Descobrindo Apocalipse Por Capítulos
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Descobrindo Apocalipse Por Capítulos
Original em inglês:
REVELATION -
Commentary by A. R. Faussett
Vv. 1-14. O livro dos sete selos: ninguém digno de abri-lo salvo o
Cordeiro. Toma entre os louvores dos redimidos e de todo o exército
celestial.
1. Na mão — Gr., “Vi na mão …” Sua mão direita estava aberta, e
sobre ela o livro. Da parte de Deus não se encobriam Seus propósitos em
relação ao futuro contidos no livro: o único obstáculo para que se
rompessem os selos se declara em Ap_5:3. [Alford].
livro — antes, um rolo, de acordo com a antiga forma de livros, e
escrito em ambos os lados. A escritura no dorso expressa a plenitude e
totalidade, de modo que nada lhe falta acrescentar (Ap_22:18). O rolo,
ou livro, parece pelo contexto ser “o título de herança do homem” [De
Burgh] redimido por Cristo, e contém os passos sucessivos pelos quais
ele deve recuperar do usurpador e obter plena possessão do reino já
“redimido” para si e para seus santos escolhidos. Entretanto, nenhuma
porção do rolo diz-se que fosse aberta nem lida, mas sim simplesmente
que os selos foram abertos sucessivamente, dando-se final acesso à
leitura de seu conteúdo como um todo perfeito, o que não será senão
quando todos os eventos simbolizados pelos selos tenham passado,
quando Ef_3:10 receba seu cumprimento perfeito, e o Cordeiro revele os
planos providenciais de Deus a respeito da redenção em toda a múltipla
glória deles. De modo que a abertura dos selos significará os passos
sucessivos pelos que Deus em Cristo abre o caminho rumo à final
abertura e a leitura do livro, no visível estabelecimento do reino de
Cristo. Veja-se na grande consumação, Ap_20:12, “Outro livro foi
aberto … o livro da vida;” Ap_22:19. Ninguém é digno de fazê-lo a não
ser o Cordeiro, porque Ele mesmo como tal redimiu a herança perdida do
homem, da qual o rolo é o título de propriedade. A pergunta (Ap_5:2)
não é (como se supõe usualmente): Quem deveria revelar os destinos da
Igreja? (pois isto qualquer profeta inspirado seria capaz de fazer), mas
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sim, quem tem o PODER de dar ao homem um novo título de sua
herança perdida? [De Burgh].
selado com sete selos — Gr., “lacrado,” ou “firmemente selado.” O
número sete (dividido em quatro o número de extensão mundial, e três, o
divino) abunda no Apocalipse, e expressa conclusão perfeita. Assim, os
sete selos, que representam todo poder, dado ao Cordeiro: as sete
trombetas pelas quais os impérios mundiais são sacudidos e derrubados,
e introduzido o reino do Cordeiro; e as sete taças, pelas quais o reino da
besta é destruído.
2. forte — (Sl_103:20). Sua voz penetrava pelo céu, terra e o hades
(Ap_10:1-3).
3. ninguém — nem homem meramente, nem ninguém de outra
ordem de seres.
sobre a terra — Gr., “sobre a terra.”
debaixo da terra — quer dizer, no hades.
olhar para ele — ver seu conteúdo para lê-lo.
4. nem mesmo olhar para ele — Uma versão trouxe “nem de lê-
lo,” frase inserida sem boa autoridade. Um manuscrito antigo, Orígenes,
Cipriano, e Hilário, omitem-na. Lê-lo não quadra bem entre abrir o livro,
e olhar para ele. João, recebida a promessa de uma revelação das coisas
“que deviam suceder depois,” chora agora porque seu desejo veemente
fica aparentemente frustrado. É um exemplo, pois, que devemos imitar,
de um aluno enérgico e dócil do Apocalipse.
5. um dos anciãos — Este “ancião,” segundo alguns (em Lyra), é
Mateus. Com isto concorda a descrição aqui dada de Cristo, “o Leão, que
é (segundo o grego) da tribo de Judá, a raiz de Davi”; sendo proeminente
em Mateus o aspecto de Cristo como real, descendido de Davi, qual leão,
pelo que o leão entre os querubins quádruplos usualmente se atribui a
Mateus. Gerhard em Bengel opinava que Jacó é o significado, sendo ele,
sem dúvida, um dos que ressuscitaram com Cristo e subiram ao céu
(Mt_27:52-53). Os anciãos ao redor do trono no céu sabem melhor que
João o grande alcance do poder de Cristo.
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Raiz de Davi — (Is_11:1, Is_11:10). Não meramente “um broto
saído da antiga raiz de Davi” (como o limita Alford), mas sim inclui
também a ideia de ser ele mesmo a raiz e a origem de Davi: Vejam-se
estas duas verdades unidas em Mt_22:42-45. Portanto o chama não só o
Filho de Davi, mas também Davi. Ele é ao mesmo tempo “o ramo de
Davi” e “a raiz de Davi,” o Filho de Davi e o Senhor de Davi, o
Cordeiro imolado, e portanto o Leão de Judá: que está prestes a reinar
sobre Israel, e logo sobre toda a terra.
venceu — absolutamente, como em outras partes (Ap_3:21):
ganhou a vitória: sua passada vitória sobre todas as potestades das trevas
O autoriza agora a abrir o livro.
para abrir — Um dos manuscritos mais antigos, B, diz: “aquele
que abre,” isto é, “venceu aquele cujo ofício é o de abrir …” O peso das
autoridades mais antigas apoia nossa versão, Vulgata, Cóptica, Orígenes.
6. Então, vi — Gr., “e vi.” O manuscrito A omite “e eis aqui”.
Outro, B., Cipriano, etc. dizem “e eis aqui,” mas omitem “e vi.”
no meio do trono — não sobre o trono (Ap_5:7), mas em meio da
companhia (Ap_4:4) que “rodeava o trono”
Cordeiro — Gr., arnion; achado sempre em Apocalipse
exclusivamente, salvo em Ap_21:15 somente: é a forma diminutiva de
encarecimento, quer dizer, a relação encarecida de Cristo para conosco
agora, como consequência de Sua prévia relação como Cordeiro
sacrifical. Assim também nossa relação com ele: ele é o Cordeiro
precioso, nós os cordeirinhos amados dele. Bengel crê que no grego
arnion está a ideia de tomar a direção do rebanho. Outro objeto da
forma grega de arnion é a de lhe pôr no mais marcado contraste com o
grego therion, a besta. Em outras partes se acha o grego amnos, aplicado
a Cristo como o Cordeiro pascal, sacrifical (Is_53:7, LXX; Jo_1:29,
Jo_1:36; At_8:32; 1Pe_1:19).
como imolado — levando os sinais de Suas feridas mortais
anteriores. Está em pé, embora leve as marcas de um morto. No meio da
glória celestial Cristo o crucificado é ainda o objeto mais proeminente.
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sete chifres — isto é, o poder perfeita; “chifres” em contraste com
o poder (chifres) dos impérios mundiais anticristãos (Ap_17:3, etc.;
Dn_7:7, Dn_7:20; Dn_8:3).
sete olhos … sete Espíritos … enviados — “que estão enviados,”
segundo o manuscrito A. Mas segundo o B., “que são enviados.” Como
as sete lâmpadas diante do trono representam o Espírito de Deus
imanente na Divindade, assim os sete olhos do Cordeiro representam o
mesmo Espírito sétuplo que procede do Redentor encarnado em Sua
energia mundial. O grego para “enviados,” apostellomena, ou se não,
apostalmenoi é derivado do termo apóstolo, o que nos lembra os
trabalhos dos apóstolos e ministros de Cristo impulsionados pelo
Espírito: se o tempo presente for correto, como parece ser, a ideia será
que tais trabalhos continuam até o fim. Os “olhos” simbolizam Suas
sempre vigilantes e sábias providências a favor de Sua Igreja e contra os
inimigos dela.
