Pge Pernambuco - Julgados Importantes
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Amigos,
A ideia é que façam a leitura dos julgados importantes para fixação dos
referidos temas.
Vamos juntos!
Equipe AprovaçãoPGE
DIREITOS RESERVADOS. É VEDADA, POR QUAISQUER MEIOS E QUALQUR TÍTULO, A SUA REPRODUÇÃO, CÓPIA, DIVULGAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO – FASE DISCURSIVA
JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
Sumário
PARTE 01 .............................................................................................................................................................. 17
RODADA 01 .......................................................................................................................................................... 19
→ STF garante ao Fisco acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização
judicial ......................................................................................................................................................... 19
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 19
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 20
→ Necessidade de ampla defesa para inscrição dos entes federados no cadastro de inadimplentes 22
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 22
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 23
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 24
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 25
→ EMPRESA PÚBLICA, PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO NÃO CONCORRÊNCIAL SUBMETE-SE AO
REGIME DOS PRECATÓRIOS ...................................................................................................................... 25
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 25
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 26
→ NORMA QUE PROÍBE CONTRATO ENTRE PARENTES DE DIRIGENTES MUNICIPAIS E PREFEITURA É
CONSTITUCIONAL ....................................................................................................................................... 30
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 30
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 31
→ RECONHECIDA A NULIDADE DE CONTRATO ADMINISTRATIVO POR AUSÊNCIA DE PRÉVIA LICITAÇÃO, A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NÃO TEM O DEVER DE INDENIZAR OS SERVIÇOS PRESTADOS PELO CONTRATADO
NA HIPÓTESE EM QUE ESTE TENHA AGIDO DE MÁ-FÉ OU CONCORRIDO PARA A NULIDADE
DO CONTRATO............................................................................................................................................ 33
INFORMATIVO 529 DO STJ ........................................................................................................................ 33
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 33
RODADA 02 .......................................................................................................................................................... 35
→ PRESCREVE EM CINCO ANOS O DIREITO DE PEDIR INDENIZAÇÃO À FAZENDA PÚBLICA ................ 35
NOTÍCIA DO STJ .......................................................................................................................................... 35
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 35
→O CANDIDATO QUE TOMA POSSE EM CONCURSO PÚBLICO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL PRECÁRIA
ASSUME O RISCO DE POSTERIOR REFORMA DESSE JULGADO QUE, EM RAZÃO DO EFEITO “EX TUNC”,
INVIABILIZA A APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO CONSUMADO EM TAIS HIPÓTESES........................... 37
INFORMATIVO DO STF ............................................................................................................................... 37
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EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 37
→ SERVIDOR NOMEADO POR DECISÃO JUDICIAL NÃO TEM DIREITO A INDENIZAÇÃO ....................... 38
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 38
EMENTA DO ACÓRDÃO.............................................................................................................................. 39
→ O FATO DE ENTE INTEGRANTE DE CONSÓRCIO PÚBLICO POSSUIR PENDÊNCIA NO SERVIÇO AUXILIAR DE
INFORMAÇÕES PARA TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS (CAUC) NÃO IMPEDE QUE O CONSÓRCIO FAÇA JUS,
APÓS A CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO, À TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA A QUE SE REFERE O ART. 25 DA LC
N. 101/2000. ............................................................................................................................................... 39
INFORMATIVO 577 DO STJ ........................................................................................................................ 39
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................... 40
→ TETO CONSTITUCIONAL INCIDE EM CADA CARGO NOS CASOS EM QUE É PERMITIDA A ACUMULAÇÃO
.................................................................................................................................................................42
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 42
INFORMATIVO 862 DO STF ........................................................................................................................ 43
RODADA 03 .......................................................................................................................................................... 47
→ É DEVER DO ESTADO-MEMBRO REMOVER TODA E QUALQUER BARREIRA FÍSICA, BEM COMO
PROCEDER A REFORMAS E ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS, DE MODO A PERMITIR O ACESSO DE PESSOAS
COM RESTRIÇÃO LOCOMOTORA À ESCOLA PÚBLICA. ............................................................................ 47
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 47
INFORMATIVO 726 DO STF ........................................................................................................................ 49
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................... 50
→ É LEGÍTIMA A PUBLICAÇÃO, INCLUSIVE EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, DOS NOMES DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES VENCIMENTOS E
VANTAGENS PECUNIÁRIAS. ....................................................................................................................... 51
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 51
INFORMATIVO 782 DO STF ........................................................................................................................ 51
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................... 52
RODADA 04 .......................................................................................................................................................... 53
→ JUDICIÁRIO PODE IMPOR REALIZAÇÃO DE OBRAS EM PRESÍDIOS PARA GARANTIR DIREITOS
FUNDAMENTAIS ......................................................................................................................................... 53
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 53
INFORMATIVO 794 DO STF ........................................................................................................................ 55
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................... 56
→ GOVERNO DO RJ TERÁ DE MANTER EM ESTOQUE REMÉDIO CONTRA DOENÇA RARA ................... 58
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 58
INFORMATIVO 752 DO STF ........................................................................................................................ 58
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EMENTAR DO JULGADO............................................................................................................................. 59
→ UNIVERSIDADES PÚBLICAS PODEM COBRAR POR CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO .............................. 61
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 61
INFORMATIVO 862 DO STF ........................................................................................................................ 62
RODADA 05 .......................................................................................................................................................... 67
→ A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, APLICA-SE AO LIVRO ELETRÔNIO (E-BOOK), INCLUSIVE AOS SUPOSTES
EXCLUSIVAMENTES UTILIZADOS PARA FIXÁ-LO....................................................................................... 67
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 67
INFORMATIVO 856 DO STF ........................................................................................................................ 68
→ A IMUNIDADE RECÍPROCA NÃO SE ESTENDE A EMPRESA PRIVADA ARRENDATÁRIA DE IMÓVEL PÚBLICO,
QUANDO SEJA ELA EXPLORADORA DE ATIVIDADE ECONÔMICA COM FINS LUCRATIVOS ................... 72
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 72
INFORMATIVO 860 DO STF ........................................................................................................................ 73
→ A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA SUBJETIVA APLICA-SE A SEUS BENEFICIÁRIOS NA POSIÇÃO DE CONTRIBUINTE
DE DIREITO, MAS NÃO NA DE SIMPLES CONTRIBUINTE DE FATO, SENDO IRRELEVANTE PARA A
VERIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO BENEPLÁCITO CONSTITUCIONAL A REPERCUSSÃO ECONÔMICA
DO TRIBUTO ENVOLVIDO .......................................................................................................................... 76
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 76
INFORMATIVO 855 DO STF ........................................................................................................................ 77
RODADA 06 .......................................................................................................................................................... 81
→ TRIBUNAIS DE JUSTIÇA PODEM EXERCER CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS
MUNICIPAIS UTILIZANDO COMO PARÂMETRO NORMAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DESDE QUE SE
TRATE DE NORMAS DE REPRODUÇÃO OBRIGATÓRIA PELOS ESTADOS................................................. 81
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 81
INFORMATIVO 852 DO STF ........................................................................................................................ 82
→ É POSSÍVEL A MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO PROFERIDA EM SEDE DE CONTROLE INCIDENTAL
DE CONSTITUCIONALIDADE....................................................................................................................... 84
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 84
INFORMATIVO 857 DO STF ........................................................................................................................ 84
→ LEI EDITADA POR ESTADO-MEMBRO, QUE DISPONHA SOBRE NÚMERO MÁXIMO DE ALUNOS EM SALA DE
AULA NA EDUCAÇÃO INFANTIL, FUNDAMENTAL E MÉDIA, NÃO USURPA A COMPETÊNCIA DA UNIÃO
PARA LEGISLAR SOBRE NORMAS GERAIS DE EDUCAÇÃO ....................................................................... 86
NOTÍCIA DO STF .......................................................................................................................................... 86
INFORMATIVO 775 DO STF ........................................................................................................................ 87
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................... 88
RODADA 07 .......................................................................................................................................................... 91
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→ O EDITAL DA LICITAÇÃO PODERÁ EXIGIR QUE A EMPRESA A SER CONTRATADA TENHA, EM SEU ACERVO
TÉCNICO, UM PROFISSIONAL QUE JÁ TENHA CONDUZIDO SERVIÇO DE ENGENHARIA SIMILAR ÀQUELE
PREVISTO PARA LICITAÇÃO ..................................................................................................................... 155
INFORMATIVO 533 DO STJ ...................................................................................................................... 155
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 155
→ A PREFERÊNCIA PELO “SOFTWARE” LIVRE, LONGE DE AFRONTAR OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA
IMPESSOALIDADE, DA EFICIÊNCIA E DA ECONOMICIDADE, PROMOVE E PRESTIGIA ESSES POSTULADOS,
ALÉM DE VIABILIZAR A AUTONOMIA TECNOLÓGICA DO PAÍS ............................................................. 156
NOTÍCIA DO STF ........................................................................................................................................ 156
INFORMATIVO 780 DO STF ...................................................................................................................... 157
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 158
RODADA 02 ........................................................................................................................................................ 161
→ NO CASO EM QUE A GARANTIA À EXECUÇÃO FISCAL TENHA SIDO TOTALMENTE DISPENSADA DE FORMA
EXPRESSA PELO JUÍZO COMPETENTE INEXISTINDO, AINDA QUE PARCIALMENTE, A PRESTAÇÃO DE
QUALQUER GARANTIA (PENHORA, FIANÇA, DEPÓSITO, SEGURO-GARANTIA), O PRAZO PARA OFERECER
EMBARGOS À EXECUÇÃO DEVERÁ TER INÍCIO NA DATA DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO QUE DISPENSOU A
APRESENTAÇÃO DE GARANTIA, NÃO HAVENDO A NECESSIDADE, NA INTIMAÇÃO DESSA DISPENSA, DE SE
INFORMAR EXPRESSAMENTE O PRAZO PARA EMBARGAR ................................................................... 161
INFORMATIVO 563 DO STJ ...................................................................................................................... 161
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 162
→ A GARANTIA DO JUÍZO NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO FISCAL DEVE ABRANGER HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS QUE, EMBORA NÃO CONSTEM DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA, VENHAM A SER
ARBITRADOS JUDICIALMENTE ................................................................................................................. 163
INFORMATIVO 539 DO STJ ...................................................................................................................... 163
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 163
→ EM SEDE DE EXECUÇÃO FISCAL, É NECESSÁRIO QUE O MANDADO DE INTIMAÇÃO DA PENHORA
CONTENHA EXPRESSA MENÇÃO DO PRAZO LEGAL PARA O OFERECIMENTO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO
165
INFORMATIVO 546 DO STJ ...................................................................................................................... 165
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 165
RODADA 03 ........................................................................................................................................................ 167
→ A CONSTATAÇÃO POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL DE QUE A PESSOA JURÍDICA
EXECUTADA TIVERA SUA FALÊNCIA DECRETADA ANTES DA PROPOSITURA DA AÇÃO EXECUTIVA NÃO
IMPLICA A EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, DEVENDO SER DADA A
OPORTUNIDADE DE A EXEQUENTE RETIFICAR A CDA, FAZENDO CONSTAR A INFORMAÇÃO DE QUE A
PARTE DEVEDORA SE ENCONTRA EM ESTADO FALIMENTAR, E EMENDAR A INICIAL ........................ 167
INFORMATIVO 538 DO STJ ...................................................................................................................... 167
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 168
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ENDEREÇO E TELEFONE, NÃO SENDO SUFICIENTE A SUA CONVOCAÇÃO APENAS POR MEIO DE DIÁRIO
OFICIAL SE, TENDO SIDO APROVADO EM POSIÇÃO CONSIDERAVELMENTE FORA DO NÚMERO DE VAGAS,
DECORRER CURTO ESPAÇO DE TEMPO ENTRE A HOMOLOGAÇÃO FINAL DO CERTAME E A PUBLICAÇÃO DA
NOMEAÇÃO .............................................................................................................................................. 187
INFORMATIVO 515 DO STJ ...................................................................................................................... 187
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 187
→ A CONVOCAÇÃO DE CANDIDATO PARA A FASE POSTERIOR DE CONCURSO PÚBLICO NÃO PODE SER
REALIZADA APENAS PELO DIÁRIO OFICIAL NA HIPÓTESE EM QUE TODAS AS COMUNICAÇÕES ANTERIORES
TENHAM OCORRIDO CONFORME PREVISÃO EDITALÍCIA DE DIVULGAÇÃO DAS FASES DO CONCURSO
TAMBÉM PELA INTERNET ........................................................................................................................ 189
INFORMATIVO 522 DO STJ ...................................................................................................................... 189
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 189
RODADA 07 ........................................................................................................................................................ 191
→ OS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO NÃO TÊM DIREITO À PROVA DE SEGUNDA CHAMADA
NOS TESTES DE APTIDÃO FÍSICA EM RAZÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS, AINDA QUE DE CARÁTER
FISIOLÓGICO OU DE FORÇA MAIOR, SALVO CONTRÁRIA DISPOSIÇÃO EDITALÍCIA ............................ 191
NOTÍCIA DO STF ........................................................................................................................................ 191
INFORMATIVO 706 DO STF ...................................................................................................................... 192
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 194
→ AS PROVAS DE TÍTULOS EM CONCURSOS PÚBLICOS PARA PROVIMENTO DE CARGOS EFETIVOS NO SEIO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA, QUALQUER QUE SEJA O PODER DE QUE SE TRATE OU O NÍVEL
FEDERATIVO DE QUE SE CUIDE, NÃO PODEM OSTENTAR NATUREZA ELIMINATÓRIA, PRESTANDO-SE APENAS
PARA CLASSIFICAR OS CANDIDATOS, SEM JAMAIS JUSTIFICAR SUA ELIMINAÇÃO DO CERTAME196
INFORMATIVO 757 DO STF ...................................................................................................................... 196
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 196
RODADA 08 ........................................................................................................................................................ 199
→ O ESTAGIÁRIO QUE ATUA NO SERVIÇO PÚBLICO, AINDA QUE TRANSITORIAMENTE, REMUNERADO OU
NÃO, ESTÁ SUJEITO A RESPONSABILIZAÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA............ 199
INFORMATIVO 568 DO STJ ...................................................................................................................... 199
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 199
→ LEIS QUE TRATAM DOS CASOS DE VEDAÇÃO A NEPOTISMO NÃO SÃO DE INICIATIVA EXCLUSIVA DO
CHEFE DO PODER EXECUTIVO ................................................................................................................. 201
NOTÍCIA DO STF ........................................................................................................................................ 201
INFORMATIVO 771 DO STF ...................................................................................................................... 202
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 203
RODADA 09 ........................................................................................................................................................ 205
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→ NÃO SÃO NULAS AS PROVAS OBTIDAS POR MEIO DE REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE
INFORMAÇÕES BANCÁRIAS DE TITULARIDADE DE PREFEITURA MUNICIPAL PARA FINS DE APURAR
SUPOSTOS CRIMES PRATICADOS POR AGENTES PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA . 253
INFORMATIVO 572 DO STJ ...................................................................................................................... 253
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 253
RODADA 04 ........................................................................................................................................................ 255
→ O ENTE DESAPROPRIANTE NÃO RESPONDE POR TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE O IMÓVEL
DESAPROPRIADO NAS HIPÓTESES EM QUE O PERÍODO DE OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES É
ANTERIOR AO ATO DE AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DA PROPRIEDADE ..................................................... 255
INFORMATIVO 606 DO STJ ...................................................................................................................... 255
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 256
RODADA 05 ........................................................................................................................................................ 257
→ A AÇÃO RESCISÓRIA, QUANDO BUSCA DESCONSTITUIR SENTENÇA CONDENATÓRIA QUE FIXOU
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS, DEVE SER PROPOSTA NÃO APENAS CONTRA O TITULAR DO
CRÉDITO PRINCIPAL FORMADO EM JUÍZO, MAS TAMBÉM CONTRA O ADVOGADO EM FAVOR DE QUEM
FOI FIXADA A VERBA HONORÁRIA .......................................................................................................... 257
INFORMATIVO 605 DO STJ ...................................................................................................................... 257
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 258
RODADA 06 ........................................................................................................................................................ 259
→ A REVOGAÇÃO DE LIMINAR QUE SUSPENDEU A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO OCASIONA
A RETOMADA DO LAPSO PRESCRICIONAL PARA O FISCO, DESDE QUE INEXISTENTE QUALQUER OUTRA
MEDIDA CONSTANTE DO ART. 151 DO CTN OU RECURSO ESPECIAL / EXTRAORDINÁRIO DOTADO DE
EFEITO SUSPENSIVO ................................................................................................................................. 259
INFORMATIVO 605 DO STJ ...................................................................................................................... 259
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 259
RODADA 07 ........................................................................................................................................................ 263
→ A DISPOSIÇÃO CONSTANTE DO ART. 1.017, § 5º, DO CPC/2015, QUE DISPENSA A JUNTADA DAS
PEÇAS OBRIGATÓRIAS À FORMAÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM SE TRATANDO DE PROCESSO
ELETRÔNICO, EXIGE, PARA SUA APLICAÇÃO, QUE OS AUTOS TRAMITEM POR MEIO DIGITAL TANTO NO
PRIMEIRO QUANTO NO SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO ................................................................... 263
INFORMATIVO 605 DO STJ ...................................................................................................................... 263
EMENTA DO JULGADO ............................................................................................................................. 264
RODADA 08 ........................................................................................................................................................ 265
→ A INTERFERÊNCIA JUDICIAL PARA INVALIDAR A ESTIPULAÇÃO DAS TARIFAS DE TRANSPORTE PÚBLICO
URBANO VIOLA A ORDEM PÚBLICA, MORMENTE NOS CASOS EM QUE HOUVER, POR PARTE DA FAZENDA
ESTADUAL, ESCLARECIMENTO DE QUE A METODOLOGIA ADOTADA PARA FIXAÇÃO DOS PREÇOS ERA
TÉCNICA .................................................................................................................................................... 265
NOTÍCIA DO STJ ........................................................................................................................................ 265
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RODADA 01
→ STF garante ao Fisco acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial
NOTÍCIA DO STF
STF garante ao Fisco acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão desta quarta-feira (24) o julgamento conjunto de
cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal
receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Por
maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas
sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A
transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto
não há ofensa à Constituição Federal.
Na semana passada, foram proferidos seis votos pela constitucionalidade da lei, e um em sentido contrário, prolatado
pelo ministro Marco Aurélio. Na decisão, foi enfatizado que estados e municípios devem estabelecer em regulamento,
assim como fez a União no Decreto 3.724/2001, a necessidade de haver processo administrativo instaurado para a
obtenção das informações bancárias dos contribuintes, devendo-se adotar sistemas certificados de segurança e
registro de acesso do agente público para evitar a manipulação indevida dos dados e desvio de finalidade, garantindo-
se ao contribuinte a prévia notificação de abertura do processo e amplo acesso aos autos, inclusive com possibilidade
de obter cópia das peças.
Na sessão desta tarde, o ministro Luiz Fux proferiu o sétimo voto pela constitucionalidade da norma. O ministro
somou-se às preocupações apresentadas pelo ministro Luís Roberto Barroso quanto às providências a serem adotadas
por estados e municípios para a salvaguarda dos direitos dos contribuintes. O ministro Gilmar Mendes também
acompanhou a maioria, mas proferiu voto apenas no Recurso Extraordinário (RE) 601314, de relatoria do ministro
Edson Fachin, e na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2859, uma vez que estava impedido de participar do
julgamento das ADIs 2390, 2386 e 2397, em decorrência de sua atuação como advogado-geral da União.
O ministro afirmou que os instrumentos previstos na lei impugnada conferem efetividade ao dever geral de pagar
impostos, não sendo medidas isoladas no contexto da autuação fazendária, que tem poderes e prerrogativas
específicas para fazer valer esse dever. Gilmar Mendes lembrou que a inspeção de bagagens em aeroportos não é
contestada, embora seja um procedimento bastante invasivo, mas é medida necessária e indispensável para que as
autoridades alfandegárias possam fiscalizar e cobrar tributos.
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O decano do STF, ministro Celso de Mello, acompanhou a divergência aberta na semana passada pelo ministro Marco
Aurélio, votando pela indispensabilidade de ordem judicial para que a Receita Federal tenha acesso aos dados bancários dos
contribuintes. Para ele, embora o direito fundamental à intimidade e à privacidade não tenha caráter absoluto, isso não
significa que possa ser desrespeitado por qualquer órgão do Estado. Nesse contexto, em sua opinião, o sigilo bancário não
está sujeito a intervenções estatais e a intrusões do poder público destituídas de base jurídica idônea.
“A administração tributária, embora podendo muito, não pode tudo”, asseverou. O decano afirmou que a quebra de
sigilo deve se submeter ao postulado da reserva de jurisdição, só podendo ser decretada pelo Poder Judiciário, que é
terceiro desinteressado, devendo sempre ser concedida em caráter de absoluta excepcionalidade. “Não faz sentido
que uma das partes diretamente envolvida na relação litigiosa seja o órgão competente para solucionar essa
litigiosidade”, afirmou.
O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, último a votar na sessão desta quarta, modificou o entendimento
que havia adotado em 2010, no julgamento do RE 389808, quando a Corte entendeu que o acesso ao sigilo bancário
dependia de prévia autorização judicial. “Tendo em conta os intensos, sólidos e profundos debates que ocorreram nas
três sessões em que a matéria foi debatida, me convenci de que estava na senda errada, não apenas pelos
argumentos veiculados por aqueles que adotaram a posição vencedora, mas sobretudo porque, de lá pra cá, o mundo
evoluiu e ficou evidenciada a efetiva necessidade de repressão aos crimes como narcotráfico, lavagem de dinheiro e
terrorismo, delitos que exigem uma ação mais eficaz do Estado, que precisa ter instrumentos para acessar o sigilo para
evitar ações ilícitas”, afirmou.
O relator das ADIs, ministro Dias Toffoli, adotou observações dos demais ministros para explicitar o entendimento da
Corte sobre a aplicação da lei: “Os estados e municípios somente poderão obter as informações previstas no artigo 6º
da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001, tal
regulamentação deve conter as seguintes garantias: pertinência temática entre a obtenção das informações bancárias
e o tributo objeto de cobrança no procedimento administrativo instaurado; a prévia notificação do contribuinte
quanto a instauração do processo e a todos os demais atos; sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico;
existência de sistemas eletrônicos de segurança que sejam certificados e com registro de acesso; estabelecimento de
instrumentos efetivos de apuração e correção de desvios.”
EMENTA DO ACÓRDÃO
Ação direta de inconstitucionalidade. Julgamento conjunto das ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859. Normas federais relativas
ao sigilo das operações de instituições financeiras. Decreto nº 4.545/2002. Exaurimento da eficácia. Perda parcial do objeto
da ação direta nº 2.859. Expressão “do inquérito ou”, constante no § 4º do art. 1º, da Lei Complementar nº 105/2001.
Acesso ao sigilo bancário nos autos do inquérito policial. Possibilidade. Precedentes. Art. 5º e 6º da Lei Complementar nº
105/2001 e seus decretos regulamentadores. Ausência de quebra de sigilo e de ofensa a direito fundamental. Confluência
entre os deveres do contribuinte (o dever fundamental de pagar tributos) e os deveres do Fisco (o dever de bem tributar e
fiscalizar). Compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em matéria de
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JULGADOS IMPORTANTES
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compartilhamento de informações bancárias. Art. 1º da Lei Complementar nº 104/2001. Ausência de quebra de sigilo.
Art. 3º, § 3º, da LC 105/2001. Informações necessárias à defesa judicial da atuação do Fisco. Constitucionalidade dos
preceitos impugnados. ADI nº 2.859. Ação que se conhece em parte e, na parte conhecida, é julgada improcedente.
ADI nº 2.390, 2.386, 2.397. Ações conhecidas e julgadas improcedentes.
1. Julgamento conjunto das ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859, que têm como núcleo comum de impugnação normas
relativas ao fornecimento, pelas instituições financeiras, de informações bancárias de contribuintes à administração
tributária.
2. Encontra-se exaurida a eficácia jurídico-normativa do Decreto nº 4.545/2002, visto que a Lei n º 9.311, de 24 de outubro
de 1996, de que trata este decreto e que instituiu a CPMF, não está mais em vigência desde janeiro de 2008, conforme se
depreende do art. 90, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias -ADCT. Por essa razão, houve parcial perda de
objeto da ADI nº 2.859/DF, restando o pedido desta ação parcialmente prejudicado. Precedentes.
3. A expressão “do inquérito ou”, constante do § 4º do art. 1º da Lei Complementar nº 105/2001, refere-se à
investigação criminal levada a efeito no inquérito policial, em cujo âmbito esta Suprema Corte admite o acesso ao
sigilo bancário do investigado, quando presentes indícios de prática criminosa. Precedentes: AC 3.872/DF-AgR, Relator
o Ministro Teori Zavascki, Tribunal Pleno, DJe de 13/11/15; HC 125.585/PE-AgR, Relatora a Ministra Cármen Lúcia,
Segunda Turma, DJe de 19/12/14; Inq 897-AgR, Relator o Ministro Francisco Rezek, Tribunal Pleno, DJ de 24/3/95.
5. A ordem constitucional instaurada em 1988 estabeleceu, dentre os objetivos da República Federativa do Brasil, a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e a marginalização e a redução das
desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a Carta foi generosa na previsão de direitos individuais, sociais, econômicos e
culturais para o cidadão. Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem também deveres, cujo atendimento é, também,
condição sinequa non para a realização do projeto de sociedade esculpido na Carta Federal. Dentre esses deveres, consta o
dever fundamental de pagar tributos, visto que são eles que, majoritariamente, financiam as ações estatais voltadas à
concretização dos direitos do cidadão. Nesse quadro, é preciso que se adotem mecanismos efetivos de combate à sonegação
fiscal, sendo o instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº
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JULGADOS IMPORTANTES
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6. O Brasil se comprometeu, perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e Intercâmbio de Informações para
Fins Tributários (Global ForumonTransparencyand Exchange ofInformation for TaxPurposes), a cumprir os padrões
internacionais de transparência e de troca de informações bancárias, estabelecidos com o fito de evitar o
descumprimento de normas tributárias, assim como combater práticas criminosas. Não deve o Estado brasileiro
prescindir do acesso automático aos dados bancários dos contribuintes por sua administração tributária, sob pena de
descumprimento de seus compromissos internacionais.
7. O art. 1º da Lei Complementar 104/2001, no ponto em que insere o § 1º, inciso II, e o § 2º ao art. 198 do CTN, não
determina quebra de sigilo, mas transferência de informações sigilosas no âmbito da Administração Pública. Outrossim, a
previsão vai ao encontro de outros comandos legais já amplamente consolidados em nosso ordenamento jurídico que
permitem o acesso da Administração Pública à relação de bens, renda e patrimônio de determinados indivíduos.
8. À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão da Advocacia-Geral da União, caberá a defesa da atuação do Fisco
em âmbito judicial, sendo, para tanto, necessário o conhecimento dos dados e informações embasadores do ato por
ela defendido. Resulta, portanto, legítima a previsão constante do art. 3º, § 3º, da LC 105/2001.
9. Ação direta de inconstitucionalidade nº 2.859/DF conhecida parcialmente e, na parte conhecida, julgada improcedente.
Ações diretas de inconstitucionalidade nº 2390, 2397, e 2386 conhecidas e julgadas improcedentes. Ressalva em relação aos
Estados e Municípios, que somente poderão obter as informações de que trata o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001
quando a matéria estiver devidamente regulamentada, de maneira análoga ao Decreto federal nº 3.724/2001, de modo a
resguardar as garantias processuais do contribuinte, na forma preconizada pela Lei nº
9.784/99, e o sigilo dos seus dados bancários.
(ADI 2859, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-225
DIVULG 20-10-2016 PUBLIC 21-10-2016)
STF. Plenário. ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24/2/2016
(Info 815). STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão geral) (Info 815).
→ Necessidade de ampla defesa para inscrição dos entes federados no cadastro de inadimplentes.
NOTÍCIA DO STF
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JULGADOS IMPORTANTES
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O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a Ação
Cível Originária (ACO) 1995, para suspender a inscrição do Estado da Bahia no Cadastro Único de Convênios (Cauc) e
no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), em relação a convênio celebrado com o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio do qual recebeu verbas para execução de programas educacionais.
Para os ministros, houve ofensa ao princípio do devido processo legal no procedimento de prestação de contas do
estado com o FNDE, que resultou nas inscrições.
Na ação, o Estado da Bahia alegou que sua inclusão pela União no cadastro de inadimplência é “inconstitucional, ilegal e
arbitrária”. O ato impôs restrições ao recebimento pelo ente federado de verbas de operação de crédito a ser celebrada
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A inscrição no cadastro se deu diante de pendências na execução
de cinco convênios firmados pela Secretaria de Educação da Bahia com o FNDE. Assim, requereu a declaração de nulidade
e o cancelamento dos registros realizados pela União.
Princípio do devido processo legal
O relator da ação, ministro Marco Aurélio, afirmou que apenas quanto a um dos convênios (nº 322733) entendeu
configurada a alegada ofensa ao princípio do devido processo legal, considerados o contraditório e a ampla defesa.
Isso porque, de acordo com os autos, um incêndio ocorrido na sede da Secretaria de Educação do estado em outubro
2003 impossibilitou a submissão ao FNDE dos documentos relativos à prestação de contas.
De acordo com o relator, a inscrição do ente federativo nos cadastros federais de inadimplência, embora precedida de
trocas de ofícios entre a Secretaria Estadual de Educação e o FNDE, foi lançada sem que o estado tivesse pleno
conhecimento dos elementos necessários à apresentação de defesa. No entanto, quanto aos demais convênios, o
ministro afirmou que não pode ser dada a mesma solução, uma vez que a documentação juntada aos autos não
comprova a alegada ofensa ao devido processo legal.
Assim, o relator votou pela parcial procedência do pedido para suspender o registro do Estado da Bahia no Cauc e
Siafi, quanto ao convênio nº 322733, até que lhe sejam disponibilizados, pelo FNDE, os documentos indispensáveis à
prestação de contas. À União, o relator determinou que, com base na mencionada restrição, não obste a contratação
de empréstimo pelo Estado da Bahia. Os demais ministros da Corte acompanharam o relator. AC 3149
Ficou parcialmente revogada a liminar deferida na Ação Cautelar (AC) 3149, preparatória da ACO 1995, a qual suspendia
os efeitos resultantes da inserção da Bahia no Cauc e Siafi em quatro dos convênios tratados na ação principal. A liminar
foi confirmada apenas quanto ao convênio nº 322733.
SP/FB
Processos relacionados
ACO 1995
EMENTA DO ACÓRDÃO
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JULGADOS IMPORTANTES
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PROCESSO ADMINISTRATIVO – DEFESA. Uma vez comprovado que o lançamento do Estado no Cadastro Único de
Convênios – CAUC e no Sistema Integrado de Administração Financeira ocorreu sem viabilizar-se, à exaustão, o direito
de defesa, cumpre glosar o procedimento.
(ACO 1995, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 26/03/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
152 DIVULG 03-08-2015 PUBLIC 04-08-2015)
NOTÍCIA DO STF
1ª Turma suspende inscrição do Amapá no Siafi até conclusão de tomada de contas pelo TCU
Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou parcialmente procedente a Ação Cível
Originária (ACO) 732 para suspender os efeitos da inscrição do Estado do Amapá no cadastro de inadimplentes da
União (Siafi) até que seja realizada tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para verificar a
prestação de contas dos convênios em que foram constatadas irregularidades. Segundo o relator da ação, ministro
Marco Aurélio, a inscrição antes da análise do TCU representaria violação do princípio do devido processo legal, pois o
estado estaria ameaçado de sanções sem o estabelecimento prévio de contraditório ou possibilidade de ampla defesa.
No caso em julgamento, o ente federado pediu o cancelamento definitivo da inscrição em relação a cinco convênios
celebrados nos quais foram detectadas irregularidades. O estado alega desrespeito ao contraditório e à ampla defesa
e argumenta que as supostas irregularidades teriam ocorrido em gestões anteriores e a sanção representaria violação
do princípio da intranscendência, segundo o qual um gestor público não pode ser punido por atos irregulares de
gestores que o antecederam no cargo ou função. O estado alega ainda que, com a inscrição no Siafi deixam de ser
repassadas verbas em prejuízo da população local e as destinadas para área de fronteira.
A União argumenta que não se aplica ao caso o princípio da intranscendência, pois a administração estadual não
demonstrou ter adotado as medidas cabíveis para a responsabilização dos agentes públicos responsáveis pelos
convênios na gestão anterior. Observa ainda que o entendimento da União é de que os convênios são celebrados com
a administração estadual e não com o administrador, o que afasta a aplicação do princípio, pois a administração
pública se pauta pelos princípios da impessoalidade e da continuidade. Afirma ainda que não foram bloqueados
recursos para ações sociais ou em faixas de fronteira.
Em parecer, a Procuradoria Geral da União opinou pelo cancelamento da inscrição, argumentando que a manutenção
do registro do estado no Siafi acarretaria graves prejuízos à população com a impossibilidade receber recursos
mediante convênios em razão de ato de gestão governamental anterior.
O relator da ACO 732, ministro Marco Aurélio considera não ser possível aplicar o princípio da intranscedência pois, em caso
de descumprimento de obrigações, ainda que por ente público ou poder que tenha cometido a infração, mas sim o
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JULGADOS IMPORTANTES
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estado. O ministro salientou que no âmbito da administração pública deve ser adotado o princípio da impessoalidade,
pois a relação jurídica é entre a União e a administração estadual. Segundo o ministro, o estado também não
comprovou que as verbas bloqueadas seriam destinadas a ações em área de fronteira, o que impediria o bloqueio.
No mesmo sentido, a Primeira Turma julgou procedentes as ACOs 1978 (AL), 2098 (AP) e 2159 (MT), salientando a
necessidade de estabelecimento de contraditório e ampla defesa, por meio de intimação específica, antes da inscrição
no Siafi e da consequente sanção de bloqueio de recursos.
EMENTA DO ACÓRDÃO
(ACO 732, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 10/05/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
134 DIVULG 20-06-2017 PUBLIC 21-06-2017)
→ EMPRESA PÚBLICA, PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO NÃO CONCORRÊNCIAL SUBMETE-SE AO REGIME DOS
PRECATÓRIOS
NOTÍCIA DO STF
Supremo cassa decisões da Justiça do Trabalho que bloquearam valores do Estado do Piauí
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) cassou decisões do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região (Piauí)
que resultaram no bloqueio, penhora e liberação de valores da conta única estadual para o pagamento de verbas
trabalhistas de empregados da Empresa de Gestão de Recursos do Estado do Piauí S/A (Emgerpi). A decisão do STF foi
tomada na sessão desta quinta-feira (23) no exame da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
387, julgada procedente pela maioria dos ministros. Durante a sessão, os ministros decidiram converter o referendo
da liminar, concedida em abril do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes (relator), em julgamento de mérito, uma
vez que a ação já estava devidamente instruída, possibilitando sua análise final.
Segundo o governador do estado, autor da ação, as decisões da Justiça do Trabalho violam preceitos constitucionais
fundamentais, como a independência dos Poderes e o princípio federativo, além de ferir o comando do artigo 167,
inciso VI, da Constituição Federal (CF), que veda o remanejamento de verbas sem autorização legislativa.
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Voto do relator
Relator da ADPF, o ministro Gilmar Mendes julgou o pedido procedente a fim de cassar as decisões proferidas pelo
TRT-22, por entender que afrontam preceitos fundamentais e podem comprometer as finanças do estado, além de
acarretar dificuldades na execução de políticas públicas. O relator destacou que tais atos violam diretamente o regime
de precatórios estabelecido no artigo 100 da Constituição Federal e não são compatíveis com os princípios
constitucionais da atividade financeira estatal. “O bloqueio indiscriminado de provisões, além de desvirtuar o propósito
do legislador estadual e violar os princípios constitucionais do sistema financeiro e orçamentário, constitui ainda
interferência indevida em desacordo com os princípios da independência e harmonia entre os poderes”, avaliou.
O ministro observou ainda a singularidade da Emgerpi, que, APESAR DE SE TRATAR FORMALMENTE DE SOCIEDADE
DE ECONOMIA MISTA, É UMA EMPRESA DE GESTÃO DE RECURSOS DO ESTADO DO PIAUÍ E PRESTADORA DE
SERVIÇO PÚBLICO NÃO CONCORRENCIAL – INSERINDO-SE, PORTANTO, NO REGIME DE PRECATÓRIOS, NOS TERMOS
DA JURISPRUDÊNCIA DO STF.
Novo ministro
O ministro Alexandre de Moraes, que tomou posse ontem (22), proferiu seu primeiro voto no Plenário do STF. Ao
acompanhar o relator, ele entendeu que, no caso, ocorreu interferência indevida na programação financeira e
orçamentária do estado. Para o ministro, “houve constrição indiscriminada de verbas públicas”, em afronta aos
princípios da separação dos poderes, da eficiência da administração pública e da continuidade dos serviços públicos.
Em seu voto, ele ressaltou que a Constituição Federal não permite nem ao próprio Poder Executivo o remanejamento
de receitas públicas ao seu livre arbítrio, ou seja, sem autorização legislativa, e considerou “extremamente temerário
e inconstitucional” que o Poder Judiciário o faça, “pois lhe carece capacidade institucional para avaliar os impactos
desses bloqueios e sequestros de verbas sobre atividade administrativa e programação financeira do ente federativo”.
Divergência
Ficou vencido o ministro Marco Aurélio, que votou pela improcedência da ação. Por se tratar de execução contra pessoa
jurídica de direito privado, ele considera incabível a aplicação, no caso, do regime de precatório, instrumento próprio da
Fazenda Pública.
EC/CR
Leia mais:
12/04/2016 – Suspensas decisões da Justiça do Trabalho que bloquearam valores da conta única do Estado do Piauí
Processos relacionados
ADPF 387
EMENTA DO ACÓRDÃO
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Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental, com pedido de medida liminar, proposta pelo
Governador do Estado do Piauí. A ação tem por objeto decisões do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, em
primeira e segunda instâncias, que “resultaram em bloqueio, penhora e liberação de valores oriundos da conta única
do Estado do Piauí, para pagamento de verbas trabalhistas de empregados da Empresa de Gestão de Recursos do
Estado do Piauí S/A – EMGERPI, estatal que compõe a Administração Indireta do Ente Federativo Estadual”(eDOC 1). O
requerente indica que, apesar do “contínuo ajuizamento pelo Estado do Piauí dos competentes embargos de
terceiros, bem como o manejo posterior de agravos de petição, todos com fundamento de que tais decisões ofendem
preceitos básicos fundamentais referentes à execução orçamentária pela administração pública (art. 167, VI, da
Constituição Federal), as decisões da Justiça do Trabalho são no sentido de que tais valores representam verbas
pertencentes à EMGERPI, ainda que localizadas na conta única do Estado do Piauí”. Sustenta que as decisões
questionadas têm “desviado a finalidade de recursos orçamentários, sendo patente que o bloqueio indiscriminado das
referidas provisões acaba por desvirtuar a vontade do legislador estadual, o que não se harmoniza com a Constituição
Federal de 1988 por violar o art. 167, VI, da Constituição Federal, atentando contra a autonomia dos Poderes e contra
o sistema federativo (arts. 1º e 18)”. Por fim, requer a concessão de medida liminar para determinar a suspensão dos
efeitos das “decisões judiciais que impliquem bloqueio, penhora e liberação de valores oriundos de dívidas
trabalhistas da EMGERPI na conta única do Estado do Piauí, no âmbito da Justiça Trabalhista Piauiense”.
O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região prestou informações. Destacou que a EMGERPI, por ser uma sociedade
de economia mista, equiparar-se-ia às empresas de natureza privada quanto aos direitos e obrigações trabalhistas e
não estaria sujeita ao regime de precatório (eDOC 17). Apontou que as decisões questionadas determinam apenas a
“retenção de parte do repasse mensal do Estado do Piauí destinado à EMGERPI, até o limite do crédito exequendo” e
que não há “cobrança de valores da Fazenda Pública, no sentido restrito do termo, pois o patrimônio efetivamente
executado pertence à sociedade de economia mista, e não ao Estado do Piauí”, ou seja, “se possui valores
depositados em conta única, de titularidade do Estado do Piauí, os valores são penhoráveis, pois não mais pertencem
à administração direta e não é possível mencionar-se violação do art. 100 da Constituição Federal”.
Decido.
Em primeiro lugar, em relação ao requisito da subsidiariedade, anoto que o Supremo Tribunal Federal vem admitindo
o cabimento de arguição de descumprimento de preceito fundamental nos casos que envolvam a aplicação direta da
Constituição – alegação de contrariedade à Constituição decorrente de decisão judicial ou controvérsia sobre
interpretação adotada pelo Judiciário que não cuide de simples aplicação de lei ou normativo infraconstitucional.
Nesse sentido, merece destaque a ADPF 101 (Rel. Min. Cármen Lúcia, julg. em 24.6.2009), ajuizada contra decisões
judiciais que autorizaram a importação de pneus usados de qualquer espécie. Também a ADPF 144 (Rel. Min. Celso de
Mello, julg. em 6.8.2008), a propósito da inelegibilidade de pessoas condenadas em primeiro grau, estava voltada a
questões sobre a interpretação adotada pelos diversos órgãos judiciais.
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Ademais, não se pode admitir que a existência de processos ordinários e recursos extraordinários deva excluir, a
priori, a utilização da arguição de descumprimento de preceito fundamental. Até porque, entre nós, o instituto
assume feição marcadamente objetiva.
Assim sendo, é possível concluir que a simples existência de ações ou de outros recursos processuais não poderá
servir de óbice à formulação da arguição de descumprimento. Ao contrário, a multiplicação de processos e decisões
sobre um dado tema constitucional reclama, as mais das vezes, a utilização de um instrumento de feição concentrada,
que permita a solução definitiva e abrangente da controvérsia.
Nos termos indicados nos autos, parece estar demonstrado que não há meios processuais ágeis e eficientes a solucionar, de
forma homogênea, a ofensa ao preceito fundamental indicado. Nesse aspecto, cabível, portanto, a presente ADPF Pelos
documentos acostados e inclusive pelas informações prestadas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, vê-se que
houve e continua a haver, pela justiça trabalhista, bloqueio de valores da conta única estadual com o objetivo de destiná-los
ao pagamento de condenações provenientes de obrigações trabalhistas da EMGERPI.
Trata-se de quantia considerável. Na inicial, o Governador do Estado do Piauí indicou que a conta única sofrera ordens
de penhora no valor de R$ 1.035.613,75 (um milhão, trinta e cinco mil, seiscentos e treze reais e setenta e cinco
centavos). Em petições posteriores, apontou a ocorrência de novas constrições, no montante de R$ 1.550.000,00 (um
milhão, quinhentos e cinquenta mil reais), entre os dias 24 de fevereiro e 15 de março; e de R$ 798.000,00 (setecentos
e noventa e oito mil reais), no dia 5 de abril. Tais valores, e a continuidade da determinação dos bloqueios, parecem
indicar a necessidade de pronta resposta desta Corte.
Destaco, também, que a fundamentação das decisões questionadas, no sentido de que os valores bloqueados são, em
verdade, de propriedade da sociedade de economia mista, não é compatível com os princípios constitucionais do
orçamento público, o que indica aparente ofensa, em especial, ao art. 167, VI, da Constituição Federal, nos termos
indicados na inicial.
De acordo com esse dispositivo, são vedados “a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de
uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa”. Anoto que
essa previsão está inserida em artigo da Constituição Federal que explicita princípios constitucionais vinculados à ideia
de segurança orçamentária. No caso, em especial, ao princípio da legalidade orçamentária, “princípio de limitação do
poder do Estado e, ao mesmo tempo, de direcionamento das atividades administrativas.” (Cf. Ricardo Lobo Torres, In:
Comentários à Constituição do Brasil. CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang;
STRECK, Luiz Lenio (Org.). São Paulo: Saraiva, 2014, p. 1775).
O bloqueio indiscriminado de provisões, da forma apontada pelo requerente, tende, portanto, a desvirtuar a vontade do
legislador estadual e a violar os princípios constitucionais do sistema financeiro e orçamentário. Constitui, ainda, aparente
interferência indevida, em desacordo com os princípios da independência e da harmonia entre os Poderes (art.
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2º, CF). Ressalto que situação semelhante foi apreciada na ADPF-MC 114, Rel. Min. Joaquim Barbosa. Nessa ação, o
Governador do Estado do Piauí também contestou bloqueios determinados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 22ª
Região. Nesse caso, contudo, os valores bloqueados eram oriundos de convênios firmados entre o estado e autarquias
federais, e destinavam-se ao pagamento de verbas trabalhistas de empregados públicos da COMPEDI, sociedade de
economia mista estadual. Ao deferir o pedido liminar, o Ministro Joaquim Barbosa ressaltou a gravidade das ordens
de bloqueio, fundadas em direitos subjetivos individuais, o que inclusive reforçaria a “utilidade da via da ADPF para
examinar em controle objetivo a contraposição institucional entre direitos individualizados à atuação do poder
público, especialmente no que tange a destinação de recursos públicos”.
1
A análise prévia, portanto, indica que as decisões questionadas vão de encontro a preceitos fundamentais, bem como
podem comprometer as finanças do Estado e acarretarem dificuldades na execução orçamentária. Assim, tendo em vista a
urgência que o assunto requer, dado o perigo de lesão grave ao orçamento estadual, defiro a liminar, ad referendum do
Pleno (Lei n. 9.882, de 1999, art. 5º, §1º), para determinar a suspensão de todos os processos em curso e dos efeitos de
decisões judiciais proferidas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, que resultaram em bloqueio, penhora e
liberação de valores oriundos da conta única do Estado do Piauí, para pagamento de verbas trabalhistas de empregados da
Empresa de Gestão de Recursos do Estado do Piauí S/A – EMGERPI, até o julgamento final desta ADPF.
Dê-se ciência ao Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, para as necessárias providências (Lei n. 9.882, de 1999,
art. 5º, §3º ). Após, abra-se vista ao Ministério Público. Publique-se. Brasília, 8 de abril de 2016. Ministro Gilmar
Mendes Relator
(ADPF 387 MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 08/04/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
068 DIVULG 12/04/2016 PUBLIC 13/04/2016)
STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
1
Atenção:
“Vai de encontro” é diferente de “vai ao encontro”. O primeiro expressa contrariedade; o segundo concordância.
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→ NORMA QUE PROÍBE CONTRATO ENTRE PARENTES DE DIRIGENTES MUNICIPAIS E PREFEITURA É CONSTITUCIONAL
NOTÍCIA DO STF
Norma que proíbe contrato entre parentes de dirigentes municipais e prefeitura é constitucional
Por votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, nesta terça-feira (29), a
constitucionalidade do artigo 36 da Lei Orgânica do Município de Brumadinho (MG), que proíbe contratos entre o
município e parentes, afins ou consanguíneos, do prefeito, vice-prefeito, de vereadores e dos ocupantes de cargo em
comissão ou função de confiança, bem como dos servidores e empregados públicos municipais, até seis meses após o
fim do exercício das respectivas funções.
A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 423560, relatado pelo ministro Joaquim Barbosa.
O recurso foi interposto pela Câmara Municipal de Brumadinho contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais (TJ-MG), que julgou inconstitucional o dispositivo, questionado em representação de
inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
O caso
No acórdão (decisão colegiada) contestado no STF pela Câmara Municipal de Brumadinho, o TJ-MG decidiu que “é
inconstitucional lei municipal que imponha restrições a parentes de prefeito, vice-prefeito e vereadores de contratar
com o município, além daquelas previstas nos artigos 22, inciso XXVII e 37, inciso XXI, da CF, regulamentado pela Lei
8.666/93”.
Por seu turno, a Câmara de Vereadores de Brumadinho sustenta que estabeleceu normas complementares à
Constituição Federal, que se coadunam com o princípio da moralidade administrativa, consagrado no artigo 37,caput
(cabeça), da Constituição Federal (CF). Alega ter agido dentro dos limites estabelecidos, para tal, pelos artigos 30,
inciso II, da CF, e 171, inciso II, da Constituição do Estado de Minas Gerais, que permitem aos municípios legislarem
complementarmente às Cartas federal e estadual.
Assim, segundo aquela Câmara, o dispositivo impugnado pelo PMDB apenas estabeleceu norma de interesse local,
adaptada à realidade do município, sem ofender o dispositivo constitucional que atribui à União competência
privativa para estabelecer normas gerais.
Decisão
Ao decidir, a Turma acompanhou o voto do relator, ministro Joaquim Barbosa, que concordou com o argumento de que a
Câmara de Vereadores somente exerceu o seu direito de legislar complementarmente à Constituição Federal e à do Estado
de Minas Gerais. Ele lembrou que, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3670, relatada pelo ministro
Sepúlveda Pertence (aposentado), a Suprema Corte admitiu que estados e municípios podem editar normas
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locais, desde que observem o estabelecido no artigo 37, inciso XXI, da Constituição, ou seja, permitam igualdade de
condições nas licitações.
Ele admitiu que a Lei 8.666/93, que regulamentou o artigo 37, inciso XXI, da CF, estabeleceu uma série de impedimentos
à participação em licitações, mas não vedou a participação de servidores, administradores ou seus parentes em tais
eventos. Segundo ele, existem doutrinadores que admitem essa participação, com base no princípio da legalidade.
O ministro Joaquim Barbosa disse, no entanto, que o artigo 30, inciso II, da CF, abre espaço para os municípios
legislarem sobre o tema, como o fez a Câmara de Vereadores de Brumadinho, até que sobrevenha nova norma geral
sobre o assunto.
FK/CG
Processos relacionados
RE 423560
EMENTA DO ACÓRDÃO
A Constituição Federal outorga à União a competência para editar normas gerais sobre licitação (art. 22, XXVII) e permite,
portanto, que Estados e Municípios legislem para complementar as normas gerais e adaptá-las às suas realidades. O
Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que as normas locais sobre licitação devem observar o art. 37, XXI
da Constituição, assegurando “a igualdade de condições de todos os concorrentes”. Precedentes.
Dentro da permissão constitucional para legislar sobre normas específicas em matéria de licitação, é de se louvar a
iniciativa do Município de Brumadinho-MG de tratar, em sua Lei Orgânica, de tema dos mais relevantes em nossa
pólis, que é a moralidade administrativa, princípio-guia de toda a atividade estatal, nos termos do art. 37, caput da
Constituição Federal.
A proibição de contratação com o Município dos parentes, afins ou consanguíneos, do prefeito, do vice-prefeito, dos
vereadores e dos ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, bem como dos servidores e empregados
públicos municipais, até seis meses após o fim do exercício das respectivas funções, é norma que evidentemente
homenageia os princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa, prevenindo eventuais lesões ao interesse
público e ao patrimônio do Município, sem restringir a competição entre os licitantes. Inexistência de ofensa ao
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princípio da legalidade ou de invasão da competência da União para legislar sobre normas gerais de licitação. Recurso
extraordinário provido.
(RE 423560, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 29/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012 RT v. 101, n. 923, 2012, p. 678-683)
STF. 2ª Turma. RE 423560/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 29/5/2012 (Info 668).
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DIREITO ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADOS NO CASO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO NULO.
Reconhecida a nulidade de contrato administrativo por ausência de prévia licitação, a Administração Pública não tem o dever
de indenizar os serviços prestados pelo contratado na hipótese em que este tenha agido de má-fé ou concorrido para a
nulidade do contrato. Realmente, o fato de um contrato administrativo ter sido considerado nulo por ausência de prévia
licitação não exime, em princípio, a Administração do dever de indenizar o contratado pelos serviços por ele prestados.
Todavia, em consideração ao disposto no art. 59 da Lei 8.666/1993, DEVEM SER RESSALVADAS AS HIPÓTESES DE MÁ-FÉ OU
DE TER O CONTRATADO CONCORRIDO PARA A NULIDADE DO CONTRATO. AgRg no REsp 1.394.161-SC,
EMENTA DO ACÓRDÃO
1. O Tribunal a quo, em virtude da nulidade de contrato administrativo celebrado sem realização de procedimento
licitatório devido, afastou o dever de indenizar da Administração ao entender que os agravantes deram causa à
invalidação do instrumento.
2. No tocante à levantada contrariedade ao art. 22 da Lei 8906/94 e ao art. 59 da Lei 8666/93, o acórdão recorrido
harmoniza-se com a orientação pacífica do STJ de que não há o dever de indenizar por parte da Administração nos
casos de ocorrência de má-fé ou de ter o contratado concorrido para a nulidade. Incidência da Súmula 83/STJ
3. A pretensão recursal - afastar a tese de que a invalidade do contrato é imputável aos agravantes - esbarra no
reexame dos aspectos fáticos da lide, vedado ao STJ, nos termos de sua Súmula 7.
4. O dissídio jurisprudencial deve ser comprovado, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que
identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fático-jurídica entre eles. Ausente in
casu a paridade entre os acórdãos confrontados, uma vez que o acórdão recorrido analisou a controvérsia com
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base no fato de que os agravantes contribuíram para a nulidade do contrato, enquanto os arestos paradigmáticos
tratavam de situações em que ficou configurada a boa-fé do contratante, hipótese afastada nos presentes autos.
(AgRg no REsp 1394161/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/10/2013, DJe
16/10/2013)
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.394.161-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2013 (Info 529).
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RODADA 02
→ PRESCREVE EM CINCO ANOS O DIREITO DE PEDIR INDENIZAÇÃO À FAZENDA
Prescreve em cinco anos todo e qualquer direito ou ação movida contra a fazenda pública, seja ela federal, estadual ou
municipal, inclusive para pedir indenização por reparação civil. Foi o que definiu de forma unânime a Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgamento de recurso repetitivo relatado pelo ministro Mauro Campbell Marques. A
tese passa a orientar as demais instâncias da Justiça brasileira em ações que discutem a mesma questão.
No caso julgado, o recurso no STJ era do município de Londrina (PR). A ação de indenização trata da queda de uma
árvore em via pública sobre um automóvel estacionado. Em primeiro grau, a sentença aplicou o Código Civil (artigo
206, parágrafo 3º, V), que fixa em três anos o prazo para propositura de ações de reparação civil. Houve apelação e o
Tribunal de Justiça do Paraná reformou a sentença, fixando o prazo prescricional em cinco anos, conforme o Decreto
20.910/32, por entender que o seu artigo 1º não foi revogado pelo novo CC.
Ao analisar o recurso, o ministro Campbell reconheceu que a jurisprudência e a doutrina muito têm debatido sobre o
prazo cabível em ações de indenização contra a fazenda pública, especialmente com o advento da regra trienal do CC
de 2002. Entretanto, o ministro confirmou que nessas ações indenizatórias aplica-se o prazo quinquenal, previsto
no artigo 1º do Decreto 20.910.
O ministro explicou que "a natureza especial do Decreto 20.910, que regula a prescrição, seja qual for a sua
natureza, das pretensões formuladas contra a fazenda pública", é o que autoriza a sua aplicação em detrimento do
que dispõe o Código Civil.
Também ficou estabelecido que a previsão contida no artigo 10 do Decreto 20.910, por si só, não autoriza a
afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a fazenda pública foi reduzido pelo Código
Civil de 2002, devendo ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico.
REsp 1251993
EMENTA DO ACÓRDÃO
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2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações
indenizatórias contra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e
jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois
existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal previsto no
Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes
precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS,
2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de
10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1ª
Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal também é defendida no
âmbito doutrinário, dentre outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito
Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha
("A Fazenda Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90).
3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste
Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto
20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do
Código Civil de 2002.
4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula
a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da
disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter
especial da legislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de
Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. – São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado
("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. – Belo Horizonte, 2010; pág. 1042).
5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o prazo
prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve
ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito
Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. – São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299).
6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg
no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min.
Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012; AgRg
no AREsp 34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp
36.517/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min. Hamilton
Carvalhido, DJe de 1º.2.2011.
7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação
indenizatória ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar a
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prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte
Superior sobre o tema.
8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
→O CANDIDATO QUE TOMA POSSE EM CONCURSO PÚBLICO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL PRECÁRIA ASSUME
O RISCO DE POSTERIOR REFORMA DESSE JULGADO QUE, EM RAZÃO DO EFEITO “EX TUNC”, INVIABILIZA A
APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO CONSUMADO EM TAIS HIPÓTESES.
