PDF - Erik Manoel Farias de Brito
PDF - Erik Manoel Farias de Brito
PDF - Erik Manoel Farias de Brito
CEDUC
CAMPUS I. CAMPINA GRANDE
CURSO DE HISTÓRIA
CAMPINA GRANDE
2017
ERIK MANOEL FARIAS DE BRITO
CAMPINA GRANDE
2017
1
2
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“O problema da conquista e colonização do interior da Paraíba (...)
merecendo de urgente revisão em toda sua estrutura (...) por oferecer,
ainda, campo vasto para novas indagações e estudos. [...] Não se conhece
até hoje, com certa precisão, os caminhos percorridos pelos nosso
sertanistas.”
Wilson Seixas
4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................5
2. O DESBRAVAMENTO DOS SERTÕES DAS CAPITANIAS DO NORTE.......................8
2.1. Os Oliveira Ledo................................................................................................................11
2.2. O caminho dos Carirys às Espinharas................................................................................13
2.3. A antiga Estrada Real das Espinharas................................................................................15
3. CONCLUSÃO......................................................................................................................19
4. REFERÊNCIAS................................................................................... ................................21
5
O CAMINHO DO SERTÃO DAS ESPINHARAS: UMA ROTA PARA O
DESBRAVAMENTO DOS SERTÕES DA ANTIGA CAPITANIA DA PARAÍBA.
RESUMO
Dada a dimensão que envolveu o processo da conquista dos Sertões da Paraíba por parte
dos Oliveira Ledo, é fundamental entender, especificar e reavaliar entrelinhas dos
documentos mais antigos, em dialética com as produções recentes buscando à luz de
novas perspectivas, como a toponímia, cartografia e a paleografia, para uma releitura da
raiz do processo colonizador sertanejo, que, ao nosso ver, se início na determinação da
rota inicial do desbravamento e conquista dos Sertões. A antiga rota das Espinharas, que
ainda possuem alguns trechos preservados ou pouco danificados, que serviu de esteio
para estas antigas bandeiras, constitui um patrimônio do período seiscentista que precisa
ser inventariado e preservado, porque através dele se pode conhecer uma série de fatos e
imaginários relacionados aos primeiros povoadores dos sertões paraibanos. Desse
modo, nosso objetivo neste trabalho é reunir dados ainda não observados pela atual
historiografia, tanto seiscentistas quanto atuais, para analisar e fundamentar o percurso
traçado pelos Oliveira Ledo para dar início à sua conquista dos sertões paraibanos, em
competição com a casa dos Garcia D’Ávila e para que o mesmo possa integrar o acervo
de bens históricos do Estado, bem como servir de aporte para pesquisas históricas e
arqueológicas. O estudo ocorrera tanto no debruçar das fontes quanto na pesquisa de
campo para constatar in loco a existência, a rota, importância e estado de preservação
em que esse patrimônio se encontra.
1- INTRODUÇÃO
1
Aluno de Graduação em História na Universidade Estadual da Paraíba – Campus I.
5
arraial de Antônio de Oliveira Ledo no boqueirão da Serra do Carnoió3, mas na leitura
calma e ponderada que fizemos das inúmeras fontes da historiografia paraibana,
observamos que nenhum autor, desde Maximiano Lopes Machado4 até os mais atuais
como Mello, Almeida, Tavares e tantos outros, referencia de modo indubitável e
detalhado o percurso inaugurado por estes sertanistas.
As terras do Arraial do Boqueirão, situadas nos Sertões dos Carirys5, como ficou
denominada a região, foram ocupadas pelos Oliveira Ledo em 1663 (MELLO,
1995.p.75), e sua concessão se deu dois anos depois, conforme atesta o documento de
sesmaria (Apud ALMEIDA, 1979.p.15) e segunda sesmaria concedida à família na
Capitania foi a Data de Espinharas (ALMEIDA, 1978.p.103), a chamada “Grande Data
dos Oliveira”6, concedida em 1670. Portanto, o primeiro caminho traçado pelos Oliveira
Ledo para a conquista do Sertão foi percorrido no hiato territorial entre estas duas
regiões: os Sertões dos Carirys7 e os Sertões das Espinharas8, mas, embora este percurso
tenha um notório significado histórico, a historiografia paraibana não se ocupou em
determiná-lo.
Nossas primeiras problemáticas sobre esta primeira rota sertanista da Paraíba se
deram no exame de topônimos, tanto os de origem lusa quanto os de inspiração nativa,
onde contamos com o auxílio do historiador Brito acerca dos topônimos derivados dos
idiomas tupi e cariri.9 Neste horizonte de pesquisa ainda muito pouco examinado por
historiadores, nos foi possível perceber uma rota toponímica sugerindo que antes
mesmo de se chegar às Espinharas, os desbravadores já acalentavam a perspectiva de
encontrar este meio de integração. Topônimos como “Travessia”, “Passagem” e até o
termo indígena “Ypinháraã”, que se apresentam na rota, demonstram não só a formação
2
ALMEIDA, 1978. p.05, BRITO, 2015. p. 59, JOFFILY, 1977. p.04, MELLO, 1995. p. 73, TAVARES,
1982.p.83.