7. O livro estava na mão aberta do que estava assentado no trono,
para que tomasse qualquer que fosse achado digno. [Alford]. O Cordeiro
toma da mão do Pai em sinal de Sua formal investidura em Seu domínio
universal e eterno como o Filho do homem. Esta visão preliminar assim
nos apresenta em resumo, a consumação a que convergem todos os
eventos dos selos, trombetas e taças, ou seja, o estabelecimento visível
do reino de Cristo. A profecia sempre se precipita rumo à grande crise ou
fim, e espraia os eventos intermediários só em sua relação típica e em
representação do fim.
8. diante do Cordeiro — quem compartilha a adoração e o trono
com o Pai.
uma harpa — Os manuscritos A. e B., Siríaca e Cóptica dizem,
“uma harpa:” uma espécie de violão tocado com a mão ou com uma
pena.
taças — Taças, ou terrinas [Tregelles]: incensários.
incenso — Gr., “incenso.”
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orações dos santos — como o anjo oferece a oração deles (Ap_8:3)
com o incenso (Sl_141:2). Isto não dá a mais mínima sanção ao dogma
de Roma com relação à oração aos santos. Embora eles sejam
empregados por Deus de algum modo por nós não conhecida, para
apresentar nossas orações (nada se diz a respeito de que eles intercedam
por nós), contudo nos é dito que oremos somente a Deus (Ap_19:10;
Ap_22:8-9). O emprego deles mesmos é o do louvor (portanto têm todos
harpas); o nosso é a oração.
9. entoavam — Gr., “cantam:” é sua bendita ocupação
continuamente. O tema da redenção é sempre novo, que sugere sempre
novos pensamentos de louvor, incorporados no “cântico novo.”
compraste para Deus os que procedem — “Redimiste-nos para
Deus.” Assim dizem manuscrito B, a Cóptica, a Vulgata, e Cipriano.
Mas o A. omite “nos;” e Álef lê, “a nosso Deus.”
de toda — “dentre todo …” a atual Igreja escolhida reunida dentre
todo mundo, em distinção de todos os povos reunidos a Cristo como os
súditos, não de uma eleição, mas sim de uma conversão geral e mundial
de todas as nações.
tribo, língua, povo e nação — O número quatro assinala a
extensão mundial: os quatro cantos da terra. O termo “tribo” está
traduzido como o grego. Tribo e povo usualmente se limitam a Israel;
“língua e nação,” aos gentios (Ap_7:9; Ap_11:9; Ap_13:7, leitura a mais
antiga; Ap_14:6). Assim fica assinalada aqui a Igreja escolhida reunida
dentre judeus e gentios. Em Ap_10:11, para “tribos” achamos entre os
quatro termos “reis;” em Ap_17:15, “multidões.”
10. os constituíste — A., B., Álef, Vulgata, Siríaca e Cóptica dizem
“Os tens feito”. A construção hebraica da terceira em vez da primeira
pessoa, tem uma relação gráfica aos redimidos, como também soa
melhor que os, sacerdotes.
para o nosso Deus — assim dizem o B e Álef: frase omitida pelo
A.
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reino — “reis.” Assim diz o Manuscrito B; mas A, Álef, a Vulgata,
a Cóptica e Cipriano leem, “um reino.” Álef tem também “sacerdócio”
por “sacerdotes.” Os que lançam suas coroas diante do trono, não se
chamam a si mesmos reis na presença do grande Rei (Ap_4:10-11);
embora seu acesso ao sacerdócio leva tal dignidade, que seu senhorio na
terra não pode excedê-lo. Assim em Ap_20:6 não são chamados “reis.”
[Bengel].
reinarão sobre a terra — Isto é um novo característico
acrescentado a Ap_1:6. O manuscrito Álef, a Vulgata e a Cóptica dizem
“(Eles) reinarão.” A. e B., “(Eles) reinam.” Alford escolhe esta leitura, e
explica que é a Igreja agora mesmo, em Cristo seu Cabeça, a qual reina
sobre a terra: “todas as coisas estão sendo postas debaixo de Seus pés, de
igual maneira que debaixo dEle; o ofício e posição régios dela são
proclamados, até no meio da perseguição.” Mas embora leiamos (parece
que o peso da autoridade está contra ele), “Eles reinam”, contudo é o
presente profético pelo futuro: estando o vidente trasladado àquele futuro
quando o número pleno dos redimidos (representados pelos quatro seres
viventes) estará completo, e o reino visível começará. Os santos reinam
espiritualmente agora; mas por certo não como hão de reinar quando o
príncipe deste mundo estiver preso (Ap_20:2-6, Notas). Longe de reinar
na terra agora, são “feitos como o lixo do mundo e o refugo de todas as
coisas.” Em Ap_11:15, 18, o lugar e a data do reino estão assinalados.
sobre a terra — Gr., “epi tes gees”. Comp. LXX, Jz_9:8; Mt_2:22.
Os anciãos, embora reinem sobre a terra, não ficam necessariamente
(segundo esta passagem) na terra. A mesma frase se traduz com toda
correção “sobre a terra,” em Ap_ 3:10. “Os anciãos eram mansos, mas o
rebanho dos mansos independentemente é muito maior.” [Bengel].
11. Vi — Gr., “E vi:” viu os muitos anjos, que formam o círculo
exterior, enquanto que a Igreja, o objeto da redenção, forma o interior,
mais próximo ao trono. As hostes celestiais em redor contemplam com
ardente amor e adoração esta manifestação culminante do amor,
sabedoria e poder de Deus.
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milhões — Gr., “miríades (miríade, 10.000) de miríades e milhares
de milhares.
12. o poder — O (um artigo) com os sete substantivos (número de
perfeição e totalidade) indica que formam um completo agregado que
pertence a Deus e a Seu coigual, o Cordeiro. Comp. Ap_7:12, onde cada
um dos sete leva o artigo.
riqueza — tanto espiritual como terrestre.
louvor — o louvor tributado: a vontade da parte da criatura embora
não acompanhada do poder, para devolver bênção por bênção recebida.
[Alford].
13. O coro universal da criação, inclusive o círculo exterior tanto
como o interior (dos santos e dos anjos), finaliza com a doxologia. A
plena realização disto há de ser quando Cristo tomar Seu grande poder e
reinar visivelmente.
toda criatura — “Todas as suas obras em todos os lugares do seu
domínio” (Sl_103:22).
debaixo da terra — Os espíritos no hades.
sobre o mar — Gr., “sobre o mar”, considerados como sobre a
superfície. [Alford].
tudo o que neles há — Assim diz a Vulgata. O manuscrito A omite
“todas as coisas” (panta) aqui, e lê, “Ouvi a todos (pantas) dizer”: o que
expressa o concerto harmonioso de todos os que estavam nos quatro
cantos do universo.
o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio — Tributação
quádrupla que indica a universalidade mundial.
14. diziam (RC) — Assim o manuscrito A, a Vulgata e a Siríaca;
mas o B e a Cóptica dizem, “(Ouvi-os) dizendo”.
Amém — Assim reza o manuscrito A; mas o B: dizendo o
(acostumado) amém”. Como em Ap_4:11, os vinte e quatro anciãos
asseveram a dignidade de Deus para receber a glória, por ter criado
todas as coisas, assim os quatro seres viventes ratificam com seu
“amém” toda a tributação de glória a Deus da parte da criação.
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vinte e quatro — omitido nos manuscritos mais antigos; a Vulgata
o apoia.
ao que vive para todo o sempre (RC) — Palavras omitidas em
todos os manuscritos, inseridas pelos comentadores, de Ap_4:9. Mas ali,
onde a ação de graças se expressa, são pertinentes; mas aqui o são
menos, porquanto sua adoração é de prostração silenciosa. “Adoraram”
(isto é, a Deus e ao Cordeiro). Também em Ap_11:1, “adoram” usa-se
no absoluto.
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Apocalipse 6
Vv. 1-18. Visão da besta que saiu do mar. A segunda besta. saída
da terra, exerce o poder da primeira, e faz com que a terra a adore.
