim,
sempre boa impressão; ruminar e remoer indefinidamente; exigir certeza e recusar o fato
maneira autocrítica; impor autoexigências sobre como se “deveria” agir; não se permitir
expressar emoções negativas e sentimentos de tristeza aos outros; acreditar que sempre
se deve lutar e não demonstrar sofrimento, pois isso é considerado um sinal de fraqueza;
antes.
adequadas ao seu perfil. Leahy (2007) propõe que o manejo da preocupação deve conter
com o que os outros pensam a seu respeito, achar que será criticado e rejeitado);
saúde (preocupar-se ansiosamente com a ideia de ter uma doença que poderia ter
Dentre estas áreas, a saúde talvez seja a mais relacionada à presente pesquisa, mesmo
que se reconheça a influência das interações sociais e dos relacionamentos, das finanças
59
saúde tendem a se sentir ansiosas devido ao medo constante de descobrir alguma doença
que imaginam que poderia ser evitada. De maneira geral, essas pessoas estão sempre
internet sobre diferentes sintomas; rejeitam qualquer reasseguramento de que sua saúde
saúde. A ansiedade também pode surtir o efeito contrário: deixar de ir ao médico, deixar
as doenças mais temidas. Estas pessoas são tomadas por uma sensação de alerta a
que queixas físicas como náusea, dores, desconfortos, fadiga e tontura sinalizam algum
tipo de câncer, tumores cerebrais e outras doenças fatais; imaginam que os médicos
podem deixar escapar algum sinal da doença nos diagnósticos e exames; preocupam-se
60
Na maioria dos casos, pessoas com uma grande preocupação com a saúde
Moorey, 2005).
pode advir da segunda, apesar de alguns estudos mostrarem que a ansiedade neste
sintomas: alta ansiedade frente a sinais de baixo risco ou falta de ansiedade diante de
subjacentes a este processo, de modo que o paciente consiga entender qual a função
possível afirmar algo com total certeza (Leahy, 2007), um fato que o paciente
2005; Carlson et al., 2004; Fischer & Wedel, 2012; Moorey, 2005; Pasquini & Biondi,
2007).
O manejo da preocupação com a saúde segue os sete passos para lidar com a
preocupação de maneira geral, conforme mencionado (Leahy, 2007). Porém, uma etapa
Leahy (2007) descreve como condutas para lidar com estas distorções: fazer um
registro dos momentos e lugares em que as preocupações com a saúde se tornam mais
intensas; delimitar um tempo limite para o registro das preocupações com a saúde; listar
e testar as previsões que se faz sobre a própria saúde; e, por fim, contestar as distorções
você está usando?”; “Qual a probabilidade de que isto realmente aconteça?”; “Qual é o
que algo realmente ruim vai acontecer?”; Você está prestando atenção na coisa
“Você está exigindo perfeição em sua saúde?”. De certo modo, as preocupações com a
saúde estão relacionadas com crenças nucleares pessoais como: não se ver capaz de
62
“inferior” ou fraco (necessidade de ser especial e único); achar que as pessoas podem
deixá-lo por estar doente (crença de abandono), ou achar que poderia ter evitado tudo
neutras, que contemplem a aceitação das condições reais da situação em que o paciente
(1995), a qual será discutida mais adiante. O uso das crenças neutralizadoras no manejo
da preocupação com a saúde sugerido por Leahy (2007) ilustra uma das formas de se
também têm sido alvo de estudo. Neste contexto, Moorey (2005) discute a
pensamentos negativos, propondo estratégias mais adaptadas para lidar com os mesmos.
psicológicos neste contexto é mantida por distorções de pensamento que operam sobre a
ao passado, sobre o que poderia ter levado à doença, como comportamentos não-
pensamentos distorcidos (Lopes et al., 2008). Dessa maneira, a linha tênue que separa
deve ser considerada (Moorey, 2005). Conforme explicitado, é possível que o uso de
tanto aqueles realistas quanto os distorcidos, e assim, facilite a redução dos seus efeitos
durante o câncer.
Outra linha de pesquisa, no entanto, aponta que a relação entre câncer e uma
Deschenes, Brisson, & Masse, 1998; Ganz, Rowland, Desmond, Meyerowitz & Wyatt,
1998; Helgeson & Tomich, 2005; citados por Tomich & Helgeson, 2006). “Uma
explicação teórica plausível para este fato é que o paciente que passou pelo câncer usa
(Tomich & Helgeson, 2006, p. 980). Isto parece decorrer do fato de que o estresse
pacientes com histórico familiar oncológico comparada com uma amostra controle de
pacientes sem este histórico mostrou que o estilo de enfrentamento negativo predispõe à
68
angústia psicológica mais forte entre indivíduos com histórico familiar, o que em geral
provocando, por conseguinte, certo desajustamento (Liu & Cao, 2014). No segundo
reatividade esteve combinada ao estilo de coping destrutivo, o qual, nesta amostra, foi
Nestes dois estudos parece haver a ideia comum acerca do papel mediador do coping
sejam afetadas por este contexto, à medida que as distorções de pensamento também se
quanto ao enfrentamento direto (Sanzovo & Coelho, 2007). Convém aqui destacar o
paralelo com Tomich e Helgeson (2006), é possível inferir que as estratégias cognitivas
prediz uma única maneira pela qual o paciente lidará com a doença ao longo de todo o
estudos ainda são insuficientes para afirmar que o coping possa ser sempre previsível,
disposicionais que ainda não estão claros como determinantes neste processo.