3
A Serra do Carnoió se refere a formação geográfica no qual se encontra hoje o balde do açude Epitácio
Pessoa no município de Boqueirão. No período em questão não havia o balde e sua nomenclatura vem do
tupi “passagem de fazer-se abrir”.
4
A História da Província da Paraíba deste autor , embora só tenha sido publicada em 1912, foi a primeira
História da Paraíba, escrita presumivelmente entre 1880 e 1886 (Apud MACHADO, 1977:30).
5
É uma das microrregiões do estado brasileiro da Paraíba pertencente à mesorregião Borborema.
6
Termo utilizado para as grandes sesmarias com dimensões superiores a oito léguas quadradas comuns
até fins do séc. XIX. (BRITO, 2017.p.63).
7
Os trechos percorridos pela Estrada nos Sertões dos Cariris correspondem atualmente a territórios dos
municípios de Boqueirão, Cabaceiras e Taperoá, todos paraibanos.
8
Os trechos percorridos pela Estrada nos Sertões das Espinharas correspondem atualmente a territórios
dos municípios de Salgadinho, Passagem, Patos, Rachado e Pombal, todos paraibanos.
9
O historiador Vanderley de Brito, exímio estudioso das línguas indígenas, há anos vem estudando a
toponímia de inspiração nativa no território paraibano, tendo publicado inúmeros artigos sobre a temática
em revistas de veiculação científica, tais como podem ser observadas em: (BRITO, 2011), (BRITO, 2013)
e (BRITO, 2016)
6
geográfica de um roteiro (que mais tarde se transformou em estrada real), como também
que o caminho foi traçado com o objetivo já preestabelecido de encontrar as Espinharas.
Portanto, a campanha promovida pelo patriarca do clã Oliveira Ledo para a
descoberta de um caminho dos Sertões dos Carirys para o Sertão das Espinharas foi
intencional, ele sabia aonde queria chegar, pois já conheciam as Espinharas de
campanhas exploratórias anteriores (ALMEIDA, 1978.p.103), mas somente pela rota já
desbravada por outros curraleiros vindos da Bahia através do Pajeú, um antigo acesso
natural aos sertões extremos da Paraíba e da Capitania do Rio Grande e, portanto, esta
rota que se havia de abrir era até então inédita.
Por esse tempo, a Casa da Torre já era possuidora de enormes domínios
territoriais nos ermos da Paraíba, com currais nos sertões das Piranhas, Rio do Peixe e
Piancó (BANDERA, 2000.p.21), porém o sertão das Espinharas ainda estavam
devolutos, ocupados apenas por indígenas, mas seria apenas uma questão de tempo para
que a avidez da Casa da Torre desbravasse estes sertões e estendesse seus domínios para
o leste da Capitania da Paraíba até o ponto de ilhar a Data dos Oliveira do Cariry. Desse
modo, urgia que os Oliveira Ledo tomassem para si as terras das Espinharas para criar
uma barreira ao avanço da Casa da Torre em direção ao Cariry. Percebe-se, portanto,
que o domínio das Espinharas foi uma estratégia de extensão latifundiária dos Oliveira
Ledo, que almejava concorrer com a poderosa Casa da Torre o domínio dos sertões da
Capitania.
Mas o projeto agrário dos Oliveira Ledo na então Capitania da Paraíba pretendia
não apenas impedir o avanço da Casa da Torre, mas também, de modo sutil, dominar
todo o sertão paraibano, isso se mostra muito claro, quando o clã passou a arrendar
terras aos Garcia d’Ávila nas Piranhas, Rio do Peixe e Piancó, adquirir o domínio
político da região prestando “serviços úteis a Sua Majestade”, quando Antônio de
Oliveira Ledo conquistou o posto de Capitão-mor dos Sertões dos Carirys, Piancós e
Piranhas, e forçar o estabelecimento da sede da jurisdição exatamente nas Piranhas, de
modo a forçar os Garcia d’Ávila a doar patrimônio para o Arraial de Bom Sucesso, que
passaria a jurisdição real sob o domínio político, é claro, do clã Oliveira Ledo, uma vez
que os cargo de capitão-mor dos sertões, por meio de influência e poder, perpassou-se
de modo hereditário para o clã10.
10
Tal afirmativa é endossada em alguns trechos do livro de Seixas. (SEIXAS, 2004.p.29-46).
7
É notória a mobilidade e influência que os Oliveira Ledo adquiriram no
território, com inúmeras fazendas nas mãos de seus parentes e de gente de sua casa
(TAVARES, 1982.p.82), assim como eles se aproveitaram do imenso distanciamento
destes sertões em relação a capital do Brasil, em Salvador. Como o poder das patentes
militares e administrativas perpassando por hereditariedade e algumas medidas
governamentais favoráveis, como a redução das sesmarias para uma légua por três e a
extinção das grandes datas de terras, que acanharam os avanços da Casa da Torre na
Paraíba, o clã dos Oliveira Ledo cada vez mais dilatou suas ambições latifundiárias e de
poder administrativo, especialmente nos tempos de Theodósio de Oliveira Ledo 11.