1. pus-me (RC) — Assim B, Álef e a Cóptica; mas A, C, a Vulgata
e a Siríaca dizem: “ficou em pé.” [TB]. De pé sobre a areia do mar, o
dragão deu seu poder à besta que subiu do mar.
sobre a areia do mar — Onde os quatro ventos deviam ser vistos
em luta contra o grande mar (Dn_7:2).
besta — Gr., “besta selvagem,” fera. O homem torna-se brutal
quando se aparta de Deus, o arquétipo e verdadeiro ideal, a cuja imagem
foi feito no princípio, ideal que é alcançado pelo homem Cristo Jesus.
Portanto, os impérios mundiais, que buscam sua própria glória e não a de
Deus, são representados como bestas; e Nabucodonosor, quando
deificando-se a si mesmo, esqueceu-se de que “o Altíssimo reina sobre o
reino dos homens,” foi expulso entre as bestas. Em Dn_7:4-7 há quatro
bestas; aqui uma besta expressa a totalidade do poder mundial
antidivino, não restringido a uma manifestação apenas, como de Roma.
Esta primeira besta expressa o poder mundial que ataca a Igreja pelo
lado de fora; a segunda, que é uma renovação e ministro da primeira, é o
poder mundial como falso profeta, que corrompe e destrói a Igreja pelo
lado de dentro.
do mar — (Dn_7:3; com a Nota, Ap_8:8) — subiu das turbulentas
ondas de povos, multidões, nações e línguas. A terra, por outro lado,
significa (Ap_13:11) o mundo consolidado e ordenado das nações, com
sua cultura e conhecimento.
dez chifres e sete cabeças — De acordo com os MSS. A, B, C. Os
dez chifres aparecem primeiro (em contraste com a ordem de Ap_12:3)
porque estão coroados. Não estarão assim antes da última etapa do
quarto reino (o romano), aquele que continuará até que o quinto, o de
Cristo, substitua-o e o destrua totalmente; esta última etapa é indicada
pelos dez dedos dos dois pés da imagem de Dn_2:33, 41, 42. O sete
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indica que o poder mundial se levanta como Deus, caricaturando os sete
Espíritos de Deus; entretanto, seu verdadeiro caráter como oposto a Deus
é revelado pelo número dez que acompanha o sete. O dragão e a besta
levam diademas, mas aquele nas cabeças e esta sobre os chifres
(Ap_12:3; Ap_13:1). Portanto, as cabeças assim como os chifres se
referem a reinos; comp. Ap_17:7, 10, 12 “reis” representando os reinos,
cujas cabeças eles são. Os sete reis, poderosos em maneira especial —
quer dizer, as poderosas nações do mundo — se distinguem dos dez,
representados pelos chifres (chamados simplesmente “reis”, Ap_17:12).
Em Daniel, os dez significam a última fase do poder mundial, o quarto
reino dividido em dez partes. Estão relacionados com a sétima cabeça
(Ap_17:12), e são ainda futuros. [Auberlen].
O erro dos que interpretam a besta como Roma exclusivamente, e
os dez chifres pelos reinos que substituíram a Roma na Europa já, é que
o quarto reino na imagem tem DUAS pernas, que representam o império
oriental tanto quanto o ocidental; os dez dedos não estão num pé (o
ocidental), como estas interpretações requerem, mas nos dois juntos
(oriental e ocidental), de modo que qualquer teoria que aplique os dez
reinos ao ocidente só deve ser errônea. Se os dez reinos significassem os
que surgiram com o desmoronamento de Roma, os dez seriam
perfeitamente conhecidos, enquanto que existem vinte e oito listas
diferentes feitas por outros tantos intérpretes, somando entre todos
sessenta e cinco reinos! [Tyso em De Burgh].
As sete cabeças são os sete impérios mundiais, Egito, Assíria,
Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma e o império Germânico; sob este último,
vivemos nós [Auberlen], aquele que se desenvolveu por um tempo, sob
Napoleão, depois que Francisco, imperador da Alemanha e rei de Roma,
ter renunciado ao título em 1806. Faber explica que a cura da ferida
mortal é o ressurgimento da dinastia napoleônica depois de sua derrota
em Waterloo. Tal dinastia secular, em aliança com o poder eclesiástico,
o papado (Ap_13:11), sendo a “oitava cabeça,” e contudo “das sete”
(Ap_17:11), triunfará temporariamente sobre os santos, até ser destruído
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 157
no Armagedom (Ap_19:17-21). Um Napoleão, segundo esta teoria, será
o anticristo, que restaurará os judeus à Palestina, e será aceito como o
Messias deles no princípio, para oprimi-los ferozmente depois. O
anticristo, a recapitulação e a concentração de toda a maldade do mundo,
é o oitavo, mas contudo, um dos sete (Ap_17:11).
nome de blasfêmia (RC) — Assim C, a Cóptica, e Andréas; A, B,
e a Vulgata dizem “nomes,” um nome em cada uma das cabeças; a
apropriação blasfema dos atributos que pertencem somente a Deus
(Nota, Ap_17:3). Característica do chifre pequeno de Dn_7:8, Dn_7:20-
21; 2Ts_2:4.
2. leopardo … urso … leão — Esta besta une em si as
características antidivinas dos três reinos anteriores, que se assemelham
respectivamente ao leopardo, ao urso e ao leão. Sobe do mar, e tem dez
chifres, como a quarta besta de Daniel, e sete cabeças, tantas quantas
tinham entre todas as quatro bestas de Daniel, quer dizer, uma a
primeira, uma a segunda, quatro a terceira, e uma a quarta. De modo que
representa compreensivamente numa só figura o império, ou poder,
mundial (que em Daniel se representa em quatro) de todos os tempos e
lugares, não meramente de um período e uma localidade, visto como
contrário a Deus; assim como a mulher é simbólica da Igreja de todas as
idades. Favorece também esta interpretação o fato de que a besta é o
representante vicário de Satanás, quem como ela tem sete cabeças e dez
chifres: descrição geral de seu poder universal em todas as idades e
lugares do mundo. Satanás aparece como serpente, sendo arquétipo da
natureza bestial (Ap_12:9). “Se as sete cabeças significassem meramente
sete imperadores romanos, não se pode entender por que eles sozinhos
seriam mencionados na imagem original de Satanás, enquanto que é
perfeitamente inteligível se supusermos que representam o poder de
Satanás na terra contemplado coletivamente.” [Auberlen].
3. ferida … curada — Outras duas vezes repetido enfaticamente
(Ap_13:12, 14); com Ap_17:8, 11: “A besta que era, e já não é, e há de
subir do abismo” (Ap_13:11); o império germânico, a sétima cabeça
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 158
(revivificada na oitava), futuro ainda no tempo de João (Ap_17:10).