INFORMATIVO DO STF
EMENTA DO ACÓRDÃO
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CONCURSO PÚBLICO – MANDADO DE SEGURANÇA – LIMINAR – ORDEM INDEFERIDA – FATO CONSUMADO – IRRELEVÂNCIA.
O indeferimento de ordem, em mandado de segurança, revogada a liminar, implica condição resolutiva considerada
nomeação, não cabendo potencializar fato que foi consumado sob o ângulo precário e efêmero.
(RMS 31538, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
17/11/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-130 DIVULG 22-06-2016 PUBLIC 23-06-2016)
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Também seguiram a divergência, iniciada pelo ministro Roberto Barroso, os ministros Gilmar Mendes, Rosa Weber,
Cármen Lúcia, Celso de Mello e o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. Processos relacionados
RE 724347
EMENTA DO ACÓRDÃO
ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INVESTIDURA EM CARGO PÚBLICO POR FORÇA DE DECISÃO
JUDICIAL.
1. Tese afirmada em repercussão geral: na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o
servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo
situação de arbitrariedade flagrante.
2. Recurso extraordinário provido.
(RE 724347, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno,
julgado em 26/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-088 DIVULG 12-05-2015 PUBLIC
13-05-2015)
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violação desse preceito normativo, consoante entendimento já consolidado no STJ (AgRg no REsp 1.087.465-SC,
Segunda Turma, DJe 16/9/2009) e no STF (ACO 1.631-GO AgR, Tribunal Pleno, DJe 1º/7/2015; e ACO-MA 1.848 AgR,
Tribunal Pleno, DJe 6/2/2015).
Em relação aos consórcios públicos, se não adotada a tese da intranscendência, estar-se-á afirmando que a irregularidade
de uma pessoa jurídica de direito público, integrante da administração pública direta, seria capaz de alcançar outra pessoa
jurídica, integrante da administração indireta (no caso, o consórcio público de Direito Público). Ressalte-se, ainda, que os
consórcios públicos possuem autonomia administrativa, financeira e orçamentária, não havendo falar em exceção ao
princípio da intranscendência, cujo escopo é o de impedir que sanções e restrições de ordem jurídica superem a dimensão
estritamente pessoal do infrator e atinjam outro ente federativo.
A personalidade jurídica própria dos consórcios permite razoável segurança jurídica em relação ao cumprimento de suas
obrigações. Além disso, não prevalece a tese de que o respeito à autonomia dos consórcios públicos incentivaria a
inadimplência dos entes consorciados, fraudando o sistema de normas que rege as transferências voluntárias, uma vez
que, na elaboração dos contratos de Direito Público (assim como nos de Direito Comum), a boa-fé é presumida, enquanto
que a má-fé necessita ser provada. Ademais, a escolha das propostas e a celebração do contrato de repasse são decisões
discricionárias do órgão do Poder Executivo competente, havendo um procedimento de aprovação de plano de trabalho e de
seleção da proposta vencedora antes da formalização do contrato de repasse.
Se a administração pública decidisse por não selecionar a proposta em razão da inadimplência de um dos entes
consorciados, não haveria óbice algum. No entanto, se aprovado o plano de trabalho do consórcio público e selecionada a
sua proposta, não há que se falar, em razão da pendência de alguns dos entes consorciados, em irregularidade por parte
do consórcio público para firmar convênio, visto que possui personalidade jurídica própria e relações jurídicas próprias.
REsp 1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/11/2015, DJe 15/2/2016.
EMENTA DO JULGADO
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONSÓRCIO PÚBLICO. CONTRATO DE REPASSE FIRMADO COM A UNIÃO. ART.
25 DA LC. N. 101/2000. INTERESSE DE AGIR. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E UNIÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM . MUNICÍPIOS CONSORCIADOS. PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS SANÇÕES.
1. Recurso especial em que se discute: a) interesse de agir da parte recorrida; b) legitimidade passiva ad causam da
União e da Caixa Econômica Federal em processos que discutam transferências voluntárias e inscrição no CAUC; e c)
possibilidade de um Consórcio Público (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Território do Vale do
Rio das Cinzas – CIVARC) formalizar contrato de repasse com União, mesmo que alguns de seus municípios estejam
inadimplentes no CAUC.
2. Caso em que a Caixa Econômica Federal foi excluída do processo e determinado que eventuais pendências de
municípios integrantes do referido consórcio não sejam consideradas na análise da viabilidade de formalização de
convênio. Ressalvou-se que o efetivo repasse de verbas mediante a celebração de convênios constitui modalidade de
transferência voluntária, devendo haver manifestação favorável da Administração Pública Federal.
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3. Inviável a análise de ausência de interesse de agir trazida no especial quando esta exige a interpretação de cláusulas
contratuais ou a incursão no universo fático-probatório, ante ao óbice trazido pelas Súmulas 5 e 7 deste Superior
Tribunal de Justiça.
4. É vitável qualquer interpretação que afaste do ente transferidor, a União no caso, a legitimidade para responder a ações
que discutam a transferência voluntária do art. 25 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar de a Caixa, na qualidade de
mandatária da União, proceder o exame da documentação referente à regularidade do ente federado, as verbas
orçamentárias saem do patrimônio da União, sendo este diretamente vinculado ao objeto do litígio. Em um caso ou outro,
poder-se-ia dizer que a Caixa Econômica Federal poderia integrar o polo passivo da ação juntamente com a União, mas, de
forma alguma, poderia dizer-se que a Empresa Pública seria exclusivamente legitimada em tal tipo de ação. Não se observa,
inclusive, litisconsórcio passivo necessário, ante a ausência de qualquer disposição legal ou natureza da relação jurídica que
justifique sua obrigatória intervenção no processo (art. 47 do Código de Processo Civil).
5. Segundo princípio da intranscendência das sanções, penalidades e restrições de ordem jurídica não podem
superar a dimensão estritamente pessoal do infrator. O §1° do art. 1° da Lei n. 11.107/2005 atribui personalidade
jurídica própria aos consórcios públicos. Tais entes possuem autonomia administrativa, financeira e orçamentária,
não havendo falar em exceção ao princípio da intranscendência no caso.
6. A sentença de primeiro grau ressalvou que o efetivo repasse de verbas ao consórcio, mediante a celebração de convênios
na modalidade de transferência voluntária, depende de manifestação favorável da Administração Pública Federal, não
havendo falar em violação da independência dos poderes no caso em questão. Recurso especial improvido.
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Teto constitucional incide em cada cargo nos casos em que é permitida a acumulação, decide STF
Por decisão majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento a dois Recursos
Extraordinários (REs 602043 e 612975) em que o Estado do Mato Grosso questionava decisões do Tribunal de Justiça
local (TJ-MT) contrárias à aplicação do teto na remuneração acumulada de dois cargos públicos exercidos pelo mesmo
servidor. Os ministros entenderam que deve ser aplicado o teto remuneratório constitucional de forma isolada para
cada cargo público acumulado, nas formas autorizadas pela Constituição. O tema debatido nos recursos teve
repercussão geral reconhecida.
O Plenário aprovou a seguinte tese para efeito de repercussão geral, sugerida pelo relator da matéria, ministro Marco
Aurélio: “Nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência
do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados,
afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público”.
Recursos
O RE 602043 diz respeito à aplicabilidade do teto remuneratório previsto no inciso XI do artigo 37, da CF, com redação
dada pela Emenda Constitucional (EC) 41/2003, à soma das remunerações provenientes da cumulação de dois cargos
públicos privativos de médico. O caso teve origem em mandado de segurança impetrado por servidor público estadual
que atuava como médico na Secretaria de Saúde e na Secretaria de Justiça e Segurança Pública. Ao julgar a ação, o TJ-
MT assentou a ilegitimidade do ato do secretário de Administração do Estado que restringiu a remuneração
acumulada dos dois cargos ao teto do subsídio do governador.
Por sua vez, o RE 612975 refere-se à aplicabilidade do teto remuneratório sobre parcelas de aposentadorias percebidas
cumulativamente. Um tenente-coronel da reserva da PM e que também exercia o cargo de odontólogo, nível superior do
SUS vinculado à Secretaria de Estado de Saúde, impetrou mandado de segurança no TJ-MT contra determinação do
secretário de Administração de Mato Grosso no sentido da retenção de parte dos proventos, em razão da aplicação do teto
remuneratório. Ao julgar a questão, o TJ-MT entendeu que o teto deve ser aplicado, isoladamente, a cada uma das
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aposentadorias licitamente recebidas, e não ao somatório das remunerações. Assentou que, no caso da acumulação
de cargos públicos do autor, a verba remuneratória percebida por cada cargo ocupado não ultrapassa o montante
recebido pelo governador.
Julgamento
O julgamento teve início na sessão plenária de ontem (26) com os votos dos ministros Marco Aurélio (relator) e
Alexandre de Moraes, que desproveram os recursos, e o voto divergente do ministro Edson Fachin, pelo provimento
dos REs. A análise da questão foi concluída na sessão desta quinta-feira (27), quando a maioria dos ministros seguiu o
voto do relator, pelo desprovimento dos recursos. Para eles, o teto constitucional deve ser considerado em relação a
cada uma das remunerações isoladamente, e não quanto à soma delas.
O relator considerou inconstitucional a interpretação segundo a qual o texto da EC 41/2003 abrange também
situações jurídicas em que a acumulação é legítima, porque prevista na própria Constituição Federal. Para o
ministro, pensar o contrário seria o mesmo que “o Estado dar com uma das mãos e retirar com a outra”.
De acordo com o relator, o entendimento da Corte sobre a matéria “não derruba o teto”. Ele considerou que o teto
remuneratório continua a proteger a Administração Pública, “só que tomado de uma forma sistemática e, portanto,
não incompatível com um ditame constitucional que viabiliza a cumulação de cargos”.
Entre os argumentos levantados, os ministros consideraram que a hipótese apresentaria violação à irredutibilidade de
vencimentos, desrespeito ao princípio da estabilidade, desvalorização do valor do trabalho e ferimento ao princípio da
igualdade. Acompanharam esse entendimento os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz
Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
Divergência
O ministro Edson Fachin abriu a divergência ao votar pelo provimento dos recursos. Para ele, “a garantia da
irredutibilidade só se aplicaria se o padrão remuneratório nominal tiver sido, então, obtido de acordo com o direito e
compreendido dentro do limite máximo fixado pela Constituição”. Com base no artigo 17 do ADCT, o ministro
entendeu que os valores que ultrapassam o teto remuneratório devem ser ajustados sem que o servidor possa alegar
direito adquirido. Assim, considerou que o teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações recebidas de
forma cumulativa.
Processos relacionados
RE 602043
RE 612975
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Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37,
XI (1), da Constituição Federal (CF) pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a
observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.
Com base nesse entendimento, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, negou provimento a recursos
extraordinários e reconheceu a inconstitucionalidade da expressão “percebidos cumulativamente ou não” contida
no art. 1º da Emenda Constitucional (EC) 41/2003, que alterou a redação do art. 37, XI, da CF, considerada
interpretação que englobe situações jurídicas a revelarem acumulação de cargos autorizada constitucionalmente.
Além disso, declarou a inconstitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003 (2), para afastar definitivamente o art. 17 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (3), por já ter surtido efeitos na fase de transformação dos sistemas
constitucionais — Cartas de 1967/1969 e 1988 —, excluída a abrangência a ponto de fulminar direito adquirido.
No caso, os acórdãos recorridos revelaram duas conclusões principais: a) nas acumulações COMPATÍVEIS com o texto
constitucional, o que auferido em cada um dos vínculos não deve ultrapassar o teto constitucional; e b) SITUAÇÕES
REMUNERATÓRIAS CONSOLIDADAS ANTES do advento da EC 41/2003 não podem ser atingidas, observadas as garantias
do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos, porque oponíveis ao poder constituinte derivado.
O Colegiado afirmou que a solução da controvérsia pressupõe interpretação capaz de compatibilizar os dispositivos
constitucionais em jogo, no que aludem ao acúmulo de cargos públicos e das respectivas remunerações, incluídos os
vencimentos e proventos decorrentes da aposentadoria, considerados os preceitos atinentes ao direito adquirido (CF,
art. 5º, XXXVI) e à irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV).
Ressaltou que a percepção somada de remunerações relativas a cargos acumuláveis, ainda que acima, no cômputo global,
do patamar máximo, não interfere nos objetivos que inspiram o texto constitucional. As situações alcançadas pelo art. 37,
XI, da CF são aquelas nas quais o servidor obtém ganhos desproporcionais, observadas as atribuições dos cargos públicos
ocupados. Admitida a incidência do limitador em cada uma das matrículas, descabe declarar prejuízo à dimensão ética da
norma, porquanto mantida a compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração.
Assentou que as possibilidades que a CF abre em favor de hipóteses de acumulação de cargos não são para benefício
do servidor, mas da coletividade. Assim, o disposto no art. 37, XI, da CF, relativamente ao teto, não pode servir de
desestímulo ao exercício das relevantes funções mencionadas no inciso XVI (4) dele constante, repercutindo, até
mesmo, no campo da eficiência administrativa.
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Frisou que a incidência do limitador, considerado o somatório dos ganhos, ensejaria enriquecimento sem causa do
Poder Público, pois viabiliza retribuição pecuniária inferior ao que se tem como razoável, presentes as atribuições
específicas dos vínculos isoladamente considerados e respectivas remunerações. Ademais, essa situação poderá
potencializar situações contrárias ao princípio da isonomia, já que poderia conferir tratamento desigual entre
servidores públicos que exerçam idênticas funções. O preceito concernente à acumulação preconiza que ela é
remunerada, não admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos serviços prestados, observado o art. 1º da CF, no
que evidencia, como fundamento da República, a proteção dos valores sociais do trabalho.
Enfatizou que o ordenamento constitucional permite que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acumulem
as suas funções com aquelas inerentes ao Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 119), sendo ilógico supor que se
imponha o exercício simultâneo, sem a correspondente contrapartida remuneratória. Da mesma forma, os arts. 95,
parágrafo único, I, e 128, § 5º, II, “d”, da CF veiculam regras quanto ao exercício do magistério por juízes e promotores
de justiça, de maneira que não se pode cogitar, presente o critério sistemático de interpretação, de trabalho não
remunerado ou por valores inferiores aos auferidos por servidores que desempenham, sem acumulação, o mesmo
ofício. Idêntica orientação há de ser observada no tocante às demais circunstâncias constitucionais de acumulação de
cargos, empregos e funções públicas, alusivas a vencimento, subsídio, remuneração oriunda do exercício de cargos em
comissão, proventos e pensões, ainda que os vínculos digam respeito a diferentes entes federativos.
Consignou que consubstancia direito e garantia individual o acúmulo tal como estabelecido no inciso XVI do art. 37
da CF, a encerrar a prestação de serviços com a consequente remuneração, ante os diversos cargos contemplados,
gerando situação jurídica na qual os valores devem ser recebidos na totalidade.
O teto remuneratório não pode atingir, a partir de critérios introduzidos por emendas constitucionais, situações
consolidadas, observadas as regras preexistentes, porque vedado o confisco de direitos regularmente incorporados
ao patrimônio do servidor público ativo ou inativo (CF, arts. 5º, XXXVI, e 37, XV).
Essa óptica deve ser adotada quanto às ECs 19/1998 e 41/2003, no que incluíram a expressão “percebidos
cumulativamente ou não” ao inciso XI do art. 37 da CF.
Cabe idêntica conclusão quanto ao art. 40, § 11, da CF, sob pena de criar situação desigual entre ativos e inativos,
contrariando preceitos de envergadura maior, entre os quais a isonomia, a proteção dos valores sociais do trabalho —
expressamente elencada como fundamento da República —, o direito adquirido e a irredutibilidade de vencimentos.
As aludidas previsões limitadoras, a serem levadas às últimas consequências, além de distantes da razoável noção de
teto, no que conduz, presente acumulação autorizada pela CF, ao cotejo individualizado, fonte a fonte, conflitam com
a rigidez constitucional decorrente do art. 60, § 4º, IV, nela contido.
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Vencido o ministro Edson Fachin, que dava provimento aos recursos extraordinários. Pontuava que o art. 37, XI, da CF
deveria ser interpretado literalmente, de modo que o teto deveria ser aplicado de forma global e não individualmente
a cada cargo.
(1) CF/1988: “Art. 37. (...) XI – A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.”
(2) Emenda Constitucional 41/2003: “Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias aos vencimentos, remunerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécie remuneratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
qualquer outra natureza.”
(3) ADCT: “Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de
aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos
limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a
qualquer título.”
(4) CF/1988: “Art. 37. (...) XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b)
a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;”
RE 612975/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 26 e 27.4.2017. (RE-612975) RE
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RODADA 03
→ É DEVER DO ESTADO-MEMBRO REMOVER TODA E QUALQUER BARREIRA FÍSICA, BEM COMO PROCEDER A
REFORMAS E ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS, DE MODO A PERMITIR O ACESSO DE PESSOAS COM RESTRIÇÃO
LOCOMOTORA À ESCOLA PÚBLICA.
NOTÍCIA DO STF
STF determina que Estado de São Paulo adapte escola para alunos com deficiência
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão realizada nesta terça-feira (29), deu provimento, por
unanimidade, ao Recurso Extraordinário (RE) 440028 para determinar ao Estado de São Paulo que realize reformas e
adaptações necessárias na Escola Estadual Professor Vicente Teodoro de Souza, em Ribeirão Preto, de forma a garantir
o pleno acesso de pessoas com deficiência. O relator do recurso, ministro Marco Aurélio, frisou que, embora o caso
se refira a uma única escola, é uma forte sinalização do Supremo quanto à necessidade de se observar os direitos
fundamentais. “Diz respeito a apenas uma escola, mas a decisão vai se irradiar alcançando inúmeros prédios
públicos”, afirmou.
Caso
A ação civil pública com o objetivo de efetivar as reformas na escola foi movida pelo Ministério Público de São Paulo,
depois de constatar que os alunos com deficiências que necessitam fazer uso de cadeiras de rodas não tinham
possibilidade de acesso aos pavimentos superiores do prédio. Segundo os autos, os alunos não podem frequentar as
salas de aulas, localizadas no andar superior, pois o acesso se dá por meio de escadas.
Foi constatado, também, que o prédio apresenta barreiras nas entradas e na quadra de esportes, com degraus que
inviabilizam a circulação de alunos com deficiência física, e que os banheiros são do tipo convencional, ou seja, sem os
equipamentos necessários para garantir o acesso seguro.
A ação foi considerada improcedente em primeira instância. Ao analisar recurso, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP)
entendeu que, apesar do empenho do MP-SP em buscar a remoção de toda e qualquer barreira física de modo a permitir
o irrestrito acesso de pessoas com deficiência a prédios, logradouros e veículos públicos, deve-se analisar a
disponibilidade orçamentária do ente. Segundo o acórdão, “obrigar a administração pública a realizar obras e melhorias
significa olvidar o princípio da separação dos poderes, pois se trata da efetivação de atos discricionários”.
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No recurso ao STF, o Ministério Público de São Paulo aponta ofensa aos artigos 227, parágrafo 2°, e 244 da Constituição
Federal, por entender que é dever do Estado garantir às pessoas com deficiência o direito de acesso aos logradouros e
edifícios de uso público. Sustenta também que o cumprimento da exigência constitucional não é ato discricionário do
Poder Público, mas sim dever de cumprir mandamento inserido da Constituição. Segundo o RE, “aceitar a
conveniência e a oportunidade nas ações administrativas funciona como 'válvula de escape' à inércia estatal”.
Voto
O ministro destacou que o controle jurisdicional de políticas públicas é essencial para concretização dos preceitos
constitucionais. Ele ressaltou que, de acordo com a jurisprudência do STF, três requisitos podem viabilizar ação neste
sentido: a natureza constitucional da política pública reclamada, a existência de correlação entre ela e os direitos
fundamentais e a prova de que há omissão ou prestação deficiente pela Administração Pública, inexistindo justificativa
razoável para tal comportamento. “No caso, todos os pressupostos encontram-se presentes”, argumentou.
O ministro observou que a Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência estabelece que os
Estados que a ela aderiram devem tomar medidas adequadas para possibilitar às pessoas com deficiência viver de
forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas. Ressaltou, também, que as disposições da convenção foram incorporadas ao cenário normativo
brasileiro, o que a confere estatura de emenda constitucional.
O relator apontou que a política pública de acessibilidade, para que seja implementada, necessita da adequação dos
edifícios e áreas públicas visando possibilitar a livre locomoção de pessoas com deficiência. Destacou que, quando se
trata de escola pública, cujo acesso é primordial ao pleno desenvolvimento da pessoa, deve também ser assegurada
a igualdade de condições para a permanência do aluno. Segundo o ministro, a acessibilidade aos prédios públicos é
reforçada pelo direito à cidadania.
“Barreiras arquitetônicas que impeçam a locomoção de pessoas acarretam inobservância a regra constitucional,
colocando cidadãos em desvantagem no tocante à coletividade. A noção de República pressupõe que a gestão pública
seja efetuada por delegação e no interesse da sociedade e, nesta, aqueles estão integrados. Obstaculizar-lhes a
entrada em hospitais, escolas, bibliotecas, museus, estádios, em suma, edifícios de uso público e áreas destinadas ao
uso comum do povo, implica tratá-los como cidadãos de segunda classe, ferindo de morte o direito à igualdade e à
cidadania”, ressaltou o ministro Marco Aurélio.
O ministro argumentou que a Lei federal 7.853/1989 garante o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das
pessoas portadoras de necessidades especiais, com a efetiva integração social. Destacou, ainda, que o Estado de São
Paulo, em momento algum, apontou políticas públicas alternativas à satisfação do encargo constitucional. “Arguiu,
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simplesmente, poder discricionário, o qual certamente não se estende a ponto de permitir ao administrador público
escolher qual preceito da Lei Maior deseja observar. É até mesmo incompreensível que a maior unidade da
Federação não haja adotado providências para atender algo inerente à vida social, algo que não dependeria sequer,
para ter-se como observado, de proteção constitucional”, sustentou o relator.
PR/AD
Leia aqui a íntegra do relatório e do voto do ministro Marco Aurélio.
Processos relacionados
RE 440028
É dever do Estado-membro remover toda e qualquer barreira física, bem como proceder a reformas e adaptações
necessárias, de modo a permitir o acesso de pessoas com restrição locomotora à escola pública.
Com base nessa orientação, a 1ª Turma deu provimento a recurso extraordinário em que discutido: a) se o ato de se
determinar à Administração Pública a realização de obras significaria olvidar o princípio da separação dos Poderes,
porquanto se trataria de ato discricionário; b) se necessário o exame de disponibilidade orçamentária do ente estatal.
Consignou-se que a Constituição (artigos 227, § 2º, e 244), a Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com
Deficiência, a Lei 7.853/1989; e as Leis paulistas 5.500/1986 e 9.086/1995 asseguram o direito das pessoas com
deficiência ao acesso a prédios públicos.
Frisou-se o dever de a Administração adotar providências que viabilizassem essa acessibilidade. Pontuou-se
presente o controle jurisdicional de políticas públicas. Asseverou-se a existência de todos os requisitos a viabilizar a
incursão judicial nesse campo, a saber: a natureza constitucional da política pública reclamada; a existência de
correlação entre ela e os direitos fundamentais; a prova de que haveria omissão ou prestação deficiente pela
Administração Pública, inexistindo justificativa razoável para esse comportamento.
Destacou-se a promulgação, por meio do Decreto 6.949/2009, da Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, incorporado ao cenário normativo brasileiro segundo o
procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição.
Ressalvou-se o disposto no artigo 9º do mencionado decreto [“1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de
forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas
apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao
meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e
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comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana
como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade,
serão aplicadas, entre outros, a: a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas,
inclusive escolas, residências, instalações médicas e local de trabalho”].
Sublinhou-se que, ao remeter à lei a disciplina da matéria, a Constituição não obstaculizou a atuação do Poder
Judiciário, em especial quando em debate a dignidade da pessoa humana e a busca de uma sociedade justa e solidária
(CF, artigos 1º, III, e 3º, I).
Reputou-se que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais teriam aplicação imediata, sem que
fossem excluídos outros direitos decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados
internacionais de que a República Federativa do Brasil fosse parte (CF, art. 5º, §§ 1º e 2º).
Assinalou-se que o acesso ao Judiciário para reclamar contra lesão ou ameaça de lesão a direito seria cláusula
pétrea. Observou-se que a acessibilidade, quando se tratasse de escola pública, seria primordial ao pleno
desenvolvimento da pessoa (CF, art. 205). Lembrou-se que o art. 206, I, da CF asseguraria, ainda, a “igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola”.
Registrou-se que barreiras arquitetônicas que impedissem a locomoção de pessoas acarretariam inobservância à regra
constitucional, a colocar cidadãos em desvantagem no tocante à coletividade. Concluiu-se que a imposição quanto à
acessibilidade aos prédios públicos seria reforçada pelo direito à cidadania, ao qual teriam jus as pessoas com
deficiência. RE 440028/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29.10.2013. (RE-440028)
EMENTA DO JULGADO
(RE 440028, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 29/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
232 DIVULG 25-11-2013 PUBLIC 26-11-2013)
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→ É LEGÍTIMA A PUBLICAÇÃO, INCLUSIVE EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DOS
NOMES DE SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES VENCIMENTOS E VANTAGENS PECUNIÁRIAS.
NOTÍCIA DO STF
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 652777,
decidiu, por unanimidade, que é legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração
Pública, do nome de servidores e dos valores dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.
A questão teve repercussão geral reconhecida em setembro de 2011. A decisão do julgamento será aplicada a pelo
menos 334 casos sobrestados que discutem o mesmo tema.
O recurso foi interposto pelo município de São Paulo contra decisão da Justiça estadual que determinou a exclusão
das informações funcionais de uma servidora pública municipal no site “De Olho nas Contas”, da Prefeitura Municipal.
O relator do caso, ministro Teori Zavascki, votou pelo provimento do recurso. Segundo o ministro, no julgamento da
Suspensão de Segurança (SS) 3902, o Plenário já havia se manifestado em relação ao mesmo sítio eletrônico
mantido pelo município de São Paulo. Na ocasião, a publicação do nome dos servidores e os valores de seus
respectivos vencimentos brutos foi considerada “plenamente legítima” pelos ministros.
O ministro salientou que, após esse precedente, sobreveio a edição da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011),
Leia mais:
17/10/2011 - Publicação de salários do Município de SP é tema com repercussão geral
Processos relacionados
ARE 652777
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É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes de seus
servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias.
Esse o entendimento do Plenário ao dar provimento a recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de se
indenizar, por danos morais, servidora pública que tivera seu nome publicado em sítio eletrônico do município, em
que teriam sido divulgadas informações sobre a remuneração paga aos servidores públicos.
A Corte destacou que o âmbito de proteção da privacidade do cidadão ficaria mitigado quando se tratasse de
agente público. O servidor público não poderia pretender usufruir da mesma privacidade que o cidadão comum.
Esse princípio básico da Administração — publicidade — visaria à eficiência.
EMENTA DO JULGADO
Ementa: CONSTITUCIONAL. PUBLICAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO MANTIDO PELO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, DO NOME DE
SEUS SERVIDORES E DO VALOR DOS CORRESPONDENTES VENCIMENTOS. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a publicação,
inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 2. Recurso extraordinário conhecido e provido.
(ARE 652777, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-128 DIVULG 30-06-2015 PUBLIC 01-07-2015)
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RODADA 04
Judiciário pode impor realização de obras em presídios para garantir direitos fundamentais
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão desta quinta-feira (13), que o Poder Judiciário pode
determinar que a Administração Pública realize obras ou reformas emergenciais em presídios para garantir os direitos
fundamentais dos presos, como sua integridade física e moral. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 592581, com repercussão geral, interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS)
contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-RS). A corte gaúcha entendeu que não caberia ao Poder Judiciário adentrar
em matéria reservada à Administração Pública.
Ação Civil Pública
Na origem, o Ministério Público gaúcho ajuizou ação civil pública contra o Estado do Rio Grande do Sul para que
promovesse uma reforma geral no Albergue Estadual de Uruguaiana. O juízo de primeira instância determinou a
reforma do estabelecimento, no prazo de seis meses. O estado recorreu ao TJ-RS, que reformou a sentença por
considerar que não cabe ao Judiciário determinar que o Poder Executivo realize obras em estabelecimento
prisional, “sob pena de ingerência indevida em seara reservada à Administração”.
O MP recorreu ao STF, alegando que os direitos fundamentais têm aplicabilidade imediata, e que questões de ordem
orçamentária não podem impedir a implementação de políticas públicas que visem garanti-los. De acordo com o MP,
a proteção e a promoção da dignidade do ser humano norteiam todo ordenamento constitucional, e o estado tem
obrigação de conferir eficácia e efetividade ao artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, para dar condições
minimamente dignas a quem se encontra privado de liberdade.
Poder do Estado
O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, disse entender que o Poder Judiciário não pode se omitir quando os órgãos
competentes comprometem a eficácia dos direitos fundamentais individuais e coletivos. “É chegada a hora de o
Judiciário fazer jus às elevadas competências que lhe foram outorgadas pela Constituição Federal, assumindo o
status de Poder do Estado, principalmente quando os demais Poderes estão absolutamente omissos na questão dos
presídios”, salientou.
Em seu voto, o presidente da Corte fez um relato da situação das penitenciárias brasileiras, que encarceram atualmente mais
de 600 mil detentos, revelando situações subumanas, violadoras do principio constitucional da dignidade da pessoa humana,
além de revoltas, conflitos, estupros e até homicídios, incluindo casos de decapitação. No caso do Albergue de
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Uruguaiana, discutido no recurso em julgamento, o presidente revelou que um preso chegou a morrer eletrocutado,
em consequência das péssimas condições do estabelecimento. O próprio TJ-RS, lembrou o ministro, apesar de
reformar a decisão do juiz de primeiro grau, reconheceu a situação degradante dos presos.
Essa situação de calamidade, disse o ministro, faz das penitenciárias brasileiras “verdadeiros depósitos de pessoas”,
impedindo a consecução da função ressocializadora da pena, causando ainda uma exacerbação da sanção, pela aplicação de
penas adicionais, na forma de situações degradantes. “A sujeição dos presos às condições até aqui descritas mostra, com
clareza meridiana, que o estado os está sujeitando a uma pena que ultrapassa a mera privação da liberdade prevista na
sentença, porquanto acresce a ela um sofrimento físico, psicológico e moral, o qual, além de atentar contra toda a noção
que se possa ter de respeito à dignidade humana, retira da sanção qualquer potencial de ressocialização”,
afirmou. A intervenção do Judiciário, nesses casos, frisou o relator, também tem a função de impedir esse excesso de
execução.
Contrariamente ao sustentado pelo TJ, o ministro disse entender que não é possível cogitar de hipótese na qual o
Judiciário estaria ingressando indevidamente em seara reservada à Administração Pública. “No caso dos autos,
está-se diante de clara violação a direitos fundamentais, praticada pelo próprio Estado contra pessoas sob sua
guarda, cumprindo ao Judiciário, por dever constitucional, oferecer-lhes a devida proteção”. Separação de Poderes
O presidente disse ainda que não se pode falar em desrespeito ao princípio da separação do Poderes, e citou o
princípio da inafastabilidade da jurisdição, uma das garantias basilares para efetivação dos direitos fundamentais. O
dispositivo constitucional (artigo 5º, inciso XXXV) diz que a lei não subtrairá à apreciação do Poder Judiciário
qualquer lesão ou ameaça de lesão a direito. Esse postulado, conforme ressaltou, é um dos pilares do Estado
Democrático de Direito. Fundos
Para o ministro, não cabe também falar em falta de verbas, pois o Fundo Penitenciário Nacional dispõe de verbas da
ordem de R$ 2,3 bilhões, e para usá-los basta que os entes federados apresentem projetos e firmem convênios para
realizar obras. Mas, para Lewandowski, não existe vontade para a implementação de políticas, seja na esfera federal
ou estadual, para enfrentar o problema.
Com isso, concluiu que a chamada cláusula da reserva do possível também não pode ser usada como argumento para
tentar impedir a aplicação de decisões que determinem a realização de obras emergenciais. Unanimidade
O voto do relator, no sentido de dar provimento ao recurso do MP-RS, foi seguido por todos os ministros, que fizeram
menções à péssima situação dos presídios brasileiros e concordaram que o Ministério Público detém legitimidade para
requerer em juízo a implementação de políticas públicas pelo Poder Executivo para concretizar a garantia de direitos
fundamentais coletivos. Todos salientaram, ainda, que compete ao Judiciário agir para garantir aos presos tratamento
penitenciário digno, como forma de preservar seus direitos fundamentais. Tese
Também por unanimidade, o Plenário acompanhou a proposta de tese de repercussão geral apresentada pelo relator. “É
lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na
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execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da
pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o
artigo 5º (inciso XLIX) da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem
o princípio da separação dos Poderes”.
Leia a íntegra do voto do relator.
MB/FB
Processos relacionados
RE 592581
É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou na
execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa
humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da
CF, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes. Essa a
conclusão do Plenário, que proveu recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de o Poder Judiciário determinar
ao Poder Executivo estadual obrigação de fazer consistente na execução de obras em estabelecimentos prisionais, a fim de
garantir a observância dos direitos fundamentais dos presos. O Colegiado assentou tratar-se, na espécie, de estabelecimento
prisional cujas condições estruturais seriam efetivamente atentatórias à integridade física e moral dos detentos. Pontuou
que a pena deveria ter caráter de ressocialização, e que impor ao condenado condições sub-humanas atentaria contra esse
objetivo. Entretanto, o panorama nacional indicaria que o sistema carcerário como um todo estaria em quadro de total
falência, tendo em vista a grande precariedade das instalações, bem assim episódios recorrentes de sevícias, torturas,
execuções sumárias, revoltas, superlotação, condições precárias de higiene, entre outros problemas crônicos. Esse evidente
caos institucional comprometeria a efetividade do sistema como instrumento de reabilitação social. Além disso, a questão
afetaria também estabelecimentos destinados à internação de menores. O quadro revelaria desrespeito total ao postulado
da dignidade da pessoa humana, em que haveria um processo de “coisificação” de presos, a indicar retrocesso relativamente
à lógica jurídica atual. A sujeição de presos a penas a ultrapassar mera privação de liberdade prevista na lei e na sentença
seria um ato ilegal do Estado, e retiraria da sanção qualquer potencial de ressocialização. A temática envolveria a violação de
normas constitucionais, infraconstitucionais e internacionais. Dessa forma, caberia ao Judiciário intervir para que o
conteúdo do sistema constitucional fosse assegurado a qualquer jurisdicionado, de acordo com o postulado da
inafastabilidade da jurisdição. Os juízes seriam assegurados do poder geral de cautela mediante o qual lhes seria
permitido conceder medidas atípicas, sempre que se mostrassem necessárias para assegurar a efetividade do direito
buscado.
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No caso, os direitos fundamentais em discussão não seriam normas meramente programáticas, sequer se trataria
de hipótese em que o Judiciário estaria ingressando indevidamente em campo reservado à Administração. Não
haveria falar em indevida implementação de políticas públicas na seara carcerária, à luz da separação dos poderes.
Ressalvou que não seria dado ao Judiciário intervir, de ofício, em todas as situações em que direitos fundamentais
fossem ameaçados. Outrossim, não caberia ao magistrado agir sem que fosse provocado, transmudando-se em
administrador público. O juiz só poderia intervir nas situações em que se evidenciasse um “não fazer” comissivo ou
omissivo por parte das autoridades estatais que colocasse em risco, de maneira grave e iminente, os direitos dos
jurisdicionados. RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13.8.2015. (RE-592581)
O Ministro Edson Fachin ponderou que a cláusula da reserva do possível somente seria oponível se objetivamente verificado
o justo motivo que tivesse sido suscitado pelo poder público para não realizar o mandamento constitucional.
Seria preciso ponderar que o magistrado não deveria substituir o gestor público, mas poderia compeli-lo a cumprir o
programa constitucional vinculante, mormente quando se tratasse de preservar a dignidade da pessoa humana. O
Ministro Roberto Barroso aduziu que a judicialização não substituiria a política, mas haveria exceções, como no caso, em que
se trataria de proteger os direitos de uma minoria sem direitos políticos, sem capacidade de vocalizar as próprias pretensões.
Além disso, se cuidaria de um problema historicamente crônico de omissão do Executivo, e se o Estado se arrogasse do
poder de privar essas pessoas de liberdade, deveria exercer o dever de proteção dessas pessoas. O Ministro Luiz Fux
reforçou a ideia de que a intervenção judicial seria legítima se relacionada a obras de caráter emergencial, para proteger a
integridade física e psíquica do preso. A Ministra Cármen Lúcia lembrou que determinadas políticas, como de melhoria do
sistema penitenciário, seriam impopulares com o eleitorado, mas isso não justificaria o descumprimento reiterado de um
mandamento constitucional. Ademais, não caberia falar em falta de recursos, tendo em vista a criação
do Fundo Penitenciário, para suprir essa demanda específica. O Ministro Gilmar Mendes salientou que a questão não
envolveria apenas direitos humanos, mas segurança pública. Presídios com condições adequadas permitiriam melhor
policiamento, melhor monitoramento e dificultariam o crescimento de organizações criminosas nesses locais. Frisou
que a lei contemplaria hipótese de o juiz da execução poder interditar estabelecimento penal que funcionasse em
condições inadequadas ou ilegais, bem assim que caberia às corregedorias e ao Ministério Público zelar pelo correto
funcionamento desses estabelecimentos. O Ministro Celso de Mello afirmou que a hipótese seria de excesso de
execução — em que o Estado imporia ao condenado pena mais gravosa do que a prevista em lei —, portanto de
comportamento estatal ao arrepio da lei.
RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 13.8.2015. (RE-592581)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO DO MPE CONTRA ACÓRDÃO DO TJRS. REFORMA DE SENTENÇA QUE DETERMINAVA
A EXECUÇÃO DE OBRAS NA CASA DO ALBERGADO DE URUGUAIANA. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS
PODERES E DESBORDAMENTO DOS LIMITES DA RESERVA DO POSSÍVEL. INOCORRÊNCIA. DECISÃO QUE
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(RE 592581, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 13/08/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2016)
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A análise do recurso estava suspensa por decisão da Primeira Turma para aguardar o julgamento do RE 566471, que
trata de tema semelhante e que teve repercussão geral reconhecida pelo Plenário Virtual do STF. No entanto, o
relator do caso levado a julgamento hoje pela Primeira Turma, ministro Ricardo Lewandowski, alegou que se travava
de uma situação distinta, o que foi seguido pelos demais ministros.
Segundo o relator, a decisão da justiça fluminense encontra-se em harmonia com a orientação do STF em um outro
julgamento, que envolvia um paciente portador de HIV sem recursos financeiros que pedia a distribuição gratuita
de remédios (RE 271286). Na ocasião, o Plenário do Supremo acompanhou voto do relator, ministro Celso de Mello,
e reconheceu o dever constitucional do poder público de garantir o direito à saúde como consequência
constitucional indissociável do direito à vida. Nesse sentido, ficou acertado que cabe ao poder público formular e
adotar políticas sociais e econômicas para dar aos cidadãos acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica
e médico-hospitalar.
Ao fazer suas considerações sobre a necessidade de obrigar o Estado do Rio a manter em estoque o medicamento
contra a Doença de Gaucher, o ministro Ricardo Lewandowski esclareceu que tal doença exige tratamento contínuo.
RP/AR
Processos relacionados
RE 429903
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A 1ª Turma negou provimento a recurso extraordinário para assentar a legitimidade de determinação judicial no
sentido de que o Estado do Rio de Janeiro mantivesse determinado medicamento em estoque.
No caso, o Ministério Público Federal ajuizara ação civil pública, cujo pedido fora julgado parcialmente procedente, na qual
se postulava a aquisição, pelo referido ente federativo, de medicamento a portadores da doença de Gaucher, e a
manutenção de estoque por certo período, para evitar interrupção do tratamento, tendo em conta lapsos na importação do
produto. Preliminarmente, a Turma afastou o sobrestamento do feito por falta de similitude com o RE 566.471 RG/RN
— processo com repercussão geral reconhecida, que versa sobre o dever do Estado de fornecer medicamento de alto
custo a portador de doença grave —, por entender diversa a matéria.
No mérito, reafirmou a jurisprudência da Corte quanto à ausência de violação ao princípio da separação dos Poderes
quando do exame pelo Poder Judiciário de ato administrativo tido por ilegal ou abusivo. Aduziu, ademais, que o
Poder Público, qualquer que fosse a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa
brasileira, não poderia se mostrar indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que
por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional.
RE 429903/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.6.2014. (RE-429903)
EMENTAR DO JULGADO
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(RE 429903, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 25/06/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 13-08-2014 PUBLIC 14-08-2014)
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O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em sessão extraordinária na manhã desta quarta-feira (26), a
possibilidade de as universidades públicas cobrarem por cursos de especialização. Por maioria de votos, os ministros
deram provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 597854, com repercussão geral reconhecida.
No recurso, a Universidade Federal de Goiás questionava acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1)
que considerou inconstitucional a cobrança de mensalidade pela frequência de um curso de pós-graduação lato sensu
em Direito Constitucional, tendo em vista a garantia constitucional de gratuidade de ensino público, prevista no artigo
206, inciso IV, da Constituição Federal (CF).
A tese aprovada pelo Plenário aponta que “a garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança,
por universidades públicas, de mensalidades em cursos de especialização”. O relator do recurso, ministro Edson
Fachin, apontou que, na CF, há diferenciação entre ensino, pesquisa e extensão e a previsão de um percentual da
receita das unidades da federação para a manutenção e desenvolvimento do ensino público.
No entanto, afirmou que o artigo 213 da CF autoriza as universidades a captarem recursos privados para pesquisa e
extensão. “É impossível afirmar a partir de leitura estrita da Constituição Federal que as atividades de pós-graduação
são abrangidas pelo conceito de manutenção e desenvolvimento do ensino, parâmetro para destinação com
exclusividade dos recursos públicos”, sustentou.
Remuneração
O ministro Edson Fachin ressaltou que, caso o curso de pós-graduação na universidade pública esteja relacionado à
manutenção e desenvolvimento do ensino, o princípio da gratuidade deverá obrigatoriamente ser observado.
Segundo ele, ao legislador é possível descrever as atividades que, por não se relacionarem com o desenvolvimento
da educação, não dependem exclusivamente de recursos públicos, sendo lícito, portanto, que as universidades
recebam remuneração pelo serviço.
De acordo com o relator, a Lei 9.394/1996 estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional. “É possível
depreender pela lei que os cursos de pós-graduação se destinam à preparação do exercício do magistério superior,
por isso são indispensáveis para manutenção e desenvolvimento das instituições de ensino. No entanto, apenas
esses cursos é que são financiados pelo poder público”, frisou.
Para o ministro Edson Fachin, é possível às universidades, no âmbito da sua autonomia didático-científica,
regulamentar, em harmonia com a legislação, as atividades destinadas, preponderantemente, à extensão
universitária, sendo possível, nessas condições, a instituição de tarifa.
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“Nem todas as atividades potencialmente desempenhas pelas universidades se referem exclusivamente ao ensino.
A função desempenhada por elas é muito mais ampla do que as formas pelas quais obtêm financiamento. Assim, o
princípio da gratuidade não as obriga a perceber exclusivamente recursos públicos para atender sua missão
institucional. O princípio, porém, exige que, para todas as tarefas necessárias para a plena inclusão social e o direito
fundamental à educação, haja recursos públicos disponíveis para os estabelecimentos oficiais”, assinalou.
Divergência
Único a divergir do voto do relator, o ministro Marco Aurélio afirmou que o STF não pode legislar ao estabelecer
distinção entre as esferas e os graus de ensino que a Constituição Federal não prevê. Destacou ainda que o inciso IV
do artigo 206 da CF garante a gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais e que, em sua avaliação, isso
é um princípio inafastável.
A seu ver, as universidades oficiais são públicas e não híbridas e a Constituição estabelece a igualdade de condições de
acesso e permanência na escola. “Onde o texto não distingue, não cabe ao intérprete distinguir”, disse. Nesse sentido,
o ministro votou pelo desprovimento do RE.
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade
em cursos de especialização.
Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para denegar segurança.
Preliminarmente, o Colegiado, também por maioria, indeferiu pedido de sustentação oral do advogado do “amicus
curiae” da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) já ter se exaurido a fase de sustentação oral na sessão
anterior, e tendo ele se inscrito apenas na sessão subsequente. Vencidos, no ponto, os ministros Marco Aurélio, Rosa
Weber e Ricardo Lewandowski, que deferiam o pleito, ao fundamento de que, se há inscrito terceiro, sem que ainda
tivesse sido proferido qualquer voto, se deveria, em prestígio ao devido processo legal, viabilizar a sustentação.
Quanto ao mérito, inicialmente, o Colegiado observou que, a despeito da Súmula Vinculante 12 (1), alargar a sua
aplicação para os cursos de extensão seria interpretação equivocada do verbete sumular.
Asseverou haver no texto constitucional uma diferenciação entre “ensino”, “pesquisa” e “extensão”, que formam
tripé harmônico e essencial para a educação de qualidade. Nos termos do art. 206, IV, da Constituição Federal (CF),
a gratuidade do ensino é um princípio aplicável a todos os estabelecimentos oficiais. Para tanto, conforme exige o
art. 212, “caput”, da CF, um percentual da receita pública deve ser destinado à “manutenção e desenvolvimento do
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ensino”. O art. 213, § 2º, da CF autoriza, “argumentum a contrario”, a captação de recursos destinados à pesquisa e à
extensão porque os recursos públicos, a que se refere o art. 212, “caput”, da CF, têm destinação precípua às escolas
públicas. Já as atividades descritas no art. 213, § 2º, da CF não necessariamente contam com recursos públicos. Seria
incorreto, porém, concluir que a Constituição não exige financiamento público para a pesquisa e extensão.
Explicou que a indissolubilidade entre “ensino, pesquisa e extensão”, princípio previsto no “caput” do art. 207 da
CF, exige que o financiamento público não se destine exclusivamente ao ensino, visto que, para a manutenção e
desenvolvimento do ensino, são necessários, nos termos do art. 207, pesquisa e extensão.
Entretanto, há um espaço de conformação no texto constitucional para a definição das atividades que integram a
manutenção e o desenvolvimento do ensino. De fato, o regime constitucional de pós-graduação deve derivar das
exigências constitucionais contidas no art. 207 da CF. Impossível afirmar, com base na leitura estrita da CF, que as
atividades de pós-graduação são abrangidas pelo conceito de manutenção e desenvolvimento do ensino, parâmetro
constitucional para a destinação, com exclusividade, dos recursos públicos. Por isso, para a solução do presente caso, é
preciso examinar se a instituição de cursos de pós-graduação (especialização) implica, necessariamente, gratuidade.
O Colegiado frisou competir ao legislador a tarefa de disciplinar quais características determinado curso assumirá.
Caso a atividade preponderante se refira à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, a gratuidade deverá ser
observada, nos termos do art. 206, IV, da CF.
Para matéria relativa a ensino, pesquisa e extensão, a competência regulamentar é concorrente entre a União e os
Estados-Membros (CF, art. 24, IX), mas também é afeta à autonomia universitária. Quanto a este último aspecto, a
universidade pode contar, por expressa previsão constitucional (CF, art. 213, § 2º), com recursos de origem privada.
Ademais, embora não disponham de competência para definir a origem dos recursos a serem utilizados para a
manutenção e o desenvolvimento do ensino, as universidades podem definir quais são as atividades de pesquisa e
extensão passíveis de realização em regime de colaboração com a sociedade civil. No exercício de sua competência
para definir normas gerais (CF, art. 24, § 1º), a União editou a Lei 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Dessa lei é possível depreender que os cursos de pós-graduação se destinam à preparação para
o exercício do magistério superior (arts. 64 e 66) e, por isso, são indispensáveis para a manutenção e o
desenvolvimento das instituições de ensino (art. 55).
Porém, é preciso observar que apenas os cursos de pós-graduação que se destinam à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino são financiados pelo Poder Público. Novamente é a Lei 9.394/1996, em seus arts. 70 e
71, que fixa as regras para contabilizar essas despesas.
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Segundo o Tribunal, não se deve, evidentemente, ler a Constituição com fundamento na lei, mas sua referência
exemplifica o fato de que ao legislador é possível descrever as atividades que, por não se relacionarem com a
manutenção e o desenvolvimento do ensino, não dependem de recursos exclusivamente públicos. É lícito, dessa
forma, às universidades perceber remuneração pelo seu desempenho.
Além disso, a elaboração da lei não retira das universidades a competência para, por meio de sua autonomia, desenvolver
outras atividades voltadas à comunidade que não se relacionem precisamente com a exigência constitucional da
manutenção e do desenvolvimento do ensino. Essa observação vai ao encontro do próprio texto constitucional, ou seja,
não há, na previsão de autonomia das universidades (CF, art. 207), remissão à regulamentação por lei, diversamente do
que ocorre com as regras sobre a carreira dos professores (CF, art. 206, V), com a forma de gestão democrática (CF, art.
206, VI) e com a contratação de professores estrangeiros (CF, art. 207, § 1º).
Há, aqui, potencialmente, um choque entre as competências legais do Poder Legislativo e normativas das universidades, ou
do órgão encarregado de sua organização (CF, art. 211, § 1º). Esse conflito tem, em tese, assento constitucional e não legal.
No caso, contudo, não há conflito a exigir a intervenção por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Tanto a CF
quanto a lei dão margem ao juízo de conformação a ser realizado pelas universidades para definir se determinado
curso de especialização destina-se à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, hipótese em que, por expressa
previsão constitucional, os recursos para seu financiamento deverão ser exclusivamente públicos. Nesse sentido, o
art. 71 da Lei 9.394/1996 exclui das despesas de manutenção e desenvolvimento a formação de quadros especiais
para a administração, caso em que, desde que restrita aos cursos de especialização, não haveria impedimento para as
universidades, por analogia, disciplinarem outros cursos cuja cobrança de mensalidade fosse possível.
O Colegiado afirmou ser evidente que as universidades não são completamente livres para definir suas atividades.
O desempenho precípuo de suas funções exige que, no mínimo, haja completa realização daquelas que se
relacionem com a manutenção e o desenvolvimento do ensino. Nada impede que, para além dessas atividades, a
universidade possa definir outros cursos para a comunidade, como cursos de extensão, que, embora se relacionem
ao ensino, guardam independência quanto a ele.
Afastou o argumento de que, por ostentarem natureza autárquica ou fundacional, as universidades somente
poderiam adotar o regime tributário para a obtenção de receitas, a implicar que o serviço desempenhado passasse
a ser remunerado por taxa. Isso porque, em primeiro lugar, a adoção do regime de direito público, previsto no art.
37 da CF, não impõe, necessariamente, que a obtenção de receita seja exclusivamente pela via tributária. Ademais,
o princípio da gratuidade veda, precisamente, a cobrança de prestação compulsória (CF, art. 205), como ocorre nas
atividades de manutenção e desenvolvimento do ensino. Além disso, por serem as atividades extraordinárias
desempenhadas de modo voluntário pelas universidades, pode ser estabelecida uma tarifa como contraprestação.
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Relembrou que, no julgamento da ADI 800/RS (DJE de 27.6.2014), se reconheceu que o traço característico de uma
prestação estatal remunerada por taxa é a compulsoriedade, prevista no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN).
Na mesma direção aponta ainda o Enunciado 545 da Súmula desta Corte (2). Essa diferenciação é fundamental para
também estender às atribuições desempenhadas pelas universidades o entendimento sumulado pelo STF. Dessa
forma, por não ser taxa a cobrança de mensalidade para os cursos não relacionados com a manutenção e o
desenvolvimento do ensino, não está sujeita à legalidade estrita. Noutras palavras, podem as universidades
regulamentar a forma de remuneração do serviço desempenhado.
Ainda no que tange às limitações impostas às universidades, é mister registrar que os professores são servidores
públicos e, como tal, destinam-se ao desempenho das tarefas indicadas nos seus cargos. Não podem,
consequentemente, eximir-se de suas obrigações ordinárias para desempenhar aquelas que, por conveniência, a
universidade decidiu oferecer ao público, mediante pagamento.
Além disso, embora tenham autonomia para definir as atividades ofertadas ao público, as universidades devem ter
em conta que prestam serviço público e, portanto, devem garantir os direitos dos usuários (CF, art. 175, II),
observar a modicidade tarifária (CF, art. 175, III) e manter serviço de qualidade (CF, art. 206, VII), atendidas as
exigências do órgão coordenador da educação (CF, art. 211, § 1º). Finalmente, a regulamentação dessas atividades
deve ainda observar o princípio da gestão democrática do ensino (CF, art. 206, VI).
Em suma, o Plenário concluiu ser preciso reconhecer que nem todas as atividades potencialmente desempenhadas
pelas universidades se referem exclusivamente ao ensino. A função desempenhada por elas é muito mais ampla do
que as formas pelas quais elas obtêm financiamento.
Assim, o princípio da gratuidade não as obriga a perceber exclusivamente recursos públicos para atender sua
missão institucional. Ele exige, porém, que, para todas as tarefas necessárias à plena inclusão social, missão do
direito à educação, haja recursos públicos disponíveis para os estabelecimentos oficiais.
O termo utilizado pela CF é que essas são as tarefas de manutenção e desenvolvimento do ensino. Consequentemente,
são a elas que se estende o princípio da gratuidade. Nada obstante, é possível às universidades, no âmbito de sua
autonomia didático-científica, regulamentar, em harmonia com a legislação, as atividades destinadas
preponderantemente à extensão universitária, sendo-lhes, nessa condição, possível a instituição de tarifa.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que negava provimento ao recurso. Considerava que o inciso IV do art. 206 da CF prevê
um princípio inafastável que garantiria a gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais, sem distinção, se de ensino
básico, fundamental, superior, graduação ou pós-graduação. Além disso, o inciso I do art. 206 da CF asseguraria a igualdade
de condições de acesso e permanência na escola. Não caberia ao intérprete, portanto, fazer distinção onde o
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texto constitucional não o fez, sob pena de gerar privilégio apenas aos que têm condições de arcar com os valores
cobrados para os cursos. Em suma, as universidades públicas deveriam prestar o serviço educacional com base nas
receitas previstas de forma exaustiva no texto constitucional (CF, art. 212) e, por serem públicas, haveriam de
viabilizar, sem necessidade de qualquer pagamento, o acesso dos cidadãos em geral.
(1) Súmula Vinculante 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV,
da Constituição Federal”.
(2) Enunciado 545 da Súmula do STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em
relação à lei que as instituiu”.
RE 597854/GO, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 26.4.2017. (RE-597854)
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RODADA 05
NOTÍCIA DO STF
Ainda de acordo com o relator, o argumento de que a vontade do legislador histórico foi restringir a imunidade ao
livro editado em papel não se sustenta. O vocábulo “papel” constante da norma não se refere somente ao método
impresso de produção de livros, afirmou. “O suporte das publicações é apenas o continente, o corpus mechanicum
que abrange o seu conteúdo, o corpus misticum das obras. Não sendo ele o essencial ou, de um olhar teleológico, o
condicionante para o gozo da imunidade”, explicou.
Nesse contexto, para o relator, a regra da imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos
ou e-readers, confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que eventualmente estejam equipados com
funcionalidades acessórias que auxiliem a leitura digital como acesso à internet para download de livros,
possibilidade de alterar tipo e tamanho de fonte e espaçamento. “As mudanças históricas e os fatores políticos e
sociais presentes na atualidade, seja em razão do avanço tecnológico, seja em decorrência da preocupação
ambiental, justificam a equiparação do papel aos suportes utilizados para a publicação dos livros”, destacou.
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RE 595676
O ministro Dias Toffoli também proferiu voto-vista no RE 595676, de relatoria do ministro Marco Aurélio, que já havia
votado pelo desprovimento do recurso em sessão anterior.
Também com repercussão geral reconhecida, o RE 595676 foi interposto pela União contra acórdão do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que garantiu à Nova Lente Editora Ltda. a imunidade tributária na importação
de fascículos compostos pela parte impressa e pelo material demonstrativo, formando um conjunto em que se ensina
como montar um sistema de testes.