IV, está presente em 20% dos pacientes com câncer, enquanto 30% recebem o
doenças (Fangner, et al. 2010; Fischer & Wedel, 2012; Krebber et al., 2014). O
qualidade de vida desses pacientes (Fangner, et al., 2010; Bottino, Fráguas & Gattaz,
confundidas com a tristeza esperada em situações críticas como o câncer (Bottino et al.,
2009).
estresse pós-traumático. Em geral, pacientes com esse tipo de reação frente ao câncer se
2012).
de estresse, o chamado “distresse”, é outro sintoma que pode surgir durante o câncer e
mais de um terço da amostra foi avaliada com níveis significativos para angústia
Os dados são específicos de uma população, entretanto, a semelhança destes dados com
outros estudos dos EUA e da Europa reforçam, de certo modo, a confiança em sua
Assim, pode-se inferir que, fatores como idade mais jovem, sexo feminino, maior
relacionados aos índices de distresse nesta amostra podem ser considerados em outras
angústia emocional como o sexto sinal vital para a saúde e bem-estar, na escala de sinais
vida após o câncer (Bultz & Carlson, 2006; Carlson, Groff, Maciejewski & Bultz, 2010;
ao tratamento do câncer, assim como as técnicas utilizadas para cada uma das
comorbidades envolvidas.
foi realizado por McGregor et al. (2004). As técnicas utilizadas, com o objetivo de
resultados indicaram que, além deste grupo se tornar um espaço favorável para a
Outro grupo baseado em TCC, também realizado em dez sessões semanais, teve
duração média de duas horas, eram discutidos métodos de manejo do estresse, tais como
origem latina com câncer de próstata alcançou resultados semelhantes (Penedo et al.,
2007).
diários de relaxamento com recursos de áudio, buscou capacitar mulheres com câncer
pela doença e seu tratamento (Antoni et al., 2006). Embasada em técnicas cognitivo-
outra amostra de mulheres com câncer de mama, este modelo de grupo indicou
com menores taxas de cortisol e maior produção de citocinas TH1, quando comparadas
de Foley et al. (2010) avaliou uma intervenção grupal com 115 pacientes recém
diagnosticados com câncer. As sessões com duração de duas horas ocorreram em oito
(mindfulness). Foi proposto aos participantes que também meditassem por cerca de uma
hora por dia entre os intervalos das sessões. As entrevistas estruturadas e medidas
primeiro grupo.
variados tipos de câncer e estadiamento de tumor, com idade entre 20 e 60 anos, todas
realizados em oito sessões semanais, com duração de quarenta minutos. Avaliações por
indicadores de ansiedade e desesperança, porém este efeito não foi constatado nos
intervalos entre as sessões. Os autores levantam duas hipóteses para este resultado: as
74
com os desafios da doença; e, apesar de treinadas, elas podem não ter exercitado o
propõem que novos estudos sejam realizados novos estudos sejam realizados, visando a
relaxamento progressivo.
depressão maior em pacientes com câncer. As sessões tiveram como foco terapêutico
inicial a identificação pelo paciente de suas atividades mais prejudicadas pela doença,
por meio de um registro escrito hierárquico dos objetivos a serem alcançados com a
identificação de erros cognitivos, assim como o manejo do sono, treino para resolução
bons resultados, esta é uma amostra pequena (n = 18), a qual não foi comparada a
nenhum grupo controle, e, portanto, não é possível generalizar que o tratamento breve
de sintomas da depressão maior entre pacientes com câncer seja o mais adequado. Mais
de transtorno depressivo maior, sendo a maioria do sexo feminino, com idade média de
Dessa forma, o estudo revelou significativa melhora nos sintomas depressivos e na auto-
avaliação dos mesmos, além de mudanças em sequelas do câncer, como a fadiga e a dor.
4.4.1 Fadiga
fadiga atribuídos. Cerca de 396 pacientes com câncer e fadiga participaram do programa
comparada a um grupo controle com foco exclusivo em nutrição, a amostra revelou uma
importante diminuição nos níveis de fadiga, mesmo que o programa não tenha afetado a
catastrófico é um dos fatores que pode vir a manter a fadiga durante ou após o
fenômeno da fadiga.
4.4.2 Náuseas
O tratamento quimioterápico pode ser visto como aversivo para alguns pacientes
com histórico de ansiedade fóbica a procedimentos médicos. Isto se deve, muitas vezes,
observando um pai com fobia de sangue, agulhas e assim por diante. Tais
caso do câncer, pode provocar uma ruminação excessiva (preocupar-se com o que pode
treinamento de relaxamento (Morin & Benca, 2012, citado por Garland et al., 2014).
sobreviventes do câncer de mama com queixas de insônia crônica. Para tanto, foram
permanência na cama, bem como nos níveis de despertar após o início do sono. Em
revisão sistemática, Garland et al. (2014) concluíram que os estudos sobre o uso da
Métodos cognitivos visam ensinar o paciente com dor a controlar sua intensidade,
frequência e duração (Graner, Junior & Rolim, 2010). Um estudo realizado por Robb,
programa teve duração de três a seis meses, com sessões individuais de sessenta
4.4.5 Sexualidade
serem realizados em casa. Buscou-se promover estratégias para manejo dos transtornos
4.4.6 Obesidade
Mefferd, Nichols, Pakiz e Rock (2007) testaram a eficácia de uma intervenção baseada
O enfrentamento do câncer por meio das técnicas descritas, salvo suas limitações e
cognitivas no adoecimento do câncer, alvo desta pesquisa, ainda precisam ser melhor
investigar a natureza dos fatores que predizem o sofrimento no câncer como forma de
estímulo à criação de mais técnicas que atuem de maneira eficaz sobre pensamentos
sobrevivente da doença.
estejam entre estes fatores. Esta hipótese se sustenta na ideia comum à abordagem
de controle, comum entre pacientes oncológicos, sendo um dos fatores responsáveis por
comportamental coping cards (J. Beck, 1995) ao contexto do câncer e seu tratamento,
seguir.