Contraste a mudança em que Nabucodonosor, humilhado por causa de
seu orgulho egolátrico, foi convertido de sua forma e caráter bestiais em
forma HUMANA e a sua posição verdadeira para com Deus;
simbolizado pelo arrancar de suas asas e pela ordem de pôr-se em pé
como homem (Dn_7:4). Aqui, ao contrário, a cabeça da besta não é
mudada em cabeça humana, mas sim recebe uma ferida mortal, quer
dizer, o império mundial que esta cabeça representa não volta seriamente
a Deus, mas por um tempo seu caráter de antidivino fica paralisado
(“como se estivesse morta;” as próprias palavras indicando a semelhança
exterior da besta com o Cordeiro, “um Cordeiro como imolado”. Notas,
Ap_5:6. Comp. também a semelhança da segunda besta com o Cordeiro,
Ap_13:11). Embora pareça morta (gr., ferida), continua sendo a besta,
para levantar-se de novo em outra forma (Ap_13:11). As primeiras seis
cabeças são os pagãos Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma; o
novo e sétimo império mundial (as pagãs hordas germânicas que se
desencadearam sobre a Roma cristã), pelo qual Satanás tinha esperado
afogar o cristianismo (Ap_11:15-16), por sua vez fez-se cristão (o que
corresponde à, como se fosse, ferida mortal da besta; que era, e já não é
(Ap_17:11). Sua ascensão do abismo corresponde à cura de sua ferida
mortal (Ap_17:8). Não se nota em Daniel nenhuma mudança essencial
como o efetuado pelo cristianismo sobre o quarto reino; permaneceu
essencialmente contrário a Deus até o fim. A besta curada de sua
temporária ferida externa, agora retorna, não só do mar, mas também do
abismo, de onde arrasta novas forças anticristãs infernais (Ap_13:3,
Ap_13:11-12, 14; Ap_11:7; Ap_17:8). Comp. os sete espíritos imundos
que entram naquela casa temporariamente desocupada, e cujo último
estado é pior do que o primeiro (Mt_12:43-45). Um paganismo novo e
péssimo irrompe sobre o mundo cristão, mais diabólico que o das
primeiras cabeças da besta. Aquela foi uma apostasia somente da
revelação geral de Deus na natureza e na consciência; mas esta é da
revelação do Deus de amor em Seu Filho. Culmina no anticristo, o
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 159
homem do pecado, o filho da perdição (comp. Ap_17:11); 2Ts_2:3;
comp. 2Tm_3:1-4, as mesmas características do antigo paganismo
(Rm_1:29-32). [Auberlen]. Parece-me que se significa mais de uma
ferida: por exemplo, aquela inferida sob Constantino (quando o culto
pagão à imagem do imperador, cedeu seu lugar ao cristianismo), seguida
pela cura, quando o culto às imagens e outros erros papistas foram
introduzidos na Igreja; outra vez, aquela da reforma, que foi seguida pela
letárgica forma de piedade sem o poder, que está para culminar na última
apostasia, que eu identifico com a segunda besta (Ap_13:11), o
anticristo, o mesmo sétimo poder mundial em outra forma.
se maravilhou — seguindo-a em admirada contemplação.
4. porque ele tinha dado (NTLH) — A, B, C, e a Vulgata, a
Siríaca, e Andréas dizem, “porque deu” [RA].
autoridade — Gr., “a autoridade,” a que tinha, a sua.
Quem é semelhante à besta? — A mesma linguagem própria de
Deus (Êx_15:11; de onde, no hebraico, os Macabeus tomaram seu nome;
os opositores do anticristo do Antigo Testamento, Antíoco); Sl_35:10;
Sl_71:19; Sl_113:5; Mq_7:18; blasfêmia (Ap_13:1, Ap_13:5) atribuída à
besta. É uma paródia do nome de “Miguel” (comp. Ap_12:7), que
significa, “quem semelhante a Deus?”
5. blasfêmias — Assim Andréas, mas B diz “blasfêmia,” e A,
“coisas blasfemas” (comp. Dan_7:8; Dan_11:25).
autoridade — “autoridade;” poder legítimo (gr., exousia).
para agir — B diz: “de fazer guerra” (Ap_13:4).
quarenta e dois meses — (Notas, Ap_11:2-3; Ap_12:6).
6. abriu a boca — a fórmula comum de uma oração formal, ou de
uma série de discursos. Ap_13:6 e 7 amplificam Ap_13:5.
blasfêmias — Assim B e Andréas. A e C dizem “blasfêmia.”
e dos — “que habitam (lit., “vivem em tendas”) no céu”, não só os
anjos, e as almas dos santos mortos, mas sim dos crentes na terra, que
têm sua cidadania no céu, cuja verdadeira vida está escondida do
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 160
perseguidor anticristão no segredo do tabernáculo do Deus. Nota,
Ap_12:12; Jo_3:7.
7. autoridade — Gr., “autoridade.”
tribo, povo, língua e nação — A, B, C, a Vulgata, a Siríaca,
Andréas e Primasius dizem assim; não omitem “nação.”
8. os que habitam sobre a terra — sendo terrenos; em contraste
com “os que habitam no céu.”
cujos nomes não foram escritos — A, B, C, a Siríaca, a Cóptica e
Andréas leem no singular, “cujo (gr., hou, mas B, gr., hon, plural) nome
não está escrito.”
Cordeiro … morto desde a fundação do mundo — A ordem
grega favorece esta tradução. Foi morto nos eternos conselhos do Pai:
comp. 1Pe_1:19-20, texto virtualmente paralelo. Outra tradução é: “…
escritos desde o começo do mundo no livro …” Assim em Ap_17:8.
Aquela é no grego a mais óbvia e simples. “Toda virtude que houvesse
nos sacrifícios se efetuava só por meio da morte de Cristo. Como Ele era
o Cordeiro morto desde a fundação do mundo, toda a propiciação jamais
feita, foi efetuada só pelo sangue dEle.” [Bispo Pearson, Exposition of
the Creed].
9. Exortação geral. As próprias palavras admoestadoras de Cristo
reclamam solene atenção.
10. Se alguém leva para cativeiro — A, B, C, e a Vulgata dizem:
“Se alguém for para cativeiro …” Comp. Jr_15:2, aludido aqui. Álef, B e
C omitem “em cativeiro” depois de “leva.”
Se alguém matar à espada — Assim B e C; mas A diz: “Se
alguém for para ser morto …” Há muito tempo, assim agora, os que
devem ser perseguidos pela besta, têm já suas respectivas provas
determinadas pelo fixo conselho de Deus. Em nossa versão o sentido é
muito distinto: o de admoestação aos perseguidores de que alcançarão o
castigo de retribuição em espécie.
Aqui — em suportar seus padecimentos determinados consiste “a
perseverança dos santos.” Este deve ser o lema ou contra-senha dos
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 161
escolhidos durante o período do império mundial. Como devia enfrentar
a primeira besta com paciência e fé (Ap_13:10), à segunda deve
combater-se o com verdadeira sabedoria (Ap_13:18).
11. outra besta — “o falso profeta.”
da terra — dentre a sociedade civilizada, consolidada, e ordenada,
mas não obstante sua cultura toda, era terrestre em distinção de “do
mar,” as agitações turbulentas de vários povos dos quais emergiram o
poder mundial e seus vários reinos. “O poder perseguidor sacerdotal,
pagão e cristão; o sacerdócio pagão que faz com que os cristãos sejam
forçados a adorar a imagem do imperador e que faz maravilhas e sinais
por meio da magia e tem superstições, que são como cordeiros em suas
profissões cristãs, e como dragões em suas palavras e atos” [Alford e
assim o jesuíta espanhol Lacunza que escreve sob o nome do Ben Ezra].
Como a primeira besta era semelhante ao Cordeiro, com ferida mortal,
como se fosse, assim a segunda é semelhante ao Cordeiro tendo dois
chifres de cordeiro (sua diferença essencial do Cordeiro está em que tem
DOIS chifres, enquanto o Cordeiro tem SETE chifres, Ap_5:6). O
paganismo anterior do poder mundial, segundo parece ferido de morte
pelo cristianismo, volta a viver. Em sua segunda forma de besta é o
paganismo cristianizado, que serve ao anterior e que tem a cultura e
conhecimentos terrestres que o recomendam. O surgimento da segunda
besta, ou seja, o falso profeta, coincide em tempo com a cura da ferida
mortal da besta e sua ressurreição (Ap_13:12-14). Seu caráter múltiplo
foi assinalado pelo Senhor em Mt_24:11, Mt_24:24, “… muitos falsos
profetas se levantarão”, falando Ele dos últimos dias. Como a primeira
das duas bestas corresponde às primeiras quatro de Daniel, assim esta
segunda, ou o falso profeta, o chifre pequeno que brotou dentre os dez
chifres da quarta besta de Daniel. Este chifre anticristão não só tem a
boca de blasfêmia (Ap_13:5), mas também “os olhos de homem”
(Dn_7:8): aquela, mas não estes, tem também a primeira besta (Ap_13:1,
5). “Os olhos de homem” simbolizam a astúcia e a cultura intelectual, as
mesmas características do “falso profeta” (Ap_13:13-15; Ap_16:14). A
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 162
primeira besta é física e política; a segunda é um poder espiritual, o
poder do saber, das ideias (termo favorito da escola francesa de política),
e do cultivo científico. Ambos são bestas, são de baixo e não de cima;
fiéis aliados, a mundana sabedoria anticristã ao serviço do mundano
poder anticristão: o dragão é tanto leão como serpente: a força e a astúcia
são sua armadura. O dragão dá seu poder externo à primeira besta
(Ap_13:2), seu espírito à segunda, de modo que fala como dragão
(Ap_13:11). A segunda, que sobe da terra, diz-se em Ap_11:7; Ap_17:8
que ascende do abismo; sua mesma cultura e sua sabedoria mundana só
intensificam seu caráter infernal, a pretensão de conhecimento superior e
filosofia racionalista (como na tentação primitiva, Gn_3:5, Gn_3:7, “seus
OLHOS [como aqui] foram abertos” dissimulando a deificação da
natureza, do eu e do homem. Daí surgiram idealismo, materialismo,
deísmo, panteísmo e ateísmo. O anticristo será a culminação. A
pretensão do papado ao duplo poder, tanto o secular como o espiritual, é
um exemplo e tipo da besta dupla, a que sai do mar, e a que sai da terra,
ou seja do abismo. O anticristo será, o clímax, a forma final. Primasius
de Andrumetum, do século seis, diz, “Pretende ser um cordeiro para
poder atacar o Cordeiro, o corpo de Cristo.”
