O Poder Da Linguagem Luiz Rohden PDF

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SUMARIO

PREFÁCrO À 2" EDIç{O / 11

1 À RETÓRICA ANTES DE ARISTÓTELES / 15


1.1 À RnróRrc'A NÀ CULÍURÀ GRrcÀ / 15
1.1.1 Homero e as pÍrmehas reflexôes sobrc a retórica / 15
1.1.2 Retórica e as tmgédiâs / 18
1.1.3 Primeira sisten tizàçãLo dàArte Retórica / 20
1-1..1 Conclusão / 23
L.2 Os SoFrsr s / 23
1.2-1 Análise da concepção sofistica de retôtic /24
1.2.2 Protágoras e GóÍgias /27
'1.3 À EscoLA RETóRrCA. DE ISóCnÁTES / 32
1.3.1 O conceito de retórica em Isócrates / 32
1.3.2 Âfunção educati dâ Íetórica / 34
1.3.3 Isóüates e Platão / 35
1.3.4 RetóÍica, filosofia e potíticâ / 36
1.4 A RTÍóRTCÁ EM PIATÀO / 38
1.4.L O diálogo Górgias / 39
1.4.2 O diálogo Fedro / 43
.t..í.3 Conctusáo / .ía
2 ANÁUSE E SÍNTESEDA.Afie RetóTKa DE A STÓTELES / 50
2-1 OBMS, PREDEcEssoREs DE AxrsÍóTELES / 50
2.1.1 Às obras de Aristóteles e suâs interpretaçóes / 50
2.1.2 Aristóteles e seus pÍedecessoÍes retóricos / 55
2.2 ANi':.lsE D^ARIE RETóRrc1 / 56
2.2.1, Tir,uloe d^t^ / 56
'2.2.2 CoÍrcepçâo aistotélica de técnica /58
2.2.3 À "situação" d^ ÍeÍóri,ca / 59
2.3 SiNlE'E D AR1E l?EÍóRtcA / 62
2.3.1 Í,i\Ío I / 6a
'2.3.2 Li\ro rt / 75
2.3.3 Livro ItI / 88
3 O LUGAR DÀ RETóRICÁ NÁ FIf,OSOFIÀ DE
ARISTóTELES / 97
3.1 VTúo GERÁI DÀ IIACToN{IDÀDE EM ANSTó.ÍELES / 97
3.1.1 A ciência apodític / 99
3.1.2 A dialêtica / lO3
3-1.2.1 A rnaúrta da dialética / 1O4
3.1.2.2 A fonna da díaletica 106
3-1.2.3 As'utili.lades" .la di.tlética / lO7
3.2 À RACIoNALIDADE RFÍóRrcA EM ARrsróTEEs / 112
3.2- 1 A Íelacáo entÍe Íetórica e dialética / 112
3.2.1.1 Semelbanças entre retorica e dtaléttca / 113
3.2-1-2 Distinções entre retóri«í e dialétka / 111
3.2.1-3 Utílidades da retórica e da dialética / 116
3-2.2 RetóÍ\c? e êtica'política / 118
3.2.2.1 Semelbarqas efltre retórka e éticít-Dolítica / 1L9
3.2.2.2 Diferetuças entre retórica e ética-polític.t / 123
3.2.2.3 Utilidades d.t retólica e ética'polítíca / 125
3.2.3 Â retaçáo entre retórica e poética / 127
3.2.3.1 Introduçào à Arte Poética / 127
. 3.2.7-2 O canceito.le Arte Poética / 128
3.2.3.3 O conceito de tragédia e epopeia / 1.3O
3.2.3.4 Semelh.ttuças entre retóica e ?oética / L34
3.2.3.5 Diferenças entre retót'tca e poética / 135
3.2.3.6 Utilidade da retórica e poética / 135
3.2.4 Retórícaelógic / 137
3.2.1.1 De Descartes a Perelrnan / 131
3.2.4.2 Lógica e retórica / l4l
3.2.4.3 Prcssupostos antropológlcos e eplstemológicos / 142
3.2.4.4 Conclusão / 114
3.2.5 Retórica e metafrsic / 145
3.2.5.1 Berli, Perelman, Ricoeur e Aubefique / 746
3 .2 .5 .2 Retórica e metafrsica / L52
3 .2 .5 .3 Conclusã.o / 154
1.3 IúúÀUDADE DA RÀcroNÁrrDÁDE RrÍóRrcÁ / 155
3.3.1 Retórica e razão prá.ic / 155
3.3.2 Retórica e liberdade humana / 158
CONSIDERÀÇÓES FIN.AIS / 165
RTFERÊNCTAS / 172