O relator, à época do início do julgamento, votou pelo desprovimento do recurso por entender que a imunidade no
caso abrange também peças e componentes a serem utilizados como material didático que acompanhe publicações. O
ministro Marco Aurélio argumentou que o artigo 150, inciso VI, “d”, da Constituição Federal deve ser interpretado de
acordo com os avanços tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em 1988. Quando o julgamento foi suspenso
pelo pedido de vista do ministro Dias Toffoli haviam votado os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa
Weber e Luiz Fux, todos acompanhando o voto do relator.
Em seu voto-vista na sessão de hoje (8), o ministro Dias Toffoli também acompanhou o relator pelo desprovimento do
recurso. Para Toffoli, os componentes eletrônicos que acompanham material didático em curso prático de
montagem de computadores estão abarcados pela imunidade em questão, uma vez que as peças e sua montagem
eletrônica não sobrevivem autonomamente. Ou seja, “as peças nada representam sem o curso teórico”, assinalou.
Os demais ministros que ainda não haviam se manifestado votaram no mesmo sentido. Teses
O Plenário aprovou, também por unanimidade, duas teses de repercussão geral para o julgamento dos recursos. O
texto aprovado no julgamento do RE 330817 foi: A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, “d”, da
Constituição Federal, aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
lo. Para o RE 595676 os ministros assinalaram que “a imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da
Constituição Federal alcança componentes eletrônicos destinados exclusivamente a integrar unidades didáticas com
fascículos”. SP/CR
Leia mais:
6/8/2014 - Suspenso julgamento sobre tributos na importação de itens eletrônicos em material didático
29/9/2016 - STF inicia julgamento de recurso sobre imunidade tributária de livro eletrônico
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RE 330817
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A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-
book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.
A imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF alcança componentes eletrônicos destinados
exclusivamente a integrar unidade didática com fascículos.
Com base nessas orientações, o Plenário, em conclusão, negou provimento a dois recursos extraordinários, julgados
em conjunto, nos quais discutido o alcance da imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da CF, de modo a abarcar tanto
componentes eletrônicos que acompanham e complementam material didático impresso, utilizados em curso prático
de montagem de computadores, quanto livros eletrônicos — v. Informativo 753.
Em relação ao RE 330.817/RJ, o Tribunal assentou que o art. 150, VI, “d”, da CF não se refere apenas ao método
gutenberguiano de produção de livros e que o vocábulo “papel” não é essencial ao conceito desse bem final.
Consignou que o suporte das publicações é apenas o continente (“corpus mechanicum”) que abrange o conteúdo
(“corpus misticum”) das obras e, portanto, não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade.
Asseverou que os diversos tipos de suporte (tangível ou intangível) que um livro pode ter apontam para a direção
de que eles somente podem ser considerados como elemento acidental no conceito de livro. Ressaltou que o livro
não precisa ter o formato de códice para ser considerado como tal. Reputou, de igual modo, dispensável, para o
enquadramento do livro na imunidade em questão, que seu destinatário (consumidor) tenha necessariamente que
passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Dessa forma, a imunidade alcança o denominado “audio
book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no suporte CD-Rom, seja em qualquer outro). Essa conclusão é
harmônica com a teleologia da norma e está intimamente ligada à liberdade de ser informado, à democratização e
à difusão da cultura, bem como à livre formação da opinião pública.
Acrescentou que, relativamente aos livros eletrônicos, sua maior capacidade de interação com o leitor/usuário (a
partir de uma máquina), em comparação com os livros contidos nos códices, não cria empecilho para o
reconhecimento da imunidade tributária ao bem final. O aumento da interação parece estar associado ao processo
evolutivo da cultura escrita, ou seja, atualmente os livros eletrônicos permitem uma busca quase que imediata de
qualquer palavra no texto escrito e, até mesmo, o aumento ou redução do tamanho de sua fonte. É possível, ainda,
o compartilhamento de seu conteúdo com uma infinidade de leitores, com um simples toque de botão (e acesso à
internet). Portanto, é inegável a maior facilidade de transporte e armazenamento do “e-book”.
O avanço na cultura escrita apontou para o advento de novas tecnologias relativas ao suporte dos livros, como o papel
eletrônico (“e-paper”) e o aparelho eletrônico (como o “e-reader”) especializados na leitura de obras digitais, os quais têm
justamente a intenção de imitar a leitura em papel físico. Eles estão igualmente abrangidos pela imunidade em discussão,
por equipararem-se aos tradicionais corpos mecânicos dos livros físicos, mesmo que acompanhados de
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funcionalidades acessórias ou rudimentares, como acesso à internet para “download” de livros digitais, dicionários,
possibilidade de alteração de tipo e tamanho da fonte, marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc.
O argumento de que a vontade do legislador histórico foi restringir a imunidade ao livro editado em papel não se
sustenta em face da própria interpretação histórica e teleológica do instituto. Ainda que se partisse da premissa de
que o objetivo do legislador constituinte de 1988 tivesse sido restringir a imunidade, seria de se invocar, ainda, a
interpretação evolutiva, método interpretativo específico das normas constitucionais. Os fundamentos racionais que
levaram à edição do art. 150, VI, “d”, da CF continuam a existir mesmo quando levados em consideração os livros
eletrônicos, inequívocas manifestações do avanço tecnológico que a cultura escrita tem experimentado. Consoante a
interpretação evolutiva da norma, eles estão inseridos no âmbito dessa imunidade tributária.
Em suma, o Plenário entendeu que a imunidade de que trata o art. 150, VI, “d”, da CF alcança o livro digital (“e-book”). De
igual modo, as mudanças históricas e os fatores políticos e sociais da atualidade, seja em razão do avanço tecnológico,
seja em decorrência da preocupação ambiental, justificam a equiparação do “papel”, numa visão panorâmica da realidade
e da norma, aos suportes utilizados para a publicação dos livros. Nesse contexto moderno, portanto, a teleologia da regra
de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (“e-readers”) confeccionados exclusivamente
para esse fim, ainda que eventualmente equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura
digital, tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e tamanho da fonte e outros. Apesar de não se
confundirem com os livros digitais propriamente ditos, esses aparelhos funcionam como o papel dos livros tradicionais
impressos, e o propósito seria justamente mimetizá-lo. Estão enquadrados, portanto, no conceito de suporte abrangido
pela norma imunizante. Entretanto, esse entendimento não
é aplicável aos aparelhos multifuncionais, como “tablets”, “smartphones” e “laptops”, os quais são muito além de
meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. No caso concreto, o CD-Rom é apenas um corpo
mecânico ou suporte e aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro, ambos abarcados pela
imunidade do citado dispositivo constitucional.
Nessa mesma linha foi a conclusão do julgamento do RE 595.676/RJ, nos termos do voto do ministro Marco Aurélio
(relator). Em aditamento ao voto proferido na sessão do dia 6.8.2014, o ministro Marco Aurélio consignou que,
tratando-se de apreciação de recurso sob o ângulo da repercussão geral, implicando a observância da extensão do
pronunciamento por juízes e tribunais do País, cabe ressaltar que a imunidade não alcança a aquisição dos elementos
eletrônicos se verificado — em um primeiro momento, pelas autoridades fiscais competentes, e, se instaurado litígio,
pelas instâncias judiciais ordinárias, soberanas no exame das provas — o dissimulado propósito final de produção de
bens para consumo próprio ou ulterior comercialização.
RE 330817/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 8.3.2017. (RE-330817)
RE 595676/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 8.3.2017. (RE-595676)
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NOTÍCIA DO STF
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julgamento foi retomado por voto-vista do ministro Marco Aurélio, que divergiu do relator, Edson Fachin, e deu
provimento ao recurso do município do Rio de Janeiro, admitindo a cobrança do IPTU.
Segundo o voto do ministro Marco Aurélio, as empresas, nessa situação, esquivam-se da obrigação tributária alegando
que são beneficiadas pelo disposto na Constituição Federal sobre imunidade recíproca. Para ele, como mesmo as
empresas públicas (como no caso da Petrobras) se submetem à exigência do tributo, a situação da empresa privada é
ainda mais grave, pois coloca o particular, no exercício de atividade econômica, usufruindo de benefício de pessoa
pública. “Em momento algum o Município do Rio de Janeiro extrapolou a própria competência ao cobrar o imposto do
particular”, afirmou.
A maioria dos votos dos ministros também foi pelo provimento do recurso do Município do Rio de Janeiro, vencidos o
relator, Edson Fachin, e o ministro Celso de Mello. A fixação da tese referente ao tema ficou adiada para a sessão plenária
do dia 19.
Modulação
O ministro Luís Roberto Barroso fez ao Plenário a proposta de modular os efeitos da decisão, por entender que houve
no caso uma alteração de jurisprudência do STF e que não deve ser aplicada retroativamente. Ele defendeu ser
juridicamente possível a modulação “de ofício”, sem provocação das partes, pois se trata de questão constitucional.
“Como a modulação se dá por fundamento constitucional, pode ser deduzida de ofício”, ressaltou.
A discussão foi, contudo, adiada, uma vez que o Plenário ponderou ser mais apropriado aguardar o eventual oferecimento
de embargos de declaração requerendo a modulação.
FT/CR
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A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “b”, da Constituição Federal (CF), não se estende a empresa privada
arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa
hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município.
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Esse o entendimento do Plenário, que, em conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a recurso
extraordinário em que se discutia a possibilidade de reconhecimento de imunidade tributária recíproca a sociedade de
economia mista ocupante de bem público. No caso, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo considerou ser a
Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS) parte legítima para figurar como devedora do Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU) incidente sobre imóvel localizado no Porto de Santos — v. Informativo 846.
O Colegiado deliberou que a imunidade tributária recíproca de natureza subjetiva, que envolve pessoas jurídicas de
direito público, não se estende para além das situações do art. 150, § 2º, da CF. Asseverou que tanto as sociedades
de economia mista quanto as empresas públicas sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, por
força do art. 173, § 2º, da CF. Ressaltou que o fato de o imóvel pertencente à União ser utilizado para a persecução
de interesse público não atrai a imunidade quanto ao IPTU, haja vista que a recorrente é sociedade de economia
mista com capital social negociado na bolsa de valores, ou seja, é pessoa jurídica de direito privado com claro
objetivo de auferir lucro. Anotou, tendo em conta a limitação imposta pelo § 3º do art. 150 da CF, que, se as pessoas
jurídicas de direito público que exploram atividade econômica não gozam da imunidade, as de direito privado também
não poderiam fazê-lo. Ademais, o reconhecimento da imunidade recíproca, no caso, implica violação ao princípio da
livre concorrência estampado no art. 170 da CF, por conferir vantagem indevida a pessoa jurídica de direito privado,
não existente para os concorrentes. Por fim, à luz dos arts. 32 e 34 do Código Tributário Nacional (CTN), no sentido de
que a hipótese de incidência do IPTU abrange não só a propriedade, mas também o domínio útil e a posse do imóvel,
e de que o contribuinte do IPTU é tanto o proprietário do imóvel como o titular do seu domínio útil, ou o seu
possuidor a qualquer título, o Plenário concluiu não se poder falar em ausência de legitimidade da recorrente para
figurar no polo passivo da relação jurídica tributária.
O ministro Roberto Barroso, em voto-vista, afirmou que a imunidade recíproca das pessoas jurídicas de direito público foi
criada pelo constituinte para proteção do pacto federativo, não havendo sentido estendê-la a empresa privada
arrendatária de bem público que o utiliza para fins comerciais. Entender que os particulares que fazem uso dos imóveis
públicos para exploração econômica lucrativa não devam pagar IPTU significaria colocá-los em vantagem concorrencial em
relação às outras empresas. Anotou que os contratos firmados entre as empresas privadas e a Administração Pública
conferem diversos direitos aos particulares. Asseverou que o bem é formalmente público, mas materialmente privado,
uma vez que o particular tem quase todas as prerrogativas do proprietário, não havendo precariedade da posse. Nesses
casos, está caracterizado o fato gerador do IPTU, e a sujeição passiva que permite ao Município de Santos efetuar a
cobrança. Pontuou, ademais, que o Município, por previsão legal, atribui responsabilidade tributária às empresas
arrendatárias de bem. Por fim, concluiu que impossibilitar a cobrança de IPTU de particular que explora atividade econômica
em imóvel público é perenizar situação extremamente prejudicial aos Municípios, ao pacto federativo e à ordem econômica,
no que se refere à livre concorrência.
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Para o ministro Luiz Fux, após o advento da CF/1988, considerada pós-positivista, dois princípios ou regras de supradireito
assumiram relevo no direito tributário. Em primeiro lugar, o contribuinte não é considerado objeto de tributação, mas
sujeito de direitos. Em segundo lugar, com a inserção dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, criou-se
também uma regra de supradireito na análise das questões tributárias, a justiça fiscal. Considerou inaceitável, sob o ângulo
da justiça fiscal, a possibilidade de quem explora atividade econômica não pagar o imposto devido ao Município. Ressaltou
que a Corte interpretou a imunidade recíproca como verdadeira garantia institucional para preservação do sistema
federativo, motivo pelo qual se assentou sua extensão apenas às empresas que, embora tenham personalidade jurídica de
direito privado, qualifiquem-se tão somente como prestadoras de serviço público, sem intuito lucrativo. Indicou
precedentes nesse sentido (1). Apontou também os critérios estabelecidos pelo STF para o reconhecimento da extensão
da imunidade tributária: a) a imunidade é subjetiva e aplicável a propriedades, bens e serviços utilizados na satisfação dos
objetivos institucionais imanentes ao ente federado, cuja tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia
política, b) as atividades de exploração econômica destinadas a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares
devem ser tributadas por representarem manifestação de riqueza, cuja tributação não afeta a autonomia política e revela
capacidade contributiva, c) a tributação não deve ter como efeito colateral a quebra dos princípios da livre concorrência e
do exercício da atividade profissional e econômica lícita.
Vencidos a ministra Carmen Lúcia (presidente) e os ministros Celso de Mello e Edson Fachin, que davam provimento
ao recurso.
(1) ARE 638315/BA (DJE de 31.8.2011); RE 253394/SP (DJU de 11.4.2003); RE 265749/SP (DJU de 12.9.2003); RE
253.472/SP (DJE de 1º.2.2011).
RE 594015/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 6.4.2017. (RE-594015)
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Nas ADIs, houve prosseguimento do julgamento com o voto do ministro Marco Aurélio, pelo procedência parcial, e do
ministro Celso de Mello, que converteu as ADIs para arguições de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) e
votou pela sua procedência integral.
Devido à complexidade da votação, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, adiou a proclamação do resultado dos
julgamentos para a próxima sessão, na quinta-feira (2).
FT/CR
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Com base nessa orientação, o Tribunal deu provimento a recurso extraordinário no qual se pretendia a não aplicação
da imunidade tributária constante do art. 150, VI, “c”, da CF relativamente ao ICMS incidente na aquisição de insumos,
medicamentos e serviços adquiridos por entidade de assistência social na qualidade de consumidora (contribuinte de
fato).
Na espécie, o Tribunal de origem afastou a exigência do recolhimento do ICMS nas operações de aquisição, por
entidade de assistência social (na qualidade de consumidor final), de medicamentos, máquinas e equipamentos
necessários à execução de suas finalidades filantrópicas, ante a configuração da imunidade tributária prevista no art.
150, VI, “c”, da CF.
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Para o recorrente, a aquisição de insumos e produtos no mercado interno na qualidade de contribuinte de fato não
estaria albergada pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI e § 4º, da CF. Sustentava, ainda, que a relevância
das atividades prestadas pelas entidades de assistência social não poderia conferir aos fornecedores particulares, não
abrangidos pela regra imunizante, a não incidência do ICMS na venda de mercadorias e serviços.
O Colegiado rememorou que prevalece no STF o entendimento de que a imunidade tributária subjetiva se aplica a
seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não àqueles na condição de simples contribuinte de
fato, bem como de que é irrelevante, para a verificação da incidência ou não da imunidade constitucional, a
discussão acerca da repercussão econômica do tributo envolvido.
Ressaltou, também, que a jurisprudência do STF vem se posicionando pela impossibilidade de se estender ao
particular vendedor (contribuinte de direito) a imunidade tributária subjetiva que detém o adquirente de
mercadoria (contribuinte de fato).
Assim, o beneficiário da imunidade tributária subjetiva na posição de simples contribuinte de fato, embora possa
arcar com os ônus financeiros dos impostos envolvidos nas compras de mercadorias, caso tenham sido transladados
pelo vendedor contribuinte de direito, desembolsa importe que juridicamente não se qualifica como tributo, mas
sim preço, decorrente de uma relação contratual.
Destacou a impossibilidade de, no contexto do exercício das atividades econômicas, ter-se certeza da efetiva
transferência do encargo financeiro dos tributos, em razão de o lucro não ser tabelado. Ademais, quanto à regra
contida no art. 150, § 5º, da CF (“§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca
dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”), asseverou não haver transformação dos contribuintes
finais em contribuintes de direito dos impostos incidentes sobre mercadorias e serviços que repercutem
economicamente, mas sim existir o reconhecimento de que “o consumidor ou usuário não é contribuinte, tanto
assim que precisa ser informado a respeito dos tributos que oneram mercadorias e serviços”.
Pontuou, igualmente, que a temática da repercussão econômica tributária está na área de formação dos preços e que,
apenas com substancioso estudo dos fatores e das circunstâncias (como condições de tempo, lugar e conjectura econômica),
seria possível verificar, num juízo de relativa previsibilidade, a provável repercussão econômica do tributo. Ponderou, dessa
forma, ser desaconselhável considerar a denominada repercussão econômica do tributo para verificar a existência ou não da
imunidade tributária. Essa orientação, a propósito, alinha-se aos precedentes da Corte no sentido de ser a imunidade
tributária subjetiva constante do art. 150, VI, “c”, da CF aplicável à hipótese de importação de mercadorias pelas entidades
de assistência social para uso ou consumo próprio. Com efeito, essas entidades ostentam, nessa situação, a posição de
contribuintes de direito, o que é suficiente para o reconhecimento da imunidade. O fato de
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também serem apontadas, costumeira e concomitantemente, como contribuintes de fato é irrelevante para a análise
da controvérsia, portanto.
Asseverou, por fim, que a tese firmada não prejudica o entendimento adotado, em sede de recursos repetitivos,
pelo STJ no julgamento do REsp 1.299.303/SC (DJE de 14.8.2012), no sentido de que o consumidor de energia
elétrica tem legitimidade para propor ação declaratória com pedido de repetição de indébito a fim de afastar, no
tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre demanda contratada e não utilizada. Essa
situação, além de peculiar, está inserida no contexto da concessão de serviço público e tem regime jurídico próprio.
RE 608872/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 22 e 23.2.2017. (RE-608872)
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RODADA 06
NOTÍCIA DO STF
Também por unanimidade, foi mantida a decisão do TJ-RS no sentido da inconstitucionalidade do artigo da lei municipal
que trata da verba de representação.
Tese
As teses fixadas no julgamento do RE 650898 foram as seguintes:
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“Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como
parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados”. “O
artigo 39, parágrafo 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo
terceiro salário”.
Leia mais:
12/05/2016 - Pedido de vista suspende julgamento sobre pagamento de férias e 13º a prefeitos
Processos relacionados
RE 650898
O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro salário.
Com base nas teses acima fixadas, o Plenário, em conclusão e por maioria, deu parcial provimento a recurso
extraordinário para reformar o acórdão recorrido na parte em que declarava a inconstitucionalidade dos arts. 6º e 7º
da Lei 1.929/2008 do Município de Alecrim/RS (“Art. 6º. Ao ensejo do gozo de férias anuais, o Prefeito Municipal
perceberá o subsídio acrescido de um terço. § 1º. O Vice-Prefeito terá direito à mesma vantagem se tiver atividade
permanente na Administração. § 2º. O gozo de férias correspondentes ao último ano do mandato poderá ser
antecipado para o segundo semestre daquele exercício. Art. 7º. Além do subsídio mensal, o Prefeito e o Vice-Prefeito
perceberão, em dezembro de cada ano, na mesma data em que for pago o décimo terceiro dos servidores do
Município, uma quantia igual aos respectivos vigentes naquele mês. Parágrafo Único. Quando houver pagamento da
metade da remuneração de um mês aos servidores, a título de adiantamento do décimo terceiro salário, na forma da
Lei Municipal, igual tratamento será dado ao Prefeito e ao Vice-Prefeito”). Entretanto, o Colegiado manteve a
declaração de inconstitucionalidade do art. 4º [“Art. 4º. Será pago ao Prefeito Municipal, a título de indenização, o
valor mensal de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais)”] — v. Informativo 813.
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso. Asseverou que a citada verba prevista no art. 4º não é verba de
representação, uma vez que não possui caráter indenizatório.
Afirmou também que o regime de subsídio é incompatível com outras parcelas remuneratórias de natureza mensal.
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No entanto, sustentou não ser o caso do décimo terceiro salário e do terço constitucional de férias, pagos a todos os
trabalhadores e servidores com periodicidade anual. Desse modo, o art. 39, § 4º, da CF não é incompatível com o
pagamento dos citados adicionais.
Vencidos, em parte, os ministros Marco Aurélio (Relator), Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia
(Presidente), que negavam provimento ao recurso. Pontuavam que os agentes políticos estão submetidos à regra do §
4º do art. 39, mas não figuram no rol de beneficiários da exceção criada pelo § 3º do art. 39 da CF.
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NOTÍCIA DO STF
Agravo (ARE) 709212, com repercussão geral (Tema 608), o Plenário do STF atualizou sua jurisprudência para
modificar de 30 anos para 5 anos o prazo de prescrição aplicável à cobrança de valores não depositados.
O julgamento foi retomado nesta quinta-feira (16) com o voto do ministro Luís Roberto Barroso, sucessor do ministro
Ayres Britto (aposentado) no Tribunal e que havia pedido vista do processo. Barroso acompanhou o relator pelo
desprovimento do recurso, mantendo assim no caso concreto o prazo prescricional vigente antes da Constituição de
1988.
Ficou vencido o ministro Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso do estado ao fundamento de que, mesmo no
processo em questão, deveria ser observado o prazo prescricional de 5 anos previsto na Constituição. PR/CR
Leia mais:
13/11/2014 – Prazo prescricional para cobrança de valores referentes ao FGTS é de cinco anos
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judicialmente dos empregadores e tomadores de serviços o depósito de valores relativos ao FGTS, ainda que depois
da Constituição em vigor — v. Informativo 634.
O Colegiado declarou, ainda, a inconstitucionalidade do art. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e do art. 55 do Decreto
99.684/1990, com eficácia “ex nunc”, de modo a alcançar apenas os processos ajuizados posteriormente à data deste
julgamento (Lei 9.868/1999, art. 27).
Destacou que o tema, quanto ao prazo prescricional, deveria ser revisto à luz da ordem constitucional vigente, com
o exame das consequências da constitucionalização do instituto levado a efeito apenas com a promulgação da nova
Carta. Nesse contexto, observou que o art. 7º, XXIX, da CF contém determinação expressa acerca do prazo de
prescrição referente à propositura de ações atinentes a “créditos resultantes das relações de trabalho”.
Apontou que a aplicabilidade daquele dispositivo constitucional à cobrança judicial dos valores devidos ao FGTS foi
reconhecida pelo TST, ao editar o Enunciado 3621.
No entanto, frisou que o entendimento da Corte trabalhista de ser aplicável apenas parte do dispositivo
constitucional é, além de contraditório, dissonante do postulado hermenêutico da máxima eficácia das normas
constitucionais. Sinalizou que o prazo deve ser o de cinco anos, previsto no inciso XXIX do art. 7º da CF. Em seguida,
ponderou que, por mais de vinte anos, tanto o STF quanto o TST mantiveram posicionamento de que o prazo
prescricional do FGTS é de trinta anos.
Aludiu à possibilidade de se modularem os efeitos em sede de controle incidental. Por fim, assinalou que, no caso, o
princípio da segurança jurídica recomendaria fosse mitigado o princípio da nulidade da lei inconstitucional, com a
consequente modulação de efeitos da decisão. Assim, seria possível resguardar as legítimas expectativas dos
trabalhadores brasileiros, que se pautavam em manifestações, até então inequívocas, do tribunal competente para
dizer a última palavra sobre a interpretação da Constituição e da corte responsável pela uniformização da legislação
trabalhista.
Ressaltou que essa tese foi acolhida pelo Plenário do STF no julgamento do ARE 709.212/DF (DJE de 18.2.2015)
efetuado sob a sistemática da repercussão geral. Na ocasião, os efeitos da declaração de inconstitucionalidade foram
modulados, de modo que a nova orientação jurisprudencial valeria apenas para as ações propostas a partir da data
daquele julgamento.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso. Afirmava que, observado o biênio, seria possível
pleitear, na inicial da reclamação trabalhista, as parcelas dos últimos cinco anos.
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1. Enunciado 362/TST: “É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não recolhimento da contribuição
para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o término do contrato de trabalho”.
RE 522897/RN, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 16.3.2017. (RE-522897)
→ LEI EDITADA POR ESTADO-MEMBRO, QUE DISPONHA SOBRE NÚMERO MÁXIMO DE ALUNOS EM SALA DE AULA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL, FUNDAMENTAL E MÉDIA, NÃO USURPA A COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR
SOBRE NORMAS GERAIS DE EDUCAÇÃO
NOTÍCIA DO STF
específica relativa à educação e ao ensino, “que constitui, indubitavelmente, interesse de cada ente da federação”, pois
envolve circunstâncias peculiares, tais como: números de escolas colocadas à disposição da sociedade,
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a oferta de vagas para o ensino fundamental e médio, quantitativo de crianças em idade escolar, o número de
professores em oferta, entre outros.
Para o relator, “a simples leitura do artigo 24 da Constituição Federal, voltada a resgatar o princípio federativo, é o
bastante para sufragar a validade da lei catarinense”. Ele considerou que a sistemática normativa estadual é
compatível também com a disciplina federal sobre o tema, atualmente fixada pela Lei 9.394/1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. “Há uma consonância entre esses diplomas”, avaliou.
Conforme o ministro, a lei federal possibilita que o sistema estadual detalhe de que maneira a proporção entre alunos e
professores deve se verificar no âmbito local. “É evidente, pois, que a LC 170 tão somente esmiúça a lei editada pela
União, não avançando sobre matéria de competência da entidade central ao disciplinar quantos alunos devem estar
presentes em sala de aula”, salientou. Ele destacou, ainda, que o Supremo tem precedentes (ADI 1399) que consideram
legítima a atuação do estado-membro no exercício de competência suplementar em matéria de educação.
EC/FB
Leia mais:
27/03/2008 – Lei catarinense que limita número de alunos por sala de aula é questionada no STF
Processos relacionados
ADI 4060
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diretrizes e bases da educação nacional”. Em seu art. 25, a lei federal deixaria nítido espaço para atuação estadual e
distrital na determinação da proporção professor e aluno dos sistemas de ensino. Possibilitaria, assim, que o sistema
estadual detalhasse de que maneira a proporção entre alunos e professores se verificaria no âmbito local. Sob o
prisma formal, portanto, a Lei 9.394/1996 habilitaria a edição de comandos estaduais como os previstos nas alíneas a,
b, e c do inciso VII do art. 82 da LC 170/1998 do Estado de Santa Catarina. Sob o ângulo material, a lei catarinense
ainda apresentaria evidente diretriz de prudência ao criar uma proporção aluno-professor que se elevaria à medida
que aumentasse a idade dos alunos.
ADI 4060/SC, rel. Min. Luiz Fux, 25.2.2015. (ADI-4060)
EMENTA DO JULGADO
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região, além de aspectos ligados ao desenvolvimento tecnológico nas áreas de educação e ensino. 6. Pedido de
declaração de inconstitucionalidade julgado improcedente.
(ADI 4060, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 25/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-081 DIVULG
30-04-2015 PUBLIC 04-05-2015)
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Responda de forma fundamentada: Os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade
de leis municipais utilizando como parâmetro normas da constituição federal? No caso de resposta positiva, qual é
o requisito necessário?
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RODADA 07
→ “CONTRABANDO LEGISLATIVO” - É INCOMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO A APRESENTAÇÃO DE EMENDAS SEM
RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA COM MEDIDA PROVISÓRIA SUBMETIDA A SUA APRECIAÇÃO
NOTÍCIA DO STF
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normas que irão regular a vida em sociedade. A ministra salientou que ao seguir o rito da conversão de MP, impediu-se
que os dispositivos questionados fossem analisados por comissões temáticas, fossem objeto de audiências públicas e que
fosse debatido e refletido de forma mais aprofundada. Assim, votou pela procedência da ação.
Acompanharam a relatora, pela procedência do pedido de inconstitucionalidade da norma, o ministro Marco Aurélio e o
presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski. Ambos ressaltaram a inconstitucionalidade da inserção de matéria
totalmente estranha à tratada inicialmente no ato do Executivo.
Divergência
O ministro Edson Fachin divergiu da relatora e será o redator do acórdão do julgamento. Para ele, a norma em
questão, que trata da profissão de técnico em contabilidade, não contém inconstitucionalidade material. O tema deve
ser tratado por lei, e a conversão de medidas provisórias produz leis em sentido estrito, explicou o ministro.
Contudo, o ministro concordou que a prática de incluir emendas sobre temas estranhos ao conteúdo do texto original
“não é desejável nem salutar”. Mas, para Fachin, reconhecer que essa prática sistemática de edição de emenda com
conteúdo temático distinto desobedece a Constituição não significa, necessariamente, o reconhecimento da
inconstitucionalidade de todas as leis que, por essa sistemática, foram promulgadas até hoje.
Com esse argumento, o ministro votou no sentido de julgar improcedente o pedido, declarando a constitucionalidade
da norma questionada e frisando que ficam preservadas, até a data do julgamento, as leis oriundas de projetos de
conversão de medidas provisórias, em obediência ao princípio da segurança jurídica.
Seguiram esse mesmo entendimento os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes
e Celso de Mello.
O ministro Dias Toffoli também votou pelo improcedência do pedido, mas quanto à matéria de fundo – "contrabando
legislativo" – entendeu que não cabe ao STF apreciar ato que, na sua avaliação, encontra-se no âmbito da competência
do Congresso Nacional referente ao processo legislativo.
Proclamação
Na proclamação do resultado do julgamento foi afirmado que, por maioria de votos, a Corte decidiu cientificar ao Poder
Legislativo que o STF afirmou, com efeitos ex nunc (de agora em diante), que não é compatível com a Constituição a
apresentação de emendas sem relação de pertinência temática com medida provisória submetida à sua apreciação.
MB/FB
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regula o exercício e a fiscalização da profissão contábil, ao passo que a Medida Provisória 472/2009, convertida na lei em
comento, contemplava, originalmente, matérias educacionais, fiscais, tributárias e outras. O Colegiado assinalou que as
regras formais do processo legislativo seriam construídas mediante escolhas fundamentais da comunidade nos momentos
constituintes, de modo a canalizar os futuros julgamentos políticos e tomadas de decisão. Equacionou que a questão
constitucional em foco diria respeito a dois aspectos relevantes: a) necessidade de lei específica para restringir o exercício de
profissão; e b) possibilidade de, em processo legislativo de conversão de medida provisória em lei, ser apresentada emenda
parlamentar com conteúdo temático distinto daquele objeto da medida provisória. No que se refere à suposta exigência de
lei específica (CF, art. 5º, XIII), o texto constitucional seria claro ao estabelecer o direito fundamental ao livre exercício de
qualquer trabalho, ofício ou profissão, trazendo a possibilidade de que lei estabeleça qualificações e exigências para o
exercício desse direito fundamental. Assim, a liberdade profissional, em que pese seja direito individual de liberdade,
impondo ao Estado um dever, em princípio, de abstenção, não fora outorgada sem limites. Não obstante, qualquer limitação
legal somente poderia fixar exigências e limitações que guardassem nexo lógico com as funções e atividades a serem
desempenhadas, sob pena de vício de inconstitucionalidade por violação ao princípio da igualdade. Destacou que essa
restrição ao direito fundamental ao exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão consistiria em restrição legal
qualificada. Nesse sentido, a Constituição não se limitaria a exigir que eventual restrição ao âmbito de proteção de
determinado direito fosse apenas prevista em lei, mas também estabeleceria as condições especiais, os fins a serem
perseguidos pela limitação. No caso, a reserva legal qualificada fora satisfeita pela Lei 12.249/2010, tendo em vista que a
matéria de seu art. 76 tem por finalidade não a mera restrição ao direito fundamental de livre exercício da profissão de
contador, mas a imposição de qualificações para que o exercício desse direito, no âmbito da profissão contábil, seja mais
adequadamente realizado. A necessidade de lei formal para o estabelecimento de qualificações para o exercício profissional
deveria, portanto, observar as regras de competência legislativa e não poderia impedir o exercício da profissão. Ao contrário,
deveria antes servir para assegurar à sociedade que determinados profissionais, em especial os liberais, fossem efetiva e
adequadamente qualificados para exercer uma específica atividade. No ponto, a Lei 12.249/2010 estabelece, em seu art. 76,
a exigência de determinadas qualificações a serem cumpridas para o regular exercício da profissão de contador. Inova ao
fixar essas exigências e ainda estabelece uma regra de transição àqueles que exerçam o ofício de técnicos em contabilidade.
O Tribunal assentou que estariam cumpridos os requisitos formais e materiais impostos constitucionalmente. Destacou, por
outro lado, que o processo legislativo de conversão de medida provisória, não obstante ser peculiar e de tramitação mais
célere, consistiria em espécie constitucionalmente prevista, sem restrição quanto à matéria versada na lei impugnada.
Assim, não implicaria inconstitucionalidade o simples fato de a lei haver resultado de projeto de conversão de medida
provisória. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 15.10.2015. (ADI-5127)
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exclusiva do Presidente da República (CF, artigos 59, V; e 62, § 3º). Como espécie normativa de competência
exclusiva do Presidente da República e excepcional, não seria possível tratar de temas diversos daqueles fixados
como relevantes e urgentes. Uma vez estabelecido o tema relevante e urgente, toda e qualquer emenda
parlamentar em projeto de conversão de medida provisória em lei se limitaria e circunscreveria ao tema definido
como urgente e relevante. Assim, seria possível emenda parlamentar ao projeto de conversão, desde que
observada a devida pertinência lógico-temática. De outro lado, editada a medida provisória, competiria ao
Legislativo realizar o seu controle. Esse controle seria político e jurídico, pois diria respeito à urgência e relevância
exigidas constitucionalmente. O Colegiado frisou que o uso hipertrofiado da medida provisória, instrumento
excepcional, deturparia o processo legislativo, gerando distorções ilegítimas. Nessa quadra, a prática das emendas
parlamentares no processo de conversão de medida provisória em lei com conteúdo temático distinto apresentaria
fortes complexidades democráticas. O Legislativo , no procedimento de conversão, poderia aprovar emendas
aditivas, modificativas ou supressivas. Por outro lado, o fato de a Constituição não ter expressamente disposto no
art. 62 a impossibilidade de se transbordar a temática da medida provisória não significaria que o exercício da
faculdade de emendar pelo Congresso fosse incondicionado.
ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 15.10.2015. (ADI-
5127) Medida provisória: emenda parlamentar e “contrabando legislativo” - 3
O Tribunal reputou que, quando uma medida provisória, ao ser convertida em lei, passa a tratar de diversos temas
inicialmente não previstos, o seu papel de regulação da vida comum estaria enfraquecido do ponto de vista da legitimidade
democrática. Com essa prática, se geraria insegurança. Um processo legislativo democrático, público e transparente deveria
primar por uma uniformidade temática que o tornasse sempre mais acessível, pelos outros poderes e pelo povo. Esse
entendimento não significaria fortalecimento do Executivo, tendo em vista a importante função de controle do Legislativo no
que diz respeito aos pressupostos autorizadores de medida provisória. Ademais, também não
implicaria, necessariamente, o reconhecimento da inconstitucionalidade de todas as leis de conversão promulgadas
até o presente julgamento, inclusive a lei objeto desta ação. Isso se daria por duas razões: em primeiro lugar, seria a
primeira oportunidade de a Corte enfrentar o tema, e compreensão diversa subtrairia a possibilidade de diálogo
entre os diversos ramos do Estado sobre a matéria. Em segundo lugar, essa prática alusiva à conversão de medidas
provisórias estaria arraigada, a resultar em diversas normas produzidas de acordo com o procedimento. Assim, a
decisão da Corte não poderia provocar insegurança jurídica, de modo que estariam preservadas as leis fruto de
conversão de medida provisória, no que diz respeito à inconstitucionalidade formal.
O Ministro Roberto Barroso acrescentou que o entendimento pela inconstitucionalidade das emendas parlamentares
sem pertinência temática com a medida provisória decorreria de nova interpretação da Constituição quanto a esse
costume, à luz do fato de que a prática seria reiterada há muito tempo.
O Ministro Teori Zavascki frisou a LC 95/1998, a tratar da técnica de formulação das leis, segundo a qual a necessidade de
pertinência temática estaria prevista. O Ministro Gilmar Mendes enfatizou a necessidade de se sinalizar ao Congresso
Nacional que essa prática, muito embora mantidos os atos praticados até o momento, não poderia se repetir doravante.
Vencidos os Ministros Rosa Weber (relatora), Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski (Presidente), que julgavam o pedido
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procedente; e o Ministro Dias Toffoli, que julgava o pleito improcedente em maior extensão, por considerar que não
caberia ao STF avaliar a pertinência temática entre a medida provisória e a emenda, o que seria de competência do
Congresso Nacional.
ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 15.10.2015. (ADI-5127)
EMENTA DO JULGADO
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NOTÍCIA DO STF
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RE 632853
Na espécie, o acórdão recorrido divergira desse entendimento ao entrar no mérito do ato administrativo e substituir a
banca examinadora para renovar a correção de questões de concurso público, a violar o princípio da separação de
Poderes e a reserva de Administração. Desse modo, estaria em desacordo com orientação no sentido da
admissibilidade de controle jurisdicional de concurso público quando não se cuidasse de aferir a correção dos critérios
da banca examinadora, a formulação das questões ou a avaliação das respostas, mas apenas de verificar se as
questões formuladas estariam no programa do certame, dado que o edital seria a lei do concurso. Vencido o Ministro
Marco Aurélio, que, preliminarmente, não conhecia do recurso, por falta de prequestionamento e, no mérito, o
desprovia, por entender que a banca examinadora entrara em contradição ao adotar certa linha doutrinária no edital,
mas não o fazê-lo quanto à solução das questões impugnadas.
RE 632853/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, 23.4.2015. (RE-632853)
EMENTA DO JULGADO
Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Concurso público. Correção de prova. Não compete ao Poder
Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e
notas a elas atribuídas. Precedentes. 3. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do
conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame. Precedentes. 4. Recurso extraordinário
provido.(RE 632853, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-125 DIVULG 26-06-2015 PUBLIC 29-06-2015)
ATENÇÃO!!!
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EM UM CASO CONCRETO, O STJ AFIRMANDO QUE SE TRATAVA DE UMA SITUAÇÃO EXCEPCIONAL, ANULOU
QUESTÃO DE CONCURSO PÚBLICO. CONFORME FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO, A DECISÃO VAI DE ENCONTRO
COM O ACÓRDÃO PROFERRO PELO STF (RE 632853). VEJAMOS:
“(...)” A TURMA DECLAROU A QUESTÃO NULA E ENTENDEU QUE TAL NULIDADE IRIA AO ENCONTRO DA TESE
FIRMADA PELO STF NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, “POIS ESTAMOS DIANTE DE EVIDENTE ILEGALIDADE, A
PERMITIR A ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO“(...)”
→ EM PROVA DISSERTATIVA DE CONCURSO PÚBLICO, O GRAVE ERRO NO ENUNCIADO – RECONHECIDO PELA PRÓPRIA
BANCA EXAMINADORA – CONSTITUI FLAGRANTE ILEGALIDADE APTA A ENSEJAR A NULIDADE DA QUESTÃO -
NOTÍCIA DO STJ
Apesar de haver tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, de que não compete ao Poder
Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e
suas notas (RE 632.853), a turma considerou que o caso era uma exceção à regra.
Erro grave
No caso, o recorrente alegava a nulidade de duas questões da prova. Sustentou que na questão de número 2 haveria
grave erro jurídico no enunciado, pois a banca examinadora “teria trocado os institutos da ‘saída temporária’ por
‘permissão de saída’, e exigido como resposta os efeitos de falta grave decorrentes do descumprimento da primeira”.
Ainda segundo ele, na questão de número 5 haveria inépcia do gabarito, pois não teriam sido publicados
adequadamente os fundamentos jurídicos esperados do candidato avaliado.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) afirmou que o Poder Judiciário não poderia examinar o mérito das
questões do concurso, mas apenas analisar o preenchimento de requisitos legais.
No STJ, o relator, ministro Og Fernandes, entendeu que o recorrente não pretendia que o Judiciário reexaminasse o
conteúdo da questão ou o critério de correção para concluir se a resposta dada por ele estaria adequada ou não: “Ao
contrário, o que o ora impetrante afirma é que o enunciado da questão 2 contém erro grave insuperável, qual seja, a
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indicação do instituto da ‘saída temporária’ por ‘permissão de saída’, ambos com regência constante dos artigos
120 a 125 da Lei de Execução Penal, e que, por essa razão, haveria nulidade insanável.”
O relator afirmou que a banca examinadora e o TJRS reconheceram a existência de erro no enunciado da questão.
“Não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que referido erro não influiria na
análise do enunciado pelo candidato”, constatou.
Para o relator, o erro “teve, sim, o condão de influir na resposta do candidato”, sendo dever das bancas examinadoras
“zelar pela correta formulação das questões, sob pena de agir em desconformidade com a lei e o edital,
comprometendo, sem sombra de dúvidas, o empenho realizado pelos candidatos durante quase toda uma vida”.
A turma declarou a questão nula e entendeu que tal nulidade iria ao encontro da tese firmada pelo STF no recurso
extraordinário, “pois estamos diante de evidente ilegalidade, a permitir a atuação do Poder Judiciário”.
O ministro Herman Benjamin ressaltou que cabe ao Judiciário “pôr algum freio” nesses casos excepcionais, justamente
para não dar margem à formação de uma “intocabilidade e infalibilidade das comissões de concurso”. “Se não houver
uma instituição isenta, com conhecimento de causa, para limitar ou mitigar esses abusos, vamos terminar, aí sim, em
uma República de bacharéis, no sentido mais pernicioso da expressão”, afirmou.
Na análise da questão de número 5, o colegiado entendeu que a banca examinadora, antes de qualquer impugnação
administrativa ou judicial, não só disponibilizou a nota global do candidato quanto à questão, como também divulgou
os critérios adotados para fins de avaliação, o padrão de respostas e a nota atribuída a cada um desses critérios.
Og Fernandes enriqueceu seu voto utilizando imagens de espelhos de respostas de avaliações subjetivas disponibilizadas por
bancas examinadoras de concursos públicos para exemplificar formas de utilização de critérios de correção.
PROCESSO RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em 20/4/2017, DJe 2/5/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO
TEMA Concurso público. Prova dissertativa. Questão com erro no enunciado. Fato constatado pela banca
examinadora e pelo Tribunal de Origem. Existência de ilegalidade. Atuação excepcional do Poder Judiciário no
controle de legalidade. Sintonia com a tese firmada pelo STF no RE 632.853-CE.
DESTAQUE
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Em prova dissertativa de concurso público, o grave erro no enunciado – reconhecido pela própria banca examinadora
– constitui flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão. De outra parte, a motivação do ato avaliativo
do candidato, constante do espelho de prova, deve ser apresentado anteriormente ou concomitante à divulgação do
resultado, sob pena de nulidade.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Cinge-se a discussão no controle de legalidade das questões 2 e 5 da prova dissertativa do concurso para o Cargo de
Assessor - Área do Direito do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Sustenta o recorrente que subsistem
duas falhas evidentes nas questões dissertativas de n. 2 e n. 5. Na questão n. 2, a falha seria em decorrência de grave
erro jurídico no enunciado, já que a banca examinadora teria trocado os institutos da "saída temporária" por
"permissão de saída", e exigido como resposta os efeitos de falta grave decorrentes do descumprimento da primeira.
Já na questão n. 5, o vício decorreria da inépcia do gabarito, pois, ao contrário das primeiras quatro questões, afirma
que não foram publicados, a tempo e modo, os fundamentos jurídicos esperados do candidato avaliado.
Registre-se, de início, que, analisando controvérsia sobre a possibilidade de o Poder Judiciário realizar o controle
jurisdicional sobre o ato administrativo que profere avaliação de questões em concurso público, o Supremo Tribunal
Federal, em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não compete ao Poder
Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas
a elas atribuídas" (RE 632.853-CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, publicado em 29/6/2015). Ou seja, de acordo com a Corte
Suprema, a regra é que o Poder Judiciário não pode reexaminar (i) o conteúdo das questões nem (ii) os critérios de
correção, exceto se diante de ilegalidade ou inconstitucionalidade, para fins de avaliar respostas dadas pelo candidato e
as notas a eles atribuídas. Com relação a uma das questões impugnadas, observa-se que não se busca do Poder Judiciário
o reexame do seu conteúdo ou o critério de sua correção para concluir se a resposta dada pelo candidato se encontra
adequada ou não para o que solicitado pela banca examinadora. Se assim o fosse, tal medida encontraria óbice na
jurisprudência mencionada, que proíbe o Poder Judiciário substituir a banca nos critérios de correção por ela adotados. Ao
contrário, o que se afirma é que o enunciado da questão dissertativa contém erro grave insuperável, qual seja, a indicação
do instituto da "saída temporária" por "permissão de saída", ambos com regência constante dos arts. 120 a 125 da Lei de
Execuções Penais, e que, por essa razão, haveria nulidade insanável. Vale salientar que tanto o Tribunal de origem quanto
a banca examinadora reconheceram a existência de erro no enunciado da questão. Sendo assim, não se pode fechar os
olhos para tal constatação ao simplório argumento de que o referido erro não influiria na análise do enunciado pelo
candidato. Com base nessas premissas, o erro no enunciado da questão teve sim o condão de influir na resposta dada pelo
candidato, sobretudo considerando que os institutos da "saída temporária" e "permissão de saída" possuem regramentos
próprios na Lei Execução Penal. Essa conclusão vai ao encontro da tese firmada pelo STF no recurso extraordinário
supramencionado, pois estamos diante de evidente ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário. Quanto à
questão n. 5, tem-se que, na seara de concursos públicos, há etapas em que as metodologias de avaliação, pela sua
própria natureza, abrem margem para que o avaliador se valha de suas impressões, em completo distanciamento da
objetividade que se espera nesses eventos. Nesse rol de etapas, citam-se as provas dissertativas e orais. Por essa razão,
elas devem se submeter a critérios de avaliação e
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correção os mais objetivos possíveis, tudo com vistas a evitar contrariedade ao princípio da impessoalidade, materializado
na Constituição Federal (art. 37, caput). E mais. Para que não pairem dúvidas quanto à obediência a referido princípio e
quanto aos princípios da motivação dos atos administrativos, do devido processo administrativo recursal, da razoabilidade
e proporcionalidade, a banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados desse tipo de avaliação,
deve demonstrar, de forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital foram devidamente
considerados, sob pena de nulidade da avaliação. A clareza e transparência na utilização dos critérios previstos no edital
estão presentes quando a banca examinadora adota conduta consistente na divulgação, a tempo e modo, para fins de
publicidade e eventual interposição de recurso pela parte interessada, de cada critério considerado, devidamente
acompanhado, no mínimo, do respectivo valor da pontuação ou nota obtida pelo candidato; bem como das razões ou
padrões de respostas que as justifiquem. Destaque-se que as informações constantes dos espelhos de provas subjetivas se
referem nada mais nada menos à motivação do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato, pelo
que deve ser apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a
motivação posterior, dar-se-ia ensejo para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual impugnação
ao ato. Tudo em consonância ao que preconizam os arts. 2º, caput, e 50, § 1º, da Lei n. 9.784/1999, que tratam do
processo administrativo no âmbito federal. No caso dos autos, a banca examinadora do certame não só disponibilizou a
nota global do candidato quanto à questão n. 5, como também fez divulgar os critérios que adotara para fins de avaliação,
o padrão de respostas e a nota atribuída a cada um desses critérios/padrões de respostas. Assim, não merece prosperar a
alegada afronta ao devido processo recursal administrativo e do princípio da motivação, na medida em que foram
divulgadas ao candidato as razões que pautaram sua avaliação, devidamente acompanhadas das notas que poderia
alcançar em cada critério.
EMENTA DO JULGADO
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de grave erro jurídico no enunciado, já que a banca examinadora teria trocado os institutos da "saída temporária" por
"permissão de saída", e exigido como resposta os efeitos de falta grave decorrentes do descumprimento da primeira. Já na
questão n. 5, o vício decorreria da inépcia do gabarito, pois, ao contrário das primeiras quatro questões, afirma que não
foram publicados, a tempo e modo, os fundamentos jurídicos esperados do candidato avaliado. 2. Analisando controvérsia
sobre a possibilidade de o Poder Judiciário realizar o controle jurisdicional sobre o ato administrativo que profere
avaliação de questões em concurso público, o Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário com repercussão geral
reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca
examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas" (RE 632.853, Relator: Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 23/4/2015, Acórdão Eletrônico Repercussão Geral - Mérito DJe-125 Divulg 26/6/2015
Public 29/6/2015). 3. Do voto condutor do mencionado acórdão, denota que a tese nele constante buscou esclarecer que o
Poder Judiciário não pode avaliar as respostas dadas pelo candidato e as notas a eles atribuídas se for necessário apreciar o
conteúdo das questões ou os critérios utilizados na correção, exceto se flagrante a ilegalidade. Ou seja, se o
candidato/litigante pretende que o Poder Judiciário reexamine o conteúdo da questão ou o critério utilizado em sua
correção para fins de verificar a regularidade ou irregularidade da resposta ,ou nota que lhe foi atribuída, tal medida
encontra óbice na tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal, exceto se houver flagrante ilegalidade ou
inconstitucionalidade. Precedente: (AgRg no RMS 46.998/SC, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe
1º/7/2016). 4. Em relação à questão n. 2 da prova dissertativa, a análise dos pedidos do impetrante revela que se pretende a
declaração de sua nulidade ao fundamento de que o enunciado contém grave erro, o que teria prejudicado o candidato na
elaboração de suas respostas. Veja-se, portanto, que não se busca, no presente recurso, quanto à questão acima, que o
Poder Judiciário reexamine o conteúdo da questão ou o critério de correção para concluir se a resposta dada pelo candidato
encontra-se adequada ou não para o que solicitado pela banca examinadora. Ao contrário, o que o ora impetrante afirma é
que o enunciado da questão n. 2 contém erro grave insuperável, qual seja a indicação do instituto da "saída temporária" por
"permissão de saída", ambos com regência constante dos arts. 120 a 125 da Lei de Execução Penal, e que, por essa razão,
haveria nulidade insanável. 5. A banca examinadora e o Tribunal de origem claramente reconheceram a existência de erro no
enunciado da questão, o que, à toda evidência, demonstra nulidade da avaliação, pois, ao meu sentir, tal erro teve sim o
condão de influir na resposta dada pelo candidato, sobretudo considerando que os institutos da "saída temporária" e
"permissão de saída" possuem regramentos próprios na Lei Execuções Penais. Se a própria banca examinadora reconhece o
erro na formulação da questão, não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que referido
erro não influiria na análise do enunciado pelo candidato. É dever das bancas examinadoras zelarem pela correta formulação
das questões, sob pena de agir em desconformidade com a lei e o edital, comprometendo, sem sombra de dúvidas, o
empenho realizado pelos candidatos durante quase toda uma vida. Quantas pessoas não levam dois, três, quatro, dez anos
ou mais se preparando para concursos públicos, para depois se depararem com questões mal formuladas e, pior, com
desculpas muitas das vezes infudadas, de que tal erro na formulação não influiria na solução da questão, como vejo
acontecer na presente hipótese.
Nulidade reconhecida que vai ao encontro da tese firmada pelo STF no recurso extraordinário supramencionado, pois
estamos diante de evidente ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário. 6. No que se refere à questão n. 5 da
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prova dissertativa, a análise dos pedidos do impetrante denota que se pretende a declaração de sua nulidade aos
seguintes fundamentos: (i) o espelho de resposta é totalmente diferenciado daqueles que foram divulgados para as
quatro primeiras, em que constaram os fundamentos jurídicos; (ii) no espelho impugnado, a banca examinadora
simplesmente dividiu o enunciado, atribuindo a cada critério ou fração certa pontuação sem, contudo, indicar o padrão de
resposta desejado; (iii) a publicação dos fundamentos jurídicos que deveriam ser atendidos pelo candidato era de suma
importância, sob pena de afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, já que somente "com um padrão de
argumentos jurídicos o candidato poderia recorrer plenamente na seara administrativa, buscando a elevação da nota"; e
(iv) a publicação tardia do padrão de respostas, sobretudo após acionamento do Poder Judiciário, não supriria a nulidade
da questão, na medida em que colocaria em xeque o princípio da impessoalidade. 7. Na seara de concursos públicos, há
etapas em que as metodologias de avaliação, pela sua própria natureza, abrem margem para que o avaliador se valha de
suas impressões, em completo distanciamento da objetividade que se espera nesses eventos. Nesse rol de etapas, citam-
se as provas dissertativas e orais. Por essa razão, elas devem se submeter a critérios de avaliação e correção os mais
objetivos possíveis, tudo com vistas a evitar contrariedade ao princípio da impessoalidade, materializado na Constituição
Federal (art. 37, caput). 8. E mais. Para que não pairem dúvidas quanto
à obediência a referido princípio e quanto aos princípios da motivação dos atos administrativos, do devido processo
administrativo recursal, da razoabilidade e proporcionalidade, a banca examinadora do certame, por ocasião da
divulgação dos resultados desse tipo de avaliação, deve demonstrar, de forma clara e transparente, que os critérios de
avaliação previstos no edital foram devidamente considerados, sob pena de nulidade da avaliação. 9. A clareza e
transparência na utilização dos critérios previstos no edital estão presentes quando a banca examinadora adota conduta
consistente na divulgação, a tempo e modo, para fins de publicidade e eventual interposição de recurso pela parte
interessada, de cada critério considerado, devidamente acompanhado, no mínimo, do respectivo valor da pontuação ou
nota obtida pelo candidato; bem como das razões ou padrões de respostas que as justifiquem. 10. As informações
constantes dos espelhos de provas subjetivas se referem nada mais nada menos à motivação do ato administrativo,
consistente na atribuição de nota ao candidato. Tudo em consonância ao que preconizam os arts. 2º, caput, e 50, § 1º, da
Lei n. 9.78419/99, que trata do processo administrativo no âmbito federal. 11. Salvo exceção reconhecida pela
jurisprudência deste Tribunal Superior – notadamente no que diz respeito à remoção ex ofício de servidor público (RMS
42.696/TO, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe 16/12/2014; AgRg no RMS 40.427/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
Primeira Turma, DJe 10/9/2013; REsp 1.331.224/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 26/2/2013) –,
referida motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se
permita a motivação posterior, dar-se-ia ensejo para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual
impugnação ao ato. Nesse sentido, a doutrina especializada (Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de direito
administrativo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 112-113). 12. Não se deve admitir como legítimo, portanto, a prática
imotivada de um ato que, ao ser contestado na via judicial ou administrativa, venha o gestor "construir" algum motivo que
dê ensejo à validade do ato administrativo. Precedentes: RMS 40.229/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe
11/6/2013; RMS 35.265/SC, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe
6/12/2012). 13. É certo que alguns editais de concursos públicos não preveem os critérios de correção ou, às vezes,
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embora os prevejam, não estabelecem as notas ou a possibilidade de divulgação dos padrões de respostas que serão
atribuídos a cada um desses critérios. Em tese, com suporte na máxima de que "o edital faz lei entre as partes", o candidato
nada poderia fazer caso o resultado de sua avaliação fosse divulgado sem a indicação dos critérios ou das notas a eles
correspondentes, ou, ainda, dos padrões de respostas esperados pela banca examinadora. Tal pensamento, no entanto, não
merece prosperar, pois os editais de concursos públicos não estão acima da Constituição Federal ou das leis que preconizam
os princípios da impessoalidade, do devido processo administrativo, da motivação, da razoabilidade e proporcionalidade. Do
contrário, estaríamos diante verdadeira subversão da ordem jurídica. Precedente: AgRg no REsp 1.454.645/RJ, Rel. Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 15/8/2014. 14. Feitas essas considerações, e partindo para o caso concreto ora em
análise, verifica-se dos autos que a banca examinadora do certame não só disponibilizou a nota global do candidato quanto à
questão n. 5, como também fez divulgar os critérios que adotara para fins de avaliação, o padrão de respostas e a nota
atribuída a cada um desses critérios/padrões de respostas. Assim, não merece prosperar a alegada afronta ao devido
processo recursal administrativo e do princípio da motivação, na medida em que foram divulgadas ao candidato as razões
que pautaram sua avaliação, devidamente acompanhadas das notas que poderia alcançar em cada critério. 15. Quanto à
tese de que o gabarito da questão dissertativa n. 5 veio somente com o julgamento do recurso administrativo, ou seja, de
que a banca examinadora apresentou motivação do ato – esse consistente na publicação do espelho e correção de prova –
após a sua prática, tem-se que referida alegação não condiz com as informações constantes dos autos. Registre-se que, na
hipótese, o espelho apresentado pela banca examinadora
– diga-se passagem, antes da abertura do prazo para recurso –, já continha a motivação para a prática do ato consistente na
atribuição de nota ao candidato, quais sejam, (i) os critérios utilizados; (ii) o padrão de resposta esperado pela banca
examinadora – nenhum problema quanto a esses serem idênticos aos critérios, na hipótese particular da questão n. 5º; e (iii)
as notas a serem atribuídas a cada um do critérios. Destaque-se que não haveria fundamentação (ou motivação) se apenas
fossem divulgados critérios por demais subjetivos e a nota global, desacompanhados, cada um dos critérios, do padrão de
resposta ou das notas a eles atribuídas, situação essa ora não constatada. 16. Recurso em mandado de segurança a que se
dá parcial provimento para declarar a nulidade apenas da questão n. 2 da prova dissertativa.
