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Sermonário

Domingos Especiais

1. Código de honra ............................................................................. 11


2. O foco da honra .............................................................................. 19
3. Imagem é nada ............................................................................... 25
4. Quanto vale um nome? ............................................................... 31
5. Oásis no deserto ............................................................................ 37
6. Uma questão de identidade ..................................................... 43
7. A fonte da longevidade ............................................................... 49
8. O valor da vida ................................................................................ 55
9. A chave certa ................................................................................... 61
10. Fuja dos atalhos ............................................................................ 67
11. A terra do mexerico .................................................................... 73
12. Debaixo dos panos ...................................................................... 79
13. Sem lei não tem graça ............................................................... 85

Série Código de Honra


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Série Código de Honra
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Domingos Especiais

O programa de Objetivos:
Domingos especiais, 1. Desenvolver os jovens nas várias
é um programa vol- áreas de atuação da igreja.
2. Ter durante os domingos espe-
tado para as lideran-
ciais todas as funções de uma igreja
ças de jovens que funcionando de forma exemplar.
querem experimen- 3. Levantar interessados no estudo
tar um “algo a mais” da Bíblia. Estes interessados devem fi-
em suas igrejas. xar sua convicção durante a semana
A idéia é envolver de oração jovem que acontece no final
o máximo de jovens dos domingos especiais.
durante os domingos 4. Ter cultos bem organizados e
bem freqüentados durante os domin-
que forem determi-
gos à noite.
nados pela Associa-
ção/Missão, como Para desenvolver este programa,
sendo de responsabi- sugerimos que a liderança JA siga
lidade dos jovens. os seguintes passos:
1. Faça uma reunião da liderança
JA e assumam o compromisso de de-
senvolver o projeto “Domingos Especiais”.
2. Conversem com o pastor e com a comissão da igreja para
que toda a igreja esteja envolvida no projeto.
3. Façam propaganda para a igreja e desafiem os membros a
trazerem os convidados para a programação. Esta fase de prepa-
ração pode ser feita com vigílias e outros métodos de mobiliza-
ção da igreja.
4. Escolham os melhores pregadores do distrito ou convidem
pastores ou pregadores de outros distritos para participarem dos
domingos.

Série Código de Honra


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5. Os jovens devem estar divididos em equipes para o melhor
funcionamento do projeto. Sugerimos algumas destas possíveis
equipes. São elas:

A. Equipe:
Amigo + Amigo. São os jovens que estarão dispostos a fazer
um contato pessoal com amigos e parentes para que estes este-
jam na igreja. Para ter sucesso em um convite, recomendamos:
1. Que o convite seja feito sem medo ou vergonha de estar
convidando para ir a uma programação na igreja.
2. Que o convite seja pessoal e que no ato do convite já seja
combinado a hora e o local que se encontrarão para irem JUN-
TOS a programação.

B. Louvor:
A equipe de louvor deve ter em mente que o seu trabalho é
tão importante quanto o do pregador.
Dicas importantes:
1. Treinem as músicas. É importante saber com antecedência
quais músicas a equipe de louvor irá dirigir.
2. Chegar 1 hora antes na igreja, para testar som, testar o mi-
crofone e para orarem.
3. Providenciar letra para toda a congregação. A música mais
conhecida da igreja, é completamente desconhecida para os con-
vidados.

C. Programação:
É importante que esta equipe esteja na igreja pelo menos
1 hora antes do início do culto. Esta equipe é o coração do
programa.
Os responsáveis desta equipe devem checar a equipe de lou-
vor, a mensagem musical e todos mais que estarão envolvidos no
programa do dia.
Para que não haja surpresas desagradáveis, é recomendável
que durante a semana seja feito um contato telefônico com as
pessoas que desempenharão alguma parte no programa.

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Esta equipe é responsável por fazer o programa acontecer
com a melhor qualidade possível. Medindo a qualidade:
1. Pontualidade no início do programa.
2. Pessoas treinadas para desenvolver a sua parte.
3. Não permitir “buracos” na programação.
4. Anunciar o próximo dia de reunião
5. Programação sugestiva:
20h - Boas vindas, oração e início do louvor.
20h20 - Sorteio de brindes entre os convidados.
20h25 - Mensagem musical
20h30 - Uma música para preparar para a mensagem.
20h35 - Sermão.
21h10 - Cântico e oração final.
21h15 - Confraternização- comes e bebes.

Esta é uma sugestão básica. Crie momentos especiais de ora-


ção de confraternização para variar a cada domingo.

D. Amigos do coração:
Jovens que possuem o dom de servir. Estes jovens devem
estar sentados em lugares estratégicos na igreja para poderem
ajudar os convidados nos seguintes aspectos:
1. Ajudar os convidados a encontrarem os textos bíblicos
2. Depois que o convidado entrar na igreja, a equipe “Amigos
do coração” deve ir até onde ele está sentado e cumprimentar
novamente, criando um clima de amizade.
3. Caso os convidados estejam acompanhados de crianças, a
equipe “Amigos do Coração”deve estar atento para, caso precise,
pegar as crianças e levar para fora da igreja. Desta forma os pais
terão tranqüilidade em assistir o culto.

E. Equipe: Alô amigo:


Esta equipe deve pegar os nomes dos convidados ao final do
culto com a equipe da recepção e durante a semana cada mem-
bro desta equipe ora por seus nomes.
Na quinta-feira esta equipe deve fazer um contato telefônico

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com as pessoas. A conversa deve ser algo mais ou menos assim:
- Alô.
- Alô.
- É a senhora Marina?
- Sim, sou eu...
- Que alegria em poder falar com a senhora...
- Hmmmmm
- Eu sou o Paulo da Igreja Adventista do 7º dia, que está fazen-
do os domingos especiais.
- Sei.
- Só estou ligando para dizer que nos últimos dias temos orado
pela senhora e pela sua família e para dizer que ficamos muito
felizes com a sua presença no último domingo.
- Há eu também gostei muito.
- Mas estamos ligando para confirmar a sua presença neste próximo
domingo. O tema será muito bonito. Contamos com a sua presença.

F. Equipe: Algo+
Esta equipe é responsável em desenvolver em todos os even-
tos ou em alguns dias, um momento pós culto.
Este momento pode ser com um chá com biscoitos, suco, pipo-
ca etc. A idéia é que aconteça algo+ do que o culto.

G. Equipe: Cuidados especiais


Esta equipe precisa fazer uma visita na igreja alguns dias an-
tes para verificar alguns detalhes do tipo.
1. Ver se as lâmpadas da frente da igreja estão em bom funcio-
namento. Se não estiver deve providenciar a troca.
2. Ver se o terreno da igreja precisa de limpeza. Se tiver mato,
ele deve ser tirado.
3. Ver o que pode ser melhorado nos banheiros. Se o convida-
do for ao banheiro ele vai se sentir bem?
Estes são alguns itens que devem ser vistos na semana ante-
rior ao programa, mas a cada domingo esta equipe deve checar
a parte física da igreja para ver o que pode ser feito para que os
convidados possam se sentir bem em visitar a “nossa casa”.

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H. Equipe: Oração
A equipe de oração deve escolher um lugar especial. Este
grupo também deve fazer uma escala com membros da igreja.
Quanto mais pessoas envolvidas melhor
Durante o programa de domingo, esta equipe deve estar reu-
nida no local escolhido para a oração e interceder pelo pregador.
Durante o sermão devem ser feitas orações e leituras bíblicas em
prol do derramamento do Espírito Santo.

I. Equipe: Recepção
Sua igreja tem uma boa recepção? Se sim, ótimo. Eles podem fazer
esta parte a cada domingo. Se não existir nenhuma equipe, os jovens
podem fazer este trabalho em sintonia com o Ministério da Mulher
da igreja local Esta equipe deve ser formada por pessoas sorridentes
e de bem com a vida. A idéia não é simplesmente cumprimentar,
mas é criar um ambiente agradável para o convidado. As pessoas
que não fazem parte da igreja NÃO DEVEM SER CHAMDAS DE
VISITA, mas eles são os nossos... CONVIDADOS. Pode ser feito um
cadastro na porta da igreja com nome e telefone.Não mais do que
estas duas informações. A equipe de recepção deve dizer que estes
dados serão necessários para o sorteio durante o programa.
A equipe de recepção são os guardiões dos convidados. Por
isto, devem cuidar para que eles se sintam bem na igreja.

Ai está este grande projeto. As igrejas que estão participando


vibram com o resultado. Os jovens, depois de participam desta
coordenação, ficam mais ativos e unidos. Experimente este PLUS
no Ministério Jovem.

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Responsabilidades
Data Pregador Telefone

~
Observacoes:

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1 ‘
O codigo de honra

Introdução
Você conhece a história de Carl Brashear? Ele nasceu em
1931, numa humilde fazenda dos Estados Unidos e teve que
conviver com o preconceito racial durante a sua vida. Sua
família era muito pobre, mas isso não impediu que Brashear
tivesse sonhos riquíssimos: chegar ao posto de marinheiro
chefe da marinha americana. Já descobriu de quem estou
falando? Esse foi o personagem verídico que Cuba Goo-
ding Jr. representou no filme “Homens de Honra”, gravado
em 2000. Sua trajetória foi marcada pela persistência, deter-
minação, luta contra o racismo e... honra. Brashear alcan-
çou cerca de 14 medalhas e condecorações. Foi o primeiro
mergulhador negro oficial da Marinha e o primeiro a ser
reintegrado após ter uma perna amputada. Em outubro de
2000, foi homenageado pelo secretário da defesa americana
pelos 42 anos de serviços prestados ao país. Todas as suas
vitórias foram motivadas pela crença: “Não é um pecado
cair. É um pecado continuar no chão. Eu não vou deixar
ninguém roubar os meus sonhos”.
Essa história ilustra o sonho de Deus para nós. Deus
não quer ver seus filhos frustrados, com sonhos não reali-
zados, sendo vencidos pelas tentações e problemas deste
mundo. Deus quer que sejamos homens e mulheres de
honra, que não tenham medo de enfrentar o pecado. “Se
cair, não permaneça no chão. Não desista!” – é o chamado
de Deus para nós.
Alcançar a honra, porém, não é tarefa de um dia – é obra
de uma vida. Exige esforço. O problema é que gostamos da
honra, almejamos tê-la, mas somos fracos em lutar por ela.

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Na vida cristã acontece da mesma forma. É necessário per-
sistência para alcançar a honra. A chave dessa questão é
que, nessa batalha incessante, não estamos sozinhos. Deus
está ao nosso lado. E sabe como podemos alcançar a honra
em nossa vida pessoal? Em nossos relacionamentos? Em
nossa comunhão com Deus? Observando os dez manda-
mentos de Deus. Eles são o nosso código de honra.

Sociedade sem leis?


Você já imaginou viver numa cidade sem leis? É o que
aconteceu numa cidade chamada Utópolis. Cidade simples,
do interior, aboliu todo o tipo de regras, incluindo leis de
trânsito, casamento e educação de filhos. O prefeito da cida-
de, pensando que traria felicidade aos seus moradores, reti-
rou toda a sinalização das ruas, aboliu os casamentos feitos
no papel e revolucionou o ensino nas escolas, deixando os
alunos sem disciplina. O que você acha que aconteceu nessa
cidade? Os cidadãos alcançaram a felicidade? De jeito ne-
nhum! Os crimes cresceram assustadoramente, as escolas fi-
caram sem professores e o trânsito... um verdadeiro caos! Os
moradores, enfurecidos com a ausência de leis, prenderam
o prefeito e, rapidamente, instituíram suas leis. A liberdade
que tanto almejavam tornou-se uma profunda escravidão.
Graças a Deus, essa cidade nunca existiu. Verdadeira uto-
pia. Agora pense comigo: Você acha que uma família, uma
cidade ou um governo pode existir sem leis? Eu acredito
que a sua resposta seja NÃO! E se uma cidade necessita de
leis para funcionar corretamente, quanto mais um mundo e
um universo!
Todas as coisas criadas por Deus são regidas por leis,
desde a maior galáxia até o menor ser vivo. Imagine o
nosso planeta sem a lei da gravidade? Sem a lei da termo-
dinâmica? Sem a equação perfeita de oxigênio e hidrogê-
nio? Ou imagine uma colmeia de abelhas sem as leis de
organização?

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Deus criou leis justamente para garantir a nossa felicida-
de. E a joia de Suas leis chama-se “os dez mandamentos”.
Por quê? Porque essa lei é a revelação do Seu caráter e é
um conjunto de princípios que regem a conduta humana.
Mas a pergunta que muitos fazem é: será que os 10 man-
damentos ainda são válidos para nós hoje? Não vivemos
numa época onde cada um é responsável por si mesmo?

Introdução II
Você já ouviu falar de relativismo moral? Esse conceito
filosófico faz parte de nossa sociedade pluralista e humanis-
ta atual. Segundo essa filosofia, nada é objetivamente certo
ou errado, bom ou mau. Tudo depende do seu ponto de
vista. Não existe um “norte” ou critério que guie o compor-
tamento humano. Em outras palavras, não existe verdade
absoluta. Cada um é padrão de si mesmo. “Afinal, a nossa
natureza é totalmente diferente! Nossos gostos, nossos sen-
timentos, nossa visão de mundo!”, dizem os que advogam
essa ideia. Você já ouviu esse conceito, não?
Em meados de 1960 e 70, grande parte do mundo passou
por uma revolução nesse sentido. “É proibido proibir”, foi o
irônico slogan de uma sociedade que buscava abolir todo o
tipo de regras, exaltando o liberalismo e a sensualidade. “Siga
o seu coração, questione tudo, duvide de todos”, diziam.
• “Existe problema em mudar de sexo?”
• “Por que não posso ter um relacionamento extraconjugal?”
• “Posso ir à igreja e continuar tendo uma vida de liber-
tinagem?”
• “A Bíblia ainda é confiável hoje?”
• “Tenho que guardar todos os mandamentos da Lei de
Deus?”
E você pode acrescentar à lista outras dezenas de pergun-
tas. Princípios como o casamento, a sexualidade, a educação
de filhos e a autoridade da Bíblia (dentre muitos outros) es-
tão sendo seriamente questionados pelos “porquês” de uma

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sociedade que não se satisfaz com mais nada. O problema é
que, quanto mais as pessoas ignoram as leis, mais se afun-
dam no vazio existencial causado pela pseudoliberdade!
A verdade é que o mundo pós-moderno tem andado na
contra mão da Lei de Deus. Quase ninguém quer se subme-
ter a mandamento nenhum. Mas nós só temos dois cami-
nhos a escolher: seguir a estrada do relativismo e sua falsa
liberdade ou seguir a Palavra de Deus e seus mandamentos.
Um caminho é largo e o outro é estreito. A escolha está em
nossas mãos!

A Lei de Deus
Quero estudar com você três aspectos da Lei de Deus:
Sua origem, natureza e propósitos.

I. Origem: Êx. 31:18/ Deut. 9:9-11


A cena no monte Sinai deve ter sido impressionante.
Fogo, trovões e relâmpagos impactaram profundamente a
mente do povo no deserto. O propósito era chamar a aten-
ção de Israel não apenas para a majestosa soberania divina,
mas para revelar Deus como Redentor de Seu povo: “Eu Sou
o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa
da servidão”. Êx. 20:2.
A Lei, que já existia (Gên. 26:5; Êx. 16), foi escrita agora
pelo próprio dedo de Deus em tábuas de pedra. Que cena
fantástica! Deus tocando num tosco pedaço de pedra e es-
crevendo em linguagem humana a Sua vontade!
“Não foi aqui que a lei foi dada pela primeira vez; mas
aqui foi proclamada, para que os filhos de Israel, cujas ideias
tinham se tornado confusas em virtude de sua associação
com os idólatras do Egito, pudessem recordar os seus ter-
mos e compreender o que constitui a verdadeira adoração
de Jeová”. Ellen G. White, Signs of the Times, 15/10/1896.
Foi o próprio Jesus que esteve com Moisés no monte
Sinai e proclamou os desígnios de Seu caráter. Jesus é o

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Autor da Lei. (Compare Nee. 9:12-13 e I Cor. 10:1-4). Isso
não traz paz e segurança para você? E, se Ele é o Autor da
Lei, deve ter confirmado isso quando esteve aqui na Terra,
não é? Exatamente isso. Mateus 5:17 e 18 diz que Jesus não
veio para revogar a Lei, mas veio para cumprir. Se Jesus
tivesse abolido a Lei, Ele teria nos avisado! Mas Ele fez o
contrário. Ele viveu a Lei e confirmou-a.

II. Natureza
Revela o caráter de Deus.
a) Salmo 19:7 diz: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a
alma”. A lei é perfeita porque o Seu Autor é perfeito. Deus
não comete equívocos. E se a lei do Senhor é perfeita, então
ela não necessita ser abolida ou modificada, não é mesmo?
Além disso, o salmista Davi disse que ela “restaura a alma”.
Esse é um atributo de Cristo. Ele é o bom pastor que “refri-
gera a nossa alma” (Sl. 23:3). O apóstolo Paulo também afir-
mou: “A lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom”.
Rom. 7:12. Todos esses são predicados divinos.
b) Amor - “Quanto amo a Tua Lei! É a minha meditação,
todo o dia!” Sal. 119:97.
Amor e lei parecem coisas antagônicas, não é? “Como
alguém pode amar um código cheio de regras?” - Alguns
podem perguntar. “Existe felicidade e prazer em um ‘NÃO’?
Não faça isso, não faça aquilo...?”
Se você tem filhos, sabe o que vou dizer agora. Como
precisamos falar “NÃO” para nossas crianças! Tenho um
filho pequeno que não pode ver uma tomada elétrica, que
já corre para tocá-la. E olha que está apenas engatinhando.
Parece magnetismo! Você acha que dizer NÃO nessas horas
é autoritarismo ou coerção de liberdade? De jeito nenhum!
Isso se chama AMOR! Não quero que meu filho se machu-
que ou se queime.
A Lei de Deus funciona da mesma forma. Deus diz NÃO
porque Ele não quer ver Seus filhos sofrendo. E por trás de

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cada “não”, existe um sim da graça de Deus. Os dez manda-
mentos são como um muro de proteção, composto por dez
colunas, todas fundamentadas por um material chamado
amor. “A lei dada no Sinai era a enunciação do princípio
do amor, a revelação, feita à Terra, da lei do Céu”. Ellen G.
White, O Maior Discurso de Cristo, pág. 46. “A lei de Deus é
a lei do amor” MDC, pág. 85. Se você não entendeu a lei de
Deus como sendo a lei do amor, você ainda não compreen-
deu a vontade de Deus para você. Ao ser perguntado pelos
fariseus sobre grande mandamento da lei, Jesus respondeu:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma e de todo o teu entendimento... E o segundo, se-
melhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Mat. 22:37 e 39. Este é o resumo perfeito da Lei. Os quatro
primeiros mandamentos correspondem ao amor para com
Deus (sentido vertical) e os outros seis, correspondem ao
amor para com o próximo (sentido horizontal).
Agora, se você abrir uma brecha em apenas uma dessas
dez colunas, você abre um rombo para a tragédia e des-
truição. Não foi isso que Tiago disse? “Pois qualquer que
guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna
culpado de todos.” Tg. 2:10. Aí entra o próximo tópico.

