Cartilha Imaterial PDF
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IPHAN/ MinC
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CRÉDITOS
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA CULTURA
Juca Ferreira
PRESIDENTE DO IPHAN
Luiz Fernando de Almeida
COORDENAÇÃO-GERAL DE SALVAGUARDA
Teresa Maria Cotrim de Paiva-Chaves
SUMÁRIO
A P R E S E N TA Ç Ã O 05
INTRODUÇÃO 06
PAT R I M Ô N I O D E Q U E M E PA R A Q U Ê 12
O I N V E N T Á R I O N A C I O N A L D E R E F E R Ê N C I A S C U LT U R A I S – I N R C 18
O R E G I S T R O D O S B E N S C U LT U R A I S D E N AT U R E Z A I M AT E R I A L 21
O P R O G R A M A N A C I O N A L D O PAT R I M Ô N I O I M AT E R I A L – P N P I 23
A S A LVA G U A R D A D E B E N S C U LT U R A I S R E G I S T R A D O S 24
O I P H A N C U I D A E N Ó S . . . TA M B É M ! 25
APOIO E FOMENTO 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29
O I P H A N N O S E U E S TA D O 30
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APRESENTAÇÃO
Cecília Londres
Artesanato de herdeiros de Mestre Vitalino. Feira de Caruaru, Caruaru-PE. Aurélio Fabian, 2005. Acervo Iphan.
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INTRODUÇÃO
Entende-se por cultura todas as ações por meio das
quais os povos expressam suas “formas de criar,
fazer e viver” (Constituição Federal de 1988, art.
216). A cultura engloba tanto a linguagem com que
as pessoas se comunicam, contam suas histórias,
fazem seus poemas, quanto a forma como cons-
troem suas casas, preparam seus alimentos, rezam,
fazem festas. Enfim, suas crenças, suas visões de
mundo, seus saberes e fazeres. Trata-se, portanto, de
um processo dinâmico de transmissão, de geração a
geração, de práticas, sentidos e valores, que se
criam e recriam (ou são criados e recriados) no pre-
sente, na busca de soluções para os pequenos e
grandes problemas que cada sociedade ou indivíduo
enfrentam ao longo da existência.
Peixes: Yrowaite Wajãpi, 2000. Espinha de anaconda e sapos: Kumai Wajãpi, 1983. Espinha de anaconda: Waivisi Wajãpi, 1983.
Arte gráfica kusiwa do povo indígena Wajãpi do Amapá.
Algo semelhante acontece com um grupo social. As Quando alguém é identificado como wajãpi, por
pessoas de cada grupo social compartilham histórias exemplo, apresenta uma série de características
e memórias coletivas, visões de mundo e modos de deste povo indígena como o jeito de falar, o uso de
organização social próprios. Ou seja, as pessoas adereços ou pinturas no corpo, o modo de construir
estão ligadas por um passado comum e por uma casas, as formas de celebrar, de narrar os mitos que
mesma língua, por costumes, crenças e saberes são contados pelos mais velhos aos jovens. No Brasil,
comuns, coletivamente partilhados. A cultura e a existem cerca de 220 povos indígenas diferentes,
memória são elementos que fazem com que as pes- com costumes, tradições, línguas e histórias também
soas se identifiquem umas com as outras, ou seja, diferentes. Quanto mais se conhece e aprende sobre
reconheçam que têm e partilham vários traços em esses povos, mais se aprende a identificar e valorizar
comum. Nesse sentido, pode-se falar da identidade as diferenças entre eles.
cultural de um grupo social.
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Nem sempre, porém, as pessoas “falam” tão clara- tecer redes, de fazer renda, de contar uma história.