81
desenvolvido por Judith Beck (1995), por meio do que se denominou coping cards:
cartões podem funcionar como lembretes de fácil acesso, com informações práticas
terapeuta a ler seus coping cards regularmente (por exemplo, três vezes ao dia), bem
como sempre que julgar necessário (J. Beck, 1995; J. Beck, 1997).
Em traduções para o português, o termo coping cards tem sido associado a cartões
de enfrentamento (J. Beck, 1997; J. Beck, 2013; Neufeld et al., 2012); fichas ou cartões
al., 2004).
(1995) delimita que coping cards refere-se a cartões que se destinam a três objetivos
motivadoras.
uma ferramenta útil em intervenções com pacientes que têm dificuldades em avaliar
82
reorientação não conseguem ser efetivas. É desejável que o paciente leia o cartão
regularmente, de maneira que se torne cada vez mais propenso a integrá-lo ao seu
processamento cognitivo.
Em seguida, terapeuta e paciente discutem quais os momentos serão mais úteis para
ler o cartão, por exemplo, no café da manhã, almoço, jantar, bem como em pontos
estratégicos do dia, conforme o contexto das queixas trazidas pelo paciente (J. Beck,
1995).
coping card:
(Lado 1)
Pensamento automático
FIGURA 1
______________________________________________________________________
Coping card 1 - Lado 1 (J. Beck, 1995, p. 215)
83
(Lado 2)
Resposta adaptativa
Bem, eu poderia sentir que não consigo fazer isso, mas isso pode não ser verdade.
Muitas vezes, no passado, eu pensei que não conseguiria ler e entender esse texto, mas
se eu realmente continuo e abro o livro e começo a ler, eu de fato entendo, pelo menos
até um certo ponto. Pode ser difícil, mas provavelmente não é verdade que eu não
consiga fazer isso. O pior que pode acontecer é que eu começarei a ler e não entenderei,
mas, então, eu posso parar ou perguntar para alguém sobre isso, ou fazer outro trabalho
em vez desse. Isso seria melhor do que simplesmente não tentar. Pensamentos negativos
apenas abalam a minha motivação. Eu deveria continuar a testar a ideia de que eu não
FIGURA 2
______________________________________________________________________
Coping card 1 - Lado 2 (J. Beck, 1995, p. 215)
Enfrentamento”, com as ideias que o paciente julgar mais úteis (J. Beck, 1995). Uma
vez que este tipo de cartão se refere a situações específicas, o registro das anotações
FIGURA 3
______________________________________________________________________
Coping card 2 (J. Beck, 1995, p. 216).
desmotivado a alcançar suas metas de terapia, ou demonstra pouco ânimo para realizar
leituras diárias do cartão, por meio do exame das vantagens e desvantagens de lê-lo,
bem como especificando horários para ler o cartão e encorajando-o a responder aos
pensamentos automáticos que possam vir a inibir esta tarefa (J. Beck, 1995).
Pode-se inferir, dessa forma, que este modelo de coping card demanda um trabalho
1. Relembrar a mim mesmo de que isso não é grande coisa. O pior que pode acontecer é
2. Lembrar que isso é uma experiência. Mesmo que ela não funcione desta vez, é uma
3. Se ele for indelicado, provavelmente isso não tem nada a ver comigo. Ele pode estar
4. Mesmo que ele não possa me ajudar, e daí? Será um fracasso dele como professor,
não meu como aluno. Isso significa que ele não está fazendo o trabalho dele de forma
adequada.
85
5. Então, eu deveria ir procurá-lo agora. Lembre-se, na pior das hipóteses, é uma boa
prática.
FIGURA 4
______________________________________________________________________
Coping card 3 (J. Beck, 1995, p. 216).
Therapy: Basics and Beyond” (J. Beck, 1995) apresenta o conceito de coping cards
objetivos a que se destina a técnica desenvolvida por J. Beck (1995), o formato que os
cartões devem ser confeccionados, com a conversão das dimensões para as medidas
utilizadas no Brasil (8 x 13 cm) e descreve como a técnica deve ser utilizada para seus
teoria e prática” (J. Beck, 2013). O conceito coping cards não sofre alterações na
propõe o uso dos cartões de enfrentamento como uma ponte entre o processo de
uma vez que ajudam o paciente a avaliar seu pensamento, identificando e respondendo
às cognições disfuncionais.
imagens e/ou crenças) buscando saber como elas impactam sobre o comportamento e
Isto se faz por meio da avaliação da validade e utilidade das cognições e/ou por meio
Beck, 2013).
paciente, uma vez que sujeita a cognição a testes comportamentais onde o paciente se
depara com experiências que o levam a refutar a validade das cognições antes vistas
O cartão de enfrentamento (Figura 5) pode ser útil quando houver alguma limitação
Quando eu pensar “Eu prefiro ficar na cama”, dizer a mim mesma que eu sempre me
sinto um pouco melhor quando faço alguma coisa e pior quando não faço nada.