III. Propósito
1) Revelar o pecado - Além de ser a lei do amor, os dez
mandamentos revelam o pecado. Como assim? Vamos aos
textos de Rom.3:20 e I Jo. 3:4: “Pela lei vem o pleno conhe-
cimento do pecado...” “Porque o pecado é a transgressão
da lei”. Se não houvesse lei, as pessoas não teriam conhe-
cimento de sua própria culpa e não teriam necessidade de
um Salvador. Que tristeza! Como um espelho que mostra a
nossa condição externa, a lei de Deus mostra a nossa con-
dição interna de pecado.
Esse conceito está embutido no capítulo 3 de Gênesis, no
chamado “protoevangelho”. Deus tinha dito a Adão e Eva que

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não comessem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal.
Esse foi o mandamento expresso pela boca do Senhor. O que
eles fizeram? Duvidaram da palavra de Deus e transgrediram
a ordem divina. O que aconteceu então? Eles pecaram. Rom-
peram os limites. Abriram uma brecha no muro. Relativizaram
a palavra de Deus. Então, o homem que não conhecia o peca-
do, passou a experimentá-lo drasticamente.
Não podemos dizer “sim” ao que Deus diz “não”. Pode
ser um “mandamento simples”, mas as consequências da
desobediência serão terríveis. Alguém disse certa vez: “Se
o comer do fruto proibido impossibilitou nossos pais de per-
manecer no paraíso, imagine nós, com tantos pecados aca-
riciados, querermos entrar no Céu!”. Isso nos faz pensar. Ao
olharmos o espelho da Lei de Deus, devemos reconhecer
nossa pecaminosidade e a necessidade de um Salvador.

2) Conduzir a Cristo
Paulo escreveu aos gálatas: “De maneira que a lei nos
serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fos-
semos justificados por fé”. Gl. 3:24. A palavra “aio” pode ser
traduzida como “professor” ou “pedagogo” da antiguidade.
Era aquele que não apenas conduzia o aluno ao saber, mas
era um verdadeiro disciplinador. A lei tem a mesma função.
Ela nos conduz a Cristo, através do intelecto ou da discipli-
na, mostrando-nos a necessidade de um Salvador. A lei não
nos salva. Muito menos nos perdoa. Ela só mostra a situ-
ação em que estamos e a posição em que devemos estar:
debaixo da graça de Cristo.

Conclusão
Ouvi a história de um menino que contrariou os manda-
mentos de sua mãe. Juninho tinha sete anos de idade e jun-
tamente com a sua família, foi passar as férias num acampa-
mento do interior. O lugar era muito aprazível. Havia muito
verde e lugares amplos para correr. Tudo o que uma criança

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queria. Certo dia, enquanto todos estavam dormindo à tarde,
ele decidiu “caminhar pelas próprias pernas” e andou por um
lugar onde não deveria ir. Num impulso infantil, Juninho co-
meçou a pular em cima da tampa da cisterna daquele acam-
pamento. Você deve imaginar o tamanho daquele poço... Era
enorme! Subitamente, a tampa de cimento virou e o garoto
caiu naquela imensa cisterna. Para total infelicidade dele, a
tampa não apenas virou, mas fechou completamente aquela
abertura. Ele começou a se debater desesperado. Enquanto
gritava, engolia mais água. Tudo estava escuro. Parecia que
mãos o puxavam para baixo, devido ao terror que sentia na-
quele momento. De repente, uma luz entrou naquela cisterna
e uma mão o puxou para cima. Eram as mãos de sua mãe.
Ela ouviu os gritos e o barulho do tombo e veio socorrê-lo.
Em meio a lágrimas e sangue, Juninho foi salvo de algo que
ele mesmo escolheu fazer.
Quando transgredimos os mandamentos de Deus, caímos
no poço do pecado. Ficamos sufocados e sem esperança.
Talvez você esteja se afogando na vida dúbia do adultério,
da pornografia, da cobiça, da maledicência, dos prazeres
sem fim ou quem sabe, esteja colocando Deus no porão de
sua vida. A lei do Senhor está dizendo: PARE! Você tem que
parar agora! Este caminho vai levar você à destruição! Este
caminho não tem volta! Você precisa de um Salvador. Deixe
a graça de Deus irromper na escuridão da sua vida e puxar
você pra cima.
Esse é o convite de Deus para você hoje. A escolha está
em suas mãos. Você tem dois caminhos: Ou a perdição ou a
honra. Busque a vitória, observando a Lei do Senhor.

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2 O foco da honra
“Não terás outros deuses
diante de Mim” Êx. 20:3

Introdução
Luiza era uma menina feliz e desfrutava um bom relacio-
namento com seu pai. Como todas as meninas de sua ida-
de, ela gostava de brincar, e era exemplar na escola e em
casa. Certo dia, seu pai viajou para bem longe e demorou
para voltar. Devido à ausência do pai, Luiza aproveitou para
comprar algo que seu pai não gostava: um bichinho de esti-
mação. E não era qualquer bicho, era um ratinho! Esse era
o grande sonho de sua vida. Os dias foram se passando e a
menina começou a temer a volta do pai, com medo de que
ele descobrisse a sua nova aquisição. Em outras palavras,
ela não queria que seu pai retornasse!
Você não acha que, em muitos momentos na vida, come-
temos o mesmo erro de Luiza? Valorizamos mais as coisas
do que a Deus. Trocamos a honra que deveria ser devotada
a Deus e a damos de “mão beijada” para as coisas deste
mundo. Esse assunto tem tudo a ver com adoração. Permi-
ta-me dar uns exemplos.
Gabriela era uma jovem que tinha um futuro acadêmico
brilhante. O dia do vestibular estava chegando, mas coinci-
diu com uma apresentação da sua dupla sertaneja predile-
ta. O que ela fez? Como era muito fã desta dupla, preferiu
perder o vestibular.
Outro jovem escreveu de “forma apaixonada” em seu blog:
“Eu adoro o Michael Jackson do fundo do meu coração”.

E o que dizer da menina que admirava tremendamente

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um ator de Hollywood? Ela disse: “Eu seria capaz de me
sacrificar por ele. Eu o amo demais e entraria em depressão
se algo de ruim acontecesse a ele”.
E aí, não acha que isso é adoração? Eu diria que é uma
forma “canibal” de adoração: Gente adorando gente. Esse
é o epicentro do primeiro mandamento. Deus pede que o
foco de nossas atenções seja depositado nEle, o Único Deus
verdadeiro.
A pergunta que eu faço a você é: Quem está recebendo
a honra em sua vida? Existem deuses entronizados em seu
coração acima do único Deus verdadeiro?

Revendo as prioridades
Outro dia, ouvi uma frase que dizia assim: “Deus é tudo
aquilo que você coloca em primeiro lugar na sua vida”. Eu
concordo. Sempre que priorizamos coisas ou pessoas acima
de Deus, estamos tirando Deus do trono e deixando-O em
último plano. Quais são os seus deuses modernos? Onde
estão suas prioridades?
Faça esse exercício comigo. O que você acha que deve
ser prioritário na vida de um cristão - FAMÍLIA, DEUS, ES-
PORTE, TRABALHO, TV e INTERNET? Se você pudesse
colocar essas coisas em ordem de prioridade, qual seria a
ordem? Com certeza, você “estufaria o peito” e diria mais
ou menos assim:
1º- Deus
2º- Família
3º- Trabalho
4º- Esporte
5º - TV e internet

Agora, pare e pense: Quanto tempo você passa, por dia,


com Deus? E com a família? E no trabalho e no esporte? E
na V e internet? Se você notar, perceberá que sua ordem de
prioridades está totalmente alterada. Somos bons na teoria,

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mas ruins na prática.
A questão é que temos priorizado tudo, menos Deus. “Gas-
tamos” tempo em shoppings, jogos de futebol, filmes, piadas,
vídeo game, internet, mas não “ganhamos” tempo com Deus.
(E você pode citar uma série de outros deuses modernos).
Não estou dizendo que assistir a um filme ou passear em um
shopping seja errado. E muito menos que você deve passar
o dia inteiro lendo a Bíblia num lugar isolado, em vez de ir
trabalhar. Não é isso. A questão é quem está tendo a supre-
macia em seu coração. Jesus disse: “Buscai, pois, em primei-
ro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos
serão acrescentadas”. Mt. 6:33 (/Jer. 29:13)
Um autor cristão escreveu: “Em todo o coração, existe
uma cruz e um trono. Se Deus estiver no trono, o “eu” estará
na cruz. Agora, se o “eu” estiver no trono, Jesus continuará
na cruz.” A questão está em nossas mãos. Deus merece ser
o primeiro e o último em nossa vida. Sabe por que tudo isso
é importante? Porque isso é uma questão de ADORAÇÃO.
A quem você está adorando?

A quem adorar?
O dicionário define adoração como: “prestar um culto ou
homenagem; reverenciar uma divindade”. Todo ser humano,
independente da cultura ou nível social, tem o anseio de ado-
rar alguma coisa. Nós fomos criados para adorar. Sentimos a
necessidade da dependência do divino. Pode ser um indígena
do século XV ou um neoateísta do século XXI. Para alguns, o
soberano é o sol. Para outros, é a razão. Não importa. Todos
adoram. O problema é que, no contexto do grande conflito,
ou adoramos a Deus, ou a Satanás. Ou você está do lado do
bem ou do mal. Não existe a opção “em cima do muro”!
O convite de Deus para nós hoje, em pleno século XXI é:
“adorai aquele que fez o Céu, a Terra, o mar e as fontes das
águas”. Apoc. 14:7.
Quando Israel recebeu os dez mandamentos, estava ro-

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deado por nações que adoravam “outros deuses”. Baal e
Dagom lideravam o vasto panteão. Entre as práticas cultu-
ais havia orgias, festas regadas a bebidas e até sacrifícios
de crianças. As pessoas chegavam a esses extremos para
conquistar o poder dessas deidades em seu favor.
Hoje, os deuses não são mais feitos de pedra ou barro.
Eles estão mais sofisticados! Poderíamos até chamá-los de
“deuses virtuais”. Pensamos que um site na internet ou um
relacionamento virtual irá satisfazer o nosso vazio existen-
cial e a nossa carência de um relacionamento com Deus.
Grande equívoco!
Deus, então, diz ao Seu povo que deve prestar lealdade
e honra somente ao ÚNICO Deus verdadeiro, digno de ser
adorado. Deus não tolera rivais. A Bíblia diz que Deus é
traído quando o Seu povo adora outros deuses. Você se lem-
bra do enredo do livro de Oséias na Bíblia? Deus comparou
o Seu relacionamento com Israel ao casamento do profeta
com uma prostituta. Oséias 3:1 diz: “Deus ama os filhos de
Israel, embora eles olhem para outros deuses...”. Deus se
entristece quando damos as costas para Ele e buscamos
deuses falsos. Sabe o que Ele diz? “Convertei-vos, ó filhos
rebeldes, diz o Senhor; porque eu sou o vosso esposo”. Jer.
3:14 “Torna-te para Mim, porque eu te remi”.
Você tem procurado deuses modernos? Eles têm trazido
algum benefício para você? Com certeza, não. Na tentativa
de saciar o vazio do coração humano, nem o dinheiro, nem
o sexo e muito menos o poder são capazes de solucionar
nossas inquietudes. Então pare de buscá-los! Abandone-os!
O profeta Jeremias descreveu as consequências de adorar-
mos esses “outros deuses”: “A tua malícia te castigará, e
as tuas infidelidades te repreenderão; sabe, pois, e vê que
mau e quão amargo é deixares o Senhor, teu Deus, e não
teres temor de Mim, diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos”.
Jer. 2:19.
O primeiro mandamento nos convida, então, a abando-

Série Código de Honra


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nar os falsos deuses. E não apenas isso: é um convite de
lealdade ao Deus verdadeiro. Ou seja, você não deve deixar
vazio o templo do coração. Vou exemplificar esse conceito.
Certo dia, Satanás se apresentou diante de Jesus e atacou
diretamente o primeiro mandamento. Primeiro, mostrou-Lhe
“todos os reinos do mundo e a glória deles”, e depois Lhe disse:
“Tudo isso Te darei se, prostrado, me adorares”. Mt. 4:8 e 9. Que
ousadia maquiavélica de Satanás! Mas Jesus, em Sua resposta,
recusou-Se a enfocar os deuses falsos. Em vez disso, inverteu o
primeiro mandamento e citou Deuteronômio 10:20, que o apre-
senta na forma positiva: “Ao Senhor, teu Deus, temerás; a Ele
servirás”. Rejeitar os falsos deuses e seu culto não é suficiente.
Precisamos substituí-los pela adoração ao Deus do Céu.

Adoração – um ato de amor


Para alguns, pensar em adorar uma divindade é algo com-
plicado e até impossível. Dizem: “Um deus é para ser reve-
renciado, temido, satisfeito, obedecido e ponto final.” Mas a
adoração é muito mais do que satisfazer uma divindade. É
um ato de amor. É olhar para Deus e se apaixonar por Ele. É
começar um relacionamento eterno. O que é amar a Deus?
Amar a Deus não é ter um sentimento apenas por Ele. É
decidir, firmemente, andar com Ele.
Você já se apaixonou alguma vez? Se ainda não, corra
que ainda dá tempo! “Tente esforçar-se um pouco mais!”
Você acha que esse meu conceito está certo? É claro que
não! “Apaixonar-se” é um fenômeno espontâneo que a ou-
tra pessoa desperta em você, não algo que você cria por si
mesmo. Você só irá se apaixonar por Jesus quando olhar
para Ele. Você só irá amá-Lo se andar com Ele. E você só irá
se parecer com Jesus quando viver com Ele. Não é assim
que acontece num casamento? Convivemos tanto com uma
pessoa que passamos a nos parecer com ela. O maior sonho
de Deus para nós é que sejamos UM com Ele.
Deus quer que você tenha uma vida de adoração, não

Série Código de Honra


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por obrigação, mas por amor. Olhe pra Cristo e você irá
amá-Lo, e, por consequência, adorá-Lo. Adorar vai muito
além de estar numa igreja, cantando hinos “da boca pra
fora” e com a Bíblia aberta. Adoração é a externalização
de algo que ocorreu e está ocorrendo em seu coração. É o
transbordar de uma vida que está em comunhão com Deus.
É o reconhecimento de que Deus é soberano. A partir de
então, você louva, testemunha, tem prazer de ir à igreja e
compreende a Palavra de Deus. Uma vida de adoração: esse
é o primeiro mandamento da lei, do qual dependem os ou-
tros nove (especialmente o segundo mandamento).
Conceda a Deus, hoje, o Seu verdadeiro e legítimo lugar:
o trono do seu coração. Coloque-O em primeiro lugar na
sua agenda. Deixe-O reger os seus relacionamentos. Adore-
O pelo que Ele é e pelo que Ele faz em sua vida. Esse é o
caminho da honra: “Que é o que o Senhor requer de ti? Não
é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os Seus
caminhos, e O ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração e de toda a tua alma”? Dt. 10:12.

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3 Imagem e‘ nada
“Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança
alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra,
nem nas águas debaixo da terra.” Ex. 20:4.

Introdução
Você se lembra da campanha publicitária da Sprite feita
há alguns anos? O slogan era: “Imagem não é nada, sede é
tudo. Obedeça a sua sede. Beba Sprite”. Essa frase marcou
a bebida. Muitos, até hoje, quando ouvem a expressão “ima-
gem” lembram automaticamente desse slogan. Mas será
que é isso mesmo – “imagem não é nada”?
A verdade é que as imagens influenciam tremendamente
a nossa vida. Já ouviu a frase: “Pela contemplação somos
transformados”? Essa aí eu concordo em gênero e grau! As
imagens que vemos, aliadas ao que ouvimos e sentimos,
são capazes de moldar aquilo que somos. Então, as ima-
gens ou figuras são importantes. Pelo menos, “valem mais
do que mil palavras”!
Somos tremendamente visuais, capazes, por exemplo, de
avaliar a estética de uma pessoa em 2 segundos: cabelo, roupa,
sapato, etc. Algumas pessoas, é claro, têm essa capacidade um
pouco mais aguçada que as outras! Mas somos muito “ver para
comprar, ver para namorar, ver para se relacionar, ver para sen-
tir e... ver para crer”. Aí nós esbarramos na essência do segundo
mandamento, que envolve adoração àquilo que vemos.