mente para as outras sobre a sua identidade. Não
porque tenham vergonha ou não se sintam identifica- O modo de ser das pessoas, sua cultura, vai muito
das com os aspectos da sua cultura. É que para elas além das aparências que reconhecemos à primeira
tudo é vivido de forma tão natural, no dia-a-dia, que, vista, ou seja, de seu modo de vestir, dos lugares que
a não ser que precisem se defender contra o precon- freqüentam, de seus costumes e crenças. Por exem-
ceito, ou se afirmar entre pessoas que ainda não as plo, tomemos os motoboys, que percorrem as ruas
conhecem, não sentem necessidade de anunciar suas das cidades com seus capacetes e suas roupas de
características particulares, suas marcas de distinção, couro. Quando tiram essa sua roupa, no seu tempo
o que as diferencia de outros grupos sociais, de livre, provavelmente vão se dedicar às mais variadas
outras comunidades. O que torna uns diferentes dos atividades: uns vão freqüentar um culto religioso,
outros, às vezes, pode ser reconhecido nas coisas outros vão a bares, outros a bailes funk ou forrós,
mais simples, como as várias maneiras de fazer fari- etc. Provavelmente, a grande maioria vai frequentar
nha, os diferentes modos de construir barcos, de algumas dessas e muitas outras atividades. Tomemos
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outro exemplo: uma pessoa que migrou do sertão O Brasil é um país de grande diversidade
nordestino para uma cidade grande do sudeste cer- cultural. Isso porque, na nossa história, vários gru-
tamente vai assimilar novos hábitos e costumes, tal- pos étnicos e sociais participaram da formação do
vez até mude algumas de suas crenças e valores, país e ofereceram diferentes contribuições culturais:
mas é muito provável que conserve traços e apego à povos indígenas, portugueses, holandeses, italianos,
sua cultura de origem, o que a tornará ao mesmo africanos, árabes, japoneses, judeus, ciganos, entre
tempo próxima mas, por outro lado, diferente das outros. As culturas que essas pessoas trouxeram nos
pessoas que permaneceram em sua terra natal. seus modos de ser, nas suas visões de mundo, nas
Rua José Paulino, bairro do Bom Retiro, São Paulo-SP. João Bacellar, 2005. Liga Independente de Bonecos, Olinda-PE. Passarinho. Acervo Iphan.
Acervo Iphan.
Do mesmo modo, reconhecer que todos os povos suas memórias, foram transformadas no contato
produzem cultura e que cada um tem uma forma com outras culturas já aqui presentes e também cau-
diferente de se expressar é aceitar a diversidade saram transformações nessas culturas. Dessa forma,
cultural. Ou seja, é reconhecer que não existem cul- participaram da formação da cultura brasileira, tão
turas mais importantes, ou melhores que outras, e plural e ricamente diversa.
sim culturas diferentes!
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Mário de Andrade Durante um longo período, essa diversidade cultural do Brasil não foi
(1893-1945) estudou literatura,
valorizada. Afirmava-se, quando muito, uma identidade nacional for-
música, artes plásticas, folclore,
arquitetura e foi também um gran- mada a partir da contribuição de três raças: a indígena, a portuguesa
de escritor brasileiro. Ele viajou pelo e a africana. Isso começou a mudar quando, na década de 1920 do
país filmando, fotografando e escre- século XX, um grupo de artistas e intelectuais se reuniu no que veio a
vendo sobre danças, canções, “cau-
sos”, lendas, etc. A obra deixada
se chamar de Movimento Modernista, que passou a buscar e a valori-
por Mário de Andrade evidencia zar as diferentes raízes da cultura brasileira. Integrantes desse movi-
que ele procurava associar conheci- mento também participaram, em 1937, da criação do então Serviço
mento e reflexão com ações de
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, entre os quais
reconhecimento e valorização da
cultura enquanto elemento essencial merece destaque o escritor e pesquisador Mário de Andrade. Hoje,
da identidade de nosso povo. Mário com o nome de Instituto Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN
de Andrade foi autor do anteprojeto desenvolve ações de preservação do patrimônio cultural em todo o
de criação Serviço do Patrimônio
Artístico Nacional e participou das
território nacional.
primeiras ações realizadas por essa
instituição. Entre 1941 e 1945, foi
Ao longo desses 70 anos de existência, o IPHAN tem trabalhado no
diretor da regional do Iphan em São sentido de reformular e aperfeiçoar suas estratégias de atuação para
Paulo. atender aos novos desafios e demandas que surgem, na medida em
que as noções de cultura, povo, identidade, nação e patrimônio são
Ainda na primeira metade do século
XX, outros importantes pesquisado- reinterpretadas e ampliadas. Isso significa dizer que o entendimento
res da cultura popular, como do que é patrimônio cultural é construído ao longo do tempo, a partir
Câmara Cascudo (1898-1986), de reflexões sobre as experiências de preservação e pesquisas realiza-
Gilberto Freyre (1900-1987), Sílvio
Romero (1851-1914) e Édison
das pelo próprio IPHAN e também por outras instituições, nacionais e
Carneiro (1912-1972), também pro- internacionais, que atuam nesse campo, assim como a partir da
duziram conhecimento e documen- observação e incorporação de iniciativas dos diferentes setores da
tação de festas, costumes, técnicas
sociedade.
de produção de barcos, tecidos, ren-
das, enfim, de saberes e fazeres
enraizados no cotidiano das comu-
nidades pelo Brasil afora.