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RODADA 08
→ O INADIMPLEMENTO DOS ENCARGOS TRABALHISTAS DOS EMPREGADOS DO CONTRATADO NÃO TRANSFERE
AUTOMATICAMENTE AO PODER PÚBLICO CONTRATANTE A RESPONSABILIDADE PELO SEU PAGAMENTO, SEJA EM
CARÁTER SOLIDÁRIO OU SUBSIDIÁRIO, NOS TERMOS DO ART. 71, § 1º, DA LEI 8.666/1993.
NOTÍCIA DO STF
O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, nesta quinta-feira (30), o julgamento do Recurso Extraordinário (RE)
760931, com repercussão geral reconhecida, que discute a responsabilidade subsidiária da administração pública por
encargos trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa terceirizada. Com o voto do ministro Alexandre de Moraes,
o recurso da União foi parcialmente provido, confirmando-se o entendimento, adotado na Ação de Declaração de
Constitucionalidade (ADC) 16, que veda a responsabilização automática da administração pública, só cabendo sua
condenação se houver prova inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.
Na conclusão do julgamento, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, lembrou que existem pelo menos 50 mil
processos sobrestados aguardando a decisão do caso paradigma. Para a fixação da tese de repercussão geral, os
ministros decidiram estudar as propostas apresentadas para se chegar à redação final, a ser avaliada oportunamente.
Desempate
Ao desempatar a votação, suspensa no dia 15 de fevereiro para aguardar o voto do sucessor do ministro Teori
Zavascki (falecido), o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que a matéria tratada no caso é um dos mais profícuos
contenciosos do Judiciário brasileiro, devido ao elevado número de casos que envolvem o tema. “Esse julgamento
tem relevância no sentido de estancar uma interminável cadeia tautológica que vem dificultando o enfrentamento
da controvérsia”, afirmou.
Seu voto seguiu a divergência aberta pelo ministro Luiz Fux. Para Moraes, o artigo 71, parágrafo 1º da Lei de
Licitações (Lei 8.666/1993) é “mais do que claro” ao exonerar o Poder Público da responsabilidade do pagamento
das verbas trabalhistas por inadimplência da empresa prestadora de serviços.
No seu entendimento, elastecer a responsabilidade da Administração Pública na terceirização “parece ser um convite para
que se faça o mesmo em outras dinâmicas de colaboração com a iniciativa privada, como as concessões públicas”. O
ministro Alexandre de Moraes destacou ainda as implicações jurídicas da decisão para um modelo de relação público-
privada mais moderna. “A consolidação da responsabilidade do estado pelos débitos trabalhistas de terceiro
apresentaria risco de desestímulo de colaboração da iniciativa privada com a administração pública, estratégia
fundamental para a modernização do Estado”, afirmou.
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Voto vencedor
O ministro Luiz Fux, relator do voto vencedor – seguido pela ministra Cármen Lúcia e pelos ministros Marco Aurélio,
Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes – lembrou, ao votar na sessão de 8 de fevereiro, que a Lei
9.032/1995 introduziu o parágrafo 2º ao artigo 71 da Lei de Licitações para prever a responsabilidade solidária do
Poder Público sobre os encargos previdenciários. “Se quisesse, o legislador teria feito o mesmo em relação aos
encargos trabalhistas”, afirmou. “Se não o fez, é porque entende que a administração pública já afere, no momento
da licitação, a aptidão orçamentária e financeira da empresa contratada”.
Relatora
O voto da relatora, ministra Rosa Weber, foi no sentido de que cabe à administração pública comprovar que fiscalizou
devidamente o cumprimento do contrato. Para ela, não se pode exigir dos terceirizados o ônus de provar o
descumprimento desse dever legal por parte da administração pública, beneficiada diretamente pela força de
trabalho. Seu voto foi seguido pelos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Celso de
Mello. CF/AD
Processos relacionados
RE 760931
O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
termos do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993.
Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, conheceu em parte e, na parte
conhecida, deu provimento a recurso extraordinário em que discutida a responsabilidade subsidiária da Administração
Pública por encargos trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de serviço.
A recorrente alegava, em suma, que o acórdão recorrido, ao condenar subsidiariamente o ente público, com base no art.
37, § 6º, da Constituição Federal (CF), teria desobedecido ao conteúdo da decisão proferida no julgamento da ADC
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16/DF (DJE de 9.9.2011) e, consequentemente, ao disposto no art. 102, § 2º, da CF. Afirmava que o acórdão
recorrido teria declarado a inconstitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, embora a norma tenha sido
declarada constitucional no julgamento da ADC 16/DF. Sustentava violação dos arts. 5º, II, e 37, “caput”, da CF, por
ter o TST inserido no item IV do Enunciado 331 da sua Súmula obrigação frontalmente contrária ao previsto no art.
71, § 1º, da Lei de Licitações. Defendia, por fim, que a culpa “in vigilando” deveria ser provada pela parte
interessada, e não ser presumida — v. Informativos 852, 853 , 854 e 859.
Prevaleceu o voto do ministro Luiz Fux, que foi acompanhado pelos ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Gilmar Mendes,
Cármen Lúcia (Presidente) e Alexandre de Moraes. A Corte entendeu que uma interpretação conforme do art. 71 da Lei
8.666/1993, com o reconhecimento da responsabilidade subsidiária da Administração Pública, infirma a decisão tomada
no julgamento da ADC 16/DF (DJE de 9.9.2011), nulificando, por conseguinte, a coisa julgada formada sobre a declaração
de constitucionalidade do dispositivo legal. Observou que, com o advento da Lei 9.032/1995, o legislador buscou excluir a
responsabilidade subsidiária da Administração, exatamente para evitar o descumprimento do disposto no art. 71 da Lei
8.666/1993, declarado constitucional pela Corte. Anotou que a imputação da culpa “in vigilando” ou “in eligendo” à
Administração Pública, por suposta deficiência na fiscalização da fiel observância das normas trabalhistas pela empresa
contratada, somente pode acontecer nos casos em que se tenha a efetiva comprovação da ausência de fiscalização. Nesse
ponto, asseverou que a alegada ausência de comprovação em juízo da efetiva fiscalização do contrato não substitui a
necessidade de prova taxativa do nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido. Ao final,
pontuou que a Lei 9.032/1995 (art. 4º), que alterou o disposto no § 2º do art. 71 da Lei 8.666/1993, restringiu a
solidariedade entre contratante e contratado apenas quanto aos encargos previdenciários resultantes da execução do
contrato, nos termos do art. 31 da Lei 8.212/1991.
Vencida a ministra Rosa Weber (relatora), acompanhada pelos ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Ricardo
Lewandowski e Celso de Mello, que negavam provimento ao recurso. Concluíam: a) pela impossibilidade de
transferência automática para a Administração Pública da responsabilidade subsidiária pelo descumprimento das
obrigações trabalhistas pela empresa terceirizada; b) pela viabilidade de responsabilização do ente público, em caso
de culpa comprovada em fiscalizar o cumprimento dessas obrigações; e c) pela competência da Administração Pública
em comprovar ter fiscalizado adequadamente o cumprimento das obrigações trabalhistas pelo contratado.
RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 26.4.2017. (RE-760931)
→ A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA PELO ART. 150, VI, B, É RESTRITA AOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO
RELIGIOSO, NÃO SE APLICANDO À MAÇONARIA, EM CUJAS LOJAS NÃO SE PROFESSA QUALQUER RELIGIÃO.
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JULGADOS IMPORTANTES
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Por maioria, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram provimento a recurso
interposto pela organização maçônica Grande Oriente do Rio Grande do Sul, que pretendia afastar a cobrança do
Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) pelo município de Porto Alegre. A entidade, no
Recurso Extraordinário (RE) 562351, sustentou se enquadrar na previsão do artigo 150, inciso VI, alínea “b”, da
Constituição Federal, que veda a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto.
Iniciado em abril de 2010, o julgamento foi retomado hoje, com o voto-vista do ministro Marco Aurélio. Ele
apresentou entendimento divergente em relação aos demais votos já proferidos – dos ministros Dias Toffoli, Cármen
Lúcia e Ayres Britto – que, no início do julgamento, acompanharam o relator, ministro Ricardo Lewandowski. Ideologia
e religião
O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, entendeu que a maçonaria é uma ideologia de vida, e não uma
religião, assim não poderia ser isenta de pagar o IPTU. Segundo ele, a prática maçom não tem dogmas, não é um credo,
é uma grande família. “Ajudam-se mutuamente aceitando e pregando a ideia de que o homem e a humanidade são
passíveis de melhoria, aperfeiçoamento. Como se vê, é uma grande confraria que antes de mais nada prega e professa
uma filosofia de vida”, disse.
O ministro Ricardo Lewandowski avaliou também que para as imunidades tributárias deve ser dado tratamento
restritivo. “Penso, portanto, que quando a Constituição conferiu imunidade tributária aos templos de qualquer
culto, este benefício fiscal está circunscrito aos cultos religiosos”, afirmou. Conforme ele, a própria entidade
maçônica do Estado do Rio Grande do Sul em seu site afirma que “não é religião com teologia, mas adota templo onde
se desenvolve conjunto variável de cerimônias que se assemelham ao culto, dando feições a diferentes ritos”.
Divergência
Em seu voto-vista, o ministro Marco Aurélio apresentou seu entendimento em sentido contrário, ao pontuar que a
Constituição Federal não restringiu imunidade à prática de uma religião enquanto tal, mas a templo de qualquer culto.
Por outro lado, sustentou haver propriedades que permitem atribuir à maçonaria traços religiosos: “Em um conceito
menos rígido de religião, se pode classificar a maçonaria como uma corrente religiosa, que congrega física e
metafísica. São práticas ritualísticas, que somente podem ser adequadamente compreendidas em um conceito mais
abrangente de religiosidade”, afirmou o ministro Marco Aurélio.
Ele observou ainda haver na maçonaria uma profissão de fé em valores e princípios comuns, traços típicos de
religiosidade. Há inclusive na maçonaria, sustentou o ministro, uma entidade de caráter sobrenatural capaz de
explicar fenômenos naturais, o “grande arquiteto do universo”, que se aproximaria da figura de um deus.
FT/AD
Leia mais:
13/04/2010 - Suspenso julgamento no qual 1ª Turma decidirá se maçonaria tem direito a imunidade
tributária Processos relacionados
RE 562351
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EMENTA DO JULGADO
Ementa: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CARTA
FEDERAL. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 279 DO STF. ART. 150, VI, B, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIA DO TERMO “TEMPLOS DE QUALQUER CULTO”. MAÇONARIA. NÃO
CONFIGURAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO EM PARTE E, NO QUE CONHECIDO, DESPROVIDO.
I – O reconhecimento da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal exige o
cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei.
II – Assim, para se chegar-se à conclusão se o recorrente atende aos requisitos da lei para fazer jus à imunidade
prevista neste dispositivo, necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incide, na
espécie, o teor da Súmula 279 do STF. Precedentes.
III – A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se
aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião.
IV - Recurso extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte conhecida.
(RE 562351, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 04/09/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-245 DIVULG 13-12-2012 PUBLIC 14-12-2012)
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Observação: A situação do presente julgado é diversa daquela prevista na Súmula Vinculante n. 17, de seguinte teor:
“Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre
os precatórios que nele sejam pagos.”
NOTÍCIA DO STF
STF decide que juros de mora incidem sobre obrigações de RPV e precatórios
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que incidem juros de mora no período compreendido entre a
data de elaboração de cálculos e a expedição da requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório. O
entendimento foi firmado nesta quarta-feira (19) no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 579431, com
repercussão geral reconhecida. A decisão terá impacto em, pelo menos, 27 mil processos sobrestados em outras
instâncias, que aguardavam o julgamento do caso paradigma.
A Universidade Federal de Santa Maria (RS), recorrente, sustentava que a correção monetária deve incidir para
garantir a manutenção do valor real da condenação, mas os juros pressupõem um comportamento protelatório do
devedor que gere essa mora. Segundo a Procuradoria-Geral Federal, que representa a universidade, “nos casos em
que a Fazenda Pública se resigna a pagar, não deve pagar mais juros, apenas o valor devido". A procuradoria
considerou que suspender os juros é uma forma de evitar incidentes protelatórios. No caso concreto, frisou, não há
indícios de que a Fazenda Pública tenha dado causa à mora no pagamento. Assim, não haveria justificativa para a
incidência dos juros. Julgamento
A análise da matéria teve início na sessão do dia 29 de outubro de 2015, quando o relator, ministro Marco Aurélio, votou
pelo desprovimento do recurso e foi seguido pelos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Teori Zavascki
(falecido) e Luiz Fux. De acordo com o relator, há um responsável pela demora. “Esse responsável não é o credor,
é o devedor", afirmou, observando que a alegação de dificuldades de caixa para quitar as requisições é um
argumento metajurídico. Tendo em vista o grande volume de processos, o ministro salientou que o Estado não
pode apostar na morosidade da Justiça.
O julgamento foi retomado hoje com a apresentação do voto-vista do ministro Dias Toffoli, que, ao acompanhar o relator
pelo desprovimento do RE, considerou prudente determinar com exatidão o momento da data inicial da realização dos
cálculos, “evitando-se o surgimento de novos recursos em relação à fixação das datas”. No mesmo sentido votaram os
ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia.
Tese
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Quando proferiu seu voto, o relator propôs uma tese de repercussão geral que foi reajustada na sessão de hoje, a fim
de que sejam abrangidas não só as obrigações de pequeno valor, mas os precatórios. Por unanimidade, o Plenário
negou provimento ao recurso e aprovou tese segundo a qual “incidem os juros da mora no período compreendido
entre a data da realização dos cálculos e da requisição ou do precatório”.
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do
precatório.
Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão, negou provimento a recurso extraordinário em que
discutida a incidência dos juros de mora no período supracitado — v. Informativo 805.
O Colegiado afirmou que o regime previsto no art. 100 da Constituição Federal (CF) consubstancia sistema de
liquidação de débito, que não se confunde com moratória. A requisição não opera como se fosse pagamento nem
faz desaparecer a responsabilidade do devedor. Assim, enquanto persistir o quadro de inadimplemento do Estado,
devem incidir os juros da mora. Portanto, desde a citação — termo inicial firmado no título executivo — até a
efetiva liquidação da Requisição de Pequeno Valor (RPV), os juros moratórios devem ser computados, a
compreender o período entre a data da elaboração dos cálculos e a da requisição.
Segundo o Colegiado, a Súmula Vinculante 17 não se aplica ao caso, pois não cuida do período de 18 meses referido
no art. 100, § 5º, da CF, mas sim do lapso temporal compreendido entre a elaboração dos cálculos e a RPV.
Além disso, o entendimento pela não incidência dos juros da mora durante o aludido prazo foi superado pela Emenda
Constitucional 62/2009, que excluiu o § 12 ao art. 100 da CF.
A Corte enfatizou que o sistema de precatório, a abranger as RPVs, não pode ser confundido com moratória, razão
pela qual os juros da mora devem incidir até o pagamento do débito. Comprovada a mora da Fazenda até o efetivo
pagamento do requisitório, não há fundamento para afastar a incidência dos juros moratórios durante o lapso
temporal anterior à expedição da RPV.
No plano infraconstitucional, antes da edição da aludida emenda constitucional, entrou em vigor a Lei 11.960/2009, que
modificou o art. 1º-F da Lei 9.494/1997. A norma prevê a incidência dos juros para compensar a mora nas condenações
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impostas à Fazenda até o efetivo pagamento. Não há, portanto, fundamento constitucional ou legal a justificar o
afastamento dos juros da mora enquanto persistisse a inadimplência do Estado.
Ademais, não procede a alegação no sentido de que o ato voltado a complementar os juros da mora seria vedado pela regra
do art. 100, § 4º, da CF, na redação da Emenda Constitucional 37/2002. Há precedentes do Supremo Tribunal Federal a
consignar a dispensa da expedição de requisitório complementar — mesmo nos casos de precatório — quando houvesse
erro material, inexatidão dos cálculos do precatório ou substituição, por força de lei, do índice empregado.
Também é insubsistente o argumento de que o requisitório deve ser corrigido apenas monetariamente, ante a parte
final da regra do art. 100, § 1º, da CF, na redação conferida pela Emeda Constitucional 30/2000. O fato de o
constituinte haver previsto somente a atualização monetária no momento do pagamento não teria o condão de
afastar a incidência dos juros da mora.
RE 579431/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19.4.2017. (RE-579431)
EMENTA DO JULGADO
JUROS DA MORA – FAZENDA PÚBLICA – DÍVIDA – REQUISIÇÃO OU PRECATÓRIO. Incidem juros da mora entre a data da
realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório.
(RE 579431, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-145 DIVULG 29-06-2017 PUBLIC 30-06-2017)
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RODADA 09
2
→ O “ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL” PODE JUSTIFICAR A ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
NOTÍCIA DO STF
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completamente diferente de tudo o que eu já visitei no país”. De acordo com a ministra, a situação de urgência deve
ser superada. Novos modelos devem ser pensados para se dar cumprimento às leis. “Faliu esse tipo de penitenciária
que vem sendo feita”.
O ministro Gilmar Mendes votou pelo deferimento do pedido cautelar quanto à obrigação da realização das
audiências de custódia e em relação ao descontingenciamento do fundo penitenciário. Ele avaliou que a utilização da
tecnologia da informação na execução penal apresentaria muitos benefícios, entre eles, estatísticas confiáveis da
situação prisional do país, tendo em vista que atualmente existem dados incompletos e defasados.
O ministro afirmou não haver dúvida de que os juízes devem considerar a situação prisional na decisão judicial. Nesse
sentido, propôs a criação de plano de trabalho para oferecer treinamento aos juízes sobre o sistema prisional e
medidas alternativas ao encarceramento.
O relator foi acompanhado integralmente pelo ministro Celso de Mello. Para ele, os recursos direcionados ao sistema
prisional não pode ter outra destinação. “Os recursos financeiros que integram o fundo penitenciário nacional têm
uma vocação própria, uma destinação específica e com essas medidas de bloqueio de recursos subverte-se a função
precípua que justifica a imposição da sanção penal”, destacou o ministro Celso de Mello.
Estado de coisas inconstitucional
O ministro Ricardo Lewandowski seguiu totalmente o voto do relator. Assim como outros ministros, ele reconheceu, no
caso, o "estado de coisas inconstitucional", ao explicar que essa foi uma medida desenvolvida pela Corte Nacional da
Colômbia a qual identificou um quadro insuportável e permanente de violação de direitos fundamentais a exigir
intervenção do Poder Judiciário de caráter estrutural e orçamentário. “Essa é uma interferência legítima do Poder
Judiciário nessa aparente discricionariedade nas verbas do fundo penitenciário brasileiro”, afirmou.
Biometria dos presos
Em meio aos debates, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, destacou que será firmado um termo de
cooperação entre o Conselho Nacional de Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a identificação dos cerca de
600 mil presos, por meio da biometria. O levantamento dos presos deverá começar pelo Distrito Federal. Além disso,
ele também informou que até o final do ano será elaborado um sistema nacional de cumprimento das penas e
também dos benefícios prisionais.
fundamentais sofridas pelos presos em decorrência de ações e omissões dos Poderes da União, dos Estados-Membros
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e do Distrito Federal. No caso, alegava-se estar configurado o denominado, pela Corte Constitucional da Colômbia,
“estado de coisas inconstitucional”, diante da seguinte situação: violação generalizada e sistêmica de direitos
fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura;
transgressões a exigir a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades.
Postulava-se o deferimento de liminar para que fosse determinado aos juízes e tribunais: a) que lançassem, em casos de
decretação ou manutenção de prisão provisória, a motivação expressa pela qual não se aplicam medidas cautelares
alternativas à privação de liberdade, estabelecidas no art. 319 do CPP; b) que, observados os artigos 9.3 do Pacto dos
Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, realizassem, em até 90 dias, audiências de
custódia, viabilizando o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contadas
do momento da prisão; c) que considerassem, fundamentadamente, o quadro dramático do sistema penitenciário brasileiro
no momento de implemento de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de execução penal; d) que
estabelecessem, quando possível, penas alternativas à prisão, ante a circunstância de a reclusão ser sistematicamente
cumprida em condições muito mais severas do que as admitidas pelo arcabouço normativo; e) que viessem a abrandar os
requisitos temporais para a fruição de benefícios e direitos dos presos, como a progressão de regime, o livramento
condicional e a suspensão condicional da pena, quando reveladas as condições de cumprimento da pena mais severas do
que as previstas na ordem jurídica em razão do quadro do sistema carcerário, preservando-se, assim, a proporcionalidade da
sanção; e f) que se abatesse da pena o tempo de prisão, se constatado que as condições de efetivo cumprimento são
significativamente mais severas do que as previstas na ordem jurídica, de forma a compensar o ilícito estatal. Requeria-se,
finalmente, que fosse determinado: g) ao CNJ que coordenasse mutirão carcerário a fim de revisar todos os processos de
execução penal, em curso no País, que envolvessem a aplicação de pena privativa de liberdade, visando a adequá-los às
medidas pleiteadas nas alíneas “e” e “f”; e h) à União que liberasse as verbas do Fundo Penitenciário Nacional – Funpen,
abstendo-se de realizar novos contingenciamentos — v. Informativos 796 e 797.
O Colegiado deliberou, por decisão majoritária, deferir a medida cautelar em relação ao item “b”. A Ministra Rosa Weber
acompanhou essa orientação, com a ressalva de que fossem observados os prazos fixados pelo CNJ. Vencidos, em parte, os
Ministros Roberto Barroso e Teori Zavascki, que delegavam ao CNJ a regulamentação sobre o prazo para se realizar as
audiências de custódia. O Tribunal decidiu, também por maioria, deferir a cautelar no tocante à alínea “h”. Vencidos, em
parte, os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber, que fixavam o prazo de até 60 dias, a contar da publicação
da decisão, para que a União procedesse à adequação para o cumprimento do que determinado. O Plenário, também por
maioria, indeferiu a medida cautelar em relação às alíneas “a”, “c” e “d”. Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator), Luiz
Fux, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski (Presidente), que a deferiam nessa parte. De igual modo indeferiu, por decisão
majoritária, a medida acauteladora em relação à alínea “e”. Vencido o Ministro Gilmar Mendes. O Tribunal, ademais, rejeitou
o pedido no tocante ao item “f”. Por fim, no que se refere à alínea “g”, o Plenário, por maioria, julgou o pleito prejudicado.
Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Celso de Mello, que deferiam a cautelar no ponto.
Por fim, o Colegiado, por maioria, acolheu proposta formulada pelo Ministro Roberto Barroso, no sentido de que se
determine à União e aos Estados-Membros, especificamente ao Estado de São Paulo, que
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encaminhem à Corte informações sobre a situação prisional. Vencidos, quanto à proposta, os Ministros relator, Luiz
Fux, Cármen Lúcia e Presidente.
O Plenário anotou que no sistema prisional brasileiro ocorreria violação generalizada de direitos fundamentais dos
presos no tocante à dignidade, higidez física e integridade psíquica. As penas privativas de liberdade aplicadas nos
presídios converter-se-iam em penas cruéis e desumanas.
Nesse contexto, diversos dispositivos constitucionais (artigos 1º, III, 5º, III, XLVII, e, XLVIII, XLIX, LXXIV, e 6º), normas
internacionais reconhecedoras dos direitos dos presos (o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção
contra a Tortura e outros Tratamentos e Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes e a Convenção Americana de Direitos
Humanos) e normas infraconstitucionais como a LEP e a LC 79/1994, que criara o Funpen, teriam sido transgredidas.
Em relação ao Funpen, os recursos estariam sendo contingenciados pela União, o que impediria a formulação de
novas políticas públicas ou a melhoria das existentes e contribuiria para o agravamento do quadro. Destacou que a
forte violação dos direitos fundamentais dos presos repercutiria além das respectivas situações subjetivas e produziria
mais violência contra a própria sociedade. Os cárceres brasileiros, além de não servirem à ressocialização dos presos,
fomentariam o aumento da criminalidade, pois transformariam pequenos delinquentes em “monstros do crime”. A
prova da ineficiência do sistema como política de segurança pública estaria nas altas taxas de reincidência. E o
reincidente passaria a cometer crimes ainda mais graves. Consignou que a situação seria assustadora: dentro dos
presídios, violações sistemáticas de direitos humanos; fora deles, aumento da criminalidade e da insegurança social.
Registrou que a responsabilidade por essa situação não poderia ser atribuída a um único e exclusivo poder, mas aos
três — Legislativo, Executivo e Judiciário —, e não só os da União, como também os dos Estados-Membros e do
Distrito Federal. Ponderou que haveria problemas tanto de formulação e implementação de políticas públicas, quanto
de interpretação e aplicação da lei penal. Além disso, faltaria coordenação institucional.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes representaria falha estrutural a gerar
tanto a ofensa reiterada dos direitos, quanto a perpetuação e o agravamento da situação.
O Poder Judiciário também seria responsável, já que aproximadamente 41% dos presos estariam sob custódia
provisória e pesquisas demonstrariam que, quando julgados, a maioria alcançaria a absolvição ou a condenação a
penas alternativas. Ademais, a manutenção de elevado número de presos para além do tempo de pena fixado
evidenciaria a inadequada assistência judiciária.
A violação de direitos fundamentais alcançaria a transgressão à dignidade da pessoa humana e ao próprio mínimo
existencial e justificaria a atuação mais assertiva do STF. Assim, caberia à Corte o papel de retirar os demais poderes
da inércia, catalisar os debates e novas políticas públicas, coordenar as ações e monitorar os resultados.
A intervenção judicial seria reclamada ante a incapacidade demonstrada pelas instituições legislativas e administrativas.
Todavia, não se autorizaria o STF a substituir-se ao Legislativo e ao Executivo na consecução de tarefas próprias. O Tribunal
deveria superar bloqueios políticos e institucionais sem afastar esses poderes dos processos de formulação e implementação
das soluções necessárias. Deveria agir em diálogo com os outros poderes e com a sociedade.
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Não lhe incumbira, no entanto, definir o conteúdo próprio dessas políticas, os detalhes dos meios a serem empregados. Em
vez de desprezar as capacidades institucionais dos outros poderes, deveria coordená-las, a fim de afastar o estado de inércia
e deficiência estatal permanente. Não se trataria de substituição aos demais poderes, e sim de oferecimento de incentivos,
parâmetros e objetivos indispensáveis à atuação de cada qual, deixando-lhes o estabelecimento das minúcias para se
alcançar o equilíbrio entre respostas efetivas às violações de direitos e as limitações institucionais reveladas.
O Tribunal, no que se refere às alíneas “a”, “c” e “d”, ponderou se tratar de pedidos que traduziriam mandamentos
legais já impostos aos juízes. As medidas poderiam ser positivas como reforço ou incentivo, mas, no caso da alínea
“a”, por exemplo, a inserção desse capítulo nas decisões representaria medida genérica e não necessariamente capaz
de permitir a análise do caso concreto. Como resultado, aumentaria o número de reclamações dirigidas ao STF. Seria
mais recomendável atuar na formação do magistrado, para reduzir a cultura do encarceramento. No tocante à
cautelar de ofício proposta pelo Ministro Roberto Barroso, o Colegiado frisou que o Estado de São Paulo, apesar de
conter o maior número de presos atualmente, não teria fornecido informações a respeito da situação carcerária na
unidade federada. De toda forma, seria imprescindível um panorama nacional sobre o assunto, para que a Corte
tivesse elementos para construir uma solução para o problema.
ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2015. (ADPF-347)
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→ NÃO VIOLA A LEGALIDADE TRIBUTÁRIA A LEI QUE, PRESCREVENDO O TETO, POSSIBILITA O ATO NORMATIVO
INFRALEGAL FIXAR O VALOR DE TAXA EM PROPORÇÃO RAZOÁVEL COM OS CUSTOS DA ATUAÇÃO ESTATAL, VALOR
ESSE QUE NÃO PODE SER ATUALIZADO POR ATO DO PRÓPRIO CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO EM PERCENTUAL
SUPERIOR AOS ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA LEGALMENTE PREVISTO
NOTÍCIA DO STF
STF conclui julgamento sobre cobrança de taxa para expedição de ART de obras
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) finalizou, nesta quinta-feira (6), o julgamento do Recurso Extraordinário
(RE) 838284, com repercussão geral reconhecida, no qual foi mantida a forma de cobrança da Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) cobrada em serviços de engenharia, arquitetura e agronomia.
O RE questionava a Lei 6.994/1982, no qual se estabelece a Anotação de Reponsabilidade Técnica. A maioria dos
votos acompanhou o posicionamento do relator, ministro Dias Toffoli, para quem a norma questionada não violou
o princípio da legalidade tributária ao prescrever teto para a cobrança do tributo, possibilitado sua fixação pelos
conselhos profissionais da área de arquitetura, engenharia e agronomia.
O julgamento foi encerrado hoje com o voto-vista do ministro Marco Aurélio, divergindo do relator, e entendendo
haver violação do princípio da legalidade estrita, logo sendo inexigível a tributação. Sua posição foi acompanhada pelo
voto do ministro Ricardo Lewandowski.
O ministro Dias Toffoli, anunciou a distribuição aos gabinetes dos ministros de duas propostas para a fixação da tese, e
pediu o adiamento da decisão a fim de se debater o tema. O texto definido também se aplicará ao RE 704292, já julgado
pelo STF, tratando de tema semelhante.
Processos relacionados
RE 838284
DECISÃO DO JULGAMENTO
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, fixou tese nos seguintes termos: “Não viola a
legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em
proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio
conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos”. O
Ministro Marco Aurélio, vencido no mérito, não participou da formulação da tese. Em seguida, por unanimidade e nos
termos do voto do Relator, indeferiu o pedido de modulação. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello,
e, nesta assentada, o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 19.10.2016.
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ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
NOTÍCIA DO STF
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legislativa para legislar sobre a saúde”. Isso porque, no entendimento do relator, a lei do Estado do Acre trata de
comércio e não de saúde e, portanto, não invadiu competência da União.
“Ao autorizar a venda de outros produtos em farmácias, o legislador estadual nada dispõe sobre saúde, e sim sobre o
comércio local”, afirmou o relator ao destacar que, no caso da inexistência de norma específica, “remanesce a
competência estadual para legislar sobre o tema”, conforme prevê o artigo 25, parágrafo 1º, da Constituição Federal.
O ministro Marco Aurélio ainda acrescentou que a União, por meio da Lei 5.991/73, regulamentada pelo Decreto
74.170, estabeleceu normas gerais sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos e insumos
farmacêuticos e correlatos, “nada dispondo acerca da venda de bens de conveniência por farmácias e drogarias”.
Em relação à resolução da Anvisa, ele discorreu que as agências reguladoras, como autarquias especializadas, estão
submetidas ao princípio da legalidade estrita e podem regulamentar, mas não podem normatizar. Segundo ele, a
Anvisa tem atuação regulatória, mas isso não a torna “titular de atribuição tipicamente legislativa de modo a poder
expedir atos de hierarquia eventualmente superior às leis estaduais”. “Não há, portanto, incompatibilidade da norma
impugnada com o comando constitucional que confere à União o poder legislativo quanto às normas gerais”,
destacou. Proteção à saúde
Em seu voto, o relator ainda afirmou que o MPF pretende impor restrições à atividade comercial das farmácias e
drogarias como forma de proteger o direito à saúde da população em geral e, em particular, daqueles que vierem a
adquirir medicamentos e produtos farmacêuticos nesses estabelecimentos para evitar a automedicação.
Para o relator, essa medida seria desproporcional por promover “desvantagens que superam em muito eventuais
vantagens”. Ele citou como uma das vantagens o horário ampliado que drogarias e farmácias ficam abertas.
“Não há implicação lógica entre a proibição da venda de produtos de conveniência e a prevenção do uso
indiscriminado de medicamentos. Inexiste qualquer suporte empírico capaz de legitimar a pretensão do
requerente”, afirmou ele ao lembrar de outros meios menos onerosos para se prevenir a automedicação como o
controle de venda de remédios mediante receita médica, políticas de informações e campanhas de conscientização.
Seu voto foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli,
Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e pelo presidente eleito, Ricardo Lewandowski.
A ação foi julgada com base no artigo 12 da Lei das ADIs (Lei 9.868/99), segundo o qual a relevância do tema justifica
Processos relacionados
ADI 4954
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O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 2.149/2009,
do Estado do Acre, que disciplina o comércio varejista de artigos de conveniência em farmácias e drogarias. O Tribunal,
preliminarmente, afastou a alegação de que a via eleita seria inadequada por ser imprescindível o exame de
compatibilidade entre a norma estadual impugnada e a legislação federal, para concluir-se pela usurpação ou não de
competência da União. Aduziu que, à vista da regra constitucional do § 1º do art. 24 da CF, bastaria o exame do ato
normativo atacado, mediante a ação direta, para saber se o Estado-membro adentrara o campo reservado à União.
Observou que, nos autos, se discutiria se a lei estadual usurpara a competência da União para legislar sobre normas gerais
de proteção e de defesa da saúde, além de violar o direito à saúde (CF, artigos 6º, “caput”; 24, XII, §§ 1º e 2º; e 196).
Reconheceu que o sistema de distribuição de competências materiais e legislativas privativas, concorrentes e comuns
entre os três entes da Federação, assim como estabelecido na Constituição e tendo em vista a aplicação do princípio da
predominância do interesse, seria marcado pela complexidade, e não seria incomum acionar-se o STF para solucionar
problemas de coordenação e sobreposição de atos legislativos, especialmente federais e estaduais.
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constitucional específica a respeito da regulação do comércio de artigos de conveniência. Desse modo, remanesceria a
competência dos Estados-membros para legislar sobre o tema (CF, art. 25, § 1º), permitido aos Municípios disporem
de forma complementar, caso imprescindível diante de particularidades e interesses locais, em observância a normas
federais e estaduais. Rememorou que, por meio da Lei 5.991/1973, regulamentada pelo Decreto 74.170/1974, a
União estabelecera normas gerais sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos. Entretanto, nada dispusera acerca da venda de bens de conveniência por farmácias e
drogarias. Ao contrário do que afirmado na peça inicial, a disciplina federal não seria abrangente a ponto de ter
excluído do legislador estadual margem política para editar atos dessa natureza e com esse conteúdo. Consignou que,
apesar de ser privativo das farmácias e drogarias o comércio de drogas, medicamentos e de insumos farmacêuticos,
não existiria proibição de esses estabelecimentos comercializarem outros produtos. Afirmou que, por meio da norma
federal, procurara-se garantir a segurança da saúde do consumidor e, como diretriz essencial nesse campo, que esses
produtos fossem vendidos apenas por estabelecimentos especializados, nos quais atuaria profissional habilitado — o
farmacêutico. Contudo, isso não autorizaria interpretação no sentido de que a especialização necessária excluiria a
possibilidade de farmácias e drogarias comercializarem bens diversos. Na realidade, esse entendimento implicaria
situação inversa à alegada na ação direta — a de invasão de competência dos Estados-membros pela União, haja vista
que norma com esse conteúdo, ao entrar em pormenores, viria a extrapolar o campo de normas gerais, princípios e
questões fundamentais. ADI 4954/AC, rel. Min. Marco Aurélio, 20.8.2014. (ADI-4954)
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eventuais vantagens. Enfatizou não haver implicação lógica entre a proibição de venda de produtos de conveniência em
farmácias e drogarias — o meio — e a prevenção do uso indiscriminado de medicamentos — o fim. Salientou que, ainda que
se admitisse a adequação ínfima da medida, esta seria desnecessária em razão de haver outros meios menos onerosos e
hábeis a alcançar o propósito almejado, sem representar limitações ao exercício da livre iniciativa, como, por exemplo,
controle de venda de remédios mediante receita médica, bem assim políticas de informação e campanhas de
conscientização. Asseverou que as desvantagens em cercear as atividades econômicas do referido segmento comercial,
considerados os efeitos negativos, principalmente, no tocante à disponibilidade de empregos e à comodidade oferecida
à população, revelar-se-iam superiores às vantagens, relativas ao campo da saúde, cujo alcance sequer se mostraria
abstrato ou empiricamente viável.
ADI 4954/AC, rel. Min. Marco Aurélio, 20.8.2014. (ADI-4954)
EMENTA DO JULGADO
(ADI 4954, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-213
DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014)
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RODADA 10
→ NÃO HÁ ILEGALIDADE NA IMEDIATA EXECUÇÃO DE PENALIDADE ADMINISTRATIVA IMPOSTA EM PAD A
SERVIDOR PÚBLICO, AINDA QUE A DECISÃO NÃO TENHA TRANSITADO EM JULGADO ADMINISTRATIVAMENTE
EMENTA DO JULGADO
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8.112/1990). Precedentes: MS 14.450/DF, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Terceira Seção, julgado em 26/11/2014, DJe
19/12/2014; MS 14.425/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Terceira Seção, julgado em 24/09/2014, DJe 01/10/2014; MS
10.759/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, julgado em 10/05/2006, DJ 22/05/2006. 3. Não merece
acolhida a alegação da impetrante no sentido de que a ausência de documentos indispensáveis nos autos do PAD teria
prejudicado o exercício do seu direito de defesa, isto porque tal questão sequer foi invocada pela impetrante na defesa
apresentada no PAD, evidenciando-se que os documentos acostados aos autos do PAD eram mais que suficientes para a sua
defesa. 4. O reconhecimento de nulidade no Processo Administrativo Disciplinar pressupõe a efetiva e suficiente
comprovação do prejuízo ao direito da defesa, por força do princípio pas de nullité sans grief, o que não evidenciada na
espécie, porquanto as alegações da impetrante são destituídas de elementos de prova a evidenciar a indispensabilidade e
importância dos documentos em questão. 5. O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva disciplinar estatal é a data
do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (art. 142,
§ 1º, da Lei 8.112/1990), a qual interrompe-se com a publicação do primeiro ato instauratório válido, seja a abertura
de sindicância ou a instauração de processo disciplinar (art. 142, § 3º, da Lei 8.112/1990). Esta interrupção não é
definitiva, visto que, após o prazo de 140 dias (prazo máximo para conclusão e julgamento do PAD a partir de sua
instauração (art. 152 c/c art. 167)), o prazo prescricional recomeça a correr por inteiro (art. 142, § 4º, da Lei
8.112/1990). 6. No caso em análise, a infração disciplinar tornou-se conhecida pela Administração Pública em 2006,
hipótese que em 08 de julho de 2008 foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar a ensejar a interrupção da
contagem do prazo prescricional, que se reiniciou após 140 dias, ou seja, em 25 de novembro de 2008, sendo que a
demissão da impetrante poderia ter ocorrido até 25 de novembro de 2013. Assim não há como acolher a alegação da
prescrição na medida em que a Portaria que cassou a aposentadoria da impetrante foi publicada em 26 de setembro
de 2012, dentro do prazo legal. 7. Segurança denegada.
→ É INCONSTITUCIONAL LEI ESTADUAL QUE EXIJA CERTIDÃO NEGATIVA DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DO
CONSUMIDOR DOS INTERESSADOS EM PARTICIPAR DE LICITAÇÕES E EM CELEBRAR CONTRATOS COM ÓRGÃOS E
ENTIDADES ESTADUAIS
NOTÍCIA DO STF
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Segundo o voto do relator, ministro Teozi Zavascki, na divisão de competências legislativas definidas pela Constituição
Federal, no tema licitações e contratos, a definição de normas gerais é de reponsabilidade privativa da União.
Inexistindo norma federal, ficam autorizados os estados a legislar para atender suas peculiaridades.
“O diploma introduziu requisito genérico e novo para qualquer licitação e se apropriou de uma competência que
cabe privativamente à União”, concluiu o relator sobre a lei estadual. Para ele, dada a natureza de sua
competência, os estados não poderiam dispor sobre requisitos para a participação em licitação.
A competitividade é a pedra de toque dos processos licitatórios e, ao valoriza-la, a legislação atende a dois interesses
públicos – a melhor oferta possível e o tratamento isonômico dos participantes, diz o ministro. A atuação dos entes
federados não poderia interferir na competência federal para tratar de tal tema.
O voto do relator no caso da lei sul-mato-grossense foi acompanhado pela maioria dos ministros, vencidos o ministro
Marco Aurélio e o decano, ministro Celso de Mello, para quem a introdução do tema defesa do consumidor na
legislação de licitações não fere a competência da União. O ministro Luiz Fux considerou a legislação inconstitucional,
mas não por usurpação da competência da União, e sim por uma razão material. Para ele, a norma não passaria pelo
critério da proporcionalidade, uma vez que há outros meios para efetivar os direitos do consumidor. Com a decisão,
foi declarada inconstitucional a Lei sul-mato-grossense 3.041/2005.
FT/FB
Processos relacionados
ADI 3735
INFORMATIVO 838 DO STF
maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 3.041/2005 do
Estado de Mato Grosso do Sul, sem efeito repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo.
A lei impugnada instituiu a chamada Certidão de Violação aos Direitos do Consumidor (CVDC). Tal documento
passou a ser exigido dos interessados em participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e entidades
estaduais, seja por meio de negociações diretas, seja por modalidades de licitação existentes.
A CVDC teria sido concebida como documento essencial para a habilitação de fornecedores em todas as licitações ou
contratos cujo valor total excedesse cinquenta Unidades Fiscais Estaduais de Referência de Mato Grosso do Sul
(UFERMS). Além disso, estariam excluídos do universo de contratantes com o Poder Público local aqueles que
detivessem contra si as seguintes anotações: a) descumprimento de sanção administrativa fixada em decisão
definitiva, na qual o fornecedor tivesse sido condenado; b) sentença judicial de âmbito individual transitada em
julgado, em que, no mérito, o fornecedor tivesse sido condenado por ofensa a direito do consumidor; c) sentença
judicial de âmbito coletivo prolatada em ações coletivas.
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O Tribunal afirmou que a Constituição outorgou privativamente à União a responsabilidade pelo estabelecimento de
normas gerais sobre licitações e contratos (CF/1988, art. 22, XXVII). Essa competência pressuporia a integração da
disciplina jurídica da matéria pela edição de outras normas, “não gerais”, a serem editadas pelos demais entes
federativos (CF/1988, arts. 24, 25, §1º, e 30, II).
A ordem constitucional reconheceria, em favor dos Estados-membros, autonomia para criar direito em matéria de
licitações e contratos independentemente de autorização formal da União. Todavia, essa autonomia não seria
incondicionada, devendo ser exercida apenas para a suplementação das normas gerais expedidas pela União,
previstas na Lei 8.666/1993.
Caberia, então, analisar se a lei estadual, ao dispor sobre licitações e contratos, limitou-se a sua competência estadual ou, a
pretexto de suplementar a norma geral, teria recriado condições normativas que somente lei geral poderia prever.
Asseverou que, para ser considerada válida, a suplementação deverá passar por um teste constituído de duas etapas:
a) a identificação, em face do modelo nacional concretamente fixado, das normas gerais do sistema; b) verificação da
compatibilidade, direta e indireta, entre as normas gerais estabelecidas e as inovações fomentadas pelo direito local.
A Corte sublinhou que a lei atacada definitivamente não transporia o teste proposto. Ao criar requisito de
habilitação obrigatório para a maioria dos contratos estaduais, o Estado-membro se arvorou na condição de
intérprete primeiro do direito constitucional de participar de licitações. Criou, ainda, uma presunção legal, de
sentido e alcance amplíssimos, segundo a qual a existência de registros desabonadores nos cadastros públicos de
proteção do consumidor seria motivo suficiente para justificar o impedimento à contratação de pessoas físicas e
jurídicas pela Administração local. Embora a CVDC se aplicasse apenas aos contratos de valores superiores a
cinquenta UFERMS, a sua exigência estaria longe de configurar condição especificamente ligada a determinado tipo
de objeto. Seria, ao revés, limitação não episódica, incidente linearmente à maioria dos contratos estaduais.
Consignou ainda que o diploma impugnado introduzira requisito genérico e inteiramente novo para habilitação em
qualquer licitação. Ao assim prover, a legislação estadual se dissociou dos termos gerais do ordenamento nacional
de licitações e contratos e se apropriou de competência que, pelo comando do art. 22, XXVII, da CF/1988, caberia
privativamente à União.
Os ministros Luiz Fux e Ricardo Lewandowski (presidente) acompanharam o relator. Porém, por reputarem violados os
princípios da proporcionalidade, razoabilidade, eficiência, economicidade e livre concorrência, julgaram procedente o
pedido para declarar, também, a inconstitucionalidade material da norma.
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Vencidos os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, que julgavam o pleito improcedente. O ministro Marco Aurélio
pontuava que o Estado-membro teria atuado com observância às normas gerais editadas pela União e a partir dos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. O ministro Celso de Mello enfatizava que o diploma legislativo em
comento teria sido editado de modo plenamente legítimo, no âmbito de sua própria competência normativa, e
responderia, também, no plano material, a exigência que a Constituição imporia a todos os entes da Federação, no
sentido de tornar viável e efetiva a proteção aos diretos básicos do consumidor. ADI 3.735/MS, rel. min. Teori
Zavascki, julgamento em 8-9-2016.
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RODADA 11
→ O DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL DO DÉBITO TRIBUTÁRIO E DOS RESPECTIVOS JUROS DE MORA, MESMO ANTES
DE QUALQUER PROCEDIMENTO DO FISCO TENDENTE À SUA EXIGÊNCIA, NÃO CONFIGURA DENÚNCIA ESPONTÂNEA
DIREITO TRIBUTÁRIO. DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL DOS TRIBUTOS DEVIDOS E DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
O depósito judicial integral do débito tributário e dos respectivos juros de mora, mesmo antes de qualquer procedimento
do Fisco tendente à sua exigência, não configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN). A doutrina entende que o
instituto previsto no art. 138 do CTN (denúncia espontânea) demanda três elementos para a sua configuração, quais
sejam: (a) a denúncia da infração; (b) o pagamento do tributo, se for o caso, e respectivos juros de mora; (c)
espontaneidade, definida pelo parágrafo único do referido dispositivo como a providência tomada antes do início de
qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. Além disso, convém apontar
que o instituto da denúncia espontânea é costumeiramente tratado pela doutrina com enfoque axiológico no
comportamento considerado moral e adequado do infrator adiantar-se de forma espontânea à Administração Tributária,
denunciar-se e, se for o caso, pagar o tributo devido. Ou seja, a conduta ética é traduzida em arrependimento e sinceridade
do contribuinte e traz a ele o benefício da exclusão da responsabilidade pela infração, em verdadeiro perdão concedido
pela Lei. Contudo, além do campo valorativo, ético e filosófico sobre o qual está alicerçada a denúncia espontânea, deve-
se analisar o aspecto econômico que também permeia o instituto em questão, ainda que de forma implícita. Segundo
entendimento doutrinário, a denúncia espontânea opera-se sob a ótica da relação custo-benefício para a Administração
Tributária, tendo em vista que a antecipação do pagamento do tributo pelo contribuinte, sem o prévio exame da
autoridade, somando-se à obrigação tributária acessória de entregar documento no qual é feita a declaração e a confissão
de débito, tendo por consequência a constituição do crédito tributário, substitui, nessa medida, o lançamento que deveria
ser realizado pela autoridade administrativa. O referido procedimento identifica-se como política tributária que diminui o
custo administrativo (custo da Administração Tributária) e impõe um novo custo de conformidade ao contribuinte,
aumentando seu custo total. Ademais, após a análise do julgamento do REsp 962.379-RS (DJe 28/10/2010), julgado
conforme o rito do art. 543-C do CPC, e do exame da Súmula n. 360 do STJ ("O benefício da denúncia espontânea não se
aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo"), a doutrina
aponta que o STJ somente admite a denúncia espontânea quando o Fisco é preservado dos custos administrativos de
lançamento. Dito de outra forma, não há denúncia espontânea quando o tributo sujeito a lançamento por homologação é
declarado pelo contribuinte e pago com atraso, uma vez que nessa hipótese já se parte do pressuposto de que não haverá
custo administrativo porque o tributo já se encontra em condições de cobrança, haja vista ter sido constituído pelo
contribuinte via declaração. Nessa linha intelectiva, quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação já
declarado pelo contribuinte e
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pago com atraso, não há vantagem para o Fisco em eliminar a multa, PORQUE O CUSTO ADMINISTRATIVO JÁ NÃO EXISTE
DE ANTEMÃO, UMA VEZ QUE SE VERIFICA A AUSÊNCIA DA RELAÇÃO DE TROCA ENTRE CUSTO DE CONFORMIDADE E
CUSTO ADMINISTRATIVO, DIFERENTEMENTE DO QUE OCORRE NA FALTA DE DECLARAÇÃO E CONFISSÃO DO TRIBUTO. Na
última hipótese, seria possível a denúncia espontânea, uma vez configurados os demais requisitos previstos no art. 138 do
CTN, pois a antecipação do contribuinte em denunciar-se e pagar o tributo devido e respectivos juros de mora na forma do
referido dispositivo pouparia a Administração Tributária dos custos administrativos de fiscalização, constituição e cobrança
dos créditos. Portanto, a referida relação de troca se evidencia na exclusão da multa pela denúncia espontânea em razão da
ausência de movimentação da máquina fiscalizatória da Administração Tributária. À toda evidência o depósito judicial
integral do tributo devido e dos respectivos juros de mora, a despeito de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do
art. 151, II, do CTN, não implicou relação de troca entre custo de conformidade e custo administrativo a atrair caracterização
da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, sobretudo porque, constituído o crédito pelo depósito, pressupõe-se a
inexistência de custo administrativo para o Fisco já eliminado de antemão. Dessa forma, a denúncia espontânea somente se
configura quando a Administração Tributária é preservada dos custos administrativos correspondentes à fiscalização,
constituição, administração, cobrança administrativa e cobrança judicial dos créditos tributários. Assim é a denúncia
espontânea: uma relação de troca entre o custo de conformidade (custo suportado pelo contribuinte para se adequar ao
comportamento exigido pelo Fisco) e o custo administrativo (custo no qual incorre a máquina estatal para as atividades
acima elencadas) balanceada pela regra prevista no art. 138 do CTN. No caso em análise, além de não haver relação de
troca entre custo de conformidade e custo administrativo a atrair caracterização da denúncia espontânea, na hipótese,
houve a criação de um novo custo administrativo para a Administração Tributária em razão da necessidade de ir a juízo para
discutir o crédito tributário cuja exigibilidade encontra-se suspensa pelo depósito, ao contrário do que ocorre, v.g., em casos
ordinários de constituição de crédito realizado pelo contribuinte pela entrega da declaração acompanhada do pagamento
integral do tributo. Por fim, observe-se que o atual entendimento de ambas as Turmas de Direito Público desta Corte (AgRg
nos EDcl no REsp 1.167.745-SC, Primeira Turma, DJe 24/5/2011- e AgRg no AREsp 13.884-RS, Segunda Turma, DJe 8/9/2011)
é no sentido de que apenas o pagamento integral do débito que segue à sua confissão é apto a dar ensejo à denúncia
espontânea. Precedente citado: REsp 1.340.174-PR, Segunda Turma, DJe 28/9/2015. EREsp 1.131.090-RJ, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 28/10/2015, DJe 10/2/2016.
EMENTA DO JULGADO
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ADMINISTRATIVO . EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. 1. Discute-se nos autos a ocorrência ou
não de denúncia espontânea em caso de depósito judicial dos valores do tributo devido antes da instauração de
procedimento fiscal pelo Fisco. O Embargante alega dissídio interpretativo com julgado proferido pela Segunda Turma desta
Corte nos autos do REsp nº 196.037/PE de relatoria do Min. Francisco Peçanha Martins, caso em que se reconheceu a
ocorrência de denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, na hipótese do depósito judicial do tributo e seus
consectários antes de procedimento de fiscalização realizado pelo Fisco. 2. O acórdão embargado entendeu que a ocorrência
da denúncia espontânea pressupõe a consolidação definitiva da relação jurídica tributária mediante confissão do
contribuinte e imediato pagamento de sua dívida fiscal, o que não ocorre por depósito judicial, pois, por meio dele subsiste a
controvérsia sobre a obrigação tributária, retirando, dessa forma, o efeito desejado pela norma de mitigar as discussões
administrativas ou judiciais a esse respeito. 3. Em recente julgado da Segunda Turma desta Corte, nos autos do REsp nº
1.340.174/PR, de minha relatoria, DJe 28.9.2015, foi negado provimento recurso especial onde se pretendia o
reconhecimento de denúncia espontânea em caso de depósito judicial dos valores do tributo e respectivos juros, ocasião em
que foi explicitado, nas razões de decidir, o precedente da Primeira Turma desta Corte nos autos do REsp nº 1.131.090/RJ,
DJe 19.9.2013, objeto dos presentes embargos de divergência. 4. O instituto da denúncia espontânea, mais que um
benefício direcionado ao contribuinte que dele se favorece ao ter excluída a responsabilidade pela multa, está
direcionado à Administração Tributária que deve ser preservada de incorrer nos custos administrativos relativos
à fiscalização, constituição, administração e cobrança do crédito. Para sua ocorrência deve haver uma relação de troca
entre o custo de conformidade (custo suportado pelo contribuinte para se adequar ao comportamento exigido pelo Fisco)
e o custo administrativo (custo no qual incorre a máquina estatal para as atividades acima elencadas) balanceado pela
regra prevista no art. 138 do CTN. 5. O depósito judicial integral do tributo devido e respectivos juros de mora, a despeito
de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do art. 151, II, do CTN, não implicou relação de troca entre custo de
conformidade e custo administrativo a atrair caracterização da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN,
sobretudo porque, constituído o crédito pelo depósito, nos termos da jurisprudência desta Corte (EREsp 464.343/DF, Rel.
Min. José Delgado, DJ de 29.10.2007; EREsp 898.992/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 27.8.2007; EREsp. n. 671.773-RJ,
Primeira Seção, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23.6.2010), pressupõe-se a inexistência de custo administrativo para o
Fisco já eliminado de antemão, a exemplo da entrega da declaração constitutiva de crédito tributário. 6. Por outro lado, além
de não haver relação de troca entre custo de conformidade e custo administrativo a atrair caracterização da denúncia
espontânea na hipótese, houve a criação de um novo custo administrativo para a Administração Tributária em razão da
necessidade de ir a juízo para discutir, nos autos do mandado de segurança impetrado pelo contribuinte, o crédito tributário
cuja exigibilidade se encontra suspensa pelo depósito, ao contrário do que ocorre, v. g., em casos ordinários de constituição
de crédito realizado pelo contribuinte pela entrega da declaração acompanhada do pagamento integral do tributo. 7.
Embargos de divergência conhecidos e não providos.