Um ato de fé
Adoração é um ato de fé, você concorda? Sabe por quê?
Porque nós não estamos vendo a Deus. Mas isso não im-

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pede de O adorarmos, pois sabemos através de Sua autor-
revelação que Ele existe. Além disso, podemos sentir Sua
atuação em nossa vida! Então, se você hoje adora a Deus
em espírito e em verdade, mesmo sem vê-Lo, você é con-
siderado “bem-aventurado”! Foi Jesus quem disse isso em
João 20:29: “Bem-aventurados os que não viram e creram”.
Você já ouviu falar das pessoas que são “ver para crer”?
Talvez você seja uma delas. Só acreditam no mundo mate-
rial, não no espiritual. Dizem: “Deus não existe porque não
posso enxergá-lo”. Essas pessoas podem ser denominadas
humanistas, característica marcante na maioria das pes-
soas do século XXI. Foi exatamente isso que o presiden-
te Barack Obama falou num discurso sobre religião numa
mesquita muçulmana. (Assista no Youtube – interessante
colocar o endereço virtual?). Lá ele disse que “devemos nos
basear apenas nas coisas que vemos e ouvimos”.
Sabe por que estou dizendo isso? Porque esse é um dos
principais motivos pelos quais a humanidade transgrediu,
desde os seus primórdios, o segundo mandamento. Que-
riam adorar aquilo que enxergavam e tocavam. Começaram
a adorar as coisas criadas e não o Criador. Adoraram o sol
e não o Sol da Justiça. Adoraram as estrelas e não a Estrela
da manhã, Jesus Cristo. A Bíblia diz:
“Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o
sol, a lua e as estrelas... sejas induzido a inclinar-te perante
eles e dês culto àqueles, coisas que o Senhor, teu Deus, re-
partiu a todos os povos debaixo de todos os céus”. Dt. 4:19.
Mas a pergunta é: será que as coisas criadas por Deus
podem satisfazer o anseio humano pelo Divino? O sol, uma
árvore, uma pessoa, um objeto... Será que posso adorar es-
sas coisas ou a imagem delas? Veja esse texto:
“Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda:
Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que está coberto de
ouro e de prata, mas no seu interior, não há fôlego nenhum”.
Habacuque 2:19 (Jer. 10:5)

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Imagem ou realidade?
Que preço você ofereceria para tirar uma foto com o seu
ator favorito? Digamos que seja o Brad Pitt, Angelina Jolie
ou o John Travolta. E para tirar uma foto com a rainha
Elizabeth, o ex-presidente Fidel Castro ou com o próprio
Adolf Hitler? Bem, eu quero dizer a você que todos esses
personagens estão liberados para fotografias, basta você
ir ao museu de cera Madame Tussaud, em Londres. Lá as
imagens de cera parecem tão reais que confundiriam qual-
quer pessoa. E aí, você toparia essa ideia? Você prefere a
imagem ou a realidade?
É claro que preferimos a realidade. O problema é que
algumas pessoas pensam assim: “Tudo bem, um ídolo não
pode falar, ensinar e muito menos respirar. Mas o que vale
é o que ele representa”. Aí reside o problema central do se-
gundo mandamento. Uma pessoa, um animal ou uma pedra
jamais poderão ser ou representar o que Deus é de fato. E
sabe o que você estará fazendo? Reduzindo Deus a con-
ceitos meramente humanos e tornando Deus menor. Deus
não pode ser comparado, reduzido ou materializado a nada.
Isaías disse: “A quem, pois, me comparareis para que eu lhe
seja igual? - diz o Santo”. Isaías 40:25.
Para exemplificar esse conceito, deixa-me relembrá-lo do
episódio do bezerro de ouro relatado em Êxodo 32. Lembra-
se dele? Enquanto Moisés trazia as tábuas dos dez man-
damentos no monte Sinai, o povo se corrompeu num culto
idólatra, aprovado pelo próprio líder Arão. Eles fizeram um
bezerro de ouro puro e o adoraram. Na mentalidade do povo,
aquele seria um substituto de Deus, representando o “deus”
que teria tirado o povo do Egito com mãos poderosas. Arão
até ousou dizer: “Amanhã será festa ao Senhor”. Êx. 32:5.
Que visão distorcida! Como um líder em Israel pôde mistu-
rar idolatria com culto a Deus?
Deus não pode ser adorado através de uma imagem ou
representação pobre e defeituosa. Deus é Deus. E devemos

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adorá-Lo pelo que Ele é em essência, mesmo sem vê-Lo.
“Deus é espírito e importa que os seus adoradores O ado-
rem em espírito e em verdade”. João 4:32. Quando substitu-
ímos nossa adoração a Deus por coisas, imagens, pessoas,
crucifixos ou até nosso próprio intelecto, estamos anulando
a nossa espiritualidade e a nossa fé. (Salmo 135:15 a 18).
O segundo mandamento proíbe o culto ao verdadeiro
Deus por meio de imagens ou semelhanças. Muitas nações
gentílicas pretendiam que suas imagens eram meras figu-
ras ou símbolos pelos quais adoravam a divindade; mas
Deus declarou que tal culto é pecado. A tentativa de repre-
sentar o Eterno por meio de objetos materiais rebaixaria a
concepção do homem acerca de Deus. A mente, desviada
da perfeição infinita de Jeová, seria atraída para a criatura
em vez de o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas con-
cepções acerca de Deus, semelhantemente degradar-se-ia o
homem. Patriarcas e Profetas, págs. 329 e 330.
Você adora a Deus pelo que Ele é em essência? Qual é a
sua atitude ao saber que você está diante de Deus, o Cria-
dor do Universo? Mesmo sem vê-Lo, temos a oportunidade
de oferecer a todo instante nossa vida em adoração a Deus.
E você pode adorá-Lo através de suas palavras, do serviço
ao próximo, dos cânticos e orações, de uma vida de sub-
missão aos Seus mandamentos. Enfim, tudo o que somos,
fazemos e pensamos deve ser um sacrifício vivo a Deus.

A idolatria hoje
Quando penso nesse assunto de idolatria, imagino quantos
ídolos modernos temos criado. Você não acha que temos feito
da internet, muitas vezes, um ídolo? Poderíamos chamá-lo até
de “google-latria” ou “email-latria”! Não ficamos um dia sequer
sem conferir nossa caixa de e-mails. Isso sem falar da televi-
são. Esses “cultos”, geralmente, duram horas em nosso dia.
Um brasileiro passa, em média, de quatro a seis horas por dia
na frente da telinha. Você não acha que isso é um ídolo?

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A Bíblia diz que não apenas os ídolos de madeira ou
gesso não devem ser adorados. Efésios 5:5 diz: “Sabei, pois,
isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é
idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus”. Isso
quer dizer que uma pessoa avarenta pode ser considerada
idólatra! Preste atenção nesses textos:
“A ostentação de botões e laços, rendas e plumas, enfei-
tes de ouro e prata, é uma espécie de idolatria... Tudo que
diga respeito a vestuário deve ser estritamente observado,
seguindo exclusivamente a regra bíblica”. Testemonies, Vol.
5, pág. 499.
“O amor do dinheiro, a ambição de fortuna, é a cadeia de
ouro que os liga a Satanás. Fama e honras mundanas são
idolatradas por outros”. Caminho a Cristo, pág. 61.
Você não acha que devemos renunciar alguns ídolos mo-
dernos que acariciamos em nosso coração? Quando coloca-
mos pessoas, coisas ou dinheiro no foco de nossa adoração,
estamos dizendo que Deus não é suficiente em nossa vida.

O culto à imagem
O slogan “imagem é tudo” não é novo. Ele foi muito pro-
clamado antigamente na Babilônia. Você deve se lembrar
da história dos três amigos de Daniel.
O povo estava alvoroçado. Ninguém falava outra coisa
nos salões de beleza, nos santuários e nas casas, a não ser
na grande estátua. “Você viu o tamanho daquela imagem?
Dá pra ver nitidamente da minha casa. Eu acordo todos
os dias com aquele brilho na minha janela!”. O outro dizia:
“Onde é que arrumaram tanto ouro pra fazer aquilo?” O
dia finalmente chegou e o convite foi feito. Todos deveriam
ir para a praça principal da cidade e deveriam se ajoelhar
diante da estátua de 26 metros de altura. Quem não adoras-
se a estátua do grande rei Nabucodonosor seria lançado na
fornalha de fogo. Trágico não?
E assim aconteceu. A orquestra tocou e o povo ajoelhou.

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Todos, menos três rapazes. “Ei, psiu, vocês estão loucos?
Ajoelhem-se!”- Disse uma senhora que estava ao lado dos
três rapazes. Eles cochicharam: “Não podemos. Deus disse
que não devemos adorar nenhuma imagem de escultura. Só
adoramos a Deus”. Dito e feito. Os jovens foram lançados na
fornalha ardente. Aquilo foi um espetáculo para o rei e seus
súditos. Até que perceberam que os três jovens não queima-
vam! Além disso, apareceu uma outra Pessoa na fornalha,
parecida com o filho dos deuses. O rei disse: “Eu, porém, vejo
quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo,
sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um
filho dos deuses”. Daniel 3:25. Deus livrou aqueles três rapa-
zes porque permaneceram fiéis ao segundo mandamento.
O segundo mandamento termina com uma maldição e
uma bênção. O texto diz: “Porque Eu, o Senhor teu Deus,
sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos
até a terceira e quarta geração daqueles que me aborre-
cem, e faço misericórdia em milhares aos que Me amam e
guardam os Meus mandamentos.”
A maldição mencionada no mandamento não é um cas-
tigo divino. Note que o texto diz que o “castigo” que essas
pessoas sofrem é a “maldade dos pais”. É uma consequên-
cia de suas próprias escolhas de pecado, transferidas de
geração a geração.
Agora, Deus prometeu que a bênção não duraria apenas
três ou quatro gerações, mas “mil gerações”. Ou seja, a hon-
ra de se permanecer fiel na observância do segundo man-
damento será eterna. Que bênção maravilhosa!
Mesmo se você passar pelo fogo, permaneça fiel. Não se
encurve diante nada. Ofereça sua honra apenas Àquele que
merece a nossa adoração. Adore a Deus pelo que Ele é. A
promessa que Ele tem para você é que “quando passares
pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu
Salvador”. Isaías 43:2 e 3.

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4 Quanto vale um nome?
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em
vão, porque o Senhor não terá por inocente o que
tomar o seu nome em vão”. Êx. 20:7.

Introdução
Judson era um adolescente de classe alta e tinha tudo o
que um rapaz de sua idade almejava. Estudava em uma boa
escola, possuía muitos amigos e fazia parte de uma família
estável e bem conceituada na cidade. Seus pais eram in-
fluentes empresários e participavam da elite da sociedade.
Aos 16 anos, olhando algumas fotos de família, percebeu
que era muito diferente de todos os outros e desconfiou que
seus pais não eram realmente seus pais. Em conversa com
eles, descobriu que era filho adotivo desde os seis meses de
idade. Revoltou-se ao saber que sua mãe verdadeira o aban-
donou num latão de lixo e foi achado pelos pais adotivos.
O que você faria nessa situação? Agradeceria aos “no-
vos” pais pelo ato heroico ou ficaria revoltado?
Judson escolheu a segunda opção. Começou a tratar os
pais de forma leviana e injusta. Envolveu-se com más com-
panhias. Passou a roubar coisas dentro da própria casa e
vendia por drogas. Foi preso, acusado de matar uma pes-
soa. Por fim, difamou o nome da família naquela cidade.
Judson tinha tudo para ser uma pessoa bem sucedida,
você não acha? Possuía um “bom nome” por adoção, mas
não honrou este nome. Escolheu seguir o caminho da “não-
graça” e colheu as consequências disso. É sobre esse assun-
to que trata o terceiro mandamento: honrar o nome.

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Para que um nome?
Todos nós temos um nome a honrar. Uns gostam dele,
outros não. O que importa é que o nome corresponde à
identidade da pessoa. É a sua “marca registrada”. O nome
revela quem você é e a quem você pertence.
Nos tempos bíblicos, o nome possuía um ingrediente a
mais: revelava o caráter da pessoa. Tinha uma história por
detrás de cada nome. Interessante não? Moisés, por exem-
plo, significa “tirado das águas”. Paulo: “pequeno”. Jesus:
“Jeová é salvação”. E assim por diante. O livro Patriarcas e
Profetas diz:
“Grande significação era atribuída aos nomes dados pelos
pais hebreus a seus filhos. Frequentemente representavam
traços de caráter que os pais desejavam ver desenvolvidos
no filho”. Págs. 480 e 481.
Existem também na Bíblia pessoas que tiveram seus
nomes mudados. Por exemplo: Jacó significa “usurpador”.
Quando ele usurpou o direito de primogenitura de seu ir-
mão Esaú, ela já tinha esse nome! Mas Deus trabalhou em
seu coração e transformou-lhe o caráter. Por consequência,
mudou o seu nome para “Israel”, que significa “príncipe”.
Além de trazer uma bagagem histórica relacionada ao
nome, a Bíblia menciona o parentesco direto dos personagens.
“Abraão, filho de Terá”, “Salomão, filho de Davi”... E assim vai.
Hoje, nós usamos o sobrenome para denotar a família à qual
pertencemos. Daí vem os “silva, oliveira, souza, etc.”.
E nós, seres humanos, pertencemos a quem? De quem
somos filhos? Qual é o nosso “sobrenome”? Olhe esse texto:
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de
sermos chamados filhos de Deus”. I Jo. 3:1. Que maravilha!
Somos chamados pelo nosso Pai celestial de filhos de Deus!
Fazemos parte da família de Deus. Não é um verdadeiro re-
médio para a autoestima? Você não é Pedro da Silva. Você
é “Pedro da Silva - filho de Deus”! Você não veio de uma
explosão cósmica e muito menos por processos evolutivos

Série Código de Honra


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que duraram milhões de anos. Você foi criado à imagem e
semelhança do Altíssimo. (Gên. 1:26).
Agora, somos filhos de Deus por dois motivos: Pela cria-
ção e redenção. No “cartório” da criação, nosso nome foi
escrito com barro e com sopro de Deus. No “cartório” da re-
denção, ele foi escrito com o sangue de Jesus. Que bênção,
não? A Bíblia diz em Efésios 1:5: “nos predestinou para Ele,
para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo
o beneplácito de Sua vontade”. Com a entrada do pecado,
Satanás mudou nossa certidão de nascimento para “filhos
da ira” (Ef. 2:3), mas graças aos méritos de Jesus Cristo, fo-
mos adotados novamente pela família celestial e podemos
ser chamados de filhos do Seu amor (Col. 1:13).
Você percebe que responsabilidade temos? Somos filhos
de Deus, por criação e adoção! Você não acha que, por ser-
mos filhos do Pai celestial, devemos corresponder a esse títu-
lo? Temos um bom nome a honrar. É sobre essa responsabili-
dade que trata o terceiro mandamento: “Não tomarás o nome
do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não tomará por
inocente o que tomar o seu nome em vão”. Êx.. 20:7.

O nome dos nomes


O terceiro mandamento diz para não tomarmos o nome
de Deus em vão porque, ao fazermos isso, estamos difaman-
do o caráter do nosso Pai. Fazemos qual um filho rebelde,
que despreza o nome de sua família.
“Tomar o nome do Senhor em vão” possui duas aplica-
ções muito importantes:

• Não devemos pronunciar pejorativamente ou de


forma leviana o nome de Deus.
O Salmo 111:9 diz: “Santo e tremendo é o Seu nome”. O
nome de Deus é santo e tremendo, pois essas são qualida-
des de Deus. Deus é santo e tremendo. O Seu nome revela
quem Ele é. Ele não pode ser comparado com nada. (Is.

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40:25). Os anjos escondem o rosto quando estão diante da
santidade de Deus e dizem: “Santo, santo, santo”. (Is. 6:2 e
3//Apoc. 4:8). Se os anjos imaculados tomam essa postura
quando estão diante do Altíssimo, imagine nós, frágeis se-
res mortais pecadores!
“Todos deveriam meditar em Sua majestade, pureza e
santidade, para que o coração possa impressionar-se com
uma intuição de Seu exaltado caráter; e Seu santo nome
deveria ser pronunciado com reverência e solenidade”. Pa-
triarcas e profetas, pág. 331.
Não devemos usar expressões como “o cara lá de cima” ou
“Jesus é um cara legal”. Lembra-se de um cantor chamado
Cazuza? Em um show no Canecão (Rio de Janeiro), ele deu
um trago em um cigarro de maconha, soltou a fumaça para
cima e disse: “Deus, essa é para você”. Nem é preciso falar a
situação em que morreu esse homem. John Lennon, depois
de dar uma entrevista a uma revista americana, disse: “Jesus
era legal, mas suas disciplinas são muito simples. Hoje, nós
somos mais populares que Jesus Cristo”. O que aconteceu
com ele? Lennon recebeu cinco tiros de seu próprio fã.
O que falar então de filmes e novelas? Muitos destes sati-
rizam e zombam do nome de Deus. A conivência com esses
tipos de mídias também são uma forma de tomar o nome
do Senhor em vão.
A Bíblia diz em Gálatas 6:7: “Não vos enganeis: de Deus não
se zomba...”. Devemos tratar com respeito e reverência o nome
de Deus. Expressões como “Ai meu Deus!” ou “Se Deus quiser”
ditas a todo o momento e de forma desnecessária devem ser
deixadas. Da mesma forma, frases ou piadas que envolvam
o nome santo de Deus jamais deveriam ser pronunciadas. A
Bíblia diz que “de toda palavra frívola que proferirem os ho-
mens, dela darão conta no Dia do Juízo”. Mt. 12:36, ainda mais
aquelas que envolvam indevidamente o nome santo de Deus.
O terceiro mandamento traz a séria sentença: “o Senhor não
terá por inocente aquele que tomar o Seu nome em vão”.

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• Tomar o nome de Deus em vão é viver de forma leviana
Lembra-se da história do Judson? Ele difamou o nome da
família ao viver de forma errada. Deu um péssimo exemplo.
Sempre quando falamos “da boca pra fora” que somos cris-
tãos, mas não vivemos de fato como cristãos, estamos to-
mando o nome do Senhor em vão. Já ouviu falar no “crente
duas caras”? É a pessoa que vai à igreja, devolve o dízimo,
canta no coral, mas sua vida prática está longe dos princí-
pios que professa. A Bíblia classifica esse tipo de cristão
de “homem de ânimo dobre, inconstante em todos os cami-
nhos”. Tg. 1:8. Preste atenção nesse conselho:
“Em cada ato da vida deveis tornar manifesto o nome
de Deus. Esta petição é um convite para que possuais o
caráter dEle. Não Lhe podeis santificar o nome, nem podeis
representá-Lo perante o mundo, a menos que na vida e no
caráter representeis a própria vida e caráter de Deus. Isto
só podereis fazer mediante a aceitação da graça e justiça de
Cristo.”O Maior Discurso de Cristo, págs. 93 e 95.
Um tempo atrás, ouvi a história de um grupo de pessoas
que tomou o nome do Senhor em vão.
Em 2005, na cidade de Campinas em São Paulo, vários
amigos embriagados foram buscar de carro a última pessoa
para ir para balada. O carro parou em frente da casa da
jovem, e junto com a moça, veio a mãe. Com medo daque-
la situação, vendo todos embriagados e sua filha entrando
naquele carro lotado, a mãe pegou na mão da filha e disse:
“Filha, vai com Deus, que Ele lhe proteja”. A filha, pra tirar
uma onda com a mãe, disse de forma debochada: “Só se Ele
for no porta-malas, pois aqui já está lotado”.
Algumas horas depois, veio a notícia aos familiares dos
jovens. Sofreram um acidente, morreram todos, o carro ficou
irreconhecível, mas o porta-malas ficou intacto! A polícia
técnica disse que, pela violência do acidente, seria impos-
sível o porta-malas ficar intacto. Quando o policial abriu o
porta-malas, lá estava uma bandeja com 18 ovos sem ne-

Série Código de Honra


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nhum arranhão, e todos nos lugares corretos da bandeja.
“De Deus não se zomba”, diz a Bíblia. Devemos repensar
na maneira como pronunciamos o Santo Nome de Deus e
como estamos vivendo de acordo com o esse Nome. Você
faz parte de uma família real. Você é filho do Altíssimo.
Fale e viva de acordo com essa honra.

Série Código de Honra


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5 ‘
Oasis no deserto
“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias
trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho,
nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das
tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor
os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo
dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sába-
do e o santificou.” Êx. 20:8-11.

Introdução
Vivemos em um mundo agitado. Trânsito caótico, lojas
lotadas, correria para educar os filhos, confusões no tra-
balho... Ufa! O mundo não para! Parece que precisamos de
um dia maior, talvez de 30 horas! Infelizmente, não é ape-
nas o mundo exterior que anda agitado, mas o mundo inte-
rior também sofre desse mal do século XXI. Colocamos até
um nome nisso: estresse. Pensamento acelerado, problemas
emocionais, ansiedade, distúrbios alimentares, etc. A im-
pressão que dá é que a vida nos colocou num trem desgo-
vernado que caminha para um precipício.
Hoje, devido ao estresse do dia a dia, as pessoas têm:
- Esquecido filhos recém-nascidos dentro do carro, resul-
tando em tragédias;
- Esquecido as crianças na escola (Você já passou por
isso, não?);
- Esquecido datas importantes - Conheci a história de um
pastor que ia fazer o casamento da sobrinha, mas, por não
ter colocado a data em sua agenda, esqueceu completamen-
te a cerimônia tão importante e esperada!