12. autoridade — Gr., “autoridade.”
na sua presença — servindo-a, e apoiando-a. “A não existência da
besta abrange todo o período germânico cristão. A cura da ferida, e o
retorno da besta, representa-se (quanto à sua manifestação anticristã
final, embora inclua também, enquanto isso, sua cura e seu retorno sob o
papado, o paganismo batizado) naquele princípio que, desde 1789, se
vem manifestando em irrupções bestiais.” [Auberlen].
habitantes — Os mundanos. A Igreja torna-se meretriz: o poder
político mundial, a besta anticristã; a sabedoria e a civilização do
mundo, o falso profeta. Os três ofícios de Cristo são assim pervertidos: a
primeira besta é o reinado falso; a meretriz, o sacerdócio falso; a
segunda besta, o falso profeta. A besta é o poder corporal, o falso
profeta o intelectual, a meretriz o espiritual do anticristianismo.
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 163
[Auberlen]. A Igreja do Antigo Testamento estava sob o poder da besta,
o império mundial pagão; a da Idade Média sob o poder da meretriz; em
tempos modernos o falso profeta prepondera. Mas nos últimos tempos
todos estes poderes antidivinos que se sucederam uns aos outros,
cooperarão, e uns e outros alcançarão o poder mais terrível e intenso de
sua natureza: o falso profeta fará com que os homens adorem à besta, e
a besta leva a meretriz. Estas três formas de apostasia são redutíveis a
duas, a Igreja apóstata e o mundo apóstata, o pseudocristianismo e o
anticristianismo, a meretriz e a besta; pois o falso profeta é também uma
besta; e as duas bestas, como diferentes manifestações do mesmo
princípio bestial, ficam distintamente da meretriz, e no fim são julgados
juntos, enquanto que sobre a meretriz cai um juízo separado. [Auberlen].
ferida mortal —gr., “ferida de morte,” ou mortal.
13. fogo do céu faz descer — Este é o mesmo milagre que
operaram as duas testemunhas, e que fazia tempo Elias operou; isto é
imitado pela besta do abismo, ou seja, o falso profeta. Não meramente
embustes, mas sim milagres de gênero demoníaco, e com a ajuda de
demônios, como aqueles dos magos egípcios, serão operados, os mais
capazes para enganar: feito segundo a operação (gr., energia) de Satanás.
14. engana os que habitam na terra (RC) — os de mente carnal,
mas não os escolhidos. Não basta um milagre para merecer a fé numa
revelação professada, a menos que tal revelação esteja em harmonia com
a vontade de Deus já revelada.
por causa dos sinais — Gr., “por causa (em consequência) dos
sinais …”
à besta, àquela que — a primeira besta (Ap_13:3). “a que tem …”
segundo A, C, e a Vulgata; B e Andréas dizem “tinha.” A, B, C, dizem:
“tem”, personificando a besta simbólica, o anticristo.
15. fôlego à imagem — Nabucodonosor levantou em Dura uma
imagem de ouro que adorassem, provavelmente de si mesmo; porque seu
sonho tinha sido interpretado: “Tu és a cabeça de ouro”; os três hebreus
que se negaram a adorar à imagem foram lançados no forno aceso. Tudo
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 164
isto tipifica a última apostasia. Plínio, em sua carta a Trajano, declara
que consignou o castigo àqueles cristãos que não quiseram adorar a
imagem do imperador com incenso e vinho. Assim Juliano, o apóstata,
pôs sua própria imagem com os ídolos dos deuses pagãos no Fórum, de
modo que os cristãos ao lhe fazer reverência parecessem prestar culto
aos ídolos. Assim a imagem de Carlos Magno foi levantada para a
homenagem; e o papa adorou o novo imperador (Dupin, vol. 6, p. 126).
Napoleão, sucessor do Carlos Magno, propôs-se, depois de rebaixar o
Papa, removendo-o a Fontainbleau, fazer logo “dele um ídolo”
(Memorial do Sainte Helene); guardando perto de si o Papa, teria, com a
influência dele, dirigido tanto o mundo religioso como o político. A
dinastia napoleônica revivida pode ser que, em alguma pessoa
representativa, realize o projeto, chegando a ser a besta auxiliada pelo
falso profeta (talvez algum suplantador abertamente ateu do papado, sob
uma máscara espiritual, depois que a meretriz, ou igreja apóstata, que é
distinta da segunda besta, tenha sido despida e julgada pela besta,
Ap_17:16); pode ser que então faça levantar uma imagem em sua honra
como prova de fidelidade secular e espiritual.
falasse — “A falsa doutrina dará alguma aparência espiritual,
filosófica à apoteose insensata da criatura personificada pelo anticristo.”
[Auberlen]. Jerônimo, sobre Daniel 7, diz que o anticristo “será um da
raça humana no qual o todo de Satanás habitará corporalmente.” As
imagens falantes de Roma e os quadros cintilantes da virgem Maria não
são senão penhor dos futuros milagres demoníacos do falso profeta, ao
fazer falar a imagem da besta (o anticristo).
16. certa marca — como a que os amos estampavam em seus
escravos, e os monarcas em seus súditos. Os soldados voluntariamente
tatuavam nos braços as marcas do general que os mandava. Os devotos
de ídolos se marcavam com a cifra ou símbolo do ídolo. Assim Antíoco
Epifânio imprimiu aos judeus a figura da folha de hera, símbolo de Baco
(2Mac_6:7; 3Mac_2:29). Contraste o selo e nome de Deus na fronte de
Seus servos, Ap_7:3; Ap_14:1; Ap_22:4; e Gl_6:17 : “Levo em meu
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 165
corpo as marcas do Senhor Jesus,” quer dizer, sou seu soldado e seu
escravo. A marca na mão direita e na fronte expressa a prostração dos
poderes físicos e intelectuais à dominação da besta. “Na fronte por via de
profissão; na mão com relação à obra e serviço.” [Agostinho].
17. E (AV) — Assim A, B, e Vulgata; mas C, Irineu Cóptica e
Siríaca omitem a conjunção.
a marca, o nome — “a marca da besta” pode ser, como no
selamento dos santos na frente, não uma marca visível, mas sim uma
simbólica de fidelidade. Assim o sinal da cruz do papismo. A interdita
do papa com frequência excluiu os excomungados das relações sociais e
comerciais. Sob o final anticristo isto se fará em sua forma mais violenta.
o número do seu nome — indica que o nome tem algum sentido
numérico.