Dada a dimensão que envolveu o processo da conquista do Sertão por parte dos
Oliveira Ledo, se faz fundamental, entender e especificar a raiz de tudo isso, que, ao
nosso ver, se iniciou na determinação da rota inicial deste desbravamento e conquista. A
precisão deste perfil geográfico, em termos práticos, pode até parecer uma informação
inútil à História, mas devemos salientar que esta antiga rota das Espinharas se trata de
uma memória viva do período seiscentista, um patrimônio arqueológico que precisa ser
inventariado e preservado, porque através dele se pode conhecer uma série de fatos e
imaginários relacionados aos primeiros povoadores dos sertões paraibanos.
A historiografia da Paraíba está eivada de logicas imprecisões, devido sua
disponibilidade a novas incursões, e muito de nossa História jaz silenciosa nas
entrelinhas de velhos documentos que podem ser reavaliados à luz de novas
perspectivas, como a toponímia, cartografia e a paleografia. Portanto, nosso objetivo
neste trabalho é reunir dados ainda não observados em fontes sesmareal para esclarecer
e fundamentar o percurso inaugurado pelos Oliveira Ledo para dar início à sua vitoriosa
conquista dos sertões paraibanos.
11
Foi um Capitão-Mor das Fronteiras dos Piranhas, Cariris e Piancós, um nobre português miliciano
das Ordenanças Portuguesas no Brasil, promoveu a exploração e ocupação dos sertões paraibanos.
Fundador de vários povoados, arrais e vilas que posteriormente se tornaram municípios, entre eles
Campina Grande, Olivedos, Pombal.
12
Por esse tempo o Brasil ainda não tinha a extensão que tem hoje, era basicamente uma faixa vertical de
terra dividida em doze faixas horizontais (as capitanias) que se estendia além do litoral até mais ou menos
8
Souza, primeiro Governador Geral do Brasil.13(BANDEIRA, 2000.p.22) Suas terras iam
de Itapoã até o Rio Real e Tatuapara, pequeno porto cinquenta metros sobre o nível do
mar, e foi lá que Garcia d’Ávila, após ter vencido as tribos indígenas existentes ao norte
de Salvador, construiu entre 1600 a 1624 o seu castelo, que se tornou depois a
monumental Casa da Torre.14 (BANDEIRA, 2000.p.24) E em poucos anos o suposto
filho de Tomé de Souza já era o homem mais poderoso da Bahia, mas nunca se
identificou como filho do governador-geral, decerto porque a lei portuguesa proibia que
capitães-mores e governadores doassem sesmarias a seus familiares.
Grande desbravador, no final do século XVI a propriedade já era a maior do
Brasil, indo da praia do forte até o Maranhão, perfazendo um total de 800 mil
quilômetros quadrados, latifúndio que administrava da Casa da Torre, arrendando sítios
a terceiros por meio de procuradores (BANDEIRA, 2000.p.25). Erguido seu império
latifundiário, Garcia d’Ávila preparou seu neto Francisco Dias d’Ávila (1576-1650)
para assumir seus negócios e Francisco Dias d’Ávila expandiu ainda mais o latifúndio,
espalhando currais de gado pelo sertão aumentando as terras da Casa da Torre em mais
de 300 léguas. Pedro Calmon afirma que ele
onde hoje é o Estado do Maranhão e, portanto, o Norte da colônia era as capitanias posicionadas ao norte
da Bahia. (BRITO, 2015.p.20)
13
Tomé de Souza (1503-1579) era português e foi o primeiro governador-geral do Brasil, aportando na
Bahia em 1549 para instalar a sede do novo governo ele fundou a cidade do Salvador, onde fez edificar a
residência do governador, a Casa da Câmara, a Igreja Matriz, Colégio dos Jesuítas e, aos poucos, outros
edifícios. Ele permaneceu no cargo até 1553, quando retornou a Portugal onde ocupou outros importantes
cargos públicos. (BANDEIRA, 2000.p.22)
14
O castelo da Casa da Torre erguido por Garcia d’Ávila para sede dos seus domínios constituía-se em
uma espécie de mansão senhorial, um complexo no estilo manuelino composto de moradias e defensas,
capela, uma torre ameada, com três pavimentos marcados por linhas de seteiras e um
baluarte vigilante. Em alvenaria de pedra e cal, tinha a função de vigiar o sertão por um lado, resistindo
aos ataques dos indígenas revoltados e o mar pelo outro, resistindo aos corsários que então procediam
razias no litoral. (BANDEIRA, 2000.p.24)
9
Pernambuco, Piauí e Maranhão à atividade pecuária da Casa da Torre. (CALMON
1939.p.68)
Com a morte do segundo Garcia d’Ávila sucedeu-o no domínio da Casa da Torre
o seu filho Francisco Dias D’Ávila, o segundo deste nome (1646-1696), que foi o
responsável pela penetração do gado da Casa da Torre nos ermos sertões da Capitania
da Paraíba, adquirindo terras e estabelecendo currais nos sertões do Pinhancó, Piranhas
e Rio do Peixe15 (BRITO, 2017.p.18). Na figura legendária deste segundo Francisco
Dias d’Ávila, cognominado por Pedro Calmon de “O Grande”, a Casa da Torre possuía
então quase toda a Capitania Geral de Pernambuco16 e ainda estava a se expandir de
modo voraz, sem qualquer concorrência porque durante os séculos XV, XVI até a
primeira metade do século XVII, o Nordeste do Brasil Colonial era basicamente
canavieiro e litorâneo e a atividade pecuária e sertaneja se limitava apenas aos imensos
latifúndios da toda poderosa Casa da Torre. (BRITO, 2015.p.62).