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A NOÇÃO DE PATRIMÔNIO AO
LONGO DO TEMPO
PAT R I M Ô N I O D E Q U E M E PA R A Q U Ê
A palavra patrimônio vem de pater, que O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes,
significa pai. Tem origem no latim, uma
língua hoje morta que deu origem à lín- fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à
gua portuguesa. Patrimônio é o que o memória e à identidade desse povo. A preservação do patrimônio cultural
pai deixa para o seu filho. Assim, a pala-
vra patrimônio passou a ser usada quan- significa, principalmente, cuidar dos bens aos quais esses valores são asso-
do nos referimos aos bens ou riquezas de ciados, ou seja, cuidar de bens representativos da história e da cultura de
uma pessoa, de uma família, de uma
um lugar, da história e da cultura de um grupo social, que pode, (ou, mais
empresa. Essa idéia começou a adquirir o
sentido de propriedade coletiva com a raramente não), ocupar um determinado território. Trata-se de cuidar da
Revolução Francesa no século XVIII. conservação de edifícios, monumentos, objetos e obras de arte (esculturas,
Naquele momento, muitos revolucioná- quadros), e de cuidar também dos usos, costumes e manifestações cultu-
rios queriam destruir todas as obras de rais que fazem parte da vida das pessoas e que se transformam ao longo
arte, castelos, prédios e objetos perten-
centes à nobreza, assim como os templos
do tempo. O objetivo principal da preservação do patrimônio cultural é for-
que lembravam o poder do clero. Alguns talecer a noção de pertencimento de indivíduos a uma sociedade, a um
intelectuais manifestaram-se contra esta
grupo, ou a um lugar, contribuindo para a ampliação do exer-
atitude, argumentando que, além do
valor econômico e artístico, aqueles cício da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida.
monumentos e objetos também conta-
vam a história do povo da França, dos A idéia de patrimônio não está limitada apenas ao conjunto
camponeses, dos comerciantes, dos
pobres. Ou seja, o valor histórico daque- de bens materiais de uma comunidade ou população, mas tam-
les bens ia além da história dos reis, do bém se estende a tudo aquilo que é considerado valioso pelas
clero, dos nobres e de toda a corte fran-
pessoas, mesmo que isso não tenha valor para outros grupos
cesa. Assim, esses bens deveriam ser pre-
servados no interesse de um conjunto sociais ou valor de mercado.
maior de pessoas: para a população que
compunha a nação francesa. Mas como é possível saber o que é o patrimônio cultural de
A noção de patrimônio histórico surge, um grupo social, de vários grupos, de uma comunidade, de
portanto, vinculada à noção de cidadania. uma sociedade inteira, de uma nação? Será que tudo é patri-
mônio? Como é possível saber o que é tão valioso para uma
sociedade que ela queira conservar para as futuras gerações?
Como será que acontece essa escolha?
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Vamos pensar um pouco na casa de uma pessoa: existem objetos que são A idéia de um patrimônio cultural que fosse reconhe-
cido como de interesse da humanidade começou a
considerados importantes pela família e colocados na sala de visitas de ser pensada pouco depois da II Guerra Mundial
(1939-1945), durante a qual vários monumentos pre-
forma que todos aqueles que visitem a casa possam ver esses objetos. Um ciosos, situados em quase todos os países envolvidos
vaso é colocado sobre a mesa seja porque é considerado bonito, seja por- no conflito, foram destruídos, o que significou uma
perda sem retorno para o conhecimento de culturas
que pertenceu aos pais ou avós do dono da casa, ou por alguma outra antigas e da história dessas nações.
razão que só os moradores da casa conhecem. Às vezes, também estão Mas essa idéia só se tornou efetiva quando foi anun-
expostas, em local visível, fotos de família ou de viagens realizadas pelos ciado que ia ser construída, no sul do Egito, a grande
barragem de Assuam, cujas águas, que iam tornar
donos da casa, imagens que contam um pouco da vida daquelas pessoas. férteis terras desérticas nas margens do rio Nilo, iam
Muitas vezes objetos sagrados ganham destaque, como a imagem de um também inundar belos e antiqüíssimos templos e
túmulos de faraós. Como o governo egípcio não
santo, por exemplo. tinha condições de financiar, sozinho, a transposição
desses bens históricos para outro local próximo, o
então Ministro da Cultura da França, o escritor André
Tudo o que se escolhe mostrar para os amigos que serão recebidos é selecio- Malraux, lançou um apelo para a comunidade inter-
nado a partir de uma história que se quer contar, da vontade de comparti- nacional, dizendo que aqueles bens culturais não per-
tenciam apenas ao Egito, mas faziam parte da história
lhar a beleza de algum objeto, do desejo de mostrar o quão importante são e da cultura da humanidade, e que, portanto, era res-
determinadas crenças para as pessoas daquela casa. Dessa forma, ponsabilidade de todos os países contribuírem para
sua salvaguarda. Esse apelo foi acolhido pela UNES-
todos os que a visitam podem conhecer um pouco melhor as CO, órgão da Organização das Nações Unidas, que
coordenou os esforços para essa ação. A partir daí,
pessoas que ali vivem: descobrem alguns de seus gostos, foi elaborada a Convenção para a Proteção do
um pouco de seu passado, sobre o que acreditam. Patrimônio Mundial, Cultural e Cultural (1972), e cria-
da a Lista do Patrimônio Mundial. Hoje há mais de
quase 1.000 bens inscritos nessa Lista.