18. sabedoria — A armadura contra a segunda besta, como a
perseverança e a fé contra a primeira. A sabedoria espiritual é preciso
para resolver o mistério da iniquidade, para que não ser enganado por
ele.
calcule … porque — O “porque” indica a possibilidade de calcular
ou contar o número da besta.
número de homem — quer dizer, conta-se como geralmente
contam os homens. Assim a frase é usada em Ap_21:17. O número é
número de homem, não de Deus; exaltar-se-á sobre o poder da divindade,
como o HOMEM do pecado. [Aquinas]. Embora seja uma imitação do
nome divino, não é mais que humano.
seiscentos e sessenta e seis — A e a Vulgata escrevem os números
completos no grego, mas B põe somente as três letras, signos numéricos:
Ch, X, St. C lê 616, mas Irineu o refuta e defende o 666. Irineu discípulo
do Policarpo, discípulo de João, explica que este número é o valor das
letras gregas na palavra Lateinos (Latino). L significa 30; A, 1; T, 300;
E, 5; I, 10; N, 50; Ou, 70; S, 200; total, 666. O latim é peculiarmente a
linguagem da Igreja de Roma em todos os seus atos oficiais; a unidade
forçada de idioma no ritual sendo a falsificação da verdadeira unidade,
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 166
que há de realizar-se só na vinda de Cristo, quando toda a terra falará
“uma língua” (Sf_3:9). O último anticristo pode ser que tenha uma
relação íntima com Roma, e assim o nome Lateinos (666) seja aplicado a
ele. As letras hebraicas de Balaão somam 666 [Bunsen]; tipo de profeta
falso, cuja característica, como a de Balaão, será um alto conhecimento
espiritual pervertido para fins satânicos. O número seis é número
mundano; em 666 ocorre em unidades, dezenas, e centenas. Aquele que
lhe segue é sete o número sagrado, mas está separado dele por um
abismo infranqueável. É o número do mundo que está entregue a juízo;
portanto, há uma pausa entre o sexto e sétimo selos, e entre a sexta e
sétima trombetas. Os juízos sobre o mundo se completam em seis; pelo
cumprimento de sete, os reinos do mundo chegam a ser de Cristo. Como
doze é o número da Igreja, assim seis, a metade, simboliza o império
mundial, poder do mundo, quebrantado. A ascensão de seis a dezenas e
centenas indica que a besta, não obstante sua progressão a cifras
superiores, não pode engrandecer-se além da maturidade para o juízo.
Assim o 666, o poder do mundo julgado, está em contraste com os
144.000 selados e transfigurados (o número da Igreja quadrado e
multiplicado por mil, o número que simboliza o mundo dirigido por
Deus: dez, o número do mundo elevado à sua terceira potência, o
número de Deus. [Auberlen]. A marca e o nome são um e o mesmo. As
primeiras duas consoantes são as mesmas de Cristo (gr., Christos, no
grego) e de marca (gr., charagma), e formaram o monograma imperial
da Roma cristã. O anticristo, que se finge Cristo, adota um símbolo
similar, mas não concordante com o monograma de Cristo (Ch, X, St.);
enquanto que as consoantes de “Cristo” são Ch, R, St. A Roma Papal de
modo similar substituiu o estandarte das chaves pelo da cruz. Assim na
cunhagem papal (a imagem de poder, Mt_22:20). As primeiras duas
letras de “Cristo,” Ch, R, representam 700 o número perfeito. As Ch, X
St., representam um número imperfeito, uma tríplice apostasia da
perfeição setenária. [Wordsworth].
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 167
Apocalipse 14
Vv. 1-27. O novo céu e a nova terra. A Nova Jerusalém que desce
do céu.
Os dois capítulos restantes descrevem o eterno e consumado reino
de Deus e dos santos na nova terra. Como o mundo das nações há de
compenetrar-se da influência divina no milênio, assim o mundo da
natureza será, não aniquilado, mas sim transfigurado universalmente no
estado eterno que o sucederá. A terra foi amaldiçoada por causa do
homem; mas é redimida pelo segundo Adão. Agora é a Igreja; no
milênio será o reino; e afinal de contas isso será o mundo no qual Deus
será o tudo em todos. O “dia do Senhor” e a conflagração da terra se
considera em 2Pe_3:10, 11 como unidos pelo que muitos arguem contra
o intervalo milenial transcorrido entre Sua vinda e a conflagração geral
da antiga terra, preparatória para a nova; mas “dia” é muitas vezes usado
para denotar todo um período que compreende eventos intimamente
relacionados, como são a segunda vinda do Senhor, o milênio, assim
como a conflagração geral e o juízo. Veja-se Gn_2:4, referente ao uso
amplo de dia.” A alma do homem é redimida pela regeneração do
Espírito Santo agora; o corpo do homem será redimido na ressurreição; a
morada do homem, sua herança, a terra, será redimida perfeitamente na
criação do novo céu e da nova terra, que excederão em glória o primeiro
Paraíso tanto quanto o segundo Adão excede em glória o primeiro Adão
antes da queda, e quanto o homem regenerado em corpo e alma excederá
o homem como estava na criação.
1. o primeiro — isto é, o anterior.
passaram — Gr., na e B, “tinham passado” (gr., apeelthon, não
como na Authorized Version, pareelthe).
o mar já não existe — O mar é tipo do desassossego perpétuo.
Portanto, o Senhor a repreende como perturbador hostil de Seu povo.
Simboliza os tumultos políticos de onde se suscitou “a besta” (Ap_13:1).
Como o mundo físico corresponde ao espiritual e moral, assim a
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 239
ausência do mar, depois da metamorfose da terra por meio do fogo,
corresponde ao estado imperturbável de sólida paz que então
prevalecerá. O mar, separando as terras umas das outras, agora,
porquanto Deus tira o bem do mal, deve ser o meio de comunicação
entre os países por meio da navegação. Então o homem possuirá os
poderes inerentes que farão com que o mar já não seja uma necessidade,
mas sim o elemento que piorará um estado perfeito. Fala-se de um “rio”
e de “água” em Ap_22:1, 2, provavelmente literal (isto é, com tais
mudanças das propriedades naturais da água, como correspondem
analogicamente ao corpo transfigurado do próprio homem), tanto como
simbólica. O mar foi uma vez o elemento da destruição do mundo, e é
ainda a origem da morte para milhares, portanto, é dito que, depois do
milênio, no juízo geral, “O mar deu os mortos que nele havia.” Então
deixará de destruir, de perturbar, sendo tirado totalmente por causa de
suas destruições anteriores.
2. E eu, João (RC) — “João” omite-se em A, B, na Vulgata, na
Siríaca, na Cóptica e em Andréas; tampouco consta o pronome “eu” no
grego. A inserção de “eu, João” no grego interromperia um pouco a
relação íntima entre o novo céu e a nova terra” do v. 1 e “a nova
Jerusalém” aqui.
Jerusalém, que descia do céu — (Comp. Ap_3:12; Gl_4:26, “a
Jerusalém que é de acima;” Hb_11:10; Hb_12:22; Hb_13:14). A descida
de dentro do céu é claramente distinta da Jerusalém terrestre em que
Israel, na carne, habitará durante o milênio, e segue depois da criação do
novo céu e da nova terra. João em seu Evangelho sempre escreve (grego)
Hierosoluma pela antiga cidade; no Apocalipse sempre Hierousalem
pela celestial (Ap_3:12). Hierousalem é nome hebraico, o título original
e santo. Hierosoluma é o termo grego comum, usado em sentido político.
Paulo observa a mesma distinção ao refutar o judaísmo (Gl_4:26; comp.
com Gl_1:17, 18; Gl_2:1; Hb_12:22), mas não nas Epístolas aos
Romanos e aos Coríntios. [Bengel].
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 240
noiva — Gr., “noiva,” composta dos bem-aventurados cidadãos da
“Cidade Santa.” Já não é meramente um Paraíso como o Éden (embora
esteja também isso, Ap_2:7), já não um mero jardim, mas sim a cidade
de Deus na terra, mais preciosa, mais solene, e mais gloriosa, mas ao
mesmo tempo o resultado do trabalho e dores tais como não foram as
dedicadas pelo homem no cuidado do primitivo Éden. “As pedras vivas”
foram com o tempo cinzeladas laboriosamente cada uma, segundo o
modelo da “principal pedra angular,” para prepará-las para o lugar que
deviam ocupar eternamente na Jerusalém celestial.