Na segunda metade do século XVII, quando se deu a expulsão dos holandeses
(que desde 1631 haviam ocupado a faixa litorânea do Nordeste do Brasil), muitos
colonos passaram a se interessar pelos sertões e o negócio de criar gado, especialmente
os cristãos-novos que viviam no Brasil, pois a retomada do Nordeste do Brasil dos
neerlandeses17 significava que esta região voltaria aos domínios portugueses e se
interiorizar se tornava uma necessidade urgente antes do antissemitismo da Santa
inquisição18 voltar a atual na Colônia. (BRITO, 2015.p.104)
15
Segundo Seixas, a Casa da Torre da Bahia, “graças ao regime latifundiário que instituíra no nordeste
brasileiro, detivera em suas mãos quase um terço das terras do sertão da Paraíba”, sendo sesmeira do
Piancó, Piranhas e Rio do Peixe (SEIXAS, 2004.p.158). Foi ela a primeira a penetrar nos sertões
paraibanos a partir das nascenças do Rio Piancó, ocupando o vale das Piranhas e do Rio do Peixe, mas
não estenderam seus domínios para o sertão de Espinharas, pois as sesmarias nº 831 e 834 indicam que as
terras da Casa da Torre naquela porção ficavam a oeste do Riacho da Cruz.
16
Naqueles tempos, as Capitanias de Itamaracá, Paraíba, Rio Grande, Ceará, Piauí e a porção ocidental do
rio São Francisco pertenciam à Capitania Geral de Pernambuco. A casa da Torre ainda se assenhorou de
grande parte dos atuais estados de Tocantins e Maranhão. Conforme informou Ângelo Emílio da Silva
Pessoa, nas terras que representavam o patrimônio da Casa da Torre por esse tempo estavam inclusas em
áreas da maioria dos estados da atual região Nordeste, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba,
Ceará e Piauí (PESSOA, 2003.p.76).
17
Também conhecida como “Insurreição Pernambucana”, a expulsão dos holandeses do Nordeste do
Brasil aconteceu em 1645, quatorze anos após sua instalação no Brasil, e após esse fato a Coroa
Portuguesa pode dar continuidade a seu objetivo de conquista dos sertões que fora interrompida pela
invasão e possessão neerlandesa.
18
De fato a segunda visitação da Santa Inquisição da Igreja Católica no Nordeste do Brasil, como é
referida, foi bem mais intensa que a primeira. Como a maior parte dos posseiros que vieram de Portugal
eram judeus ou cristãos novos, seria um grande risco permanecer no litoral (único lugar visitado pela
Inquisição devido à logística da época) já que a atividade ou mesmo uma denúncia de práticas de rituais
pagãos era severamente punidos, na maioria dos casos com a morte. A migração para o Oeste, no
momento, seria a melhor opção para fugirem da fiscalização. (BRITO, 2015.p.104)
10
Neste contexto começam a surgir grandes e pequenos sesmeiros a disputar
mercês de territórios, especialmente àqueles que participaram nas guerras de expulsão
dos holandeses, com destaque para Antônio Guedes de Brito, que os cronistas
consideram notáveis seus serviços nas lutas contra a invasão holandesa. Dono de grande
fortuna pessoal, os Guedes de Brito receberam sesmarias e também adquiriram grandes
lotes de terras por meio de compra.19 O historiador Bandeira explica que a família
chegou a possuir uma imensa fortuna, cujo patrimônio ficaria conhecido como Casa da
Ponte.20 Tão grande a ponto de rivalizar com a dos Garcia d’Ávila (BANDEIRA,
2000.p.161).