O patrimônio cultural de uma sociedade é também fruto de
No entanto, com o passar dos anos, foi ficando evi-
uma escolha, que, no caso das políticas públicas, tem a dente que só estavam sendo inscritos na Lista do
participação do Estado por meio de leis, instituições e Patrimônio Mundial bens considerados de valor
excepcional selecionados conforme os critérios de
políticas específicas. Essa escolha é feita a partir daquilo valoração das culturas européias, como palácios, igre-
jas, conjuntos urbanos, enfim, edificações feitas nos
que as pessoas consideram ser mais importante, mais estilos documentados pelos historiadores das culturas
representativo da sua identidade, da sua história, da sua cul- do Ocidente. Ficavam de fora, assim, manifestações
que indígenas das Américas, e tribos da África e da
tura. Ou seja, são os valores, os significados atribuídos Oceania, por exemplo, consideravam sua maior rique-
pelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que os za, como rituais, narrativas sobre sua origem, lugares
da natureza usados como templos, formas de fabricar
tornam patrimônio de uma coletividade (ou patrimônio objetos, etc.
coletivo). Foi, portanto, a partir de uma análise crítica dos limi-
tes da Lista do Patrimônio Mundial que a UNESCO
Detalhe da peça “Conjunto de Jongo”. Idalina da Costa começou a desenvolver uma série de programas que
Barros, Taubaté. Acervo do Museu Edison Carneiro. levaram à elaboração da Convenção para a
Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003).
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Detalhe da peça “Casa de Farinha”de Sólon, Museu do Mamulengo, PE. Luis Santos/Reflexo. Acervo Iphan.
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Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direi- IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
tos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e destinados às manifestações artístico-culturais;
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artís-
§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, tico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promove-
processo civilizatório nacional. rá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventá-
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta rios, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras
significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. formas de acautelamento e preservação.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plu- § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
rianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração documentação governamental e as providências para franquear sua
das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda consulta a quantos dela necessitem.
Constitucional nº 48, de 2005) § 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimen-
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído to de bens e valores culturais.
pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005) § 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na
II - produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela forma da lei.
Emenda Constitucional nº 48, de 2005) § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
suas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 6º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo
48, de 2005) estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua
IV - democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela receita tributária líquida, para o financiamento de programas e proje-
Emenda Constitucional nº 48, de 2005) tos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
V - valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 48, de 2005) I - despesas com pessoal e encar-
gos sociais; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em con- II - serviço da dívida; (Incluído pela
junto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos Emenda Constitucional nº 42, de
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se 19.12.2003)
incluem: III - qualquer outra despesa corren-
I - as formas de expressão; te não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados.
II - os modos de criar, fazer e viver; (Incluído pela Emenda
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
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Para que se possa preservar um bem cultural, é importante saber não apenas que
“Referências são as edificações e são ele existe, mas também se a manifestação cultural é praticada pela população
paisagens naturais. São também as local, se as pessoas têm dificuldade ou não em realizá-la, que tipos de problema a
artes, os ofícios, as formas de expres-
são e os modos de fazer. São as fes- afetam, como essa tradição vem sendo transmitida de uma geração para outra,
tas e os lugares a que a memória e a que transformações têm ocorrido, quem são as pessoas que hoje atuam direta-
vida social atribuem sentido diferen-
ciado: são as consideradas mais mente na manutenção dessa tradição, entre vários outros aspectos relativos à exis-
belas, são as mais lembradas, as mais tência daquele bem cultural.