FIGURA 5
______________________________________________________________________
Cartão de Enfrentamento (J. Beck, 2013, p. 210).
borderline.
explicativas para situações que entendia como erradas ou, em que percebia as pessoas
foi orientada a lê-los nos momentos em que percebia sentimentos de raiva, de maneira
que pudesse olhar as situações sob um ponto de vista diferente daquele padrão
disfuncional até então compreendido como verdade absoluta. Neste sentido, os cartões
uma ferramenta a ser lida não apenas quando o paciente se depara com situações
difíceis, mas regularmente no seu dia a dia, funcionando como uma preparação para
situações críticas.
pacientes que demonstram não acreditar que seus pensamentos podem estar distorcidos
e aqueles que não percebem diminuição dos sentimentos negativos após avaliar e
pensamentos interferentes, uma vez que tal crença está associada a regras pessoais de
88
que, ao se sentir melhor, alguma coisa ruim acontecerá. Além disso, estes pacientes
podem ter medo de descobrir que seus pensamentos são de fato verdadeiros, ou ainda,
atribuir um significado rígido para a descoberta de que seus pensamentos não são
verdadeiros, como, por exemplo, “Se meus pensamentos estão errados significa que eu
pensamentos distorcidos nas discussões terapêuticas pode não ser suficiente para uma
mudança efetiva. O terapeuta deve, assim, atuar por meio de técnicas facilitadoras para
Experimentos Comportamentais para testar regras pessoais (J. Beck, 2007). O índice de
termos da obra “Terapia Cognitiva para desafios clínicos: o que fazer quando o básico
não funciona” de J. Beck (2007) também denomina as fichas como cartões de auto-
ajuda, possivelmente referindo-se ao termo original, coping cards, uma vez que as
fichas são mostradas ao longo da obra abrangendo seus três tipos de cartões (ver
exemplos a seguir).
melhor.
menos que eu tente. Mesmo que elas não me ajudem a sentir melhor em um curto
FIGURA 6
______________________________________________________________________
Ficha (J. Beck, 2007, p.209).
89
- Caminhar.
- Fazer pão.
FIGURA 7
______________________________________________________________________
Ficha (J. Beck, 2007, p. 265).
Não há motivo para manter a fantasia de ser salva. Ela é destrutiva e em longo prazo me
causará muita dor. Se eu trabalhar para me resgatar, posso ter uma vida melhor. Quando
eu penso que não é possível, posso me lembrar que a depressão é como uma máscara
preta sobre meu rosto, que me faz ver o futuro de maneira depressiva e irreal.
FIGURA 8
______________________________________________________________________
Ficha (J. Beck, 2007, p. 213).
Outra aplicação adaptada da técnica é proposta por Cordioli (2004) para o tratamento
Cordioli sugere ao paciente com TOC dez passos básicos para o início da terapia:
escolher os exercícios mais fáceis para garantir que a auto-estima aumente a cada etapa
novos somente quando os antigos estiverem mais atenuados; fazer o exercício até a
junto com o terapeuta, como um treinamento para exercícios individuais; lembrar que a
aflição é passageira, pois é durante os exercícios que se consegue testar a crença de ser
lembretes propostos por Cordioli (2004) são: “Minha aflição não vai durar para sempre!
Vai chegar um momento em que ela vai passar!”; “Colocar crenças arraigadas em
dúvida é o primeiro passo para modificá-las!”; “Riscos fazem parte da vida e não há
como evitá-los, por mais que se queira!”; “É inútil perder tempo com eventos
eventos bem mais prováveis de acontecer, e você não se preocupa com eles”; “Pensar é
apenas pensar. Não é cometer ou praticar!”; “Se eu pensar bastante, meu grau de certeza
91
não vai aumentar!”; “Lapsos não devem ser interpretados como fracassos”. Dessa
intuito de reescrevê-las.
1980, citado por Knapp et al., 2004). As regras disfuncionais são crenças que
possivelmente guiaram o indivíduo ao longo de toda a sua vida, sendo, dessa forma, a
sua natureza, seu jeito de ser. O cérebro precisa aprender a pensar diferente para que se
ser constantemente lembrados e gradativamente colocados no lugar dos antigos, até que
se elas, sua segunda natureza (Fennell, 1989, citado por Knapp et al., 2004). O uso de
e exemplos práticos relatados pelos autores da área, pode-se inferir que os diferentes
Fazendo um paralelo, parece ser possível afirmar que o modelo de fichas (J. Beck,
2007) compõe os cartões que mais se aproximam dos três tipos originais, pois podem
ser usadas tanto para registrar pensamentos automáticos e suas respectivas respostas
cards para o português (J. Beck, 1997), estão mais próximos do estilo de coping card
críticas.
que altera o percurso natural da vida, colocando o paciente frente a estressores de alta
carga emocional.
esforços que o indivíduo dedica a fim de modificar o evento estressor, com o objetivo
Além disso, sob o impacto de emoções fortes, como o câncer, as pessoas costumam
concreto (Lopes & Alves, 2009). As operações concretas neste nível são mais fáceis de
esquema a fim de acomodar aqueles novos estímulos, que não conseguia assimilar”
A breve revisão teórica sobre a técnica coping cards (J. Beck, 1995), amplamente
transtornos psiquiátricos, demonstra, portanto, que este pode ser um método adequado
associado à compreensão mais tangível daqueles pensamentos que nem sempre são de
fácil acesso consciente, embora sejam derivados do nível mais superficial de crenças.
94
Capítulo 6 - Objetivo
câncer para o lado frontal do cartão, e crenças neutralizadoras para o verso do cartão,
conteúdo dos cartões foi adaptado para pacientes oncológicos adultos a partir do modelo
de distorções cognitivas proposto por J. Beck (1997; 2013) e Knapp et al. (2004).
95
Capítulo 7 - Método
7.1 Material
Estas afirmações foram embasadas na literatura da área, isto é, em artigos e livros que
2004).