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- Esquecido de descansar. Temos orgulho em dizer: “Es-
tou sem tempo” ou: “Ficarei até mais tarde no trabalho”. São
os chamados workaholics - viciados em trabalho.
Norton Sayeg, especialista em Geriatria e Gerontologia,
diz que o esquecimento é comum (desde que não seja uma
doença degenerativa, como o Alzheimer), mas não é normal.
O cansaço, a depressão e o estresse são fatores desenca-
deantes desse mal que precisa ser resolvido. Segundo ele,
não existem drogas para melhorar a memória. O melhor re-
médio seria fazer constantemente exercícios mentais, como
por exemplo, a leitura. (fonte: www.plenamulher.com.br)
Augusto Cury acrescenta que o esquecimento é fruto
de uma síndrome que tem atingido a sociedade, desde as
crianças até os mais idosos: a SPA, Síndrome do Pensamen-
to Acelerado. Esta síndrome seria causada pelo excesso de
informações e atividades a que somos expostos constante-
mente, através da televisão, internet e outros meios. Para
Cury, esses fatores têm gerado um desequilíbrio na con-
centração e no aprendizado. (Pais Brilhantes &Professores
Fascinantes, pág. 58-60)
Você percebeu que, devido a correria da vida, temos es-
quecido muitas coisas, até do descanso? O quarto manda-
mento nos ajuda a lembrar um dia especial. São 24 horas
de descanso. Um dia para deixarmos o trabalho secular
e buscarmos refúgio em Deus. Parece um oásis no deser-
to, não? O curioso é que esse mandamento começa com
“Lembra-te”:
“Lembra-te do dia de sábado para o santificar. Seis dias
trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sá-
bado do Senhor teu Deus. Não farás nenhum trabalho,nem
tu, nem o teu filho, nem a tua filha...” Êxodo 20:8-11.
Ao escrever nas tábuas dos dez mandamentos “Lembra-
te”, Deus nos deu um sinal de que esse mandamento já
existia no passado e também nos oferece uma lembrança
futura, para que esse dia não caia no esquecimento.

Série Código de Honra


38
A necessidade do descanso
Para entendermos o sábado como um dia de descanso,
precisamos relembrar a semana da criação. Após os seis
primeiros dias de atividade criativa, a Bíblia diz: “E havendo
Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou
no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.” Gênesis
2:2. Você já se perguntou por que Deus descansou no séti-
mo dia? Deus precisa de descanso? A resposta é simples:
Deus descansou não porque estava cansado, mas porque
completara a Sua tarefa divina, que era criar o nosso mun-
do. Ele cessou de trabalhar. Tudo estava em ordem e sob o
Seu controle. E se Ele fez isso, por que não seguimos Seu
exemplo, descansando no dia definido por Ele?
Algumas pessoas, ao lerem o quarto mandamento, podem
pensar: “Mas e o meu comércio, como ficará no sábado? Se
eu não posso cuidar, meu filho o fará”. Então Deus diz: “Nem
o teu filho, nem a tua filha”. “Então, terei que mandar alguns
empregados, Senhor!”. “Nem eles”, responde Deus. “Aposto
que terei que mandar então uma vaca ou um estrangeiro
para me ajudar!”. “Não precisa!”, novamente diz o Senhor.
Ainda objetamos: “Mas... mas... quem ficará na loja? E
quanto as minhas vendas?”Apresentamos uma razão após
a outra, mas Deus silencia todas elas com a lembrança:
“Porque em seis dias fez o Senhor os céus, e a terra, o mar
e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou”. A mensa-
gem de Deus é clara: “Se a criação não se destruiu quando
Eu descansei, não se destruirá quando você o fizer”. Não é
nossa ocupação cuidar do mundo. Deus é o responsável por
isso. Então, deixemos sob o Seu controle aquilo que está
fora do nosso alcance. Troquemos o nosso fardo pesado
pelo jugo suave de Cristo.
Toda a natureza precisa de descanso, sabia? “Até os bur-
ros de carga devem se virar para a grama ocasionalmente;
o próprio mar faz uma pausa no fluxo e refluxo; a terra
guarda o sábado nos meses de inverno; e o homem, mesmo

Série Código de Honra


39
quando elevado a embaixador de Deus, deve descansar ou
desfalecer... Na longa caminhada, devemos nos empenhar
para de vez em quando fazer menos. O arco não pode estar
sempre tenso sem temer quebrar. Para um campo produzir
frutos, ele deve ocasionalmente descansar sem cultivo. E
para que você seja saudável, deve descansar. Diminua o rit-
mo, e Deus cuidará de você. Ele conduzirá você por verdes
pastos.” (Max Lucado, Aliviando a bagagem, pág. 37).
Se um animal de carga precisa de descanso, por que eu,
que sou obra-prima da criação de Deus, não irei descansar
no dia determinado por Deus?
Uma coisa muito importante, porém, deve ser dita. Des-
canso não é sinônimo de ociosidade. Deixar de trabalhar
não significa “fazer nada”. O que Jesus fazia no sábado?
Pelo menos três coisas muito importantes:
• Curava (Marcos 3:1-6)
• Ia à igreja (Lucas 4:16)
• Ensinava (Marcos 1:21)
Ele mesmo disse: “É lícito, nos sábados, fazer o bem.”
Mateus 12:12. Quer atividade mais prazerosa e recompensa-
dora que essa no sábado? Isso significa que devemos fazer
o bem para o próximo, e não para nós mesmos. Isaías diz
que não devemos fazer a nossa própria vontade no santo
dia do Senhor. (Isaías 58:13).
Portanto, o sábado é um dia para descansarmos de nossas
atividades seculares (trabalhar, jogar futebol, assistir televi-
são, fazer compras no supermercado, etc.) e fazermos o bem
ao nosso próximo. A própria palavra “sábado” (hebraico shab-
bat) quer dizer “descanso”. Hermam Wouk escreveu: “O sába-
do representa os braços de uma mãe que se estendem para
receber um filho cansado”. (Os dez mandamentos, pág. 37).
Não seria interessante se você, juntamente com outros
jovens, planejasse fazer o bem ao próximo no dia de sába-
do? Muitas pessoas precisam desse descanso que você e eu
temos experimentado.

Série Código de Honra


40
A necessidade de comunhão
Além de apresentar o sábado como sendo o dia especial
de descanso, Deus o apresentou como sendo um dia aben-
çoado e santificado. Houvesse Deus apenas descansado no
sétimo dia, dúvidas ainda poderiam haver quanto à vali-
dade desse descanso para as criaturas. Alguns poderiam
dizer: “Mas eu posso descansar em outro dia qualquer!”.
Mas o fato de Ele também haver abençoado (transformado
em um canal de bênçãos) e santificado esse dia (separado
para uso sagrado), confirma a instituição edênica do sába-
do para toda a humanidade.
Imagine que chegou o dia do seu casamento. Tudo está
preparado para esse momento tão especial em sua vida. A
igreja está ornamentada, os padrinhos e músicos estão a
postos, o pastor está preparado e você já está na frente da
igreja. De repente, a marcha nupcial toca e o seu coração
dispara. A sua tão sonhada noiva adentra na igreja. Você
está tão emocionado que não consegue conter as lágrimas.
Mas ao recobrar o pensamento, percebe algumas coisas di-
ferentes. Por trás do véu, vê que a sua noiva não é a sua noi-
va! O nariz é diferente, o olhar, o sorriso... Afinal, quem está
ali é a irmã gêmea da noiva! E aí, você casa ou não casa?
Ela não é uma mulher? Tem até o sobrenome da noiva! Tem
os traços da noiva! E aí, você casa? É claro que não! Não é
a ela que você ama. Não foi com ela que você passou lindos
cinco anos de namoro e noivado. Não é ela que possui aque-
le charme e jeitinho que tocaram o seu coração.
Deus colocou três ingredientes especiais no sétimo dia.
Ele descansou, abençoou e santificou o sábado. Se quiser-
mos a bênção de Deus num outro dia de 24 horas, não acha-
remos, pois não foi o dia que Deus preparou com o Seu jeito
todo especial. Ou é o dia do Senhor ou não é. Não existe
segunda opção.
O sábado é um dia de comunhão com Deus. O Dr. Hans
LaRondelle escreveu: “O sábado foi criado, desde o princí-

Série Código de Honra


41
pio, para prover um espaço para a comunhão santificadora
entre Deus e o homem.” (Christ Our Salvation, p. 70)
Outro autor disse que o sábado é o santuário de Deus
no tempo, no qual todos podem entrar. Esse santuário é
tão antigo quanto a própria humanidade e embora ele faça
parte do tempo, não se desgasta pelo tempo. Ele é suficien-
temente abarcante para acolher todos os filhos de Deus es-
palhados ao redor do mundo. Abraham J. Heschel definiu-o
como “um palácio no tempo” que, mesmo não sendo visto
com os olhos físicos, esse santuário está em toda parte, po-
dendo ser adentrado a cada sétimo dia da semana. (fonte:
http://www.usb.org.br/canais/index.php)
Deus nos concede a cada sábado a oportunidade de en-
trarmos em Sua presença. Que manifestação da graça de
Deus! Um dia completo de comunhão! A Bíblia menciona
o sábado como um sinal de aliança entre Deus e Seu povo
(Ezequiel 20:12 e 20). Não estamos sozinhos nesse universo.
Pertencemos ao Criador. O sábado, portanto, nos relembra
que somos criaturas de Deus e somos importantes para Ele.
Essa é a aliança que o sábado nos proporciona com Deus.
Aos que observam o quarto mandamento, existe uma
promessa eterna. Uma honra permanente. Isaías 58:13 e 14
diz: “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua von-
tade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e
o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não
seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua
própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, en-
tão te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as
alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai
Jacó; porque a boca do SENHOR o disse.”

Série Código de Honra


42
6
~ de
Uma questao
identidade
Êx. 20:8-11.
Introdução
Supermodernidade, pós-modernidade... Sejam quais fo-
rem os nomes dados aos dias de hoje, inegavelmente vive-
mos numa época em que a flexibilidade, as incertezas e a
exigência de crescimento povoam tremendamente a nossa
vida. Isso tem gerado um desenraizamento sem preceden-
tes, tornando-nos sujeitos alienados, sem rumo e sem iden-
tidade. Dá vontade, às vezes, de sair correndo pela vida,
buscando algo que nem sabemos ao certo o que é.
Você já assistiu ao filme “Forest Gump”? Lembra-se que
Gump sai correndo na parte final do filme, tentando satisfa-
zer o vazio que sentia em seu coração? Isso ilustra o desejo
de muitas pessoas, na tentativa de se esquivarem de seus
problemas existenciais.
Você, com certeza, já deve ter percebido vários andari-
lhos percorrendo as estradas, errantes, buscando encontrar
o desconhecido. A psiquiatria chama essa doença de mania
deambulatória, ou dromomania. Tudo o que essas pessoas
de cabelos desgrenhados e roupas sujas levam consigo são
o que chamam de “gogó de ema”, um saco que carregam
nas costas contendo uma muda de roupa, um plástico para
se protegerem da chuva ou forrar o chão para dormir, a
“cascuda” (vasilha para colocar comida), a “pá” (colher para
comer), garrafa de água ou cachaça. Isso é tudo.
Esses “dromomanes” são aqueles indivíduos que rompe-
ram com todos os seus relacionamentos (família, amigos,
trabalho) e assumem o nomadismo como forma de vida.
Tudo é transitório na vida de um nômade: os objetos que
usa, os lugares por onde passa e as pessoas com que man-

Série Código de Honra


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têm algum tipo de contato. Muitos se desfazem até dos
documentos pessoais, considerados inúteis. Não é raro en-
contrá-los tendo delírios e visões.
Messias é um rapaz de 36 anos que já está no “trecho”
(nome dado ao caminho percorrido pelo andarilho) há 19
anos. Quando foi entrevistado, estava andando rumo à ci-
dade de Presidente Prudente, SP. Ele contou que teve uma
infância muito tumultuada, após o sumiço do pai. Tornou-se
hippie e usuário de álcool e maconha. Segundo ele, tornou-
se andarilho para encontrar o pai desaparecido:
“Um dia eu falei com Deus, dentro de meu ser, né, e falei:
“olha Deus, eu vou andar pelo mundo, pelas estradas, por esses
asfaltos, por essas linhas de trem com o propósito... eu tinha
perdido era meu pai em 1979, até um dia eu encontrar ele por-
que ele saiu de casa, foi para uma penitenciária... Eu saí pelo
mundo, um andarilho me tornei aí, na finalidade de encontrar
meu pai... E pagar os meus pecados daquela vida do passado.”
(extraído da tese “Errância e delírio em andarilhos de estrada”
José Justo e Eurípedes do Nascimento, 2005. www.scielo.br)
Esses andarilhos sofrem de forma mais intensa o que a
maioria das pessoas no mundo enfrenta: crise de identida-
de. “A quem pertencemos? Somos amados de verdade? Qual
é o sentido de nossa existência?” São muitas as perguntas.
O quarto mandamento do código de honra responde à
essas questões. Ele mostra de onde viemos, qual é a nossa
importância e propósito, além de revelar o verdadeiro signi-
ficado da vida humana. Vamos ver?

1) O quarto mandamento mostra que fomos criados


por Deus.
Você não é fruto do acaso, muito menos de uma explo-
são cósmica ou “seleção natural das espécies”, como dizia
Charles Darwin. Você é criatura de Deus. A Bíblia diz que,
de todas as coisas criadas, o ser humano é a mais especial,
singular, pois foi feito “à imagem e semelhança de Deus”.

Série Código de Honra


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Gênesis 1:26 e 27. Que privilégio! Parecemos com nosso Pai!
A cada pulsação em nosso peito, respiração ou emoção sen-
tida, devemos lembrar que somos filhos de Deus.
Em nenhum outro mandamento temos a nossa “cédula
de identidade”, a não ser no quarto: “Porque em seis dias fez
o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há”. E o
quarto mandamento é o maior do Decálogo, composto por
98 palavras, demonstrando assim a preocupação de Deus
em manter um contato íntimo com Seus filhos.

2) O quarto mandamento mostra que somos a priori-


dade de Deus
Eu fico imaginando como deve ter sido maravilhoso o
dia da criação de Adão e Eva. Ao abrirem os olhos pela
primeira vez, viram o rosto do próprio Criador Jesus! Ima-
gine quantas coisas Adão e Eva tinham para perguntar ao
Criador. Quanto tempo será que Deus dedicava aos dois?
Diariamente, na viração do dia, ou seja, no pôr do sol, o
Criador se encontrava com Seus filhos (Gênesis 3:8).
Só que Deus queria mais! E, por isso, planejou passar um
tempo especial com o ser humano (Gênesis 2:2; Êxodo 31:13;
Ezequiel 20:12, 20). Um dia inteiro de comunhão e relacio-
namento! Seu desejo era gastar tempo com o primeiro casal
porque o tempo é a essência da vida. Na verdade, o tempo
é a própria vida.
Quer dizer ao seu filho de cinco anos que você o ama?
Então dedique tempo a ele. Ao invés de apenas dizer: “Eu
te amo!”, prove que o ama jogando bola e brincando de
carrinho com ele. Quer dizer a sua esposa que você a ama?
Dedique tempo a ela, só vocês dois. Não dá para entender
uma declaração de amor de alguém que passa tanto tempo
fora de casa a ponto de se tornar um hóspede.
Deus escolheu dedicar a coisa mais importante do mun-
do a nós, Seus filhos: Seu tempo. Para Deus, o sábado não
é um dia como os outros, mas um tempo especial para

Série Código de Honra


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passar com Seus filhos. Não existe remédio melhor para
autoestima do que este! Quando você se sentir “pra baixo”,
sem motivação ou sentido na vida, lembre-se que Deus se
importa com você. O sábado é o ponto de encontro semanal
que revitaliza as nossas emoções e nossa espiritualidade.

3) O quarto mandamento nos ensina a construir os


relacionamentos
“O sábado não é o dia do não? Não faça isso, não faça
aquilo... O que eu posso fazer então no dia de sábado?”
Essas perguntas permeiam a mente de muitas pessoas e
talvez sejam as suas também. Lembra-se de que, quando
Deus diz um não, por detrás existem muitos “sins”? Deus
separou o sábado pensando em nós! “O sábado foi feito por
causa do homem”. Marcos 2:27. O sábado, portanto, não é
para ser um dia de inatividade e muito menos um fardo,
mas deve ser um dia de amor e serviço.
a) O sábado é um dia de convívio com a família. No dia
de preparação, a sexta-feira, deve haver todos os preparativos
necessários para que na hora do pôr do sol, a família esteja
reunida para juntos celebrarem a entrada do sábado. (Levíti-
co 23:32). Esse deve ser um momento feliz e participativo.
“Na sexta-feira deverá ficar terminada a preparação para
o sábado. Tende o cuidado de pôr toda a roupa em ordem e
deixar cozido o que houver para cozer... Antes do pôr do sol,
ponde de parte todo o trabalho secular, e fazei desaparecer
os jornais profanos. Explicai aos filhos esse vosso procedi-
mento e induzi-os a ajudarem na preparação, a fim de obser-
var o sábado segundo o mandamento... Antes do pôr do sol,
todos os membros da família devem reunir-se para estudar
a Palavra de Deus, cantar e orar... Temos que confessar as
faltas a Deus e uns aos outros. Devemos tomar disposições
especiais para que cada membro da família possa estar pre-
parado para honrar o dia que Deus abençoou e santificou.”
Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 22 e 23.

Série Código de Honra


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Seria interessante também se as famílias pudessem des-
frutar alguns momentos do sábado em contato com a natu-
reza. Às crianças deve ser ensinado que Deus é o Criador
de todas as coisas e deixou o sábado como um memorial
dessa criação.
“O sábado chama para a Natureza nossos pensamentos,
e põe-nos em comunhão com o Criador. No canto do pássa-
ro, no sussurro das árvores e na música do mar, podemos
ouvir ainda Sua voz, a voz que falava com Adão no Éden,
pela viração do dia. E ao Lhe contemplarmos o poder na
Natureza, encontramos conforto, pois a palavra que criou
todas as coisas, é a mesma que comunica vida à alma.” O
Desejado de Todas as Nações, pág. 281.
b) O sábado é um dia de convívio com o próximo – Je-
sus ensinou que o verdadeiro significado do sábado é fazer
o bem ao nosso semelhante. É um dia de serviço aos outros.
“É lícito fazer o bem aos sábados”. (Lucas 6:9)
“E o homem também tem nesse dia uma obra a realizar.
Devem-se atender às necessidades da vida, cuidar dos do-
entes, suprir as faltas dos necessitados. Não será tido por
inocente o que negligenciar aliviar o sofrimento no sábado.
O Santo dia de repouso de Deus foi feito para o homem, e os
atos de misericórdia se acham em perfeita harmonia com seu
desígnio. Deus não deseja que Suas criaturas sofram uma
hora de dor que possa ser aliviada no sábado, ou noutro dia
qualquer.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 207.
4) O quarto mandamento mostra que somos salvos
por Deus
Além de ser o memorial da criação, o sábado é o me-
morial da redenção. Nesse dia, comemoramos a salvação
e libertação da escravidão do pecado, efetuados por Cristo
na cruz do Calvário. Veja que texto bonito, escrito na re-
petição dos dez mandamentos: “Porque te lembrarás que
foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te
tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o

Série Código de Honra


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SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sá-
bado.” Deuteronômio 5:15. Que privilégio sabermos que não
fomos apenas criados por Deus, mas salvos por Ele!
Jesus, o nosso maior exemplo, honrou o sábado durante
Sua vida e morte. A Bíblia diz que Ele morreu numa sexta-fei-
ra, descansou no sábado e ressuscitou na manhã de domingo.
E no Céu, iremos comemorar, de um sábado a outro sábado
(Isaías 66:23), a redenção obtida através de Jesus Cristo!
A todos quantos recebem o sábado como sinal do poder
criador e redentor de Cristo, ele será um deleite. Vendo nele
Cristo, nele se deleitam. O sábado lhes aponta as obras da
criação, como testemunho de Seu grande poder em redimir.
Ao passo que evoca a perdida paz edênica, fala da paz res-
taurada por meio do Salvador. E tudo na Natureza Lhe re-
pete o convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados
e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. S. Mat. 11:28. Meditações
Matinais Maranata! Pág. 242.
Como está a sua postura em relação ao sábado? Você
tem encontrado prazer no dia do Senhor? Desafio a você a
buscar um novo sentido na observância do quarto manda-
mento. Por que você não melhora o seu relacionamento com
a família nesse dia? Por que não sai para levar paz e espe-
rança para os outros no sábado? E a comunhão com Deus?
Seria interessante se você mantivesse intimidade com Deus
todos os dias, mas especialmente, no sábado. Esse é o dia
de encontro com o Senhor. Faça isso, e com certeza, você
receberá a promessa bíblica: “Porque aos que me honram,
honrarei.” I Samuel 2:30.