3. do trono — Assim A e a Vulgata. Mas Andréas lê: “do céu.”
o tabernáculo — Alusão ao tabernáculo de Deus no deserto (no
qual se davam muitos sinais de Sua presença), do qual este é antítipo,
tendo estado previamente no céu: Ap_11:19; Ap_15:5, “o templo do
tabernáculo no céu”; também Ap_13:6. Note o contraste em Hb_9:23-24,
entre “as figuras” e “as coisas próprias celestiais,” entre “as figuras” e “o
verdadeiro.” O penhor do tabernáculo verdadeiro e celestial foi dado no
templo de Jerusalém descrito por Ezequiel 40:1–42:20, que estava para
ser, isto é, durante o milênio.
habitará com eles — “lit., “habitará com eles em tendas;” o
mesmo verbo é usado a respeito do divino Filho que “habitou em tendas
conosco.” Então estava na fraqueza da carne; porém, na nova criação do
céu e da terra viverá em tendas entre nós na glória de Sua manifesta
divindade (Ap_22:4).
eles — no grego enfático.
povos de Deus — Gr., “povos dele;” “as nações dos redimidos”,
“sendo peculiarmente Suas todas, como foi Israel. Assim diz A; mas B, a
Vulgata, a Siríaca e a Cóptica leem “seu povo”, no singular.
Deus mesmo … com eles — realizando plenamente Seu nome
Emanuel.
4. a morte já não existirá — Não é, pois, o milênio, porque nele
há morte (Is_65:20; 1Co_15:26, 1Co_15:54, “o último inimigo … a
morte,” Ap_20:14, depois do milênio).
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 241
passaram — Gr., “foram-se,” como em Ap_21:1.
5. está assentado — Gr., “está sentado.”
novas todas as coisas — não recentes, mas sim mudadas das
velhas (gr., kainós, não néos). Um penhor desta regeneração e
transfiguração da natureza já nos é dada na alma regenerada.
disse — A Cóptica e Andréas leem “me disse”, mas A, B, a
Vulgata e a Siríaca omitem “-me.”
fiéis e verdadeiras — Assim A, B, a Vulgata, a Siríaca, a Cóptica;
mas Andréas lê: “fiéis e verdadeiras” (lit., genuínas).
6. Tudo está feito — O mesmo grego como em Ap_16:17. Mas A
diz no plural, “estão feitas (estas palavras, Ap_21:5)”. Tudo está tão
seguro como se estivesse já realizado, pois repousa na palavra do Deus
imutável. Quando for a consumação, Deus se alegrará da obra de Suas
próprias mãos, como na primeira criação viu Deus tudo o que havia,
feito, e eis que era bom (Gn_1:31).
Alfa … Ômega — Gr., “o Alfa … o Ômega (Ap_1:18), a primeira
e última letras do alfabeto grego.
sede … darei … água da vida — (Ap_22:17; Is_12:3; Is_55:1;
Jo_4:13-14; Jo_7:37-38). Isto é acrescentado para que não aconteça de
alguém se desesperar para alcançar este mui grande peso de glória. Em
nosso presente estado podemos beber do rio, então beberemos da Fonte.
de graça — o mesmo grego traduzido em Jo_15:15,
“(Aborreceram-me) sem causa.” Como é gratuito o ódio do homem para
com Deus, assim é gratuito o amor de Deus ao homem: havia toda razão
em Cristo para que o homem O amasse, e contudo, o homem O
aborreceu; havia toda razão no homem para que (humanamente falando)
Deus o aborrecesse, e, contudo, Deus o amou; justamente o contrário do
que era de esperar-se teve lugar em ambos os casos. Até em nosso céu
beber da Fonte será o dom gratuito de Deus.
7. O vencedor — Outro aspecto da vida do crente: um conflito com
o pecado, Satanás, e o mundo. A sede da salvação é o primeiro princípio
do caráter do crente, e continua sendo sempre (no sentido de um apetite e
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 242
gosto pelas alegrias divinas). Em sentido diferente, o crente “nunca mais
terá sede.”
herdará estas coisas — A, B, a Vulgata e Cipriano dizem:
“herdará estas coisas,” ou seja, as bênçãos descritas em toda esta
passagem. Comp. “todas as coisas,” 1Co_3:21-23.
eu lhe serei Deus — Gr., “ser-lhe-ei Deus a ele,” isto é, tudo o que
se compreende no nome “Deus.”
ele me será filho — “ele” é enfático: ele em particular e em sentido
peculiar, sobre todas: Gr., “será para mim um filho,” na mais plena
realização da promessa feita em tipo a Salomão, filho de Davi, e
antitipicamente ao divino Filho de Davi.
8. aos covardes — Gr., “os covardes,” que não se portam
varonilmente de modo a vencer na boa peleja; que têm o espírito do
“temor” servil, não o amor para com Deus; e que por temor do homem
não são valentes para Deus, ou “se retiram.” Comp. Ap_21:27;
Ap_22:15.
incrédulos — Gr., “infiéis.”
abomináveis — os que beberam da taça de abominações” da
meretriz.
feiticeiros — uma das características do tempo do anticristo.
todos os mentirosos — Veja-se 1Tm_4:1-2, onde deste modo a
mentira e os procedimentos com espíritos e demônios se relacionam
como característicos dos “últimos tempos.”
a segunda morte — Ap_20:14: “eterna destruição,” 2Ts_1:9;
Mc_9:44, Mc_9:46, Mc_9:48, “onde não lhes morre o verme, nem o
fogo se apaga.”
9. O mesmo anjo que tinha mostrado Babilônia, a meretriz a João, é
usado corretamente para lhe mostrar em contraste a nova Jerusalém, a
Noiva (Ap_17:1-5). Tal anjo foi aquele que tinha as sete pragas, para
demonstrar que a final bem-aventurança da Igreja é uma finalidade dos
juízos divinos sobre seus inimigos.
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 243
a esposa do Cordeiro — em contraste com aquela que está
assentada sobre muitas águas (Ap_17:1), quer dizer, intrigada com
muitos povos e nações da terra, em vez de dar seus afetos indivisos,
como faz a Noiva ao Cordeiro.
10. As palavras correspondem a Ap_17:3, para aprofundar o
contraste entre a noiva e a meretriz.
montanha — Veja-se Ez_40:2, onde uma visão similar é dada de
um monte alto.
a grande (RC) — Omitidas em A, B, na Vulgata, na Siríaca, na
Cóptica e em Cipriano. Traduza-se, pois, “a cidade Santa de Jerusalém”
(RV89).
que descia — Até o milênio a terra não será morada própria dos
santos transfigurados, aqueles que portanto reinarão no céu sobre a terra.
Mas depois da renovação da terra no fim do milênio e do juízo, descerão
do céu para viver numa terra que se assemelha ao próprio céu. “Da parte
de Deus” denota que nós (a cidade) somos a “feitura de Deus.”
11. tem a glória de Deus — não meramente a nuvem Shekiná, mas
sim o próprio Deus pela glória dela, que habita no meio dela. Veja-se o
tipo, a Jerusalém terrestre durante o milênio (Zc_2:5; com Ap_31:23)
O seu fulgor — Gr., “sua estrela;” propriamente aplicado às
estrelas celestiais que difundem luz. Veja-se Nota, Fp_2:15, o único
outro texto onde ocorre. A conjunção “e” perante “sua luz” se omite em
A, B, e na Vulgata.
jaspe — que representa um brilho cristalino aquoso.
12. E (RC) — omitida em A e B. Ez_48:30-35, tem uma descrição
similar, que denota que a Jerusalém milenial terá seu preciso antítipo na
Jerusalém celestial que descerá a finalmente regenerada terra.
grande e alta muralha — significando a segurança da Igreja.