A prova de juízes foi dividida em duas etapas: Prova de Juízes Parte A e Prova de
Juízes Parte B. Em ambas haviam explicações breves dos construtos a serem avaliados,
Parte A, cada afirmação deveria ser julgada conforme a presença ou ausência de alguma
resposta.
cartões conforme o modelo coping cards proposto por J. Beck (1995). Os participantes
7.2 Procedimentos
Número 320330 - Anexo A), realizou-se primeiramente o contato com seis especialistas
Uma das formas de se questionar tais pensamentos é o modelo coping card proposto
por J. Beck (1995), também conhecido como cartões de enfrentamento (J. Beck, 1997),
cartões-lembrete (Knapp et al., 2004) e fichas ou cartões de auto-ajuda (J. Beck, 2007).
O instrumento proposto nesta pesquisa assemelha-se à técnica coping cards (J. Beck,
avaliação. Desse modo, a catastrofização foi expressa na curta frase “Eu não suportarei
funcionando”, a polarização em “Depois do câncer, sinto que não há nada pior para
leitura mental; por meio do uso de advérbios de negação (não) e intensidade (nada,
apenas), como se pode perceber em “Eu não devo me abalar com o diagnóstico”, “Faço
o tratamento, mas nada me deixa seguro (a)”, “Melhorei com o tratamento, mas isso foi
orações que expressem tanto a aceitação das condições reais impostas pelo câncer, no
geralmente podem ter dificuldades, mas isso não quer dizer que eu nunca mais vou
98
poder fazer minhas coisas. Pelo contrário, vou respeitar o tratamento, me cuidando
e seu tratamento.
99
para o estudo foi uma prova de juízes. Comumente na análise dos resultados usa-se o
índice Kappa (k), que aponta a concordância não aleatória entre dois ou mais
observadores (Pinto, Lopes, Oliveira, Amaro & Costa, n.d.). O índice Kappa é
influenciado pelo fator “tipo de evento” julgado. Nesse tipo de influência o tamanho da
amostra de juízes afeta o resultado final. Quanto ao fator “tipo de evento”, temos que o
onde as observações são realizadas (Landis & Koch, 1977). Quando o julgamento é
muito uniforme, como no caso desta pesquisa, não há efeito do acaso, gerando um
está presente no julgamento da frase”. Para a primeira categoria foi atribuído o valor 1,
enquanto para a segunda, o valor 0 (zero), uma vez que, o cálculo de Kappa foi
(zero). Realizada a transformação da escala nominal para uma escala binária, utilizou-
categorias de uma variável dicotômica para as freqüências que são esperadas em uma
Castellan, 2006).
Na análise dos resultados utilizou-se o teste Binomial unilateral para ambas as etapas
presente seria maior do que a distorção estar ausente no julgamento dos juízes.
cognitiva estar presente seria maior do que a neutralização da distorção estar ausente no
Capítulo 9 - Resultados
9.1 Participantes
tanto para a amostra total quanto para a subamostra foi a resposta completa a todos os
Gerais, Prova de Juízes Parte A e Prova de Juízes Parte B). Na subamostra, outro
Psicologia Hospitalar.
Do total de juízes especialistas em TCC, 80% eram do sexo feminino e 20% do sexo
masculino, com idade média de 38 anos (DP=8,94). A amostra foi constituída por
média há 8 anos (DP=7,9), que atuam na área clínica e/ou são professores no Ensino
O julgamento das distorções presentes em cada uma das frases que podem compor a
frente do cartão coping card para distorções no câncer pode ser visto na Tabela 3, que
Tabela 3
Distorções cognitivas indicadas pela amostra total de especialistas (AT) e subamostra
de especialistas que atuam em Psicologia Hospitalar (APH)
(continua)
102
Tabela 3 (continuação)
Frases Distorções Cognitivas (AT) Distorções Cognitivas (APH)
Frase 1
Catastrofização=85% Catastrofização=100%
Quando recebi o diagnóstico Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
pensei que minha vida se Polarização=0% Polarização=0%
tornaria terrível. Abstração seletiva=10% Abstração seletiva=0%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=0% Rotulação=0%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=0% positivo=0%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=5% Hipergeneralização=0%
Imperativo= 0% Imperativo= 0%
Questionalização= 0% Questionalização= 0%
Não há distorção=0% Não há distorção=0%
(continua)
103
Tabela 3 (continuação)
Frase 5 Catastrofização =10% Catastrofização=0%
Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
Depois que se tem câncer não Polarização=30% Polarização=20%
se pode fazer mais nada. Abstração seletiva=15% Abstração seletiva=20%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=15% Rotulação=20%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=0% positivo=0%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=30% Hipergeneralização=40%
Imperativo=0% Imperativo=0%
Questionalização=0% Questionalização=0%
Não há distorção=0% Não há distorção=0%
(continua)
104
Tabela 3 (continuação)
Frase 9 Catastrofização =0% Catastrofização=0%
Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
As pessoas me olham estranho Polarização=0% Polarização=0%
depois do diagnóstico do Abstração seletiva=5% Abstração seletiva=0%
câncer. Leitura mental=60% Leitura mental=60%
Rotulação=0% Rotulação=0%
Desqualificação do Desqualificação do positivo=0%
positivo=0% Personalização=20%
Personalização=15% Hipergeneralização=0%
Hipergeneralização=0% Imperativo=20%
Imperativo=20% Questionalização=0%