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→ O PROTESTO DAS CERTIDÕES DE DÍVIDA ATIVA CONSTITUI MECANISMO CONSTITUCIONAL E LEGÍTIMO POR NÃO
RESTRINGIR DE FORMA DESPROPORCIONAL QUAISQUER DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIDOS AOS
CONTRIBUINTES E, ASSIM, NÃO CONSTITUIR SANÇÃO POLÍTICA
NOTÍCIA DO STF
O ministro Barroso acrescentou na sessão de hoje que o protesto não impede o funcionamento de uma empresa e que a
possibilidade de a Fazenda Pública efetuar a cobrança judicial, não representa um impedimento à cobrança extrajudicial.
O relator destacou que a redução do número de cobranças judiciais deve fazer parte do esforço de desjudicialização das
execuções fiscais, pois, segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 40%
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das ações em tramitação no País são dessa categoria. Seu voto foi seguido nesta quarta-feira pelo ministro Celso de Mello
e pela presidente do Tribunal, ministra Cármen Lúcia.
PR/AD
Leia mais:
03/11/2016 – STF inicia julgamento de ADI que questiona protesto de certidão de dívida ativa
Processos relacionados
ADI 5135
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta
ajuizada contra o parágrafo único do art. 1º da Lei 9.492/1997, incluído pela Lei 12.767/2012 (“Parágrafo único.
Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as Certidões de Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas”).
O Tribunal afastou a alegação de inconstitucionalidade formal do dispositivo atacado. A requerente aduzia ter havido afronta
ao devido processo legislativo e à separação de poderes, em virtude de ter sido inserido por emenda na Medida Provisória
577/2012, que versava sobre questões totalmente diversas, relativas ao serviço público de energia elétrica.
Observou que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 5.127 (DJE de 27.9.2016), entendeu que a prática de
introduzir emendas sobre matérias estranhas às medidas provisórias, consolidada no Congresso Nacional, constitui
costume contrário à Constituição.
Entretanto, diante dos consideráveis efeitos adversos que adviriam da declaração de inconstitucionalidade de todas as
medidas provisórias já aprovadas, ou ainda em tramitação, com vício semelhante, e do fato de estar-se a afirmar um novo
entendimento sobre a matéria, a Corte atribuiu eficácia “ex nunc” à decisão. Ficaram, assim, preservadas, até a data daquele
julgamento, todas as leis oriundas de projetos de conversão de medidas provisórias com semelhante vício, já aprovadas ou
em tramitação no Congresso Nacional, incluindo o dispositivo impugnado na presente ação direta.
No que se refere às impugnações materiais, a tese central defendida é a de que o protesto da Certidão de Dívida Ativa
pelo fisco constitui “sanção política” – pois seria uma medida extrajudicial que restringe de forma desproporcional os
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direitos fundamentais dos contribuintes ao devido processo legal, à livre iniciativa e ao livre exercício profissional –
imposta, de forma indireta, para pressioná-los a quitar seus débitos tributários.
Ponderou que, de acordo com a jurisprudência desta Corte sobre o tema, é possível concluir não bastar que uma
medida coercitiva do recolhimento do crédito tributário restrinja direitos dos contribuintes devedores para que ela
seja considerada uma sanção política. Exige-se, além disso, que tais restrições sejam reprovadas no exame de
proporcionalidade e razoabilidade.
Afirmou que a utilização do instituto pela Fazenda Pública não viola o princípio do devido processo legal.
Rememorou que, no regime jurídico atual, a execução fiscal constitui o mecanismo próprio de cobrança judicial da
Dívida Ativa (Lei 6.830/1980, art. 38). No entanto, embora a Lei 6.830/1980 eleja o executivo fiscal como
instrumento típico para a cobrança da Dívida Ativa em sede judicial, ela não exclui a possibilidade de instituição e
manejo de mecanismos extrajudiciais de cobrança. Por sua vez, o protesto é justamente um instrumento
extrajudicial que pode ser empregado para a cobrança de certidões de dívida, com expressa previsão legal, nos
termos do parágrafo único do art. 1º da Lei 9.492/1997.
Segundo assentou, não há, assim, qualquer incompatibilidade entre ambos os instrumentos. Eles são até mesmo
complementares. Frustrada a cobrança pela via do protesto, o executivo fiscal poderá ser normalmente ajuizado
pelo fisco. E mais: em relação à cobrança de créditos de pequeno valor, o protesto será, muitas vezes, a única via
possível. Diversas Fazendas optaram por autorizar o não ajuizamento de execuções fiscais nos casos em que o custo
da cobrança judicial seja superior ao próprio valor do crédito. Mesmo na ausência de lei sobre o tema, alguns juízes e
tribunais locais passaram a extinguir execuções fiscais por falta de interesse processual na hipótese.
Além disso, o protesto não impede o devedor de acessar o Poder Judiciário para discutir a validade do crédito tributário ou
para sustar o protesto. Tampouco exclui a possibilidade de o protestado pleitear judicialmente uma indenização, caso o
protesto seja indevido. Inexiste, assim, qualquer mácula à inafastabilidade do controle judicial. Por esses motivos, não se
vislumbra fundamento constitucional ou legal que impeça o Poder Público de estabelecer, por via de lei, o protesto como
modalidade extrajudicial e alternativa de cobrança de créditos tributários. Portanto, o protesto de Certidões da Dívida
Ativa não importa em qualquer restrição ao devido processo legal.
Ademais, o protesto de Certidões de Dívida Ativa não representa um efetivo embaraço ao regular exercício das atividades
empresariais e ao cumprimento dos objetos sociais dos administrados. Sua principal finalidade é dar ao mercado
conhecimento a respeito da existência de débitos fiscais e permitir a sua cobrança extrajudicial. Desse modo, a medida
não impacta diretamente a vida da empresa. Diversamente dos casos julgados por esta Corte em que se concluiu pela
violação à livre iniciativa, o protesto não compromete a organização e a condução das atividades societárias – tal como
ocorre nas hipóteses de interdição de estabelecimento, apreensão de mercadorias, restrições à
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expedição de notas fiscais e limitações à obtenção de registros ou à prática de atos necessários ao seu funcionamento
– nem restringe, efetivamente, a livre iniciativa e a liberdade de exercício profissional. Quando muito, ele pode
promover uma pequena restrição a tais direitos pela restrição creditícia, que, justamente por ser eventual e
indireta, não atinge seus núcleos essenciais.
A última alegação da requerente é a de que o protesto de CDAs violaria o princípio da proporcionalidade, pois tal
instrumento constituiria meio inadequado para alcançar as finalidades do instituto, e desnecessário, uma vez que o
fisco teria meios especiais e menos gravosos para a satisfação do crédito tributário.
Em relação à adequação da medida, cabe verificar se o protesto de Certidões de Dívida Ativa é idôneo para atingir os
fins pretendidos, isto é, se as restrições impostas aos direitos fundamentais dos devedores são aptas a promover os
interesses contrapostos.
Com a edição da Lei 9.492/1997, registrou-se sensível ampliação do rol de títulos sujeitos a protesto, que passou a
incluir, além dos cambiais, “títulos e outros documentos de dívida”. Hoje, portanto, podem ser protestados quaisquer
títulos executivos, judiciais ou extrajudiciais, desde que dotados de liquidez, certeza e exigibilidade, nos termos do art.
783 do Código de Processo Civil de 2015.
A partir dessa alteração legislativa, o protesto passou também a desempenhar outras funções além da meramente
probatória. De um lado, ele representa instrumento para constituir o devedor em mora e comprovar o
descumprimento da obrigação. De outro, confere ampla publicidade ao inadimplemento e consiste em meio
alternativo e extrajudicial para a cobrança da dívida.
Portanto, a remessa da Certidão da Dívida Ativa a protesto é medida plenamente adequada às novas finalidades do
instituto. Ela confere maior publicidade ao descumprimento das obrigações tributárias e serve como importante
mecanismo extrajudicial de cobrança, contribuindo para estimular a adimplência, incrementar a arrecadação e
promover a justiça fiscal, impedindo que devedores contumazes possam extrair vantagens competitivas indevidas
da sonegação de tributos. Por evidente, a origem cambiária do instituto não pode representar um óbice à evolução
e à utilização do instituto em sua feição jurídica atual.
O protesto é, em regra, mecanismo que causa menor sacrifício ao contribuinte, se comparado aos demais
instrumentos de cobrança disponíveis, em especial a Execução Fiscal. Por meio dele, exclui-se o risco de penhora de
bens, rendas e faturamentos e de expropriação do patrimônio do devedor, assim como se dispensa o pagamento de
diversos valores, como custas, honorários sucumbenciais, registro da distribuição da execução fiscal e se possibilita
a redução do encargo legal.
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Assim, o protesto de Certidões de Dívida Ativa proporciona ganhos que compensam largamente as leves e eventuais
restrições aos direitos fundamentais dos devedores. Daí por que, além de adequada e necessária, a medida é também
proporcional em sentido estrito. Ademais, não configura uma “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva
indireta que restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos contribuintes, com o objetivo de
forçá-los a quitar seus débitos tributários. Tal instrumento de cobrança é, portanto, constitucional.
Por fim, em atenção aos princípios da impessoalidade e da isonomia, é recomendável a edição de regulamentação,
por ato infralegal que explicite os parâmetros utilizados para a distinção a ser feita entre os administrados e as
diversas situações de fato existentes.
A declaração de constitucionalidade do protesto de Certidões de Dívida Ativa pela Administração Tributária traz como
contrapartida o dever de utilizá-lo de forma responsável e consentânea com os ditames constitucionais. Assim, nas
hipóteses de má utilização do instrumento, permanecem os juízes de primeiro grau e os demais tribunais do País com
a prerrogativa de promoverem a revisão de eventuais atos de protesto que, à luz do caso concreto, estejam em
desacordo com a Constituição e com a legislação tributária, sem prejuízo do arbitramento de uma indenização
compatível com o dano sofrido pelo administrado.
Vencidos os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio, que julgavam procedente o pedido.
Pontuavam tratar-se de sanção política a afrontar a atividade econômica lícita, o devido processo legal e o direito de
ampla defesa do contribuinte. Ressaltavam que o protesto seria um ato unilateral da administração, sem qualquer
participação do contribuinte e teria como único objetivo constranger o devedor. Frisavam haver outros meios menos
onerosos para a cobrança dos débitos. Ademais, no momento que a CDA fosse submetida a um protesto, o
contribuinte sofreria cerceamento de crédito, o que restringiria suas atividades do dia a dia.
O ministro Marco Aurélio, além do aspecto material, reconhecia a inconstitucionalidade formal da norma em razão de
ofensa ao devido processo legislativo, pois a emenda que resultou no dispositivo atacado não tinha pertinência com a
matéria tratada na medida provisória. Além disso, não participou da fixação da tese. ADI 5135/DF, rel. Min. Roberto
Barroso, 3 e 9.11.2016. (ADI-5135)
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NOTÍCIA DO STF
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De início, o Colegiado assinalou que, ainda que a ação tenha sido ajuizada, originalmente, em face de medida
provisória, não cabe falar em prejudicialidade do pedido. Não há a convalidação de eventuais vícios existentes,
razão pela qual permanece a possibilidade do exercício do juízo de constitucionalidade. Na espécie, há continuidade
normativa entre o ato legislativo provisório e a lei que resulta de sua conversão.
No que diz respeito à análise dos requisitos de urgência e relevância da medida provisória, no caso, não cabe ao Poder
Judiciário examinar o atendimento desses requisitos. Trata-se de situação tipicamente financeira e tributária, na qual
deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público.
Afastada a hipótese de abuso, deve-se adotar orientação já consolidada pelo STF e, portanto, rejeitar a alegação de
inconstitucionalidade por afronta ao art. 62 da CF.
Ademais, a medida provisória atacada foi posteriormente convertida em lei, ou seja, recebeu a chancela do Poder
Legislativo, titular do poder legiferante por excelência. Assim, o reconhecimento da existência de
inconstitucionalidade formal poderia ser interpretado como ataque ao princípio da separação dos Poderes.
No mérito, a Corte explicou que a lei: a) cria a ação de depósito fiscal, com o escopo primordial de coagir, sob pena
de prisão, o devedor a depositar o valor referente à dívida na contestação, ou após a sentença, no prazo de 24
horas; b) chancela a possibilidade de submeter o devedor a sofrer processo judicial de depósito, sem que tenha
ocorrido a finalização do processo administrativo fiscal; e c) dispõe sobre a proibição de, em se tratando de coisas
fungíveis, seguir-se o disposto sobre o mútuo (CC/1916, art. 1280; CC/2002, art. 645), com a submissão do devedor
a regime mais gravoso de pagamento, em face dos postulados da proporcionalidade, do limite do direito de
propriedade e do devido processo legal.
Diante desse cenário, admitir que seja erigido à condição de “depositário infiel aquele que não entrega à Fazenda Pública o
valor referido neste artigo, no termo e forma fixados na legislação tributária ou previdenciária” (Lei 8.866/1994, art. 1º, § 2º)
para o fim de coagi-lo a pagar a dívida tributária ou previdenciária da União, dos Estados-Membros e do Distrito Federal, cria
situação mais onerosa do que a prevista no ordenamento jurídico até então vigente, consistente nas garantias
constitucionais e nas já previstas disposições do CTN (CF, art. 5º, LV; e CTN, arts. 142, 201 e 204).
À época da edição da Medida Provisória 427/1994, já existia a Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/1980) e a medida cautelar
fiscal (Lei 8.397/1992), as quais são instrumentos suficientes, adequados e proporcionais para a cobrança tributária.
Cumprindo o mandamento constitucional do devido processo legal, ambos os dispositivos estipulam ritos e privilégios
para a tutela da arrecadação ao erário e garantias ao contribuinte.
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Sem guardar qualquer correspondência com o postulado da proporcionalidade e seus subprincípios da necessidade,
adequação e proporcionalidade em sentido estrito, a lei em questão possibilita o ajuizamento de demanda que coage
ao depósito da quantia devida com ou sem apresentação de contestação, sob pena de decretação de revelia.
E mais: a legislação questionada admite o ajuizamento de demanda judicial apenas com base em “declaração feita
pela pessoa física ou jurídica, do valor descontado ou recebido de terceiro, constante em folha de pagamento ou em
qualquer outro documento fixado na legislação tributária ou previdenciária, e não recolhido aos cofres públicos” (Lei
8.866/1994, art. 2º, I), sem que ocorra a finalização do processo administrativo fiscal, o que fere postulados
constitucionais (CF, art. 5º, LIV e LV).
É corolário do princípio do devido processo legal que aos litigantes sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa,
com os meios e recursos a eles inerentes. O postulado também se aplica aos processos que contenham relação jurídico-
tributária, razão pela qual aquela medida vulnera a garantia do contribuinte ao devido processo legal.
Nesse sentido, determinar que a contestação seja apresentada com o depósito do numerário sob pena de revelia
equivale a exigir depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial, o que é manifestamente proibido
pela Suprema Corte, nos termos da Súmula Vinculante 28.
Ao contribuinte é facultado ajuizar ação de depósito em face do Fisco, a fim de obter certidão negativa de débito (ou
positiva com efeito de negativa). Porém, ele não pode ser coagido a assim proceder, sob pena de vulneração ao
princípio da proporcionalidade, do contraditório e da ampla defesa. De outro lado, não há nenhuma lesão ao
patrimônio público, haja vista os instrumentos processuais à disposição da Fazenda Pública.
Demonstrado, pois, que, se o incremento da arrecadação era o resultado almejado, o ordenamento jurídico já contém
modos e formas de chegar a resultado semelhante, quais sejam, ação de execução fiscal ou medida cautelar fiscal. Sob
esse aspecto, a lei em comento não guarda compatibilidade com a norma constitucional e ainda apresenta outras
incompatibilidades.
É cediço que há o dever fundamental de pagar tributos, entretanto os meios escolhidos pelo Poder Público devem
estar jungidos à necessidade da medida, à adequação e à proporcionalidade, em sentido estrito, de restringir os
meios de adimplemento em caso de cobrança judicial, as quais não estão presentes na apreciação da legislação ora
questionada.
O Estado brasileiro baseia-se em receitas tributárias. Um texto constitucional como o nosso, pródigo na concessão de
direitos sociais e na promessa de prestações estatais aos cidadãos, deve oferecer instrumentos suficientes para que possa
fazer frente às inevitáveis despesas que a efetivação dos direitos sociais requer. O tributo é esse instrumento. Considera-
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se, portanto, a existência de um dever fundamental de pagar impostos. No caso da Constituição, esse dever está
expresso no § 1º do art. 145.
Existe inegável conflito entre os cidadãos e os agentes privados no sentido de transferir para os demais concidadãos o
ônus tributário, furtando-se, tanto quanto possível, a tal encargo. Ao disciplinar de maneira isonômica, segundo a
capacidade econômica do contribuinte, a distribuição dos ônus tributários e ao operar por meio da fiscalização
tributária para conferir efetividade a esse objetivo, o Estado está verdadeiramente a prestar aos cidadãos a função de
árbitro de um conflito entre agentes privados.
Igualmente, o Colegiado observou a lei à luz do disposto no inciso LIV do art. 5º da Constituição. Constatou que o
instrumento de agir em juízo, lá estabelecido, restringe o cumprimento da obrigação pelo devedor tributário, quando
determina apenas o depósito da quantia em dinheiro, em claro desrespeito ao direito de propriedade. Isso ocorre
porque o diploma normativo em questão suprime, parcial ou totalmente, posições jurídicas individuais e concretas do
devedor vinculadas ao pagamento da dívida tributária, que repercutem em sua propriedade, ante a existência de rol
normativo-legal que já disciplina a matéria com completude. A restrição acaba conflitando com a existência da ação
de execução fiscal, na qual coincide tal possibilidade, aliada a outras.
A medida legislativa-processual criada não é adequada, tampouco necessária para obtenção de fins legítimos, por
restringir a propriedade do devedor e estabelecer uma única forma de pagamento: depósito da quantia devida em
dinheiro no prazo de 24 horas, situação flagrantemente inconstitucional.
A retirada das disposições relativas à prisão civil por dívidas acaba com o escopo da legislação em comento. Afinal,
não existe plausibilidade para manutenção da tutela jurisdicional díspar com o ordenamento jurídico, a qual cria
situação desproporcional e, portanto, inconstitucional para o fim de otimizar a arrecadação tributária.
Por fim, a possibilidade de manejo da ação de depósito fiscal está em franco desuso, ante a existência de outros meios
de que o Fisco se pode valer para cobrança de seus créditos, tal como execução fiscal ou medida cautelar fiscal, fato
que não afasta a inconstitucionalidade.
No entanto, para evitar insegurança jurídica ou qualquer prejuízo ao erário em relação aos prazos prescricionais, o
Tribunal definiu que as ações de depósito fiscal em curso deverão ser transformadas em ação de cobrança, de rito
ordinário, com oportunidade ao Poder Público para a sua adequação ou para requerer a sua extinção.
ADI 1055/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.12.2016. (ADI-1055)
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RODADA 12
→ APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DE DECISÃO QUE JULGA IMPROCEDENTE AÇÃO COLETIVA PROPOSTA EM
DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, INDEPENDENTEMENTE DO MOTIVO QUE TENHA
FUNDAMENTADO A REJEIÇÃO DO PEDIDO, NÃO É POSSÍVEL A PROPOSITURA DE NOVA DEMANDA COM O MESMO
OBJETO POR OUTRO LEGITIMADO COLETIVO, AINDA QUE EM OUTRO ESTADO DA FEDERAÇÃO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPROCEDÊNCIA DE DEMANDA COLETIVA PROPOSTA EM DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS
Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta em defesa de direitos individuais
homogêneos, independentemente do motivo que tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura
de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da federação.
Inicialmente, saliente-se que a leitura precipitada do disposto no inciso III do art. 103 do CDC poderia levar
à equivocada conclusão de que apenas a procedência da ação coletiva emanaria efeitos capazes de obstar a nova
propositura de demanda coletiva idêntica. Ocorre que a interpretação do referido inciso deve se dar com a observância do
disposto no § 2º, que é claro ao estabelecer que, mesmo diante de solução judicial pela improcedência do pedido coletivo
original, apenas os interessados que não tiverem intervindo na ação coletiva na condição de litisconsortes é que poderão
propor demanda análoga e, ainda assim, única e exclusivamente a título individual. Ciente disso, a simples leitura dos arts.
81, III, e 103, III, § 2°, do CDC evidencia que, para a aferição da exata extensão dos efeitos da sentença proferida em ação
coletiva que tenha por objeto direitos individuais homogêneos - diversamente do que ocorre em se tratando de direitos
difusos e coletivos -, é juridicamente irrelevante investigar se o provimento judicial de improcedência do pedido resultou
ou não de eventual insuficiência probatória. Isso porque a redação do inciso III do art. 103 do CDC não repete a ressalva
(incisos I e II do referido dispositivo) de que a sentença de improcedência por insuficiência de provas seria incapaz de fazer
coisa julgada. Dessa forma, para os direitos individuais homogêneos, o legislador adotou técnica distinta, ressalvando a
formação de coisa julgada somente em favor dos "interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes", de modo que somente esses poderão propor ação de indenização a título individual, independentemente
do resultado negativo - de improcedência por qualquer motivo - da demanda coletiva anteriormente proposta. REsp
1.302.596-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/12/2015,
DJe 1°/2/2016.
EMENTA DO JULGADO
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QUALIDADE DE VIDA E DO MEIO AMBIENTE PARA AS FUTURAS GERAÇÕES - QMF ADVOGADO : LUIZ RODRIGUES
WAMBIER E OUTRO(S) RECORRIDO : MERCK SHARP E DOHME FARMACÊUTICA LTDA E OUTRO ADVOGADOS : SÉRGIO
PINHEIRO MARÇAL E OUTRO(S) LÍVIA CALDAS BRITO E OUTRO(S) EMENTA RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.
PROCESSO COLETIVO. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. MEDICAMENTO "VIOXX". ALEGAÇÃO DE DEFEITO DO
PRODUTO. AÇÃO COLETIVA JULGADA IMPROCEDENTE. TRÂNSITO EM JULGADO. REPETIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 81, INCISO III, E 103, INCISO III E § 2º, DO CDC. RESGUARDO DO DIREITO INDIVIDUAL DOS
ATINGIDOS PELO EVENTO DANOSO. DOUTRINA. 1. Cinge-se a controvérsia a definir se, após o trânsito em julgado de
decisão que julga improcedente ação coletiva para a defesa de direitos individuais homogêneos, é possível a repetição
da demanda coletiva com o mesmo objeto por outro legitimado em diferente estado da federação. 2. A apuração da
extensão dos efeitos da sentença transitada em julgado proferida em ação coletiva para a defesa de direitos
individuais homogêneos passa pela interpretação conjugada dos artigos 81, inciso III, e 103, inciso III e § 2º, do
Código de Defesa do Consumidor. 3. Nas ações coletivas intentadas para a proteção de interesses ou direitos
individuais homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga omnes apenas no caso de procedência do pedido. No
caso de improcedência, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão
propor ação de indenização a título individual. 4. Não é possível a propositura de nova ação coletiva, mas são
resguardados os direitos individuais dos atingidos pelo evento danoso. 5. Em 2004, foi proposta, na 4ª Vara
Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, pela Associação Fluminense do Consumidor e Trabalhador - AFCONT,
ação coletiva com o mesmo objeto e contra as mesmas rés da ação que deu origem ao presente recurso especial. Com
o trânsito em julgado da sentença de improcedência ali proferida, ocorrido em 2009, não há espaço para prosseguir
demanda coletiva posterior ajuizada por outra associação com o mesmo desiderato. 6. Recurso especial não provido.
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INFORMATIVO DO STJ
PROCESSO REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 13/2/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO CIVIL
TEMA Ação de compensação por danos morais. Agressão verbal e física. Injustiça. Criança. Ônus da prova. Dano moral
in re ipsa.
DESTAQUE
A conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma criança ou adolescente, configura elemento
caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
O ponto nodal da discussão consiste em definir se as alegadas agressões físicas e verbais sofridas por criança resultam,
independentemente de comprovação, em danos morais passíveis de compensação. De início, cumpre salientar que o STJ
já decidiu que as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade,
assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF e 12,
caput, do CC/02. (REsp 1.037.759-RJ, 3ª Turma, DJe 5/3/2010). Da legislação aplicada à espécie, arts. 186 e 927 do CC/02,
extrai-se que aquele que violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito e deve
repará-lo. Na doutrina, a reparabilidade dos danos morais exsurge no plano jurídico a partir da simples violação (ex facto),
i.e., existente o evento danoso surge a necessidade de reparação, observados os pressupostos da responsabilidade civil
em geral. Uma consequência do afirmado acima seria a prescindibilidade da prova de dano em concreto à subjetividade
do indivíduo que pleiteia a indenização. De fato, em diversas circunstâncias, não é realizável a demonstração de prejuízo
moral, bastando a simples causação do ato violador e, nesse sentido, fala-se em damnun in re ipsa. Ao analisar a doutrina
e a jurisprudência, o que se percebe não é a operação de uma presunção iure et de iure propriamente dita na
configuração das situações de dano moral, mas a substituição da prova de prejuízo moral – em muitas situações, incabível
– pela sensibilidade ético-social do julgador. Nessa toada, à falta de padrões éticos e morais objetivos ou amplamente
aceitos em sociedade, deve o julgador adotar a sensibilidade ético-social do homem comum, nem muito reativa a
qualquer estímulo ou tampouco insensível ao sofrimento alheio. Em outra vertente, vale destacar que a Constituição
Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente introduziram na nossa cultura jurídica uma nova percepção, inspirada
pela concepção da criança e do adolescente como sujeitos de direitos e cuidados especiais. Nesse sentido, os arts. 227 da
CF/88 e 17 da Lei n. 8.069/90, asseguram a primazia do interesse das crianças e dos adolescentes, com a proteção integral
dos seus direitos. Sob outro viés, a sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite concluir que os
sentimentos de inferioridade, dor e submissão, sofridos por quem é agredido injustamente, verbal ou fisicamente, são
elementos caracterizadores da espécie do dano moral in re ipsa.
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Logo, a injustiça da conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma criança ou adolescente,
independe de prova e caracteriza atentado à dignidade dos menores.
EMENTA DO JULGADO
EMENTA CIVIL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE.
POSSIBILIDADE. AGRESSÃO VERBAL E FÍSICA. INJUSTIÇA. CRIANÇA. ÔNUS DA PROVA. DANO MORAL IN RE IPSA.
ALTERAÇÃO DO VALOR. IMPOSSIBILIDADE.
1. Ação de compensação por dano moral ajuizada em 01.04.2014. Agravo em Recurso especial atribuído ao gabinete
em 04.07.2016. Julgamento: CPC/2015.
2. Cinge-se a controvérsia a definir ocorrência de violação do art. 535 do CPC; e, se as alegadas agressões físicas e
verbais sofridas pela recorrida lhe geraram danos morais passíveis de compensação.
3. Admite-se, excepcionalmente, que os embargos de declaração, ordinariamente integrativos, tenham efeitos
infringentes desde que constatada a presença de um dos vícios do artigo 535 do CPC/73, cuja correção importe alterar
a conclusão do julgado. Precedente.
4. As crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, assegurada a
indenização pelo dano moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/02.
5. A sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite concluir que os sentimentos de inferioridade,
dor e submissão, sofridos por quem é agredido injustamente, verbal ou fisicamente, são elementos
caracterizadores da espécie do dano moral in re ipsa. 6. Sendo presumido o dano moral, desnecessário o embate
sobre a repartição do ônus probatório.
7. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais somente é possível, em recurso especial, nas
hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada.
8. Recurso especial parcialmente conhecido, e nessa parte, desprovido.
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DIREITO CIVIL. TERMO INICIAL DE JUROS MORATÓRIOS QUANDO FIXADA PENSÃO MENSAL A TÍTULO DE
RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL.
Na responsabilidade civil extracontratual, se houver a fixação de pensionamento mensal, os juros moratórios deverão ser
contabilizados a partir do vencimento de cada prestação, e não da data do evento danoso ou da citação.
Inicialmente, cumpre fazer uma distinção entre o caso aqui analisado e os casos os quais se aplica a Súmula n. 54 do STJ,
segundo a qual "Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual". Nos
precedentes que ensejaram a criação dessa súmula, houve exaustivo debate a respeito do termo inicial dos juros de mora
em casos de responsabilidade, contratual e extracontratual. De fato, firmou-se, nesse debate, a tese de que, em caso de
responsabilidade extracontratual, os juros moratórios deveriam começar a correr a partir do ato danoso (ou, como se
denominava à época, do delito civil), e não a partir da citação, como normalmente ocorre nas relações contratuais. Ocorre
que, da ratio decidendi refletida na aludida súmula, infere-se que a fixação do valor indenizatório (sobre o qual incidirá os
juros de mora, a partir do evento danoso) corresponde a uma única prestação pecuniária. É justamente neste aspecto
- do modus operandi da prestação pecuniária - que reside a distinção entre o caso aqui analisado e os casos aos quais se
aplica a referida Súmula n. 54 do STJ. No caso em análise, no qual há fixação de pensão mensal, embora se trate de relação
extracontratual, observa-se que a prestação não é de cunho singular (pagável uma única vez), sendo, na verdade, obrigação
de trato sucessivo. Dessa forma, os juros moratórios a serem acrescidos ao valor pago a título de pensão mensal não devem
ser contabilizados a partir do ato ilícito (por não ser uma quantia singular), tampouco da citação (por não ser ilíquida). Com
efeito, o art. 397, caput, do CC/2002 (art. 960 do CC/1916) - segundo o qual "O inadimplemento da obrigação, positiva e
líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor" -, adotando o adágio dies interpellat pro homine (o
termo interpela em lugar do credor), regula a mora ex re, na qual o mero advento do tempo, sem o cumprimento da
obrigação positiva e líquida, constitui o devedor automaticamente em mora, haja vista que, sendo o devedor sabedor da
data em que deve ser adimplida a obrigação líquida, descabe advertência complementar por parte do credor. Dessa maneira,
havendo obrigação líquida e exigível a determinado termo (desde que não seja daquelas em que a própria lei afasta a
constituição de mora automática), o inadimplemento ocorrerá no vencimento. Conforme entendimento doutrinário, o art.
397, caput, do CC/2002 - art. 960 do CC/1916 - "refere-se à mora pelo não cumprimento de obrigação 'positiva e líquida', 'no
seu termo'. A primeira expressão quer significar o débito exato, perfeitamente conhecido, 'líquido e certo', como prefere a
doutrina. Por outro lado, o termo, a que se refere dito dispositivo legal, é o final, o dies ad quem, o vencimento. Realmente,
pois, se a dívida, mesmo exata, não estiver vencida, não é suscetível de ser exigida pelo credor, ressalvadas as exceções
contidas na lei (...) Isso quer dizer que nosso Código preferiu estabelecer, como regra geral, a mora ex re (em razão do fato
ou da coisa), ou seja, dado o vencimento da obrigação, automaticamente
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se torna exigível o crédito". Portanto, no caso aqui analisado, os juros moratórios a serem acrescidos ao valor pago a título
de pensão mensal devem ser, em relação às prestações vencidas, contabilizados a partir do vencimento de cada prestação.
Além do mais, quanto às parcelas vincendas, não há razão para a contabilização de juros moratórios. Isso se deve ao fato de
que tais parcelas carecem de um dos requisitos fundamentais para que haja a cobrança pelo credor, que
é a exigibilidade da obrigação. No caso da pensão, por ser de trato mensal, ela somente passa a ser exigida a partir
do seu vencimento, fator que, por óbvio, não foi alcançado pelas parcelas vincendas. Dessa forma, se não há como
exigir uma prestação, por ela não ter se constituído, tampouco há falar em mora, pois ainda não há inadimplência
do devedor. Aliás, se assim não fosse, o devedor estaria sendo rotulado como inadimplente antes mesmo de se
constituir a obrigação. Em outras palavras, sem o perfazimento da dívida, não há como imputar ao devedor o
estigma de inadimplente e o indébito da mora, notadamente se este for pontual no seu pagamento. REsp
1.270.983-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/3/2016, DJe 5/4/2016.
EMENTA DO JULGADO
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3. Enuncia a Súmula 54 do STJ: "Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual. " 4. Da ratio decidendi refletida na Súmula 54, infere-se que a fixação do
valor indenizatório - sobre o qual incidirá os juros de mora, a partir do evento danoso - corresponde a uma única
prestação pecuniária.
5. No tocante ao pensionamento fixado pelo Tribunal de origem, por ser uma prestação de trato sucessivo, os juros
moratórios não devem iniciar a partir do ato ilícito - por não ser uma quantia singular -, tampouco da citação - por não ser
ilíquida -, mas devem ser contabilizados a partir do vencimento de cada prestação, que ocorre mensalmente.
6. Quanto às parcelas vincendas, não há razões para mantê-las na relação estabelecida com os juros de mora. Sem o
perfazimento da dívida, não há como imputar ao devedor o estigma de inadimplente, tampouco o indébito da mora,
notadamente se este for pontual no seu pagamento. 7. Recurso especial parcialmente provido para determinar o
vencimento mensal da pensão como termo inicial dos juros de mora, excluindo, nesse caso, as parcelas vincendas
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PARTE 02
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RODADA 01
EMENTA DO JULGADO
1. A teoria da perda de uma chance tem sido admitida no ordenamento jurídico brasileiro como sendo uma das
modalidades possíveis de mensuração do dano em sede de responsabilidade civil. Esta modalidade de reparação do dano
tem como fundamento a probabilidade e uma certeza, que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultaria
em prejuízo. Precedente do STJ. 2. Essencialmente, esta construção teórica implica num novo critério de mensuração do
dano causado. Isso porque o objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter um ganho como
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provável, sendo que "há que se fazer a distinção entre o resultado perdido e a possibilidade de consegui-lo. A
chance de vitória terá sempre valor menor que a vitória futura, o que refletirá no montante da indenização. 3. Esta
teoria tem sido admitida não só no âmbito das relações privadas stricto sensu, mas também em sede de
responsabilidade civil do Estado. Isso porque, embora haja delineamentos específicos no que tange à interpretação
do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, é certo que o ente público também está obrigado à reparação quando, por
sua conduta ou omissão, provoca a perda de uma chance do cidadão de gozar de determinado benefício. 4. No caso
em tela, conforme excerto retirado do acórdão, o Tribunal a quo entendeu pela aplicação deste fundamento sob o
argumento de que a parte ora recorrente perdeu a chance de continuarem exercendo um cargo público tendo em
vista a interpretação equivocada por parte da Administração Pública quanto à impossibilidade de acumulação de
ambos. 5. Ocorre que o dano sofrido pela parte ora recorrente de ordem material não advém da perda de uma
chance. Isso porque, no caso dos autos, os recorrentes já exerciam ambos os cargos de profissionais de saúde de
forma regular, sendo este um evento certo sobre o qual não resta dúvidas. Não se trata de perda de uma chance de
exercício de ambos os cargos públicos porque isso já ocorria, sendo que o ato ilícito imputado ao ente estatal
implicou efetivamente em prejuízo de ordem certa e determinada. A questão assim deve continuar sendo analisada
sob a perspectiva da responsabilidade objetiva do Estado, devendo portanto ser redimensionado o dano causado,
e, por conseguinte, a extensão da sua reparação. 6. Assim, afastado o fundamento adotado pelo Tribunal a quo para
servir de base à conclusão alcançada, e, considerando que a mensuração da extensão do dano é matéria que
demanda eminentemente a análise do conjunto fático e probatório constante, devem os autos retornarem ao
Tribunal de Justiça a quo a fim de que possa ser arbitrado o valor da indenização nos termos do art. 944 do Código
Civil. 7. Recurso especial parcialmente conhecido, e, nesta extensão, provido.
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→ O EDITAL DA LICITAÇÃO PODERÁ EXIGIR QUE A EMPRESA A SER CONTRATADA TENHA, EM SEU ACERVO TÉCNICO, UM
PROFISSIONAL QUE JÁ TENHA CONDUZIDO SERVIÇO DE ENGENHARIA SIMILAR ÀQUELE PREVISTO PARA LICITAÇÃO
É lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu acervo técnico, com um
profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar àquele em licitação, já tenha atuado em serviço
similar. Esse entendimento está em consonância com a doutrina especializada que distingue a qualidade técnica
profissional da qualidade técnica operacional e com a jurisprudência do STJ, cuja Segunda Turma firmou o
entendimento de que não fere a igualdade entre os licitantes, tampouco a ampla competitividade entre eles, o
condicionamento editalício referente à experiência prévia dos concorrentes no âmbito do objeto licitado, a pretexto
de demonstração de qualificação técnica, nos termos do art. 30, inc. II, da Lei n. 8.666/93 (REsp 1.257.886-PE, julgado
em 3/11/2011). Além disso, outros dispositivos do mesmo art. 30 permitem essa inferência. Dessa forma, o § 3º do
art. 30 da Lei 8.666/1993 estatui que existe a possibilidade de que a comprovação de qualificação técnica se dê por
meio de serviços similares, com complexidade técnica e operacional idêntica ou superior. Ainda, o § 10 do art. 30 da
mesma lei frisa ser a indicação dos profissionais técnicos responsáveis pelos serviços de engenharia uma garantia
da administração. RMS 39.883-MT, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/12/2013.
EMENTA DO JULGADO
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NOTÍCIA DO STF
Voto-vista
Na ocasião, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, que na sessão desta quinta-feira
(9) apresentou seu voto no sentido de acompanhar integralmente o relator. Para ele, no caso, não houve nenhum
tipo de abuso por parte da lei gaúcha. “É que, como visto, a preferência pelo software livre não traduz qualquer
vantagem para determinado produto. Na realidade, por software livre quer se designar apenas um arranjo
contratual específico de licenciamento e não certo bem material ou imaterial”, observou.
Segundo o ministro, a preferência legal para aquisição de softwares livres pela Administração não configura usurpação de
competência legislativa exclusiva da União. Ele ressaltou que existe competência legislativa suplementar dos estados-
membros para dispor sobre licitações e contratos administrativos, “a despeito de a temática não constar expressamente
no rol de competências legislativas concorrentes previstas no artigo 24, da Constituição Federal”.
Ao analisar o argumento do DEM de que a lei questionada afrontaria o princípio da separação de poderes, bem como o
devido processo legislativo por vício de iniciativa, o ministro afirmou que não houve qualquer excesso do legislador
estadual. Ele lembrou que o artigo 61, parágrafo 1º, da Constituição Federal, não estabelece nenhuma regra no sentido
de que licitações e contratos administrativos devam partir de um ato do Poder Executivo. “Assim, essa matéria é
plenamente suscetível de regramento por lei oriunda de projeto iniciado por qualquer dos membros do Poder
Legislativo”, avaliou o ministro.
EC/FB
Processos relacionados
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ADI 3059
INFORMATIVO 780 DO STF
computador. Lembrou que a Lei 11.871/2002 criara regras de preferência para a aquisição de “softwares” livres por
parte da Administração Pública direta, indireta, autárquica e fundacional daquela entidade federativa, assim como os
órgãos autônomos e empresas sob o controle do Poder Público estadual. A preferência, no entanto, fora apenas
relativa porque a própria Lei 11.871/2002, em seu artigo 3º, admitira a contratação de programas de computador
com restrições proprietárias, nas seguintes hipóteses específicas: a) quando o “software” analisado atender a
contento o objetivo licitado ou contratado; e b) quando a utilização de programa livre e/ou código fonte aberto
causar incompatibilidade operacional com outros programas utilizados pela Administração. O Tribunal asseverou
que a norma questionada não afrontaria o art. 61, II, b, da CF, na medida em que versa tema de licitação no âmbito
da Administração Pública estadual, e não de matéria orçamentária, menos ainda de organização administrativa.
Ademais, a iniciativa legislativa prevista no aludido dispositivo constitucional teria sido reservada ao Presidente da
República apenas por se tratar de matéria adstrita aos Territórios.
ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 9.4.2015. (ADI-3059)
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caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas”). Assim, a norma questionada também
não teria afrontado o devido processo legislativo por vício de iniciativa e o princípio da separação de Poderes.
Segundo o Tribunal, em nenhum momento a regra legal teria excluído do universo de possíveis contratantes pelo
Poder Público qualquer sujeito. O que a lei do Estado do Rio Grande do Sul fizera fora reconhecer que o contrato de
licenciamento a ser celebrado pelo Poder Público deveria ter conteúdo amplo, a viabilizar não apenas a utilização
do “software”, mas também sua modificação e distribuição. Não haveria, na hipótese, qualquer restrição à
competitividade. Ainda, não haveria afronta aos princípios da eficiência e da economicidade (CF, artigos 37, “caput”
e 70, “caput) porque, ao optar por um “software” livre, a Administração Pública teria garantido sua: a) liberdade de
execução, por poder executar o programa para qualquer propósito; b) liberdade de conhecimento, por poder
estudar o funcionamento do programa e adaptá-lo livremente às suas necessidades; e c) liberdade de
compartilhamento, porque uma única cópia do programa poderia ser utilizada por todos os funcionários de um
mesmo órgão público ou por qualquer outro ente, fosse ele pessoa física ou jurídica, sem custos adicionais. Nesse
cenário, existiriam razões suficientes para que o legislador, em nome do postulado constitucional da eficiência,
determinasse que os contratos de licenciamento de “softwares” livres fossem preferencialmente adotados pela
Administração Pública, em detrimento dos contratos de licenciamento proprietário.
ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 9.4.2015. (ADI-3059)
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de computador poderá participar do certame, independentemente do seu produto, bastando que esteja disposto a
celebrar licenciamento amplo desejado pela Administração. 5. Os postulados constitucionais da eficiência e da
economicidade (CRFB, arts. 37, caput e 70, caput) justificam a iniciativa do legislador estadual em estabelecer a
preferência em favor de softwares livres a serem adquiridos pela Administração Pública. 6. Pedido de declaração de
inconstitucionalidade julgado improcedente.
(ADI 3059, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
09/04/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-085 DIVULG 07-05-2015 PUBLIC 08-05-2015)
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RODADA 02
→ NO CASO EM QUE A GARANTIA À EXECUÇÃO FISCAL TENHA SIDO TOTALMENTE DISPENSADA DE FORMA EXPRESSA
PELO JUÍZO COMPETENTE INEXISTINDO, AINDA QUE PARCIALMENTE, A PRESTAÇÃO DE QUALQUER GARANTIA (PENHORA,
FIANÇA, DEPÓSITO, SEGURO-GARANTIA), O PRAZO PARA OFERECER EMBARGOS À EXECUÇÃO DEVERÁ TER INÍCIO NA
DATA DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO QUE DISPENSOU A APRESENTAÇÃO DE GARANTIA, NÃO HAVENDO A NECESSIDADE, NA
INTIMAÇÃO DESSA DISPENSA, DE SE INFORMAR EXPRESSAMENTE O PRAZO PARA EMBARGAR
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL DO PRAZO PARA O OFERECIMENTO DE EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL QUANDO AFASTADA A NECESSIDADE DE GARANTIA PRÉVIA.
No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma expressa pelo juízo competente
inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia (penhora, fiança, depósito, seguro-garantia) , o
prazo para oferecer embargos à execução deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação
de garantia, não havendo a necessidade, na intimação dessa dispensa, de se informar expressamente o prazo para
embargar. De fato, o STJ já reconheceu, em sede de recurso representativo da controvérsia (REsp 1.127.815-SP, Primeira
Seção, DJe 14/12/2010), que a insuficiência patrimonial do devedor inequívoca e devidamente comprovada
é justificativa plausível à apreciação dos embargos à execução sem que o executado proceda ao reforço da penhora. A toda
evidência, pelas mesmas razões, essa compreensão abrange os casos em que a dispensa de apresentação de garantia é total.
Acerca de situações nas quais houve garantia apresentada (penhora, fiança, depósito, seguro-garantia), ainda que parcial, a
jurisprudência do STJ tem determinado qual seria o respectivo termo inicial do prazo para o oferecimento de embargos do
devedor: intimação do depósito, da penhora, da aceitação do seguro-garantia etc. Nesse contexto, nota-se que a regra
subjacente a todos estes casos é a de que o prazo para o oferecimento de embargos do devedor tem início na data da
intimação do ato que caracteriza a informação aos atores processuais da existência da garantia nascimento da aptidão para
embargar, pois não se embarga o ato constritivo, mas a execução , tendo em vista o disposto no caput do art. 16 da Lei
6.830/1980. Do mesmo modo, nos casos em que a dispensa de apresentação de garantia é total, o prazo para oferecer
embargos à execução fiscal deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia, já
que é este o ato que caracteriza a informação aos atores processuais da desnecessidade da garantia e a aptidão para
embargar. Trata-se, portanto, de aplicação por analogia do disposto no mesmo art. 16 da Lei 6.830/1980. Ademais, não faz
qualquer sentido a aplicação analógica do art. 738, do CPC segundo o qual: Os embargos serão oferecidos no prazo de 15
(quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação, posto que, na data da juntada aos autos do
mandado de citação do feito executivo, o executado não tem conhecimento de que foi dispensada a garantia e de que já
está apto a embargar. Além disso, não há necessidade, na intimação da dispensa de garantia, de se informar expressamente
o prazo para embargar. Até porque não se pode olvidar que a garantia do juízo é dispensada justamente com o propósito de
permitir ao executado oferecer embargos à
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execução. Desse modo, seria de todo incompreensível se, intimado da desnecessidade dessa garantia, não houvesse
prazo a ser cumprido para embargar, criando uma condição perene à efetividade do feito executivo e contrariando a
segurança jurídica. REsp 1.440.639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/6/2015, DJe 10/6/2015.
EMENTA DO JULGADO
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→ A GARANTIA DO JUÍZO NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO FISCAL DEVE ABRANGER HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUE,
EMBORA NÃO CONSTEM DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA, VENHAM A SER ARBITRADOS JUDICIALMENTE
A garantia do juízo no âmbito da execução fiscal (arts. 8º e 9º da Lei 6.830/1980) deve abranger honorários advocatícios
que, embora não constem da Certidão de Dívida Ativa (CDA), venham a ser arbitrados judicialmente. Em relação aos
honorários advocatícios, é preciso distinguir duas situações: há hipóteses em que a verba é expressamente incluída entre
os encargos a serem lançados na CDA (por exemplo, Decreto-Lei 1.025/1969, que se refere à dívida ativa da União); e há
situação em que os honorários advocatícios são arbitrados judicialmente (seja a título provisório, por ocasião do
recebimento da petição inicial, seja com o trânsito em julgado da sentença proferida nos embargos do devedor). Na
primeira hipótese, em que os honorários advocatícios estão abrangidos entre os encargos da CDA, não há dúvida de que a
garantia judicial deve abrangê-los, pois, conforme já decidido pelo STJ (REsp 687.862-RJ, Primeira Turma, DJ 5/9/2005), a
segurança do juízo está vinculada aos valores descritos na CDA, a saber: principal, juros e multa de mora e demais
encargos constantes da CDA. Na segunda hipótese, em que os honorários são arbitrados judicialmente, deve-se atentar
que a legislação processual é aplicável subsidiariamente à execução fiscal, conforme art. 1º da Lei 6.830/1980. Posto isso,
o art. 659 do CPC, seja em sua redação original, de 1973, seja com a alteração promovida pela Lei 11.382/2006, sempre
determinou que a penhora de bens seja feita de modo a incluir o principal, os juros, as custas e os honorários
advocatícios. Assim, por força da aplicação subsidiária do CPC e por exigência da interpretação sistemática e histórica das
leis, tendo sempre em mente que a Lei 6.830/1980 foi editada com o propósito de tornar o processo judicial de
recuperação dos créditos públicos mais célere e eficiente que a execução comum do CPC, tudo aponta para a
razoabilidade da exigência de que a garantia inclua os honorários advocatícios, estejam eles lançados ou não na CDA. REsp
1.409.688-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 11/2/2014.
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da CDA. 3. Nas hipóteses em que o encargo legal envolve os honorários advocatícios (e.g., Decreto-Lei 1.025/1969) não
haveria dúvida. No caso concreto, porém, a Execução Fiscal foi ajuizada originalmente pelo INSS, circunstância em que os
honorários não constam da CDA, dependendo do arbitramento judicial. 4. O Código de Processo Civil é aplicável
subsidiariamente à Lei 6.830/1980 (conforme reconhecido em seu art. 1º). 5. Mediante interpretação sistemática e
histórica, aliada ao propósito de assegurar maior agilidade na tramitação das Execuções Fiscais, é legítimo concluir que o
disposto no art. 659 do CPC (segundo o qual a penhora deve compreender o principal atualizado, os juros, as custas e os
honorários advocatícios), deve ser aplicado no âmbito das Execuções processadas no rito da LEF, de modo que a garantia
judicial nelas prestada deve abranger os honorários advocatícios. 6. Recurso Especial provido.
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Em sede de execução fiscal, é necessário que o mandado de intimação da penhora contenha expressa menção do
prazo legal para o oferecimento de embargos à execução. Isso porque a intimação é feita na pessoa do devedor,
razão pela qual o mandado deve registrar, expressamente, o prazo de defesa, de modo que o executado possa
dimensionar o espaço temporal de que dispõe para constituir advogado com vista à defesa técnica que os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa lhe asseguram. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.085.967-RJ,
Segunda Turma, DJe 23/4/2009; e AgRg no REsp 1.063.263-RS, Primeira Turma, DJe 6/8/2009. EREsp 1.269.069-CE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/4/2014.
EMENTA DO JULGADO
(AgRg no REsp 1.085.967/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 23/4/9). Demais precedentes: AgRg no AgRg
no REsp 1.254.413/CE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 10/5/2013, REsp 1.269.075/CE, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/9/2011, RMS 32.925/SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira
Turma, DJe 19/9/2011, AgRg no REsp 1.063.263/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 6/8/2009, EREsp 191.627/SC,
Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, DJ 05/5/2003, p. 211, AgRg no REsp 1269071/CE, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 19/06/2012; AgRg no Ag 793.455/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ
08/11/2007, p. 169; EDcl no REsp 606.958/PB, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, DJ 02/08/2004, p. 329; REsp
903.979/BA, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 17/11/2008; EDcl nos EDcl no AgRg no REsp
448.134/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 29/06/2006, p. 171; e REsp 445.550/DF, Rel. Ministro João
Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ 01/08/2006, p. 400) 3. Com efeito, é exatamente porque a
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intimação é feita na pessoa do empresário que o mandado deve registrar, expressamente, o prazo de defesa, de
modo que o cidadão comum possa dimensionar o espaço temporal de que dispõe para constituir advogado com
vistas à defesa técnica que lhe asseguram os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa 4.
Embargos de Divergência providos.
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RODADA 03
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA CONTRA PESSOA JURÍDICA FALIDA. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
A constatação posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executada tivera sua falência
decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extinção do processo sem resolução de mérito. Por
um lado, a sentença que decreta a falência apenas estabelece o início da fase do juízo concursal, ao fim do qual,
então, ocorrerá a extinção da personalidade jurídica. Não há, portanto, dois ou mais entes com personalidade jurídica
a concorrerem à legitimidade passiva da execução, mas uma pessoa jurídica em estado falimentar. A massa falida,
como se sabe, não detém personalidade jurídica, mas apenas personalidade judiciária, isto é, atributo que permite a
participação nos processos instaurados pela pessoa jurídica ou contra ela no Poder Judiciário. Trata-se de
universalidade que sucede, em todos os direitos e obrigações, a pessoa jurídica. Assim, deve-se dar oportunidade de
retificação da denominação do executado o que não implica alteração do sujeito passivo da relação processual , sendo
plenamente aplicável a regra do art. 284 do CPC: “Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias”. Esse entendimento também se extrai
do disposto no art. 51 do CC: "nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua". Por outro lado, à luz do disposto no
art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980 (Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser
emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos), além da correção da
petição inicial, é igualmente necessária a retificação da CDA. Outrossim, a extinção do processo sem resolução de
mérito violaria os princípios da celeridade e da economia processual. Por fim, trata-se de correção de "erro material
ou formal", e não de "modificação do sujeito passivo da execução", não se caracterizando afronta à Súmula 392 do
STJ: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos,
quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”.
Precedentes citados: REsp 1.192.210-RJ, Segunda Turma, DJe 4/2/2011; REsp 1.359.041-SE, Segunda Turma, DJe
28/6/2013; e EDcl no REsp 1.359.259-SE, Segunda Turma, DJe 7/5/2013. REsp 1.372.243-SE, Rel. originário Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 11/12/2013.
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EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.372.243 - SE (2013/0069928-0) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO OG FERNANDES RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA
FAZENDA NACIONAL RECORRIDO : ELETROJULIO COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA - MASSA FALIDA REPR. POR : JOSÉ
ODONI DE CAMPOS - ADMINISTRADOR ADVOGADO : HANSLEY RODRIGUES DOS SANTOS EMENTA TRIBUTÁRIO E
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. RESOLUÇÃO N. 8/2008 DO
STJ. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA CONTRA PESSOA JURÍDICA EMPRESARIAL. FALÊNCIA DECRETADA ANTES DA PROPOSITURA
DA AÇÃO EXECUTIVA. CORREÇÃO DO POLO PASSIVO DA DEMANDA E DA CDA. POSSIBILIDADE, A TEOR DO DISPOSTO NOS
ARTS. 284 DO CPC E 2º, § 8º, DA LEI N. 6.830/80. HOMENAGEM AOS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DA ORIENTAÇÃO FIXADA PELA SÚMULA 392 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Na forma
dos precedentes deste Superior Tribunal de Justiça, "a mera decretação da quebra não implica extinção da personalidade
jurídica do estabelecimento empresarial. Ademais, a massa falida tem exclusivamente personalidade judiciária,
sucedendo a empresa em todos os seus direitos e obrigações. Em consequência, o ajuizamento contra a pessoa jurídica,
nessas condições, constitui mera irregularidade, sanável nos termos do art. 284 do CPC e do art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980"
(REsp 1.192.210/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 4/2/2011). 2. De fato, por meio da ação falimentar,
instaura-se processo judicial de concurso de credores, no qual será realizado o ativo e liquidado o passivo, para, após,
confirmados os requisitos estabelecidos pela legislação, promover-se a dissolução da pessoa jurídica, com a extinção da
respectiva personalidade. A massa falida, como se sabe, não detém personalidade jurídica, mas personalidade judiciária –
isto é, atributo que permite a participação nos processos instaurados pela empresa, ou contra ela, no Poder Judiciário. Nesse
sentido: REsp 1.359.041/SE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 18/6/2013, DJe 28/6/2013; e EDcl no
REsp 1.359.259/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 2/5/2013, DJe 7/5/2013. 3. Desse
modo, afigura-se equivocada a compreensão segundo a qual a retificação da identificação do polo processual – com o
propósito de fazer constar a informação de que a parte executada se encontra em estado falimentar – implicaria
modificação ou substituição do polo passivo da obrigação fiscal. 4. Por outro lado, atentaria contra os princípios da
celeridade e da economia processual a imediata extinção do feito, sem que se facultasse, previamente, à Fazenda Pública
oportunidade para que procedesse às retificações necessárias na petição inicial e na CDA. 5. Nesse sentido, é de se
promover a correção da petição inicial, e, igualmente, da CDA, o que se encontra autorizado, a teor do disposto,
respectivamente, nos arts. 284 do CPC e 2º, § 8º, da Lei n. 6.830/80. 6. Por fim, cumpre pontuar que o entendimento ora
consolidado por esta Primeira Seção não viola a orientação fixada pela Súmula 392 do Superior Tribunal Justiça, mas tão
somente insere o equívoco ora debatido na extensão do que se pode compreender por "erro material ou formal", e não
como "modificação do sujeito passivo da execução", expressões essas empregadas pelo referido precedente sumular. 7.
Recurso especial provido para, afastada, no caso concreto, a tese de ilegitimidade passiva ad causam , determinar o retorno
dos autos ao Juízo de origem, a fim de que, facultada à exequente a oportunidade para emendar a inicial, com base no
disposto no art. 284 do CPC, dê
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prosseguimento ao feito como entender de direito. Acórdão submetido ao regime estatuído pelo art. 543-C do CPC e
Resolução STJ 8/2008.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL DE DÍVIDA ATIVA NÃO-
TRIBUTÁRIA CONTRA REPRESENTANTE LEGAL DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA EXECUTADA. RECURSO REPETITIVO (ART.