Série Código de Honra


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7
A fonte da
longevidade
“Honra teu pai e tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o
SENHOR, teu Deus, te dá”. Ex. 20:12

Introdução
O que um filho pode fazer para recompensar o amor de
seu pai?
Há um tempo, um terrível terremoto devastou a Armênia.
Em menos de 4 minutos, mais de 30 mil pessoas morreram.
Após a tragédia, as pessoas começaram a chorar por seus
mortos. No meio da destruição, um homem passou a andar
em busca do que poderia ter sobrado de uma escola. Ele se
lembrava claramente da promessa que havia feito a seu fi-
lho: “Não importa o que acontecer, vou estar sempre ao seu
lado para ajudá-lo”. Agora, o filho tinha sido soterrado pela
fúria do terremoto. O que ele poderia fazer? Se você tem
filhos, sabe o que um drama assim representa. O homem
sabia que a sala onde seu filho estudava ficava na parte de
trás do prédio escolar, à direita. Localizou o lugar e come-
çou a cavar. As pessoas diziam para ele ir para casa, pois
não adiantava. Até os bombeiros tentaram pará-lo. Mas ele
dizia: “Em vez de reclamarem, por que não me ajudam?”
Em sua luta desesperada, o homem foi tirando entulho e
mais entulho. Cavou durante 8 horas. Nada. Chegou a 12 ho-
ras. Ainda nada. Passaram-se então 24 horas, 36 horas, e ele
continuava cavando. Fazia agora 38 horas. Ao tirar uma pe-
dra, ele ouviu uma voz. Chamou: “Armand!” A voz respondeu:
“Pai! Sou eu, pai!” Ao abraçar o filho, no meio da destruição,
teve o prazer de ouvir: “Eu disse para os meus amigos que
você viria, pois você me prometeu nunca me abandonar”. Ou-

Série Código de Honra


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tros 13 colegas, com o rosto cheio de pó, os olhos brilhando
no meio das lágrimas, também estavam vivos. O amor do pai
salvou o filho e os filhos de outros pais.
Como são poderosos os laços que unem pais e filhos,
não? Muitos pais e mães dariam a vida para salvar os seus
filhos. Outros, talvez, pensariam duas vezes ao fazer isso.
Mas, independente dos pais que tivemos e da forma como
fomos criados, todos nós temos uma dívida para com eles.
A questão é: Qual deve ser a atitude dos filhos para com
os pais? O quinto mandamento define essa atitude como
“honra”. Êxodo 20:12 diz: “Honra teu pai e tua mãe, para
que se prolonguem os teus dias na Terra que o Senhor, teu
Deus, te dá”.

Honra aos pais


O que é honra? Segundo o dicionário Aurélio é “Confe-
rir honra; dar crédito ou merecimento a alguém; distinguir
com honrarias; dignificar, enobrecer, estimar, respeitar”.
Quantos adjetivos! Honrar é colocar o outro em lugar de
honra, ou seja, vai muito além de obedecer.
• “Mas e seu meu pai era cruel comigo?” - Você pode
perguntar. Deus então diz: “Honre”.
• “E se minha mãe separou-se do meu pai devido a uma
traição?” - Novamente Deus diz: “Honre”.
• “E se meu pai nunca me deu aquilo que eu queria?” -
“Honre!”
O quinto mandamento não diz: “Honre apenas os pais
fantásticos”. A verdade é que não existem pais perfeitos.
Além disso, ninguém pode escolher os pais que gostariam
de ter. Portanto, independentemente de quem eles sejam, o
mandamento nos ordena obedecê-los, respeitá-los e amá-los.
Isso podemos escolher! O apóstolo Paulo escreveu: “Filhos,
obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo” Efésios
6:1. Ele acrescenta: “Pois fazê-lo é grato diante do Senhor”.
Colossenses 3:20. Note que Paulo diz: “Obedecei a vossos

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pais no Senhor”. Devemos obedecer aos pais desde que isso
não esteja interferindo a nossa obediência a Deus, que vem
em primeiro lugar, pois “Mais importa obedecer a Deus do
que aos homens”. Atos 5:29
Agora, por que é importante obedecermos aos pais? Veja
esse texto:
“Os pais tem direito ao amor e respeito em certo grau
que a nenhuma pessoa é devido. O próprio Deus... ordenou
que durante os primeiros anos da vida estejam os pais em
lugar de Deus em relação a seus filhos. E aquele que rejei-
ta a lícita autoridade de seus pais, rejeita a autoridade de
Deus”. Patriarcas e Profetas, pág. 333.
O texto diz que os pais são, durante os primeiros anos de
vida da criança, representantes de Deus. São eles quem irão
ensinar aos filhos o caminho que devem seguir. Alguém
disse certa vez: “Os filhos devem ver Deus revelado nos
pais, para que depois vejam Deus como Pai”. Esse conselho
foi grandemente defendido por Salomão em seus escritos.
Os primeiros nove capítulos do livro de Provérbios são ver-
dadeiros conselhos de pai para filho: “Filho meu, ouve o en-
sino do teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque
serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o
teu pescoço”. Provérbios 1:8-9//22:6.
Isso nos leva a uma outra conclusão: a maneira como nos
sentimos em relação aos nossos pais (nossa atitude e pensa-
mentos em relação a eles) moldará profundamente a forma
como nos relacionamos com todas as autoridades, inclusive
com a autoridade maior que é Deus. O quinto mandamento,
então, é um sólido alicerce para o bom êxito na escola, no
trabalho, no casamento e na igreja.

A prática da honra
Como podemos honrar nossos pais na prática?
O Talmude diz que, por mais que uma pessoa honre seus
pais, nunca é suficiente. Sempre há mais que podemos di-

Série Código de Honra


51
zer e fazer por eles. De tempos em tempos, diga a seu pai
e sua mãe que você é grato por tudo que eles fizeram por
você. Algumas pessoas que não estão acostumadas a ex-
pressar gratidão talvez se sintam pouco à vontade ao fazer
isso. “Eles sabem que sou grato” – dizem, numa maneira de
evitar aquilo que não gostam de fazer. Mas, quanto mais
difícil a ação, mais notável será. Creio que a melhor maneira
para honrar nossos pais não seja com as palavras, mas com
os atos de obediência.
Conheci a história de um homem de oitenta anos que sem-
pre elogiava o pai, dizendo que pessoa maravilhosa ele era.
- “Há quanto tempo ele faleceu?” perguntaram ao idoso.
- “Quase quarenta anos”, respondeu ele.
- “Mas você fala sobre seu pai como se ele tivesse morri-
do há pouco tempo!”
- “Isso é porque ele está sempre na minha mente. Sou
imensamente grato por tudo que meu pai fez por mim. Ja-
mais poderei agradecer-lhe o suficiente.”
Que exemplo para nós! Jamais o nosso agradecimento
será suficiente. Mas seria bom fazermos isso enquanto te-
mos a presença de nossos pais. Muitos filhos dão flores a
suas mães somente após a ausência delas. Parece trágico,
mas é a verdade. Ellen White diz aos jovens:
“Os filhos que forem cristãos hão de preferir o amor e
aprovação dos pais tementes a Deus a qualquer benefício...
Uma das principais preocupações de sua vida será a manei-
ra de os tornar felizes”. Mensagens aos Jovens, pág. 335.
Jesus honrou os seus pais e os tornou felizes enquanto
esteve aqui na Terra. Lucas 2:51 diz: “E desceu com eles
para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guarda-
va todas estas coisas no coração.” Desde a meninice, Jesus
era obediente à sua mãe nos serviços domésticos e ao seu
pai na carpintaria.
“Jesus é o nosso exemplo. Muitos há que se detém com
interesse sobre o período de Seu ministério público, enquan-

Série Código de Honra


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to passam por alto os ensinos de Seus primeiros anos. É,
porém, na vida doméstica que Ele é o modelo de todas as
crianças e jovens.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 51.
Honrar pai e mãe não possui prazo de validade. Mesmo
quando nossos pais estiverem na velhice, devemos honrá-
los. “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua
mãe quando vier a envelhecer” Provérbios 23:22. Isso en-
volve o cuidado e apoio financeiro, quando necessário. (1
Timóteo 5:3-4, 8). Alguns filhos desprezam os pais e os jul-
gam como pesados fardos para serem levados. Novamente,
Jesus é o nosso exemplo nesse aspecto. Quando esteve na
cruz, Ele preocupou-se com a Sua mãe. Ele disse a João:
“Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu
em sua casa.” João 19:27.

A promessa da honra
O quinto mandamento possui uma promessa a todos que
o observarem. É a fonte da juventude, ou melhor, a fonte da
longevidade! Paulo comentou: “Honra a teu pai e a tua mãe,
que é o primeiro mandamento com promessa; Para que te
vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” Efésios 6:2 e 3.
Você não precisa tomar remédios caros para obter vida lon-
ga. Só precisa obedecer ao mandamento de Deus de amar
seus pais e torná-los felizes.
Conheci a história comovente de um homem que obser-
vou o quinto mandamento e obteve a recompensa. Aus-
tríaco, médico psiquiatra, Viktor Frankl dirigiu por algum
tempo o setor de Neurologia do Hospital Rothschild, na
Áustria. No início da década de 40, a fim de não enfrentar
os horrores da segunda guerra mundial, decidiu ir para os
Estados Unidos e continuar os seus estudos. Ao ir para
a embaixada, pensou: “Como fugirei da guerra e deixarei
meus pais para trás? Certamente eles irão para os campos
de concentração.” Ele mesmo conta que, quando chegou
em casa naquele dia, encontrou o pai, em lágrimas: “Os

Série Código de Honra


53
nazistas atearam fogo na sinagoga”, disse-lhe, mostrando
um pedaço de mármore que ele conseguira salvar. Na peça
estava gravada, em dourado, uma única letra hebraica, jus-
tamente a letra inicial do quinto mandamento - “Honra teu
pai e tua mãe”. Diante disso, Frankl telefonou para a Em-
baixada Americana e cancelou o visto. “Na realidade”, ele
diz em sua autobiografia, “somente escutei o eco da voz de
minha consciência”.
Como resultado de sua permanência, Frankl foi levado
juntamente com a sua família para os campos de concen-
tração nazistas. Ele ficou três anos em Auschwitz, a que
ele chamou de “experiência da cruz”. Infelizmente, todos os
seus familiares, inclusive a sua esposa grávida, morreram
nos campos de concentração.
Ao terminar a guerra, Frankl descreveu a sua terrível
experiência e a de outros prisioneiros submetidos a atroci-
dades indescritíveis, sob a ótica de um psicólogo. Publicado
pela primeira vez em Viena, em 1946, o livro de pouco mais
de cem páginas, e escrito em nove dias, trazia uma mensa-
gem estimulante já a partir do título: “Diga sim à vida, de
qualquer maneira”.
Em 2007, a obra já havia atingido a cifra de 12 milhões
de exemplares vendidos, traduzido para 27 idiomas. Além
disso, Viktor Frankl criou um método de psicoterapia, con-
cluiu o doutorado em filosofia, escreveu 32 livros, deu pales-
tras no mundo inteiro e recebeu o título de Doutor Honoris
Causa em 29 universidades de todo o mundo, entre elas, as
federais de Brasília e do Rio Grande do Sul. Tudo isso por-
que decidiu honrar o quinto mandamento. Frankl faleceu
em 1997, aos 92 anos.
Vale a pena observar o quinto mandamento. Procure hon-
rar seus pais através de sua obediência e seu amor. Faça
isso de forma prática, hoje mesmo!

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8 O valor da vida
“Não matarás.” Êx. 20:13

Introdução
Notícia do dia: “A cada minuto, 97 pessoas morrem em
nosso planeta. São cerca de 140.000 mortes por dia, um mi-
lhão por semana”. Já percebeu que todo noticiário, revistas
e filmes falam do assunto da morte? Essa é uma verdadeira
estratégia de marketing para atrair a nossa atenção. Sabe
por quê? Porque a morte é um tema que produz indignação,
medo e curiosidade em todos nós.
A morte faz parte de nossa vida. A Bíblia diz que ela é
resultado do pecado (Rom. 6:23). Não importa a maneira
como foi provocada: assassinato, aborto, doença ou velhice.
Todos nós iremos passar por ela, pois somos pecadores.
Agora, existe um tipo de morte que desperta indignação:
homicídio. Quem não se indignou ao ver Suzanne Richtho-
fen planejando e executando, juntamente com os irmãos
Cravinhos, o assassinato dos próprios pais? E o que falar
do caso da menina Isabela Nardoni, que foi brutalmente
jogada da janela do seu apartamento? O próprio código pe-
nal brasileiro apresenta, do artigo 121 ao 128, os crimes e
punições aos responsáveis por homicídios.
E a lei de Deus, o que ela tem a nos dizer sobre o assas-
sinato? No sexto mandamento, Deus resume enfaticamente,
com duas palavras, o valor e o sentido da vida: “Não mata-
rás”. Êxodo 20:13. Esse é o mandamento que honra a vida
que Deus nos dá. Ninguém tem o direito de tirá-la.

O que é a vida?
Alguns cientistas americanos e japoneses calcularam a

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55
composição química e mineral do corpo humano e chega-
ram a uma conclusão desanimadora: nosso corpo e pele
não valem mais do que quatro dólares, ou seja, sete ou oito
reais! Isso reunindo os seguintes elementos: 65% oxigênio,
18% carbono, 10% hidrogênio, 3% nitrogênio, 1,5% cálcio, 1%
fósforo e outros mais.
Mas nós sabemos que somos muito mais do que uma
massa de carne formada por fosfato, cálcio e outros minerais.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. (Gên. 1:26 e
27). Ele é quem nos concede o dom de viver: “Pois Ele mesmo
é quem a todos dá a vida, respiração e tudo mais”. Atos 17:25.
Além disso, você tem um propósito fantástico, que é viver
para glorificar a Deus, servir às pessoas e ser feliz!
Quer saber o valor da vida humana? Olhe esse texto: “Sa-
bendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata
e ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento
que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue,
como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo”. I Pedro 1:18 e 19.
Você tem um valor infinito diante de Deus, pois custou o
preço do Seu Filho Jesus. Ele deu a Sua vida por todo o ser
humano que já passou por essa Terra. Então, quando uma
pessoa tira a vida de alguém, está destruindo o que Deus
tem de mais precioso nesse mundo.

As faces do homicídio
1) Aborto
Certo dia, um professor na Faculdade de Medicina da
Universidade da Califórnia propôs uma questão aos seus
alunos: “Aqui é a história da família. O pai tem sífilis. A
mãe tem tuberculose. Eles já tiveram quatro filhos. O pri-
meiro filho é cego. O segundo filho morreu. O terceiro filho
é surdo e o quarto filho tem tuberculose. A mãe está grá-
vida. Os pais estão dispostos a ter um aborto se for reco-
mendado. O que é que vocês recomendam para essa família

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56
sem perspectiva de futuro?” A maioria dos alunos optou
pelo aborto. “Parabéns,” anunciou o professor. “Você acabou
de matar Beethoven”.
Nada é tão final quanto a morte, mesmo quando ela ocor-
re cedo na vida. Ninguém tem o direito de tirar a vida de
seu semelhante, não importa a idade. Esse é um assunto
sério, um tanto complicado, que merece a nossa atenção.

2) Suicídio
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cer-
ca de 3 mil pessoas cometem suicídio no mundo por dia.
Estima-se que para cada pessoa que consegue se suicidar,
20 ou mais tentam sem sucesso e a maioria poderia ser pre-
vista e evitada. (fonte: www.abcdasaude.com.br)
Psicólogos e psiquiatras apresentam os motivos para o
suicídio: Pessoas que estão numa situação de extrema an-
gústia ou apresentam um estado psicótico; depressão; uma
doença incurável, sentimentos de perseguição, etc. Segun-
do os especialistas, essas pessoas acreditam que o suicídio
é a sua única saída para a resolução de seus problemas.
Agostinho escreveu que o cristão não pode cometer sui-
cídio, pois estará quebrando o mandamento “Não matarás”,
o qual proíbe matar a nós mesmos. Além disso, Agostinho
disse que a pessoa estaria matando a fé e a verdadeira
vida. Isso é verdade. Não temos o direito de tirar a própria
vida, pois somos feituras de Deus e templos do Espírito San-
to (I Cor. 3:16 e 17).
Mas existem outras formas de suicídio. Algumas pesso-
as morrem aos poucos, desperdiçando a vida com coisas
prejudiciais. Você não acha que uma pessoa que fuma, usa
bebidas alcoólicas e drogas não comete uma forma de suicí-
dio? E a glutonaria, não é uma forma de pré-suicídio? Algu-
mas pessoas estão matando a vida em “suaves” prestações,
destruindo o templo do Espírito Santo! Devemos cuidar do
nosso corpo e mente, além de zelarmos pelo uso do nosso

Série Código de Honra


57
tempo. Isso é importante, pois cada momento deve ser vi-
vido de forma sábia, sem desperdícios, assim como disse o
filósofo Victor Hugo: “A vida já é curta, mas nós tornamo-la
ainda mais curta, desperdiçando tempo”.

3) Homicídio doloso
Em Gênesis 4, vemos o primeiro homicídio ocorrido em
nosso planeta. Caim alimentou espírito de ódio e inveja con-
tra seu irmão Abel e tirou-lhe a vida. A partir de então,
a humanidade tem registrado constantemente histórias de
pessoas que quebraram o sexto mandamento, inspirados
por aquele que é “homicida desde o princípio” João 8:44.
“O homicídio existe primeiro na mente. Aquele que dá
ao ódio um lugar no coração, está pondo o pé no caminho
do assassínio... Os que, a qualquer suposta provocação, se
sentem em liberdade de condescender com a zanga ou res-
sentimento, estão abrindo o coração a Satanás”. O Desejado
de Todas as Nações, pág. 227.