19
A primeira sesmaria concedida ao capitão Antônio Guedes de Brito foi em 1652, onde consta que ele,
juntamente com seu pai, Antônio de Brito Correa, haviam “feito paz com maior parte do gentio bravo
(cariacãs e sapoyas) e haviam gasto muita fazenda, e como haviam terras de pasto entre as serras Tayaihu
e Caguaohe nunca povoadas e possuíam cabedal e muito gado” pediam as terras entre as serras e “as
mesmas serras, com oito léguas de comprimento entre ellas, por qualquer rumo que corre sem tanto para
um, como para outro”. O provedor-mor não hesitou em concedê-la “pelo merecimento, cabedal e
benefício da republica”. Uma segunda sesmaria fora obtida, em 1655, através de requerimento novamente
feito junto com seu pai, onde declaravam as justificativas de praxe.(TAVARES, 1982.p.85)
20
Acredita-se que o nome “Ponte” tenha vindo somente mais tarde, em meados do século XVIII, quando
a neta de Antônio Guedes de Brito, Joana da Silva Guedes de Brito, se casou com Manoel de Saldanha da
Gama, conde da Ponte, daí contribuindo para que o patrimônio dos Guedes de Brito ficasse conhecido
como Casa da Ponte. (ALVEAL, 2012.p.68)
11
sede da Casa dos Oliveira, de onde, segundo Mello, partiria suas bandeiras de
desbravamento e penetração para a conquista dos sertões (MELLO, 1995.p.74).
Diferentemente dos Garcia d’Ávila e dos Guedes de Brito, os Oliveira Ledo não
eram uma família de cabedal, pois, conforme o genealogista Almeida, eles tinham raízes
humildes porque não constam registros da família nos tratados de heráldica,
nobiliarquia ou mesmo genealogia dos povos da Península Ibérica (ALMEIDA,
1978.p.21). No entanto, nestes meados do século XVII havia o interesse da Corte
portuguesa na ocupação da colônia e, como afirma Abreu, para se adquirir propriedades
imensas no Brasil se “gastou apenas papel e tinta em requerimentos de sesmarias”.
(ABREU, 1960.p.97) Desse modo, para se tornar um latifundiário no Brasil seiscentista
bastava intrepidez para desbravar e demarcar sertões incultos e algum serviço prestado à
Coroa para justificar os pedidos de terra.21
As pretensões pecuaristas do clã se restringiam apenas à Capitania da Paraíba e,
sem dúvidas o quartel general para desbravar os sertões paraibanos seria o arraial do
Boqueirão, fundado em 1663 nos Sertões dos Carirys22 onde residia Antônio de Oliveira
Ledo, como pode ser analisado no mapa 1.
Fig1. Ideia aproximada da sesmaria dos Oliveira Ledo
Desenho do autor
21
A doação de uma sesmaria – ou data de sesmaria, expressão similar correntemente utilizada nos
documentos coloniais – significava o instrumento jurídico mediante o qual estava legalizado o domínio
sobre um determinado território durante os séculos XVI, XVII e XVIII. A transcrição das sesmarias
concedidas em todo o território paraibano podem ser encontradas em Tavares. (TAVARES, 1982.p.86
22
O clã dos Oliveira Ledo assentou na sesmaria do Boqueirão um grupo de índios da etnia cariri que
trouxera consigo dos aldeamentos missioneiros sanfranciscanos para pastorar seu gado e por isso aqueles
sertões tomaram a denominação de Carirys. Estes gentios que acompanhavam as campanhas do Oliveira
Ledo, segundo estudos etnográficos de Brito, eram oriundos da ilha de Aracapá, ribeira do São Francisco,
mais especificamente da tribo Obacoatiara, falantes da língua Dzubaquá. (BRITO, 2013.p.8).
12
Conforme atesta Nantes que passou seis meses em missão catequética neste
arraial (NANTES, 1979.p.40). Os Oliveira Ledo já estavam informados de que os
poderosos sesmeiros da Casa da Torre já haviam se assenhorado de todos os sertões a
oeste do Rio Espinharas e, segundo Brito
Os sertanistas do clã Oliveira Ledo sabiam que além do curral erguido no sertão
dos Carirys havia terras devolutas mais adiante, pois, por volta do ano 1662, antes de
descobrir as vargens onde fundaram seu arraial, já haviam cruzado o território da
Capitania da Paraíba em diligência organizada por seus cunhados Sebastião e Maria
Barboza de Almeida para desbravar sertões no Rio Pontegy, 23 no Rio Grande, e no
retorno desta campanha tinham sido informado sobre os chãos desabitados do
boqueirão, que agora eram seus, e também souberam que as terras no trecho do Rio das
Espinharas estavam devolutas, ocupadas apenas pelos gentios que, até então, não eram
considerados donos das terras pelo governo. (Apud ALMEIDA, 1979.p.19-20) No ano
seguinte eles organizaram a empresa que descobrira as terras do Boqueirão, no Sertão
dos Carirys. Deixaram a povoação de Santo Antônio, às margens do São Francisco
baiano,24 e passaram a viver como pecuaristas na Paraíba. Mas agora viam a
23
A Data do Pontegi foi concedida nos seguintes termos: “[...]O alferes Sebastião Barboza de Almeida,
sua irmã Maria Barboza de Almeida, o alferes Baltazar da Mota, Antônio de Oliveira Ledo, Simão
Correia, Mateus de Viveiros, Constantino de Oliveira Ledo, Luís de Albernaz e Gaspar de Oliveira, todos
moradores neste Estado, que na Capitania do Rio Grande nas cabeceiras de Bento da Costa e no Rio
Pontegy há terras devolutas, que nem estão povoadas nem até o presente dadas a pessoa alguma de
sesmaria. É porquanto eles suplicantes as tem descoberto com muito trabalho; e têm seus gados,
cavalgaduras e mais criações sem terem onde as acomodar; e querem povoar e cultivar as que forem úteis
por seguir disto grande utilidade às rendas de Sua Majestade e bem comum. Pedem a V. Excelência lhes
faça mercê das de sesmaria na parte e confrontação acima referida que é na Capitania do Rio Grande, no
Rio Putegy, cabeceiras de Bento Costa, vinte léguas de terra pelo dito rio acima e doze de largo que
começarão a corrernas cabeceiras de quaisquer datas que se ajam dado no mesmo rio e paragem
referida...” (Apud ALMEIDA, 1979.p.20).