queridas. São fatos, atividades e
objetos que mobilizam a gente mais
próxima e que reaproximam os que Todas essas informações são importantes para que se possa identificar quais são os
estão longe, para que se reviva o principais problemas que as pessoas enfrentam para manter viva uma manifestação
sentimento de participar e de perten-
cer a um grupo, de possuir um lugar. cultural e o que pode ser feito para que um determinado bem cultural não deixe
Em suma, referências são objetos, de existir. Ou seja, o primeiro passo para se preservar alguma coisa é conhecê-la. O
práticas e lugares apropriados pela
cultura na construção de sentidos de Inventário Nacional de Referências Culturais é um instrumento para conhecer e
identidade, são o que popularmente documentar bens culturais, como também para conhecer o
se chama de raiz de uma cultura.”
valor atribuído pelos grupos sociais a esses bens. Assim, ao reali-
In: Iphan. Inventário Nacional de zar esse trabalho de inventário, o Iphan está, ao mesmo tempo,
Referências Culturais. Manual de
Aplicação. Fev./2000. documentando e identificando problemas e soluções para a sal-
vaguarda das manifestações culturais.
Balaio grande. Setor Coraci, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amaná-AM. Acervo
Etnográfico do Programa de Artesanato do Instituto de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá-IDSM.
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22
bem e na produção de vídeos ou material sonoro Patrimônio Cultural do Brasil: Mamirauá-AM. Acervo Etnográfico do
Programa de Artesanato do Instituto
sobre suas características e contexto cultural. o Ofício das Paneleiras de de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá-IDSM.
Goiabeiras, em Vitória, no
A inscrição de bens nos Livros de Registro do IPHAN Espírito Santo; a Arte Gráfica Kusiwa, dos Índios
contribui, portanto, para o reconhecimento e a valo- Wajãpi do Amapá; o Círio de Nazaré, em Belém;o
rização do papel de uma determinada manifestação Samba de Roda do Recôncavo Baiano; o Modo de
cultural na formação da cultura brasileira. Esse ato Fazer Viola-de-Cocho, no Mato Grosso e Mato
contribui também para estimular o envolvimento da Grosso do Sul; o Ofício das Baianas de Acarajé; o
sociedade na tarefa de preservar esses bens, e para Jongo no Sudeste;a Cachoeira de Iauaretê – lugar
criar condições para um apoio efetivo na sua salva- sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e
guarda por parte de instituições públicas e privadas, Papuri, no estado do Amazonas;a Feira de Caruaru e
em nível federal, estadual e municipal, de organis- o Frevo em Pernambuco; o Tambor de Crioula do
Maranhão; as Matrizes do Samba no Rio de Janeiro:
Rodas das Paparutas da Ilha de Paty. Maragogipe, BA. Luiz Santos, 2004.
Acervo Iphan. partido alto,samba de terreiro e samba-enredo; o
Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas nas
Regiões do Serro, na Serra da Canastra e Serra do
Salitre, no estado de Minas Gerais, o Ofício dos
Mestres de Capoeira e também a Roda de Capoeira;
além do Modo de Fazer Renda Irlandesa, tendo
como referência este ofício em Divina Pastora,
Sergipe.
1 O Centro Nacional de Cultura Popular, que constituía um setor da FUNARTE desde 1985, foi incorpo-
rado à estrutura do Iphan em 2004 e vinculado ao Departamento do Patrimônio Imaterial deste
Instituto como unidade autônoma de preservação e salvaguarda do patrimônio da cultura popular. Seu
acervo de objetos de arte, conhecimentos e documentação foi reunido em seis décadas de experiência
institucional, que teve origem nas atividades da Comissão Nacional de Folclore, criada em 1947, trans-
formada depois na Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, em 1958, e no Instituto Nacional do
Folclore, em 1980.
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O P ro g r a m a N a c i o n a l d o P a t r i m ô n i o
Imaterial – PNPI
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A s a l v a g u a rd a d e b e n s c u l t u r a i s
re g i s t r a d o s
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Apoio e fomento
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O I P H A N N O S E U E S TA D O
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12ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - RIO GRANDE DO SUL 18ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - MATO GROSSO DO SUL
Endereço: Av. Independência, 867 Endereço: Av. Noroeste, 5140 – Centro
Porto Alegre-RS – CEP: 90.035-076 Campo Grande-MS – CEP: 79.002-010
Telefone: (51) 3311-1188 Telefone: (67) 3382-5921
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13ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - MINAS GERAIS
Endereço: Rua Januária, 130 – Floresta 19ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PIAUÍ
Belo Horizonte-MG – CEP: 30.110-055 Endereço: Praça Marechal Deodoro, 790 – Centro
Telefone: (31) 3222-2440 Teresina-PI – CEP: 64.000-160
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Fax: (86) 3221-5538
14ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - GOIÁS / TOCANTINS / MATO GROSSO
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Goiânia-GO – CEP: 74.083-020 RIO GRANDE DO NORTE
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