4) Palavras negativas
Jesus mencionou o sexto mandamento no Sermão do Mon-
te, em Mateus 5-7. Ali, o Mestre apresentou a essência da Lei
e ampliou os dez mandamentos, em contrapartida ao ensina-
mento apresentado pelos fariseus. Ele disse: “Ouviste o que
foi dito aos antigos: ‘Não matarás’... Eu, porém, vos digo que
todo aquele que sem motivo, irar-se contra seu irmão estará
sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo
estará sujeito ao inferno de fogo”. Mateus 5:21 e 22.
Podemos “matar” as pessoas com os nossos sentimentos
e palavras, sabia? Foi isso que Jesus disse nesses versos.
Tiago mencionou que a nossa língua é como uma “fagu-
lha que põe em brasas tão grande selva... é mal incontido,
carregado de veneno mortífero”. Tiago 3:5 e 8. É um órgão
tão pequeno que pode destruir o corpo inteiro. Quando di-
zemos a uma criança, por exemplo, que ela é burra ou tola,

Série Código de Honra


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estamos destruindo uma vida e segundo disse Jesus, es-
taremos sujeitos ao inferno de fogo. Devemos cuidar das
palavras que dizemos aos nossos filhos, cônjuge e pessoas
em geral. As palavras têm um poder grandioso de fazer o
bem ou o mal na vida dos outros. “A morte e a vida estão
no poder da língua”. Provérbios 18:21
“Deus nos considerará responsáveis mesmo por uma palavra
proferida em desprezo a respeito de uma alma por quem Cristo
depôs a vida”. O Maior Discurso de Cristo, pág. 54 e 55.
Certo pastor foi convidado a fazer o funeral de uma pes-
soa que havia se suicidado. Ele não sabia que aquele seria
um dos dias mais impactantes de seu ministério. Ao che-
gar ao local do velório, encontrou muitos amigos e familia-
res, porém não achou a esposa do falecido. Todos estavam
muito comovidos com a morte do rapaz. De repente, após
alguns minutos de sua fala, todos avistaram a esposa do
homem vindo em direção ao caixão, aos prantos, pedindo
para ver o rosto do esposo. “Perdão” gritava ela, “Perdoe-me
pelo que fiz” repetia constantemente. Antes de chegar ao
caixão, a mãe do falecido segurou aquela mulher e disse:
“Você não merece ver o rosto do meu filho. Foi você quem o
matou”. E aquela esposa foi embora sem ver o rosto do ma-
rido. Ela, com suas palavras negativas, levou aquele homem
a tirar a própria vida.
Existe remédio para esse veneno mortífero? Como pode-
mos evitar que a nossa língua provoque um incêndio em
nossos relacionamentos? A solução chama-se PERDÃO. O
perdão desarma nosso inimigo. Ele é um balde de água
fria sobre a ira. Ele afasta a nuvem negra do rancor e traz a
luz do amor de Deus. Quer observar o sexto mandamento?
Ame e perdoe seus inimigos. Suporte as pessoas que lhe fa-
zem mal. Não se deixe vencer o mal, mas vença o mal com
o bem, é o conselho bíblico. Que Deus lhe dê forças para
honrar a sua vida e a dos outros também.

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Série Código de Honra
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9 A chave certa
“Não adulterarás.” Êx. 20:14

Introdução
Há alguns anos, o álbum de família era composto por
pai, mãe, filhos. Hoje, o quadro mudou: o que parece pai
é o padrasto. O filho não está na foto, pois foi morar com
o pai. A menina? Viu como está vestida de preto e cober-
ta de piercings? O rapaz ao lado é o namorado dela. Está
morando com a “família”. É... Eles não se casaram. A mãe
diz que eles estão “se conhecendo”. Nessa foto, todos estão
sorrindo. Mas no dia a dia, é um “pé de guerra”. Como essa
família ficou desse jeito? A tragédia começou por causa de
um adultério.
Infelizmente, esse é o retrato de muitas famílias hoje. O que
deveria ser um jardim para o crescimento de nossos filhos,
se transformou numa selva hostil e densa. Por quê? O casal
esqueceu de oferecer ao seu cônjuge o presente principal do
casamento: fidelidade. Além disso, as famílias têm aberto bre-
chas para Satanás entrar e fazer o que bem quiser.
Em latim, “adultério” quer dizer “alteração, adulteração,
colocar uma coisa em lugar de outra, crime de falsidade,
uso de chaves falsas, contrato falso”. É isso o que acontece
quando violamos o dom da sexualidade e do compromisso
conjugal dados por Deus. A pureza sexual pode ser compa-
rada a um vaso de cristal valiosíssimo, que, ao ser quebra-
do, dificilmente poderá ser recuperado. Você pode até colar
as peças, colocar flores, mas nunca mais será o mesmo.
O sétimo mandamento, então, protege a nossa família e
nos leva a usar a “chave certa”. É o antídoto contra a frustra-

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ção. Sobre o casamento, a Bíblia diz: “Digno de honra entre
todos seja o matrimônio”. Hebreus 13:4.

Digno de honra
Li uma história comovente de alguém que honrou os vo-
tos do casamento.
Em abril de 1912, após o Titanic bater em um iceberg,
cerca de duas mil e trezentas pessoas encararam a morte
face a face. Não havia botes salva-vidas suficientes para
todos. Apenas mil e cem pessoas poderiam abrigar-se em
meio às águas congelantes do Oceano Atlântico. Um oficial
dizia com insistência: “Apenas senhoras e crianças entrem
no bote. Depressa! Não temos um segundo sequer a per-
der”. Num impulso, o oficial agarrou o braço de uma pe-
quena anciã, Isidora Strauss, e empurrou-a em direção ao
bote. Ela olhou para o oficial e apontou para o marido. “Os
homens tem de ficar atrás. Somente mulheres e crianças!”
disse o oficial antes de Isidora pronunciar qualquer palavra.
Sem nenhuma hesitação, a senhora deu um passo para o
lado, saiu do bote e foi para o lado do esposo. Ela não dei-
xaria sozinho aquele com quem esteve casada tanto tempo.
Tomou-lhe a mão e vinte minutos depois, abraçados, desa-
pareceram nas águas geladas daquele oceano.
O casamento foi instituído por Deus no Éden, antes da
entrada do pecado. A Bíblia diz: “Então, o Senhor Deus fez
cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou
uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a cos-
tela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a
numa mulher e lha trouxe”. Gênesis 2:21 e 22. Imagine a ale-
gria de Adão ao ver Eva, que era “osso dos seus ossos e car-
ne de sua carne”! Foi nesse encontro maravilhoso que Deus
instituiu o casamento como união sagrada e perpétua.
Se você não é casado ainda, pelo menos já foi a um casa-
mento, não é? Que dia inesquecível! Apesar da agitação dos
parentes e ansiedade dos noivos, é um dia memorável. O

Série Código de Honra


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cheiro das flores, as luzes da igreja, a orquestra que aplau-
de, os convidados que abraçam... Tudo isso serve para levar
duas pessoas, um homem e uma mulher, a uma aliança.
Isso mesmo, aliança! Você não pode se esquecer delas, viu?
São para vida toda!
A Bíblia diz que o esposo faz uma aliança interna (no he-
braico = berit, que significa “ligar um ao outro; amarrar”) com
a sua esposa (Malaquias 2:14 e 15) e esta é ratificada pela
união sexual, onde os dois tornam-se uma só carne (Gêne-
sis 2:24). Você sabia que todas as alianças mencionadas na
Bíblia são efetivadas pelo derramamento de sangue? Desde
a morte do primeiro cordeiro na porta do Éden até a nova
aliança de Cristo na cruz, está presente o sangue. E no casa-
mento não é diferente. A aliança é feita na primeira relação
sexual do casal, onde ocorre o rompimento do hímen na mu-
lher, e por consequência, há o derramamento de sangue.
A Bíblia diz: “Ou não sabeis que o homem que se une
à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se
diz, serão os dois uma só carne”. I Coríntios 6:16. No sétimo
mandamento, Deus nos evita de formarmos “uma só car-
ne” num relacionamento extraconjugal, o que nos levaria a
“alianças fantasmas”. Um autor disse que o sexo é a “cola
da alma” e ao fazê-lo com pessoas diferentes, você estará
“tecendo uma teia que o enreda e que, de um jeito ou de
outro, voltará para assombrá-lo”. (Loron Wade, Os Dez Man-
damentos, pág. 65.)
Ao dizer “Não adulterarás”, Deus está protegendo você
do engano e da frustração alheia. Como disse Carlos Drum-
mond de Andrade: “No adultério há pelo menos três pesso-
as que se enganam”.

O Mito
Você já ouviu falar do “mito da grama mais verde”? É
aquele indivíduo que pensa que a grama do vizinho está
sempre mais verde e bela que a sua. Eu quero inventar outro

Série Código de Honra


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mito: o do poço mais limpo. É a pessoa que acha que o poço
do vizinho possui água mais pura. Esses mitos podem ser
comparados ao que acontece nos casamentos, pois muitas
pessoas pensam que o(a) outro(a) é mais atraente fisicamen-
te ou intelectualmente que seu próprio cônjuge. Mas a Bíblia
aconselha: “Bebe a água da tua própria cisterna e das cor-
rentes do teu poço. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te
com a mulher da tua mocidade... Pois cova profunda é a pros-
tituta, poço estreito, a alheia”. Provérbios 5:15 e 18; 23:27.
O problema é que vivemos numa sociedade onde as pes-
soas não se satisfazem mais com nada. Acham que a feli-
cidade reside num relacionamento fantasioso. Tais pessoas
defendem a prática do sexo seguro. Porém, essa “seguran-
ça” tem acarretado uma série de doenças e distúrbios psi-
cológicos:
• A cada ano, três milhões de adolescentes contraem
uma doença sexualmente transmitida nos EUA;
• A AIDS lidera a causa de morte entre pessoas de 25 a
44 anos de idade nos EUA;
• Segundo o relatório da Unaids (Programa Conjunto das
Nações Unidas sobre a AIDS), feito em 2009, crianças e
adolescentes com menos de 15 anos somam 2,1 milhões de
infectados pelo HIV no mundo;
• Casais que mantêm relações sexuais antes do casa-
mento têm o dobro de possibilidades de separação em com-
paração aos casais que se mantêm puros até o casamento;
• Pessoas que vivem juntas sem o compromisso do ca-
samento possuem cinco vezes mais chances de cometerem
agressão física no relacionamento. (Os dez mandamentos,
pág. 66)
E o que falar dos cônjuges que não se relacionam bem - a
questão da “incompatibilidade de gênios”? Será que o divór-
cio é a solução? Será que encontrarão felicidade em outro
relacionamento?

Série Código de Honra


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Certa vez, uma jovem senhora dirigiu-se a Ellen White afir-
mando que não amava mais seu marido, que sua disposição
em relação a ele estava mudando e que ela estava pensando
seriamente em divórcio. A resposta da irmã White foi: “Meu
conselho nesses casos é mudar a disposição, e não o marido”.
A separação nunca é a solução nesses casos. Como disse Je-
sus, o divórcio só é concedido em caso de adultério: “Eu porém
vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de
relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o
que casar com a repudiada comete adultério”. Mateus 19:9.

A luta
Assim como fez com o sexto mandamento, Jesus am-
pliou a essência do sétimo no Sermão do Monte. Mateus
5:28 diz: “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma
mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com
ela”. O adultério acontece primeiro na mente, para depois
ocorrer na ação. Isso nos adverte a cuidarmos das “aveni-
das da alma”, principalmente os nossos olhos, pois eles são
“a lâmpada do corpo”. Mateus 6:22. (Veja Prov. 27:20)
Lutero escreveu sobre os pecados sexuais: “É um vício muito
perigoso e irrequieto este que se agita em todos os membros:
no coração com pensamentos, nos olhos com o que se vê, nos
ouvidos com o que se ouve, na boca com palavras, na mão, nos
pés e em todo o corpo com atos. Dominar tudo isso exige traba-
lho e esforço.” (Martinho Lutero, Ética Cristã, pág. 133.)
Agostinho acrescenta: “Entre todas as lutas dos cristãos, a luta
pela pureza é a mais dura”. Isso é verdade. Como os jovens são
assediados por imagens e músicas de conotação sensual hoje em
dia! A sexualidade virou motivo de piada, algo banal, como se
fosse uma “coisa” que os seres humanos pudessem manipular. E
isso está acessível a todos e a qualquer momento:
• Segundo o site Portal Social (www.portalsocial.org.br),
as palavras “sexo” e “pornografia” estão entre as cinco pala-
vras mais procuradas pelas crianças e adolescentes (8 a 18

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anos) na internet nos EUA;
• Programas e propagandas na televisão com conteúdo
sexual explícito;
• Foram registrados milhares de sites de vídeos de sexo.
Estes, após o Youtube, estão entre os sites de vídeos mais
visitados no Brasil e no mundo;
• Das quase 30 mil denúncias recebidas pela Safernet, uma
organização não-governamental que recebe e investiga denún-
cias de crimes cometidos pela internet, 46,3% relatam casos de
pornografia infantil. (www.safernet.org.br/site/noticias)
Não podemos nos enganar: vivemos numa era de explo-
são sexual e nossas crianças têm sido infectadas por esse
mal. É necessário vigilância, pois basta apenas um clic, e
elas estarão visitando o mundo podre da pornografia virtu-
al e suas variantes. O sétimo mandamento, portanto, nos
adverte quanto a todas as aberrações sexuais possíveis,
como pornografia, homossexualismo, incesto, pedofilia e
nos mantêm livres desses parasitas mortais.
O apóstolo Paulo nos dá um importante conselho: “E não vos
conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renova-
ção da vossa mente”. Romanos 12:2. “Transformai-vos” em gre-
go é “metamorfoo”, de onde vem a palavra metamorfose (fases
da borboleta, desde a larva até a bela borboleta). Deus quer que
passemos por experiência semelhante: renovação da mente.
Quer outro conselho? Fuja da impureza (I Coríntios 6:18).
Isso me lembra o exemplo de José do Egito, ao ser tentado
pela esposa de Potifar. José decidiu não cometer tamanho
pecado contra Deus (Gên. 39:9) e fugiu da presença daquela
mulher adúltera. Que exemplo para nós em pleno século XXI!
Fuja do pecado. Fuja dos sites indecentes. Fuja das más
conversações. Fuja dos programas de TV com conotação
sexual. Deus quer que você tenha um corpo e uma mente
pura. Sabe o que você vai ganhar com isso? Felicidade, nes-
sa Terra e na eternidade. Honre o mandamento da pureza e
você receberá a honra de Deus.

Série Código de Honra


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10 Fuja dos atalhos
“Não furtarás.” Êx. 20:15

Introdução
Na obra-prima de Victor Hugo, “Os Miseráveis”, Jean Valje-
an é um pobre campesino que passa dezenove anos na pri-
são por ter furtado um pão quando perecia de fome. Ao ser
libertado, sofreu rejeição da sociedade pelo fato de ser um ex-
presidiário. Porém, teve o rumo de sua vida mudado ao entrar
em contato com o bispo Myriel, que lhe ensinou uma grande
lição. Através da bondade, esforço e inteligência, Valjean tor-
nou-se um industrial e depois, prefeito de uma cidade.
Duas coisas podemos aprender dessa história publicada
há mais de dois séculos. Primeiro: O furto não compensa.
Como diz a primeira exortação bíblica sobre o furto: “No
suor do teu rosto comerás o teu pão”. Gênesis 3:19. Segun-
do: Ainda há chances de recuperação para as pessoas que
quebram o oitavo mandamento “Não furtarás”.
A Bíblia diz: “Aquele que furtava não furte mais; antes,
trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para
que tenha com que acudir ao necessitado”. Efésios 4:28. O
verso nos diz claramente que devemos trabalhar pela ma-
nutenção própria, ou seja, devemos conquistar e merecer
aquilo que gostaríamos de possuir.
Os juristas romanos escreveram: “A propriedade é o direi-
to de reivindicar e de conservar como seu aquilo que foi le-
gitimamente adquirido, de usar, gozar e dispor dessa coisa à
vontade, com exclusão de outrem, nos limites da lei.” (http://
pt.wikipedia.org/wiki/Furto) Percebeu que “propriedade” é
aquilo que foi adquirido de forma legítima? Então, furto sig-
nifica ultrapassar os limites e entrar na propriedade alheia.

Série Código de Honra


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Algumas pessoas preferem “atalhos” para conquistar aqui-
lo que não lhes pertencem. Aí estão alguns desses atalhos:
- Cópia ilegal de material impresso ou digital sem a libe-
ração dos direitos autorais. (Pirataria de CDs, DVDs, etc.)
Algumas pessoas dizem: “Pra que pagar 20,00 reais num
CD se posso copiá-lo por 0,90 centavos?”;
- Plágio - copiar um trabalho na internet e apresentá-lo na
escola como sendo seu.
- Relaxar no emprego - chegar tarde ao trabalho, sair
cedo, ficar horas na internet em horário de expediente, etc.
- Pagar menos do que o valor justo por algo. Sabe a famo-
sa “pechincha”? Não devemos nos “aproveitar” do vendedor,
pagando um valor inferior ao que vale um objeto. O mesmo
deve ser aplicado aos vendedores, que não devem superfa-
turar na venda;
- Desperdício – significa esbanjar ou usar mal o tempo ou
material que pertence a outra pessoa. Isso também é furto.
Por exemplo: uma pessoa que pega um carro emprestado e
o usa de forma irresponsável.
- Retenção do dízimo – Não devolver o que pertence a
Deus – 10% de nossa renda, que é destinado à pregação do
evangelho (Malaquias 3:8). Ao furtar o dízimo, estamos pri-
vando alguém da oportunidade de ouvir o evangelho.
Todas essas são formas de furtar aquilo que não foi ad-
quirido mediante esforço próprio.

Um crime da consciência
Um antigo conto chinês relata a história de um ladrão
que roubou um sino. Ao fugir do local do roubo, ele per-
cebeu que não conseguia fazer o sino parar de bater. Em
meio ao pânico e temor de ser descoberto, ele encontrou um
modo de sentir-se seguro: resolveu tapar os ouvidos para
não ouvir o sino!
Você sabia que o maior inimigo de quem rouba é a sua
própria consciência? (Apesar de que, para alguns, esta já

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esteja totalmente cauterizada!) Todas as pessoas que rou-
bam, seja uma borracha na escola ou o Banco Central de
Fortaleza (o maior roubo efetuado no Brasil, ocorrido em
2005 – foram mais de 150 milhões de reais!), levam consigo
um sino que irá tocar até se arrependerem! Deus nos exor-
ta através desse mecanismo mental que ultrapassamos os
limites da propriedade alheia e nos conduz à mudança de
atitude. A consciência torna-se, então, aliada aos dez man-
damentos no processo de reconstrução do pecador.
Não foi exatamente isso o que Jesus fez com Zaqueu? Re-
construiu o caráter daquele que era ladrão dos impostos? Za-
queu era um publicano e seu trabalho era recolher os impos-
tos dos judeus e entregá-los aos romanos. Ficou rico de tanto
roubar. Cresceu na empresa por ser “esperto”, a ponto de ser
colocado na posição de maioral dos publicanos. Mas Zaqueu
tinha um problema que a maioria dos ricos tem: não era feliz!
Afinal, “quem ama o dinheiro, jamais dele se farta”, diz a Bí-
blia em Eclesiastes 5:10. Zaqueu era um “poço sem fundo”!
Mas Jesus o encontrou e transformou a sua vida. Renovou
a sua consciência. A Bíblia diz que, após Jesus ir à casa de
Zaqueu e trazer salvação à vida daquele homem, ele foi capaz
de devolver quatro vezes mais aos que ele defraudou. Que
transformação! Há esperança para as pessoas que possuem a
consciência defraudada pelo pecado do furto. Afinal, “O Filho
do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Lucas
19:10. Esse verso encerra o relato da história de Zaqueu e é
considerado o verso áureo do Evangelho de Lucas.