Questionalização=0% Não há distorção=0%
Não há distorção=0%
(continua)
105
Tabela 3 (continuação)
Frase 13 Catastrofização =0% Catastrofização=0%
Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
Melhorei com o tratamento, Polarização=0% Polarização=0%
mas isso foi apenas sorte. Abstração seletiva=5% Abstração seletiva=0%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=15% Rotulação=20%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=80% positivo=80%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=0% Hipergeneralização=0%
Imperativo= 0% Imperativo= 0%
Questionalização=0% Questionalização=0%
Não há distorção=0% Não há distorção=0%
(continua)
106
Tabela 3 ( continuação)
Frase 17 Catastrofização=15% Catastrofização=20%
Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
Na minha família todos com o Polarização=10% Polarização=0%
diagnóstico de câncer morrem Abstração seletiva=0% Abstração seletiva=0%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=10% Rotulação=20%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=0% positivo=0%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=50% Hipergeneralização=40%
Imperativo=10% Imperativo=20%
Questionalização=0% Questionalização=0%
Não há distorção=5% Não há distorção=0%
(continua)
107
Tabela 3 ( continuação)
Frase 21 Catastrofização=50% Catastrofização=60%
Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
E se eu receber outro Polarização=0% Polarização=0%
diagnóstico de câncer? Abstração seletiva=0% Abstração seletiva=0%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=0% Rotulação=0%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=0% positivo=0%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=0% Hipergeneralização=0%
Imperativo= 0% Imperativo=0%
Questionalização=30% Questionalização=20%
Não há distorção=20% Não há distorção=20%
Frase 22
Catastrofização=35% Catastrofização=40%
E se o tratamento não der Raciocínio emocional=0% Raciocínio emocional=0%
certo? Polarização=0% Polarização=0%
Abstração seletiva=10% Abstração seletiva=20%
Leitura mental=0% Leitura mental=0%
Rotulação=0% Rotulação=0%
Desqualificação do Desqualificação do
positivo=10% positivo=20%
Personalização=0% Personalização=0%
Hipergeneralização=0% Hipergeneralização=0%
Imperativo= 0% Imperativo=0%
Questionalização=20% Questionalização=0%
Não há distorção=25% Não há distorção=20%
Tabela 4
Distribuição Binomial em frases elaboradas para avaliar distorções cognitivas
(amostra total)
Tabela 4 (Continuação)
FRASE 12 0,9999799
FRASE 13 0,9999799
FRASE 14 0,999999046
FRASE 15 0,9999799
FRASE 16 0,999999046
FRASE 17 0,9999799
FRASE 18 0,999999046
FRASE 19 0,999798
FRASE 20 0,9999799
FRASE 21 0,9999799
FRASE 22 0,9999799
A Tabela 5 e a Tabela 6 apresentam o alfa de Cronbach para cada uma das frases,
indicando com que precisão a frase avaliou a presença de distorção cognitiva. Cabe
destacar que o alfa de Cronbach é uma estimativa do erro da medida, por isso, alfas
abaixo de 0,70 indicam itens não adequados para compor o instrumento. Nota-se que
nenhuma das frases que compõem a Parte A do instrumento recebeu um alfa menor que
0,7, tanto para a amostra geral (Tabela 3), quanto para a subamostra de especialistas em
TCC com atuação em Psicologia Hospitalar (Tabela 4). Além disso, o alfa de Cronbach
a = 0,8654.
Tabela 5
Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases com distorções cognitivas
avaliadas pela amostra total de especialistas em TCC
Frase Valor de alfa
FRASE 1 0,8115
FRASE 2 0,8115
FRASE 3 0,7683
FRASE 4 0,8232
FRASE 5 0,7963
FRASE 6 0,8123
FRASE 7 0,8026
FRASE 8 0,8123
FRASE 9 0,7963
FRASE 10 0,7920
FRASE 11 0,8115
(continua)
109
Tabela 5 (Continuação)
FRASE 12 0,8232
FRASE 13 0,7714
FRASE 14 0,7920
FRASE 15 0,8333
FRASE 16 0,7963
FRASE 17 0,7911
FRASE 18 0,8231
FRASE 19 0,7841
FRASE 20 0,7714
FRASE 21 0,8232
FRASE 22 0,7714
A) foi de a 0,8097.
Tabela 6
Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases com distorções cognitivas
avaliadas pela subamostra de especialistas em TCC com atuacão em Psicologia
Hospitalar
subamostra tem uma avaliação mais precisa que a amostra como um todo (Tabela 6).
presença de crenças neutralizadoras. Nota-se que todas as frases apresentam algum tipo
Tabela 7
A Tabela 8 e a Tabela 9 apresentam o alfa de Cronbach para cada uma das frases
indicando com que precisão a frase avaliou a presença de crenças neutralizadoras para
111
distorções cognitivas. Nota-se que, assim como demonstrado na Parte A, nenhuma das
frases que compõem a Parte B do instrumento recebeu um valor de alfa menor que 0,7,
tanto para a amostra geral (Tabela 8), quanto para a subamostra de especialistas em
TCC com atuação em Psicologia Hospitalar (Tabela 9). Além disso, o valor de alfa de
Tabela 8
Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases contendo crenças
neutralizadoras para distorções cognitivas avaliadas pela amostra total de
especialistas em TCC
Frase avaliada Valor de alfa
FRASE 1 0,9001
FRASE 2 0,8947
FRASE 3 0,8698
FRASE 4 0,8679
FRASE 5 0,8879
FRASE 6 0,8688
FRASE 7 0,8919
FRASE 8 0,8879
FRASE 9 0,8688
FRASE 10 0,8688
FRASE 11 0,8901
FRASE 12 0,8901
FRASE 13 0,8688
FRASE 14 0,8943
FRASE 15 0,8679
FRASE 16 0,8879
FRASE 17 0,8929
FRASE 18 0,8688
FRASE 19 0,8683
FRASE 20 0,8679
FRASE 21 0,8879
FRASE 22 0,8698
B) foi a 0,8858.