10
PREFACTO A 2a EDrÇAO

o tema da retórica é fascinante e sempre atual de ta1modo que isso


também levou a esgotaÍ a primeira edição e agorâ proüdenciaÍros a
segufldâ com pequenas alteÍaçôes relaÍivâs mais a âspectos técnicos
que estÍutuÍais e de conteúdo. Pâssada uma década, o quadro teóÍico e
algumâs questôes cândentes que compunham o horizonte porocasião da
sua redação, num certo sentido mudaÍam. Porém, isso fláo significa que
a estÍutura básica da propostâ do livro tenha perdido seu v'Àlor e sentido-
Pelo contrário, o distanciarnento temporal nos PeÍmitiu ver com mâis
ctareza ainda que foi um acerto haver vasculhâdo as oÍigens da oratódâ
até scu ápice esttunpado n Arte Retórica de AÍistótelcs e ter pÍoPo§to
suâ Íeâtualização frlosófica.
ÂÍistóteles é um clássico da filosofia. iniciador de uma série de
disciplinas relativlmente autônomas. Ele não pode ser reduzido a um
frlósofo empirista que petcorÍeu o itinerário Êlosófrco do idealismo ao
empiÍismo, mas nele encontrâmos desenvolvidâs distintas racionalidades
que se eÍrcontram entrelaçadâ§. Neste lilTo nos ateÍemos especiâlÍneote
à fôrma racionat retórica da qlral a racionalidade dialética é uma espécie
de antístroíe. (],oÍll ênÍase na rellexâo sobre aÁlte Retórica do estrgiÍita
erplicitamos, na verdade, uma teoria dos discuÍsos, o poder dâ linguagem,
um modo de fflosofar enquanto uma postura corNtante de pÍocu.aÍ a
unidade na pluralidade das racionalid.Ldes. Nesse caso, concebemos a
frlosofia como o conjunto de diferentes Écion-Àlidades interligadas entre si
que buscam o fundamento último das coisas em teÍmos epistemolóÁaicos,
ontológicos, a-'riológicos, construindo um sist€ma Íâcional_Íazoável, abeÍto,
ÍIão necessitáÍlo.
Conhecemos â tentação de construir uma linguagem artificial,
matemática, faz parte do sonho dominador de realizâr o ideal de uma
Iinguagem absolutamente neutra cujo pressuposto é que a linguagem náo
contém em si um poder No bojo da racionâlidade Íetórica encontm_se uma
força, um poder que estilhaça quâlqlrer tipo de construção conceitual com
pretensão de clareza e univocidâde absoluta§. O pressuPosto metodológico
que orientâ estâ obÍa é âristôtélico, ou seja, não podemos exigir 2 ocrtidáo
matemática em todos os assuntos' e toda pesquisa somente podeú ser

l1
adequadâ umâ vez que tiver tanta claÍeza quanto comporta o assunto,
pois não é possível exigirmos a mesma precisâo matemática em todos os
problema-s humanos'z-
O fôco centÍald€ste lir.ro é de expliciÍar e justiffcar questóes como: 4zrzrl
a orígem mítico-poética e.listintas concepções.le racionali.lade retóricrl
que prece.leram a Arte Retórica de Aristóteles, o que ela é e qual seu lugar
na süa obra e, poÍ fjjJ], qal seu sentido para o .tebate ÍilosóÍico atual?
lsso demandará a exposição e a compreensão da oratória, da retórica -
Homero, SoÊstas, Isóffates, Platão - até a aníise e síntese d^Arte Retóri«.
escrita pelo estagirita paIa entáo desdobmÍ os coÍolários do seu confronto
com outÉs áreas do saber. Com isso explicitaremos as origens da fflosoffa
da linguagem pelas difeÍentes concepçóes da arte retórica desenvolvida
pelos gregos. Nossa ênfase rccâiÍrí sobreÁ/te Retóict poÍ seÍ pÍi,JJleiÍa
^
obÍa es(:I:ita sobre o tema e porque reta encontamos uma espécie de teoria
do discuÍso, do uso e do poder da linguagem diretamente relacionada à
frlosofia dâ linguagem.
 presente obÍa diüde-se em duas partes: uma que podemos designâr
históÍico-excgética, composta pelos Capítulos 1 e 2i essa parte possui
um cafliteÍ mâis analítico que hermenêutico. Fiéis à formâ de fflosofar
do estagiÍita apÍesentamos, no Capítulo 1, uma compreensâo da arte
Íetódca na Antiguidade clássica que precede Aristóteles- Situaremos a
oÍigem da fetórica na cultuÍa grega, apresentando a visão de Homero e
dos poetas trágicos. Compóe esse capítulo a apresentação das pÍimeims
reflexôes e sistemâtizaçóes da arte retórica pelos sicilianos Córax e
Tísias, a concepção sofistica especialmente de Protágoras e córgias,
a visão de Isócrates. Na última paÍte desse capítulo apresentamos o
conceito de retófic:r desenvolüdo por Platão, especiaLnente em dois de
seus diálogos, o 6ó18?2s c o Fedro. CoÍ]..pÍeender bem a yisão platônica
acerca desse tema significa tomar consciência da origem prcconceituosa
que atualmente pesa sobre essâ ârte e entendeÍ a hegemonia de uIna
coÍrcepção unilateÍal de fitosofia que descarta a doría do universo
fflosófico.
No segundo capítulo, apresentaremos â á7/e Retórica de AÍistóteles
na qual confluíram as concepçóes de a.rte retórica desenvolyidas por
seus predecessores. PaÍa compÍeendê-Ia e desenvolver ô conceitô de
raciônalidâde retórica, apresefltaremos umâ üsáo geral da sua obra e de
seus predecessores Íetóricos. ÂbordâÍemos as críticas mais contundentes
aos eles, especialmente â Plâtão. Em seguida apresentaremos uma anáüse
d^Arte Retórica síí:t'Àndo-a na obra aristotélica e deffnindo o cooceito de