24
Santo Antônio de Vila Nova era uma povoação à margem do São Francisco em território sergipano, que
em 1679 foi elevado a categoria de vila sob o nome de Vila Nova de Santo Antônio, em 1910 foi elevada
a cidade de Vila Nova e a partir de 1940 o município passou a chamar-se Neópolis. Esta antiga povoação
do sertão baiano, conforme muitos documentos atestam, foi a antiga morada dos Oliveira Ledo. Muitos
13
necessidade de promover mais uma investida de desbravamento, dessa vez para ocupar
os chãos das Espinharas, terras onde os Garcia d’Ávila ainda não tinham pisado, pois
seriam propícias para alargar suas fronteiras pecuárias e impedir o avanço da Casa da
Torre para o platô da Borborema. Todavia, se fazia necessário fazer um reconhecimento
destes terrenos em hiato e estabelecer uma rota de integração entre os Sertões dos
Carirys e os Sertões das Espinharas. É bem provável que os Oliveira Ledo tiveram a
Serra do Pico como referencial geográfico para cumprir esta travessia entre o Cariry e às
Espinharas, pois, conforme pudemos constatar in loco, a mesma pode ser vista e
facilmente reconhecida já nos primeiros contrafortes da Serra do Teixeira.
indícios indicam que os Oliveira Ledo eram marranos, pois os sobrenomes Oliveira e Ledo são constantes
em várias denúncias de judaísmo perante o Tribunal da Inquisição em Portuga (SILVA FILHO, 2005
.p.170).
14
[...]no rio Taperoá acompanhando mais ou menos este à
margem do rio tocava a Lagoa do Batalhão e descendo
a Borborema seis léguas além dava nas águas do rio
Pinháras ou Espinháras, que acompanhava até o lugar
onde hoje a Villa dos Patos (JOFFILY, 1977.p.225).
Porém, embora deixem uma grande lacuna territorial à preencher com topônimos
da rota, numa coisa ambos são concordantes, o caminho vinha do Rio Taperoá e depois
tomava o curso do Rio da Farinha para ganhar o sertão das Espinharas como indica o
mapa 2.
Desenho do autor
Para tentar elucidar o real caminho que inaugurou o trajeto entre os Sertões dos
Carirys e às Espinharas, estudamos minuciosamente as cartas de sesmarias doadas no
território da Capitania da Paraíba e, conforme nos foi possível constatar, os registros
15
históricos apontam que a velha estrada que levava os sertanistas do Sertão do Cariry
para o das Espinharas saía do arraial do Boqueirão (atual cidade de Boqueirão) subindo
o Rio Paraíba até chegar a confluência com o atual Rio Taperoá, que era chamado
antigamente de Rio da Travessia (Apud LEAL, 1993.p.80), e certamente este topônimo
estava relacionado ao projeto de travessia dos sertões. Pouco antes de chegar ao lugar
onde hoje está a cidade de Taperoá, antigo Batalhão, se tomava o curso do Riacho
Escuro até a Serra do Pico e dali se descia pelo Riacho dos Mocós até este confluir com
o Rio da Farinha, que por sua vez seguia com destino ao lugar Passagem das
Espinharas, nome antiquíssimo, pois consta registrado em inventários da grande data
que pertenceu ao capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo (ALMEIDA, 1979.p.25) e que
sem dúvidas estava relacionado ao boqueirão da atual Serra do Firmiano, que serve
como marco de finalização do Vale do Farinha e abre “passagem” para o Sertão das
Espinharas.
Como é possível observar, a toponímia é flagrante no determinar do trajeto e, se
não fossemos exigentes às fontes, como deve ser um aspirante a historiador, os
indicativos toponímicos, por si só, já seriam suficientemente esclarecedores para um
veredicto em favor deste caminho. Todavia, o compromisso com a fundamentação nos
levou a estudar todas as 1.133 cartas de sesmaria doadas pelo governo da Capitania da
Paraíba (Apud TAVARES, 1982) em busca de indicativos de época do antigo caminho
que levava os sertanistas do Cariry às Espinharas. Esta busca nos foi definitiva para
demonstrar o caminho de modo enfático e irrefutável, pois a maioria dos topônimos
seiscentistas ainda perdura como pistas latentes deste passado(BRITO, 2011.p.53).