112
Tabela 9
Coeficiente alfa de Cronbach para cada uma das frases contendo crenças
neutralizadoras para distorções cognitivas avaliadas pela subamostra de especialistas
em TCC com atuação em Psicologia Hospitalar
Frase avaliada Valor de Alfa
FRASE 1 0,9545
FRASE 2 0,9418
FRASE 3 0,9297
FRASE 4 0,9297
FRASE 5 0,9418
FRASE 6 0,9297
FRASE 7 0,9418
FRASE 8 0,9418
FRASE 9 0,9297
FRASE 10 0,9297
FRASE 11 0,9418
FRASE 12 0,9418
FRASE 13 0,9297
FRASE 14 0,9418
FRASE 15 0,9297
FRASE 16 0,9418
FRASE 17 0,9418
FRASE 18 0,9297
FRASE 19 0,9297
FRASE 20 0,9297
FRASE 21 0,9418
FRASE 22 0,9297
Hospitalar (Parte B) foi a 0,9392. De forma geral, a subamostra tem uma avaliação
9.4 Resultado Qualitativo: Coping cards (J. Beck, 1995) no tratamento cognitivo-
pesquisa com base em critérios psicométricos. Este instrumento foi embasado na técnica
Por outro lado, aproxima-se da técnica original de Judith Beck (1995) no sentido de que
oncológicos.
A partir dos resultados das provas de juízes, foram elaborados coping cards
pelos especialistas da amostra total na “Parte A” da prova de juízes, visto que o Teste
distorções cognitivas em todas as afirmativas (Siegal & Castellan, 2006). O verso, por
sua vez, contém todas as afirmativas julgadas pelos especialistas da amostra total na
“Parte B” da prova de juízes, visto que o Teste Binomial indicou p>50 (Siegal &
Castellan, 2006), isto é, mais de 50% dos juízes concordaram que as afirmativas sobre
114
Os coping cards devem ser utilizados em contexto terapêutico como uma ferramenta
conhecimento sobre distorções cognitivas (Knapp et al., 2004; Teixeira, 2004; J. Beck,
1997).
115
Capítulo 10 - Discussão
entre 0,9 e 1,0), quanto na Prova de Juízes Parte B (valores de P entre 0,9 e 1,0). Isto
pensamentos automáticos na frente do coping card (Prova de Juízes Parte A), e crenças
adversas ao indivíduo (J. Beck, 1997; 2013). Segundo Knapp et al. (2004), as distorções
apresentar mais de uma distorção em uma mesma situação. Desse modo, as distorções
podem enviesar pensamentos, mesmo quando não houver algum tipo de transtorno
oncológicos, tanto no diagnóstico quanto no tratamento do câncer (p > 50), com valores
acima de 0,7 em frases com distorções cognitivas avaliadas pela amostra total de
probabilística deste tipo, foi pequeno tanto no julgamento das frases (itens) pela amostra
que as frases (itens) construídas para compor a frente do instrumento coping card para
fundamentou-se na identificação daquela que o juiz pressupôs mais evidente, uma vez
que foram convidados a optar somente por uma resposta em cada item. Desse modo,
uma única distorção. Exemplo disso é observado na Frase 3 “Depois do câncer, sinto
que não há nada pior para acontecer na minha vida”, onde a amostra total de
julgou que, no contexto do câncer, esta frase poderia representar mais de uma distorção
(20%) e imperativo (20%). Segundo J. Beck (2013), por mais que se tente delimitar uma
interpretativo de quem a analisa, uma vez que a cognição exerce papel mediacional no
117
esperada para algumas frases levou à escolha de distorções cognitivas variadas, como na
Frase 7 “Com o diagnóstico do câncer, não penso em outra coisa”, a qual obteve
porcentagens de 30% para abstração seletiva, 20% para hipergeneralização, 15% para
em iguais proporções (ver Tabela 3). Isso demonstra que os especialistas em TCC
para cada item, porém, com um olhar ampliado para identificar mais de uma distorção
complementar no conteúdo de cada frase, pois, como afirma Moorey (2005), o universo
em prova de juízes por especialistas dependerá do significado atribuído por cada um,
das frases quanto à identificação de uma distorção cognitiva ou outra mais tipicamente
sobrepostas. Neste sentido, foi comum nesta subamostra encontrar frases classificadas
rígido.
sobre o indivíduo em si, com forte autocrítica, autoexigência e culpa. Moorey (2005)
oncológico a procurar por apoio, fazendo com que ele deixe de expressar sentimentos
al., 2010; Fischer & Wedel, 2012; Knapp et al., 2004; Moorey, 2005). Quando reduzido,
o humor tende a distorcer cada vez mais as cognições, abrindo espaço para conclusões
fiz para merecer isso?” (ver Tabela 3) supostamente despertam dois tipos de
caracterizada por questionamentos que o indivíduo faz a si mesmo (Knapp et al., 2004).
prova de juízes, foram classificadas tanto pela amostra total quanto pela subamostra de
câncer?”; “E se o tratamento não der certo?” (ver Tabela 3). De fato, questionamentos
podem ser enviesadas por distorções (Leahy, 2007), as quais, segundo os juízes dessa
desnecessário ao paciente.
contendo elementos da terapêutica médica (p>50) com valores de P variando entre 0,9 e
pequeno tanto no julgamento das frases (itens) pela amostra total quanto pela
(itens) construídas para compor o verso do instrumento coping card para pacientes com
porventura não conseguem acreditar que seus pensamentos podem estar distorcidos,
bem como àqueles que não se sentem tranquilos após avaliar e responder aos seus
pensamentos automáticos (J. Beck, 2007). Diante deste desafio, o terapeuta pode lançar
mão de técnicas manuscritas, como o modelo coping card desenvolvido por J. Beck
adversidade encontrada.