O furto não compensa!


Imagina-se que uma das habilidades que um ladrão pre-
cisa desenvolver durante sua carreira criminosa é a de en-
trar e sair por janelas de maneira rápida e silenciosa. Parece
simples, mas nem todos sobrevivem a essa prática.
Foi o que aconteceu em 2007, em Lavras, interior de Mi-
nas Gerais. Ocorreu um fato irônico e ao mesmo tempo

Série Código de Honra


69
trágico. Um ladrão tentou assaltar uma república de estu-
dantes, porém, ao sair do local do roubo, ficou entalado pelo
pescoço na janela da casa. Por volta das 18hs daquele dia,
um estudante chegou em casa e percebeu o ladrão pren-
sado na janela. Rapidamente a polícia foi chamada, mas
infelizmente o homem já estava morto. Ele estava sem os
documentos e nem foi identificado. Com certeza, ele não
era abastado, pois já dizia o provérbio português: “Ladrão
endinheirado nunca morre enforcado”.
Que episódio trágico, não? Poderíamos extrair a seguinte
lição: “Ao que furta, até as janelas servirão de testemunha e
trarão a devida recompensa”. O furto realmente não compen-
sa! E sabe por quê? Porque a punição final será a morte eter-
na. Paulo diz: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão
o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idó-
latras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem
ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o reino de Deus”. I Coríntios 6:9 e 10.
Então, não existe esperança para os ladrões? Bem, só
para aqueles que não se arrependerem. Termino esse ser-
mão com a história de dois ladrões famosos. O primeiro
chama-se Dimas e o segundo Gestas (segundo a tradição).
Os dois cometeram atos terríveis e agora estão diante da
condenação: a cruz. O dia finalmente chega. A crucifixão
não era qualquer tipo de morte, mas era um espetáculo aos
romanos. Corpos açoitados, nus, pendurados por toscos pre-
gos e expostos à gozação popular. Ao serem os madeiros
levantados, percebem que não são o alvo das atenções, mas
sim o Homem do meio. O rosto dEle resplandecia. A multi-
dão ria, xingava, zombava e ao mesmo tempo chorava por
Ele. Não dava pra entender. Ellen White descreveu a cena:
“Ambos os homens que estavam crucificados com Jesus,
a princípio O injuriaram; e um deles, sob os sofrimentos,
tornara-se cada vez mais desesperado e provocante. Assim
não foi, porém, com o companheiro. Este não era um crimi-

Série Código de Honra


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noso endurecido; extraviara-se por más companhias, mas
era menos culpado que muitos dos que ali se achavam ao
pé da cruz, injuriando o Salvador. Vira e ouvira Jesus, e fi-
cara convencido, por Seus ensinos, mas dEle fora desviado
pelos sacerdotes e príncipes. Procurando abafar a convic-
ção, imergira mais e mais fundo no pecado, até que foi pre-
so, julgado como criminoso e condenado a morrer na cruz...
Quando condenado por seu crime, o ladrão ficara possuí-
do de desânimo e desespero; mas pensamentos estranhos,
ternos, surgem agora. Evoca tudo quanto ouvira de Jesus,
como Ele curara os doentes e perdoara os pecados... Num
misto de esperança e de agonia em sua voz, a desampara-
da, moribunda alma atira-se sobre o agonizante Salvador.
“Senhor, lembra-Te de mim, quando vieres no Teu reino.”
Luc. 23:42. (Trinitariana).”
“A resposta veio pronta. Suave e melodioso o acento,
cheias de amor, de compaixão e de poder as palavras: “Na
verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso.” Luc.
23:43.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 749 e 750.
Imagine a alegria que Dimas (o “bom ladrão”) sentiu ao
ouvir essas melodiosas palavras de Jesus! Todos os regis-
tros de seus crimes e furtos foram apagados pela graça de
Deus! A salvação encontra-se na cruz do meio. Ao olharmos
para ela, deveríamos exclamar a todo o momento: “Senhor,
lembra-te de mim”.
Talvez você seja alguém que gosta de furtar as coisas dos
outros. Seja um cleptomaníaco que precisa de ajuda. Você
prefere o atalho de uma vida fácil em vez de trabalhar para
conseguir o que quer. Deus está dizendo para você: “Es-
colha o caminho da vida eterna. Pode parecer mais difícil,
mais longo, mais estreito, mas é o caminho que o conduzirá
à salvação. Escolha a vida. Abandone o furto. Abandone o
pecado. e você encontrará o caminho para a honra”. Você
não gostaria de fazer isso?

Série Código de Honra


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Série Código de Honra
72
11 A terra do mexerico
“Não dirás falso testemunho contra
o teu próximo”. Êx. 20:16.

Introdução
Você já ouviu falar na Terra do Mexerico? Não? Ela fica
tão perto da gente! Fica situada junto à Baía da Falsidade,
onde a velha senhora Boato tem sua residência. Chegar lá é
muito fácil; a ociosidade o levará lá em menos de uma hora.
Você irá pegar a estrada dos Maldizentes, passará o Túnel
do Ódio, sendo a rua principal chamada “Dizem”, terminando
numa grande praça por nome “Ouvi Dizer”. No centro da ci-
dade está o “Parque das Mentiras”. Esse é um lugar perigoso,
onde acontecem muitos crimes. As últimas vítimas foram
um homem chamado “Bom Nome” e uma senhora conhecida
pelo apelido “Reputação”. Os assaltantes sempre se escon-
dem na “Vila da Difamação”. Evite, pois, a Terra do Mexerico.
Se entrar lá, dificilmente sairá dela! (Adaptado de Gotas de
Esperança, Alcy Francisco de Oliveira, pág. 235 e 236.)
O nono mandamento nos adverte contra os perigos da
“Terra do Mexerico”, causados pelo pequeno órgão do corpo
humano: a língua. Como administramos mal esse recurso
dado por Deus! O mandamento diz:“Não dirás falso teste-
munho contra o teu próximo”. Êxodo 20:16. Ele é uma pro-
teção contra a mentira e a maledicência, que são venenos
degradantes do caráter e da sociedade.
Mentir significa inventar uma verdade que não existe.
A mentira começa com a pessoa; a verdade é anterior a
ela. Quando mentimos, criamos uma realidade que não se
baseia em nenhum outro fato, a não ser nossa própria cria-
tividade. Por isso existe o ditado “a mentira tem pernas

Série Código de Honra


73
curtas”, pois sabemos que ela não costuma ir muito longe.
Mais cedo ou mais tarde, ela será alcançada pela verdade.
Agora, por que mentimos? A psicologia explica a mentira
pelo mecanismo de defesa, a sociologia, pela busca do po-
der e a filosofia, pela imperfeição humana. Já a Bíblia diz:
“Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe
os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se
firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é men-
tiroso e pai da mentira.” João 8:44. A mentira surgiu com
Lúcifer no Céu. Ele é especialista em distorcer a verdade.
Quando mentimos, estamos fazendo o trabalho dele, que
é enganar as pessoas. Além disso, estaremos indo contra
Jesus, que é a própria Verdade (João 14:6).

A mentira não vai longe


Você já ouviu falar na história do menino e o lobo? Essa
era uma das fábulas contadas por Esopo, um sábio contador
de histórias do século VI a.C., que vivia na Grécia. Todas as
suas fábulas continham uma lição de moral para ensinar às
crianças. A história dizia que um garoto, pastor de ovelhas,
ganhou um apito para pedir ajuda se algum lobo atacasse
seu rebanho. O menino começou a apitar todos os dias só
para pregar peças e rir das pessoas, pois, cada vez que ele
apitava, todos corriam desesperados para ajudá-lo. Mas um
dia um lobo faminto atacou o rebanho e o menino apitou,
apitou e ninguém apareceu para socorrê-lo. Todos achavam
que era mais uma de suas brincadeiras. Depois disso, ele
deve ter aprendido a lição! O lobo devorou todas as ovelhas
e foi enorme o prejuízo. Moral da história: Na boca de um
mentiroso, até a mais pura verdade parece mentira.
A Bíblia diz que “os lábios mentirosos são abomináveis
ao Senhor”. Provérbios 12:22 (leia também 6:16-19). As pa-
lavras têm um poder impressionante. Há palavras boas e
outras malignas. Algumas ajuntam e outras separam. Há

Série Código de Honra


74
palavras que promovem amor e outras que promovem o
ódio. Palavras alegram e outras entristecem. A questão é:
Aquilo que estou dizendo ao meu próximo corresponde à
verdade? Irá enobrecê-lo? John Mason escreveu: “Nossas
palavras são sementes que plantamos na vida dos outros”.
(O bom é inimigo do ótimo, pág. 61) Rick Warren acrescen-
tou: “Palavras impensadas deixam feridas permanentes”.
(Uma vida com propósitos, pág. 128.) Precisamos de sabe-
doria para usar corretamente esse dom que Deus nos deu.
Devemos construir a vida dos outros com nossas palavras,
e não destruir.

O teste da mentira
Já ouviu falar do famoso “teste das três peneiras”? Antes
de falarmos algo, deveríamos medir nossas palavras pelos
três crivos apresentados nessa história.
“Certa vez, Augustus procurou o filósofo Sócrates e dis-
se-lhe:
- Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você
não imagina o que me contaram a respeito de...
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu
os olhos do livro que lia e perguntou:
- Espere um pouco Augustus. O que vai me contar já
passou pelo crivo das três peneiras? –
- Peneiras? Que peneiras?
- Sim. A primeira, Augustus, é a da VERDADE. Você
tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente
verdadeiro?
- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira.
Vamos então para a segunda peneira: a BONDADE. O que
vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a
seu respeito?
- Não, Sócrates! Absolutamente, não!
- Então suas palavras vazaram, também, a segunda pe-

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75
neira. Vamos agora para a terceira peneira: a NECESSIDA-
DE. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou
mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda al-
guém? Melhora alguma coisa?
- Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras,
compreendi que nada me resta do que iria contar.
E Sócrates, sorrindo, concluiu:
- Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto
você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esque-
ça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o
ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser
sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz!
Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de
passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras.”
Verdade, bondade e necessidade. Sabe o que isso me lem-
bra? Algo que costumamos fazer sempre: fofoca. Isso mesmo!
Falamos muito da vida dos outros, e em muitas vezes, coisas
desnecessárias que não correspondem à realidade. Charles
Colton disse: “Quando você não tem nada a dizer, não diga
nada”. (Com a corda toda, pág. 80). Seria interessante se, an-
tes de “dissecarmos” a vida do outro, medíssemos as nossas
palavras. Ellen White escreveu de forma direta:
“Pensamos com horror nos canibais que se banqueteiam
com a carne ainda quente e trêmula de sua vítima; mas
serão os resultados desta mesma prática mais terríveis do
que a agonia e ruína causadas pela difamação dos intui-
tos, pela mancha da reputação, pela dissecação do caráter?
Aprendam as crianças, bem como os jovens, o que Deus diz
a respeito dessas coisas...” Educação, pág. 235.
Quais são os temas de suas conversas - Pessoas e seus
pecados? Mentiras? Difamação? Fofocas? Tem um texto em
Eclesiastes que me chama muito a atenção. Diz assim: “Nem
no teu pensamento amaldiçoes o rei, nem tampouco no mais
interior do teu quarto, o rico; porque as aves dos céus pode-
riam levar a tua voz, e o que tem asas daria notícia das tuas

Série Código de Honra


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palavras.” Eclesiastes 10:20. Não são boas as consequências
para aqueles que gostam de difamar o nome dos outros. Essas
pessoas sempre colherão aquilo que estão plantando. Foi isso
que exortou um autor adventista: “Profira palavras boas, se
quer ouvir ecos bons”. (Meditações matinais, 1963, pág. 89).

Salvação para um mentiroso


A galeria dos mentirosos na Bíblia é extensa. Você pode se
lembrar de muitos desses. Até Abraão, o pai da fé, usou essa
artimanha para sair ileso de uma situação desagradável. Mas
quero me deter num personagem em especial. O nome dele é
Jacó. Aliás, o nome dele já significava mentira: “enganador”.
Ele não apenas proferiu mentiras, mas agiu de forma mentiro-
sa (o que a Bíblia chama de hipocrisia – como um ator que usa
uma máscara: finge ser uma coisa que não é).
Jacó sonhava em receber a bênção da primogenitura,
que pertencia a seu irmão Esaú. O que ele fez para conse-
guir isso? Usou a máscara de Esaú! Vestiu-se com as roupas
de Esaú, cobriu-se de pelos de animais para parecer-se com
Esaú... (Gên. 27:15 e 16). Enfim, ocultou a realidade por trás
da aparência. Esse, talvez, é o pior tipo de mentira que exis-
te: Fingir ser o que você não é.
Esaú, ao voltar da caça, descobriu o que seu irmão ti-
nha feito, e, pior: viu que perdera o direito à primogenitura.
(Gên. 27:34-36) A mentira foi revelada e demonstrou ter mes-
mo “pernas curtas”. Jacó viveu errante por muito tempo.
Pagou o preço da mentira ao levar consigo uma angústia
insaciável. Até que teve um encontro com Cristo numa luta
de madrugada no Vale de Jaboque. (Gên. 32:22-32). Ali ele
descobriu que, sempre quando “lutamos” com Deus, saímos
vencedores. Jacó teve seu caráter mudado, a ponto de ser
chamado de “Israel”. Deus transformou um mentiroso no pai
das doze tribos de Israel: geração de onde veio o Messias
e cujos nomes estarão gravados nos doze portais da Nova
Jerusalém (Apoc. 21:12). Que bênção maravilhosa!

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Se você é um mentiroso, por palavras ou ações, eu con-
vido você a ter um encontro pessoal com Jesus. Ele é a
Verdade em Pessoa e pode lhe ajudar. Jesus pode colocar a
verdade em seus lábios e em sua conduta e pode fazer você
amigo dessa verdade. Por que você não faz um pacto com
Deus de melhorar a sua comunhão com Ele? Ler mais a Pa-
lavra da Verdade? Orar mais e testemunhar melhor? Quem
fala e vive a Verdade alcançará a honra não apenas nessa
vida, mas por toda a eternidade.

Série Código de Honra


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12 Debaixo dos panos
“Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não co-
biçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo,
nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento,
nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.
Êxodo 20:17.

Introdução
O décimo mandamento fala sobre a cobiça. O que é co-
biçar? “É um desejo ávido, veemente, de possuir bens ma-
teriais; ambição desmedida de riquezas.” (Novo Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa). Paulo diz que a avareza é
idolatria (Colossenses 3:5). Enquanto o segundo mandamen-
to (que fala da idolatria) nos adverte a não tornar as coisas
mais importantes do que Deus, o décimo diz que não deve-
mos torná-las também mais importantes que as pessoas.

O que é mais importante para você? Pessoas ou coisas?


Uma manhã, na hora do “rush”, quando Maria ia de carro
para o trabalho, estando muito perto do carro da frente,
não conseguiu parar a tempo quando o motorista da fren-
te pisou no freio, e bateu no para-choque. Os dois carros
pararam. Maria saiu, observou os prejuízos e começou a
chorar. Ela sabia que a culpa era dela. Acontece que o seu
carro era novinho em folha, comprado há apenas dois dias.
Como é que ela iria encarar o marido? O outro motorista foi
simpático, mas sugeriu que ambos anotassem a placa e o
documento um do outro. Maria então abriu o porta-luvas do
carro para pegar o documento. Ao pegá-lo, viu um bilhete
anexo, escrito com uma letra conhecida: “Em caso de aci-

Série Código de Honra


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dente, lembre-se, querida, é você que eu amo, não o carro”.
Isso é bondade no momento certo, você concorda? Esse é o
amor que valoriza pessoas, e não coisas.
A raiz da cobiça encontra-se num coração que busca a
satisfação do próprio ego. Esse ego encontra-se sempre va-
zio, insatisfeito, pois imagina que poderá ser preenchido
com coisas. Ele não suporta ver o “sucesso” alheio; quer
“ser” e “ter” as coisas do outro. A cobiça, então, procede de
um amor excessivo ao eu e não ao próximo. Poderíamos
chamar esse amor de “autolatria”, ou “egolatria”.
A Bíblia diz em Lucas 12:15: “E disse ao povo: Acautelai-
vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida
do homem não consiste na abundância das coisas que pos-
sui.” Muitas pessoas pensam que o acúmulo de coisas trará
a felicidade a elas: um carro novo, roupas novas, móveis
novos, computador novo, etc. O problema é que o sistema
capitalista sabe muito bem disso e criou uma estratégia de
manter-nos “aprisionados” na compulsão pelas compras. O
que era para ser um carro novo já não é mais – eles criam
um modelo mais novo no mesmo ano. O computador novo?
Esse aí perde o valor bem mais rápido do que a gente ima-
gina! E a chamada “moda”? Faz com que sobrecarreguemos
nossos armários com roupas, enquanto milhares de pesso-
as não têm o que vestir. Além do mais, hoje as coisas estão
praticamente descartáveis, justamente para fazer comprar
mais. Resultado: uma prisão chamada cobiça.
Nessa era materialista, as pessoas têm vivido dois grandes
dilemas: a ansiedade de ter e o tédio de possuir. Elas sonham
desesperadamente em ter coisas; mas quando as possuem,
pensam: “Puxa que chato. Já consegui tudo o que queria.
Como vou cuidar dessas coisas? Preciso de mais!”. Percebeu
como somos inconstantes nas “coisas materiais”? Não seria
bom seguirmos o conselho de Jesus, de buscarmos acumular
tesouros no banco dos Céus? (Mat. 6:20), pois “onde está o teu
tesouro, aí estará também o teu coração”. Mateus 6:21.