543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento de execução fiscal de dívida
ativa não-tributária contra o sócio-gerente da pessoa jurídica executada, independentemente da existência de dolo. Na
esteira do entendimento firmado na Súmula 435 do STJ, a qual foi concebida no âmbito de execução fiscal de dívida
tributária, a dissolução irregular da sociedade empresária é causa suficiente para o redirecionamento da execução fiscal
contra o sócio-gerente. Isso porque o sócio-gerente tem o dever de manter atualizados os registros empresariais e
comerciais, em especial quanto à localização da sociedade empresária e a sua dissolução. Caso não proceda assim,
ocorrerá presunção de ilícito, uma vez que a ilicitude se dá justamente pela inobservância do rito próprio para a
dissolução da sociedade empresarial, nos termos das Leis 8.934/1994 e 11.101/2005 e dos arts. 1.033 a 1.038 e 1.102 a
1.112 do CC. Desse modo, é obrigação dos gestores das sociedades empresárias manter atualizados os respectivos cadastros,
incluindo os atos relativos à mudança de endereço dos estabelecimentos e, especialmente, os referentes à dissolução da
sociedade. Nessa linha intelectiva, não se pode conceber que a dissolução irregular da sociedade seja considerada “infração
à lei” para efeito do art. 135 do CTN e assim não seja para efeito do art. 10 do Decreto 3.078/1919. Aliás, cabe registrar que
o art. 135, III, do CTN traz similar comando ao do art. 10 do referido Decreto, sendo que a única diferença entre eles é que,
enquanto o CTN enfatiza a exceção - a responsabilização dos sócios em situações excepcionais -, o Decreto enfatiza a regra -
a ausência de responsabilização dos sócios em situações regulares. Ademais, ambos trazem a previsão de que os atos
praticados em nome da sociedade com excesso de poder (mandato), em violação a lei, contrato ou estatutos sociais ensejam
a responsabilização dos sócios perante terceiros (redirecionamento) e a própria sociedade da qual fazem parte, não havendo
em nenhum dos casos a exigência de dolo. Precedentes citados: REsp 697.108-MG, Primeira Turma, DJe 13/5/2009; e AgRg
no AREsp 8.509-SC, Segunda Turma, DJe 4/10/2011.REsp 1.371.128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
10/9/2014.
EMENTA DO JULGADO
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ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
DE PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. ART. 10, DO DECRETO N. 3.078⁄19 E ART. 158, DA LEI N. 6.404⁄78 - LSA C⁄C ART.
4º, V, DA LEI N. 6.830⁄80 - LEF.
1. A mera afirmação da Defensoria Pública da União - DPU de atuar em vários processos que tratam do mesmo tema
versado no recurso representativo da controvérsia a ser julgado não é suficiente para caracterizar-lhe a condição de
amicus curiae. Precedente: REsp. 1.333.977⁄MT, Segunda Seção, Rel. Min. Isabel Gallotti, julgado em 26.02.2014.
2. Consoante a Súmula n. 435⁄STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para
o sócio-gerente.
3. É obrigação dos gestores das empresas manter atualizados os respectivos cadastros, incluindo os atos relativos à
mudança de endereço dos estabelecimentos e, especialmente, referentes à dissolução da sociedade. A regularidade
desses registros é exigida para que se demonstre que a sociedade dissolveu-se de forma regular, em obediência aos
ritos e formalidades previstas nos arts. 1.033 à 1.038 e arts. 1.102 a 1.112, todos do Código Civil de 2002 - onde é
prevista a liquidação da sociedade com o pagamento dos credores em sua ordem de preferência - ou na forma da
Lei n. 11.101⁄2005, no caso de falência. A desobediência a tais ritos caracteriza infração à lei.
4. NÃO HÁ COMO COMPREENDER QUE O MESMO FATO JURÍDICO "DISSOLUÇÃO IRREGULAR" SEJA CONSIDERADO
ILÍCITO SUFICIENTE AO REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO E NÃO O SEJA PARA A
EXECUÇÃO FISCAL DE DÉBITO NÃO-TRIBUTÁRIO. "Ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio". O suporte dado pelo
art. 135, III, do CTN, no âmbito tributário é dado pelo art. 10, do Decreto n. 3.078⁄19 e art. 158, da Lei n. 6.404⁄78 -
LSA no âmbito não-tributário, não havendo, em nenhum dos casos, a exigência de dolo.
5. Precedentes: REsp. n. 697108 ⁄ MG, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 28.04.2009; REsp.
n. 657935 ⁄ RS , Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 12.09.2006; AgRg no AREsp 8.509⁄SC, Rel.
Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 4.10.2011; REsp 1272021 ⁄ RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 07.02.2012; REsp 1259066⁄SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe
28⁄06⁄2012; REsp.n. º 1.348.449 - RS, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11.04.2013; AgRg no
AG nº 668.190 - SP, Terceira Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13.09.2011; REsp. n.º 586.222 -
SP, Quarta Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23.11.2010; REsp 140564 ⁄ SP, Quarta Turma, Rel. Min.
Barros Monteiro, julgado em 21.10.2004.
6. Caso em que, conforme o certificado pelo oficial de justiça, a pessoa jurídica executada está desativada desde 2004,
não restando bens a serem penhorados. Ou seja, além do encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica,
não houve a reserva de bens suficientes para o pagamento dos credores.
7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08⁄2008.
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NOTÍCIA DO STF
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“A diferença de classes, o atendimento por médico privado e a dispensa da triagem prévia ao internamento não se
enquadram nessas exceções. Permiti-los seria aceitar a instituição de privilégios odiosos desprovidos de respaldo
constitucional. Esforços no sentido da promoção da universalidade e da igualdade do sistema de acesso são bem-
vindos. Esforços em sentido oposto, como os que aqui se pretende implementar pelo recorrente, são intoleráveis à
luz da Constituição da República”, argumentou.
O RE 581488 tem repercussão geral e a decisão vale para todos os processos semelhantes sobrestados em outras
instâncias. A tese firmada foi a de que: “É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em
acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS ou por médico
conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes”. Caso
Em ação civil pública contra o município de Canelas (RS), gestor municipal do SUS, o CREMERS argumenta que o paciente
tem direito líquido e certo de optar por outras acomodações, desde que pague pela diferença respectiva, uma vez que
essa conduta não representa quebra da isonomia nem acarreta prejuízos ao sistema de saúde ou aos demais usuários.
Sustenta, também, que o médico tem o direito de receber essa diferença paga, nos termos em que previamente
acordado.
AGU
Em manifestação, a Advocacia-Geral da União argumentou que a pretensão do CREMERS "afronta o princípio da isonomia
de tratamento aos pacientes do SUS, atentando contra a prestação de um serviço universal e igualitário de assistência à
saúde, permitindo àqueles que dispõem de melhores condições financeiras que paguem 'por fora' para ter um
tratamento privilegiado em relação aos demais".
PGR
O parecer da Procuradoria Geral da República destaca que o SUS é regido, dentre outros, pelos princípios da
universalidade e da equidade. Observa que o Poder Público tem por missão adotar políticas que reafirmem essas
diretrizes, guiando os seus esforços no sentido de ampliar cada vez mais o atendimento público à população, não
podendo adotar diretrizes que esvaziem o sentido da universalidade da cobertura do SUS, ou restrinjam o seu acesso.
- Leia a íntegra do voto do relator, ministro Dias
Toffoli. PR/FB
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RE 581488
DIREITOS RESERVADOS. É VEDADA, POR QUAISQUER MEIOS E QUALQUR TÍTULO, A SUA REPRODUÇÃO, CÓPIA, DIVULGAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO – FASE DISCURSIVA
JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, a internação em acomodações
superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado,
mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes. Essa a conclusão do Plenário, que desproveu
recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de internação pelo SUS com a faculdade de melhoria do tipo
de acomodação recebida pelo usuário mediante o pagamento de diferença entre os valores correspondentes. O
Colegiado explicou que o SUS, conforme instituído pela Lei 8.080/1990, prevê dois eixos de ação: estabelece a
prestação de serviços públicos de saúde e uma gama de atividades denominadas de ações de saúde, conforme o
art. 200 da CF. É regido pelos princípios da: a) universalidade, como garantia de atenção à saúde por parte do
sistema a todo e qualquer cidadão, por meio de serviços integrados por todos os entes da federação; b) equidade, a
assegurar que serviços de todos os níveis sejam prestados, de acordo com a complexidade que o caso venha a
exigir, de forma isonômica, nas situações similares; e c) integralidade, reconhecendo-se cada indivíduo como um
todo indivisível e integrante de uma comunidade. Embora os serviços de saúde devam obedecer a esses princípios,
estão limitados pelos elementos técnico-científicos, e pela capacidade econômica do Estado. Nesse contexto,
possibilitar assistência diferenciada a pessoas numa mesma situação, dentro de um mesmo sistema, vulnera a
isonomia e a dignidade humana. Admitir que um paciente internado pelo SUS tenha acesso a melhores condições de
internação ou a médico de sua confiança mediante pagamento subverte a lógica do sistema e ignora suas premissas.
Além disso, a Constituição não veda o atendimento personalizado de saúde, e admite o sistema privado. Os
atendimentos realizados pela rede pública, todavia, não devem se submeter à lógica do lucro, por não ser essa a
finalidade do sistema. Ainda que os supostos custos extras corressem por conta do interessado, a questão econômica
ocupa papel secundário dentre os objetivos impostos ao ente estatal. A implementação de um sistema de saúde
equânime é missão do Estado, que deve buscar a igualdade sempre que chamado a atuar. O Tribunal assinalou que a
diferença de classes dentro do sistema também não leva a maior disponibilidade de vagas na enfermaria, porque há
um limite de admissão de pessoas para cada estabelecimento, e todo paciente, mesmo em acomodações superiores,
é contabilizado dentro do mesmo sistema público. Sublinhou precedentes do STF relacionados ao tema, em que
garantido, em casos excepcionais, o tratamento diferenciado, a despeito da proibição de pagamento a título de
complementação aos hospitais, por internação de pacientes em quartos particulares. Ocorre que os julgados dizem
respeito a casos individuais, baseados na situação clínica de pacientes específicos, e grande parte deles se dera na
fase de implementação do SUS. No presente caso, entretanto, se objetiva implementar a diferença de classe de
modo amplo e irrestrito. Assim, embora se reconheça que o SUS ainda carece de recursos e de aprimoramento para
se consagrar como um sistema que atenda às suas finalidades constitucionais e legais, deve haver esforços no
sentido da promoção da igualdade de acesso, e não em sentido oposto, em clara ofensa à Constituição.
RE 581488/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 3.12.2015. (RE-581488)
EMENTA DO JULGADO
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EMENTA Direito Constitucional e Administrativo. Ação civil pública. Acesso de paciente à internação pelo sistema
único de saúde (SUS) com a possibilidade de melhoria do tipo de acomodação recebida e de atendimento por médico
de sua confiança mediante o pagamento da diferença entre os valores correspondentes. Inconstitucionalidade.
Validade de portaria que exige triagem prévia para a internação pelo sistema público de saúde. Alcance da norma do
art. 196 da Constituição Federal. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 1. É constitucional a regra que
veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento
diferenciado por médico do próprio Sistema Único de Saúde (SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento da
diferença dos valores correspondentes. 2. O procedimento da “diferença de classes”, tal qual o atendimento
médico diferenciado, quando praticados no âmbito da rede pública, não apenas subverte a lógica que rege o
sistema de seguridade social brasileiro, como também afronta o acesso equânime e universal às ações e serviços
para promoção, proteção e recuperação da saúde, violando, ainda, os princípios da igualdade e da dignidade da
pessoa humana. Inteligência dos arts. 1º, inciso III; 5º, inciso I; e 196 da Constituição Federal. 3. Não fere o direito à
saúde, tampouco a autonomia profissional do médico, o normativo que veda, no âmbito do SUS, a assistência
diferenciada mediante pagamento ou que impõe a necessidade de triagem dos pacientes em postos de saúde
previamente à internação. 4. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
(RE 581488, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-065 DIVULG 07-04-2016 PUBLIC 08-04-2016)
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RODADA 04
→É INCONSTITUCIONAL A LEI ESTADUAL QUE PREVÊ O FORNECIMENTO GRATUITO DE ÁGUA POTÁVEL À POPULAÇÃO,
POR MEIO DE CAMINÃO-PIPA, TODAS AS VEZES QUE HAJA A INTERRUPÇÃO DO SEU FORNECIMENTO NORMAL
NOTÍCIA DO STF
pelo seu indeferimento, juntamente com os ministros Marco Aurélio, Ilmar Galvão (aposentado), Néri da Silveira
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(aposentado) e Sepúlveda Pertence (aposentado). Mas posteriormente chegou à conclusão de que a lei era
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JULGADOS IMPORTANTES
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disciplinar o fornecimento de água para todos os municípios catarinenses. Mencionou ser notório que poucos
municípios teriam condições de atender, por si sós, à função pública de saneamento básico. Dessa forma, esta
extrapolaria o interesse local e passaria a ter natureza de interesse comum, apta a ser tratada não só pela legislação
municipal. Pontuou que, embora a lei impugnada tivesse o intuito de proteger o usuário do serviço, adentraria a
competência dos municípios, em patente inconstitucionalidade formal. O Min. Celso de Mello enfatizou que,
conquanto tivesse indeferido a medida cautelar, posteriormente, após maior reflexão, adotara, em questão análoga,
posição que lhe pareceria mais compatível com o sistema de repartição material de competências legislativas em
âmbito do Estado Federal. Por conseguinte, julgou procedente o pleito, a despeito do extremo valor da água como
bem comum, que deveria ser acessível a todos. Vencido o Min. Marco Aurélio, que julgava improcedente o pedido.
Registrava que o fornecimento de água alcançaria vários municípios e, por ser a Casan sociedade de economia mista
na qual o Estado detém a maioria das ações, a competência se irradiaria e, em consequência, seria cabível lei estadual
para regular o assunto. ADI 2340/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.3.2013. (ADI-2340)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ESTADO DE SANTA CATARINA. DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL. LEI
ESTADUAL QUE OBRIGA O SEU FORNECIMENTO POR MEIO DE CAMINHÕES-PIPA, POR EMPRESA CONCESSIONÁRIA DA QUAL
O ESTADO DETÉM O CONTROLE ACIONÁRIO. DIPLOMA LEGAL QUE TAMBÉM ESTABELECE ISENÇÃO TARIFÁRIA EM FAVOR DO
USUÁRIO DOS SERVIÇOS. INADMISSIBILIDADE. INVASÃO DA ESFERA DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS, PELO ESTADO-
MEMBRO. INTERFERÊNCIA NAS RELAÇÕES ENTRE O PODER CONCEDENTE E A EMPRESA CONCESSIONÁRIA. INVIABILIDADE
DA ALTERAÇÃO, POR LEI ESTADUAL, DAS CONDIÇÕES PREVISTAS NO CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
LOCAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. I - Os Estados-membros não podem interferir na esfera das relações jurídico-
contratuais estabelecidas entre o poder concedente local e a empresa concessionária, ainda que esta esteja sob o controle
acionário daquele. II - Impossibilidade de alteração, por lei estadual, das condições que se acham formalmente
estipuladas em contrato de concessão de distribuição de água. III - Ofensa aos arts. 30, I, e 175, parágrafo único, da
Constituição Federal. IV - Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
(ADI 2340, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 06/03/2013, DJe-087 DIVULG 09-05-
2013 PUBLIC 10-05-2013)
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→ NORMA DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL QUE IMPÕE OBRIGAÇÕES RELACIONADAS COM SERVIDORES MUNICIPAIS
É INCONSTITUCIONAL, POR VIOLAÇÃO À AUTONOMIA MUNICIPAL
EMENTA DO JULGADO
Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Artigo 28, § 5º, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte. 3. Fixação
de data para o pagamento dos vencimentos dos servidores públicos estaduais e municipais, da administração direta,
indireta, autárquica, fundacional, de empresa pública e de sociedade de economia mista, corrigindo-se
monetariamente os seus valores se pagos em atraso. 4. Violação dos artigos 34, VII, c, e 22, I, da Constituição Federal.
5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para confirmar a medida liminar e declarar
inconstitucionais as expressões “municipais” e “de empresa pública e de sociedade de economia mista”, constantes
do § 5º, art. 28, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte.
(ADI 144, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 19/02/2014, DJe-066 DIVULG 02-04-2014
PUBLIC 03-04-2014 EMENT VOL-02724-01 PP-00001)
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RODADA 05
→ O EXCESSO DE PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO GERA, POR SI SÓ,
QUALQUER NULIDADE NO FEITO, DESDE QUE NÃO HAJA PREJUÍZO PARA O ACUSADO
EMENTA DO JULGADO
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processo administrativo se sua duração se reverter em evidenciado prejuízo, ao sabor do brocardo "pas de nulité
sans grief". Precedentes: MS 16.815/DF, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, Primeira Seção, DJe 18.4.2012; e MS 15.810/DF,
Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe 30.3.2012. 5. Ademais, no caso em tela, nota-se que, próximo ao fim
do prazo, os recorrentes demandaram a oitiva de mais testemunhas de defesa (apenso 14: fls. 46-49, e-STJ), o que fez
com que a autoridade viesse a deferir pedido de dilação temporal, e fica evidente que a dilação ocorreu para ampliar
o direito de defesa dos recorrentes. 6. O relatório final da comissão consubstancia que os recorrentes incorreram em
delitos administrativos que, nos termos do diploma legal aplicável, Lei Estadual n. 6.425/1972, enseja a aplicação da
pena demissional. Não há evidência de desproporção ou de violação da razoabilidade na punição, tão somente a
incidência da norma legal cabível. Recurso ordinário improvido.
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NOTÍCIA DO STF
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O relator argumentou que as regras restritivas em editais de certames, sejam elas eliminatórias ou de barreira, desde
que fundadas em critérios objetivos relacionados ao desempenho dos candidatos, concretizam o princípio da
igualdade e da impessoalidade no âmbito dos concursos públicos. “A jurisprudência do Tribunal tem diversos
precedentes em que o tratamento desigual entre candidatos de concurso estava plenamente justificado e, em vez de
quebrar, igualava o tratamento entre eles”, afirmou.
Ao analisar o caso concreto, o relator destacou que o critério que proporcionou a desigualdade entre os candidatos do
concurso foi o do mérito, pois a diferenciação se deu à medida que os melhores se destacaram por suas notas a cada fase
do concurso. “A cláusula de barreira elege critério diferenciador de candidatos em perfeita consonância com os interesses
protegidos pela Constituição”, apontou.
Modulação
Os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux seguiram o voto do relator quanto ao mérito do recurso, mas ficaram
vencidos quanto à proposta de modulação dos efeitos da decisão para manter no cargo o recorrido, que há oito anos se
encontra no exercício da função por meio decisão judicial.
PR/AD
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RE 635739
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registrara que esse corte premeditado de classificados violaria o princípio da isonomia, porque todos os que tivessem obtido
notas mínimas nas fases anteriores seriam tratados indevidamente de forma diferenciada, uns aptos a participar da fase
subsequente, outros não. No ponto, o Pleno consignou que nem todas as distinções implicariam quebra de isonomia,
postulado que demandaria tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais. Sublinhou jurisprudência no sentido de estar
justificado o tratamento desigual entre candidatos de concursos públicos, a concretizar esse princípio.
RE 635739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (RE-635739)
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assinalou que a situação precária estaria fundada no descumprimento da regra do edital, que submeteria todos os
candidatos, indistintamente. Vencidos os Ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que modulavam os efeitos da decisão
para, embora endossar a tese jurídica firmada pelo Tribunal, não decretar a exoneração do recorrido. Assinalavam que
ele já se encontraria no exercício do cargo há mais de oito anos, por decisão judicial. Acresciam que ele teria sido
investido dentro do número de vagas previstas no edital. Destacavam, ainda, os princípios da segurança jurídica e da
confiança. RE 635739/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. (RE-635739)
EMENTA DO JULGADO
Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. 2. Concurso Público. Edital. Cláusulas de Barreira. Alegação de violação aos arts.
5º, caput, e 37, inciso I, da Constituição Federal. 3. Regras restritivas em editais de concurso público, quando fundadas em
critérios objetivos relacionados ao desempenho meritório do candidato, não ferem o princípio da isonomia.
4. As cláusulas de barreira em concurso público, para seleção dos candidatos mais bem classificados, têm amparo
constitucional. 5. Recurso extraordinário provido.
(RE 635739, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 19/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-193 DIVULG 02-10-2014 PUBLIC 03-10-2014)
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RODADA 06
→ O CANDIDATO TEM DIREITO A SER COMUNICADO PESSOALMENTE SOBRE SUA NOMEAÇÃO NO CASO EM QUE O
EDITAL DO CONCURSO ESTABELEÇA EXPRESSAMENTE O SEU DEVER DE MANTER ATUALIZADOS ENDEREÇO E
TELEFONE, NÃO SENDO SUFICIENTE A SUA CONVOCAÇÃO APENAS POR MEIO DE DIÁRIO OFICIAL SE, TENDO SIDO
APROVADO EM POSIÇÃO CONSIDERAVELMENTE FORA DO NÚMERO DE VAGAS, DECORRER CURTO ESPAÇO DE
TEMPO ENTRE A HOMOLOGAÇÃO FINAL DO CERTAME E A PUBLICAÇÃO DA NOMEAÇÃO
EMENTA DO JULGADO
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do Estado. É responsabilidade exclusiva do candidato manter atualizado o referido endereço". 2. Pela leitura do referido
trecho do edital, verifica-se que há a previsão expressa de que o candidato deve manter atualizado o seu telefone e
endereço, o que demonstra, ainda que implicitamente, o intuito da Administração entrar em contato direto com o candidato
aprovado no momento de sua nomeação. 3. A candidata, ora recorrida, foi aprovada (92ª posição) fora do número de vagas
previstas no edital (10 vagas), não havendo como prever se teria a real condição de ser nomeada e convocada para a posse,
muito mais na primeira convocação. 4. Caracteriza violação ao princípio da razoabilidade e da publicidade a convocação
para posse no cargo público, mediante a publicação do chamamento apenas em Diário Oficial, quando o candidato
aprovado consideravelmente fora do número de vagas for nomeado em curto espaço de tempo entre a homologação final
do certame (2.7.2010) e a publicação da nomeação (7.10.2010), uma vez que foram previstas poucas vagas e não seria
possível construir uma expectativa evidente de nomeação em prazo tão curto.
Precedente proferido em caso análogo: AgRg no RMS 35494/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/03/2012, DJe 26/03/2012. 5. Há o direito líquido e certo da candidata ser convocada, devendo tomar posse
após o preenchimento de todos os requisitos previstos no edital do certame. 6. Agravo regimental não provido.
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→ A CONVOCAÇÃO DE CANDIDATO PARA A FASE POSTERIOR DE CONCURSO PÚBLICO NÃO PODE SER REALIZADA
APENAS PELO DIÁRIO OFICIAL NA HIPÓTESE EM QUE TODAS AS COMUNICAÇÕES ANTERIORES TENHAM OCORRIDO
CONFORME PREVISÃO EDITALÍCIA DE DIVULGAÇÃO DAS FASES DO CONCURSO TAMBÉM PELA INTERNET
EMENTA DO JULGADO
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RODADA 07
→ OS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO NÃO TÊM DIREITO À PROVA DE SEGUNDA CHAMADA NOS TESTES DE
APTIDÃO FÍSICA EM RAZÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS, AINDA QUE DE CARÁTER FISIOLÓGICO OU DE FORÇA
MAIOR, SALVO CONTRÁRIA DISPOSIÇÃO EDITALÍCIA
NOTÍCIA DO STF
De acordo com os argumentos apresentados pelo relator em seu voto, não há direito líquido e certo dos candidatos
em realizar teste de aptidão física em segunda chamada, salvo se essa previsão constar do edital do concurso público.
Conforme defendeu o ministro Gilmar Mendes, não é razoável a movimentação de toda a máquina estatal para
privilegiar determinados candidatos que se encontravam impossibilitados de realizar algumas das etapas do certame
por motivos exclusivamente individuais e particulares, ainda que relevantes.
“A meu ver, não é razoável que a Administração fique à mercê de situações adversas para colocar fim ao certame,
deixando o concurso em aberto por prazo indeterminado”, afirmou, ao destacar que, com sucessivas remarcações, o
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concurso não se encerraria na data prevista, uma vez que não seria possível fechar a lista dos aprovados. “Se cada
caso for isoladamente considerado, conferindo-se tratamento diferenciado a cada candidato que apresentar doença,
a conclusão do processo seletivo poderia restar inviabilizada ou seriamente comprometida”. Decisão
O voto do relator foi seguido por unanimidade na parte que se refere ao desprovimento do recurso, sendo que o
ministro Marco Aurélio adotou fundamentação diferente. Quanto à repercussão geral do tema, ficou vencido o
ministro Marco Aurélio, pois ele entendeu que o interesse do recorrente [FUB] data de novembro de 2003, antes,
portanto, do advento da Emenda Constitucional 45/2004, que introduziu no cenário jurídico constitucional a
repercussão geral. “Entendo que não podemos emprestar a este julgamento as consequências próprias da
admissibilidade da repercussão geral, a repercutir ou a irradiar-se a ponto de ficarem os tribunais do país autorizados
a declarar prejuízo de outros recursos”, afirmou.
Ao respaldar os argumentos trazidos pelo relator, o ministro Ricardo Lewandowski apresentou dados segundo os
quais o último concurso realizado para selecionar agentes e papiloscopistas da Polícia Federal registrou 107.799
concorrentes para o primeiro cargo e 11.279 para o segundo.
“Se no primeiro caso, 1% dos candidatos apresentassem uma escusa em termos de saúde, isso representaria mil
candidatos que teriam que ter o seu exame remarcado”, destacou Lewandowski. Ele questionou como ficaria esse quadro
diante dos princípios que regem a Administração Pública, como o princípio da economicidade, da eficiência, da
impessoalidade, da legalidade, dentre outros.
CM/AD
Processos relacionados
RE 630733
REPERCUSSÃO GERAL
Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física - 1
Os candidatos em concurso público não têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de
circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo contrária disposição editalícia.
Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário. No caso, o recorrido não se
submetera ao teste de aptidão física na data designada pelo edital do concurso, pois se encontraria temporariamente
incapacitado em virtude de doença — epicondilite gotosa no cotovelo esquerdo — comprovada por atestado médico. O
tribunal de origem, com fundamento no princípio da isonomia, afastara norma, também prevista em edital, que
regulamentaria aplicação de prova de capacidade física em processo seletivo instituído pela Academia Nacional de Polícia
[“os casos de alterações orgânicas (estados menstruais, indisposições, cãibras, contusões, etc.) que impossibilitem o
candidato de submeter-se aos testes ou diminuam sua capacidade física e/ou orgânica não serão aceitos para fins de
tratamento diferenciado por parte da Administração”]. Primeiramente, rememorou-se precedentes no
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JULGADOS IMPORTANTES
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sentido de que a remarcação de teste de aptidão física para data diversa daquela prevista em edital de certame, em
virtude da ocorrência de caso fortuito que comprometesse a saúde de candidato, devidamente comprovado por
atestado médico, não afrontaria o princípio da isonomia (RE 179500/RS, DJU de 15.10.99; AI 825545 AgR/PE, DJe
6.5.2011 e RE 584444/DF, DJe de 26.3.2010).
RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733)
Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física - 2 Ressaltou-se que a discussão não se restringiria à
eventual violação do princípio da isonomia pela mera remarcação de teste de aptidão física. Afirmou-se que, embora
esta Corte tivesse considerado legítima a possibilidade de se remarcar teste físico em razão de casos fortuitos, a
existência de previsão editalícia que prescrevesse que alterações corriqueiras de saúde não seriam aptas a ensejar a
remarcação de teste físico não ofenderia o princípio da isonomia. Esse princípio implicaria tratamento desigual
àqueles que se encontrassem em situação de desigualdade. Deste modo, aplicável em hipótese na qual verificado de
forma clara que a atuação estatal tivesse beneficiado determinado indivíduo em detrimento de outro nas mesmas
condições. Asseverou-se, portanto, que, em essência, o princípio da isonomia não possibilitaria, de plano, a realização
de segunda chamada em etapa de concurso público decorrente de situações individuais e pessoais de cada candidato,
especialmente, quando o edital estabelecesse tratamento isonômico a todos os candidatos que, em presumida
posição de igualdade dentro da mesma relação jurídica, seriam tratados de forma igualitária.
Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física - 3 Aduziu-se que o concurso público permitiria não
apenas a escolha dos candidatos mais bem qualificados, mas também que o processo de seleção fosse realizado com
transparência, impessoalidade, igualdade e com o menor custo para os cofres públicos. Dessa maneira, não seria
razoável a movimentação de toda a máquina estatal para privilegiar determinados candidatos que se encontrassem
impossibilitados de realizar alguma das etapas do certame por motivos exclusivamente individuais. Consignou-se que,
ao se permitir a remarcação do teste de aptidão física nessas circunstâncias, possibilitar-se-ia o adiamento, sem
limites, de qualquer etapa do certame, pois o candidato talvez não se encontrasse em plenas condições para
realização da prova, o que causaria tumulto e dispêndio desnecessário para a Administração. Aludiu-se que não seria
razoável que a Administração ficasse à mercê de situações adversas para colocar fim ao certame, de modo a deixar os
concursos em aberto por prazo indeterminado.
RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733)
Concurso público e segunda chamada em teste de aptidão física - 4 Assinalou-se que, na espécie, entretanto, o
recorrido realizara a prova de aptidão física de segunda chamada em razão de liminar concedida pelo Poder Judiciário,
em 2002, confirmada por sentença e por acórdão de tribunal regional, tendo sido empossado há quase dez anos.
Sublinhou-se que, em casos como este, em que se alteraria jurisprudência
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longamente adotada, seria sensato considerar a necessidade de se modular os efeitos da decisão com base em razões
de segurança jurídica. Essa seria a praxe nesta Corte para as hipóteses de modificação sensível de jurisprudência.
Destacou-se que não se trataria de declaração de inconstitucionalidade em controle abstrato, a qual poderia suscitar a
modulação dos efeitos da decisão mediante a aplicação do art. 27 da Lei 9.868/99. Tratar-se-ia de substancial
mudança de jurisprudência, decorrente de nova interpretação do texto constitucional, a impor ao STF, tendo em vista
razões de segurança jurídica, a tarefa de proceder a ponderação das consequências e o devido ajuste do resultado,
para adotar a técnica de decisão que pudesse melhor traduzir a mutação constitucional operada. Registrou-se que a
situação em apreço não diria respeito a referendo à teoria do fato consumado, tal como pedido pelo recorrido, mas
de garantir a segurança jurídica também nos casos de sensível mudança jurisprudencial. Por fim, conquanto o recurso
tivesse sido interposto antes da sistemática da repercussão geral, atribuiu-se-lhe os efeitos dela decorrentes e
assegurou-se a validade das provas de segunda chamada ocorridas até a data de conclusão do presente julgamento.
RE 630733/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2013. (RE-630733)
EMENTA DO JULGADO
Recurso extraordinário. 2. Remarcação de teste de aptidão física em concurso público em razão de problema
temporário de saúde. 3. Vedação expressa em edital. Constitucionalidade. 4. Violação ao princípio da isonomia. Não
ocorrência. Postulado do qual não decorre, de plano, a possibilidade de realização de segunda chamada em etapa de
concurso público em virtude de situações pessoais do candidato. Cláusula editalícia que confere eficácia ao princípio
da isonomia à luz dos postulados da impessoalidade e da supremacia do interesse público. 5. Inexistência de direito
constitucional à remarcação de provas em razão de circunstâncias pessoais dos candidatos. 6. Segurança jurídica.
Validade das provas de segunda chamada realizadas até a data da conclusão do julgamento. 7. Recurso extraordinário
a que se nega provimento. (RE 630733, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 15/05/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-228 DIVULG 19-11-2013 PUBLIC 20-11-2013)
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PELAS RESOLUÇÕES CNJ Nº 75/09 E 81/09. ERRO MATERIAL NA FÓRMULA MATEMÁTICA CONSAGRADA PELA RESOLUÇÃO Nº
81/09 DO CNJ. NULIDADE DO ATO DE ELIMINAÇÃO DO IMPETRANTE NO 7º CONCURSO PARA OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE
NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ORDEM CONCEDIDA. 1. As provas de títulos em concursos públicos para
provimento de cargos efetivos no seio da Administração Pública brasileira, qualquer que seja o Poder de que se trate ou o
nível federativo de que se cuide, não podem ostentar natureza eliminatória, prestando-se apenas para classificar os
candidatos, sem jamais justificar sua eliminação do certame, consoante se extrai, a contrario sensu, do art. 37, II, da
Constituição da República. Precedente do STF: AI nº 194.188-AgR, relator Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, j.
30/03/1998, DJ 15-05-1998. 2. A Resolução nº 75/09 do Conselho Nacional de Justiça, ao dispor sobre concursos públicos
para ingresso na magistratura, conferiu natureza apenas classificatória à prova de títulos, não havendo qualquer fundamento
lógico ou jurídico para que haja regime diferente nos concursos públicos para ingresso nos serviços notarial e registral,
atualmente disciplinados pela Resolução nº 81/09. 3. A Resolução nº 81/09 do CNJ incorre em evidente erro material ao
afirmar, por um lado, que o Exame de Títulos nos concursos para ingresso nos serviços notarial e registral terá caráter
apenas classificatório (item 5.2 da minuta-padrão), mas, por outro lado, consagrar fórmula matemática que permite a
eliminação de candidato que não pontue no Exame de Títulos (itens 9.1 e 9.2 da minuta-padrão). 4. O prazo decadencial de
120 dias para a impetração do mandado de segurança (Lei nº 12.016/09, art. 23) tem início com a ciência do ato coator pelo
titular do direito violado. 5. A inadmissibilidade do presente mandado de segurança por suposta intempestividade é medida
que incentiva comportamentos deletérios para diversos valores centrais da Constituição de 1988, ao promover a
judicialização prematura de toda e qualquer controvérsia que envolva concursos públicos sob o crivo do CNJ, muitas das
quais passíveis de solução definitiva no próprio bojo da Administração Pública, resultando em uma desnecessária
sobreposição de instâncias, sem mencionar o ônus que tal circunstância gera para o particular. 6. O rito procedimental do
mandado de segurança é incompatível com a intervenção de terceiros, ex vi do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que na
modalidade de assistência litisconsorcial, na forma da jurisprudência remansosa do Supremo Tribunal Federal (MS nº 24.414,
Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 21/11/2003; MS nº 32.450, rel. Min. Marco Aurélio, DJe-251 de 19/12/2013; MS nº 32824 MC,
rel. Min. Roberto Barroso, DJe-072 de 11/04/2014; RMS nº 31.553, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe-050 de 14/03/2014;
MS nº 29.178, rel. Min. Ayres Britto, DJe de 15.3.2011; MS nº 27.752, rel. Min. Ellen Gracie, DJe de 18.6.2010; MS nº 30.659,
rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 19.10.2011). 7. A decadência obsta futuras e eventuais impugnações por outros
candidatos ao 7º Concurso de Ingresso e Remoção para outorga de delegações de notas e de registros do Estado de São
Paulo. 8. Ordem concedida para: (i) cassar o acórdão lavrado pelo CNJ nos autos do PCA nº 0004923-16.2011.2.00.0000, na
parte estritamente referente ao impetrante; (ii) determinar que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo declare a
nulidade da reprovação do impetrante no 7º Concurso de Ingresso e Remoção para outorga de delegações de notas e de
registros do Estado de São Paulo, promovendo sua nomeação e posse na serventia de Piratininga-SP; e (iii) notificar o CNJ
acerca do erro material indicado no item 3 supra para que proceda às correções necessárias da Resolução nº 81/09.
(MS 31176, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-218
DIVULG 05-11-2014 PUBLIC 06-11-2014)
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RODADA 08
→ O ESTAGIÁRIO QUE ATUA NO SERVIÇO PÚBLICO, AINDA QUE TRANSITORIAMENTE, REMUNERADO OU NÃO, ESTÁ
SUJEITO A RESPONSABILIZAÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
EMENTA DO JULGADO
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investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública. 5. Assim, o estagiário que atua
no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado ou não, se enquadra no conceito legal de agente
público preconizado pela Lei 8.429/1992. Nesse sentido: Resp 495.933-RS, Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
19/4/2004, MC 21.122/CE, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 13/3/2014. 6. Ademais, as disposições da Lei 8.429/1992 são aplicáveis também àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma, direta ou indireta, pois o objetivo da Lei de Improbidade é não apenas punir, mas também afastar do
serviço público os que praticam atos incompatíveis com o exercício da função pública. 7. Recurso Especial provido.
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→ LEIS QUE TRATAM DOS CASOS DE VEDAÇÃO A NEPOTISMO NÃO SÃO DE INICIATIVA EXCLUSIVA DO CHEFE DO
PODER EXECUTIVO
NOTÍCIA DO STF
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SP/FB
Processos relacionados
RE 570392
INFORMATIVO 771 DO STF
REPERCUSSÃO GERAL
Vedação ao nepotismo e iniciativa legislativa - 1
Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Esse
o entendimento do Plenário, que, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a
constitucionalidade da Lei 2.040/1990, do Município de Garibaldi/RS, que proíbe a contratação, por parte do
Executivo, de parentes de 1º e 2º graus do prefeito e vice-prefeito, para qualquer cargo do quadro de servidores, ou
função pública. Discutia-se eventual ocorrência de vício de iniciativa. Na espécie, o acórdão recorrido, proferido em
sede de ação direta de inconstitucionalidade, declarara a inconstitucionalidade formal do referido diploma normativo
sob o fundamento de que, por se tratar de matéria respeitante ao regime jurídico dos servidores municipais, a
iniciativa do processo legislativo competiria ao Chefe do Poder Executivo. O Colegiado, de início, rejeitou preliminares
suscitadas acerca das supostas intempestividade do recurso e ilegitimidade do Procurador-Geral do Estado para a
interposição de recurso extraordinário contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalidade estadual. No
tocante à legitimidade do Procurador-Geral do Estado para o recurso, a Corte destacou o que disposto no § 4º do art.
95 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (“Quando o Tribunal de Justiça apreciar a inconstitucionalidade,
em tese, de norma legal ou de ato normativo, citará previamente o Procurador-Geral do Estado, que defenderá o ato
ou texto impugnado”), que repetiria, por simetria, o disposto no § 3º do art. 103 da CF (“Quando o Supremo Tribunal
Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-
Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado”). Pela teoria dos poderes implícitos, se a Constituição
atribuísse competência a determinada instituição jurídica, a ela também deveria ser reconhecida a possibilidade de se
utilizar dos instrumentos jurídicos adequados e necessários para o regular exercício da competência atribuída. No
caso, a Constituição Estadual conferira ao Procurador-Geral do Estado — em simetria com o Advogado-Geral da União
— o papel de defesa da norma estadual ou municipal atacada via ação direta, o que o tornaria, portanto, legitimado
para a interposição de recurso extraordinário contra acórdão que tivesse declarado a inconstitucionalidade da norma
defendida, sob pena de se negar a efetiva defesa desta última.
RE 570392/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.12.2014. (RE-570392)
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JULGADOS IMPORTANTES
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Pública. Ademais, seria importante destacar a decisão proferida no RE 579.951 (DJe de 24.10.2008) — principal
paradigma do Enunciado 13 da Súmula Vinculante do STF —, a afirmar que a vedação do nepotismo não exigiria a
edição de lei formal para coibi-lo, proibição que decorreria diretamente dos princípios contidos no art. 37, “caput”,
da CF. Portanto, se os princípios do citado dispositivo constitucional sequer precisariam de lei para que fossem
obrigatoriamente observados, não haveria vício de iniciativa legislativa em norma editada com o objetivo de dar
evidência à força normativa daqueles princípios e estabelecer casos nos quais, inquestionavelmente, se
configurassem comportamentos administrativamente imorais ou não-isonômicos. Vencido o Ministro Marco
Aurélio, que negava provimento ao recurso. Reconhecia a existência de reserva de iniciativa, haja vista que a lei
municipal em comento teria disposto sobre relação jurídica mantida pelo Executivo com o prestador de serviços desse
mesmo Poder. RE 570392/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.12.2014. (RE-570392)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. LEI PROIBITIVA DE NEPOTISMO. VÍCIO FORMAL DE
INICIATIVA LEGISLATIVA: INEXISTÊNCIA. NORMA COERENTE COM OS PRINCÍPIOS DO ART. 37, CAPUT, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. O Procurador-Geral do Estado dispõe de
legitimidade para interpor recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal de Justiça proferido em representação
de inconstitucionalidade (art. 125, § 2º, da Constituição da República) em defesa de lei ou ato normativo estadual ou
municipal, em simetria a mesma competência atribuída ao Advogado-Geral da União (art. 103, § 3º, da Constituição
da República). Teoria dos poderes implícitos. 2. Não é privativa do Chefe do Poder Executivo a competência para a
iniciativa legislativa de lei sobre nepotismo na Administração Pública: leis com esse conteúdo normativo dão
concretude aos princípios da moralidade e da impessoalidade do art. 37, caput, da Constituição da República, que,
ademais, têm aplicabilidade imediata, ou seja, independente de lei. Precedentes. Súmula Vinculante n. 13. 3.
Recurso extraordinário provido.
(RE 570392, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 11/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-032 DIVULG 18-02-2015 PUBLIC 19-02-2015)
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RODADA 09
NOTÍCIA DO STF
relator, pelo indeferimento do MS. Para ele, subordinar quase integralmente a agenda de deliberação do Poder
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Legislativo às medidas provisórias editadas pelo presidente da República vulneraria o núcleo essencial da separação
de Poderes e importaria na paralisação do funcionamento do Congresso Nacional.
O ministro Alexandre de Moraes também acompanhou o relator, entendendo que interpretação diferente realmente
violaria o princípio da separação de Poderes. No mesmo sentido votaram os ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz
Fux e Gilmar Mendes.
Único ministro a divergir, o ministro Marco Aurélio votou pela concessão do mandado de segurança, ao entender que
o dispositivo constitucional é claro no sentido de que a não aprovação de medida provisória após 45 dias deve, sim,
paralisar toda a pauta, de forma a compelir a Casa Legislativa a se pronunciar sobre o texto, seja para aprovar ou
rejeitar a MP.
Processos relacionados
MS 27931
O Colegiado entendeu que a interpretação emanada do presidente da Câmara dos Deputados reflete, com fidelidade,
solução jurídica plenamente compatível com o modelo teórico da separação de poderes. Tal interpretação revela fórmula
hermenêutica capaz de assegurar, por meio da preservação de adequada relação de equilíbrio entre instâncias
governamentais (o Poder Executivo e o Poder Legislativo), a própria integridade da cláusula pertinente à divisão do poder.
Nesse contexto, deu interpretação conforme ao § 6º do art. 62 da CF, na redação resultante da Emenda
Constitucional 32/2001, para, sem redução de texto, restringir-lhe a exegese. Assim, afastada qualquer outra
possibilidade interpretativa, fixou-se entendimento de que o regime de urgência previsto no referido dispositivo
constitucional — que impõe o sobrestamento das deliberações legislativas das Casas do Congresso Nacional —
refere-se apenas às matérias passíveis de regramento por medida provisória. Excluem-se do bloqueio, em
consequência, as propostas de emenda à Constituição e os projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de
resolução e, até mesmo, de lei ordinária, desde que veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das
medidas provisórias [CF, art. 62, § 1º, I, II e IV (2)].
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Vencido o ministro Marco Aurélio, que concedeu a ordem. Para ele, o dispositivo constitucional em debate é claro no
sentido de que a não aprovação de medida provisória após 45 dias deve paralisar toda a pauta, de modo a compelir a
Casa Legislativa a se pronunciar de forma positiva quanto à aprovação, ou de forma negativa, considerado o teor da
medida provisória.
(1) Constituição Federal/1988: “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (...) § 6º Se a medida
provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência,
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.”
(2) Constituição Federal/1988: “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a
edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
políticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do
Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias,
orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou
sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (...) IV – já disciplinada em projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.”
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→ É CABÍVEL A FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS, PREVISTA NO ART. 85, § 11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
(CPC), MESMO QUANDO NÃO APRESENTADAS CONTRARRAZÕES OU CONTRAMINUTA PELO ADVOGADO.
O Tribunal, por unanimidade, negou provimento a agravo regimental em ação originária e, por maioria, fixou
honorários recursais.
Quanto à fixação de honorários recursais, prevaleceu o voto do ministro Luiz Fux, que confirmou o entendimento
fixado pela Primeira Turma. Para ele, a sucumbência recursal surgiu com o objetivo de evitar a reiteração de
recursos; ou seja, de impedir a interposição de embargos de declaração, que serão desprovidos,
independentemente da apresentação de contrarrazões. A finalidade não foi remunerar mais um profissional,
porque o outro apresentou contrarrazões.
O ministro Edson Fachin afirmou que a expressão “trabalho adicional”, contida no § 11 do art. 85 do CPC, é um gênero
que compreende várias espécies, entre elas, a contraminuta e as contrarrazões.
Vencidos, nesse ponto, os ministros Marco Aurélio (relator), Celso de Mello e Cármen Lúcia, que não fixaram os
honorários, considerada a inércia do agravado em apresentar contraminuta ao agravo interno. O ministro Marco
Aurélio asseverou que, sem a apresentação de contrarrazões nem de contraminuta, não há como aditar os honorários
anteriormente fixados.
(1) Código de Processo Civil/2015: “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor. (...) § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado
ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”.
AO 2063 AgR/CE , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 18.5.2017. (AO-2063)
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RODADA 10
→ O FATO DE O SERVIDOR ESTAR LICENCIADO NÃO AFASTA O ENTENDIMENTO SEGUNDO O QUAL NÃO PODE
PARTICIPAR DE PROCEDIMENTO LICITATÓRIO A EMPRESA QUE POSSUIR EM SEU QUADRO DE PESSOAL SERVIDOR
OU DIRIGENTE DO ÓRGÃO CONTRATANTE OU RESPONSÁVEL PELA LICITAÇÃO
SEGUNDA TURMA
PROCESSO REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 7/3/2017, DJe
20/4/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO
TEMA Licitação e contratos. Contratação de militar licenciado para prestar consultoria à empresa que celebra contrato
com o Exército Brasileiro. Violação dos art. 9º da Lei n. 8.666/1993 e 7º da Lei n. 10.502/2002. Comportamento inidôneo.
Caracterização.
DESTAQUE
O fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode participar de
procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão
contratante ou responsável pela licitação.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Trata-se, originalmente, de mandado de segurança impetrado por empresa privada, participante de processo licitatório,
contra ato do Comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, órgão vinculado ao Ministério da Defesa, para que
seja declarada a ilegalidade de sanções, que foram aplicadas em processo administrativo, em razão de existência de
comportamento inidôneo por parte da impetrante. Sustentou a empresa licitante que sua conduta de contratar servidor
licenciado do órgão público para assessoramento na execução dos contratos administrativos não se amolda a nenhuma
das ações ilícitas enumeradas no art. 7º da Lei n. 10.520/2002. Com efeito, o art. 9º, III, da Lei n. 8.666/1993 dispõe que
não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de
bens a eles necessários o servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação. Desse
modo, cinge-se aos autos a falta cometida pela empresa e o desrespeito às normas de licitação e contratos, com a
contração de sargento do Exército Brasileiro que, em razão da sua atuação em setor específico da Força Terrestre, detinha
plena experiência na condução do serviço objeto da licitação. Caracterizada, portanto, a conduta inidônea da empresa,
com a quebra de confiança da Administração, o que vai de encontro aos dispositivos legais sob análise. Consigne-se, por
fim, que, consoante o entendimento da Primeira Turma deste STJ, "não pode participar de procedimento licitatório a
empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável
pela licitação (...) O fato de estar o servidor licenciado, à época do certame, não ilide a aplicação do referido preceito
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legal, eis que não deixa de ser funcionário o servidor em gozo de licença" (REsp 254.115-SP, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ
de 14/8/2000).
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.607.715 - AL (2016/0158682-2) RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : WASH SERVICE TRANSPORTES LTDA - ME ADVOGADOS : FÁBIO HENRIQUE DE ARAÚJO URBANO E OUTRO(S)
- PE015473 MINARTE FIGUEIREDO BARBOSA FILHO - PE027171 DANILO MARANHÃO NEVES - PE032757 EMENTA
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. LICITAÇÕES E CONTRATOS. CONTRATAÇÃO DE MILITAR LICENCIADO PARA PRESTAR
CONSULTORIA À EMPRESA RECORRIDA NA EXECUÇÃO DE CONTRATO COM O EXÉRCITO BRASILEIRO. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 9º
DA LEI 8.666/1993 E 7º DA LEI 10.502/2002. COMPORTAMENTO INIDÔNEO. CARACTERIZAÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. Não
se olvida que a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a revaloração do conjunto probatório existente nos autos,
quando vinculada a fatos incontroversos, não esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. 2. Ademais, é certo que o objeto do recurso
foi devidamente deliberado no acórdão recorrido, circunstância que indica a devolutividade da matéria ao STJ, tendo em
vista a ampla admissão do chamado prequestionamento implícito. 3. Trata-se, originalmente, de Mandado de Segurança
impetrado pela recorrida contra o Comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, Órgão vinculado ao Ministério da
Defesa, para que seja “declarada a ilegalidade das sanções aplicadas (no Processo Administrativo 64106.002902/2014-99)
em razão de inexistência de comportamento inidôneo por parte da Impetrante ou, acaso esse v. Juízo entenda que ocorreu
irregularidade na conduta da Impetrante, que seja fixada sanção em conformidade com os princípios da proporcionalidade e
da razoabilidade" (fls. 1-19, e-STJ). 4. Estando incontroversa a moldura fática delineada pelas instâncias ordinárias, conclui-se
que, de fato, embora não seja possível afirmar que o Sr. William dos Santos Moreira participou do procedimento licitatório,
ele inegavelmente exerceu a função de consultor/administrador da empresa impetrante, ora recorrida, durante a execução
do contrato licitado. 5. Desse modo, ficou caracterizada a conduta inidônea da empresa recorrida, com a quebra de
confiança da Administração, o que vai de encontro aos dispositivos legais sob análise. 6. Consigne-se que, consoante o
entendimento do STJ, "não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal
servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação (...) O fato de estar o servidor
licenciado, à época do certame, não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser funcionário o
servidor em gozo de licença" (REsp 254.115/SP, Rel. Min. Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 20.6.2000, DJ de
14.8.2000, p. 154.) 7. Por fim, quanto à fixação de multa pela autoridade coatora, verifica-se que foi aplicada com base na
previsão contida na Ata de Registro de Preços, obedecendo aos limites contratualmente previstos, não havendo falar em
ilegalidade na sua arbitração. 8. Recurso Especial provido, para restabelecer a sentença de 1º grau, denegando a segurança.
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PROCESSO REsp 1.636.124-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe
27/4/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Honorários advocatícios. Natureza jurídica. Lei nova. Marco temporal para a aplicação do CPC/2015. Prolação
da sentença.
DESTAQUE
Os honorários advocatícios nascem contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da demanda,
devendo observar as normas do CPC/2015 nos casos de decisões proferidas a partir de 18/3/2016.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
De início, destaca-se que a Corte Especial do STJ se posicionou que o arbitramento dos honorários não configura
questão meramente processual, mas sim questão de mérito apta a formar um capítulo da sentença (REsp 1.113.175-
DF, Rel. Min. Castro Meira, DJe 7/8/2012). Estabelecida a natureza jurídica dos honorários de sucumbência, mister
fixar o marco temporal para a aplicação das novas regras previstas no CPC/2015. Neste ponto, a jurisprudência desta
Corte é pacífica no sentido de que a sucumbência é regida pela lei vigente na data da sentença (REsp 783.208-SP, Rel.
Min. Teori Zavascki, DJe 21/11/2005). Verifica-se, portanto, que os honorários nascem contemporaneamente à
sentença e não preexistem à propositura da demanda. Assim sendo, aplicar-se-ão as normas do CPC/2015 nos casos
de sentença proferida a partir de sua vigência (18/3/2016).
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.636.124 - AL (2016/0288549-8) RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN RECORRENTE : UNIÃO
RECORRIDO : FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAIS FEDERAIS ADVOGADO : JOÃO FRANCISCO DE CAMARGO E OUTRO(S)
- AL006805 EMENTA RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE OMISSÃO.
REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA JURÍDICA. LEI NOVA. MARCO TEMPORAL PARA A
APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. 1. Constata-se que não se configura a ofensa ao art. 1.022 do Código
de Processo Civil/2015, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como
lhe foi apresentada. 2. Cabe destacar que o simples descontentamento da parte com o julgado não tem o condão de tornar
cabíveis os Embargos de Declaração, que servem ao aprimoramento da decisão, mas não à sua modificação, que só muito
excepcionalmente é admitida. 3. No mérito, o Tribunal a quo consignou que "a melhor solução se projeta pela não aplicação
imediata da nova sistemática de honorários advocatícios aos processos ajuizados em data anterior à vigência do novo CPC."
4. Com efeito, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça posicionou-se
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que o arbitramento dos honorários não configura questão meramente processual. 5. Outrossim, a jurisprudência do STJ
é pacífica no sentido de que a sucumbência é regida pela lei vigente na data da sentença. 6. Esclarece-se que os
honorários nascem contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da demanda. Assim sendo,
nos casos de sentença proferida a partir do dia 18.3.2016, aplicar-se-ão as normas do CPC/2015. 7. In casu, a
sentença prolatada em 21.3.2016, com supedâneo no CPC/1973 (fls. 40-41, e-STJ), não está em sintonia com o atual
entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual merece prosperar a irresignação. 8. Quanto à destinação dos
honorários advocatícios de sucumbência das causas em que forem parte a União, as autarquias e as fundações
públicas federais, o artigo 29 da Lei 13.327/2016 é claro ao estabelecer que pertencem originariamente aos ocupantes
dos cargos das respectivas carreiras jurídicas. 9. Recurso Especial parcialmente provido, para fixar os honorários
advocatícios em 10% do valor da condena
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RODADA 11
→ O DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL DO DÉBITO TRIBUTÁRIO E DOS RESPECTIVOS JUROS DE MORA, → NÃO HÁ
PERDA DO OBJETO EM MANDADO DE SEGURANÇA CUJA PRETENSÃO É O FORNECIMENTO DE LEITE ESPECIAL
NECESSÁRIO À SOBREVIVÊNCIA DE MENOR AO FUNDAMENTO DE QUE O PRODUTO SERVE PARA LACTENTES E O
IMPETRANTE PERDEU ESSA QUALIDADE EM RAZÃO DO TEMPO DECORRIDO PARA A SOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA
PROCESSO AgRg no RMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por maioria, julgado em 2/2/2017, DJe
22/3/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Fornecimento de medicação gratuita. Dever do Estado. Direito fundamental à vida e à saúde. Ausência de perda
do objeto.
DESTAQUE
Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite especial necessário à
sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa
qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Cinge-se a discussão a definir se há a perda do objeto em demanda cuja pretensão é o fornecimento de leite especial de
uso contínuo a portador de alergia alimentar, considerando que o produto serve para lactentes e o impetrante já não
detém essa qualidade. Inicialmente, vale destacar que a efetivação da tutela in casu está relacionada à preservação da
saúde do indivíduo, de modo que a ponderação das normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior
que é a vida. A propósito, em consonância com os arts. 6º e 196 da CF, a Lei n. 8.080/90 determina em seus arts. 2º e 4º
que a saúde pública consubstancia direito fundamental do homem e dever do Poder Público. Ressalte-se, ainda, que o
Sistema Único de Saúde possui, dentre as suas atribuições, a universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
níveis de assistência; e a integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema
(art. 7º da Lei n. 8.080/90). Comprovado o acometimento do indivíduo, ou de um grupo, por determinada moléstia e
necessitando de medicamento para a combater, este deve ser fornecido pelo Estado de modo a atender ao princípio
maior da garantia à vida e à saúde. Especificamente sobre o tema controvertido, a Segunda Turma do STJ, por ocasião do
julgamento do REsp 900.487-RJ, DJ 28/2/2007, já decidiu que “a negativa de fornecimento de um medicamento de uso
imprescindível ou, no caso, de leite especial de que a criança necessita, cuja ausência gera risco à vida ou grave risco à
saúde, é ato que, per si, viola a Constituição Federal, pois vida e saúde são bens jurídicos constitucionalmente tutelados
em primeiro plano.” Sendo assim, como é direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde e a
vida, não há falar que o pleito se tornou infrutífero haja vista o decorrer do tempo até a solução da demanda. Ademais,
cumpre destacar que a necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em fase
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de execução, quando será conferida oportunidade ao demandante para comprovar suas alegações. Nesta fase, também vale
lembrar que, na impossibilidade do acolhimento do pedido principal formulado na exordial, em virtude da longa discussão
judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos. Desse modo, não
é possível afastar a responsabilidade do Estado mediante a alegação de perda de objeto, cabendo ao Ente demandado
judicialmente prover a prestação dos serviços necessários à saúde do requerente, sob pena de ofensa ao direito
fundamental à saúde.