16
descobertas pelo gentio bravo, que antigamente parece, tiveram
nella uma aldeia, por alguns vestígios que nella se achavão; e
supposto não tinha dito riacho aguas necessárias queriam eles
suplicantes fazerem benefícios para as represar; pelo que
pediam treis legoas de terras de comprimento e uma de largo
para cada um, começando dos vestígios da dita aldeia pelo dito
riacho abaixo, ficando-lhe este em meio da largura pedida. Feita
a concessão pelo capitão-mór Francisco de Abreu Pereira, de
seis legoas de comprimento e uma de largura, que partirão por
data entre si os suplicantes. (Apud TAVARES, 1982.p.50)
Reafirmada pela sesmaria número 590 de19 de Novembro de 1792 onde aponta
que a mesma ficava a margem do Riacho Escuto (Taperoá), que o gentio chamava de
Unebatucú, e passava pelos vestígios de uma aldeia extinta25:
25
Segundo nos explicou o etimologista Vanderley de Brito, a “aldeia extinta” que os documentos se
referem certamente ficava na confluência entre o Riacho Escuro e o Rio Taperoá, e este rio tomou o nome
em referência à aldeia extinta, pois o vocábulo Taperoá é tupi e vem da junção de tapera, que quer dizer
“aldeia extinta”, euá, que significa “assento” e, portanto diz respeito a um lugar onde há uma aldeia
abandonada. Hoje em dia a palavra tapera foi incorporada a língua portuguesa para fazer referência a uma
casa velha ou em abandono, mas no tupi antigo referenciava uma aldeia abandonada (conjunto de
choças), tanto que vem de taba (aldeia) junto ao o sufixo de passado puera, querendo exprimir uma aldeia
que não era mais aldeia. O termo juntando-se ao advérbio de lugar “uá” formou o vocábulo “Taperuá”.
(BRITO, 2013.p.12).
17
[...] João Barboza de Souza e Antonio Barboza de Souza, dizem
que descobriram em cima da serra da Borburema uma lagôa
chamada de Santa Anna, com terras de cultivar devolutas,
pegando da estrada velha do Pico, testadas com o Capitão
Antonio Dias Antunes, para o poente três legoas de terra,
confrontando pelo nascente com o sitio da serra do Pico, para o
norte com terras dos Oliveiras, para o sul com terras dos
Oliveiras aguas para as Piranhas e aguas para o Cariry, e porque
precisão das ditas terras para crear e plantar pedem por sesmaria
as três legoas confrontadas. Foi feita a concessão, no governo
de Jeronymo José de Mello Castro. (Apud TAVARES,
1982.p.413)
26
O Riacho Saco do Uruçu não é nada mais do que uma extensão do Riacho Escuro para o oeste, talvez o
nome Uruçu seja uma corruptela do antigo nome Unebatucú, que o gentio dava ao Riacho Escuro.
18
A estrada antiga era denominada de Estrada Real da Espinhara, e ainda existia
até princípios do século XX, pois Joffily fala em 1892 que a Serra do Pico estava
“paralela à estrada que da villa do Batalhão segue para a de Patos” (JOFFILY,
1977.p.94) e nessa mesma obra faz referência a “pequena povoação de Passagem na
estrada geral que segue para a villa de Batalhão” (JOFFILY, 1977.p. 305).27
Na década de 1920, como já havia automóveis circulando na Paraíba as estradas
demandavam serem mais largas para atender a necessidade dos veículos. Desse modo, o
acesso íngreme vindo de Taperoá se mostrava inadequado para o trânsito de automóveis
e, no governo de Epitácio Pessoa, quando a Inspectoria Federal de Obras Contra as
Seccas (IFOCS) iniciou o abrimento dos 111km da estrada de Soledade a Patos tomou o
curso da Serra da Viração, seguindo o Vale do Farinha, e o caminho antigo foi
abandonado por ser inadequado à rodovia que neste trecho, conforme atesta o geólogo
Moraes, na época ficou denominada de Estrada de Rodagem da Viração (MORAES,
1924.p.09). Todavia, o antigo e acidentado caminho margeando o Riacho do Mocó
ainda existe, embora quase em abandono.
Desde sua abertura em fins do século XVII até o início do século XX Antiga
Estrada Real das Espinharas serviu como a principal rota de viajantes, comerciantes e
qualquer popular ou autoridade que desejasse ir da capital aos Sertões ou no sentido
reverso. Tratasse atualmente do maior patrimônio histórico e arqueológico (em
extensão) do Estado da Paraíba que contrasta com o esquecimento e até
desconhecimento da academia, institutos de memoria e poder público em relação a sua
existência, sua riquíssima história secular vem gradativamente definhando na memória
dos moradores mais antigos da região que narram empolgados28 as aventuras de seus
antepassados no cruzamento desse patrimônio em perigo de extinção.