122
Por meio desse dispositivo, o paciente poderá entrar em contato com pensamentos
automáticos que, sob o impacto de emoções fortes, dificilmente podem ser questionados
apenas com intervenções orais. A cada nova informação sobre o câncer e seu
tratamento, o paciente é impelido a acomodar novos estímulos, que, por vezes, esbarram
mais regredida, sendo interessante o uso de técnicas mais facilmente acomodadas pelo
estado de humor (Lopes & Alves, 2009). Desse modo, o material escrito no verso
(coping cards) pode servir como um registro escrito adaptado para mediar o processo de
psíquico (Basco & Rush, 2005). Como consequência, o paciente assume uma postura
mais ativa no seu tratamento, tornando-se cada vez mais colaborativo na medida em que
processo terapêutico, uma vez que as crenças do paciente são abordadas de forma
Conforme dito, as crenças nucleares, também denominadas crenças centrais, não são
disfuncionais e substituí-los por outros mais adaptativos. Nem sempre há mudança das
crenças nucleares mais rígidas e inflexíveis. Nestes casos, o paciente aprende a conviver
primeiramente, sobre níveis de crenças mais superficiais. De certo modo, isso facilita o
124
atividades que aumentem a satisfação e domínio sobre suas ações, para que, dessa
forma, se sintam melhor, mais bem dispostos. Em outros momentos, pode ser necessário
ajudar o paciente a reconhecer que esperar se sentir melhor para, somente então,
envolver-se nesses tipos de atividades não funciona, pois pode estar sintomático e ser
prejudicado por isso. Há ainda os pacientes que acreditam que precisam estar motivados
antes de fazer algo proposto em terapia. Em todos estes casos, é recomendado o uso de
Nesta perspectiva, o instrumento coping cards (J. Beck, 1995) adaptado para o
Além disso, o instrumento proposto por esta pesquisa avança na construção de novas
Considerações Finais
estressoras (Armaiz-Pena et al., 2009; Bauer, 2004; McDonald et al., 2013; Reiche et
insônia, podem aumentar o risco para o câncer e dificultar seu tratamento (Bauer, 2004).
Dessa maneira, o câncer é uma doença de causas multifatoriais que desafia o indivíduo,
médica e psicológica.
esquemas, os quais podem ser acometidos de maneira diferente, mesmo que sejam de
ansiedade, uma vez que o indivíduo defronta-se com condições latentes críticas, como o
processamento das informações, para que tais mudanças incidam sobre respostas
(Moorey, 2005).
ganhos terapêuticos, tendo em vista que enfraquece a ideia de que estes pensamentos
tenham real utilidade (Knapp, et al., 2004), instigando o indivíduo a testar suas regras
Beck, 1995) adaptada para pacientes oncológicos viabilizou propor uma avaliação mais
críticas da doença.
cenário científico de poucos estudos acerca dos fatores que predizem o sofrimento e a
centrais que somente são ativadas em situações de aflição psicológica (J. Beck, 1997).
Uma vez que a maior suscetibilidade a um tipo de distorção cognitiva do que a outro
varia conforme os paradigmas individuais (J. Beck, 1997), o instrumento produto deste
trabalho poderá, em última instância, ser utilizado também para diagnosticar crenças
atua sobre a vulnerabilidade cognitiva, a qual, mesmo resistente a mudanças, pode ser
130
semelhantes. Isso amplia o processo decisório por uma e/ou por outra no julgamento de
mesma afirmativa, mecanismo que se repetiu diversas vezes. Isto reforça a importância
fator que foi limitante neste trabalho, tendo em vista que o instrumento foi submetido
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140
ANEXOS
Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada Distorções
cognitivas em pacientes oncológicos: instrumento cognitivo-comportamental de
avaliação e psicoeducação, sob a responsabilidade dos pesquisadores Renata Ferrarez
Fernandes Lopes (pesquisador responsável) e Vanessa Souza Santana (orientanda de
mestrado).
Na sua participação você será convidado a responder uma prova de juízes. A prova de
juízes consiste em duas partes “A” e “B”. Na primeira parte (A), solicitaremos que você
leia as 22 afirmações que poderão compor o jogo e as classifique em 12 categorias:
catastrofização, raciocínio emocional, polarização, abstração seletiva, leitura mental,
rotulação, desqualificação do positivo, personalização, hipergeneralização, imperativo,
questionalização e ausência de distorção cognitiva (J. Beck, 2013). Já na segunda parte
(B), você será convidado a classificar 22 frases como sendo afirmações que podem ser
consideradas representativas ou não de crenças neutralizadoras (J. Beck, 1997),
adaptadas para o contexto do câncer. Além disso, será solicitado que você responda um
questionário com dados gerais: sexo; idade; tempo de formação da especialização e a
instituição; tempo de experiência profissional e tempo de experiência profissional com
pacientes oncológicos. Os dados coletados serão posteriormente analisados por
estatística descritiva através do pacote estatístico SPSS.
Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa.
Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum
prejuízo ou coação.
Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você.
Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com Renata
Ferrarez Fernandes Lopes, pesquisadora responsável por esta pesquisa e vinculada à
Universidade Federal de Uberlândia. Endereço para contato: Laboratório de Psicologia
Experimental. Instituto de Psicologia - IPUFU. Campus Umuarama - Bloco 2C - Sala
38 Av. Pará, 1720 - Bairro Umuarama- Uberlândia - MG - CEP 38400-902 Fone: (34)
3218 2235. Poderá também entrar em contato com o Comitê de Ética na Pesquisa com
Seres-Humanos – Universidade Federal de Uberlândia: Av. João Naves de Ávila, nº
2121, bloco A, sala 224, Campus Santa Mônica – Uberlândia –MG, CEP: 38408-100;
fone: (34) 3239 4131.
_______________________________________________________________
Assinatura dos pesquisadores
Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente
esclarecido.
_________________________________________________________________
Participante da pesquisa