EMENTA DO JULGADO
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→ NOS CONTRATOS EM QUE ESTIPULADO O ÊXITO COMO CONDIÇÃO REMUNERATÓRIA DOS SERVIÇOS
ADVOCATÍCIOS PRESTADOS, A RENÚNCIA DO PATRONO ORIGINÁRIO, ANTES DO JULGAMENTO DEFINITIVO DA
CAUSA, NÃO LHE CONFERE O DIREITO IMEDIATO AO ARBITRAMENTO DE VERBA HONORÁRIA PROPORCIONAL AO
TRABALHO REALIZADO, REVELANDO-SE NECESSÁRIO AGUARDAR O DESFECHO PROCESSUAL POSITIVO PARA A
APURAÇÃO DA QUANTIA DEVIDA
PROCESSO REsp 1.337.749-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 14/2/2017, DJe
6/4/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Ação de arbitramento de honorários advocatícios. Existência e previsão expressa de remuneração ad exitum.
Causídico que renunciou aos poderes antes do encerramento das demandas relacionadas aos serviços contratados.
DESTAQUE
Nos contratos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados, a
renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato ao
arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, revelando-se necessário aguardar o desfecho
processual positivo para a apuração da quantia devida.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A controvérsia é quanto ao cabimento ou não de arbitramento judicial de honorários advocatícios por serviços prestados
pelo causídico antes de sua renúncia, quando existente previsão contratual expressa condicionando tal remuneração ao
êxito nas demandas patrocinadas. Nos contratos de prestação de serviços advocatícios ad exitum, a vitória processual
constitui condição suspensiva, cujo implemento é obrigatório para que o advogado faça jus à devida remuneração. Ou seja, o
direito aos honorários somente é adquirido com a ocorrência do sucesso na demanda. O fato jurídico delineado não se
amolda sequer à norma disposta na primeira parte do artigo 129 do Código Civil, que condena o dolo daquele que impede ou
força o implemento da condição em proveito próprio. Nessa esteira, encontra-se compreendida a rescisão unilateral
imotivada perpetrada pelo cliente, que configura, por óbvio, obstáculo ao implemento da condição estipulada no contrato
de prestação de serviços advocatícios - vitória na causa -, autorizando o arbitramento judicial da verba honorária devida ao
causídico, cuja plena atuação quedara frustrada por culpa do mandante. Por outro turno, em se tratando de renúncia do
advogado, é certo que a não ocorrência da condição prevista no contrato ad exitum impede a aquisição do direito
remuneratório pretendido, não se podendo cogitar da incidência de qualquer presunção legal na hipótese de rescisão
antecipada. Nessa perspectiva, nos casos em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços
advocatícios prestados, a renúncia do patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o
direito imediato ao arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, revelando-se necessário
aguardar o desfecho processual positivo para a apuração do quantum devido, observado o necessário rateio dos valores
com o advogado substituto (aquele que veio a assumir a condução da demanda). Desse modo, nos contratos ad exitum,
ainda quando ocorrida a revogação do mandato, o implemento da condição contratada constitui
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JULGADOS IMPORTANTES
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elemento essencial para a produção dos seus efeitos remuneratórios e, consequentemente, da deflagração do fato
gerador da pretensão condenatória a ser, eventualmente, exercida em juízo.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.337.749 - MS (2012/0166165-2) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE :
BANCO DO BRASIL S/A ADVOGADO : CRISTIANO KINCHESCKI E OUTRO(S) - DF034951 RECORRIDO : MAURICIO DUAILIBI
ADVOGADO : PAULO TADEU HAENDCHEN E OUTRO(S) - MS002926B EMENTA RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ARBITRAMENTO
DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE REMUNERAÇÃO AD EXITUM . CAUSÍDICO QUE
RENUNCIOU AOS PODERES ANTES DO ENCERRAMENTO DAS DEMANDAS RELACIONADAS AOS SERVIÇOS CONTRATADOS. 1.
Nas hipóteses em que estipulado o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados, a renúncia do
patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato ao arbitramento de verba
honorária proporcional ao trabalho realizado, revelando-se necessário aguardar o desfecho processual positivo para a
apuração do quantum devido, observado o necessário rateio dos valores com o advogado substituto (aquele que veio a
assumir a condução da demanda). 2. Com efeito, sobressai o comportamento contraditório do advogado, que celebrou
contrato de risco (ad exitum ) com o banco, limitando sua remuneração aos honorários sucumbenciais, mas, após ter
renunciado ao mandato, deduziu pretensão de arbitramento da verba honorária proporcional ao serviço prestado nas causas
pendentes. Ademais, parece incoerente e injusta a interpretação que venha a colocar em situação menos vantajosa o
causídico que, malgrado não tenha obtido sucesso na demanda, envidou esforços em prol dos interesses do mandante até a
conclusão da lide. 3. De outra parte, é certo que, nos contratos de prestação de serviços advocatícios ad exitum , a vitória
processual constitui condição suspensiva (artigo 125 do Código Civil), cujo implemento é obrigatório para que o advogado
faça jus à devida remuneração. Ou seja, o direito aos honorários somente é adquirido com a ocorrência do sucesso na
demanda. 4. Diante desse quadro, a rescisão unilateral do contrato,. promovida pelo próprio mandatário - no exercício do
direito potestativo de renúncia ao mandato -, não tem o condão de ilidir a supracitada condição, ficando os efeitos
remuneratórios do pacto subordinados ao seu efetivo implemento, ressalvadas as hipóteses expressamente convencionadas.
5. O fato jurídico delineado nos autos não se amolda sequer à norma disposta na primeira parte do artigo 129 do Código
Civil, segundo a qual se reputa verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente
obstado pela parte a quem desfavorecer.
6. Cuida-se de ficção legal, que condena o dolo daquele que impede ou força o implemento da condição em proveito
próprio. Nessa esteira, encontra-se compreendida a rescisão unilateral imotivada perpetrada pelo cliente, que configura, por
óbvio, obstáculo ao implemento da condição estipulada no contrato de prestação de serviços advocatícios - vitória na causa -
, autorizando o arbitramento judicial da verba honorária devida ao causídico, cuja plena atuação quedara frustrada por culpa
do mandante. 7. Por outro turno, em se tratando de renúncia do advogado, é certo que a não ocorrência da condição
prevista no contrato ad exitum impede a aquisição do direito remuneratório pretendido, não se podendo cogitar da
incidência de qualquer presunção legal na hipótese de rescisão antecipada. O exercício da pretensão de arbitramento dos
honorários advocatícios será viável, contudo, após concretizada a vitória do antigo cliente nas
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JULGADOS IMPORTANTES
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demandas pendentes, devendo ser observado o critério de rateio (com o advogado substituto) previsto no contrato.
8. Recurso especial provido para julgar improcedente a pretensão de arbitramento da verba honorária deduzida na
inicial, invertendo-se o ônus sucumbencial.
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JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
RODADA 12
PROCESSO REsp 1.368.773-MS, Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, por maioria,
julgado em 6/12/2016, DJe 2/2/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO
TEMA Desapropriação. Fato impeditivo do direito de desistência. Ônus da prova.
DESTAQUE
É ônus do expropriado provar a existência de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A questão consiste em determinar a quem incube o ônus da prova da impossibilidade de restauração do imóvel ao estado
anterior a fim de obstar o exercício do direito de desistência da desapropriação. Sobre o tema, a jurisprudência do STJ
consolidou-se no sentido de que é possível a desistência da desapropriação, a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em
julgado, desde que ainda não tenha havido o pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração
substancial que impeça que seja utilizado como antes. O raciocínio é o de que, se a desapropriação se faz por utilidade
pública ou interesse social, uma vez que o imóvel já não se mostre indispensável para o atingimento dessas finalidades,
deve ser, em regra, possível a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do atingido
à ação de perdas e danos. A partir do julgamento do REsp 38.966/SP, surgiu uma hipótese de impossibilidade de
desistência da desapropriação. Se for demonstrado que não há condição de o bem ser devolvido no estado em que
recebido ou com danos de pouca monta, não se admitirá a desistência. Nesse ponto, por ser a desistência a regra,
contra ela pode ser alegado fato impeditivo, cujo ônus é do expropriado a prova de sua existência. Trata-se de
aplicação da tradicional regra que vinha consagrada no art. 333, II, do CPC/1973. Ela, aliás, vem repetida no art. 373
do CPC/2015. Ademais, a Constituição, no seu art. 5º, XXIV, dispõe que "a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social". Obrigar o poder público a ficar com
um bem de que não precisa certamente não atende nenhuma dessas finalidades, mas apenas o interesse particular
do expropriado. Da mesma forma, inverter o ônus da prova em detrimento do ente público viola a cláusula do
devido processo legal, estabelecida no art. 5º, LIV, da Constituição.
EMENTA DO JULGADO
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JULGADOS IMPORTANTES
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FERRAZ DE OLIVEIRA LIMA E OUTRO(S) - SP015919 RECORRIDO : EXPORTADORA E IMPORTADORA AEROCEÂNICA LTDA -
MICROEMPRESA ADVOGADO : ROBERTO DE DIVITIIS E OUTRO(S) - SP026079 INTERES. : ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : ELIVAL DA SILVA RAMOS E OUTRO(S) - SP050457 EMENTA ADMINISTRATIVO. SENDO A DESISTÊNCIA DA
DESAPROPRIAÇÃO DIREITO DO EXPROPRIANTE, O ÔNUS DA PROVA DA EXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO DO SEU EXERCÍCIO
(IMPOSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO DO IMÓVEL AO ESTADO ANTERIOR) É DO EXPROPRIADO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE
NÃO ESTABELECEU A EXISTÊNCIA DE PROVA DA IMPOSSIBILIDADE DA DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL ÀS SUAS CONDIÇÕES
ORIGINAIS. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DESISTÊNCIA QUE DEVE SER HOMOLOGADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Com autorização dada pela Aneel, a Cesp ajuizou diversas ações de desapropriação de imóveis
para formação do lago de usina hidrelétrica, entre as quais quatro relativas a imóveis da recorrida. Posteriormente, registra o
acórdão recorrido, foram formulados pedidos de desistência das desapropriações, diante do fato de que, por imposição do
Ibama, a cota de inundação foi diminuída de 259m para 257m, de sorte que os imóveis foram excluídos da área a ser
inundada pelo lago da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta. 2. Nos autos da Ação de Desapropriação 021.00.020712-1 foi fixada
indenização que hoje monta a cerca de 970 milhões de reais pela inclusão na reparação do direito de exploração mineral de
sílex, areia industrial e cascalho. RELAÇÃO ENTRE OS RECURSOS ESPECIAIS
3. Existem dois Recursos Especiais oriundos dessa desapropriação. Este REsp 1.368.773 tem origem em Agravo de
Instrumento oferecido contra decisão que não homologou pedido de desistência formulado em 1º grau, tendo o TJMS
decidido que a desistência era, em tese, possível, mas "desde que o desistente comprove que a inundação não afetou
fisicamente o imóvel expropriando nem comprometeu a sua finalidade econômica, circunstância não ocorrida na espécie". O
REsp 1.527.256, por sua vez, foi interposto nos autos da própria ação de desapropriação, discutindo questões ligadas à
indenização fixada. 4. Provido o REsp 1.368.773, com a consequente homologação do pedido de desistência formulado em
1º grau, o REsp 1.527.256 fica prejudicado. É POSSÍVEL A DESISTÊNCIA DA DESAPROPRIAÇÃO A QUALQUER TEMPO, DESDE
QUE NÃO SEJA IMPOSSÍVEL O IMÓVEL SER UTILIZADO COMO ANTES 5. A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de
que é possível a desistência da desapropriação, a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que ainda não
tenha havido o pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que impeça que seja
utilizado como antes. Entendimento fixado a partir do REsp 38.966/SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, Segunda Turma,
julgado em 21/2/1994. A DESISTÊNCIA É DIREITO DO EXPROPRIANTE E A IMPOSSIBILIDADE É FATO IMPEDITIVO DO SEU
EXERCÍCIO - QUESTÃO JURÍDICA - NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ 6. A alegada violação ao art. 267, VIII, do CPC/1973 é
passível de conhecimento, não havendo óbice trazido pela Súmula 7/STJ. O problema se resolve por uma questão de direito,
pertinente ao ônus da prova. 7. O acórdão recorrido imputou indevidamente à desapropriante o ônus de provar que o
imóvel de cuja expropriação pretende desistir não foi afetado fisicamente ou em sua finalidade econômica. 8. Se a
desapropriação se faz por utilidade pública ou interesse social, uma vez que o imóvel já não se mostre indispensável para o
atingimento dessas finalidades, deve ser, em regra, possível a desistência da desapropriação, com a ressalva do direito do
atingido à ação de perdas e danos. Essa desistência só não será possível se já tiver sido pago integralmente o preço, pois
nessa hipótese já terá se consolidado a transferência da propriedade do expropriado para o expropriante, ou se tiverem sido
feitas alterações de tal monta no imóvel que
impeçam que ele possa ser utilizado como antes. 9. A regra é a possibilidade de desistência da desapropriação. Contra
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essa, pode ser alegado fato impeditivo do direito de desistência, consistente na impossibilidade de o imóvel ser devolvido
como recebido ou com danos de pouca monta. 10. Por ser fato impeditivo do direito de o expropriante desistir da
desapropriação, é ônus do expropriado provar sua existência, por aplicação da regra que vinha consagrada no art. 333, II, do
CPC/1973, hoje repetida no art. 373 do CPC/2015. O ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO ESTABELECEU A IMPOSSIBILIDADE DE
RESTITUIÇÃO DO IMÓVEL AO SEU ESTADO ANTERIOR 11. O acórdão recorrido não dispôs como fato que estava provado ser
inviável restituir o imóvel como se encontrava antes. O que ele estabeleceu é que a Cesp não tinha feito essa prova, tanto
que deixou aberta a possibilidade de novo pedido de desistência no futuro, como se vê do trecho final do voto do relator:
"Ressalvo, contudo, que, em sendo comprovado, sem sombra de dúvidas, após a conclusão da fase de instrução processual,
que realmente não foram nem serão afetados os imóveis da requerida pelas diversas fases do represamento, obviamente
que a desistência poderá ser requerida novamente, para que o processo não se transforme em meio de enriquecimento
ilícito da exproprianda" (fls. 989-990). EMENTA DO ACÓRDÃO RECORRIDO JÁ MOSTRA A INVERSÃO INDEVIDA DO ÔNUS DA
PROVA 12. A própria ementa do acórdão recorrido afirma que "É possível, diante do interesse público, a desistência de ação
expropriatória de área localizada em região de alagamento de usina hidrelétrica, mesmo após a fase de contestação e
reconvenção, ainda que já tenha sido levantado o depósito indenizatório prévio, mas desde que o desistente comprove que
a inundação não afetou fisicamente o imóvel expropriando nem comprometeu a sua finalidade econômica, circunstância não
ocorrida na espécie" (fl. 991). DAS QUATRO DESAPROPRIAÇÕES DE ÁREAS CONTÍGUAS, O TJMS HOMOLOGOU A
DESISTÊNCIA DE DUAS 13. Eram quatro as ações de desapropriação ajuizadas pela Cesp contra a mesma empresa. Além dos
processos 021.00.020712-1 e 021.00.030741-0, ainda em curso, havia os processos 021.00.020711-3 e 021.00.000013-3, nos
quais a desistência das desapropriações foi homologada pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul. 14. A homologação
da desistência da desapropriação 021.00.000013-3 foi feita nos autos do Agravo 020.02.007781-0, que recebeu a ementa:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO –
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO – INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO – DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL QUE
DEIXOU DE SER ÚTIL E NECESSÁRIA – PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR – RECURSO PROVIDO.
Desaparecendo o interesse público em desapropriar certa área, em virtude da limitação da cota de operação e com o não-
alcance do mesmo imóvel pelas águas da represa, deve ser deferido o pedido de desistência da ação, já que não se pode
obrigar a agravante a adquirir um bem imóvel com dinheiro público e, tampouco, condená-la a pagar indenização por algo
que não precisa nem deve integrar seu patrimônio, visto que prevalece o interesse coletivo sobre o particular". 15. E do voto
consta a observação: "... é de se estranhar o presente caso, já que diverso dos outros casos de desapropriação que chegam
ao Poder Judiciário, neste o expropriado quer seja o bem adquirido pelo expropriante. Se a agravada valoriza tanto o bem e
dele retira um quantum monetário que lhe interessa, através de exploração de minerais, deveria então estar sendo a favor
da desistência" . OBRIGAR O PODER PÚBLICO A FICAR COM BEM DE QUE NÃO PRECISA VIOLA A CONSTITUIÇÃO 16. A
Constituição, no seu art. 5º, XXIV, estabelece que "a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social". Obrigar o poder público a ficar com um bem de que não precisa certamente
não atende nenhuma dessas finalidades, mas apenas o interesse particular do expropriado que, aparentemente, acredita
que jamais conseguirá obter com a venda de cascalho e produtos do gênero o valor bilionário arbitrado como indenização.
INVERTER O ÔNUS DA PROVA VIOLA O DEVIDO PROCESSO LEGAL E O
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PRINCÍPIO DA PREPONDERÂNCIA DO INTERESSE PÚBLICO 17. Da mesma forma, na hipótese dos autos, inverter o ônus
da prova em detrimento do ente público viola a cláusula do devido processo legal, estabelecida no art. 5º, LIV, da
Constituição; foi o que fez o acórdão recorrido. E, no caso, há o agravante de que é até intuitivo que, não sendo mais
inundada a área, a mineração poderá ser retomada, razão pela qual mais lógico ainda é exigir que seja a empresa a ter
o ônus de demonstrar a impossibilidade de voltar a exercer a atividade de areia industrial, cascalho e sílex no local. 18.
Em última ratio, é a coletividade que terá de pagar cerca de um bilhão de reais por direitos minerários que, é razoável
pensar, se tivessem mesmo esse valor, seriam bem recebidos de volta por seu titular. CONCLUSÃO 19. Como a regra é
a possibilidade de desistência da desapropriação, o desistente não tem de provar nada para desistir, cabendo ao
expropriado requerer as perdas e danos a que tiver direito por ação própria. Pretendendo o réu, porém, impedir a
desistência, poderá alegar que não há condição de o bem ser devolvido no estado em que recebido ou com danos de
pouca monta, mas é seu o ônus da prova. 20. No caso concreto, não cabia à Cesp fazer a prova pretendida pelo
acórdão recorrido. Ela, como expropriante, tinha o direito de desistir da desapropriação, com base no art. 267, VIII, do
CPC/1973, podendo a Aeroceânica buscar a reparação de perdas e danos em ação própria. Se esta pretendia impedir a
desistência sob o fundamento de que a sua atividade mineradora tinha sido inviabilizada, cabia a ela provar esse fato
impeditivo do direito de desistência e não o contrário. 21. Recurso Especial parcialmente conhecido, no que tange à
alegação de violação ao art. 267, VIII, do CPC/1973, e, nessa parte, provido para homologar o pedido de desistência da
desapropriação formulado pela Cesp em 1º grau, ressalvado o direito da Aeroceânica promover ação de perdas e
danos para reparação de prejuízos que eventualmente lhe tenham, concretamente, sido causados.
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PROCESSO REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, por unanimidade, julgado em 7/3/2017, DJe
21/3/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO
TEMA Concurso público. Agente penitenciário. Exame psicotécnico. Subjetividade dos critérios previstos no edital.
Eliminação. Legitimidade passiva. Entidade responsável pela elaboração do certame.
DESTAQUE
Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da subjetividade
dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será da entidade
responsável pela elaboração do certame.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Cinge-se a controvérsia à discussão quanto à legitimidade passiva em ação ordinária na qual candidatos que se insurgem
contra eliminação no exame psicotécnico em concurso público de Agente Penitenciário e Agente de Escolta e Vigilância
Penitenciário, promovido por Secretaria de Estado. Com efeito, em ação ordinária na qual se discute a exclusão de
candidato em concurso público, a legitimidade passiva toca à entidade responsável pela realização, regulamentação e
organização do certame. Ademais, a causa de pedir referiu-se exclusivamente à atuação do órgão responsável pela
elaboração do edital, alegando-se subjetividade nos critérios de avaliação do exame psicotécnico, não se enquadrando
nas hipóteses de atuação da banca examinadora. Nesse sentido, ratifica-se a orientação já firmada pela Segunda Turma
do STJ nos seguintes julgados: RCDESP no REsp 1.267.535-DF, DJe 19/3/2012 e AgRg no REsp 1.360.363-ES, DJe
22/11/2013.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.425.594 - ES (2013/0410676-0) RELATORA : MINISTRA REGINA HELENA COSTA RECORRENTE :
GLEISON DA SILVA E OUTROS ADVOGADO : ANDRÉ PIM NOGUEIRA E OUTRO(S) - ES013505 RECORRIDO : ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO PROCURADO RES : PEDRO SOBRINO PORTO VIRGOLINO E OUTRO(S) - ES012242 HARLEN MARCELO REREIRA
DE SOUZA - ES016261 EMENTA ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO. EXAME
PSICOTÉCNICO. SUBJETIVIDADE. EXCLUSÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. CAUSA DE PEDIR
RELACIONADA À ATUAÇÃO DO ÓRGÃO. PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. 1. Em ação ordinária na qual se discute a
exclusão de candidato em concurso público, a legitimidade passiva toca à entidade responsável pela realização,
regulamentação e organização do certame, que, in casu, é o Estado do Espírito Santo. 2.
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A causa de pedir do Recorrente refere-se exclusivamente à atuação do órgão responsável pela elaboração do edital,
não se enquadrando nas hipóteses de atuação da banca examinadora. 3. Provimento ao Recurso Especial.
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JULGADOS IMPORTANTES
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RODADA 13
→ É VEDADO AO RELATOR LIMITAR-SE A REPRODUZIR A DECISÃO AGRAVADA PARA JULGAR IMPROCEDENTE O
AGRAVO INTERNO
RAMO DO DIREITO
PROCESSO
REsp 1.622.386-MT, Rel. Ministra Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/10/2016, DJe 25/10/2016.
TEMA
Julgamento de agravo regimental. Mera reprodução da decisão monocrática. Não apreciação de questões relevantes.
DESTAQUE
É vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno.
Cingiu-se a controvérsia a decidir sobre a invalidade do julgamento proferido, por ausência de fundamentação, a
caracterizar violação do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015. Sustentou-se que tribunal de origem, ao julgar o agravo
regimental que interpusera, limitou-se a reproduzir a decisão monocrática do relator, sem enfrentar os argumentos
deduzidos, capazes de alterar o resultado do julgamento. Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com
minúcias, cada um dos argumentos deduzidos pelas partes, o novo Código de Processo Civil, exaltando os princípios
da cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever, dentre outros, de enfrentar todas as questões capazes de, por
si sós e em tese, infirmar a sua conclusão sobre os pedidos formulados, sob pena de se reputar não fundamentada a
decisão proferida (art. 489, § 1º, IV). Ademais, conforme prevê o § 3º do art. 1.021 do CPC/2015, é vedado ao
relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno, ainda que "com o fito
de evitar tautologia".
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JULGADOS IMPORTANTES
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EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.622.386 - MT (2016/0224914-1) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI RECORRENTE : IARA
DE BRITO NUNES ADVOGADOS : MARCELO ALVES PUGA - MT005058 ANDRESSA ARMELIN E OUTRO(S) - MT018776A
RECORRIDO : ANDERSON LUIS CANALLE RECORRIDO : MARCILEI VERONICA SCHEID CANALLE ADVOGADO : FAUSTINO
ANTONIO A SILVA NETO E OUTRO(S) - MT006707 EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
IMPUGNAÇÃO ACOLHIDA. APELAÇÃO. QUESTÕES PERTINENTES E RELEVANTES NÃO APRECIADAS. AGRAVO INTERNO.
REPRODUÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. ACÓRDÃO NÃO FUNDAMENTADO. VIOLAÇÃO DO ART. 489, § 1º, IV, DO CPC/15. 1.
Impugnação à gratuidade de justiça oferecida em 20/10/2014. Recurso especial interposto em 02/06/2016, concluso ao
gabinete em 30/09/2016. 2. Aplicação do CPC/15, a teor do enunciado administrativo nº 3/STJ. 3. Cinge-se a controvérsia a
decidir sobre a invalidade do julgamento proferido, por ausência de fundamentação, a caracterizar violação do art. 489, § 1º,
IV, do CPC/2015. 4. Conquanto o julgador não esteja obrigado a rebater, com minúcias, cada um dos argumentos deduzidos
pelas partes, o novo Código de Processo Civil, exaltando os princípios da cooperação e do contraditório, lhe impõe o dever,
dentre outros, de enfrentar todas as questões pertinentes e relevantes, capazes de, por si sós e em tese, infirmar a sua
conclusão sobre os pedidos formulados, sob pena de se reputar não fundamentada a decisão proferida. 5. Na hipótese,
mostra-se deficiente a fundamentação do acórdão, no qual é confirmado o indeferimento da gratuidade de justiça, sem a
apreciação das questões suscitadas no recurso, as quais indicam que a recorrente – diferentemente dos recorridos, que
foram agraciados com o benefício – não possui recursos suficientes para arcar com as despesas do processo e honorários
advocatícios. 6. É vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno. 7.
Recurso especial conhecido e provido.
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NOTÍCIA DO STF
RAMO DO DIREITO
PROCESSO
RMS 52.024-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade, julgado em 6/10/2016, DJe 14/10/2016.
TEMA
DESTAQUE
O art. 25 da Lei n. 12.016/2009, que estabelece regra de descabimento de condenação em honorários advocatícios
"no processo mandamental", afasta a incidência do regime do art. 85, § 11, do CPC/2015.
Tratou-se de recurso ordinário interposto contra acórdão denegatório de mandado de segurança não conhecido porque
entre a motivação utilizada como fundamento do julgamento e as razões do recurso que impugna tal decisão não houve
relação de congruência. Pesou considerar que o recurso se orientou pela nova codificação processual, considerando que a
publicação do acórdão da origem foi posterior a 18/3/2016, atraindo a aplicação do Enunciado Administrativo n. 3 do STJ.
Isso imporia como consequência, na hipótese do seu desprovimento, a condenação da recorrente em honorários recursais, a
teor do disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015. No entanto, não é adequada a incidência desse regime ao feito tendo em
conta o disposto no art. 25 da Lei n. 12.016/2009. A interpretação desse preceito sempre pontuou o julgamento da ação de
mandado de segurança, isso sob um regime em que inexistia a conjectura dos honorários
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recursais. Tratando-se o recurso de um desdobramento da tramitação processual que se inicia com a petição inicial,
não há lógica em que no processamento da ação propriamente dita inexista condenação em honorários, mas na fase
recursal consequente isso seja possível. Além disso, o texto do art. 25 da Lei n. 12.016/2009 é claro ao estabelecer que
os honorários advocatícios não cabem no processo mandamental, expressão que reúne a ideia de ação e do
procedimento subjacente, com a petição inicial, as informações da autoridade coatora, a intervenção do Ministério
Público, a prolação de provimento judicial e, ainda, os recursos.
EMENTA DO JULGADO
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RODADA 14
→ NOS CASOS DE INTIMAÇÃO/CITAÇÃO REALIZADAS POR CORREIO, OFICIAL DE JUSTIÇA, OU POR CARTA DE
ORDEM, PRECATÓRIA OU ROGATÓRIA, O PRAZO RECURSAL INICIA-SE COM A JUNTADA AOS AUTOS DO AVISO DE
RECEBIMENTO, DO MANDADO CUMPRIDO, OU DA JUNTADA DA CARTA
PROCESSO REsp 1.632.777-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Corte Especial, por unanimidade, julgado em
17/5/2017, DJe 26/5/2017. (Tema 379)
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Intimação por oficial de justiça, carta rogatória, precatória ou de ordem. Prazo recursal. Início do cômputo. Data
da juntada aos autos.
DESTAQUE
Nos casos de intimação/citação realizadas por correio, oficial de justiça, ou por carta de ordem, precatória ou
rogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou da
juntada da carta.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A controvérsia submetida ao rito dos recursos repetitivos limita-se a definir o termo de início para o cômputo do prazo
recursal nas hipóteses em que a intimação é feita por correio, oficial de justiça ou por carta de ordem, precatória ou
rogatória. Quanto ao tema, o art. 241, II do CPC/1973 preceitua que começa a correr o prazo quando a citação ou
intimação for por oficial de justiça, da data da juntada aos autos do mandado cumprido. Entende-se que, via de regra,
o prazo recursal inicia-se com a intimação. Todavia, sendo a intimação/citação por correio (art. 241, I do CPC/1973,
atual art. 231, I do CPC/2015), oficial de justiça (art. 241, II do CPC/1973, atual art. 231, II do CPC/2015), ou por carta
de ordem, precatória ou rogatória (art. 241, IV do CPC/1973, atual art. 231, VI do CPC/2015), o prazo recursal inicia-se
com a juntada aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido ou da juntada da carta. Esse é o
entendimento adotado por esta Corte Especial, conforme se colhe de alguns julgados, a saber: EREsp 908.045-RS, Rel.
Min. Ari Pargendler, DJe 24.2.2014 e AgInt na CR 10.703-EX, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 15.12.2016. Verifica-se,
portanto, que havendo a intimação por correios, pessoal, ou por carta, o prazo recursal inicia-se da juntada aos autos.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.632.777 - SP (2016/0274376-3) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO : TATIANA CRISTINA SOUTO MINARELO ADVOGADO :
EDERSON RICARDO TEIXEIRA E OUTRO(S) - SP152197 EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO (ART. 543-
C DO CPC/1973 E ART. 1.036 DO CPC/2015). INTIMAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA, CARTA ROGATÓRIA, PRECATÓRIA, OU DE
ORDEM. A DATA DA JUNTADA AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA ASSINALA O
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ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
TERMO INICIAL DA FLUÊNCIA DO PRAZO RECURSAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, CONFORME PARECER DO MPF. 1. O art.
241, II do CPC/1973 (art. 231, II do Código Fux, CPC/2015) preceitua que começa a correr o prazo quando a citação ou
intimação for por oficial de justiça, da data da juntada aos autos do mandado cumprido 2. No caso presente, o acórdão
recorrido (fls. 137/143) teria entendido que o prazo recursal teve início na data do cumprimento do mandado 19.1.2009 (fls.
124) e não da sua juntada ao processo 22.1.2009 (fls. 122), o que ocasionou o reconhecimento da intempestividade dos
Declaratórios opostos no dia 30.1.2009. 3. Contudo, considerando que a parte recorrente tem prazo em dobro para a
interposição de recursos, e o prazo recursal se inicia da juntada do mandado e não do seu cumprimento, os Embargos de
Declaração, opostos no dia 30.1.2009, seriam tempestivos. 4. O Parecer do douto Ministério Público Federal é pelo
provimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial provido para determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional
Federal da 3a. Região para que aprecie os Embargos de Declaração de fls. 126/135. 6. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC/1973 (art. 1.036 do Código Fux, CPC/2015), fixando-se a tese: nos casos de intimação/citação realizadas por
Correio, Oficial de Justiça, ou por Carta de Ordem, Precatória ou Rogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aos autos
do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou da juntada da carta.
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→ A EXIGÊNCIA, PELA FAZENDA PÚBLICA, DE PRESTAÇÃO DE FIANÇA, GARANTIA REAL OU FIDUJOSSÓRIA PARA A
IMPRESSÃO DE NOTAS FISCAIS DE CONTRIBUINTES EM DÉBITO COM O FISCO VIOLA AS GARANTIAS DO LIVRE
EXERCÍCIO DO TRABALHO, OFÍCIO OU PROFISSÃO, DA ATIVIDADE ECONÔMICA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
NOTÍCIA DO STF
O relator do recurso, ministro Marco Aurélio, afirmou ser contrário à coerção para o pagamento de débito tributário.
Para ele, a Fazenda deve buscar o Poder Judiciário visando à cobrança da dívida, via execução fiscal, “mostrando-se
impertinente recorrer a métodos que acabem inviabilizando a própria atividade econômica, como é o relativo à
proibição de as empresas, em débito no tocante a obrigações – principal e acessórias –, vir a emitir documentos
considerados como incluídos no gênero fiscal”.
O relator frisou que a lei contestada permite que a administração pública condicione a autorização de impressão de notas
fiscais, em caso de contribuinte devedor do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a prestação de
fiança, garantia real ou fidejussória, equivalente ao débito estimado do tributo relativo ao período subsequente de seis
meses de operações mercantis presumidas. “Em outras palavras, o sujeito passivo é obrigado a apresentar garantia em
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virtude de débitos passados, mas calculada tendo em conta débitos futuros, incertos quanto à ocorrência e ao
montante”, ressaltou.
Segundo o ministro, essas normas vinculam a continuidade da atividade econômica do contribuinte ao oferecimento
de garantias ou ao pagamento prévio da dívida. “Ante a impossibilidade de impressão de notas fiscais, o contribuinte
encontra-se coagido a quitar pendência sem mais poder questionar o passivo, sob pena de encerrar as atividades”,
salientou, ao acrescentar que “se trata de providência restritiva de direito, complicadora ou mesmo impeditiva, da
atividade empresarial para forçá-lo a adimplir”.
Para o ministro Marco Aurélio, o Estado não pode privar o cidadão “do meio idôneo estabelecido no arcabouço
normativo e informado pelo princípio da ampla defesa, o executivo fiscal, para utilizar em substituição a mecanismos
indiretos mais opressivos de cobrança de tributos”. Atuando dessa forma, prossegue o ministro, o Estado desrespeita
o devido processo legal, “tanto na dimensão processual quanto na substancial”.
Por fim, o ministro avaliou que cabe ao Supremo afastar restrições excessivas e abusivas, apenas toleráveis em um
contexto ditatorial. De acordo com ele, não há dúvida de que o preceito questionado contraria os dispositivos
constitucionais evocados, ou seja, a garantia do livre exercício do trabalho, ofício ou profissão e de qualquer atividade
econômica, assim como o devido processo legal. O relator citou, como precedente, o RE 413782.
Dessa forma, o ministro Marco Aurélio deu provimento ao recurso para deferir a solicitação, assegurando o direito da
empresa à obtenção de autorização para impressão de talonários de notas fiscais, independentemente de prestação
de fiança, garantia real ou outra fidejussória. Ele declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 42 da
Lei 8.820/1989, do Estado do Rio Grande do Sul.
- Leia a íntegra do voto do relator, ministro Marco
Aurélio. EC/AD
Processos relacionados
RE 565048
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ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
no art. 39”). Discutia-se eventual configuração de sanção política em decorrência do condicionamento de expedição
de notas fiscais mediante a oferta de garantias pelo contribuinte inadimplente com o fisco. No caso, a Corte de origem
dera provimento parcial à apelação interposta pelo Fisco para reconhecer a constitucionalidade da Lei gaúcha
8.820/1989. Dessa forma, autorizara a impressão de talonários de notas fiscais de contribuinte em mora somente
após a prestação, pelo devedor, de fiança idônea, garantia real ou outra fidejussória capaz de cobrir obrigações
tributárias futuras decorrentes de operações mercantis presumidas.
RE 565048/RS, rel. Min. Marco Aurélio. 29.5.2014. (RE-565048)
Exigência de garantia para impressão de nota fiscal - 2
O Colegiado consignou que o aludido dispositivo legal vincularia a continuidade da atividade econômica do contribuinte em
mora ao oferecimento de garantias ou ao pagamento prévio do valor devido a título de tributo. Mencionou que, ante a
impossibilidade de impressão de talonário de notas fiscais, salvo garantia prevista com base em débitos ainda não existentes,
o contribuinte encontrar-se-ia coagido a quitar a pendência sem poder questionar o passivo, o que poderia levar ao
encerramento de suas atividades. Aludiu que se trataria de providência restritiva de direito, complicadora ou mesmo
impeditiva da atividade empresarial do contribuinte para forçá-lo ao adimplemento dos débitos. Sublinhou que esse tipo de
medida, denominada pelo Direito Tributário, sanção política, desafiaria as liberdades fundamentais consagradas na
Constituição, ao afastar a ação de execução fiscal, meio legítimo estabelecido pela ordem jurídica de cobrança de tributos
pelo Estado. Realçou que, ao assim proceder, o Estado incorreria em desvio de poder legislativo. Rememorou precedente em
que assentada a inconstitucionalidade de sanções políticas por afrontar o direito ao exercício de atividades econômicas e
profissionais lícitas, bem como por ofensa ao devido processo legal substantivo em virtude da falta de proporcionalidade e
razoabilidade dessas medidas gravosas que objetivariam substituir os mecanismos de cobrança de créditos tributários. O
Tribunal, ademais, ressaltou o teor dos Enunciados 70 (“É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo
para cobrança de tributo”), 323 (“É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de
tributos”) e 547 (“Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias
nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais”) de sua Súmula. Precedentes citados: ADI 173/DF (DJe de 20.9.2009) e
RE 413.782/SC (DJU de 1º.4.2005). RE 565048/RS, rel. Min. Marco Aurélio. 29.5.2014. (RE-565048)
EMENTA DO JULGADO
TRIBUTO – ARRECADAÇÃO – SANÇÃO POLÍTICA. Discrepa, a mais não poder, da Carta Federal a sanção política
objetivando a cobrança de tributos – Verbetes nº 70, 323 e 547 da Súmula do Supremo. TRIBUTO – DÉBITO – NOTAS
FISCAIS – CAUÇÃO – SANÇÃO POLÍTICA – IMPROPRIEDADE. Consubstancia sanção política visando o recolhimento de
tributo condicionar a expedição de notas fiscais a fiança, garantia real ou fidejussória por parte do contribuinte.
Inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 42 da Lei nº 8.820/89, do Estado do Rio Grande do Sul.
(RE 565048, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-197 DIVULG 08-10-2014 PUBLIC 09-10-2014)
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RODADA 15
→ SÃO IMUNES À INCIDÊNCIA DO IPVA OS VEÍCULOS AUTOMOTORES PERTENCENTES À EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT
NOTÍCIA DO STF
Processos relacionados
ACO 879
RE 601392
235
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ação cível originária na qual a referida empresa pública buscava o afastamento da exigibilidade do IPVA cobrado
por Estado-membro, bem como das sanções decorrentes do não pagamento do tributo, tendo em conta o alegado
desempenho de atividades típicas de serviço público obrigatório e exclusivo. A Corte reafirmou sua jurisprudência no
sentido de ser aplicável a imunidade tributária recíproca em favor da ECT, inclusive em relação ao IPVA, reiterado o
quanto decidido no RE 601.392/PR (DJe de 5.6.2013), na ACO 819 AgR/SE (DJe de 5.12.2011) e na ACO 803 AgR/SP
(acórdão pendente de publicação). Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que julgava improcedente o pedido.
Destacava que só se poderia cogitar de imunidade recíproca quando houvesse possibilidade jurídica de ser, a um só
tempo, sujeito passivo e sujeito ativo tributário, o que não ocorreria com as pessoas jurídicas de direito privado, como
a ECT.
ACO 879/PB, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26.11.2014. (ACO-879)
EMENTA DO JULGADO
(ACO 879, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado
em 26/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-027 DIVULG 09-02-2015 PUBLIC 10-02-2015)
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RODADA 16
→ AS TAXAS MUNICIPAIS DE FISCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO NÃO PODEM TER COMO BASE DE CÁLCULO
O NÚMERO DE EMPREGADOS OU RAMO DE ATIVIDADE EXERCIDA PELO CONTRIBUINTE
NOTÍCIA DO STF
No caso do autos, no entanto, a base é o número de funcionários e a atividade desempenhada. O relator lembrou que
há situações análogas em que o Supremo já decidiu que o número de empregados não é critério válido para a fixação
das taxas de funcionamento e fiscalização.
O voto do relator pelo desprovimento do recurso, mantendo assim o acórdão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região
que julgou ilegal a base de cálculo fixada pelo Município de São Paulo, foi seguido por maioria. Ficou vencido o ministro
Edson Fachin.
FT/AD
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma, por maioria, negou provimento a agravo em que se discutiu a
legitimidade da Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos (TFE), instituída pela Lei 13.477/2002 do Município de São
Paulo.
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No caso, o recorrente alegou que a base de cálculo da TFE é o custo do exercício do poder de polícia e que a lei paulistana
utilizou como critério para aferição justa desse custo o tipo de atividade desenvolvida no estabelecimento. Aduziu, ainda,
que o custo da fiscalização municipal é diretamente proporcional à atividade desenvolvida pelo contribuinte.
A Turma afirmou não ser possível o conhecimento da matéria relativa à Lei 13.647/2003, que teria introduzido
critérios secundários para diferenciar o tamanho de estabelecimentos dedicados a uma mesma atividade. O tema não
foi debatido pelo tribunal de origem e o recorrente levantou a questão apenas em sede de agravo regimental
manejado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Vencido o ministro Edson Fachin, que proveu parcialmente o agravo, para determinar a exigibilidade da referida taxa
nos exercícios de 2003, 2004 e 2005. Pontuou que o critério adotado pela lei municipal é objetivo e permite presunção
razoável do custo de fiscalização do estabelecimento por parte do Município. Dessa forma, é constitucional a adoção
de valores fixos retirados da atividade econômica do contribuinte para a mensuração do “quantum debeatur” de taxa.
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RODADA 17
→ O PEDÁGIO COBRADO PELA EFETIVA UTILIZAÇÃO DE RODOVIAS NÃO TEM NATUREZA TRIBUTÁRIA, MAS DE
PREÇO PÚBLICO, CONSEQUENTEMENTE, NÃO ESTÁ SUJEITO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA
NOTÍCIA DO STF
Na ação, o PSB sustentava que a cobrança de pedágio somente pode ser instituída por lei (legalidade estrita), por
tratar-se, segundo ele, de taxa, uma espécie de tributo, e não de preço público. Portanto, o decreto impugnado
estaria sujeito aos princípios constitucionais da legalidade e da anterioridade. No julgamento, entretanto, os ministros
presentes à sessão seguiram o voto do relator, ministro Teori Zavascki, segundo o qual pedágio é preço público e,
portanto, não está sujeito a tais princípios. E a razão, segundo ele, é que tributo é compulsório, enquanto o preço
público somente é cobrado pelo uso efetivo e voluntário do serviço público prestado.
O ministro lembrou também, em seu voto, que o artigo 150, inciso V, da Constituição Federal, ao vedar o
estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas e bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
ressalva dessa limitação a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
A título de diferenciação entre taxa e preço público, o relator lembrou que o selo-pedágio, instituído pela Lei
7.712/1988 e revogado pela Lei 8.075/1990, esse sim tinha caráter de tributo, uma vez que era compulsório, cobrado
anualmente, independentemente do uso ou não de rodovia federal.
O ministro citou ainda precedentes em que o Supremo decidiu, também, que tanto os serviços de fornecimento de
água quanto os de eletricidade são preços públicos, por entender que também a eles se aplica o critério da
voluntariedade, e não o da compulsoriedade. Assim, o Plenário confirmou decisão anterior na qual indeferiu medida
cautelar pleiteada na ADI, pelos mesmos motivos que prevaleceram no julgamento de hoje. FK/AD
Processos relacionados
ADI 800
INFORMATIVO 750 DO STF
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improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra o Decreto 34.417/1992, do Estado do Rio Grande do Sul,
que autoriza a cobrança de pedágio em rodovia estadual. O Tribunal recordou que a Constituição autoriza a cobrança de
pedágio (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: …V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público”). Rememorou que essa norma reproduziria, em linhas gerais, regra semelhante contida nas Constituições de
1946 e 1967. Ressalvou, contudo, que a EC 1/1969 não repetira a parte final dessa disposição (“Art. 19. É vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais”). Ressaltou que a falta de referência à cobrança de pedágio, no
regime constitucional precedente despertara a controvérsia a respeito da natureza dessa exação — se tributária ou não
tributária —, divergência que persistiria, especialmente no âmbito doutrinário. Afirmou que os defensores da natureza
tributária, da subespécie taxa, o fariam sob os seguintes fundamentos: a) a referência ao pedágio, nas limitações
constitucionais ao poder de tributar; b) o pagamento de um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição; e c) a impossibilidade de remunerar serviços públicos por meio outro que não o de taxa. Aludiu,
entretanto, que os defensores da natureza contratual da exação como preço público o fariam com base nas seguintes
considerações: a) a inclusão no texto constitucional apenas esclareceria que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego
de pessoas ou bens, poderia, excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada; b) a ausência de
compulsoriedade na utilização de rodovias; e c) a cobrança se daria em virtude da utilização efetiva do serviço, e não
seria devida com base no seu oferecimento potencial.
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
ADI: pedágio e preço público - 2
A Corte realçou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei
7.712/1988, reconhecido como taxa pelo STF. Lembrou, porém, que essa exação seria compulsória a todos os usuários
de rodovias federais, por meio de pagamento renovável mensalmente, independentemente da frequência de uso,
cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição. Consignou haver profundas diferenças entre o citado “selo-pedágio” e o pedágio, na forma em que
atualmente disciplinado. Asseverou que esse último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse efetivo
uso da rodovia, o que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em valor fixo, independentemente do
número de vezes que o contribuinte fizesse uso das estradas durante o mês. Destacou que o enquadramento do pedágio
como taxa ou preço público independeria de sua localização topológica no texto constitucional, mas seria relacionado ao
preenchimento, ou não, dos requisitos previstos no art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”).
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
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JULGADOS IMPORTANTES
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O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza jurídica do pedágio, a existência, ou
não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia,
indiretamente, limitar o tráfego de pessoas. Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por
insuficiência de recursos, o Estado não construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as existentes.
Ponderou que, diante dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo
Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente acarretar. Registrou,
assim, que a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança de pedágio não
seria uma exigência constitucional, tampouco estaria prevista em lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear
para identificar e distinguir taxa e preço público seria o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente na
segunda espécie. Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e taxas
não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”).
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92,
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva utilização de
rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da
Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição,
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente.
(ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-125
DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014)
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PARTE 03
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RODADA 01
RAMO DO DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO
PROCESSO
REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 15/9/2016, DJe 11/10/2016.
TEMA
Obras de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. Alegação da Teoria da Reserva do Possível.
DESTAQUE
É essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, o direito de pessoas com necessidades especiais poderem
frequentar universidade pública, razão pela qual não pode a instituição alegar a incidência da cláusula da reserva do
possível como justificativa para sua omissão em providenciar a conclusão de obras de adaptação em suas
edificações e instalações.
Tratou-se de ação civil pública proposta por Ministério Público Federal contra Universidade Federal com o escopo de
obrigar a instituição de ensino a iniciar as obras de adaptação de todas as suas edificações para permitir sua utilização
por pessoas portadoras de necessidade especiais.
No campo dos direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, o juiz não se deve impressionar nem se sensibilizar com
alegações de conveniência e oportunidade trazidas pelo administrador relapso. A ser diferente, estaria o Judiciário a fazer
juízo de valor ou político em esfera na qual o legislador não lhe deixou outra possibilidade de decidir que não seja a de exigir
o imediato e cabal cumprimento dos deveres, completamente vinculados, da Administração Pública. Se um
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direito é qualificado pelo legislador como de absoluta prioridade, deixa de integrar o universo de incidência da reserva
do possível, já que a sua possibilidade é, preambular e obrigatoriamente, fixada pela Constituição ou pela lei.
Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial, inexistirá empecilho jurídico para
que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários do ente político,
principalmente quando não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.
EMENTA DO JULGADO
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RODADA 02
→ O “HABEAS DATA” É A GARANTIA CONSTITUCIONAL ADEQUADA PARA A OBTENÇÃO, PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE,
DOS DADOS CONCERNENTES AO PAGAMENTO DE TRIBUTOS CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE APOIO À
ARRECADAÇÃO DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA DOS ENTES ESTATAIS
REPERCUSSÃO GERAL
O “habeas data” é a garantia constitucional adequada para a obtenção, pelo próprio contribuinte, dos dados
concernentes ao pagamento de tributos constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.
Essa a conclusão do Plenário, que proveu recurso extraordinário em que discutida a possibilidade de o contribuinte,
por meio do aludido remédio constitucional, acessar todas as anotações incluídas nos arquivos da Receita Federal,
com relação a todos os tributos de qualquer natureza por ele declarados e controlados pelo Sistema Integrado de
Cobrança - Sincor, ou qualquer outro, além da relação de pagamentos efetuados para a liquidação desses débitos,
mediante vinculação automática ou manual, bem como a relação dos pagamentos sem liame com débitos existentes.
No caso, o recorrente, ao intentar obter informações relativas às anotações constantes dos arquivos da Receita
Federal, tivera o pedido negado, tendo em vista esses dados não se enquadrarem, supostamente, na hipótese de
cadastro público. O Colegiado afirmou que o “habeas data” seria ação constitucional voltada a garantir o acesso de
uma pessoa a informações sobre ela, constantes de arquivos ou bancos de dados de entidades governamentais ou
públicas (CF, art. 5º, LXXII, a). Estaria à disposição dos cidadãos para que pudessem implementar direitos subjetivos
obstaculizados, alcançáveis por meio do acesso à informação e à transmissão de dados. A sua regulamentação legal
(Lei 9.507/1997) demonstraria ser de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que
fossem ou que pudessem ser transmitidas a terceiros, ou que não fossem de uso privativo do órgão ou entidade
produtora ou depositária dessas informações. A lei não teria por objetivo negar a seu próprio titular o conhecimento
das informações que a seu respeito estivessem cadastradas junto às entidades depositárias. Pretenderia, na verdade,
restringir a divulgação a outros órgãos ou a terceiros.
No caso, o Sincor registraria os dados de apoio à arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos existentes acerca
dos contribuintes. Enquadrar-se-ia, assim, no conceito mais amplo de arquivos, bancos ou registros de dados, entendidos em
sentido “lato”, para abranger tudo que dissesse respeito ao interessado, direta ou indiretamente. Os legitimados ativos para
a propositura da ação seriam pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras. Em relação aos contribuintes, seria
assegurado o direito de conhecer as informações que lhes dissessem respeito em bancos de dados públicos ou de
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caráter público, em razão da necessidade de preservar seu nome, planejamento empresarial, estratégia de
investimento e, em especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, entre outras. Assim, essas informações
não seriam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária, mas diriam respeito ao próprio
contribuinte. Seria diferente se fossem requeridas pelos contribuintes informações sobre o planejamento estratégico
do órgão fazendário, a ensejar o desprovimento do recurso.
Entretanto, os extratos atinentes às anotações constantes do Sincor e outros sistemas informatizados de apoio à
arrecadação federal, quanto ao pagamento de tributos federais, não envolveriam a hipótese de sigilo legal ou
constitucional, uma vez requeridos pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios.
Nesse sentido, dever-se-ia entender como possível a impetração do “habeas data” de forma a esclarecer à pessoa
física ou jurídica os valores por ela pagos a título de tributos ou qualquer outro tipo de pagamento constante dos
registros da Receita Federal ou qualquer outro órgão fazendário das entidades estatais.
RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE-673707)
O Plenário destacou que o Estado não poderia deter em seus registros ou bancos de dados informações dos
contribuintes e se negar a fornecê-los a quem de direito. As informações fiscais relativas ao próprio contribuinte, se
sigilosas, deveriam ser protegidas da sociedade em geral, mas não de quem elas se referissem (CF, art. 5º, XXXIII). O
texto constitucional não deixaria dúvidas de que o “habeas data” protegeria a pessoa não só em relação aos bancos
de dados das entidades governamentais, como também em relação aos bancos de caráter público geridos por pessoas
privadas. Nesse sentido, o termo “entidades governamentais” seria uma expressão que abrangeria órgãos da
administração direta e indireta. Logo, a expressão “entidades de caráter público” não poderia referir-se a organismos
públicos, mas a instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestassem serviços para o público ou o
interesse público. Portanto, afirmar a suposta ausência de caráter público não constituiria argumento idôneo a
impedir o acesso às informações e consequentemente indeferir o “habeas data”, haja vista ser o cadastro mantido por
entidade governamental, qual seja, a Receita Federal, e não por pessoa privada.
Por outro lado, não se sustentaria o argumento da União no sentido de que, na espécie, inexistiria interesse de agir, já
que as informações solicitadas pela impetrante seriam as mesmas já repassadas por ela própria ao Fisco.
Na atual sociedade de risco, os contribuintes estariam submetidos a uma imensa gama de obrigações tributárias
principais e acessórias, que implicariam o pagamento de diversos tributos e o preenchimento de diversas declarações,
o que, por si só, já seria suficiente para permitir o acesso a todos os sistemas de apoio à arrecadação, de forma a
permitir melhor controle dos pagamentos e do cumprimento dessas obrigações principais e acessórias.
Assim, ainda que se admitisse que a empresa deveria possuir os dados a serem prestados pela Receita Federal do Brasil, esse
fato, por si só, não obstaria o seu interesse no conhecimento das informações contidas nos sistemas informatizados de apoio
à arrecadação, para fins de aferição do fiel cumprimento de suas obrigações, o que se justificaria diante da transparência que
deveria revestir as informações atinentes aos pagamentos efetuados pelo próprio contribuinte.
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Outrossim, o acesso pleno à informação contida em banco de dados públicos, em poder de órgãos públicos ou
entidades privadas, seria a nova baliza constitucional a ser colmatada por processo de concretização constitucional,
tese esta corroborada pela Lei 12.527/2011 - Lei de Acesso à Informação (LAI). Essa lei regula o acesso a informações
previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37, e no § 2º do art. 216 da CF, subordinando todos os
órgãos públicos integrantes da Administração Direta. O novel diploma destinar-se-ia a assegurar o direito fundamental
de acesso à informação, em conformidade com os princípios básicos da Administração Pública, previstos no art. 37 da
CF, tendo como diretriz fundamental a observância da publicidade, como preceito geral, e do sigilo, como exceção.
Nessa senda, caberia aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos
aplicáveis, assegurar a gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação quanto às
informações fiscais de interesse dos próprios contribuintes que as requeressem. O acesso à informação tratada pela
lei em comento compreenderia, entre outros, os direitos de obter informação contida em registros ou documentos,
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos (LAI, art. 7º), o que se
aplicaria com perfeição ao caso concreto.
RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE-673707)
A Corte apontou, por fim, que seriam improcedentes a ALEGAÇÕES DA FAZENDA NACIONAL SEGUNDO AS QUAIS: A) O
SINCOR NÃO PODERIA SER CONSIDERADO UM BANCO DE DADOS DE CARÁTER PÚBLICO, POIS SE TRATARIA DE
SISTEMA INFORMATIZADO DE CONTROLE INTERNO DO ÓRGÃO; B) OS CHAMADOS PAGAMENTOS “NÃO ALOCADOS
(DISPONÍVEIS OU NÃO VINCULADOS)” REQUERIDOS PELO CONTRIBUINTE SERIAM, NA VERDADE, DINÂMICOS,
EFÊMEROS E TEMPORÁRIOS, DESTITUÍDOS DE CARÁTER DEFINITIVO POR CONTA DE FALTA DE ANÁLISE E DEPURAÇÃO
POR AUDITOR-FISCAL; C) AS INFORMAÇÕES SERIAM INÚTEIS COMO PROVA DE EVENTUAL PAGAMENTO INDEVIDO, A
SER UTILIZADA NO ÂMBITO DE AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO, EM FACE DE SEU CARÁTER PROVISÓRIO; D) O
“HABEAS DATA” SERIA DESNECESSÁRIO PARA A OBTENÇÃO DAS INFORMAÇÕES ACERCA DOS SEUS DÉBITOS
TRIBUTÁRIOS E PAGAMENTOS REALIZADOS, POSTO QUE O CONTRIBUINTE DEVERIA TÊ-LOS EM SUA CONTABILIDADE;
E E) O RISCO PARA A ORDEM ADMINISTRATIVA DECORRENTE DO EFEITO MULTIPLICADOR DE EVENTUAL PRECEDENTE
NO SENTIDO DO CABIMENTO DO “HABEAS DATA” NA HIPÓTESE.