Série Código de Honra


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“Um velho pregador, num culto de oração, orava da se-
guinte maneira:
- Senhor, ajuda-nos a confiar-Te nossos corpos.
- “Amém”, responderam todos com o mesmo calor de sem-
pre.
- Senhor, ajuda-nos a confiar-Te nosso casamento.
- “Amém”, responderam mais fervorosamente os irmãos
da igreja.
- Senhor, ajuda-nos a confiar-Te nosso dinheiro.
A esta petição, porém, o amém não saiu dos lábios de
ninguém.”
Não é estranho ver que, quando a religião toca nos bolsos
de algumas pessoas, esfria nelas o entusiasmo e faz emu-
decer os lábios? Deveríamos ter a mesma postura daquele
homem entrou no tanque batismal com a carteira no bolso. O
pastor perguntou-lhe: “O irmão esqueceu de tirar a carteira
do bolso?” “Não, pastor”, respondeu o batizando, “estou con-
sagrando meu dinheiro a Deus também. A cobiça e a ganân-
cia precisam ser sepultadas”. Esse homem conhecia o texto
de I Timóteo 6:10, que diz: “Porque o amor ao dinheiro é raiz
de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé,
e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”
Quando John Rockefeller, um dos homens mais ricos da
história, morreu, seu contador foi interrogado: “Quanto John
deixou?” A resposta do contador: “Tudo”.
Salomão escreveu: “Como saiu do ventre de sua mãe, as-
sim nu voltará”. Elesiastes 5:15. Confundimos a qualidade
das pessoas pelos bens que elas possuem. E talvez você
seja assim. Mas quem você é não tem nada a ver com as
roupas que você usa e o carro que você dirige. Deus não
conhece você pelo terno que usa ou pelo vestido de marca.
Ele conhece o seu coração.
Costumamos falar sobre a quebra de alguns mandamen-
tos específicos, como o adultério, o assassinato e a quebra
do sábado. Mas pouca atenção é destinada a alguns man-

Série Código de Honra


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damentos que são mais subjetivos, como por exemplo, o
décimo. Ellen White escreveu:
“O maior pecado que há presentemente na igreja é a co-
biça.” (Testemonies, vol. 1, pág. 194). “O orgulho, o egoísmo
e a cobiça... são pecados especialmente ofensivos a Deus.”
(Testemonies, vol. 5, pág. 337)
Sabe por que a cobiça é tremendamente ofensiva a Deus?
Por que ela teve o seu início misterioso no coração de um
anjo que cobiçou a posição de Jesus, o Filho de Deus. Ela
teve a capacidade de transformar anjos em demônios. A co-
biça, tal como uma erva daninha, corrompe as entranhas da
moral e modifica o caráter puro em um caráter degradado.
Deus não suporta esse pecado porque ele não é, a princípio,
materializado; mas é produzido nos recônditos do coração,
quase imperceptível, onde nenhum ser humano consegue
enxergar. Como o orgulho e a inveja, são desenvolvidos “de-
baixo dos panos” da alma.
Faça uma análise em seu coração, com a ajuda do Espí-
rito Santo, e veja se existe alguma semente de cobiça ali.
Talvez você esteja cobiçando posições, status, pessoas, di-
nheiro, coisas, bens, etc. Não sei... Mas Deus sabe. Por que
você não pede para Deus queimar esse mal e destruir esse
pecado que é tão ofensivo a Deus?

Encobrindo o pecado
A Bíblia diz em Provérbios 28:13: “O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e
deixa alcançará misericórdia.” Esse texto me faz lembrar a
história de um homem que encobriu a sua cobiça. O nome
dele era Acã. Ele pertencia à tribo de Judá e participou da
vitória de Israel contra Jericó. Foi uma batalha memorável,
na qual o nome de Deus foi exaltado. Mas junto com a vitó-
ria veio a advertência: “Tão somente guardai-vos das coisas
condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as to-
meis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confun-

Série Código de Honra


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dais”. Josué 6:18. Todos em Israel sabiam que não deveriam
colocar a mão nos despojos da guerra. Ouro, prata, utensí-
lios de bronze e ferro deveriam ser consagrados ao Senhor.
Mas Acã deu um “jeitinho” de levar algumas riquezas para
a sua tenda. Ele mesmo disse: “Quando vi entre os despo-
jos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e
uma barra de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os
e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da
minha tenda, e a prata, por baixo.” Josué 7: 21.
Que escolha trágica! Acã encobriu a transgressão e co-
lheu os resultados disso. Trouxe maldição para todo o Is-
rael, para a sua família e para sua própria vida. Ele e tudo
quanto possuía tiveram que ser exterminados, a fim de tra-
zer Israel novamente para uma base sólida de santidade e
justiça (Jos. 7:25 e 26).
Tiago 4:1-2 diz: “Donde vêm as guerras e contendas entre
vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos
vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes...”
A Bíblia cita outros personagens que escolheram o cami-
nho sórdido da cobiça e sofreram as consequências disso:
- Ananias e Safira
- O Jovem Rico
- Judas
- Balaão

Dar ou receber?
O oposto da cobiça é dar. Em vez de olharmos para o pró-
ximo e cobiçarmos seus bens ou suas posses, por que não lhe
oferecemos essas coisas? Por que não lhe damos o nosso tem-
po, nossos bens e nossa felicidade? Não é isso o que a Bíblia
diz: “Mais bem-aventurado é dar que receber”? Atos 20:35.
“Viver para si mesmo é perecer. A avareza, o desejo de bene-
ficiar a si próprio, priva a alma da vida. É de Satanás o espírito
de ganhar e atrair para si. De Cristo é o espírito de dar e sacri-
ficar-se em benefício dos outros”. Parábolas de Jesus, pág. 259.

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Jesus é o melhor exemplo nesse aspecto. Ele não apenas
morreu pela humanidade, mas viveu por ela. Viveu para
servir e dar amor ao próximo. Paulo escreveu: “Tende em
vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Je-
sus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em se-
melhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a
si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de cruz.” Filipenses 2:5-8.
Finalizando esse nosso estudo sobre os dez mandamen-
tos, seria apropriado colocarmos novamente Jesus no cen-
tro de nossa atenção. Ele se esvaziou e assumiu a forma de
servo, a ponto de dar a própria vida numa cruz. Não existe
maior exemplo de amor e serviço que este! Jesus preferiu
morrer a passar a eternidade longe de nós. E se Ele foi ca-
paz de fazer isso, por que não buscamos seguir uma vida
de amor a Deus e ao próximo assim como Ele fez?
Ninguém nesse mundo cumpriu a Lei perfeitamente
como Jesus. Somente Ele foi capaz de amar a Deus acima
de todas as coisas e amar ao próximo como ele merece. Se
você quer seguir o código de honra, você precisa buscar
um relacionamento pessoal com a Honra que é Jesus. Faça
isso e você encontrará a real felicidade.

Série Código de Honra


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13 Sem lei nao tem graca

Introdução
O dia da luta finalmente chegou. Todos estavam ansio-
sos para a grande final da categoria “pesos pesados” da
Liga Mundial. O auditório lotado aguardava a entrada dos
grandes finalistas. De repente, a plateia ovaciona o primeiro
lutador que adentrava velozmente naquele recinto. Vesti-
do com trajes azuis, “Lei” era conduzido pelo seu treinador
para o ringue de luta, ao som da música “Quem cair, tem
que morrer! Quem cair, tem que morrer”. “Lei” era um luta-
dor experiente e permanecia invicto no campeonato. Será
que ele vencerá essa luta?
Subitamente, outra porta do auditório se abre e o segun-
do lutador adentra pela passarela central. A torcida parece
que vai à loucura. Faixas são erguidas e os flashes parecem
cegar a multidão eufórica. Com um traje vermelho, “Graça”
acena tranquilamente para os fãs ao subir no ringue. Seu
rosto estava tranquilo, confiante na vitória. Ele também é
um lutador experiente, que venceu todas as provas do cam-
peonato. E aí, será que ele é o favorito?
O juiz finalmente chama os dois para o centro do ringue.
As normas são ali lembradas e o valor do prêmio também.
Ambos estão eufóricos e confiantes. De repente, o gongo
anuncia o início do primeiro round. Lei e graça rapidamente
avançam um sobre o outro. Mas para o espanto da plateia,
acontece algo inesperado: ambos se abraçam. Eles não sa-
bem se choram ou dão risadas. “O que aconteceu?” diz o
juiz sem entender. Os repórteres entram no ringue e pro-
curam respostas para aquela cena inusitada. Então, para a
surpresa de todos, Lei diz: “Não haverá luta aqui. Ninguém

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irá anular ninguém.” E Graça, com lágrimas nos olhos, diz:
“Nós somos filhos do mesmo pai, chamado Amor. Eu tam-
bém não posso vencer o meu irmão. Somos diferentes, mas
temos o mesmo ideal. E nós decidimos ficar com o prêmio”
Algumas pessoas, às vezes bem intencionadas, acredi-
tam que lei e graça são aspectos da religião cristã que não
se harmonizam. Elas dizem: “Cristo aboliu a lei na cruz do
Calvário” ou “O Antigo Testamento corresponde ao período
da lei e o Novo Testamento é a dispensação da graça”. Já
ouviu essa conversa? Essas pessoas colocam a lei e a graça
no ringue de luta e, antes de soar o gongo, dão à graça vi-
tória por nocaute.
O texto chave para esse estudo é Efésios 2:8 a 10: “Por-
que pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem
de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se
glorie. Pois somos feituras dEle, criados em Cristo Jesus,
para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas”.
Algumas coisas precisam ficar claras em nossa mente.

1º) A lei não nos salva. A graça sim.


Simples, não? A lei não serve para salvar. Guardar os dez
mandamentos não fará uma pessoa herdar o reino de Deus.
A salvação é obtida única e exclusivamente pela graça de Je-
sus que é oferecida a nós. O texto diz: “Pela graça sois salvos,
mediante a fé, e isso não vem de vós, é um dom de Deus.” A
graça é um dom de Deus. E um dom é um presente que você
recebe, sem merecer, e não precisa pagar por ele. Como disse
Strong “A graça é favor imerecido concedido aos pecadores.”
(A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 779). O sacrifício
substitutivo de Jesus na cruz do Calvário e a aceitação deste
dom em minha vida é o que me comunica a vida eterna.
“Durante uma conferência britânica a respeito de religi-
ões comparadas, técnicos de todo o mundo debatiam qual
a crença única da fé cristã, se é que existia essa crença.

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Eles começaram eliminando as possibilidades. Encarnação?
Ressurreição? O debate prosseguiu durante algum tempo
até que C. S. Lewis entrou no recinto. “A respeito do que
é a confusão?”- ele perguntou, e ouviu a resposta dos seus
colegas. Lewis respondeu: “Oh, isso é fácil. É a graça”.
Depois de alguma discussão, os conferencistas tiveram
de concordar. A noção do amor de Deus vindo a nós li-
vre de retribuição, sem cordas amarradas, parece ir contra
cada instinto da humanidade. O caminho de oito passos do
budismo, a doutrina hindu do karma, a aliança judaica, o
código da lei muçulmana — cada um deles oferece um ca-
minho para alcançar a aprovação. Apenas o cristianismo se
atreve a dizer que o amor de Deus é incondicional.” (Phillip
Yancey, Maravilhosa Graça, pág. 18.)

Alguém escreveu:
“Se a nossa maior necessidade fosse informação, Deus
nos teria enviado um educador.
Se a nossa maior necessidade fosse tecnologia, Deus nos
teria enviado um cientista.
Se a nossa maior necessidade fosse dinheiro, Deus nos
teria enviado um economista.
Se a nossa maior necessidade fosse prazer, Deus nos te-
ria enviado um artista.
Se a nossa maior necessidade fosse conduta, Deus nos
teria enviado um legislador.
Mas a nossa maior necessidade é o perdão, então, Deus
nos enviou um Salvador!”
Apenas Cristo pode nos salvar. Seu sacrifício foi todo-su-
ficiente para pagar a nossa dívida de pecado. (Rom. 6:23)
Mas e a lei? Se não serve para salvar, qual é o objetivo dela?
Aceitar a graça de Cristo já não me garante a salvação?
O teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer popularizou nos
meios teológicos a expressão “graça barata” por meio de
seu livro Discipulado, escrito em 1937. Logo nas primeiras

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páginas, ele faz um alerta contra a graça barata dizendo:
A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja... Graça
barata significa justificação do pecado, e não do pecador.
(…) A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós
próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arre-
pendimento, é o batismo sem a disciplina de uma congre-
gação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a
absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça
sem discipulado, a graça sem cruz, a graça sem Jesus Cris-
to vivo, encarnado.
Percebeu que texto esclarecedor? A graça de Cristo não faz
com que tenhamos a mesma vida de pecado que tínhamos an-
tes, mas promove uma mudança de pensamentos e atitudes, e
isso deve ocorrer em nós de dentro para fora. Paulo escreveu:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas”. II Cor. 5:17.
O texto de Efésios 2:8-10 diz claramente que fomos cria-
dos em Jesus “para as boas obras”, ou seja, a partir do
momento em que eu recebo a graça salvadora de Jesus, eu
desenvolvo boas obras não para adquirir salvação, mas por-
que já fui salvo por Jesus. Elas são, portanto, um resultado
da salvação que ocorreu e está ocorrendo em minha vida.
Lembra-se do texto sobre a Videira Verdadeira? Jesus
disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece
em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer.” João 15:5. Produzir fruto na vida cristã é
resultado da permanência em Cristo – a Videira Verdadeira.
A partir disso, receberemos vida da seiva e produziremos
naturalmente os frutos que Cristo deseja.
A lei de Deus atua nesse processo como um espelho,
mostrando a sujeira do pecado em minha vida e não ape-
nas isso: mostra o caminho que devo seguir, apontando a
necessidade de um Salvador.

2º) Harmonizando lei & graça

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Já ouviu aquela ideia de que a lei vigorou apenas no Anti-
go Testamento e a graça no Novo Testamento? Essa ideia é
equivocada. Ambas sempre andaram de mãos dadas, cada
uma cumprindo a sua função.
A Bíblia diz que o “Cordeiro foi morto deste a fundação do
mundo” (Apocalipse 13:8), e que “a graça nos foi dada em Cristo
Jesus antes dos tempos dos séculos” (II Timóteo 1:9). Portanto,
os pecadores do Antigo Testamento também se salvaram pela
graça. Eles deveriam manter a fé no Cordeiro de Deus que viria.
Como afirmar que a graça veio depois da cruz?
Noé achou graça diante de Deus (Gênesis 6:8); Abraão
foi salvo pela graça. (Gálatas 3:8; Romanos 4:3); Davi não se
salvou pelos próprios méritos, mas pela fé em Cristo. (Roma-
nos 4:6). Então, a graça é o meio universal e eterno de Deus
salvar os pecadores.
E a lei, não foi cravada na cruz? Não estamos agora, “de-
baixo da graça”?
Romanos 3:31 diz: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de
maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.”
Jesus veio nos libertar da condenação que a lei nos impu-
nha. Isso significa que não estamos mais “debaixo da lei”. Se
a lei tivesse sido abolida, não haveria transgressão (I João
3:4) e, necessariamente, não haveria condenação. E não ha-
vendo condenação, não há necessidade de graça. Sem lei não
há graça. Uma pressupõe a outra. A graça, além de nos sal-
var da condenação da lei, habilita-nos a viver em harmonia
com os preceitos celestiais, com o padrão divino. Não há con-
tradição, mas uma interdependência entre lei e graça. Elas se
harmonizam e completam-se em suas funções.
Como escreveu um autor evangélico: “A graça não impor-
ta em liberdade para pecar, mas numa mudança de senho-
res, e numa nova obediência e serviço. A graça não anula
a santa Lei de Deus, mas unicamente a falsa relação do ho-
mem para com ela.” (Vincent, Word Studies, vol. 3, pág. 11.)

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3º) A essência da graça
Pergunte às pessoas o que elas devem fazer para ir para
o céu e a maioria vai responder: “Ser bom”. As histórias de
Jesus contradizem essa resposta. Tudo que devemos fazer
é clamar: “Socorro!”. Deus está esperando de braços para
receber Seus filhos. Lembra-se da história do filho pródigo?
O pai aguardava ansiosamente a volta do filho arrependido.
Essa é a manifestação da graça de Deus em nossa vida.
Jesus desceu a essa Terra e personificou a graça de Deus.
Ele viveu de acordo com as exigências da lei e tomou sobre
si a punição do pecado. “O castigo que nos traz a paz esta-
va sobre Ele”. Na cruz, a justiça e a paz se beijaram. Ali foi
demonstrado não apenas a justiça de Deus, mas que Deus
é justo. Existe amor maior do que este?
Imagine a seguinte situação: Num belo dia, você toma
o seu filho e vai para um horto florestal. Ali, passa lindos
momentos com aquele menino que você ama imensamente.
De repente, em meio ao passeio, você olha para trás e não
enxerga mais o garoto. Começa a chamar pelo nome, mas
nenhuma resposta aparece. Desesperado, começa a pergun-
tar para outras pessoas, chama os bombeiros, a polícia, mas
novamente sem nenhum resultado. O desespero é total. Os
dias se passam e nada do menino aparecer. Até que num dia
fatídico, o policial o chama para ir à delegacia e diz: “O seu
menino foi encontrado morto, com sinais de abuso e violên-
cia. Nós já achamos o sujeito que fez essa barbaridade. Ele
está preso e se encontra aqui nesse prédio. Eu quero dar a
liberdade para você ir bem ali, atrás daquela porta, e você
pode fazer o que quiser com ele. Ninguém ficará sabendo”.
E aí, o que você faria se estivesse numa situação dessas?
Você teria, pelo menos, três opções:
Você poderia entrar por aquela porta e, por causa da dor
que sente em seu coração, tirar a vida daquele homem. Ele
matou seu filho, é justo que a vida dele seja tirada. “Olho
por olho, dente por dente”, diz um dos mais antigos códigos

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de conduta da Humanidade. Isso se chamaria justiça.
A segunda opção seria você entrar naquela sala, olhar
nos olhos daquele homem, e dizer: “Eu não sei porque você
fez isso, você me causou muita dor, mas eu não tenho raiva
de você. Eu quero que você saia daqui e que recomece uma
nova vida. Aproveite essa oportunidade que estou lhe dando
e tome decisões diferentes pra sua vida”. Isso seria perdão.
Finalmente, você teria uma última opção, eu imagino. Você
caminha em direção a porta, abre-a com todo o cuidado e en-
xerga o sujeito amarrado atrás da mesa. A cena é aterradora.
Você se assenta e diz: “Eu não sei quem você é. Muito menos
onde mora. Apenas sei que fez algo terrível com o meu filho.
Mas eu quero perdoar você. Quero que você saia dessa pri-
são e venha morar em minha casa. Quero que você durma
no quarto do meu filho e coma junto à minha mesa. Quero
chamá-lo de filho e quero que você me chame de pai”.
E aí, o que você acha dessa terceira opção? Loucura?
Insanidade? Bem, esse absurdo chama-se graça. Um favor
imerecido. Uma dívida impagável perdoada. Deus é capaz
de perdoar um assassino e colocar em sua cabeça uma
coroa. Ele perdoa uma prostituta e diz: “Vai e não peques
mais”. Ele chama os ladrões de filhos e os mentirosos de
candidatos ao reino de Deus.
Nós matamos o Filho de Deus, e, mesmo assim, Ele nos
aceita, perdoa e convida para morar com Ele nos Céus. A
Bíblia nos diz em João 1:11 e 12 que Jesus “veio para o que
era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.
Esse é o absurdo do amor de Deus, ciência que estudare-
mos por toda eternidade.
Aceitar a graça de Deus em nossa vida é a maior honra
que podemos ter nessa vida. Essa honra será completa se
vivermos de acordo com a graça que recebemos de Deus.
Para isso, Deus nos deixou os dez mandamentos, expressão
da vontade de Deus para nós.

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