Também, a exclusão dos ímpios.
doze anjos — guardas das doze portas: emblema adicional da
segurança perfeita, enquanto que as portas que nunca se fecham
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 244
(Ap_21:25) expressam a perfeita liberdade e paz. Também, os anjos
serão os irmãos dos cidadãos celestiais.
nomes das doze tribos — A inscrição dos nomes nas portas denota
que ninguém, salvo o Israel espiritual, os escolhido de Deus, entrarão na
cidade celestial. Como o milênio, onde o Israel literal na carne será a
Igreja mãe, é o antítipo da teocracia terrestre do Antigo Testamento na
Terra Santa, de modo que a nova Jerusalém celestial é a consumação
antitípica do Israel espiritual, a eleita Igreja dos judeus e gentios estando
já reunidos fora: como o Israel espiritual é agora um progresso sobre o
prévio Israel literal e carnal, assim a Jerusalém celestial será em alto grau
uma melhora sobre a milenial.
13. a norte … ao sul — A, B, a Vulgata, a Siríaca, e a Cóptica
dizem “E a norte e ao sul.” Em Ez_48:32, José, Benjamim e Dã
(substituído por Manassés em Ap_7:6) estão ao oriente (Ez_48:32).
Rúben, Judá, Levi, ao norte (Ez_48:31). Simeão, Issacar, Zebulom, ao
sul (Ez_48:33). Gade, Aser, Naftali ao ocidente (Ez_48:34). Em
Números, Judá, Issacar, Zebulom estão a leste (Nm_2:3, 5, 7); Rúben,
Simeão, Gade, ao sul (Nm_2:10, 12, 14); Efraim, Manassés, Benjamim,
a oeste (Nm_2:18, 20, 22). Dã, Aser, Naftali, ao norte (Nm_2:25, 27, 29).
14. doze fundamentos — Josué, o tipo de Jesus, escolheu a doze
homens dentre o povo para levarem consigo doze pedras ao outro lado
do Jordão, como Jesus escolheu a doze apóstolos para serem os doze
fundamentos da cidade celestial, da qual Ele é a principal pedra angular.
Pedro não é a única pedra apostólica sobre cuja pregação Cristo edifica
Sua Igreja. Cristo mesmo é o verdadeiro fundamento: os doze são
fundamentos só com relação a seu testemunho apostólico referente a Ele.
Embora Paulo fosse apóstolo além dos doze, contudo o número místico é
retido, doze, representando a Igreja, quer dizer, três, o número divino
multiplicado por quatro, o número do mundo.
sobre estes os doze nomes — Como os arquitetos com frequência
fazem inscrever seus nomes em suas grandes obras, assim os nomes dos
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 245
apóstolos se terão em eterna memória. A Vulgata lê “neles,” mas A, B, a
Siríaca a Cóptica e Andréas leem: “sobre eles.”
15. uma vara de ouro para medir — Assim a Cóptica. Mas A, B,
a Vulgata, e a Siríaca leem: “tem uma medida, uma cana de ouro.” Em
Ap_11:2 a não medição dos pátios exteriores indica sua entrega à
profanação secular e pagã. Assim aqui, pelo contrário, a medição da
cidade denota a inteira consagração de todas suas partes, feitas todas as
coisas de conformidade com a alta norma dos santos requisitos de Deus;
e a custódia mais precisa exercida por Deus daí em diante até das partes
mais minuciosas de sua cidade Santa, ao amparo de todo mal.
16. doze mil estádios — sendo de mil estádios o espaço entre uma
e outra das doze portas. Bengel faz o comprimento de cada lado da
cidade de 12.000 estádios. As estupendas alturas, comprimentos e
larguras são precisamente iguais, o que denota sua simetria perfeita, que
sobrepuja todos os nossos conceitos mais brilhantes.
17. cento e quarenta e quatro côvados — Doze por doze: o
número da Igreja ao quadrado.
medida de homem, isto é, de anjo — A medida comum usada
pelos homens é a medida usada aqui pelo anjo, distinta da medida do
santuário.” Os homens serão então iguais aos anjos.
18. A estrutura — “A estrutura.” [Tregelles]. Gr., “endomeesis.”
ouro … semelhante a vidro límpido — O ouro ideal, transparente,
como nenhum ouro é aqui. [Alford]. Excelências se combinarão na
Cidade Santa que agora parecem incompatíveis.
19. E (RC) — assim dizem a Siríaca, a Cóptica e Andréas, mas A,
B e a Vulgata omitem. Ap_21:14, também Is_54:11.
toda espécie de pedras preciosas — Contraste-se Ap_18:12
referente à meretriz, Babilônia. Estas pedras preciosas constituíam os
“fundamentos”.
calcedônia — A ágata de Calcedônia: semi-opaca, celeste, com
raios de outras cores. [Alford].
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 246
20. sardônio — Uma gema com o vermelho de cornalina e a
brancura da ônix.
sárdio — (Nota, Ap_4:3).
crisólito — Descrito por Plínio como transparente e de um brilho
dourado, como nosso topázio; diferente de nosso crisólito de verde
pálido.
berilo — de cor verde-mar.
topázio — Plínio [37.32], fá-lo verde e transparente, como nosso
crisólito.
crisópraso — algo pálido, e com a cor purpúrea da ametista
[Plínio, 37, 20, 21].
jacinto — O radiante brilho violeta da ametista está diluído no
jacinto. [Plínio, 37.41].
22. seu santuário é o Senhor — Como Deus agora habita na Igreja
espiritual, seu templo” (gr., naos, santuário; 1Co_3:17; 1Co_6:19), assim
a Igreja feita perfeita habitará nele como “seu templo” (naos, o mesmo
grego). Como a Igreja era “o santuário” dEle, assim Ele há de ser o
santuário dela. Os meios de graça cessarão quando chegar o fim da
graça. As ordenanças da Igreja darão lugar ao Deus das ordenanças. A
comunhão sem interrupção, imediata, direta com Ele e o Cordeiro
(Jo_4:23) substituirá as cerimônias intermediárias.
23. nela (RC) — Assim a Vulgata, mas A, B, e Andréas dizem:
“que lhe resplandeçam,” ou, lit., “para ela.”
lâmpada — Gr., “lâmpada.” (Is_60:19, 20). A luz direta de Deus e
do Cordeiro fará independentes os santos das criações de Deus, o sol e a
lua, para ter luz.
24. andarão mediante a sua luz — A, B, a Vulgata, a Cóptica e
Andréas dizem “… por meio de sua luz:” e omitem “que tiverem sido
salvas.”
os reis da terra — que uma vez só faziam caso de sua própria
glória, convertidos e agora na nova Jerusalém, levam lá sua glória e a
depositam aos pés de seu Deus e Senhor.
Apocalipse (Jamieson-Fausset-Brown) 247
e honra (RC) — Assim B, a Vulgata, e Siríaca. Mas A omite a
cláusula.
25. não se fecharão de dia — então nunca serão fechadas, porque
será sempre dia. Usualmente fecham-se as portas de noite; mas lá não
haverá noite. Haverá livre ingresso contínuo nela, de modo que todo o
bendito e glorioso pode ser introduzido continuamente. Assim no tipo
milenário.
26. Tudo o que é verdadeiramente glorioso e excelente na terra e
em suas nações convertidas será reunido nela; e enquanto que todos
formarão uma Noiva, haverá várias ordens entre os redimidos, análogas
às divisões de nações na terra que constituem a grande família humana, e
às várias ordens de anjos.
27. coisa alguma contaminada — Gr., “koinoun.” A e B leem,
“koinon”, “alguma coisa impura.”
Livro da Vida do Cordeiro — (Nota, Ap_20:12, Ap_20:15.)
Como toda a imundície da antiga Jerusalém era levada fora de seus
muros e queimada, assim nada sujo entrará na cidade celestial, mas sim
será queimado fora (Ap_22:15). É de notar-se que o apóstolo do amor,
que nos ensina as glórias da cidade celestial, seja também aquele que fala
nos termos mais claros dos terrores do inferno. Sobre Ap_21:26, 27,
escreve Alford uma Nota temerária em especulação, fora do que está
escrito, a respeito das nações pagãs e de maneira nenhuma requerida
pelo sagrado texto. Comp. Nota em Ap_21:26.
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Apocalipse 22