Na realidade, e em contraponto a essas alegações da Fazenda, a validade jurídica das informações e seu peso probatório
deveriam ser aquilatados pelo contribuinte, à luz de sua contabilidade e perspectivas de êxito em eventual ação de repetição
do indébito. Mesmo que ainda não estivessem depuradas pela Receita Federal do Brasil, a informações obtidas poderiam
auxiliar os contribuintes quanto ao controle de seus pagamentos. O juízo de valor sobre o teor probante dessas informações
não seria objeto do recurso em comento. Outrossim, a classificação dos pagamentos como “não alocados’, “disponíveis” ou
“não vinculados”, interessaria em especial à Fazenda Nacional, como instrumento de aferição dos dados do sistema
informatizado, de forma a obter controle da arrecadação e do adimplemento das obrigações tributárias principais e
acessórias pelos contribuintes. A conclusão do “status” definitivo desses pagamentos seria responsabilidade
249
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JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
do contribuinte quando em confronto com os livros contábeis e fiscais de escrituração obrigatória. A transparência
dessas informações, por si só, não geraria direito subjetivo à repetição do indébito, que deveria ser corroborada por
suporte probatório idôneo. Porém, a transparência dessas informações se justificaria em razão das múltiplas
inconsistências que poderiam advir do controle e tratamento informatizado desses dados. O contribuinte não
postularia diretamente prova de eventual pagamento indevido, a ser utilizada em futura ação de repetição de
indébito, mas a possibilidade de controlar, via transparência das informações fiscais, os pagamentos implementados.
Ou seja, permitir o acesso ao sistemas de controle de pagamentos não significaria criar obrigação jurídica para a
Fazenda Nacional ou, ainda, direito subjetivo do contribuinte a utilizar essa informação bruta em futura ação de
repetição de indébito. Sob outro aspecto, um direito subjetivo do contribuinte, amparado em dispositivo
constitucional, não poderia ser negado sob a argumentação de que a administração fazendária não estaria preparada
para atendê-lo. Na verdade, a solução reclamaria lógica inversa, ou seja, a Fazenda Nacional deveria adaptar-se para
cumprir os comandos constitucionais, ainda que isso a onerasse administrativamente. Ademais, os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade seriam violados pelo próprio Estado, por meio da administração fazendária, ao
não se permitir ao contribuinte o acesso a todas as informações fiscais inerentes aos seus deveres e ao cumprimento
de suas obrigações tributarias principais e acessórias. No Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal do
Brasil/E-CAC já se poderia ver na internet, por meio do sítio da Receita Federal do Brasil, as informações decorrentes
de processamento de declarações, pagamentos de imposto de renda retido na fonte, entre outras informações que
seriam cada vez mais controladas por esse órgão. Por esse viés, bastaria permitir o acesso do contribuinte ao Sincor
pela mesma via eletrônica disponibilizada para ele cumprir as suas obrigações. Na nova ordem constitucional
instaurada pela CF/1988 o contribuinte teria deixado de ser o objeto da tributação para tornar-se sujeito de direitos.
RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, 17.6.2015. (RE-673707)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97.
ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS.
SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO
CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos
fundamentais, encerra amplo espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta
pós-positivista de 1988. 2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia constitucional
adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos
sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.” 3. O Sistema de
Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido também como SINCOR, registra os dados de apoio à
arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes. 4. O caráter público
de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não
sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das
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JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97). 5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo,
abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados deve ser
entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto,
causando-lhe dano ao seu direito de privacidade.(...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo
Wolfgang Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013, p.487. 6. A legitimatio ad
causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto
garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas. 7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito
de conhecer as informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da
necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial, estratégia de investimento e, em especial, a
recuperação de tributos pagos indevidamente, verbis: Art. 5º. …LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, considerado como um writ, uma garantia, um remédio constitucional à disposição
dos cidadãos para que possam implementar direitos subjetivos que estão sendo obstaculados. 8. As informações fiscais
conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa em que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral,
segundo os termos da lei ou da constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à
informação do art. 5º, inciso XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub examine, verbis: Art. 5º.…XXXIII - todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do
Brasil os extratos atinentes às anotações constantes do Sistema de Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-SINCOR, o Sistema
Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação
federal, no que tange aos pagamentos de tributos federais, informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou
constitucional, posto que requerida pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios. 10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao
recurso extraordinário. (RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)
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RODADA 03
→ NÃO SÃO NULAS AS PROVAS OBTIDAS POR MEIO DE REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE INFORMAÇÕES
BANCÁRIAS DE TITULARIDADE DE PREFEITURA MUNICIPAL PARA FINS DE APURAR SUPOSTOS CRIMES PRATICADOS
POR AGENTES PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
EMENTA DO JULGADO
HABEAS CORPUS Nº 308.493 - CE (2014/0288406-3) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA IMPETRANTE
: SAMMUEL DAVID DE ANDRADE MEDEIROS E BARBOSA E OUTROS ADVOGADO : SAMMUEL DAVID DE ANDRADE MEDEIROS
E BARBOSA E OUTRO(S) IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ PACIENTE : SAMUEL CARLOS TENORIO
ALVES DE ALENCAR EMENTA HABEAS CORPUS . DENÚNCIA RECEBIDA NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ. CRIMES, EM
TESE, PRATICADOS POR AGENTES PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO (QUADRILHA, LICITAÇÕES, E DECRETO LEI N.
201/1967). ALEGAÇÃO DE ILICITUDE DA PROVA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ENTE PÚBLICO.
DESNECESSIDADE. PROTEÇÃO À INTIMIDADE/PRIVACIDADE. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E DA
MORALIDADE PÚBLICA. REQUISIÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DE MOVIMENTAÇÃO DA CONTA-CORRENTE DO MUNICÍPIO
DE POTENGI/CE. POSSIBILIDADE. 1. Encontra-se pacificada na doutrina pátria e na
jurisprudência dos Tribunais Superiores que o sigilo bancário constitui espécie do direito à intimidade/privacidade,
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consagrado no art. 5º, X e XII, da Constituição Federal. 2. No entanto, as contas públicas, ante os princípios da
publicidade e da moralidade (art. 37 da CF), não possuem, em regra, proteção do direito à intimidade/privacidade,
e, em consequência, não são protegidas pelo sigilo bancário. Na verdade, a intimidade e a vida privada de que trata
a Lei Maior referem-se à pessoa humana, aos indivíduos que compõem a sociedade, e às pessoas jurídicas de
Direito privado, inaplicáveis tais conceitos aos entes públicos. 3. Assim, conta-corrente de titularidade de Prefeitura
Municipal não goza de proteção à intimidade/privacidade, tampouco do sigilo bancário, garantia constitucional das
pessoas naturais e aos entes particulares. 4. Nessa linha de raciocínio, lícita a requisição pelo Ministério Público de
informações bancárias (emissão de cheques e movimentação financeira) de titularidade da Prefeitura Municipal de
Potengi/CE, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. 5.
"Operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão abrangidas pelo sigilo bancário a que alude a Lei
Complementar nº 105/2001, visto que as operações dessa espécie estão submetidas aos princípios da administração
pública insculpidos no art. 37 da Constituição Federal" (MS-33.340/STF, Relator Ministro LUIZ FUX, 1ª Turma, DJe de
3/8/2015). 6. Habeas corpus denegado.
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RODADA 04
→ O ENTE DESAPROPRIANTE NÃO RESPONDE POR TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE O IMÓVEL DESAPROPRIADO NAS
HIPÓTESES EM QUE O PERÍODO DE OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES É ANTERIOR AO ATO DE AQUISIÇÃO
ORIGINÁRIA DA PROPRIEDADE
PROCESSO REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade, julgado em 8/6/2017, DJe
14/6/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
TEMA Desapropriação. Aquisição originária de propriedade. Exigibilidade de tributos anteriores ao ato
O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas hipóteses em que o
período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A questão trazida à colação trata de sucessão tributária, em decorrência da desapropriação de imóvel pertencente à
empresa privada pela União Federal, visto que os débitos, objetos de cobrança em execução fiscal promovida por fazenda
municipal, tem como fundamento fatos geradores ocorridos em momento pretérito à ocorrência da imissão na posse,
relativos ao Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e Taxa de Limpeza Pública de Coleta de Resíduos Sólidos.
Primeiramente, cumpre referir que o art. 34 do CTN considera contribuintes do IPTU o proprietário do imóvel, o titular
do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Por seu turno, da análise dos artigos 130 e 131, I, do CTN,
extrai-se que o comprador do imóvel se sub-roga nos direitos e obrigações que decorrem da aquisição, ou seja, se
torna pessoalmente responsável pelos impostos referentes ao bem adquirido. No mesmo sentido, as taxas de limpeza
pública de coleta de resíduos sólidos estão vinculadas ao imóvel, ou seja, são obrigações propter rem,
independentemente de quem seja o proprietário, detentor do domínio útil ou possuidor. Noutra quadra, a
desapropriação, de acordo com doutrina, "(...) é forma originária de aquisição da propriedade, porque não provém de
nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação e libera-se de quaisquer
ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando os eventuais credores sub-rogados no preço". Extrai-se,
portanto, que a propriedade adquirida em decorrência da desapropriação desvincula-se dos títulos dominiais
pretéritos e não mantém nenhuma ligação com estes, o que impede a imposição de ônus tributário sobre o bem por
quem quer que seja, nos termos do artigo 35 do Decreto-Lei n. 3.365/1941.
À vista desse entendimento e considerando que à legislação tributária é vedado alterar a definição, o conteúdo e o alcance
dos institutos, conceitos e formas de direito privado (art. 110 do CTN), conclui-se ser inexigível perante à União,
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JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
os créditos tributários incidentes sobre o imóvel expropriado, devendo eventuais direitos creditórios em favor da
exequente ser imputados ao expropriado.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.668.058 - ES (2017/0091513-2) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES RECORRENTE :
MUNICÍPIO DE VITÓRIA PROCURADOR : LEONARDO ZEHURI TOVAR E OUTRO(S) - ES010147 RECORRIDO : UNIÃO EMENTA
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ. DESAPROPRIAÇÃO. AQUISIÇÃO
ORIGINÁRIA DE PROPRIEDADE. EXIGIBILIDADE DE TRIBUTOS ANTERIORES À AO ATO DESAPROPRIATÓRIO. AUSÊNCIA DE
RESPONSABILIDADE DO ENTE EXPROPRIANTE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. No caso em tela o recorrente exige do
ente expropriante, em execução fiscal, os tributos (IPTU e Taxa de Limpeza Pública de Coleta de Resíduos Sólidos) incidentes
sobre o imóvel desapropriado, derivados de fatos geradores ocorridos anteriormente ao ato expropriatório. 2. Considerando
o período de ocorrência do fato gerador de tais tributos, e, levando-se em consideração que a desapropriação é ato de
aquisição originária de propriedade, não há a transferência de responsabilidade tributária prevista no artigo 130 do CTN ao
ente expropriante. 3. Recurso especial não provido.
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RODADA 05
→ A AÇÃO RESCISÓRIA, QUANDO BUSCA DESCONSTITUIR SENTENÇA CONDENATÓRIA QUE FIXOU HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS, DEVE SER PROPOSTA NÃO APENAS CONTRA O TITULAR DO CRÉDITO PRINCIPAL
FORMADO EM JUÍZO, MAS TAMBÉM CONTRA O ADVOGADO EM FAVOR DE QUEM FOI FIXADA A VERBA HONORÁRIA
PROCESSO REsp 1.651.057-CE, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 16/5/2017, DJe 26/5/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Ação rescisória. Legitimidade passiva. Honorários sucumbenciais. Litisconsórcio passivo necessário entre parte
no processo e o seu advogado.
DESTAQUE
A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que fixou honorários advocatícios
sucumbenciais, deve ser proposta não apenas contra o titular do crédito principal formado em juízo, mas também
contra o advogado em favor de quem foi fixada a verba honorária.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Cinge-se a discussão a saber se os advogados que patrocinaram a parte vencedora, em favor dos quais foram fixados
honorários advocatícios sucumbenciais, devem ou não figurar como litisconsortes passivos na ação rescisória intentada
para desconstituir o título executivo judicial que se formou. Inicialmente, cabe salientar que o diploma processual civil não
traz nenhuma norma positiva expressa acerca da legitimidade passiva para a ação rescisória. Tanto o art. 487 do CPC/73,
como o art. 967 do NCPC, tratam apenas e tão somente da responsabilidade ativa - razão pela qual, para a solução da lide,
devem incidir as regras normais da legitimidade passiva extraídas da teoria geral do processo. Assim sendo, a definição dos
legitimados passivos na ação rescisória deve se dar da mesma maneira como ocorre nas demandas em geral, visto se tratar
de um meio autônomo de impugnação das decisões judiciais. Para saber quem deve figurar como réu é preciso atentar,
portanto, para aquele que terá ou poderá ter seus direitos, concretamente definidos pela sentença rescindenda, afetados
pelo julgamento a ser proferido. O principal critério a ser considerado é, portanto, o pedido deduzido no juízo rescisório.
Conforme informado pela teoria da asserção, devem estar no polo passivo da demanda todos aqueles e somente aqueles
que possam ser afetados pelo provimento do pedido. Se a legitimidade passiva é definida, essencialmente, a partir do pedido
formulado, não há nenhum obstáculo de ordem técnico-jurídica que impeça a atribuição da legitimidade passiva a quem não
tenha sido parte no processo matriz. Desde que essa pessoa tenha obtido, por meio da sentença rescindenda, a certificação
de uma situação jurídica que lhe seja favorável, terá ela interesse na manutenção do decisum, ostentando, por isso,
legitimidade passiva para figurar na ação rescisória. Isso sucederá, por exemplo, quando a ação rescisória buscar
desconstituir somente o capítulo da sentença que fixou os honorários advocatícios. Nessa situação, o titular do direito
material discutido na ação rescisória, haja vista o art. 23 da
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JULGADOS IMPORTANTES
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Lei n. 8.906/94, é o próprio advogado, e não a parte cujos interesses ele patrocinou. Assim, se o advogado pode vir a
ser implicado com o julgamento da ação rescisória, detém, inegavelmente, legitimidade passiva para a causa.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.651.057 - CE (2017/0014013-2) RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO RECORRENTE : BANCO
DO NORDESTE DO BRASIL SA. ADVOGADO : TERESA NOEMI DE A. ARRAES DUARTE - CE003869 RECORRIDO : CLÓVIS
PEREIRA LIMA E OUTROS RECORRIDO : JOSE CARLOS MEIRELES DE FREITAS RECORRIDO : ANDRÉA SABÓIA MEDEIROS
RECORRIDO : HAMILTON GONCALVES SOBREIRA RECORRIDO : FERNANDO AUGUSTO CORREIA CARDOSO FILHO
ADVOGADOS : JOSÉ CARLOS M DE FREITAS - CE002790 FERNANDO AUGUSTO CORREIA C FILHO (EM CAUSA PRÓPRIA) -
CE014503 EMENTA RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. LEGITIMIDADE
PASSIVA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO ENTRE AQUELE QUE FIGUROU COMO PARTE NO PROCESSO E O
ADVOGADO EM FAVOR DE QUEM CONSTITUÍDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. 1. A legitimidade passiva, na ação
rescisória, se estabelece em função do pedido deduzido em juízo. Assim, conforme informado pela teoria da asserção,
devem figurar no polo passivo da demanda todos aqueles (e somente aqueles) que foram concretamente
beneficiados pela sentença rescindenda. 2. A ação rescisória, quando busca desconstituir sentença condenatória que
fixou honorários advocatícios sucumbenciais deve ser proposta não apenas contra o titular do crédito principal
formado em juízo, mas também contra o advogado em favor de quem foi fixada a verba honorária de sucumbência,
porque detém, com exclusividade, a sua titularidade. 3. Recurso especial provido.
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RODADA 06
PROCESSO EAREsp 407.940-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por maioria, julgado em 10/5/2017, DJe 29/5/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO TRIBUTÁRIO
TEMA Suspensão da Exigibilidade do crédito. Liminar em mandado de segurança. Denegação da ordem. Retomada do
A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a retomada do lapso
prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida constante do art. 151 do CTN ou recurso
especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A divergência tratada nos embargos envolve a identificação do início da prescrição tributária para o Fisco após a
revogação de liminar que anteriormente suspendeu a exigibilidade do crédito tributário, mesmo havendo a parte
sucumbente interposto recurso especial e extraordinário desprovidos de eficácia suspensiva.
O acórdão embargado decidiu que, "constituído o crédito tributário, mas suspensa a exigibilidade da exação por decisão
liminar, não há falar em curso do prazo de prescrição, uma vez que o efeito desse provimento é justamente o de inibir a
adoção de qualquer medida de cobrança por parte da Fazenda, de sorte que somente com o trânsito em julgado da decisão
contrária ao contribuinte é que se retoma o curso do lapso prescricional". A tese paradigma foi apresentada com base no
entendimento firmado no EREsp 449.679-RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe 1º/2/2011, segundo o qual: "revogada,
suspensa ou cassada a medida liminar ou denegada a ordem, pelo juiz ou pelo Tribunal, nada impede a Fazenda Nacional de
obter a satisfação do crédito tributário, retomando-se o curso do lapso prescricional, ainda que penda de exame recurso
desprovido de eficácia suspensiva ou de provimento acautelatório, se não concorre outra causa de suspensão prevista no
artigo 151 do Código Tributário Nacional". A dissonância, portanto, é evidente e deve ser resolvida adotando-se o
entendimento firmado nos acórdãos paradigmas, tendo em vista que, afastados os motivos que deram ensejo a suspensão
da exigibilidade – no caso, o provimento de natureza liminar, que posteriormente foi revogado em julgamento pelo Tribunal
de origem –, e inexistente qualquer outra medida entre aquelas constantes do art. 151 do CTN ou a interposição de recurso
extraordinário ou especial com efeito suspensivo, o prazo prescricional do Fisco para proceder à cobrança começa a correr
novamente, sendo desnecessário aguardar o trânsito em julgado.
EMENTA DO JULGADO
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III do artigo 151 do CTN), não é a mera existência de discussão judicial sobre o crédito tributário que suspende a sua
exigibilidade, mas a existência de medida liminar, durante o tempo de sua duração, ou a concessão da ordem, a inibir a
adoção de qualquer medida visando à satisfação do crédito por parte da Fazenda Nacional" (EREsp 449.679/RS, Rel. Ministro
Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, DJe 1º/2/2011). 5. Na hipótese dos autos, considerando que a liminar que suspendeu a
exigibilidade do crédito tributário foi revogada definitivamente em 26/11/1998 e que os recursos especiais e extraordinários
interpostos pela ora recorrente foram desprovidos de eficácia suspensiva, o reconhecimento do transcurso do prazo
prescricional a que se refere o art. 174, caput, do CTN, é medida que se impõe, já que a execução fiscal foi ajuizada somente
em 4/11/2009, ou seja, após o transcurso do prazo de 5 anos. 6. Embargos de divergência providos para reformar o acórdão
embargado e dar provimento ao agravo regimental de Pavioli S.A. a fim de declarar a ocorrência da prescrição. Diante da
simplicidade da causa (em que a excipiente limitou-se a arguir a prescrição como
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JULGADOS IMPORTANTES
ATENÇÃO – É PROIBIDO O RATEIO DESTE MATERIAL SOB PENA DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO
matéria de defesa), condena-se o embargado nas custas processuais, bem como em honorários advocatícios que
arbitro em 1% sobre o valor da causa, devidamente corrigido, com suporte no art. 85, § 3º, V, do novo CPC.
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JULGADOS IMPORTANTES
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RODADA 07
→ A DISPOSIÇÃO CONSTANTE DO ART. 1.017, § 5º, DO CPC/2015, QUE DISPENSA A JUNTADA DAS PEÇAS
OBRIGATÓRIAS À FORMAÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM SE TRATANDO DE PROCESSO ELETRÔNICO, EXIGE,
PARA SUA APLICAÇÃO, QUE OS AUTOS TRAMITEM POR MEIO DIGITAL TANTO NO PRIMEIRO QUANTO NO
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO
PROCESSO REsp 1.643.956-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 9/5/2017, DJe
22/5/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Agravo de instrumento. Tramitação física. Art. 1.017, § 5º, do CPC/2015. Inaplicabilidade. Instrução. Peças
essenciais. Necessidade.
DESTAQUE
A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formação
do agravo de instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem
por meio digital tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Trata-se, na origem, de agravo de instrumento interposto já sob a disciplina da nova legislação processual civil, não
conhecido pelo Tribunal em razão da ausência de juntada das peças obrigatórias, de acordo com o disposto no art. 1.017,
I, do CPC. A discussão, portanto, reside em saber, se é viável a exigência de recebimento do agravo na forma física quando,
a despeito da tramitação processual eletrônica em primeiro grau de jurisdição, o Tribunal de origem não dispuser de
infraestrutura necessária para o acesso aos autos eletrônicos.
Com efeito, a nova disciplina estabelecida pelo art. 1.017, § 5º, do CPC estabelece que: "sendo eletrônicos os autos
do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros
documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia". A razão de ser da norma em comento, como
visto, está no fato de que, tramitando na forma eletrônica, o Tribunal ao qual o agravo de instrumento é dirigido
poderá consultar o inteiro teor do processo originário, daí decorrendo a desnecessidade de se juntar peças às quais
o órgão ad quem já tem pleno acesso. O dispositivo legal em apreço, no entanto, deve ser interpretado tendo em
mente a realidade fática nacional, haja vista que, a despeito dos constantes esforços destinados à informatização
da Justiça, ainda remanescem inúmeros processos físicos em tramitação e tribunais que até pouco tempo só
recebiam recursos em papel. Nesses casos, aliás, a própria Lei n. 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do
processo judicial, prevê, no parágrafo 2º do artigo 12, que "os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser
remetidos a outro juízo ou instância superior que não disponham de sistema compatível deverão ser impressos em
papel". Feita a regular autuação, o processo seguirá a tramitação legalmente estabelecida para os processos físicos,
conforme o disposto no parágrafo 4º do mesmo preceito legal.
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EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.643.956 - PR (2016/0325249-9) RELATOR : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A ADVOGADOS : RAFAEL SGANZERLA DURAND - PR042761 RAFAEL CRISPINO VIANNA
E OUTRO(S) - PR082409 RECORRIDO : MAURICIO LUPION TAQUES RECORRIDO : CYRO RIBAS TAQUES RECORRIDO :
MASSIMO LUPION TAQUES RECORRIDO : MÁRCIO LUPION TAQUES ADVOGADO : EDUARDO EGG BORGES RESENDE -
PR030324 EMENTA RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRAMITAÇÃO FÍSICA. ART.
1.017, § 5º, DO CPC/2015. INAPLICABILIDADE. INSTRUÇÃO. PEÇAS ESSENCIAIS. NECESSIDADE. 1. A disposição
constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças obrigatórias à formação do agravo de
instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem por meio digital
tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. 2. Hipótese em que, a despeito da tramitação eletrônica do
processo na primeira instância, ainda não dispunha o Tribunal de origem da infraestrutura necessária para receber o
recurso de agravo de instrumento por meio eletrônico e ter acesso aos autos na origem. 3. De acordo com a disciplina
da Lei nº 11.419/2006, os autos de processos eletrônicos que tiverem de ser remetidos a outro juízo ou instância
superior que não disponham de sistema compatível deverão ser impressos em papel e, tão logo autuados, seguirão a
tramitação legalmente estabelecida para os processos físicos (art. 12, §§ 2º e 4º). 4. Não dispondo o Tribunal dos
meios formais necessários à consulta dos autos eletrônicos na origem, não há outra alternativa a não ser condicionar
o conhecimento do agravo de instrumento à juntada das peças de caráter obrigatório. 5. Na hipótese, ainda pesa
contra o recorrente o fato de ter sido regularmente intimado para, em 5 (cinco) dias, suprir a falha na formação do
instrumento, nos moldes do art. 1.017, § 3º, c/c o art. 932, parágrafo único, do CPC/2015, dever do qual ele não se
desincumbiu a contento. 6. Recurso especial não provido
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RODADA 08
→ A INTERFERÊNCIA JUDICIAL PARA INVALIDAR A ESTIPULAÇÃO DAS TARIFAS DE TRANSPORTE PÚBLICO URBANO
VIOLA A ORDEM PÚBLICA, MORMENTE NOS CASOS EM QUE HOUVER, POR PARTE DA FAZENDA ESTADUAL,
ESCLARECIMENTO DE QUE A METODOLOGIA ADOTADA PARA FIXAÇÃO DOS PREÇOS ERA TÉCNICA
NOTÍCIA DO STJ
Mantida suspensa decisão que impedia reajuste de tarifas de transporte público em São Paulo
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de forma unânime, confirmou decisão da presidente, ministra
Laurita Vaz, que suspendeu a determinação da Justiça de São Paulo de desautorizar aumento de tarifa de alguns
modais de transporte público urbano na capital e em outras cinco regiões metropolitanas do estado.
A relatora considerou que a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) violou a ordem pública por não caber ao
Judiciário interferir na definição de tarifas. Além disso, entendeu que impedir o reajuste ofenderia a ordem econômica,
por não haver dotação orçamentária para custear as vultosas despesas para manter o equilíbrio econômico-financeiro
dos contratos administrativos firmados com as empresas concessionárias.
A tutela antecipada foi deferida pela Justiça de São Paulo em ação popular na qual deputados paulistas alegaram que
a política tarifária adotada pelo governo seria injusta porque beneficiaria os usuários apenas do metrô, cuja tarifa foi
mantida em R$ 3,80, enquanto prejudicaria aqueles que residem longe das áreas centrais, que usam a integração do
metrô e outros modais. Ainda, sustentaram que o congelamento teria ocorrido com finalidades eleitorais.
Após a concessão da suspensão do aumento, confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, o Estado de São Paulo
recorreu ao STJ sob o argumento de que o ato administrativo que determinou a elevação das tarifas só poderia ser
desconstituído diante de prova concreta de sua ilegitimidade. A Fazenda Pública estadual também alegou lesão
milionária aos cofres públicos caso não fossem concedidos os reajustes.
Em maio, o pedido de suspensão da medida liminar foi acolhido pela ministra presidente. Contra essa decisão, os
parlamentares interpuseram agravo interno com o objetivo de restabelecer os efeitos da decisão de primeiro grau,
que suspendeu a majoração.
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Em nova análise do caso, Laurita Vaz esclareceu que o deferimento do pedido de suspensão é condicionado à
ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, quando o Judiciário promove
alteração de determinada situação em prejuízo do poder público.
A ministra entendeu que o impedimento judicial da recomposição tarifária deveria ter ocorrido após a devida
constatação da ilegalidade da medida – o que, de modo geral, ocorre após a regular instrução do processo. Afirmou
que, sem esse reconhecimento, eventual intento político da escolha governamental não poderia ensejar, por si só, a
invalidade dos critérios tarifários adotados. Desse modo, segundo a relatora, a conclusão do TJSP violou
gravemente a ordem pública.
Além disso, a presidente destacou que, sem a elevação, não seria possível manter a equação econômico-financeira
dos contratos estabelecidos com as operadoras de transporte público.
“DESSA FORMA, ESTÁ CONFIGURADA GRAVE VIOLAÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA. AINDA QUE OS AGRAVANTES TENHAM
ALEGADO NAS RAZÕES RECURSAIS QUE OS NÚMEROS INDICADOS NAS MANIFESTAÇÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO SÃO
IMPRECISOS, É INDISCUTÍVEL QUE NÃO HÁ PRÉVIA DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA PARA QUE O ESTADO CUSTEIE AS VULTOSAS
DESPESAS DECORRENTES DA MANUTENÇÃO DA HARMONIA ECONÔMICO-FINANCEIRA DOS ACORDOS ADMINISTRATIVOS
FIRMADOS PELO PODER PÚBLICO COM AS CONCESSIONÁRIAS DE TRANSPORTE”, ressaltou a ministra.
PROCESSO AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 7/6/2017, DJe
20/6/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TEMA Ação popular. Suspensão de liminar. Discussão de questões referentes ao mérito da causa. Impossibilidade.
Grave lesão à ordem pública configurada. Presunção de legitimidade do ato administrativo praticado pelo Poder Público.
Escolhas políticas governamentais. Metodologia técnica. Invalidação pelo Judiciário apenas se reconhecida ilegalidade.
DESTAQUE
A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública,
mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada
para fixação dos preços era técnica.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Na origem, trata-se de ação popular ajuizada por parlamentares estaduais e federais, com pedido de antecipação dos
efeitos da tutela, para suspender o aumento das tarifas cobradas de usuários da integração entre metrô, trens e
ônibus municipais em terminais metropolitanos da Grande São Paulo. De início, convém ressaltar que na via
suspensiva, por sua estreiteza, não cabe analisar o mérito da controvérsia originária.
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Conforme a legislação de vigência, sua vocação é a de tutelar tão somente a ordem, a economia, a segurança e a
saúde públicas, motivo pelo qual não pode ser apreciada como se fosse mero sucedâneo recursal. Nesse sentido: AgRg
na PET na SLS 1.883-PR, Rel. Min. Felix Fischer, Corte Especial, DJe 28/8/2014.
Vale ressaltar, também, que a via da suspensão deve ser manejada nas hipóteses em que o Judiciário promove
alteração no status quo ante em prejuízo do Poder Público, devendo o requerente indicar na inicial, de forma clara,
que a manutenção dos efeitos da medida judicial que se busca suspender viola severamente um dos bens jurídicos
tutelados. Com efeito, na apreciação do pedido de suspensão, pode ser realizado um “juízo mínimo de delibação
sobre a matéria de fundo da contracautela” (STF, SS 5.049-BA/AgR/ED, Rel. Min. Ricardo Lewandowski – Presidente –,
Tribunal Pleno, DJe 13/5/2016). Entretanto, em controvérsia sobre a revisão de preços de transporte coletivo
municipal, o Supremo Tribunal Federal já consignou que "o reajuste de tarifas do serviço público é manifestação de
uma política tarifária, solução, em cada caso, de um complexo problema de ponderação entre a exigência de ajustar o
preço do serviço às situações econômicas concretas do seguimento social dos respectivos usuários ao imperativo de
manter a viabilidade econômico-financeiro do empreendimento do concessionário" (RE 191.532-SP, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ 29/8/1997).
Assim, a evidente sofisticação da demanda ventilada na causa principal denota que, ao ratificar o entendimento do
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – no sentido de manter suspenso o reajuste tarifário – a decisão
primeira desta Corte Superior imiscuiu-se em seara alheia à via suspensiva, que, como visto, não se mostra adequada à
análise do mérito da demanda principal. Sendo assim, a interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de
transporte público urbano não pode ser admitida na hipótese, por violar gravemente a ordem pública. Frise-se que a
legalidade estrita pressupõe a legitimidade do ato administrativo praticado pelo Poder Público, até prova definitiva em
contrário – mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia
adotada para fixação dos preços era técnica. Por certo, a cautela impediria a decisão de sustar a recomposição tarifária
estipulada pelo Poder Público para a devida manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão
de serviço público. Postura tão drástica deveria ocorrer somente após a constatação, estreme de dúvidas, de ilegalidade –
desfecho que, em regra, se mostra possível somente após a devida instrução, com o decurso da tramitação completa do
processo judicial originário. Por seu turno, a doutrina leciona que o Judiciário esbarra na dificuldade de concluir se um ato
administrativo cuja motivação alegadamente política seria concretizado, ou não, caso o órgão público tivesse se valido tão
somente de metodologia técnica. De qualquer forma, essa discussão seria inócua, pois, segundo a doutrina Chenery – a
qual reconheceu o caráter político da atuação da Administração Pública dos Estados Unidos da América –, as cortes
judiciais estão impedidas de adotarem fundamentos diversos daqueles que o Poder Executivo abraçaria, notadamente nas
questões técnicas e complexas, em que os tribunais não têm a expertise para concluir se os critérios adotados pela
Administração são corretos. Por todos esses motivos – inclusive em razão da impossibilidade de se reconhecer, na
presente via, que ocorreu aumento abusivo de tarifas, está demonstrada, repita-se, acentuada ofensa à ordem pública – o
que legitima a decisão que cassou a tutela antecipada deferida nos autos da ação popular, até o trânsito em julgado da
decisão de mérito.
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EMENTA DO JULGADO
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que a discriminação tarifária torna possível, "nessa distinção de usuários em condições econômicas e sociais desiguais, a
efetivação da igualdade jurídica e da concreta justiça social " (Estudo sobre Concessão e Permissão de Serviço Público no
Direito Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 101). Na mesma obra, contudo, ressalta a dificuldade de se fixar tarifa pública
com fundamento no princípio da isonomia. 4. Assim, a evidente sofisticação da demanda ventilada na causa principal impede
que a Presidência do Superior Tribunal de Justiça julgue questões relativas ao mérito do reajuste determinado pelo Poder
Público – notadamente para concluir sobre discriminação ou injustiça na fixação de preço para uso de transporte público. O
incidente suspensivo, por sua estreiteza, é vocacionado a tutelar tão somente a ordem, a economia, a segurança e a saúde
públicas, não podendo ser analisado como se fosse sucedâneo recursal, para que se examinem questões relativas ao fundo
da causa principal. 5. A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola
gravemente a ordem pública. A legalidade estrita orienta que, até prova definitiva em contrário, prevalece a presunção de
legitimidade do ato administrativo praticado pelo Poder Público (STF, RE n.º 75.567/SP, Rel. Min. DJACI FALCÃO, Primeira
Turma, julgado em 20/11/1973, DJ de 19/4/1974, v.g.) – mormente em hipóteses como a presente, em que houve o
esclarecimento da Fazenda estadual de que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica. 6. A cautela
impediria a decisão de sustar a recomposição tarifária estipulada pelo Poder Público para a devida manutenção da
estabilidade econômico-financeira dos contratos de concessão de serviço público. Postura tão drástica deveria ocorrer
somente após a constatação, estreme de dúvidas, de ilegalidade – desfecho que, em regra, se mostra possível somente após
a devida instrução, com o decurso da tramitação completa do processo judicial originário. 7. Não compete às Presidências do
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça julgar pedido suspensivo à luz de direito local (precedentes).
Dessa forma, não há como analisar eventual ofensa à legislação estadual, qual seja, a Lei do Estado de São Paulo n.º
9.166/95. 8. O Magistrado Singular concluiu que os reajustes tarifários seriam discriminatórios, por deixar de atingir parte
dos usuários e incidir sobre outros. Estimou que estava a adotar, assim, a medida que reputou mais justa. Não se pode
esquecer, entretanto, que o exercício da ponderação exige critérios, entre os quais, a adoção de solução que reduza "a
tensão gerada pela falta de legitimidade representativo-democrática do juiz para realizar opções normativo-axiológicas ",
conforme leciona Paulo Gustavo Gonet Branco (Juízo de ponderação na jurisdição constitucional. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
305). Dessa forma, O ATO ADMINISTRATIVO EDITADO PELO ESTADO DE SÃO PAULO DEVE SER PRESTIGIADO TAMBÉM PARA
MITIGAR A PROBLEMÁTICA DO DÉFICIT DEMOCRÁTICO DO PODER JUDICIÁRIO. 9. EVENTUAL INTENTO POLÍTICO DA MEDIDA
NÃO PODERIA ENSEJAR A INVALIDAÇÃO DOS CRITÉRIOS TARIFÁRIOS ADOTADOS, TOUT COURT. CONFORME LECIONA
RICHARD A. POSNER, O PODER JUDICIÁRIO ESBARRA NA DIFICULDADE DE CONCLUIR SE UM ATO ADMINISTRATIVO CUJA
MOTIVAÇÃO ALEGADAMENTE POLÍTICA SERIA CONCRETIZADO, OU NÃO, CASO O ÓRGÃO PÚBLICO TIVESSE SE VALIDO TÃO
SOMENTE DE METODOLOGIA TÉCNICA. DE QUALQUER FORMA, ESSA DISCUSSÃO SERIA INÓCUA, POIS, SEGUNDO A
DOUTRINA CHENERY – A QUAL RECONHECEU O CARÁTER POLÍTICO DA ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOS
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA –, AS CORTES JUDICIAIS ESTÃO IMPEDIDAS DE ADOTAREM FUNDAMENTOS DIVERSOS
DAQUELES QUE O PODER EXECUTIVO ABRAÇARIA, NOTADAMENTE NAS QUESTÕES TÉCNICAS E COMPLEXAS, EM QUE OS
TRIBUNAIS NÃO TÊM A EXPERTISE PARA CONCLUIR SE OS CRITÉRIOS ADOTADOS PELA ADMINISTRAÇÃO SÃO CORRETOS
(Economic Analysis of Law. Fifth Edition. New York: Aspen Law and Business, 1996, p. 671). Portanto, as escolhas políticas
dos órgãos governamentais,
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desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. 10.
Impedir judicialmente o reajuste das tarifas a serem pagas pelos usuários também configura grave violação da
ordem econômica, por não haver prévia dotação orçamentária para que o Estado de São Paulo custeie as vultosas
despesas para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos acordos administrativos firmados pelo Poder
Público com as concessionárias de transporte público. 11. Agravo interno desprovido.
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JULGADOS IMPORTANTES
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RODADA 09
ENTENDEMOS QUE A MATÉRIA TRATADA NO JULGADO ABAIXO (QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO), PODE SER
COBRADA NA DISCIPLINA DIREITO CONSTITUCIONAL. POR SE TRATAR DE JULGADO RECENTE RESOLVEMOS INCLUIR
ENTRE OS JULGADOS IMPORTANTES
PROCESSO REsp 1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, por unanimidade, julgado em 23/5/2017, DJe 2/6/2017.
RAMO DO DIREITO DIREITO BANCÁRIO E CIVIL
TEMA Ação civil pública. Cobrança de expurgos inflacionários em caderneta de poupança. Fase de cumprimento de
sentença. Divulgação da informação sobre o direito dos poupadores de reaver os numerários. Quebra de sigilo bancário.
Configuração.
DESTAQUE
A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil pública que determinou o
pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos configura quebra de sigilo bancário.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A questão controvertida submetida à analise desta Corte Superior, entre outras, consiste em verificar a existência de
ofensa ao sigilo bancário, em face de determinação judicial que obrigou a instituição financeira a colacionar aos
autos a relação dos correntistas beneficiários de sentença proferida em ação civil pública, que visava o pagamento
dos expurgos inflacionários decorrentes dos planos econômicos Bresser (junho/1987) e Verão (janeiro/1989).
Sobre o ponto, cabe enaltecer que o contrato bancário está fundado numa operação de confiança entre banco e cliente, com
a garantia do sigilo prevista no art. 1º da Lei Complementar n. 105/2001: as instituições financeiras conservarão sigilo em
suas operações ativas e passivas e serviços prestados. Sendo assim, a existência de decisão favorável aos interesses dos
correntistas de determinada instituição financeira não autoriza o Poder Judiciário a tornar públicos os dados cadastrais dos
beneficiários, especialmente em ação civil pública ajuizada por instituição de defesa do consumidor, cuja propositura pode
ocorrer sem a anuência da parte favorecida. Isto porque a satisfação do crédito bancário, de cunho patrimonial, não pode se
sobrepor ao sigilo bancário, instituto que visa proteger o direito à intimidade das pessoas, que
é direito intangível da personalidade. O direito à intimidade é direito personalíssimo que tem por fundamento a defesa da
privacidade humana, além de ter a característica básica da não exposição de elementos ou informações da esfera íntima ou
reservada de seu titular. O direito ao sigilo, por sua vez, impede terceiros de divulgar dados personalíssimos do titular do
direito. No caso, o órgão julgador de piso entendeu que a informação pretendida, para fins de efetivação da sentença
condenatória genérica diz respeito apenas ao nome e CPF dos titulares de contas de poupança no Estado, nos
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períodos reclamados, não se referindo a valores existentes nessas contas, sua movimentação, ou quaisquer outros
dados protegidos por sigilo. Com efeito, a divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários configura quebra do
sigilo bancário e do direito à intimidade que não pode ser violado sob o argumento de facilitação da defesa do
consumidor em juízo.
EMENTA DO JULGADO
RECURSO ESPECIAL Nº 1.285.437 - MS (2011/0236465-0) RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO RECORRENTE : ITAU
UNIBANCO S.A ADVOGADOS : LUIZ RODRIGUES WAMBIER E OUTRO(S) - PR007295 EVARISTO ARAGÃO FERREIRA DOS
SANTOS - PR024498 RECORRIDO : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CIDADÃO - IBDCI ADVOGADO : SAMANTHA DE M
SADE E OUTRO(S) - PR021547 EMENTA DIREITO PROCESSUAL COLETIVO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A
ÉGIDE DO CPC/73. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COBRANÇA DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. FASE
DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DECISÃO EXTRA PETITA . VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA ENTRE O PEDIDO E
A TUTELA JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DIVULGAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE O DIREITO DOS POUPADORES DE
REAVER OS NUMERÁRIOS. FORNECIMENTO DE LISTA E CONVOCAÇÃO DOS BENEFICIADOS ATRAVÉS DA INTERNET E DE
JORNAIS LOCAIS DE MAIOR CIRCULAÇÃO. SIGILO BANCÁRIO. OFENSA CONFIGURAÇÃO. INTIMAÇÃO GENÉRICA A SER
REALIZADA NA INTERNET. RECURSO ESPECIAL PROVIDO EM PARTE. 1. Inaplicabilidade do NCPC ao caso ante os termos do
Enunciado nº 2 aprovado pelo Plenário do STJ na Sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na
forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça 2. Na
liquidação de ação civil pública deve o juiz buscar o resultado prático assegurado na sentença, determinando todas as
providências legais que entender necessárias para a satisfação do direito dos beneficiários da demanda. 3. O conceito de
decisão extra petita e o princípio da demanda devem ser analisados no âmbito do direito processual coletivo, que ampliou os
poderes do julgador para permitir a maior efetividade do provimento jurisidicional concedido na ação coletiva. Doutrina. 4.
Não é extra petita e não ofende o princípio da demanda a decisão que determina a divulgação da sentença através da
internet e de jornais locais de grande circulação, para que os poupadores beneficiados com o ressarcimento dos expurgos
inflacionários em contas-poupança decorrentes de planos econômicos governamentais tomem ciência do decisum e
providenciem a execução do julgado. 5. O contrato bancário está fundado numa operação de confiança entre banco e
cliente, com a garantia do sigilo prevista no art. 1º da Lei Complementar nº 105/2001: as instituições financeiras conservarão
sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados , estando inseridos nessa proteção os dados cadastrais dos
usuários de serviços bancários. 6. A existência de decisão favorável aos interesses dos poupadores de determinada
instituição financeira não autoriza o Poder Judiciário tornar públicos os dados cadastrais deles, especialmente em ação civil
pública ajuizada por instituição de defesa do consumidor, cuja propositura pode ocorrer sem a anuência da parte favorecida.
7. A satisfação do crédito bancário, de cunho patrimonial, não pode se sobrepor ao sigilo bancário, instituto que visa
proteger o direito à intimidade das pessoas, que é direito intangível da personalidade. 8. A planilha com os dados cadastrais
dos poupadores deverá
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permanecer em segredo de justiça, com acesso restrito ao Poder Judiciário. 9. A divulgação do resultado do decisum deverá
ser feita sem a menção dos dados específicos de cada poupador, bastando a intimação genérica de "todos os poupadores do
Estado de Mato Grosso do Sul que mantinham cadernetas de poupança na instituição financeira requerida", no período
fixado na sentença genérica. Precedente. 10. O NCPC estabeleceu a publicação de editais pela rede mundial de
computadores como regra, constituindo-se na atualidade o meio mais eficaz da informação atingir um grande número de
pessoas, substituindo a custosa publicação impressa. A obrigação de fazer que foi imposta ao banco depositário não é intuito
personae , personalíssima ou infungível, o que autoriza o próprio Poder Judiciário a publicar o edital com o resultado da
sentença genérica somente na rede mundial de computadores, nos termos do disposto no art. 257, II e III, do NCPC, pelo
prazo de 60 (sessenta dias), fluindo da data da publicação única, excluída a determinação para divulgar o decisum nos jornais
locais de grande circulação. 11. Recurso especial parcialmente provido.
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RODADA 10
NOTÍCIA DO STF
O ministro destacou que o caso envolve uma tensão entre a liberdade de expressão e o direito à informação, de um
lado, e os direitos da personalidade (privacidade, imagem e honra), do outro – e, no caso, o Código Civil ponderou
essa tensão em desfavor da liberdade de expressão, que tem posição preferencial dentro do sistema constitucional.
Essa posição decorre tanto do texto constitucional como pelo histórico brasileiro de censura a jornais, revistas e obras
artísticas, que perdurou até a última ditadura militar. Barroso ressaltou, porém, que os direitos do biografado não
ficarão desprotegidos: qualquer sanção pelo uso abusivo da liberdade de expressão deverá dar preferência aos
mecanismos de reparação a posteriori, como a retificação, o direito de resposta, a indenização e até mesmo, em
último caso, a responsabilização penal. (Leia a íntegra do voto do ministro Luís Roberto Barroso.)
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O ministro destacou que há, nas gerações atuais, interesse na preservação da memória do país. “E biografia, em
última análise, quer dizer memória”, assinalou. “Biografia, independentemente de autorização, é memória do país. É
algo que direciona a busca de dias melhores nessa sofrida República”, afirmou. Por fim, o ministro salientou que,
havendo conflito entre o interesse individual e o coletivo, deve-se dar primazia ao segundo. Ministro Celso de Mello
O decano do STF afirmou que a garantia fundamental da liberdade de expressão é um direito contramajoritário, ou seja,
o fato de uma ideia ser considerada errada por particulares ou pelas autoridades públicas não é argumento bastante para
que sua veiculação seja condicionada à prévia autorização. O ministro assinalou que a Constituição Federal veda qualquer
censura de natureza política, ideológica ou artística. Mas ressaltou que a incitação ao ódio público contra qualquer
pessoa, grupo social ou confessional não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de
expressão. “Não devemos retroceder nesse processo de conquista das liberdades democráticas. O peso da censura,
ninguém o suporta”, afirmou o ministro.
Ministro Ricardo Lewandowski
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O presidente do STF afirmou que o Tribunal vive um momento histórico ao reafirmar a tese de que não é possível que
haja censura ou se exija autorização prévia para a produção e publicação de biografias. O ministro observou que a
regra estabelecida com o julgamento é de que a censura prévia está afastada, com plena liberdade de expressão
artística, científica, histórica e literária, desde que não se ofendam os direitos constitucionais dos biografados.
Processos relacionados
ADI 4815
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sobre o direito de outrem; d) que a Constituição garantiria a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e
da imagem da pessoa; e e) que a legislação infraconstitucional não poderia amesquinhar ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de estabelecer formas de proteção, impondo condições ao
exercício de liberdades de forma diversa da constitucionalmente fixada.
ADI 4815/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.6.2015. (ADI-4815)
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EMENTA DO JULGADO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR
DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA
E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE
DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS
ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação Nacional dos Editores de Livros - Anel congrega a
classe dos editores, considerados, para fins estatutários, a pessoa natural ou jurídica à qual se atribui o direito de reprodução
de obra literária, artística ou científica, podendo publicá-la e divulgá-la. A correlação entre o conteúdo da norma impugnada
e os objetivos da Autora preenche o requisito de pertinência temática e a presença de seus associados em nove Estados da
Federação comprova sua representação nacional, nos termos da jurisprudência deste Supremo Tribunal. Preliminar de
ilegitimidade ativa rejeitada. 2. O objeto da presente ação restringe-se à interpretação dos arts. 20 e 21 do Código Civil
relativas à divulgação de escritos, à transmissão da palavra, à produção, publicação, exposição ou utilização da imagem de
pessoa biografada. 3. A Constituição do Brasil proíbe qualquer censura. O exercício do direito à liberdade de expressão não
pode ser cerceada pelo Estado ou por particular. 4. O direito de informação, constitucionalmente garantido, contém a
liberdade de informar, de se informar e de ser informado. O primeiro refere-se à formação da opinião pública, considerado
cada qual dos cidadãos que pode receber livremente dados sobre assuntos de interesse da coletividade e sobre as pessoas
cujas ações, público-estatais ou público-sociais, interferem em sua esfera do acervo do direito de saber, de aprender sobre
temas relacionados a suas legítimas cogitações. 5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a partir da soleira da
porta de casa. 6. Autorização prévia para biografia constitui censura prévia particular. O recolhimento de obras é censura
judicial, a substituir a administrativa. O risco é próprio do viver. Erros corrigem-se segundo o direito, não se coartando
liberdades conquistadas. A reparação de danos e o direito de resposta devem ser exercidos nos termos da lei. 7. A liberdade
é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por
norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito
constitucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. 8.
Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de se acolher o balanceamento de direitos,
conjugando-se o direito às liberdades com a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa
biografada e daqueles que pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação
conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos
fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística,
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produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias
ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus
familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).
(ADI 4815, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 10/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018
DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2016)
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RODADA 11
NOTÍCIA DO STF
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A vedação do exercício da atividade de advocacia por aqueles que desempenham, direta ou indiretamente,
atividade policial, não afronta o princípio da isonomia. Com base nessa orientação, o Plenário julgou improcedente
pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta contra o art. 28, V, da Lei 8.906/1994 - Estatuto
da Advocacia. O ato impugnado dispõe ser o exercício da advocacia, mesmo em causa própria, incompatível com as
atividades dos ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer
natureza. O Tribunal aduziu que referida vedação não pretenderia fazer distinção qualificativa entre a atividade da
polícia e a da advocacia, porquanto cada qual prestaria relevantes serviços no âmbito social. Destacou que o
aludido óbice não constituiria inovação trazida pela Lei 8.906/1994, porque constaria expressamente no anterior
Estatuto da OAB - Lei 4.215/1963. Em acréscimo, o Ministro Dias Toffoli, relator, consignou que o legislador
pretendera estabelecer cláusula de incompatibilidade de exercício simultâneo das referidas atividades, por ser
prejudicial às relevantes funções exercidas por cada uma dessas categorias.
ADI 3541/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 12.2.2014. (ADI-3541)
EMENTA DO JULGADO
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Exercício da advocacia. Servidores policiais. Incompatibilidade. Artigo 28,
inciso V, da Lei nº 8.906/94. Ausência de ofensa ao princípio da isonomia. Improcedência da ação. 1. A vedação do exercício
da atividade de advocacia por aqueles que desempenham, direta ou indiretamente, serviço de caráter policial, prevista no
art. 28, inciso V, da Lei nº 8.906/94, não se presta para fazer qualquer distinção qualificativa entre a atividade policial e a
advocacia. Cada qual presta serviços imensamente relevantes no âmbito social, havendo, inclusive, previsão expressa na
Carta Magna a respeito dessas atividades. O que pretendeu o legislador foi estabelecer cláusula de incompatibilidade de
exercício simultâneo das referidas atividades, por entendê-lo prejudicial ao cumprimento das respectivas funções. 2.
Referido óbice não é inovação trazida pela Lei nº 8.906/94, pois já constava expressamente no anterior Estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil, Lei nº 4.215/63 (art. 84, XII). Elegeu-se critério de diferenciação compatível com o princípio
constitucional da isonomia, ante as peculiaridades inerentes ao exercício da profissão de advogado e das atividades
policiais de qualquer natureza. 3. Ação julgada improcedente. (ADI 3541,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 12/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-057 DIVULG 21-
03-2014 PUBLIC 24-03-2014)
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RODADA 12
→ O PEDÁGIO COBRADO PELA EFETIVA UTILIZAÇÃO DE RODOVIAS NÃO TEM NATUREZA TRIBUTÁRIA, MAS DE
PREÇO PÚBLICO, CONSEQUENTEMENTE, NÃO ESTÁ SUJEITO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA
NOTÍCIA DO STF
Na ação, o PSB sustentava que a cobrança de pedágio somente pode ser instituída por lei (legalidade estrita), por
tratar-se, segundo ele, de taxa, uma espécie de tributo, e não de preço público. Portanto, o decreto impugnado
estaria sujeito aos princípios constitucionais da legalidade e da anterioridade. No julgamento, entretanto, os ministros
presentes à sessão seguiram o voto do relator, ministro Teori Zavascki, segundo o qual pedágio é preço público e,
portanto, não está sujeito a tais princípios. E a razão, segundo ele, é que tributo é compulsório, enquanto o preço
público somente é cobrado pelo uso efetivo e voluntário do serviço público prestado.
O ministro lembrou também, em seu voto, que o artigo 150, inciso V, da Constituição Federal, ao vedar o
estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas e bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
ressalva dessa limitação a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
A título de diferenciação entre taxa e preço público, o relator lembrou que o selo-pedágio, instituído pela Lei
7.712/1988 e revogado pela Lei 8.075/1990, esse sim tinha caráter de tributo, uma vez que era compulsório, cobrado
anualmente, independentemente do uso ou não de rodovia federal.
O ministro citou ainda precedentes em que o Supremo decidiu, também, que tanto os serviços de fornecimento de
água quanto os de eletricidade são preços públicos, por entender que também a eles se aplica o critério da
voluntariedade, e não o da compulsoriedade. Assim, o Plenário confirmou decisão anterior na qual indeferiu medida
cautelar pleiteada na ADI, pelos mesmos motivos que prevaleceram no julgamento de hoje. FK/AD
Processos relacionados
ADI 800
INFORMATIVO 750 DO STF
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improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra o Decreto 34.417/1992, do Estado do Rio Grande do Sul,
que autoriza a cobrança de pedágio em rodovia estadual. O Tribunal recordou que a Constituição autoriza a cobrança de
pedágio (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios: …V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público”). Rememorou que essa norma reproduziria, em linhas gerais, regra semelhante contida nas Constituições de
1946 e 1967. Ressalvou, contudo, que a EC 1/1969 não repetira a parte final dessa disposição (“Art. 19. É vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais”). Ressaltou que a falta de referência à cobrança de pedágio, no
regime constitucional precedente despertara a controvérsia a respeito da natureza dessa exação — se tributária ou não
tributária —, divergência que persistiria, especialmente no âmbito doutrinário. Afirmou que os defensores da natureza
tributária, da subespécie taxa, o fariam sob os seguintes fundamentos: a) a referência ao pedágio, nas limitações
constitucionais ao poder de tributar; b) o pagamento de um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição; e c) a impossibilidade de remunerar serviços públicos por meio outro que não o de taxa. Aludiu,
entretanto, que os defensores da natureza contratual da exação como preço público o fariam com base nas seguintes
considerações: a) a inclusão no texto constitucional apenas esclareceria que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego
de pessoas ou bens, poderia, excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada; b) a ausência de
compulsoriedade na utilização de rodovias; e c) a cobrança se daria em virtude da utilização efetiva do serviço, e não
seria devida com base no seu oferecimento potencial.
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
ADI: pedágio e preço público - 2
A Corte realçou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei
7.712/1988, reconhecido como taxa pelo STF. Lembrou, porém, que essa exação seria compulsória a todos os usuários
de rodovias federais, por meio de pagamento renovável mensalmente, independentemente da frequência de uso,
cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição. Consignou haver profundas diferenças entre o citado “selo-pedágio” e o pedágio, na forma em que
atualmente disciplinado. Asseverou que esse último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse efetivo
uso da rodovia, o que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em valor fixo, independentemente do
número de vezes que o contribuinte fizesse uso das estradas durante o mês. Destacou que o enquadramento do pedágio
como taxa ou preço público independeria de sua localização topológica no texto constitucional, mas seria relacionado ao
preenchimento, ou não, dos requisitos previstos no art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”).
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
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O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza jurídica do pedágio, a existência, ou
não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar. Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia,
indiretamente, limitar o tráfego de pessoas. Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por
insuficiência de recursos, o Estado não construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as existentes.
Ponderou que, diante dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo
Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente acarretar. Registrou,
assim, que a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança de pedágio não
seria uma exigência constitucional, tampouco estaria prevista em lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear
para identificar e distinguir taxa e preço público seria o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente na
segunda espécie. Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e taxas
não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”).
ADI 800/RS, rel. Min. Teori Zavascki, 11.6.2014. (ADI-800)
EMENTA DO JULGADO
Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92,
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva utilização de
rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da
Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição,
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente.
(ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-125
DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014)
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