' É1. N]r., 1o94h t2 tl

12
O poder da lnguaAem: a Àrte Re!ór,.o dêArÉtótê ês

técnica rerórica. Nâ terceim c úItjÍre paÍte desse capítub âprcscnt'rcmos


o conteúdo e método dãÁ.-R.
A segunda paÍte - nosso Câpítulo 3 é designad:r reflexivo-especulativa
e possui um caúter hermenêutico, cÍitico, especulâiivo. Apresentaremos
uma visão geral da racion'Àlidâde em Aristóteles explicitando o conceito
de Íâcionalidade apo.litica e diâlética. A seguit dcscnvolvc.emos â
ÍâcioÍrâlidade retóÍica em Arisróteles relacionando-â cori. Dialética.
a Éüc.1-Polític.t,
^
Poélíca, t LíEíca e a Metafísica. Nessa conírontação,
^
mostrârernos a atualidade da racionalidadc ÍctóÍica pelas semelhânças e
distinçôes cool cssas áreâs do conhecimcnto. Ressaltaremos â relâçio com
a Lóeicd, poÍqlre rrela podemos aprccndeÍ umâ série de elementos para
o atual debate da filosolia da linguagcm e porque âIi abordamos alguns
pressupostos ântropológicos e epistcmológicos da filosofia aristotélicâ. Â
el?licitação da relação cot]i à Metaíísica ê de tundamental inpor-tância,
porque pÍocuraremos :rprcscntâÍ a filosofia com seu Pressuposto de
buscar unid:rde na pluÍâlidade dâs racionalidadcs. Nâ tcrceira e últimâ
parre do nosso cxpítulo tlesenvolveremos a atuâlidade da racionalid:td€
rerórica para a filosofia atual pel.r confrontação com dois aspectos
que lhe dizem Íespeiro mais diretancntc: e racionalidâde práti€a e a
literdade.
Faz-sc mister ninda aqui fazcr uma dis(inção entre convencc. c
persuâdiÍ. Em princípio, convcnceÍ atinge todos os seÍes dotados de.
rdzáo.Ii a perspectiva própria da dialética - ond€ o ouvintc fica consciente
de algo, mas náo agc cm função disso - que procuÍâ atingiÍ n "meÍrte".
-{ peÍsuasão vale par':r nós aqui e âgora, pfocuÍâ efetar as câpâcidades
sensoriâis e emoti'!"às c leva o ouúnt€ aassumiÍ uma determinada atitude.
PaÍa Kant o convenceÍ refere-se ao murdo da obietifidade. enquarto a
persuasão fundâncnta-se em argurnentos subietivos. U§aremos, em nossa
.eflexáo, o termo persuadft (persur-são), que cârâcreriza a mcionalidade
rerórica.
Oueremos cstabelecer uma distinção que apârecerá ao Iongo do
nosso liúo cntre râcionalidade ÍoÍae (bar.í) e fraca (so/r). pÍimeira
corresponde à racionatidadc apodítica, referindo-sc ao ^
silogismo, ao
que é constÍingente, necessitário, imutável, que se irnpóe poÍ si mesmo.
À segundâ Ícfere-se à racionaliúrdc dialérico-retóricâ, que sc refere ao
mundo da ,/oía, do verossímil, do pÍovável, e se exPrcssâ pelo erri'

Enflm, temos consciência da pÍctcnsão ousada cle justificar a unidade


do filosofar pela via da racionalidade retóÍica, contudo, pcnsüros que é
melhor aprendeÍ por ousadia que, por cova.dia, nem errâÍ, nem apÍeodet
nem criar. Sabemos âpcnes queháumatrilha pela quâl convém patmilhaÍ,

r3
ou seja, de coÍrceber e iustlffcaÍ o fflosofar como uma atír'ldade viva e
diÍrâmica, caso cootrário, coistruiremos sistenürs filosóficos estéreis,
herméticos, \âzios e incapazes de dizer algo piuzr nossâs ioquietaçóes e
problemas humanos, éticos, políticos.

r4

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