3- CONCLUSÃO
A Estrada Real de Espinharas, inaugurada pelo clã Oliveira Ledo para ligar o
Cariry às Espinharas, foi depois estendida e definida oficialmente por Antônio de
Oliveira Ledo, quando o então governador da Paraíba Alexandre de Souza Azevedo,
27
Vila de Batalhão era a atual cidade de Taperoá, mas certamente o antigo caminho dos Oliveira Ledo
originalmente não passava por onde hoje é Taperoá, só veio a passar depois que se formou uma povoação
ali, já em fins do século XIX.
28
Durante as visitas em loco conversamos com populares que narravam histórias da Antiga Estrada por
antepassados e por eles próprios, as visitas ocorreram nas cidades de Taperoá e Passagem.
19
(empossado em 1678), o incumbiu de fazer uma entrada da cidade da Parahyba ao alto
sertão em missão de reconhecimento e, nesta bandeira se definiu as cento e cinquenta
léguas desta primeira Estrada Real (Apud ALMEIDA, 1978.p.18). Por um bom tempo
esta estrada foi a principal via de integração leste-oeste da Capitania, partindo da cidade
da Parahyba com destino ao Sertão das Piranhas. Foi por ela que seguiu Theodósio de
Oliveira Ledo quando fundou a atual cidade de Campina Grande no longínquo ano de
1697,mas com o tempo a estrada foi gradativamente mudando o curso em favor das
novas povoações que iam surgindo e dos interesses de mandatários e aos poucos foi se
distanciando de seu itinerário primitivo até se tomar o que hoje conhecemos como
Rodovia Antônio Mariz (BR 230).
Todavia, ainda existem alguns trechos fragmentários desta antiga estrada, com
pouco uso, mas como referência deem formações latentes culturais e geo-históricos
deste passado colonial. O mais emblemático deles, em nosso julgar, é a fração que ainda
subsiste passando rente a Serra do Pico, no atual município de Taperoá, que desce o
desfiladeiro em direção ao Vale do Farinha. A estradinha de terra, tal qual foi
inaugurada pelo facão dos desbravadores seiscentistas, ainda segue junto ao curso do
Riacho dos Mocó, passa na bifurcação deste com o Riacho Rodeador e desce serpeante
passando pela povoação do Estreito, depois cruza o Rio da Farinha e vai se encontrar
com a PB 228 a uns 2 Km antes da chegada a cidade de Areia de Baraúnas.
Como ficou explicito, a Antiga Estrada Real das Espinharas é um riquíssimo
patrimônio histórico e arqueológico de nosso Estado que deve ser melhor estudado e
preservado. Essa produção vem com o objetivo de alertar os demais pesquisadores da
existência desse patrimônio, que se melhor discutido poderia proporcionar imensos
subsídios para a história da Paraíba, que, infelizmente, vem sendo massacrada pelo
pedantismo no qual, muitos pesquisadores, inclusive desta bibliografia, repetem
palavras de outros historiadores sem visitar a fonte pessoalmente.
Os pesquisadores pioneiros da história da Paraíba tem mérito incontestável em
suas publicações, entretanto, o século XIX nos proporciona certos artifícios que
facilitam a pesquisa e nos incumbe de reanalisar as fontes e monumentos que compõem
nossa história.
Ao termino deste trabalho, essa obra resultará em uma publicação voltada para
revistas acadêmicas e fichas de sítio (histórico e arqueológico) que serão encaminhadas
para os órgãos de proteção e divulgação do patrimônio histórico (IPHAN e IPHAEP),
com o objetivo de fomentar a discussão a cerca da desconstrução de nossa história
20
inserindo novos pontos de debate para que fatos e fatores como esse não caiam no
profundo “canhão” do esquecimento.
ABSTRACT
Given the size that involved the process of the conquest of the Sertões da Paraíba by the
Oliveira Ledo, it is fundamental to understand, to specify and to re-evaluate between the
lines of the oldest documents, in dialectics with recent productions in the light of new
perspectives such as toponymy, cartography and the paleography, for a rereading of the
root of the sertanejo colonizing process, which, in our opinion, begins in the
determination of the initial route of the exploration and conquest of the Sertões. The old
route of the Espinharas, which still have some preserved or little damaged parts, that
served as a mainstay for these old flags, constitutes a patrimony of the seventeenth
period that needs to be inventoried and preserved, because through it one can know a
series of facts and imaginaries related to the first settlers of the backlands of Paraíba.
In this way, our objective in this work is to gather data not yet observed by the current
historiography, both sixteenth and present, to analyze and to base the route traced by
Oliveira Ledo to begin his conquest of the Sertões Paraíba, in competition with the
house of Garcia D 'Ávila and so that it can integrate the collection of historical assets of
the State, as well as serve as a contribution to historical and archaeological research.
The study took place both in the study of the sources and in the field research to verify
personally the existence, the route, importance and state of preservation in which this
patrimony is found.
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